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CIÊNCIA EQUATORIAL ISSN 2179-9563
Artigo Original Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ENSAIOS SOROLÓGICOS UTILIZADOS NO
DIAGNÓSTICO DE HEPATITE C NO LABORATÓRIO CENTRAL DE SAÚDE PÚBLICA
DE MACAPÁ – AMAPÁ
Márlisson Octávio da Silva Rêgo1*
; Margarida Maria Machado de Souza1
; Rubens Alex de Oliveira Menezes,1,2
;
Mauricio Jose Cordeiro Souza2
; Flávio Henrique Ferreira Barbosa3
; Maria Aparecida Affonso Boller4
RESUMO
A infecção pelo vírus da hepatite C é, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo,
apontada como um graves problemas a ser enfrentado, e um dos maiores desafios da pesquisa médico-cientifica. Com o
objetivo de analisar os métodos empregados no diagnóstico de hepatite C, pelo Laboratório Central de Saúde Publica do
Amapá, assim como, a importância da utilização de métodos em conjunto para resultados fidedignos, foram analisados
durante o período de 1 de julho a 31 de dezembro de 2008, 79 amostras que, inicialmente, apresentaram resultados
reagentes pelo método de Ensaio imunoenzimático em micropartículas (MEIA). Essas amostras foram submetidas a um
segundo teste imunoenzimático em microplaca (ELISA) para confirmação de resultados. Após análise, observou-se uma
frequência de 50,6% (40/79) de amostras reagentes no segundo teste imunoenzimático, confirmando assim o resultado
do primeiro ensaio. Os resultados fracamente positivos quando submetidos a um segundo teste para confirmação,
comprovaram a presença de reações cruzadas ou inespecíficas. Diante desse contexto foi possível destacar a
importância de testes com características diferentes que, isoladamente, conduziram à reações falso-positivas, as quais,
utilizadas de forma complementar asseguraram um diagnóstico mais preciso, possibilitando, cada vez, mais o avanço no
diagnóstico da hepatite C.
Palavras-chave: Hepatite C, Vírus, Imunoenzimático, Laboratório, Métodos.
COMPARISON SEROLOGICAL ASSAYS USED IN THE DIAGNOSIS OF HEPATITIS C IN
CENTRAL LABORATORY OF PUBLIC HEALTH MACAPÁ - AMAPÁ
ABSTRACT
Infection with hepatitis C is currently one of the biggest public health problems worldwide , identified as a serious
problem to be faced , and one of the biggest challenges of the medical- scientific research . In order to analyze the
methods used in the diagnosis of hepatitis C , by the Central Laboratory of Public Health of Amapá , as well as the
importance of using methods together for reliable results were analyzed during the period 1 July to 31 December 2008,
79 samples that initially presented results reagents by the method of trial microparticle immunoassay (MEIA) . These
samples were subjected to a second microplate enzyme immunoassay (ELISA) for confirmation of results . After
analysis revealed a frequency of 50.6 % (40 /79) of samples in the second immunoassay reagent , thus confirming the
results of the first test . Weakly positive results when subjected to a second test for confirmation , confirmed the
presence of cross-reactivity or nonspecific . In this context it was possible to highlight the importance of tests with
different features in isolation , leading to false-positive reactions , which , used complementarily secured a more
accurate diagnosis , allowing increasingly more advancement in the diagnosis of hepatitis C.
Keywords: Hepatitis C, Virus, Immunoassay, Laboratory, Methods.
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 50
 
INTRODUÇÃO
A hepatite C constitui, atualmente, um
significativo problema mundial, com amplo
impacto pessoal, social e econômico
(FARAH, 2008). Na maioria das vezes, age
de forma assintomática, dificultando o seu
controle e facilitando sua disseminação na
comunidade. Geralmente, o diagnóstico é
acidental, durante a realização da pesquisa de
anticorpos em doadores de sangue ou quando
é feita avaliação de pacientes com elevação
das aminotransferases. (ARAUJO, 2004).
Diagnósticos tardios são feitos em
fases de descompensação da doença hepática
(ARAUJO, 2004). Menos de 20% dos
pacientes apresentam sinais e sintomas, e
esses normalmente são intermitentes e
inespecíficos, sendo por isso também
conhecida como “epidemia silenciosa”. A
queixa mais comum dos pacientes é a fadiga
e, menos frequentemente, náuseas, dores
musculares e artralgia. O aparecimento de
sintomas pode significar que a doença já se
encontra em estágio avançado (ARAUJO,
2004).
A história natural e o prognóstico da
hepatite C é muito controversos (ARAUJO,
2004). De acordo com o Ministério da Saúde
de cada 100 pacientes infectados, 80 não
eliminam o vírus. Desse total, em média, 25%
precisarão de tratamento, dos quais de 50% a
80% alcançaram a cura. Apenas cerca de 20%
das pessoas infectadas têm o HCV
diagnosticado (FARAH, 2008).
Os doentes podem ser divididos em 3
grupos: os com hepatite aguda que evoluem
no sentido da cura (resolução), os portadores
assintomáticos e os com hepatite crônica. A
resolução da doença é geralmente indicada
pela normalização dos níveis séricos da
alanina aminotransferase (ALT), uma enzima
essencialmente presente no fígado, e pela
negativação da viremia. Os doentes com
anticorpos contra o vírus positivos com níveis
normais de ALT são muitas vezes chamados
de portadores, enquanto aqueles com níveis
séricos elevados de ALT e positividade do
RNA do vírus apresentam hepatite crônica
(ANTONIO, 2007).
A gravidade da doença crônica está
associada a vários fatores, incluindo variação
genotípica do vírus, via de contágio e resposta
imune do hospedeiro. A resposta imunológica
do hospedeiro, quando vigorosa, é capaz de
eliminar o vírus da hepatite C em 15 a 35%
dos casos. Dos pacientes crônicos os
imunossuprimidos tendem apresentar
evolução desfavorável, progredindo mais
rapidamente para cirrose e desenvolvendo
mais frequentemente hepatocarcinoma.
(ARNONE, 2008).
A infecção pelo HCV representa
atualmente uma situação pandêmica, na qual
sua verdadeira prevalência e de difícil
obtenção dada a escassez de estudos que
envolvam amostras verdadeiramente
representativas da população em geral. Pelo
fato de se tratar de uma infecção
assintomática torna-se ainda mais difícil a
obtenção destes valores. A prevalência da
infecção pelo HCV tem sido estimada em
estudos realizados fundamentalmente em
doadores de sangue (ANTONIO, 2007).
