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CIÊNCIA EQUATORIAL ISSN 2179-9563
Artigo Original Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DIARREICA ASSOCIADA ÀS Escherichia coli
DIARREIOGÊNICAS EM CRIANÇAS RESIDENTES EM UMA ÁREA ALAGADA DE
MACAPÁ – AMAPÁ, BRASIL
Claude Porcy1,2
; Thiago Azevedo Feitosa Ferro1
; Sílvio Gomes Monteiro5
; Rubens Alex de Oliveira Menezes,2,3
; Flávio
Henrique Ferreira Barbosa4
; Valério Monteiro Neto6
RESUMO
Foi realizado um estudo epidemiológico envolvendo 81 crianças com diarreia e 81 assintomáticas (grupo controle),
menores de cinco anos, residentes em uma área alagada em Macapá, Amapá. Foram analisados os aspectos
epidemiológicos e a significância das diferentes categorias de Escherichia coli na etiologia da diarreia infantil nessas
áreas. Amostras de fezes foram coletadas processadas para pesquisa de parasitas intestinais pelo método de Hoffman,
pesquisa para Rotavirus por ELISA e cultura de bactérias enteropatogênicas, incluindo-se a caracterização molecular
das E. coli diarreiogênicas por PCR. A prevalência de diarreia foi maior em maio e junho de 2009, meses de maior
pluviosidade em Macapá. A distribuição dos casos por idade mostrou uma maior prevalência de doença diarreica entre
crianças de 0 a 12 meses (61,73%). Os principais agentes etiológicos foram as E. coli diarreiogênicas (P = 0,0003),
sendo que a ETEC, EAEC e EPEC foram as mais prevalentes. Foram considerados fatores de proteção: sanitário no
interior do domicílio (OR = 0,3834), vasos sanitários com dispositivo de descarga (OR = 0,3638) e presença de pia para
lavar as mãos dentro do banheiro (OR = 0,4845). As variáveis relacionadas como fatores de risco foram: o uso de
sanitário coletivo (OR = 2,6794), de cama coletiva (OR = 3, 7415) e o uso de mamadeiras (P < 0,05, OR = 2,7875).
Estes achados são fundamentais para que medidas preventivas e terapêuticas possam ser implementadas pelas
autoridades em saúde de Macapá, com consequente redução na morbimortalidade.
Palavras-chave: Epidemiologia, Diarreia infantil, Bactérias, Fatores de risco, Região Amazônica.
EPIDEMIOLOGY OF DIARRHEAL DISEASES DIARRHEAGENIC Escherichia coli
COMBINATION WITH IN CHILDREN LIVING IN AN AREA OF FLOODED MACAPÁ -
AMAPÁ, BRAZIL
ABSTRACT
We conducted an epidemiological study involving 81 children with diarrhea and 81 asymptomatic (control group) ,
under five years , residents in a flooded area in Macapá , Amapá . We analyzed the epidemiology and significance of
different categories of Escherichia coli in the etiology of childhood diarrhea in these areas. Stool samples were collected
processed for research of intestinal parasites by the method of Hoffman, search for rotavirus by ELISA and culture of
enteropathogenic bacteria, including the molecular characterization of diarrheagenic E. coli by PCR. The prevalence of
diarrhea was highest in May and June 2009, months with higher rainfall in Macapá. The distribution of cases by age
showed a higher prevalence of diarrheal disease among children aged 0 to 12 months (61.73 %). The main etiological
agents were diarrheagenic E. coli (P = 0.0003), and ETEC , EPEC and EAEC were the most prevalent . Were
considered protective factors: health within the household (OR = 0.3834), with toilets discharge device (OR = 0.3638)
and the presence of the sink to wash his hands in the bathroom (OR = 0.4845) . Variables related risk factors were : the
use of collective health (OR = 2.6794), collective bed (OR = 3 , 7415) and the use of bottles ( P < 0.05 , OR = 2.7875).
These findings are essential for preventive and therapeutic measures can be implemented by health authorities Macapá,
with consequent reduction in morbidity and mortality.
Keywords: Epidemiology, Infantile diarrhea, Bacteria, Risk factors, Amazon Region.
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 58
 
INTRODUÇÃO
Um levantamento realizado pela
Organização Mundial de Saúde, de 2000 a
2003, constatou que 73% dos 10,6 milhões de
mortes anuais de crianças menores de cinco
anos estavam relacionados a cinco causas,
sendo a doença diarreica a segunda mais
comum com 18%, seguido da pneumonia
com 19%, o que demonstra a importância da
enfermidade para a saúde pública, uma vez
que causa profundos impactos sobre as taxas
de morbidade e mortalidade infantil,
principalmente nas regiões menos
desenvolvidas do mundo (BRYCE et al.,
2005).
Várias bactérias, vírus e parasitas
intestinais estão associados à infecção no ser
humano. Desses agentes etiológicos,
destacam-se as categorias diarreiogênicas de
Escherichia coli uma vez que a mesma pode
apresentar uma variedade de mecanismos de
patogenicidade e uma elevada prevalência,
particularmente nas crianças com menos de 5
anos (ALBERT et al., 1999; GOMES et al.,
1991; NATARO; KAPER 1998; TRABULSI;
KELLER; GOMES, 2002).
As manifestações clínicas da diarreia
provocada por essas bactérias variam em
característica e intensidade, tanto em crianças
como em adultos. A prevalência das
diferentes categorias, bem como a de outros
enteropatógenos, está relacionada a alguns
fatores de risco e de proteção já estabelecidos
para algumas populações (BELONGIA et al.,
2003, BLAKE et al., 1993, NATARO;
KAPER, 1998).
No Brasil, as más condições sócio-
econômicas de vida da grande maioria da
população infantil são fatores primordiais
para o aparecimento das doenças diarreicas
que hoje, ocupam o terceiro lugar como causa
de mortalidade em crianças menores de cinco
anos e o segundo lugar em menores de 01 ano
de idade. Neste contexto, na região Norte o
risco de morte por diarreia é quatro a cinco
vezes maior do que na região Sul,
representando cerca de 30% do total de
mortes durante o primeiro ano de vida. Além
disso, cerca de 90% das crianças com menos
de dois anos de idade já apresentaram pelo
menos um episódio de diarreia infecciosa,
segundo dados do Ministério da Saúde
referentes ao Pacto de Atenção Básica
(BRASIL, 2010).
Apesar dos índices elevados, não
existem no Estado do Amapá estudos que
visem esclarecer os aspectos etiológicos e
epidemiológicos da doença, particularmente
em populações que residem em áreas
alagadas que, teoricamente, poderiam estar
em uma situação de maior risco em relação às
populações urbanas, tendo em vista uma
maior exposição às fontes de infecção, as
quais incluem: saneamento precário, fossa a
céu aberto, condições de moradias
inadequadas, ausência de um sistema
adequado para o destino do esgoto e fonte de
água para consumo doméstico não
pertencente ao sistema público de
abastecimento. Associado a estas fontes de
infecção em potencial, esses indivíduos são
de baixo nível sócio-econômico, possuem
pouco acesso a informações relacionadas à
educação em saúde e residem em áreas
deficientes em serviços de saúde (COETZER;
KROUKAMP, 1989; MORAES, 1997).
