O artigo científico investiga os principais desafios e perspectivas que enfrenta o professor na atuação da classe hospitalar, como também mostra a quantidade de pessoas interessadas no assunto, formadas e que chegam a atuar.
2. Resumo
A pesquisa surgiu por algumas indagações de grande interesse dos profissionais do ensino em
pedagogia se dedicar a área hospitalar e uma minoria conseguirem acesso ao trabalho na sala
de aula do hospital. No entanto, traz alguns questionamentos sobre a atuação do pedagogo
hospitalar frente à infraestrutura do ambiente escolar e acerca das condições psicológicas do
próprio profissional para lidar diante da classe. O objetivo se deu por trazer uma realidade
que enfrenta os pedagogos formados para a difícil tarefa de atuar na área escolhida ou
desejada. Conta com um panorama geral da classe hospitalar no Brasil e os seus crescentes
avanços na educação dos alunos hospitalizados, exclusivamente no estado de São Paulo. A
pesquisa de campo traz números quantitativos do quadro profissional dos entrevistados que
possuem interesse e tem relação com esta área de atuação. A pesquisa também traz
questionamentos acerca de orientações e legislações para a atuação do trabalho docente,
visando às perspectivas e dificuldades encontradas na classe hospitalar. Está baseada a
pesquisa em algumas contribuições pedagógicas a partir dos seguintes autores: Brasil (2002 e
2005), Kryminice e Cunha (2010), Lima (2014) e Martins (2012), etc., que descrevem sobre o
assunto e nos direcionam para uma ampla visão acerca da formação do pedagogo e de alguns
entraves desta nova classe de educação básica que está assegurada pelas leis brasileiras no
ambiente hospitalar. Nesse sentido, é importante conhecer as formas de atuações que o
pedagogo hospitalar pode desenvolver e as peculiaridades que o trabalho pedagógico encara
na prática educacional hospitalar.
3. Introdução
A Classe Hospitalar é uma importante conquista para a educação em todo o
território brasileiro, outrora, o aluno hospitalizado ficava reprovado no
período de internação, por conta dos tratamentos médicos que o
impossibilitava de frequentar o ensino regular nas escolas de educação
básica.
Atualmente, alguns hospitais contam com a classe hospitalar para o
desenvolvimento intelectual do aluno e a sua inserção social educacional (SÃO
PAULO, 2015), suprindo essa defasagem e promovendo outras ações culturais
e afetivas, primordialmente psicológicas que pode ajudar na cura.
O professor, nesse sentido, participa intensamente com sensações e emoções,
além de integrar o processo de ensino-aprendizagem, o profissional conduz os
conteúdos e materiais pedagógicos de forma que a criança e o adolescente
possam ser integrados posteriormente à vida e também ao ensino regular da
escola de origem.
4. Metodologia
A pesquisa tem o caráter quantitativo para fazer um levantamento dos
professores interessados na classe hospitalar, foi promovido no mês de
Dezembro de 2016, o questionário aplicado contou com apenas uma questão.
A população desta pesquisa contemplou 74 entrevistados de diversos
municípios e estados do Brasil, com diferentes formações acadêmicas,
diferente gênero e idades, que possui o mesmo objetivo entre si.
5. O panorama geral da classe hospitalar
[...] formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos
de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições
psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes,
sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo [...] (BRASIL,
2002, p.22).
Nestas situações, são montadas classes nas unidades de saúde, com professores
especializados que garantem a continuidade dos estudos mesmo em caso de
doença, levando o conteúdo até mesmo nos leitos. Levantamento mostra que são
64 classes hospitalares mantidas pelo Estado. Em apenas três anos houve um
aumento de 23% (SÃO PAULO, 2015).
È importante perceber também que uma grande conquista para o trabalho
pedagógico na classe hospitalar se fez com a lei 11.104, de 21 de março de 2005,
pelo direito de brincar que prevalece nos hospitais pediátricos e obrigatoriamente
providos de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e
seus acompanhantes a brincarem. Sendo assim, as mais conhecidas
“brinquedotecas” que ocupam as dependências dos hospitais, que oferecem à
internação às crianças.
6. No contexto da classe hospitalar, a escola passa a ter um formato diferente,
com mobiliários alternativos e materiais pedagógicos especiais e adaptados, e
isto necessita ser trabalhado num todo, para que se conheçam as
necessidades dos alunos, os limites, as condições e os modelos de vida, para
que se possa interagir de forma que produzam aprendizagem significativa. O
MEC e a Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 2002, p.16), orientam para
o uso desses materiais como estratégia de atuação ao pedagogo hospitalar
promovendo o seu acesso as diferentes formas de aquisição do conhecimento.