Pelas estimativas da Organização
Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que
cerca de 3% da população mundial esteja
infectada pelo HCV, perfazendo um total
superior a 170 milhões de pessoas (MELO,
2007). No Brasil, estima-se em torno de 3,2
milhões de pessoas infectadas, um valor cinco
vezes mais que a AIDS (FARAH, 2008).
Assim, a importância e a relevância clínica do
estudo da infecção podem ser traduzida pelo
número de indivíduos infectados, pela taxa de
cronificação (80%) e assintomatologia (95%)
(SOUSA; CRUVINEL, 2008).
No Brasil, estima-se que a prevalência
varie de 0,8% a 3,4% nas diferentes regiões
do país, encontrando-se os genótipos 1, 2 e 3
com predominância do tipo 1, em cerca de
70% dos pacientes e, raramente, os genótipos
4 e 5. Além de sua importância isoladamente,
a co-infecção com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) é frequente e
causadora de uma progressão mais acelerada
para cirrose (DUARTE 2006).
Diante desse panorama fez-se
necessário um estudo comparativo entre o
ELISA (Ensaio imunoenzimático em
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 51
 
microplaca) e MEIA (Ensaio
imunoenzimático em micropartículas)
utilizados no diagnóstico para hepatite C no
LACEN-AP tendo como pontos comparativos
a sensibilidade e a especificidade dos testes
para diagnósticos caracterizados,
respectivamente, como a habilidade de
detectar a doença em indivíduos realmente
doentes e pela capacidade de identificar
corretamente a ausência da doença, gerando
um melhor esclarecimento na confirmação ou
não do diagnostico.
MATERIAIS E MÉTODOS
No presente trabalho foram analisados
os protocolos de realização de exames para
Hepatite C, no setor de Virologia do
Laboratório Central de Saúde Pública do
Amapá, durante o período de 01 de julho do
ano de 2008 a 31 de dezembro do mesmo ano.
Neste período observou-se que 79 amostras
apresentaram uma reação reagente quando
analisadas pela metodologia MEIA,
empregando kit comercialmente disponível
para o aparelho AXSYM utilizado no setor.
O método MEIA, teste de triagem,
empregado no aparelho AXSYM é uma
derivação do princípio do ELISA,
desenvolvido em sistema de processamento
automático. As micropartículas revestidas
com antígenos recombinantes são adicionadas
a amostra previamente diluída e o sistema é
incubado para formação do complexo
antígeno-anticorpo. Uma parte da mistura é
transferida para uma matriz de fibra de vidro,
na qual a micropartícula adere de forma
irreversível.
Após lavagem para retirada de
materiais não aderidos, ocorre a adição do
conjugado anti-IgG humana marcada com
fosfatase alcalina que se liga ao complexo.
Após nova lavagem, ocorre adição do
substrato 4-metil-umbeliferil fosfato, que, por
ação enzimática, perde o grupamento fosfato,
resultando no produto fluorescente 4-metil-
umbeliferona que é medido fotometricamente.
O resultado é expresso por comparação da
taxa de formação do produto fluorescente pela
taxa da zona de corte calculado previamente
por um calibrador índex corrido em duplicada.
Os resultados são automaticamente
expressos pelo aparelho como a relação
DO/CO, onde a densidade óptica (DO) da
amostra é avaliada em relação ao cut-off (CO)
previamente calculado. Considera-se não-
reagente toda amostra com relação DO/CO
inferior a 1,00 e reagente toda amostra com
relação superior a 1,00 (VOGLER, 2003).
Essas amostras reagentes pelo MEIA
foram submetidas a um segundo teste
imunoenzimático para avaliação quanto a
presença de possíveis resultados falso-
positivos. Neste segundo teste, o ELISA, as
amostras são inicialmente diluídas nas
próprias microcavidades da placa, revestidas
com peptidios sintéticos específicos para
anticorpos, que se ligam a segmentos de
núcleo altamente antigênicos. Os anticorpos
específicos do VHC, se presentes, ligar-se-ão
ao imunosorvente.
Após a etapa de incubação e lavagem
para remoção de anticorpos não ligados e
outros, é adicionada uma preparação de
conjugado de enzima peroxidase de rábano e
anticorpos de cabra específicos para IgG
humano. Deixa-se incubar e após um segundo
processo de lavagem é adicionada uma
solução contendo peroxidase e hidrogênio
3,3’,5,5’-tetrametilbenzidina (TMB).
Após nova incubação a reação é
finalizada pela adição de uma solução de
ácido sulfúrico e posteriormente o composto
colorido é medido espectrofotometricamente
em dois comprimentos de onda: 450nm e
620nm. As amostras com valores de
absorvância mais altos ou iguais ao valor da
zona de corte estabelecidos pelo fabricante
são definidas como reativas e as amostras
com absorbância mais baixas são definidas
como não-reativas segundo protocolo
estabelecido pelo fabricante.
RESULTADOS
No período de julho a dezembro de
2008 foram detectados 79 casos de testes
reagentes para hepatite C, inicialmente pela
metodologia MEIA, realizadas em aparelho
automatizado. A relação de densidade ótica e
zona de corte (DO/CO) obtidas pelo MEIA
nas 79 amostras reagentes variaram entre 1,01
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 52
 
até 165,99. Dessas 79 amostras, 46 (58,2%)
apresentaram uma reatividade fraca, ou seja,
relação DO/CO menor que 5,0 e 33 amostras
(41,8%) apresentaram reatividade forte com
relação DO/CO igual ou superior a 5,0,
conforme na tabela 1.
Tabela 1 – Relação DO/CO de amostras reagentes
Amostras reagentes no AXSYM
(MEIA)
Relação
DO/CO
46 (58,2%) < 5,0
33 (41,8%) > 5,0
Total = 79 amostras
Neste grupo de amostras inicialmente
reagentes no MEIA, um grupo de 40 amostras
apresentaram um resultado reagente quando
submetidas ao teste de ELISA. Se forem
consideradas como verdadeiramente reagentes
nos dois métodos imunoenzimáticos
empregados, então a freqüência de Anti-HCV
será de 50,6% (40/79). O gráfico 1 mostra a
frequência de testes não-confirmados em
relação aos confirmados.
Figura 1 - Resultados confirmados e não-confirmados
Das 39 amostras não confirmadas no
ELISA, representando 49,4% de divergência,
se pode observar a presença de 19 amostras
com resultados muito próximos a zona de
corte do sistema automatizado, que se localiza
no valor de 1,00. Essas amostras
apresentaram uma variação que vai de 1,01
até 1,29 perfazendo resultados falso-positivos.