Devido à importância que a doença
infecciosa continua apresentando, o presente
trabalho teve como objetivos estudar a
epidemiologia e o papel das categorias de
Escherichia coli diarreiogênicas na doença
diarreica em crianças residentes em uma área
alagada do município de Macapá – Amapá,
Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Área do estudo - O presente estudo
foi desenvolvido em uma comunidade
residente na área alagada denominada
“ressaca dos Congós” em Macapá/AP,
localizada na zona Sul da cidade (Latitude N
0o
1‘
8 ”; Longitude W 51o
5‘
13 ”). O Estado
do Amapá tem como capital a cidade de
Macapá (Latitude N 0o
3‘
47,4”; Longitude W
51o
3 ‘
57”). O estado possui uma população
estimada em 587.311 habitantes em uma área
de 143.453 km2
(IBGE, 2007), localizado no
extremo Norte do Brasil, quase que
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 59
 
inteiramente no hemisfério Norte. A capital
do estado - Macapá, área de estudo deste
projeto, tem uma população de 344.153
habitantes segundo dados do IBGE 2007
(recenseada e estimada), localizado ao sul do
Estado e banhada pelo braço norte do rio
Amazonas e a leste pelo oceano Atlântico e o
rio Amazonas. O clima é equatorial, quente e
úmido, a pluviosidade total anual é de 2.328
mm (variando de 11 a 473 mm), sendo que
possuem apenas duas estações, uma de
chuvas (inverno) de Janeiro a Junho e outra
de seca (verão) de Julho a Dezembro. A
temperatura média mínima é de 23 o
C e a
máxima de 38 o
C. O regime pluviométrico
diverge de localidade para localidade, isto
devido a umidade do ar, a proximidade do
mar e a floresta. A referida área é constituída
por acúmulo de águas e é influenciada pelo
regime de marés, dos rios e das chuvas.
Servem de lar para as diversas formas de
vida (plantas e animais), de grande
importância para a cidade de Macapá visto
que a área urbana de Macapá encontra-se
permeada por varias dessas áreas (AGUIAR;
SILVA, 2003).
Amostragem - O tamanho da amostra
foi de 162 crianças divididas em dois grupos
(caso e controle), sendo 81 crianças para
cada grupo. Considerou-se como diarreia
aguda a presença de 4 ou mais evacuações
líquidas com evolução de até 7 dias. Foram
incluídos no estudo crianças menores de 5
anos, de ambos os sexos, residentes na área
geográfica de estudo, que tenham
apresentado diarreia nas 72 horas que
antecederam a realização da entrevista, isso é
aumento na frequência de evacuações e/ou
redução na consistência fecal, consideradas
do grupo caso. O grupo controle foi
constituído por crianças na mesma faixa
etária, residentes na área geográfica do
estudo e que não tenham apresentado
distúrbios gastrointestinais nas 72 h que
antecederam a realização da entrevista. Um
questionário padronizado foi aplicado aos
pais ou responsáveis, o qual continha
indicadores socioeconômicos referentes às
famílias entrevistadas (renda familiar,
escolaridade, e faixa etária das crianças);
dados com relação às condições de moradia
(destino do lixo e dejetos, tipo de
abastecimento de água utilizado pelas
famílias); informações referentes à diarreia
(número de episódios diarréicos nas duas
últimas semanas) e informações referentes a
hábitos higiênicos. Também foi investigado
se a criança recebeu a vacina contra o
rotavírus.
Coleta das amostras - de cada criança foi
coletada uma amostra de fezes que foi
armazenada em um recipiente plástico estéril e
um swab fecal transportado em meio Cary-Blair.
As amostras de fezes foram transportadas em
recipiente isotérmico ao Laboratório de Central
do Estado do Amapá. No laboratório, as fezes no
coletor eram empregadas para exame
parasitológico e para pesquisa de Rotavírus,
enquanto que a que estava em meio Cary-Blair
era empregada para cultura bacteriológica.
Cultura de fezes - Para isolamento de
bactérias enteropatogênicas, as fezes em meio de
transporte Cary Blair eram semeadas em agar
MacConkey, agar Salmonella-Shigella e em
caldo Selenito-Cistina. A incubação foi realizada
a 37°C por 24h. As colônias suspeitas foram
submetidas à identificação preliminar nos meios
EPM (TOLEDO; FONTES; TRABULSI, 1982a),
MILI (TOLEDO; FONTES; TRABULSI, 1982b)
e citrato de Simmons (EDWARDS; EWING,
1972) para identificação bioquímica e em alguns
casos confirmadas pelo sistema automatizado
VITEK.
Caracterização molecular das E. coli
diarreiogênicas – As categorias patogênicas de
Escherichia coli foram pesquisadas por meio de
determinação de genes de virulência, utilizando-
se primers específicos de cada fator de virulência
para a realização da reação em cadeia da
polimerase (PCR), segundo protocolo “PCR
multiplex” (TOMA et al., 2003).
Exame parasitológico - foi realizado sob
microscopia de luz, utilizando critérios
morfológicos na identificação de cistos e
trofozoitos de protozoários, ovos e larvas de
helmintos em amostras de fezes, mediante os
métodos diretos (salina/lugol) e sedimentação
espontânea (HAQUE et al., 2003).
Pesquisa para Rotavirus – Para a
pesquisa de rotavírus foi realizada a técnica de
ELISA para detecção qualitativa de antígenos de
Rotavirus nas amostras de fezes, segundo
procedimento do fabricante (Ridascreen).
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 60
 
Análises estatísticas - A análise
estatística foi realizada usando-se o programa
estatístico BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007).
Inicialmente fez-se uma análise exploratória dos
dados por meio de tabela de freqüência simples.
A associação das variáveis qualitativas foi
avaliada por meio do teste 2
de independência.
Em todos os testes de hipóteses foi adotado o
nível de significância 0,05 ou 5% (p < 0,05) para
a rejeição da hipótese de nulidade.
Aspectos éticos - Os pais ou
responsáveis legais das crianças participantes
foram informados do caráter da pesquisa e
assinaram um “Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido”, permitindo a
participação dos menores. O Comitê de Ética
da faculdade SEAMA em Macapá-AP
aprovou o presente estudo com protocolo no
041/09, estando os procedimentos de acordo
com os princípios de experimentação humana
adotado pelo Conselho Nacional de Ética
(CONEP), Resolução 196/96 e de acordo
com a Declaração de Helsinki de 1964,
reformulada em 2000.
RESULTADOS
As maiores prevalências da doença
diarreica foram observadas a partir do mês de
abril com um aumento considerável nos
meses de maio e junho de 2009 (Figura 01),
com um declínio no numero de casos nos
meses que se seguiram (Julho – fevereiro). A
figura 02 mostra uma correlação moderada e
significativa entre a variável desvio de chuva,
com os números de casos.
Figura 01 – Distribuição mensal dos casos de diarreia relacionada aos meses de coleta
Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa.
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 61
 
Figura 02 - Análise da correlação entre o desvio de chuva e a ocorrência de casos (Correlação de Pearson, p =
0,029).
Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa.
Considerando os resultados da tabela
01, verificou-se que a faixa etária mais
acometida pela diarreia são as crianças de 0-
12 meses (61,7%). Em termos de indicadores
sócios econômicos o estudo mostra que
famílias com renda familiar baixa em torno
de um salário mínimo (63%) e baixo nível
educacional por parte do responsável da
família, onde 16% não possuem nenhuma
escolaridade e 30,9% não chegaram a
completar o ensino fundamental, são onde se
encontram as crianças mais acometidas pela
doença diarreica (Tabela 01).
Tabela 01 - Distribuição dos casos de diarreia
segundo faixa etária, renda familiar e escolaridade
Indicadores epidemiológicos n %
Idade (meses)
0-12 50 61,7
>12 31 38,3
Renda Familiar
Menor ou igual a 1 Salário* 51 63
De 1 a 2 Salário Mínimo* 23 28
De 2 a 3 Salário Mínimo 4 4,9
Acima de 3 salario Mínimo 3 3,7
Grau de Escolaridade da Família
Não Alfabetizado 13 16
Ensino Fundamental Incompleto 25 30,9
Ensino Fundamental Completo 16 19,7
Ensino Médio Incompleto 09 11,1
Ensino Médio Completo* 14 17,3
Ensino Superior Incompleto 03 3,8
Ensino Superior Completo 01 1,2
Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 62
 
De acordo com a tabela 02, as análises
laboratoriais revelaram que o agente
etiológico mais freqüente associado à diarreia
são as categorias de Escherichia coli
diarreiogênicas no geral (40,7%) com grau de
significância (P= 0,0001), particularmente a
ETEC (14,8%), EPEC (7,4%) e EAEC
(12,3%), foram as mais encontradas nos
episódios diarréicos (P= 0,015; 0,013 e
0,005) respectivamente.
Tabela 02 - Distribuição dos principais enteropatógenos encontrados
em fezes analisadas de crianças com (caso) e sem diarreia (controle).
