O documento discute a autoimagem e resiliência no tratamento oncológico. Aborda conceitos como imagem corporal, como ela é afetada pelo câncer e como pode ser reestruturada. Também discute modelos salutogênicos e psicologia positiva, focando nos aspectos positivos dos seres humanos. Finalmente, explica o conceito de resiliência e como ele é relevante nos cuidados em psico-oncologia.
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1. Autoimagem e Resiliência
no tratamento oncológico
Prof. Dr. Sebastião Benício da Costa Neto
sebastiaobenicio@gmail.com
2. Definição de Imagem Corporal
O conceito de imagem corporal foi-
se alterando ao longo dos tempos.
Este conceito, enquanto construção
mental, tem origem nos primeiros
estudos baseados em relatos de
experiências do “membro
fantasma”, após a amputação dos
mesmos.
3. Definição de Imagem Corporal
Freud, já no início dos anos 1900, no
decurso da elaboração da sua teoria
psicoanalítica, descreve imagem corporal
como um constituinte do ego, denominado
“ego corporal”, sendo a sua emergência
explicada nos termos do desenvolvimento
sexual.
4. Imagem Corporal
Burns e Holmes (1991): dividem a imagem corporal em duas partes:
IMAGEM FUNCIONAL (o que posso fazer); e a IMAGEM ESTÉTICA (o que eu
pareço/mostro).
As várias partes do corpo têm valores distintos para o indivíduo.
O valor das partes do corpo varia de um individuo para outro, de uma cultura
para outra e de uma época para outra.
A imagem corporal, também, é mutável e altera-se ao longo da vida, desde a
infância até à velhice.
5. Autoimagem
Na maioria dos doentes
oncológicos ocorrem alterações
da imagem corporal, e caso estas
alterações não sejam
adequadamente assimiladas pelo
indivíduo, estas podem diminuir
significativamente a sua
qualidade de vida.
(Burns & Holmes, 1991; Costa Neto & Araujo, 2003,
2008).
6. Processo de reestruturação da imagem corporal
Pode envolver mudanças (Burns & Holmes, 1991):
- na imagem do corpo contida no cérebro do individuo
- na postura corporal
- no movimento corporal
- e na função corporal
- Cada indivíduo determina o significado pessoal da alteração corporal, e
avalia as reações à alteração corporal por parte dos membros do seu
sistema de suporte social.
- Todas estas mudanças têm de ser integradas na "estrutura" do indivíduo,
obtendo-se assim a aceitação pessoal e o amor-próprio desejados.
7. Implicações
O fracasso na integração das alterações
corporais na imagem corporal, pode ter
como consequências, depressões graves,
dificuldade nas relações interpessoais,
afastamento/isolamento social, e em suma,
uma diminuição da qualidade de vida
8. Implicações
Por vezes o impacto da doença oncológica na imagem
corporal, pode colocar a vida em risco:
- as alterações na imagem corporal podem ser vistas
como mais importantes que a vida, levando à recusa ou
abandono dos tratamentos necessários
- a depressão, a falta de energia, e as avassaladoras
alterações na percepção do “eu” por parte do indivíduo,
diminuem as forças necessárias para a continuação da
luta pela vida.
9. Modelos Salutogênicos
Modelos que
buscam explicar
como o homem
interagem com seu
meio com
possibilidades de
enriquecimento e
desenvolvimento
pessoal.
10. Modelos Salutogênicos
Tendem a promover recursos contra a
possibilidade da pessoa enfermar-se e de
propiciar certa resistência ao distres
emocional gerador de transformações.
Busca avaliar desde os aspectos mais
negativos do ser humano até os que
potencializam as qualidades positivas
(esperança, perseverança, criatividade,
espiritualidade, responsabilidade, visão de
futuro, fortaleza pessoal, etc)
11. Psicologia Positiva (Yunes, 2003)
Martin Seligman, em 1998, na condição
de presidente da American Psychological
Association, escreveu artigos mensais
que focalizavam a necessidade de
mudança no foco das contribuições da
Psicologia, ainda centrado numa prática
historicamente orientada para a
compreensão e tratamento de patologias.
12. Mudança de Perspectiva
Felicidade, otimismo, altruísmo, esperança, alegria, satisfação e
outros temas humanos, tão importantes para a pesquisa e
intervenção
X
Depressão, ansiedade, angústia, agressividade, outros.
Uma Psi que busca romper com o viés “negativo” e reducionista de
algumas tradições epistemológicas que têm adotado o ceticismo
diante de expressões salutogênicas de indivíduos, grupos ou
comunidades.
13. Resiliência
Este termo provém das Ciências Exatas,
especificamente, da Física
Resiliência é a capacidade que um elemento
tem em retornar ao seu estado inicial, após
sofrer uma influência externa. Por mais que ele
seja pressionado, o mesmo retorna ao seu
estado original sem deformação.
14. RESILIÊNCIA COMO CONSTRUCTO
O precursor do termo resiliência é
“invulnerabilidade” que significa apresentação
de saúde emocional e alta competência após
longos períodos de estresse.
Resiliencia refere-se a “uma habilidade de
superar adversidades” sem que com isso deixe
de se pagar o preço da crise, como implica o
termo „invulnerabilidade‟.
Resiliência ≠ Invulnerabilidade
15. O FOCO NO INDIVIDUO
Fatores que discriminaram o grupo considerado
resiliente:
Temperamento (jovens receptivos/afetivos)
Melhor desempenho intelectual
Maior nível de auto estima
Maior grau de auto controle
Famílias menos numerosas
Menor incidência de conflitos
16. O FOCO NO PROCESSO
Resiliência é freqüentemente
referida por processos que
explicam a “superação” de
crises e adversidades em
indivíduos, grupos e
organizações
17. RESILIÊNCIA NOS
CUIDADOS EM PSICO-ONCOLOGIA
PSICOTERAPIA BREVE SUPORTIVA
personalidade locus de controle coping
- Resiliência + Resiliência
suporte social fatores de risco fatores de proteção
valores e crenças
“É NO DIÁLOGO QUE O SENTIDO SE ELABORA”