As amostras testadas pelo ELISA
apresentaram uma variação de absorvância
óptica de 0,010 até 2,578. As amostras não
reagentes apresentaram uma variação que vai
de 0,010 até 0,320 e as reagentes com uma
variação de 0,726 ate 2,578.
DISCUSSÃO
O diagnóstico da hepatite C pode ser
feito na sequência de manifestações clínicas e
na maioria das vezes, é feito de forma fortuita,
no decurso da investigação de alterações da
alanina aminotransferase ou de um programa
de rastreio (ANTONIO, 2007). As
características clínicas, bioquímicas,
imunológicas e histológicas da hepatite viral
caracterizam a doença, sendo refletida pela
elevação da bilirrubina sérica, gama globulina
e transaminases hepáticas (AST e ALT) a
valores duas vezes acima do fisiológico,
levando a injúria hepatocelular que resulta em
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 53
 
sinais e sintomas físicos (GONÇALVES;
DAMINELLI; SPADA 2008).
Por muito tempo, o diagnóstico
sorológico da infecção pelo HCV foi
realizado por exclusão, baseado na ausência
de marcadores de infecção aguda do vírus da
hepatite A e hepatite B (VOGLER, 2003). O
vírus da hepatite C circula no sangue em
baixa concentração. A detecção de anticorpos
contra antígenos específicos do HCV é a
maneira mais frequentemente empregada para
identificar a infecção, presente ou passada.
Para isso, são utilizados testes de
rastreamento que apresentam alta
sensibilidade e testes suplementares, também
denominados confirmatórios, com maior
especificidade (BRANDÃO, 2001).
O teste sorológico para diagnóstico de
hepatite C, rotineiramente utilizado desde o
início dos anos 90, é o teste imunoenzimático
(ELISA) para detecção de anticorpos contra o
vírus da hepatite C. Embora extremamente
útil para diagnóstico das hepatites crônicas,
especialmente nos pacientes com alterações
de transaminases e epidemiologia sugestiva
de HCV, o ELISA costuma apresentar
resultado negativo nos primeiros meses após a
contaminação, dificultando o diagnóstico
etiológico nas fases iniciais da hepatite aguda
pelo HCV ou, mesmo, falseando um resultado
negativo em doadores de sangue
contaminados (STRAUSS, 2001).
Esse teste para detecção de anti-HCV
tornou-se obrigatório na triagem sorológica
dos bancos de sangue brasileiros em
novembro de 1993 (GARCIA, 2008).
Atualmente, este teste detecta mais de 97%
dos pacientes cronicamente infectados mas o
grande intervalo entre a infecção e o
aparecimento dos anticorpos resulta em uma
menor freqüência na detecção dos casos
agudos, em taxas de apenas 50-70%
(VOGLER, 2003). Os testes comercializados
para detecção do anti-VHC são os ELISA,
que apresentam vantagens como rapidez no
processamento, facilidade de automação, alta
confiabilidade e custo relativamente baixo. As
três gerações de ELISA desenvolvidas até o
momento utilizam proteínas recombinantes ou
peptídeos sintéticos para captação do anti-
HCV (BRANDÃO, 2001).
O diagnóstico sorológico não
distingue entre infecção aguda, crônica ou
passada. Os primeiros kits que surgiram no
mercado em 1990 foram denominados de 1a
geração e detectavam apenas anticorpos para
o antígeno recombinante c100-3. O
inconveniente destes testes era a falha em
detectar todos os pacientes infectados, grande
período de janela antes da soroconversão (que
podia chegar a 12 meses) e a alta taxa de
falso-positivos. Posteriormente, surgiram os
ensaios de 2a
geração que acrescentaram os
antígenos c33c (da região NS3) e c22-3 (do
nucleocapsídeo ou core) (VOGLER, 2003;
DUARTE, 2006).
Atualmente os kits de 3a
geração
detectam anticorpos contra quatro proteínas
recombinantes do HCV. Eles diferem dos
ensaios de 2a
geração pela substituição da
proteína NS5 no lugar do antígeno 5-1-1 e a
substituição de alguns antígenos
recombinantes por peptídeos sintéticos. Esse
desenvolvimento metodológico resultou na
diminuição da janela imunológica de 16
semanas no Elisa-1 para 10 semanas no Elisa-
2 e 7-8 semanas no Elisa-3, avaliados através
do acompanhamento de casos de
soroconversão após transfusão sanguínea.
Embora tenha havido uma melhora na
sensibilidade do ensaio, a questão da
especificidade continua aberta (VOGLER,
2003). Apesar deste avanço, resultados
indeterminados não foram eliminados, o que
leva à necessidade da detecção direta do RNA
do HCV (DUARTE, 2006).
Devido às limitações dos testes
sorológicos, a detecção direta do RNA viral
tornou-se uma ferramenta essencial no
diagnóstico da infecção pelo HCV. A
detecção qualitativa direta do HCV–RNA,
através da reação em cadeia da polimerase
com transcrição reversa (RT-PCR),
considerado como padrão ouro no diagnostico
da infecção pelo HCV e na avaliação da
resposta antiviral. Suas vantagens incluem a
possibilidade do diagnóstico precoce na
infecção viral aguda, diagnóstico da infecção
em pacientes incapazes de montar uma
resposta sorológica (pacientes
imunocomprometidos e pacientes
cronicamente enfermos, tais como renais
crônicos) e confirmação da infecção ativa em
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 54
 
situações específicas (resultados
indeterminados e recém-natos de mães
infectadas pelo HCV) (GARCIA et al., 2008).
Determinações quantitativas (carga
viral) mostram-se interessantes juntamente
com a determinação do genótipo viral, uma
vez que sua principal indicação, na pratica
médica, e a definição do tempo de tratamento
combinado (interferon/ribavirina) de
pacientes com hepatite crônica pelo HCV
(DUARTE, 2006). O consenso da Associação
Européia para o Estudo do Fígado realizado
em 1999, sugere que, para pacientes
infectados com genótipo 1 do HCV, a duração
do tratamento deve ser determinada pelo
carga viral pré-tratamento: 6 meses de
tratamento se a carga viral for inferior a
2.000.000 copias/mL e 12 meses se a carga
viral for maior. Pacientes infectados com
outros genótipos do HCV que não o 1 devem
ser tratados durante 6 meses,
independentemente da viremia basal
(BRANDÃO, 2001).
As hepatites virais são um grave
problema de saúde pública, com uma elevada
frequência de infecções inaparentes e um alto
custo de diagnóstico etiológico. Esses pontos
muito dificultam a realização de estudos que
permitam conhecer sua magnitude e
monitorar sua ocorrência em diversos
campos, para subsidiar estratégias de
prevenção e controle (CORREA; BORGES,
2008).