Agentes etiológicos Caso (n=81) Controle (n=81) P
n (%) n (%)
Bactérias
Escherichia coli diarreiogênicas* 33 (40,7) 6 (7,4) 0.0001
EPEC 6 (7,4) - 0.013
ETEC 12 (14,8) 3 (3,7) 0.015
EIEC 1 (1,2) - >0.05
EHEC 4 (4,9) 2 (2,5) >0.05
EAEC 10 (12,3) 1 (1,2) 0.005
Salmonella spp 1 (1,2) 2 (2,5) >0.05
Yersinia enterocolitica - 1 (1,2) >0.05
Protozoários
Entamoeba histolytica 6 (7,4) 1 (1,2) >0.05
Giárdia lamblia 5 (6,2) 19 (23,4) >0.05
Vírus
Rotavírus 6 (7,4) 6 (7,4) >0.05
Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa
*EPEC = Escherichia coli enteropatogênica, ETEC = Escherichia coli
enterotoxigênica, EIEC = Escherichia coli enteroinvasora, EHEC =
Escherichia coli enterohemorrágica, EAEC = Escherichia coli
enteroagregativa.
Com referência às condições sócio-
demográficas que favorecem a ocorrência de
diarreia, a tabela 03 resume os principais
fatores estatisticamente significantes (P<
0,05), relacionadas ao risco nestas
comunidades de áreas alagadas. As variáveis
selecionadas para serem incluídas na tabela
foram aquelas que nas análises tiveram valor
de P < 0,05.
Variáveis relacionadas com condições
sanitárias precárias como ausência de
sanitário no interior do domicílio, vasos
sanitários sem dispositivo de descarga,
ausência de pia para lavar as mãos dentro do
sanitário, foram algumas das variáveis que
tiveram um grau de significância estatística
com o numero de crianças com diarreia (P <
0,05).
Existem famílias onde o sanitário por
ser de uso compartilhado com outras famílias,
também demonstrou ser um fator de risco
(P< 0,05). A não lavagem das mãos após o
uso do sanitário pode estar relacionado com a
diarreia, visto que famílias onde existe a
presença de torneira para lavar as mãos
dentro do sanitário foi considerado um fator
protetor com odds ratio = 0,4845 (Tabela 03).
Outra variável indicada neste estudo
que teve efeito significativo associada com o
risco da diarreia é o relacionado às crianças
que fazem uso de mamadeiras (P < 0,05), e
associado a este fator, leva-se em conta a não
fervura da mamadeira após a sua utilização
(P=0, 0001).
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 63
 
Tabela 03 - Análise por regressão logística de variáveis individuais dos fatores de risco e de
proteção associados à doença diarreica
Variáveis
Caso
n (%)
Controle
n (%)
P OR bruto (IC 95%)
Localização sanitário
Dentro de casa 33 (40,7) 52 (64,2) 0.003 0.3834 (0.203-0.723)
Fora de casa 48 (59,3) 29 (35,8) 0.003 0.3834 (0.203-0.723)
Pia para lavar mãos dentro banheiro
Presente 40 (48,1) 55 (67,9) 0.026 0.4845 (0.256-0917)
Ausente 41 (51,9) 26 (32,1) 0.026 0.4845 (0.256-0917)
Sanitário de uso coletivo
Sim 70 (86,4) 57 (70,4) 0.013 2.6794 (1.210-5.932)
Não 11 (13,6) 24 (29,6) 0.013 2.6794 (1.210-5.932)
Tipo de sanitário
Com descarga 40 (49,4) 59 (72,8) 0.002 0.3638 (0.189-0.701)
Sem descarga 41 (50,6) 22 (27,2) 0.002 0.3638 (0.189-0.701)
Uso de cama coletiva
Sim 76 (93,8) 65 (80,2) 0.015 3.7415 (1.300-10.771)
Não 05 (6,2) 16 (19,8) 0.015 3.7415 (1.300-10.771)
Uso de mamadeira
Sim 40 (45,7) 21 (26) 0.0024 2.7875 (1.440-5.398)
Não 41 (54,3) 60 (74) 0.0024 2.7875 (1.440-5.398)
Destino resto leite
Reaproveita 29 (73,0) 05 (23,8) 0.0006 8.4364 (2.489-28.596)
Joga fora 11 (27,0) 16 (76,2) 0.0006 8.4364 (2.489-28.596)
Lava e ferve mamadeira
Sim 05 (12,5) 14 (66,7) 0.0001 0.8190 (0.528-1.272)
Não 35 (87,5) 07 (33,3) 0.0001 0.8190 (0.528-1.272)
Origem da Água para beber (Torneira)
Sim 68 (96,3) 28 (34,6) 0.0001 9.9011 (4.679-20.949)
Não 13 (3,7) 53 (65,4) 0.0001 9.9011 (4.679-20.949)
Presença de animais no domicilio
Sim 47 (58,0) 32 (39,5) 0.019 2.1167 (1.131-3.963)
Não 34 (42,0) 49 (60,5) 0.019 2.1167 (1.131-3.963)
Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa
DISCUSSÃO
O encontro de um maior número de
casos de diarreia observados nos meses de
maio e junho de 2009 demonstrou estar
relacionado com os meses de chuva intensa
apresentando uma correlação moderada e
significativa com o índice pluviométrico
desvio de chuva, segundo análise de Pearson
(P= 0,029). A redução no número de casos nos
meses seguintes pode ser explicado pelo fato
de que com a diminuição das chuvas, reduz-se
assim a exposição das crianças a patógenos de
veiculação hídrica devido a diminuição do
nível de água nas áreas alagadas.
Estes dados confirmam os achados em
estudos anteriores, realizados no Brasil e em
outros países que demonstram a relação da
sazonalidade com a incidência de doença
diarreica, destacando a influência das
alterações climáticas sobre os casos de diarreia
em crianças (GOMES et al., 1991;
CARDOSO et al., 2001; LINHARES et al.,
2000).
No presente estudo, o percentual de
crianças na faixa etária de 0 a 12 meses
encontradas no grupo caso (61,73%) é
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 64
 
compatível com os relatos encontrados na
literatura, que considera a diarreia uma das
principais doenças da infância, de transmissão
fecal-oral, através de mãos contaminadas e
outros utensílios domésticos (TRABULSI;
KELLER; GOMES, 2002). A morbidade por
diarreia ainda é um grande problema entre
crianças nos primeiros anos de vida, ou seja,
quanto maior a criança, menor a probabilidade
de apresentar diarreia. Os dados da literatura
confirmam a existência de associação entre
diarreia e baixa idade das crianças (FUCHS;
VICTORA, 2002; VÁSQUEZ et al., 1992),
sustentada, sobretudo, na explicação de que
crianças com mais idade apresentam sistema
imunológico mais desenvolvido e, portanto,
maior resistência a fatores etiológicos da
diarreia.
Os dados conjuntos publicados em
1992, a partir de 22 estudos longitudinais
conduzidos em 12 países mostraram que
crianças de 6-11 meses tiveram uma
incidência média de cinco episódios de
diarreia por ano (BERN et al.,
1992).Analisando a situação sócio-econômica
das famílias estudadas, percebe-se a baixa
condição financeira e baixo nível educacional
do chefe destas famílias. Segundo Leal, Silva
e Gama (1990) quanto maior a escolaridade,
maior o conhecimento acerca da transmissão,
prevenção e a capacidade de manejo do
episódio pelos pais, tanto pela melhor
compreensão dos sinais de gravidade quanto
pela procura oportuna dos serviços de saúde.
Adicionalmente, outros autores
também têm demonstrado que o número de
anos de estudo do responsável pela criança
apresenta um caráter protetor, visto que o
nível de escolaridade do chefe da família vem
sendo considerado como importante fator que
influencia a capacidade de percepção das
doenças, bem como de sua gravidade, e
identificação do risco da doença para sua
criança, de compreender e reter informações
sobre amamentação, noções de higiene, uso
adequado de sais de reidratação oral, entre
outras orientações (MORAES, 1997; FUCHS;
VICTORA; FACHEL, 1996).