Da mesma forma, a disponibilidade desses recursos propiciarão as condições
mínimas para que o aluno mantenha contato com colegas e professores de sua
escola, quando for o caso.
Observa-se que esses materiais auxiliam no bom desempenho das aulas
facilitando a transmissão e o acesso ao conhecimento, seja ele, visual,
auditivo, sensorial ou em contato direto com o tato, se for o caso.
7. A atuação do pedagogo hospitalar
O pedagogo hospitalar tem um papel fundamental na educação da criança e do
adolescente hospitalizado, pois tem a finalidade de acompanhar o período de
ausência escolar do aluno na escola de origem, durante todo o processo de
internação, preparando-o para o retorno à vida e também para a educação básica
regular.
Este novo papel com que se depara a Pedagogia Hospitalar compreende os
procedimentos necessários à educação de crianças e adolescentes hospitalizados,
de modo a desenvolver uma singular atenção pedagógica aos escolares que se
encontram em atendimento hospitalar na concretização de seus objetivos
(KRYMINICE; CUNHA, 2010 p.176 apud MATOS; MUGIATTI, 2006).
Com relação à pessoa hospitalizada, o tratamento de saúde não envolve apenas os
aspectos biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade. A experiência
de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; separar-se de familiares,
amigos e objetos significativos; sujeitar-se a procedimentos invasivos e dolorosos
e, ainda, sofrer com a solidão e o medo da morte – uma realidade constante nos
hospitais. Reorganizar a assistência hospitalar, para que dê conta desse conjunto
de experiências, significa assegurar, entre outros cuidados, o acesso ao lazer, ao
convívio com o meio externo, às informações sobre seu processo de adoecimento,
cuidados terapêuticos e ao exercício intelectual (BRASIL, 2002, p.10).
8. O pedagogo hospitalar pode organizar saraus literários, oficinas de arte e
outras atividades, sempre partindo do professor-educador, especialmente
liderado no meio artístico, ligando o ensinar diretamente com as habilidades
da criança, para que floresça no indivíduo interesse e conhecimento por
algumas dessas linguagens (LIMA, 2014, p.22).
[...] capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes
vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos
educandos impedidos de frequentar a escola, definindo e implantando
estratégias de flexibilização e adaptação curriculares. Deverá, ainda, propor
os procedimentos didático-pedagógicos e as práticas alternativas necessárias
ao processo ensino-aprendizagem dos alunos, bem como ter disponibilidade
para o trabalho em equipe e o assessoramento às escolas quanto à inclusão
dos educandos que estiverem afastados do sistema educacional, seja no seu
retornam, seja para o seu ingresso (BRASIL, 2002, p.22).
9. Análise de dados e resultados
Em média, são realizados 700 atendimentos mensais e a ação está em
expansão para atender ainda mais estudantes em 2015. E, para aprimorar o
trabalho de professores e gestores responsáveis pelas aulas nos hospitais, a
Educação elaborou uma cartilha, intitulada de “Atendimento Educacional em
Ambiente Hospitalar”. Distribuído a todas as 91 Diretorias Regionais de
Ensino, o material reúne orientações para a abertura, funcionamento e
conteúdo programático das classes hospitalares que podem funcionar em
unidades de saúde públicas e privadas (SÃO PAULO, 2015).
11. Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar:
estratégias e orientações./Secretaria de Educação Especial. – Brasília: MEC; SEESP, 2002.
35p.
_________. Lei 11.104, de 21 de março de 2005. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11104.htm Acesso em:
13/04/2015.
KRYMINICE, Andressa Oliveira de Souza; CUNHA, Célia Regina Algarte da. As Múltiplas
linguagens artísticas e a criança enferma. In: MATOS, Elizete Lúcia Moreira (Org.).
Escolarização hospitalar: educação e saúde de mãos dadas para humanizar. 2.ed. Petrópolis:
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LIMA, Rafael Correia. A Influência das Linguagens Artísticas para a Criança Hospitalizada.
Revista Método do Saber, São Paulo, Ano 06, número 07, ago-fev 2014, p.19-26.
MARTINS, Sônia Pereira de Freitas. Hospitalização escolarizada em busca da humanização
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SÃO PAULO. Secretaria de Estado de Educação. Em três anos, Educação aumenta em 23%
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http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/educacao-elabora-cartilha-com-orientacoes-para-
professores-e-gestores-do-classe-hospitalar Acesso em: 24/02/2015 as 22h40m.