A hepatite C é considerada uma
endemia mundial com uma grande variação
em sua distribuição geográfica. Ela é a
principal causa de doença hepática e a que
leva à hepatite crônica, cirrose e ao carcinoma
hepatocelular. Muitas pessoas desconhecem
seu estado de portador do vírus da hepatite C,
pois esta infecção se cursa, na maioria dos
casos, de forma assintomática e com
progressão lenta. Diante disso faz-se
necessário cada vez mais avaliar os testes
utilizados no diagnostico do VHC e fazer uso
de um ou mais testes para um resultado mais
eficaz e seguro.
Observou-se que os métodos MEIA e
ELISA utilizados em associação aumentam o
grau de segurança no diagnóstico de HCV
diminuindo a frequência de anti-HCV. O
método MEIA utilizado no processo de
triagem apresenta uma sensibilidade de 100%
e uma especificidade em torno de 99.60%,
tendo utilidade em detectar amostras reativas.
O ELISA em microplaca utilizado como teste
complemento possui uma sensibilidade igual
ao MEIA de 100% e uma especificidade em
torno de 99,83%.
Na analise observou-se que a
utilização do segundo método nas amostras
reagentes no MEIA, foram encontradas 50,6%
de concordância entre os dois métodos, ou
seja, das 79 amostras retestadas pelo ELISA,
40 amostras confirmaram o resultado de
reagentes, podendo-se assim avaliar a
correlação entre os métodos. Em algumas
amostras quando analisadas no sistema
AXSYM, pela metodologia MEIA e com uma
zona cinza de variação +/- 20%, pode-se
observar a presença de amostras inconclusivas
ou fracamente positivas, que apresentem
relação DO/CO dentro ou próximas desse
intervalo e que submetidas a um segundo
método, obtiveram um resultado não reagente
(ANTONIO, 2007).
Essas variações podem ser devido
muitas vezes a presença de anticorpos
inespecíficos ou de proteínas que podem
demonstrar reatividade que não seja
relacionada para infecção pelo HCV ou
ligações inespecíficas entre imunoglobulinas
presentes no soro ou plasma. Devido a fatores
como esses, quaisquer reatividade nos testes
anti-HCV devem ser correlacionadas com o
histórico do paciente e se necessário, outros
testes complementares para um diagnóstico de
hepatite aguda ou crônica (GONÇALVES;
DAMINELLI; SPADA 2008).
Diante de problemas como a
elucidação de resultados, a presença de
reações falso-positivas que podem propiciar
transtornos de caracteres sociais, econômicos
e psicológicos para pacientes e prejuízos
financeiros na utilização de tratamentos
inadequados, a cada dia faz-se a progressiva
necessidade de melhora a qualidade dos testes
utilizados para detecção de anticorpos contra
o vírus da hepatite C (ARAUJO, 2004).
A utilização de um teste de triagem
acompanhado de um outro teste
complementar, MEIA e/ou ELISA, quando
utilizados de maneira conjunta possibilitariam
um diagnóstico muito mais seguro e preciso
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 55
 
do que utilizados de forma isolados.
Acredita-se que esses testes sofram uma
evolução progressiva de sua sensibilidade e
especificidade, com detecção cada vez mais
precoce da infecção, aumentando sua eficácia
na triagem sorológica (VOGLER, 2003).
Nessa analise os portadores crônicos
assintomáticos seriam identificados
precocemente com o objetivo de estabelecer
tratamento, reduzindo a evolução para formas
mais graves, que geram danos pessoais graves
e alto custo ao sistema de saúde. Esse
desenvolvimento possibilitaria uma maior
prevenção na transmissão para terceiros e
assim minimizaria a expansão dessa
epidemia.
CONCLUSÕES
Os métodos MEIA e ELISA
apresentaram a mesma sensibilidade para
detecção de testes reagentes, sendo de
importância para a confirmação de casos de
pacientes para anti-VHC, com uma freqüência
de 50,6% de confirmação de testes reagentes.
Com uma especificidade um pouco maior no
ELISA, esse teste mostrou-se importante na
detecção de reações falso-positivas no MEIA,
pois de 79 amostras apresentou 39 com
resultados não reagentes.
Reações com relação densidade ótica e
zona de corte (DO/CO) dentro ou próximas da
zona cinza do MEIA em sistema
automatizado, com resultados fracamente
reagentes ou inconclusivas, mostraram-se não
reagentes no ELISA. A utilização dos dois
métodos como testes complementares é de
extrema importância, uma vez que utilizados
de maneira conjunta reduzem de maneira
significativa a presença de reações falso-
positivas. A elucidação de diagnósticos e a
segurança nos resultados aumentam com a
utilização de métodos que apresentem
características que garantam confiabilidade
nos testes.
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Ciências da Saúde-UFP, 2007.
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pelo vírus da Hepatite C. Revista Brasileira
Hematologia Hemoterapia., vol.30, n.3, pp.
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de Sá, Rio de Janeiro, 2007.
SOUSA, V. V. S.; CRUVINEL, K. P. S. Ser
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STRAUSS, E. Hepatite C. Revista da
Sociedade Brasileira Medicina Tropical,
vol.34, n.1, pp. 69-82, 2001.
VOGLER, I. H. Infecção pelo vírus da
Hepatite C na população de Londrina e região
norte do Paraná: aspectos soro-
epidemiológicos e moleculares. Dissertação
(Mestrado) Universidade de São Paulo.
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São
Paulo, 2003.
____________________________________
1 - Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá -
LACEN-AP, Macapá, Amapá, Brasil.
2 - Mestrado pelo Programa de Pós Graduação em
Ciência da Saúde da Universidade Federal do Amapá,
UNIFAP - Macapá (AP), Brasil.
3 - Docente do Programa de Pós Graduação em ciência
da saúde da Universidade Federal do Amapá, UNIFAP
- Macapá (AP), Brasil.
4 - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em
Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro (RJ),
Brasil
*
Monografia submetida à Comissão Examinadora
composta pelos professores e tecnologistas do Instituto
Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da
Fundação Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Especialista em
Controle da Qualidade em Produtos, Ambientes e
Serviços Vinculados à Vigilância Sanitária.
Correspondência: Rubens Alex de Oliveira Menezes
– Avenida João Guerra, n1566, Bairro dos Congós.
CEP: 68904360. Macapá – AP, Brasil.