Quanto ao agente etiológico os
resultados das análises laboratoriais não
deixam dúvida que o agente etiológico mais
freqüente associado à diarreia é as categorias
de Escherichia coli diarreiogênicas no geral
(40,7%), principalmente a EPEC, ETEC e
EAEC. A importância destas categorias
diarreiogênicas, nos casos diarréicos tem sido
demonstrada por diferentes autores. Em São
Paulo foi demonstrado que as Escherichia coli
enteropatogênica (EPEC) são responsáveis por
mais de 30% dos casos de diarreia infantil
(GOMES et al. 1991; MEDEIROS et al.,
2001).
Achados semelhantes foram
observados em outras regiões como na cidade
do México e Chile (CRAVIOTO et al., 1991;
LEVINE, 1993). Entretanto, algumas
evidências sugerem que elas não são muitos
freqüentes em pequenas cidades e áreas rurais
(LIMA et al., 2000). A associação da bactéria
com diarreia em crianças que habitam áreas de
risco sem saneamento, pode ser evidenciado
pelo fato de que a EPEC não tem sido
encontrada na maioria dos países
industrializados (PRADO et al., 1984).
Neste trabalho o número de casos de
ETEC foi bem superior aos de EPEC,
diferente de outros trabalhos realizados onde a
ETEC tem sido a segunda causa de diarreia
em crianças de países subdesenvolvidos desde
a década de 1970 (CRAVIOTO et al., 1991;
ECHEVERRIA; SAVARINO;
YAMAMOTO, 1993). Este fato pode sugerir
que o ambiente alagado em que as crianças
deste estudo vivem pode estar possibilitando
uma maior transmissão da ETEC, visto que a
dose infectante para ETEC é relativamente
alta, em torno de 100 milhões a 10 bilhões de
bactérias em comparação com a dose
infectante da EPEC que é mais baixa em torno
de 106
.
A associação da EAEC com diarreia
aguda (P= 0, 005) vem reforçar a idéia de que
esta bactéria é um importante agente
etiológico de diarreia aguda e não apenas de
diarreia persistente como tem sido relatado.
Levantamentos realizados em países em
desenvolvimento evidenciaram associação
entre o isolamento de EAEC em fezes de
crianças e adultos com diarreia aguda. Além
disso, estudos epidemiológicos realizados em
países desenvolvidos e em desenvolvimento
têm demonstrado que a EAEC é um patógeno
emergente (NATARO; KAPER, 1998).
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 65
 
A associação das variáveis qualitativas
avaliadas por meio do teste 2
de
independência com o objetivo de verificar
quais os fatores preditivos da diarreia
demonstra que houve uma maior ocorrência de
doença diarreica entre as crianças que vivem
em domicílios onde as condições sanitárias e
higiênicas são precárias. Análise estatística
dos dados demonstrou ser um fator protetor
quando o sanitário está localizado dentro da
residência e possui descarga (Odds ratio=
0,3834 e 0,3638 respectivamente).
Por ser a diarreia uma doença
infecciosa de transmissão fecal-oral, seja
mediante contato direto ou veiculada por água
e alimentos contaminados, várias pesquisas
tem relacionado a sua prevalência em áreas ou
locais onde as condições sanitárias são
desfavoráveis conforme estudo realizado no
Egito, país africano, bem como Bangladesh na
Ásia (HOQUE et al., 1999; WIERZBA et al.,
2001). Este quadro também não é diferente a
outras regiões do Brasil onde a situação de
pobreza da população infantil vem se
acentuando ao longo dos anos. Sabe-se que as
condições ambientais desempenham um
importante papel no nível de vida, pela
proteção resultante dos serviços de
esgotamento sanitário, aporte de água e coleta
de lixo adequado (TAVARES; MONTEIRO,
1994).
A falta de hábitos higiênicos como o
lavar as mãos após o uso do sanitário, lavagem
correta da mamadeira e outros, podem também
estar associados com episódios de diarreia,
visto que as variáveis relacionadas
demonstraram resultados estatísticos
significantes (P < 0,05), mostrando assim a
importância de campanhas em educação e
saúde nestas comunidades. Alguns estudos
sugerem que a higiene inadequada pode
aumentar a exposição da criança a múltiplos
patógenos entéricos (VICTORA; FUCHS,
1992; KARIM et al., 2001).
Quanto a importância do papel do
aleitamento materno enfatizado por vários
autores (KARIM et al., 2001; ASHWORTH;
FEACHEN, 1985),a pesquisa mostrou que
crianças que fazem uso de mamadeira (P<
0,05), acabam ficando mais expostas a
patógenos causadores de diarreia como as
bactérias, não só pelo uso da mamadeira mas
também pela falta de limpeza adequada e não
fervura da mesma após sua utilização e
lavagem (P< 0,05), contribuindo assim para a
ocorrência da doença diarreica, visto que, a
fervura reduziria o número de bactérias
necessárias (dose infectante) para causar
diarreia. A proteção conferida pelo leite
materno pode ser atribuída às suas
propriedades antiinfecciosas e imunológicas,
propiciando recuperação mais rápida de
infecções entéricas. Além do que, a
amamentação exclusiva diminui a exposição
da criança a enteropatógenos encontrados na
água e mamadeiras contaminadas
(CARNEIRO, 1999).
CONCLUSÃO
A elevada prevalência de diarreia
infantil encontrada em área alagada no
município de Macapá-AP, tendo como agente
etiológico principal categorias diarréiogênicas
de Escherichia coli é comparável à encontrada
na região Nordeste do Brasil, levando à
conclusão de que a doença concentra-se nas
áreas onde o saneamento é precário e as
instalações sanitárias são inadequadas. Para o
combate à diarreia infantil sugere-se atenção
especial à saúde e à alimentação de crianças
com idade abaixo de cinco anos e cujos
responsáveis tenham menor nível de
escolaridade.
O estudo indica que, para o controle da
diarreia, são imprescindíveis a adequada
cobertura e qualidade nos serviços de
saneamento ambiental. Programas de
educação sanitária também se revelam
fundamentais. Por fim, enfatiza-se que um
ambiente saudável é pré-requisito indiscutível
para a saúde cujo papel do saneamento nessa
conquista é imprescindível. Nesse contexto,
novas investigações devem ser realizadas
visando detectar outros possíveis
enteropatógenos e, especialmente, o
levantamento de condições ambientais e de
fatores de risco associados às diarreias.
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Gastroenterol Nutr; 32: 189-96, 2001.
____________________________________
1 - Laboratório de Biologia Molecular do Centro
Universitário do Maranhão, São Luís (MA), Brasil.
2 - Laboratório de Análises clínicas da Unidade Básica
de Saúde Congós (UBS-Congos), Macapá (AP), Brasil
3 - Mestrado pelo Programa de Pós Graduação em
Ciência da Saúde da Universidade Federal do Amapá,
UNIFAP - Macapá (AP), Brasil.
4 - Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá -
LACEN-AP, Macapá, Amapá, Brasil.
5 - Docente do Programa de Pós Graduação em ciência
da saúde da Universidade Federal do Amapá, UNIFAP
- Macapá (AP), Brasil.