E-mail: ra-menezes@hotmail.com

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  • 1. CIÊNCIA EQUATORIAL ISSN 2179-9563 Artigo Original Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ENSAIOS SOROLÓGICOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO DE HEPATITE C NO LABORATÓRIO CENTRAL DE SAÚDE PÚBLICA DE MACAPÁ – AMAPÁ Márlisson Octávio da Silva Rêgo1* ; Margarida Maria Machado de Souza1 ; Rubens Alex de Oliveira Menezes,1,2 ; Mauricio Jose Cordeiro Souza2 ; Flávio Henrique Ferreira Barbosa3 ; Maria Aparecida Affonso Boller4 RESUMO A infecção pelo vírus da hepatite C é, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, apontada como um graves problemas a ser enfrentado, e um dos maiores desafios da pesquisa médico-cientifica. Com o objetivo de analisar os métodos empregados no diagnóstico de hepatite C, pelo Laboratório Central de Saúde Publica do Amapá, assim como, a importância da utilização de métodos em conjunto para resultados fidedignos, foram analisados durante o período de 1 de julho a 31 de dezembro de 2008, 79 amostras que, inicialmente, apresentaram resultados reagentes pelo método de Ensaio imunoenzimático em micropartículas (MEIA). Essas amostras foram submetidas a um segundo teste imunoenzimático em microplaca (ELISA) para confirmação de resultados. Após análise, observou-se uma frequência de 50,6% (40/79) de amostras reagentes no segundo teste imunoenzimático, confirmando assim o resultado do primeiro ensaio. Os resultados fracamente positivos quando submetidos a um segundo teste para confirmação, comprovaram a presença de reações cruzadas ou inespecíficas. Diante desse contexto foi possível destacar a importância de testes com características diferentes que, isoladamente, conduziram à reações falso-positivas, as quais, utilizadas de forma complementar asseguraram um diagnóstico mais preciso, possibilitando, cada vez, mais o avanço no diagnóstico da hepatite C. Palavras-chave: Hepatite C, Vírus, Imunoenzimático, Laboratório, Métodos. COMPARISON SEROLOGICAL ASSAYS USED IN THE DIAGNOSIS OF HEPATITIS C IN CENTRAL LABORATORY OF PUBLIC HEALTH MACAPÁ - AMAPÁ ABSTRACT Infection with hepatitis C is currently one of the biggest public health problems worldwide , identified as a serious problem to be faced , and one of the biggest challenges of the medical- scientific research . In order to analyze the methods used in the diagnosis of hepatitis C , by the Central Laboratory of Public Health of Amapá , as well as the importance of using methods together for reliable results were analyzed during the period 1 July to 31 December 2008, 79 samples that initially presented results reagents by the method of trial microparticle immunoassay (MEIA) . These samples were subjected to a second microplate enzyme immunoassay (ELISA) for confirmation of results . After analysis revealed a frequency of 50.6 % (40 /79) of samples in the second immunoassay reagent , thus confirming the results of the first test . Weakly positive results when subjected to a second test for confirmation , confirmed the presence of cross-reactivity or nonspecific . In this context it was possible to highlight the importance of tests with different features in isolation , leading to false-positive reactions , which , used complementarily secured a more accurate diagnosis , allowing increasingly more advancement in the diagnosis of hepatitis C. Keywords: Hepatitis C, Virus, Immunoassay, Laboratory, Methods.
  • 2. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 50   INTRODUÇÃO A hepatite C constitui, atualmente, um significativo problema mundial, com amplo impacto pessoal, social e econômico (FARAH, 2008). Na maioria das vezes, age de forma assintomática, dificultando o seu controle e facilitando sua disseminação na comunidade. Geralmente, o diagnóstico é acidental, durante a realização da pesquisa de anticorpos em doadores de sangue ou quando é feita avaliação de pacientes com elevação das aminotransferases. (ARAUJO, 2004). Diagnósticos tardios são feitos em fases de descompensação da doença hepática (ARAUJO, 2004). Menos de 20% dos pacientes apresentam sinais e sintomas, e esses normalmente são intermitentes e inespecíficos, sendo por isso também conhecida como “epidemia silenciosa”. A queixa mais comum dos pacientes é a fadiga e, menos frequentemente, náuseas, dores musculares e artralgia. O aparecimento de sintomas pode significar que a doença já se encontra em estágio avançado (ARAUJO, 2004). A história natural e o prognóstico da hepatite C é muito controversos (ARAUJO, 2004). De acordo com o Ministério da Saúde de cada 100 pacientes infectados, 80 não eliminam o vírus. Desse total, em média, 25% precisarão de tratamento, dos quais de 50% a 80% alcançaram a cura. Apenas cerca de 20% das pessoas infectadas têm o HCV diagnosticado (FARAH, 2008). Os doentes podem ser divididos em 3 grupos: os com hepatite aguda que evoluem no sentido da cura (resolução), os portadores assintomáticos e os com hepatite crônica. A resolução da doença é geralmente indicada pela normalização dos níveis séricos da alanina aminotransferase (ALT), uma enzima essencialmente presente no fígado, e pela negativação da viremia. Os doentes com anticorpos contra o vírus positivos com níveis normais de ALT são muitas vezes chamados de portadores, enquanto aqueles com níveis séricos elevados de ALT e positividade do RNA do vírus apresentam hepatite crônica (ANTONIO, 2007). A gravidade da doença crônica está associada a vários fatores, incluindo variação genotípica do vírus, via de contágio e resposta imune do hospedeiro. A resposta imunológica do hospedeiro, quando vigorosa, é capaz de eliminar o vírus da hepatite C em 15 a 35% dos casos. Dos pacientes crônicos os imunossuprimidos tendem apresentar evolução desfavorável, progredindo mais rapidamente para cirrose e desenvolvendo mais frequentemente hepatocarcinoma. (ARNONE, 2008). A infecção pelo HCV representa atualmente uma situação pandêmica, na qual sua verdadeira prevalência e de difícil obtenção dada a escassez de estudos que envolvam amostras verdadeiramente representativas da população em geral. Pelo fato de se tratar de uma infecção assintomática torna-se ainda mais difícil a obtenção destes valores. A prevalência da infecção pelo HCV tem sido estimada em estudos realizados fundamentalmente em doadores de sangue (ANTONIO, 2007). Pelas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que cerca de 3% da população mundial esteja infectada pelo HCV, perfazendo um total superior a 170 milhões de pessoas (MELO, 2007). No Brasil, estima-se em torno de 3,2 milhões de pessoas infectadas, um valor cinco vezes mais que a AIDS (FARAH, 2008). Assim, a importância e a relevância clínica do estudo da infecção podem ser traduzida pelo número de indivíduos infectados, pela taxa de cronificação (80%) e assintomatologia (95%) (SOUSA; CRUVINEL, 2008). No Brasil, estima-se que a prevalência varie de 0,8% a 3,4% nas diferentes regiões do país, encontrando-se os genótipos 1, 2 e 3 com predominância do tipo 1, em cerca de 70% dos pacientes e, raramente, os genótipos 4 e 5. Além de sua importância isoladamente, a co-infecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) é frequente e causadora de uma progressão mais acelerada para cirrose (DUARTE 2006). Diante desse panorama fez-se necessário um estudo comparativo entre o ELISA (Ensaio imunoenzimático em