6 - Laboratório de Microbiologia do Centro
Universitário do Maranhão, São Luís (MA), Brasil
Correspondência: Claude Porcy - Laboratório de
Microbiologia da Faculdade Estácio-SEAMA, Avenida
Vereador José Tupinambá, n.1223, Bairro Jesus de
Nazaré, CEP: 68908-126, E-mail:
claudeporcy@hotmail.com

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Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
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  • 1. CIÊNCIA EQUATORIAL ISSN 2179-9563 Artigo Original Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DIARREICA ASSOCIADA ÀS Escherichia coli DIARREIOGÊNICAS EM CRIANÇAS RESIDENTES EM UMA ÁREA ALAGADA DE MACAPÁ – AMAPÁ, BRASIL Claude Porcy1,2 ; Thiago Azevedo Feitosa Ferro1 ; Sílvio Gomes Monteiro5 ; Rubens Alex de Oliveira Menezes,2,3 ; Flávio Henrique Ferreira Barbosa4 ; Valério Monteiro Neto6 RESUMO Foi realizado um estudo epidemiológico envolvendo 81 crianças com diarreia e 81 assintomáticas (grupo controle), menores de cinco anos, residentes em uma área alagada em Macapá, Amapá. Foram analisados os aspectos epidemiológicos e a significância das diferentes categorias de Escherichia coli na etiologia da diarreia infantil nessas áreas. Amostras de fezes foram coletadas processadas para pesquisa de parasitas intestinais pelo método de Hoffman, pesquisa para Rotavirus por ELISA e cultura de bactérias enteropatogênicas, incluindo-se a caracterização molecular das E. coli diarreiogênicas por PCR. A prevalência de diarreia foi maior em maio e junho de 2009, meses de maior pluviosidade em Macapá. A distribuição dos casos por idade mostrou uma maior prevalência de doença diarreica entre crianças de 0 a 12 meses (61,73%). Os principais agentes etiológicos foram as E. coli diarreiogênicas (P = 0,0003), sendo que a ETEC, EAEC e EPEC foram as mais prevalentes. Foram considerados fatores de proteção: sanitário no interior do domicílio (OR = 0,3834), vasos sanitários com dispositivo de descarga (OR = 0,3638) e presença de pia para lavar as mãos dentro do banheiro (OR = 0,4845). As variáveis relacionadas como fatores de risco foram: o uso de sanitário coletivo (OR = 2,6794), de cama coletiva (OR = 3, 7415) e o uso de mamadeiras (P < 0,05, OR = 2,7875). Estes achados são fundamentais para que medidas preventivas e terapêuticas possam ser implementadas pelas autoridades em saúde de Macapá, com consequente redução na morbimortalidade. Palavras-chave: Epidemiologia, Diarreia infantil, Bactérias, Fatores de risco, Região Amazônica. EPIDEMIOLOGY OF DIARRHEAL DISEASES DIARRHEAGENIC Escherichia coli COMBINATION WITH IN CHILDREN LIVING IN AN AREA OF FLOODED MACAPÁ - AMAPÁ, BRAZIL ABSTRACT We conducted an epidemiological study involving 81 children with diarrhea and 81 asymptomatic (control group) , under five years , residents in a flooded area in Macapá , Amapá . We analyzed the epidemiology and significance of different categories of Escherichia coli in the etiology of childhood diarrhea in these areas. Stool samples were collected processed for research of intestinal parasites by the method of Hoffman, search for rotavirus by ELISA and culture of enteropathogenic bacteria, including the molecular characterization of diarrheagenic E. coli by PCR. The prevalence of diarrhea was highest in May and June 2009, months with higher rainfall in Macapá. The distribution of cases by age showed a higher prevalence of diarrheal disease among children aged 0 to 12 months (61.73 %). The main etiological agents were diarrheagenic E. coli (P = 0.0003), and ETEC , EPEC and EAEC were the most prevalent . Were considered protective factors: health within the household (OR = 0.3834), with toilets discharge device (OR = 0.3638) and the presence of the sink to wash his hands in the bathroom (OR = 0.4845) . Variables related risk factors were : the use of collective health (OR = 2.6794), collective bed (OR = 3 , 7415) and the use of bottles ( P < 0.05 , OR = 2.7875). These findings are essential for preventive and therapeutic measures can be implemented by health authorities Macapá, with consequent reduction in morbidity and mortality. Keywords: Epidemiology, Infantile diarrhea, Bacteria, Risk factors, Amazon Region.
  • 2. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 58   INTRODUÇÃO Um levantamento realizado pela Organização Mundial de Saúde, de 2000 a 2003, constatou que 73% dos 10,6 milhões de mortes anuais de crianças menores de cinco anos estavam relacionados a cinco causas, sendo a doença diarreica a segunda mais comum com 18%, seguido da pneumonia com 19%, o que demonstra a importância da enfermidade para a saúde pública, uma vez que causa profundos impactos sobre as taxas de morbidade e mortalidade infantil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas do mundo (BRYCE et al., 2005). Várias bactérias, vírus e parasitas intestinais estão associados à infecção no ser humano. Desses agentes etiológicos, destacam-se as categorias diarreiogênicas de Escherichia coli uma vez que a mesma pode apresentar uma variedade de mecanismos de patogenicidade e uma elevada prevalência, particularmente nas crianças com menos de 5 anos (ALBERT et al., 1999; GOMES et al., 1991; NATARO; KAPER 1998; TRABULSI; KELLER; GOMES, 2002). As manifestações clínicas da diarreia provocada por essas bactérias variam em característica e intensidade, tanto em crianças como em adultos. A prevalência das diferentes categorias, bem como a de outros enteropatógenos, está relacionada a alguns fatores de risco e de proteção já estabelecidos para algumas populações (BELONGIA et al., 2003, BLAKE et al., 1993, NATARO; KAPER, 1998). No Brasil, as más condições sócio- econômicas de vida da grande maioria da população infantil são fatores primordiais para o aparecimento das doenças diarreicas que hoje, ocupam o terceiro lugar como causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos e o segundo lugar em menores de 01 ano de idade. Neste contexto, na região Norte o risco de morte por diarreia é quatro a cinco vezes maior do que na região Sul, representando cerca de 30% do total de mortes durante o primeiro ano de vida. Além disso, cerca de 90% das crianças com menos de dois anos de idade já apresentaram pelo menos um episódio de diarreia infecciosa, segundo dados do Ministério da Saúde referentes ao Pacto de Atenção Básica (BRASIL, 2010). Apesar dos índices elevados, não existem no Estado do Amapá estudos que visem esclarecer os aspectos etiológicos e epidemiológicos da doença, particularmente em populações que residem em áreas alagadas que, teoricamente, poderiam estar em uma situação de maior risco em relação às populações urbanas, tendo em vista uma maior exposição às fontes de infecção, as quais incluem: saneamento precário, fossa a céu aberto, condições de moradias inadequadas, ausência de um sistema adequado para o destino do esgoto e fonte de água para consumo doméstico não pertencente ao sistema público de abastecimento. Associado a estas fontes de infecção em potencial, esses indivíduos são de baixo nível sócio-econômico, possuem pouco acesso a informações relacionadas à educação em saúde e residem em áreas deficientes em serviços de saúde (COETZER; KROUKAMP, 1989; MORAES, 1997). Devido à importância que a doença infecciosa continua apresentando, o presente trabalho teve como objetivos estudar a epidemiologia e o papel das categorias de Escherichia coli diarreiogênicas na doença diarreica em crianças residentes em uma área alagada do município de Macapá – Amapá, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Área do estudo - O presente estudo foi desenvolvido em uma comunidade residente na área alagada denominada “ressaca dos Congós” em Macapá/AP, localizada na zona Sul da cidade (Latitude N 0o 1‘ 8 ”; Longitude W 51o 5‘ 13 ”). O Estado do Amapá tem como capital a cidade de Macapá (Latitude N 0o 3‘ 47,4”; Longitude W 51o 3 ‘ 57”). O estado possui uma população estimada em 587.311 habitantes em uma área de 143.453 km2 (IBGE, 2007), localizado no extremo Norte do Brasil, quase que
  • 3. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 59   inteiramente no hemisfério Norte. A capital do estado - Macapá, área de estudo deste projeto, tem uma população de 344.153 habitantes segundo dados do IBGE 2007 (recenseada e estimada), localizado ao sul do Estado e banhada pelo braço norte do rio Amazonas e a leste pelo oceano Atlântico e o rio Amazonas. O clima é equatorial, quente e úmido, a pluviosidade total anual é de 2.328 mm (variando de 11 a 473 mm), sendo que possuem apenas duas estações, uma de chuvas (inverno) de Janeiro a Junho e outra de seca (verão) de Julho a Dezembro. A temperatura média mínima é de 23 o C e a máxima de 38 o C. O regime pluviométrico diverge de localidade para localidade, isto devido a umidade do ar, a proximidade do mar e a floresta. A referida área é constituída por acúmulo de águas e é influenciada pelo regime de marés, dos rios e das chuvas. Servem de lar para as diversas formas de vida (plantas e animais), de grande importância para a cidade de Macapá visto que a área urbana de Macapá encontra-se permeada por varias dessas áreas (AGUIAR; SILVA, 2003). Amostragem - O tamanho da amostra foi de 162 crianças divididas em dois grupos (caso e controle), sendo 81 crianças para cada grupo. Considerou-se como diarreia aguda a presença de 4 ou mais evacuações líquidas com evolução de até 7 dias. Foram incluídos no estudo crianças menores de 5 anos, de ambos os sexos, residentes na área geográfica de estudo, que tenham apresentado diarreia nas 72 horas que antecederam a realização da entrevista, isso é aumento na frequência de evacuações e/ou redução na consistência fecal, consideradas do grupo caso. O grupo controle foi constituído por crianças na mesma faixa etária, residentes na área geográfica do estudo e que não tenham apresentado distúrbios gastrointestinais nas 72 h que antecederam a realização da entrevista. Um questionário padronizado foi aplicado aos pais ou responsáveis, o qual continha indicadores socioeconômicos referentes às famílias entrevistadas (renda familiar, escolaridade, e faixa etária das crianças); dados com relação às condições de moradia (destino do lixo e dejetos, tipo de abastecimento de água utilizado pelas famílias); informações referentes à diarreia (número de episódios diarréicos nas duas últimas semanas) e informações referentes a hábitos higiênicos. Também foi investigado se a criança recebeu a vacina contra o rotavírus. Coleta das amostras - de cada criança foi coletada uma amostra de fezes que foi armazenada em um recipiente plástico estéril e um swab fecal transportado em meio Cary-Blair. As amostras de fezes foram transportadas em recipiente isotérmico ao Laboratório de Central do Estado do Amapá. No laboratório, as fezes no coletor eram empregadas para exame parasitológico e para pesquisa de Rotavírus, enquanto que a que estava em meio Cary-Blair era empregada para cultura bacteriológica. Cultura de fezes - Para isolamento de bactérias enteropatogênicas, as fezes em meio de transporte Cary Blair eram semeadas em agar MacConkey, agar Salmonella-Shigella e em caldo Selenito-Cistina. A incubação foi realizada a 37°C por 24h. As colônias suspeitas foram submetidas à identificação preliminar nos meios EPM (TOLEDO; FONTES; TRABULSI, 1982a), MILI (TOLEDO; FONTES; TRABULSI, 1982b) e citrato de Simmons (EDWARDS; EWING, 1972) para identificação bioquímica e em alguns casos confirmadas pelo sistema automatizado VITEK. Caracterização molecular das E. coli diarreiogênicas – As categorias patogênicas de Escherichia coli foram pesquisadas por meio de determinação de genes de virulência, utilizando- se primers específicos de cada fator de virulência para a realização da reação em cadeia da polimerase (PCR), segundo protocolo “PCR multiplex” (TOMA et al., 2003). Exame parasitológico - foi realizado sob microscopia de luz, utilizando critérios morfológicos na identificação de cistos e trofozoitos de protozoários, ovos e larvas de helmintos em amostras de fezes, mediante os métodos diretos (salina/lugol) e sedimentação espontânea (HAQUE et al., 2003). Pesquisa para Rotavirus – Para a pesquisa de rotavírus foi realizada a técnica de ELISA para detecção qualitativa de antígenos de Rotavirus nas amostras de fezes, segundo procedimento do fabricante (Ridascreen).
  • 4. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 60   Análises estatísticas - A análise estatística foi realizada usando-se o programa estatístico BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007). Inicialmente fez-se uma análise exploratória dos dados por meio de tabela de freqüência simples. A associação das variáveis qualitativas foi avaliada por meio do teste 2 de independência. Em todos os testes de hipóteses foi adotado o nível de significância 0,05 ou 5% (p < 0,05) para a rejeição da hipótese de nulidade. Aspectos éticos - Os pais ou responsáveis legais das crianças participantes foram informados do caráter da pesquisa e assinaram um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, permitindo a participação dos menores. O Comitê de Ética da faculdade SEAMA em Macapá-AP aprovou o presente estudo com protocolo no 041/09, estando os procedimentos de acordo com os princípios de experimentação humana adotado pelo Conselho Nacional de Ética (CONEP), Resolução 196/96 e de acordo com a Declaração de Helsinki de 1964, reformulada em 2000. RESULTADOS As maiores prevalências da doença diarreica foram observadas a partir do mês de abril com um aumento considerável nos meses de maio e junho de 2009 (Figura 01), com um declínio no numero de casos nos meses que se seguiram (Julho – fevereiro). A figura 02 mostra uma correlação moderada e significativa entre a variável desvio de chuva, com os números de casos. Figura 01 – Distribuição mensal dos casos de diarreia relacionada aos meses de coleta Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa.
  • 5. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 61   Figura 02 - Análise da correlação entre o desvio de chuva e a ocorrência de casos (Correlação de Pearson, p = 0,029). Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa. Considerando os resultados da tabela 01, verificou-se que a faixa etária mais acometida pela diarreia são as crianças de 0- 12 meses (61,7%). Em termos de indicadores sócios econômicos o estudo mostra que famílias com renda familiar baixa em torno de um salário mínimo (63%) e baixo nível educacional por parte do responsável da família, onde 16% não possuem nenhuma escolaridade e 30,9% não chegaram a completar o ensino fundamental, são onde se encontram as crianças mais acometidas pela doença diarreica (Tabela 01). Tabela 01 - Distribuição dos casos de diarreia segundo faixa etária, renda familiar e escolaridade Indicadores epidemiológicos n % Idade (meses) 0-12 50 61,7 >12 31 38,3 Renda Familiar Menor ou igual a 1 Salário* 51 63 De 1 a 2 Salário Mínimo* 23 28 De 2 a 3 Salário Mínimo 4 4,9 Acima de 3 salario Mínimo 3 3,7 Grau de Escolaridade da Família Não Alfabetizado 13 16 Ensino Fundamental Incompleto 25 30,9 Ensino Fundamental Completo 16 19,7 Ensino Médio Incompleto 09 11,1 Ensino Médio Completo* 14 17,3 Ensino Superior Incompleto 03 3,8 Ensino Superior Completo 01 1,2 Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa
  • 6. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 62   De acordo com a tabela 02, as análises laboratoriais revelaram que o agente etiológico mais freqüente associado à diarreia são as categorias de Escherichia coli diarreiogênicas no geral (40,7%) com grau de significância (P= 0,0001), particularmente a ETEC (14,8%), EPEC (7,4%) e EAEC (12,3%), foram as mais encontradas nos episódios diarréicos (P= 0,015; 0,013 e 0,005) respectivamente. Tabela 02 - Distribuição dos principais enteropatógenos encontrados em fezes analisadas de crianças com (caso) e sem diarreia (controle). Agentes etiológicos Caso (n=81) Controle (n=81) P n (%) n (%) Bactérias Escherichia coli diarreiogênicas* 33 (40,7) 6 (7,4) 0.0001 EPEC 6 (7,4) - 0.013 ETEC 12 (14,8) 3 (3,7) 0.015 EIEC 1 (1,2) - >0.05 EHEC 4 (4,9) 2 (2,5) >0.05 EAEC 10 (12,3) 1 (1,2) 0.005 Salmonella spp 1 (1,2) 2 (2,5) >0.05 Yersinia enterocolitica - 1 (1,2) >0.05 Protozoários Entamoeba histolytica 6 (7,4) 1 (1,2) >0.05 Giárdia lamblia 5 (6,2) 19 (23,4) >0.05 Vírus Rotavírus 6 (7,4) 6 (7,4) >0.05 Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa *EPEC = Escherichia coli enteropatogênica, ETEC = Escherichia coli enterotoxigênica, EIEC = Escherichia coli enteroinvasora, EHEC = Escherichia coli enterohemorrágica, EAEC = Escherichia coli enteroagregativa. Com referência às condições sócio- demográficas que favorecem a ocorrência de diarreia, a tabela 03 resume os principais fatores estatisticamente significantes (P< 0,05), relacionadas ao risco nestas comunidades de áreas alagadas. As variáveis selecionadas para serem incluídas na tabela foram aquelas que nas análises tiveram valor de P < 0,05. Variáveis relacionadas com condições sanitárias precárias como ausência de sanitário no interior do domicílio, vasos sanitários sem dispositivo de descarga, ausência de pia para lavar as mãos dentro do sanitário, foram algumas das variáveis que tiveram um grau de significância estatística com o numero de crianças com diarreia (P < 0,05). Existem famílias onde o sanitário por ser de uso compartilhado com outras famílias, também demonstrou ser um fator de risco (P< 0,05). A não lavagem das mãos após o uso do sanitário pode estar relacionado com a diarreia, visto que famílias onde existe a presença de torneira para lavar as mãos dentro do sanitário foi considerado um fator protetor com odds ratio = 0,4845 (Tabela 03). Outra variável indicada neste estudo que teve efeito significativo associada com o risco da diarreia é o relacionado às crianças que fazem uso de mamadeiras (P < 0,05), e associado a este fator, leva-se em conta a não fervura da mamadeira após a sua utilização (P=0, 0001).