  • 3. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 51   microplaca) e MEIA (Ensaio imunoenzimático em micropartículas) utilizados no diagnóstico para hepatite C no LACEN-AP tendo como pontos comparativos a sensibilidade e a especificidade dos testes para diagnósticos caracterizados, respectivamente, como a habilidade de detectar a doença em indivíduos realmente doentes e pela capacidade de identificar corretamente a ausência da doença, gerando um melhor esclarecimento na confirmação ou não do diagnostico. MATERIAIS E MÉTODOS No presente trabalho foram analisados os protocolos de realização de exames para Hepatite C, no setor de Virologia do Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá, durante o período de 01 de julho do ano de 2008 a 31 de dezembro do mesmo ano. Neste período observou-se que 79 amostras apresentaram uma reação reagente quando analisadas pela metodologia MEIA, empregando kit comercialmente disponível para o aparelho AXSYM utilizado no setor. O método MEIA, teste de triagem, empregado no aparelho AXSYM é uma derivação do princípio do ELISA, desenvolvido em sistema de processamento automático. As micropartículas revestidas com antígenos recombinantes são adicionadas a amostra previamente diluída e o sistema é incubado para formação do complexo antígeno-anticorpo. Uma parte da mistura é transferida para uma matriz de fibra de vidro, na qual a micropartícula adere de forma irreversível. Após lavagem para retirada de materiais não aderidos, ocorre a adição do conjugado anti-IgG humana marcada com fosfatase alcalina que se liga ao complexo. Após nova lavagem, ocorre adição do substrato 4-metil-umbeliferil fosfato, que, por ação enzimática, perde o grupamento fosfato, resultando no produto fluorescente 4-metil- umbeliferona que é medido fotometricamente. O resultado é expresso por comparação da taxa de formação do produto fluorescente pela taxa da zona de corte calculado previamente por um calibrador índex corrido em duplicada. Os resultados são automaticamente expressos pelo aparelho como a relação DO/CO, onde a densidade óptica (DO) da amostra é avaliada em relação ao cut-off (CO) previamente calculado. Considera-se não- reagente toda amostra com relação DO/CO inferior a 1,00 e reagente toda amostra com relação superior a 1,00 (VOGLER, 2003). Essas amostras reagentes pelo MEIA foram submetidas a um segundo teste imunoenzimático para avaliação quanto a presença de possíveis resultados falso- positivos. Neste segundo teste, o ELISA, as amostras são inicialmente diluídas nas próprias microcavidades da placa, revestidas com peptidios sintéticos específicos para anticorpos, que se ligam a segmentos de núcleo altamente antigênicos. Os anticorpos específicos do VHC, se presentes, ligar-se-ão ao imunosorvente. Após a etapa de incubação e lavagem para remoção de anticorpos não ligados e outros, é adicionada uma preparação de conjugado de enzima peroxidase de rábano e anticorpos de cabra específicos para IgG humano. Deixa-se incubar e após um segundo processo de lavagem é adicionada uma solução contendo peroxidase e hidrogênio 3,3’,5,5’-tetrametilbenzidina (TMB). Após nova incubação a reação é finalizada pela adição de uma solução de ácido sulfúrico e posteriormente o composto colorido é medido espectrofotometricamente em dois comprimentos de onda: 450nm e 620nm. As amostras com valores de absorvância mais altos ou iguais ao valor da zona de corte estabelecidos pelo fabricante são definidas como reativas e as amostras com absorbância mais baixas são definidas como não-reativas segundo protocolo estabelecido pelo fabricante. RESULTADOS No período de julho a dezembro de 2008 foram detectados 79 casos de testes reagentes para hepatite C, inicialmente pela metodologia MEIA, realizadas em aparelho automatizado. A relação de densidade ótica e zona de corte (DO/CO) obtidas pelo MEIA nas 79 amostras reagentes variaram entre 1,01
  • 4. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 52   até 165,99. Dessas 79 amostras, 46 (58,2%) apresentaram uma reatividade fraca, ou seja, relação DO/CO menor que 5,0 e 33 amostras (41,8%) apresentaram reatividade forte com relação DO/CO igual ou superior a 5,0, conforme na tabela 1. Tabela 1 – Relação DO/CO de amostras reagentes Amostras reagentes no AXSYM (MEIA) Relação DO/CO 46 (58,2%) < 5,0 33 (41,8%) > 5,0 Total = 79 amostras Neste grupo de amostras inicialmente reagentes no MEIA, um grupo de 40 amostras apresentaram um resultado reagente quando submetidas ao teste de ELISA. Se forem consideradas como verdadeiramente reagentes nos dois métodos imunoenzimáticos empregados, então a freqüência de Anti-HCV será de 50,6% (40/79). O gráfico 1 mostra a frequência de testes não-confirmados em relação aos confirmados. Figura 1 - Resultados confirmados e não-confirmados Das 39 amostras não confirmadas no ELISA, representando 49,4% de divergência, se pode observar a presença de 19 amostras com resultados muito próximos a zona de corte do sistema automatizado, que se localiza no valor de 1,00. Essas amostras apresentaram uma variação que vai de 1,01 até 1,29 perfazendo resultados falso-positivos. As amostras testadas pelo ELISA apresentaram uma variação de absorvância óptica de 0,010 até 2,578. As amostras não reagentes apresentaram uma variação que vai de 0,010 até 0,320 e as reagentes com uma variação de 0,726 ate 2,578. DISCUSSÃO O diagnóstico da hepatite C pode ser feito na sequência de manifestações clínicas e na maioria das vezes, é feito de forma fortuita, no decurso da investigação de alterações da alanina aminotransferase ou de um programa de rastreio (ANTONIO, 2007). As características clínicas, bioquímicas, imunológicas e histológicas da hepatite viral caracterizam a doença, sendo refletida pela elevação da bilirrubina sérica, gama globulina e transaminases hepáticas (AST e ALT) a valores duas vezes acima do fisiológico, levando a injúria hepatocelular que resulta em
  • 5. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 53   sinais e sintomas físicos (GONÇALVES; DAMINELLI; SPADA 2008). Por muito tempo, o diagnóstico sorológico da infecção pelo HCV foi realizado por exclusão, baseado na ausência de marcadores de infecção aguda do vírus da hepatite A e hepatite B (VOGLER, 2003). O vírus da hepatite C circula no sangue em baixa concentração. A detecção de anticorpos contra antígenos específicos do HCV é a maneira mais frequentemente empregada para identificar a infecção, presente ou passada. Para isso, são utilizados testes de rastreamento que apresentam alta sensibilidade e testes suplementares, também denominados confirmatórios, com maior especificidade (BRANDÃO, 2001). O teste sorológico para diagnóstico de hepatite C, rotineiramente utilizado desde o início dos anos 90, é o teste imunoenzimático (ELISA) para detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C. Embora extremamente útil para diagnóstico das hepatites crônicas, especialmente nos pacientes com alterações de transaminases e epidemiologia sugestiva de HCV, o ELISA costuma apresentar resultado negativo nos primeiros meses após a contaminação, dificultando o diagnóstico etiológico nas fases iniciais da hepatite aguda pelo HCV ou, mesmo, falseando um resultado negativo em doadores de sangue contaminados (STRAUSS, 2001). Esse teste para detecção de anti-HCV tornou-se obrigatório na triagem sorológica dos bancos de sangue brasileiros em novembro de 1993 (GARCIA, 2008). Atualmente, este teste detecta mais de 97% dos pacientes cronicamente infectados mas o grande intervalo entre a infecção e o aparecimento dos anticorpos resulta em uma menor freqüência na detecção dos casos agudos, em taxas de apenas 50-70% (VOGLER, 2003). Os testes comercializados para detecção do anti-VHC são os ELISA, que apresentam vantagens como rapidez no processamento, facilidade de automação, alta confiabilidade e custo relativamente baixo. As três gerações de ELISA desenvolvidas até o momento utilizam proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos para captação do anti- HCV (BRANDÃO, 2001). O diagnóstico sorológico não distingue entre infecção aguda, crônica ou passada. Os primeiros kits que surgiram no mercado em 1990 foram denominados de 1a geração e detectavam apenas anticorpos para o antígeno recombinante c100-3. O inconveniente destes testes era a falha em detectar todos os pacientes infectados, grande período de janela antes da soroconversão (que podia chegar a 12 meses) e a alta taxa de falso-positivos. Posteriormente, surgiram os ensaios de 2a geração que acrescentaram os antígenos c33c (da região NS3) e c22-3 (do nucleocapsídeo ou core) (VOGLER, 2003; DUARTE, 2006). Atualmente os kits de 3a geração detectam anticorpos contra quatro proteínas recombinantes do HCV. Eles diferem dos ensaios de 2a geração pela substituição da proteína NS5 no lugar do antígeno 5-1-1 e a substituição de alguns antígenos recombinantes por peptídeos sintéticos. Esse desenvolvimento metodológico resultou na diminuição da janela imunológica de 16 semanas no Elisa-1 para 10 semanas no Elisa- 2 e 7-8 semanas no Elisa-3, avaliados através do acompanhamento de casos de soroconversão após transfusão sanguínea. Embora tenha havido uma melhora na sensibilidade do ensaio, a questão da especificidade continua aberta (VOGLER, 2003). Apesar deste avanço, resultados indeterminados não foram eliminados, o que leva à necessidade da detecção direta do RNA do HCV (DUARTE, 2006). Devido às limitações dos testes sorológicos, a detecção direta do RNA viral tornou-se uma ferramenta essencial no diagnóstico da infecção pelo HCV. A detecção qualitativa direta do HCV–RNA, através da reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR), considerado como padrão ouro no diagnostico da infecção pelo HCV e na avaliação da resposta antiviral. Suas vantagens incluem a possibilidade do diagnóstico precoce na infecção viral aguda, diagnóstico da infecção em pacientes incapazes de montar uma resposta sorológica (pacientes imunocomprometidos e pacientes cronicamente enfermos, tais como renais crônicos) e confirmação da infecção ativa em
  • 6. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 54   situações específicas (resultados indeterminados e recém-natos de mães infectadas pelo HCV) (GARCIA et al., 2008). Determinações quantitativas (carga viral) mostram-se interessantes juntamente com a determinação do genótipo viral, uma vez que sua principal indicação, na pratica médica, e a definição do tempo de tratamento combinado (interferon/ribavirina) de pacientes com hepatite crônica pelo HCV (DUARTE, 2006). O consenso da Associação Européia para o Estudo do Fígado realizado em 1999, sugere que, para pacientes infectados com genótipo 1 do HCV, a duração do tratamento deve ser determinada pelo carga viral pré-tratamento: 6 meses de tratamento se a carga viral for inferior a 2.000.000 copias/mL e 12 meses se a carga viral for maior. Pacientes infectados com outros genótipos do HCV que não o 1 devem ser tratados durante 6 meses, independentemente da viremia basal (BRANDÃO, 2001). As hepatites virais são um grave problema de saúde pública, com uma elevada frequência de infecções inaparentes e um alto custo de diagnóstico etiológico. Esses pontos muito dificultam a realização de estudos que permitam conhecer sua magnitude e monitorar sua ocorrência em diversos campos, para subsidiar estratégias de prevenção e controle (CORREA; BORGES, 2008). A hepatite C é considerada uma endemia mundial com uma grande variação em sua distribuição geográfica. Ela é a principal causa de doença hepática e a que leva à hepatite crônica, cirrose e ao carcinoma hepatocelular. Muitas pessoas desconhecem seu estado de portador do vírus da hepatite C, pois esta infecção se cursa, na maioria dos casos, de forma assintomática e com progressão lenta. Diante disso faz-se necessário cada vez mais avaliar os testes utilizados no diagnostico do VHC e fazer uso de um ou mais testes para um resultado mais eficaz e seguro. Observou-se que os métodos MEIA e ELISA utilizados em associação aumentam o grau de segurança no diagnóstico de HCV diminuindo a frequência de anti-HCV. O método MEIA utilizado no processo de triagem apresenta uma sensibilidade de 100% e uma especificidade em torno de 99.60%, tendo utilidade em detectar amostras reativas. O ELISA em microplaca utilizado como teste complemento possui uma sensibilidade igual ao MEIA de 100% e uma especificidade em torno de 99,83%. Na analise observou-se que a utilização