  • 7. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 63   Tabela 03 - Análise por regressão logística de variáveis individuais dos fatores de risco e de proteção associados à doença diarreica Variáveis Caso n (%) Controle n (%) P OR bruto (IC 95%) Localização sanitário Dentro de casa 33 (40,7) 52 (64,2) 0.003 0.3834 (0.203-0.723) Fora de casa 48 (59,3) 29 (35,8) 0.003 0.3834 (0.203-0.723) Pia para lavar mãos dentro banheiro Presente 40 (48,1) 55 (67,9) 0.026 0.4845 (0.256-0917) Ausente 41 (51,9) 26 (32,1) 0.026 0.4845 (0.256-0917) Sanitário de uso coletivo Sim 70 (86,4) 57 (70,4) 0.013 2.6794 (1.210-5.932) Não 11 (13,6) 24 (29,6) 0.013 2.6794 (1.210-5.932) Tipo de sanitário Com descarga 40 (49,4) 59 (72,8) 0.002 0.3638 (0.189-0.701) Sem descarga 41 (50,6) 22 (27,2) 0.002 0.3638 (0.189-0.701) Uso de cama coletiva Sim 76 (93,8) 65 (80,2) 0.015 3.7415 (1.300-10.771) Não 05 (6,2) 16 (19,8) 0.015 3.7415 (1.300-10.771) Uso de mamadeira Sim 40 (45,7) 21 (26) 0.0024 2.7875 (1.440-5.398) Não 41 (54,3) 60 (74) 0.0024 2.7875 (1.440-5.398) Destino resto leite Reaproveita 29 (73,0) 05 (23,8) 0.0006 8.4364 (2.489-28.596) Joga fora 11 (27,0) 16 (76,2) 0.0006 8.4364 (2.489-28.596) Lava e ferve mamadeira Sim 05 (12,5) 14 (66,7) 0.0001 0.8190 (0.528-1.272) Não 35 (87,5) 07 (33,3) 0.0001 0.8190 (0.528-1.272) Origem da Água para beber (Torneira) Sim 68 (96,3) 28 (34,6) 0.0001 9.9011 (4.679-20.949) Não 13 (3,7) 53 (65,4) 0.0001 9.9011 (4.679-20.949) Presença de animais no domicilio Sim 47 (58,0) 32 (39,5) 0.019 2.1167 (1.131-3.963) Não 34 (42,0) 49 (60,5) 0.019 2.1167 (1.131-3.963) Fonte: Instrumento de coleta de dados da pesquisa DISCUSSÃO O encontro de um maior número de casos de diarreia observados nos meses de maio e junho de 2009 demonstrou estar relacionado com os meses de chuva intensa apresentando uma correlação moderada e significativa com o índice pluviométrico desvio de chuva, segundo análise de Pearson (P= 0,029). A redução no número de casos nos meses seguintes pode ser explicado pelo fato de que com a diminuição das chuvas, reduz-se assim a exposição das crianças a patógenos de veiculação hídrica devido a diminuição do nível de água nas áreas alagadas. Estes dados confirmam os achados em estudos anteriores, realizados no Brasil e em outros países que demonstram a relação da sazonalidade com a incidência de doença diarreica, destacando a influência das alterações climáticas sobre os casos de diarreia em crianças (GOMES et al., 1991; CARDOSO et al., 2001; LINHARES et al., 2000). No presente estudo, o percentual de crianças na faixa etária de 0 a 12 meses encontradas no grupo caso (61,73%) é
  • 8. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 64   compatível com os relatos encontrados na literatura, que considera a diarreia uma das principais doenças da infância, de transmissão fecal-oral, através de mãos contaminadas e outros utensílios domésticos (TRABULSI; KELLER; GOMES, 2002). A morbidade por diarreia ainda é um grande problema entre crianças nos primeiros anos de vida, ou seja, quanto maior a criança, menor a probabilidade de apresentar diarreia. Os dados da literatura confirmam a existência de associação entre diarreia e baixa idade das crianças (FUCHS; VICTORA, 2002; VÁSQUEZ et al., 1992), sustentada, sobretudo, na explicação de que crianças com mais idade apresentam sistema imunológico mais desenvolvido e, portanto, maior resistência a fatores etiológicos da diarreia. Os dados conjuntos publicados em 1992, a partir de 22 estudos longitudinais conduzidos em 12 países mostraram que crianças de 6-11 meses tiveram uma incidência média de cinco episódios de diarreia por ano (BERN et al., 1992).Analisando a situação sócio-econômica das famílias estudadas, percebe-se a baixa condição financeira e baixo nível educacional do chefe destas famílias. Segundo Leal, Silva e Gama (1990) quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento acerca da transmissão, prevenção e a capacidade de manejo do episódio pelos pais, tanto pela melhor compreensão dos sinais de gravidade quanto pela procura oportuna dos serviços de saúde. Adicionalmente, outros autores também têm demonstrado que o número de anos de estudo do responsável pela criança apresenta um caráter protetor, visto que o nível de escolaridade do chefe da família vem sendo considerado como importante fator que influencia a capacidade de percepção das doenças, bem como de sua gravidade, e identificação do risco da doença para sua criança, de compreender e reter informações sobre amamentação, noções de higiene, uso adequado de sais de reidratação oral, entre outras orientações (MORAES, 1997; FUCHS; VICTORA; FACHEL, 1996). Quanto ao agente etiológico os resultados das análises laboratoriais não deixam dúvida que o agente etiológico mais freqüente associado à diarreia é as categorias de Escherichia coli diarreiogênicas no geral (40,7%), principalmente a EPEC, ETEC e EAEC. A importância destas categorias diarreiogênicas, nos casos diarréicos tem sido demonstrada por diferentes autores. Em São Paulo foi demonstrado que as Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) são responsáveis por mais de 30% dos casos de diarreia infantil (GOMES et al. 1991; MEDEIROS et al., 2001). Achados semelhantes foram observados em outras regiões como na cidade do México e Chile (CRAVIOTO et al., 1991; LEVINE, 1993). Entretanto, algumas evidências sugerem que elas não são muitos freqüentes em pequenas cidades e áreas rurais (LIMA et al., 2000). A associação da bactéria com diarreia em crianças que habitam áreas de risco sem saneamento, pode ser evidenciado pelo fato de que a EPEC não tem sido encontrada na maioria dos países industrializados (PRADO et al., 1984). Neste trabalho o número de casos de ETEC foi bem superior aos de EPEC, diferente de outros trabalhos realizados onde a ETEC tem sido a segunda causa de diarreia em crianças de países subdesenvolvidos desde a década de 1970 (CRAVIOTO et al., 1991; ECHEVERRIA; SAVARINO; YAMAMOTO, 1993). Este fato pode sugerir que o ambiente alagado em que as crianças deste estudo vivem pode estar possibilitando uma maior transmissão da ETEC, visto que a dose infectante para ETEC é relativamente alta, em torno de 100 milhões a 10 bilhões de bactérias em comparação com a dose infectante da EPEC que é mais baixa em torno de 106 . A associação da EAEC com diarreia aguda (P= 0, 005) vem reforçar a idéia de que esta bactéria é um importante agente etiológico de diarreia aguda e não apenas de diarreia persistente como tem sido relatado. Levantamentos realizados em países em desenvolvimento evidenciaram associação entre o isolamento de EAEC em fezes de crianças e adultos com diarreia aguda. Além disso, estudos epidemiológicos realizados em países desenvolvidos e em desenvolvimento têm demonstrado que a EAEC é um patógeno emergente (NATARO; KAPER, 1998).