do segundo método nas amostras reagentes no MEIA, foram encontradas 50,6% de concordância entre os dois métodos, ou seja, das 79 amostras retestadas pelo ELISA, 40 amostras confirmaram o resultado de reagentes, podendo-se assim avaliar a correlação entre os métodos. Em algumas amostras quando analisadas no sistema AXSYM, pela metodologia MEIA e com uma zona cinza de variação +/- 20%, pode-se observar a presença de amostras inconclusivas ou fracamente positivas, que apresentem relação DO/CO dentro ou próximas desse intervalo e que submetidas a um segundo método, obtiveram um resultado não reagente (ANTONIO, 2007). Essas variações podem ser devido muitas vezes a presença de anticorpos inespecíficos ou de proteínas que podem demonstrar reatividade que não seja relacionada para infecção pelo HCV ou ligações inespecíficas entre imunoglobulinas presentes no soro ou plasma. Devido a fatores como esses, quaisquer reatividade nos testes anti-HCV devem ser correlacionadas com o histórico do paciente e se necessário, outros testes complementares para um diagnóstico de hepatite aguda ou crônica (GONÇALVES; DAMINELLI; SPADA 2008). Diante de problemas como a elucidação de resultados, a presença de reações falso-positivas que podem propiciar transtornos de caracteres sociais, econômicos e psicológicos para pacientes e prejuízos financeiros na utilização de tratamentos inadequados, a cada dia faz-se a progressiva necessidade de melhora a qualidade dos testes utilizados para detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C (ARAUJO, 2004). A utilização de um teste de triagem acompanhado de um outro teste complementar, MEIA e/ou ELISA, quando utilizados de maneira conjunta possibilitariam um diagnóstico muito mais seguro e preciso
  • 7. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 55   do que utilizados de forma isolados. Acredita-se que esses testes sofram uma evolução progressiva de sua sensibilidade e especificidade, com detecção cada vez mais precoce da infecção, aumentando sua eficácia na triagem sorológica (VOGLER, 2003). Nessa analise os portadores crônicos assintomáticos seriam identificados precocemente com o objetivo de estabelecer tratamento, reduzindo a evolução para formas mais graves, que geram danos pessoais graves e alto custo ao sistema de saúde. Esse desenvolvimento possibilitaria uma maior prevenção na transmissão para terceiros e assim minimizaria a expansão dessa epidemia. CONCLUSÕES Os métodos MEIA e ELISA apresentaram a mesma sensibilidade para detecção de testes reagentes, sendo de importância para a confirmação de casos de pacientes para anti-VHC, com uma freqüência de 50,6% de confirmação de testes reagentes. Com uma especificidade um pouco maior no ELISA, esse teste mostrou-se importante na detecção de reações falso-positivas no MEIA, pois de 79 amostras apresentou 39 com resultados não reagentes. Reações com relação densidade ótica e zona de corte (DO/CO) dentro ou próximas da zona cinza do MEIA em sistema automatizado, com resultados fracamente reagentes ou inconclusivas, mostraram-se não reagentes no ELISA. A utilização dos dois métodos como testes complementares é de extrema importância, uma vez que utilizados de maneira conjunta reduzem de maneira significativa a presença de reações falso- positivas. A elucidação de diagnósticos e a segurança nos resultados aumentam com a utilização de métodos que apresentem características que garantam confiabilidade nos testes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONIO, A. R. Hepatite C. Faculdade de Ciências da Saúde-UFP, 2007. ARAUJO, A. R. S. Hepatites B e C em Manaus: Perfil clínico-epidemiológico e distribuição espacial de casos conhecidos desde 1997 a 2001. Manaus: FIOCRUZ, 2004. x p. Dissertação (Mestrado) Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública. Manaus. ARNONE, M. Avaliação da Soroprevalência do vírus da hepatite C em pacientes portadores de doenças sexualmente transmissíveis na cidade de São Paulo. São Paulo:USP, 2008. x p. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina. São Paulo. BRANDÃO, A. B. M. et al. Diagnóstico da Hepatite C na prática médica: revisão da literatura. Revista Panamericana de Saúde Pública, vol. 9, n. 3, PP 161-168, 2001. CORREA, S.; BORGES, P. K. O. Hepatite C: Aspectos epidemiológicos e clínicos de uma doença silenciosa. UNIGRAN, Interbio, v.2, n.1, 2008. DUARTE, C. A. B. Detecção e Quantificação do vírus da Hepatite C através de RT-PCR em tempo real. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006. FARAH, G.J. et al. Alternativa Farmacológica para o Tratamento de Hepatite C. Arq. Ciências Saúde Unipar, Umuarama, v.12, n.2, p. 149-155, maio-ago. 2008. GONCALVES, S.; DAMINELLI, E. N.; SPADA, C. Panorama da Hepatite C no Estado de Santa Catarina e na cidade de Florianópolis. vol. 40 (1); 57-60, 2008. GARCIA, F. B. et al. Importância dos testes sorológicos de triagem e confirmatórios na detecção de doadores de sangue infectados pelo vírus da Hepatite C. Revista Brasileira Hematologia Hemoterapia., vol.30, n.3, pp. 218-222, 2008. MELO, L. O. R. Estimativa da Prevalência de Hepatite C na população adscrita no Programa de Saúde da Família da Lapa.
  • 8. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 56   Dissertação (Mestrado) Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2007. SOUSA, V. V. S.; CRUVINEL, K. P. S. Ser portador de Hepatite C: sentimentos e expectativas. Florianópolis, 2008. STRAUSS, E. Hepatite C. Revista da Sociedade Brasileira Medicina Tropical, vol.34, n.1, pp. 69-82, 2001. VOGLER, I. H. Infecção pelo vírus da Hepatite C na população de Londrina e região norte do Paraná: aspectos soro- epidemiológicos e moleculares. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, 2003. ____________________________________ 1 - Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá - LACEN-AP, Macapá, Amapá, Brasil. 2 - Mestrado pelo Programa de Pós Graduação em Ciência da Saúde da Universidade Federal do Amapá, UNIFAP - Macapá (AP), Brasil. 3 - Docente do Programa de Pós Graduação em ciência da saúde da Universidade Federal do Amapá, UNIFAP - Macapá (AP), Brasil. 4 - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro (RJ), Brasil * Monografia submetida à Comissão Examinadora composta pelos professores e tecnologistas do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Especialista em Controle da Qualidade em Produtos, Ambientes e Serviços Vinculados à Vigilância Sanitária. Correspondência: Rubens Alex de Oliveira Menezes – Avenida João Guerra, n1566, Bairro dos Congós. CEP: 68904360. Macapá – AP, Brasil. E-mail: ra-menezes@hotmail.com