  • 9. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 65   A associação das variáveis qualitativas avaliadas por meio do teste 2 de independência com o objetivo de verificar quais os fatores preditivos da diarreia demonstra que houve uma maior ocorrência de doença diarreica entre as crianças que vivem em domicílios onde as condições sanitárias e higiênicas são precárias. Análise estatística dos dados demonstrou ser um fator protetor quando o sanitário está localizado dentro da residência e possui descarga (Odds ratio= 0,3834 e 0,3638 respectivamente). Por ser a diarreia uma doença infecciosa de transmissão fecal-oral, seja mediante contato direto ou veiculada por água e alimentos contaminados, várias pesquisas tem relacionado a sua prevalência em áreas ou locais onde as condições sanitárias são desfavoráveis conforme estudo realizado no Egito, país africano, bem como Bangladesh na Ásia (HOQUE et al., 1999; WIERZBA et al., 2001). Este quadro também não é diferente a outras regiões do Brasil onde a situação de pobreza da população infantil vem se acentuando ao longo dos anos. Sabe-se que as condições ambientais desempenham um importante papel no nível de vida, pela proteção resultante dos serviços de esgotamento sanitário, aporte de água e coleta de lixo adequado (TAVARES; MONTEIRO, 1994). A falta de hábitos higiênicos como o lavar as mãos após o uso do sanitário, lavagem correta da mamadeira e outros, podem também estar associados com episódios de diarreia, visto que as variáveis relacionadas demonstraram resultados estatísticos significantes (P < 0,05), mostrando assim a importância de campanhas em educação e saúde nestas comunidades. Alguns estudos sugerem que a higiene inadequada pode aumentar a exposição da criança a múltiplos patógenos entéricos (VICTORA; FUCHS, 1992; KARIM et al., 2001). Quanto a importância do papel do aleitamento materno enfatizado por vários autores (KARIM et al., 2001; ASHWORTH; FEACHEN, 1985),a pesquisa mostrou que crianças que fazem uso de mamadeira (P< 0,05), acabam ficando mais expostas a patógenos causadores de diarreia como as bactérias, não só pelo uso da mamadeira mas também pela falta de limpeza adequada e não fervura da mesma após sua utilização e lavagem (P< 0,05), contribuindo assim para a ocorrência da doença diarreica, visto que, a fervura reduziria o número de bactérias necessárias (dose infectante) para causar diarreia. A proteção conferida pelo leite materno pode ser atribuída às suas propriedades antiinfecciosas e imunológicas, propiciando recuperação mais rápida de infecções entéricas. Além do que, a amamentação exclusiva diminui a exposição da criança a enteropatógenos encontrados na água e mamadeiras contaminadas (CARNEIRO, 1999). CONCLUSÃO A elevada prevalência de diarreia infantil encontrada em área alagada no município de Macapá-AP, tendo como agente etiológico principal categorias diarréiogênicas de Escherichia coli é comparável à encontrada na região Nordeste do Brasil, levando à conclusão de que a doença concentra-se nas áreas onde o saneamento é precário e as instalações sanitárias são inadequadas. Para o combate à diarreia infantil sugere-se atenção especial à saúde e à alimentação de crianças com idade abaixo de cinco anos e cujos responsáveis tenham menor nível de escolaridade. O estudo indica que, para o controle da diarreia, são imprescindíveis a adequada cobertura e qualidade nos serviços de saneamento ambiental. Programas de educação sanitária também se revelam fundamentais. Por fim, enfatiza-se que um ambiente saudável é pré-requisito indiscutível para a saúde cujo papel do saneamento nessa conquista é imprescindível. Nesse contexto, novas investigações devem ser realizadas visando detectar outros possíveis enteropatógenos e, especialmente, o levantamento de condições ambientais e de fatores de risco associados às diarreias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, J. S. E.; SILVA, L. M. S. Caracterização e Avaliação das Condições de Vida das Populações Residentes nas Ressacas
  • 10. Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013 Página 66   Urbanas dos Municípios de Macapá e Santana. pp. 165-236. In: TAKIYAMA, L.R. ; SILVA, A.Q. da (orgs.). Diagnóstico das Ressacas do Estado do Amapá: Bacias do Igarapé da Fortaleza e Rio Curiaú. Macapá- AP, CPAQ/IEPA e DGEO/SEMA, p.165-230, 2003. ALBERT, M. J. et al. Case-control study of enteropathogens associated with childhood diarrhea in Dhaka, Bangladesh. J. Clin. Microbiol. v.37, n.11, Nov, p.3458-3464, 1999. AYRES, M. et al. BioEstat: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém; Sociedade Civil Mamirauá: MCT-CNPq, 2007. ASHWORTH, A.; FEACHEN, R.G. Interventions for the control of diarrhoeal disease among young children: weaning education. Bull World Health Organ 63:1115-27, 1985. BERN, C. et al. The magnitude of the global problem of diarrhoeal disease: A ten-year update. Bulletin of the World Health Organization,79: 705-714, 1992. BELONGIA, E. A. et al. Diarrhea incidence and farm-related risk factors for Escherichia coli O157:H7 and Campylobacter jejuni antibodies among rural children. J. Infect. Dis., v.187, n.9, May 1, p.1460-1468, 2003. BLAKE, P. A. et al. Pathogen-specific risk factors and protective factors for acute diarrheal disease in urban Brazilian infants. J. Infect. Dis., v.167, n.3, Mar, p.627-632, 1993. BRASIL, Ministério da Saúde. DATASUS. Departamento de Informática do SUS - Informações de Saúde (TABNET) 2010. Disponível em <http:tabnet.datasus.gov.br > Acesso em: 20/07/2010 BRYCE, J. et al. WHO estimates of the causes of death in children. Lancet, v.365, n.9465, Mar 26-Apr 1, p.1147-1152, 2005. CARDOSO, D. D. P. et al. Genotiping of group A rotavirus samples from Brasilian children by probe hybridization. Brasilian Journal of Medical and Biological Reserch. 34: 471 - 473, 2001. CARNEIRO, S. M. M. Mechanisms of breast- feeding proctection against infantile infectious diarrhea.In: Hanson LA,Yolken RH, editors. Probiotics, other nutritional factors, and intestinal microflora. Pennsylvania: Lippincot Raven, p. 287-94, 1999. CRAVIOTO, A. et al. Association of Escherichia coli HEp - 2 adherence patterns with type and duration of diarrehea. Lancet, 337: 262 – 264, 1991. COETZER, P.W.W.; KROUKAMP, L.M. Diarrhoeal disease - epidemiology and intervention. S Afr Med J; v.76, p. 465-72, 1989. ECHEVERRIA. P.; SAVARINO, S. J.; YAMAMOTO, T. Escherichia coli diarrhoea Baillier's Clinical Gastroenterology, 7: 243 – 262, 1993. EDWARDS, P.R.; EWING, W.H. Identification of enterobacteriaceae. Mineapolis: Burgess Publishing. 638 p, 1972. FUCHS, S.C.; VICTORA, C.G.; FACHEL, J. Modelo hierarquizado: uma proposta de modelagem aplicada à investigação de fatores de risco para a diarreia grave. Revista de Saúde Pública, 30 (2): 168 – 178, 1996. FUCHS, S. C.; VICTORA, C. G. Risk and prognostic factors for diarrheal disease in Brazilian infants: A special case-control design application. Cadernos de saúde Pública, 18: 773-782, 2002. GOMES, T. A. et al. Enteropathogens associated with acute diarrheal disease in urban infants in Sao Paulo, Brazil. J. Infect. Dis., v.164, n.2, Aug, p.331-337, 1991.
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