Esta Aula Didática é Parte componente da Etapa de Educação Patrimonial e à Distância do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural dos onze Aproveitamentos Hidrelétricos da AES Tietê S/A.
Saiba mais pelo Blog do Programa:http://www.documentoculturalaestiete.com/
2. Professor, ao explicar o conceito de ‘Cultura Material’ (como expressão
material de uma Cultura particular), exemplifique mostrando como diferentes
tipos de objetos podem representar uma cultura particular: compare
cerâmicas de diferentes culturas, ou moedas de países diferentes, por
exemplo.
O QUE É ARQUEOLOGIA?
Arqueologia é a ciência que busca entender as culturas humanas a partir do estudo do registro arqueológico, que
é o conjunto de todos os traços materiais da presença humana em um dado espaço. Este conjunto forma a
Cultura Material, que pode ser entendida como a manifestação materializada de uma Cultura.
Escavação arqueológica em trincheira
Fotos:Acervodocumento.EscavaçõesUHECaconde
Artefato
3. AArqueologia é uma ciência multidisciplinar, por isso, diferentes professores podem trabalhá-
la em sala de aula segundo a natureza e os conteúdos de suas disciplinas:
Professor de História: considerar a dimensão histórica – temporal e espacial – e social da evidência
arqueológica: o objeto foi produzido, consumido e descartado por pessoas que viviam em sociedade e no
interior de uma cultura.
Professor de Geografia: considerar o contexto geográfico passado e presente da região onde se
desenvolveu a cultura estudada: relevo, hidrografia, vegetação, clima, fauna e flora. É possível, por
exemplo, quando se discutir indústrias líticas, explorar formações rochosas, tipos de rochas, níveis de
dureza de minerais.
Professor de Português: no caso de culturas indígenas, discutir a existência de outros idiomas no Brasil,
além do português. Influências dos idiomas indígenas no português brasileiro; conhecer a produção literária
da época, tanto geral quanto específica da região, quando houver.
Sugestões de leituras: Clique Aqui ou
Clique Aqui.
Professor de Artes: explorar a dimensão estética da evidência
arqueológica: questões conceituais,
como o ‘belo’ (arte indígena), por exemplo; questões de história
da Arte e Arquitetura
no Brasil; especificidades da arte local como materializada na
evidência arqueológica
(arte rupestre, cerâmica, pintura corporal, etc.).
Professor de Ciências (Biologia, Física, Química): explorar questões de datação de materiais (datação por
C14 e decaimento de moléculas – Química Orgânica), questões sobre a relação entre gasto de energia
corporal em deslocamentos sobre relevos no deslocamento de materiais arqueológicos, etc.
4. Professor, nesta parte da aula
procure incentivar o aluno a
pensar se os objetos que
usamos hoje foram os mesmos
do passado e questione o que
pode ter acontecido com eles.
Pergunte ao grupo se, em
casa, existe algum objeto que
tenha sido usado pelos bisavós
ou avós, e qual o seu uso
atual.
AArqueologia estuda os objetos (o registro arqueológico) para entender as pessoas que os utilizaram.
O QUE ESTUDA A ARQUEOLOGIA?
Paisagem formada por morro
construído com conchas (sítio
sambaqui).
Costume de pesca com arco e
flecha.
Foto: Acervo documento. Projeto: UHE
Jirau
Escavação de Sítio
Arqueológico
Artefato lítico
Os restos das moradias, os objetos, as
paisagens transformadas, tudo é Patrimônio
Arqueológico, pois representa a herança
cultural deixada pelos povos do passado.
5. A paisagem também faz parte do registro
arqueológico, na medida em que ela é resultado da
relação entre homem e ambiente. Por isto, a
Arqueologia também estuda a paisagem natural para
tentar compreender como era o ambiente em que as
culturas viviam, e como ocorreram as mudanças
ambientais no decorrer do tempo. Considerando isto,
o espaço e a paisagem em que as pessoas viveram
também são tidos como Patrimônio Arqueológico,
pois trazem evidências materiais das culturas
estudadas e, por isso, são o Patrimônio Cultural de
todos nós.
Professor, procure exemplificar as diferenças da
paisagem antes e depois da interferência das
organizações humanas e as mudanças ocorridas no
meio natural que ocupavam a partir de suas
atividades.
6. AS DIFERENTES ÁREAS DA ARQUEOLOGIA
A ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA E A ARQUEOLOGIA HISTÓRICA
O que diferencia a Arqueologia Pré-Histórica da Arqueologia
Histórica é ausência ou presença de evidência escrita direta
(histórica). As duas surgiram em contextos diferentes, com
objetivos diferentes e, por isso, tem metodologias de trabalho
distintas uma da outra.
A Arqueologia Pré-Histórica nasceu ligada às preocupações
do século XIX sobre a determinação da Antiguidade da
Humanidade e surgiu bastante ligada à Geologia e às demais
Ciências Naturais e, mais tarde, à História e à Antropologia.
A Arqueologia Histórica surgiu a partir dos estudos
Renascentistas sobre as Antiguidades Clássicas (Grega e
Romana) e Médio Orientais (Egito e Mesopotâmia) e, por
isso, nasceu como uma área da Arqueologia ligada mais à
História e ao estudo de Línguas.
7. A ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA
A Arqueologia Pré-Histórica se ocupa dos grupos humanos sem escrita, o que abarca culturas
que cobrem todo o período de existência humana sobre a Terra.
No Brasil, a Arqueologia Pré-Histórica se dedica ao material desde os primeiros grupos
indígenas que aqui viveram há milhares de anos, até materiais mais recentes.
Através de diferentes técnicas de pesquisa a Arqueologia recupera vestígios associados ao
cotidiano destes grupos antigos, tais como instrumentos de caça e de pesca, restos alimentares,
arte rupestre, sepultamentos, entre outros. O estudo destes vestígios fornece elementos para o
conhecimento da Pré-História brasileira.
AS DIFERENTES ÁREAS DA ARQUEOLOGIA
8. A ARQUEOLOGIA HISTÓRICA
AS DIFERENTES ÁREAS DA ARQUEOLOGIA
No Brasil, a Arqueologia Histórica
estuda os diferentes cenários de
ocupação humana iniciados a partir
do processo colonizador europeu,
até os dias atuais.
Sugestão de Leitura
FUNARI, P. P. A. ‘Teoria e Método na
Arqueologia Contemporânea: o contexto da
Arqueologia Histórica’. Mneme, v. 6, n. 13,
2004-2005 Clique Aqui.
Busca ampliar os conhecimentos sobre o passado mais recente, documentado também pelos textos.
Através destes estudos é possível estudar episódios menos conhecidos pela Historiografia e grupos
humanos não contemplados por esta (as minorias).
9. Em terra
MÉTODOS DE CAMPO
Escavação em trincheiras
Sondagem a partir de poços-teste
Professor, procure enfatizar a precisão do trabalho do
arqueólogo em procurar objetos antigos, questionando o que
acontece com coisas que ficam debaixo da terra por muito
tempo. Para isto, você pode fazer uso de fenômenos como a
umidade, a infiltração e a sedimentação.
São os métodos usados em campo para a localização, registro e
recuperação de informações arqueológicas. Basicamente,
tratam-se de métodos de prospecção e de escavação.
Acervo: Documento
Projetos: UHE Jirau e UHE Teles Pires
A prospecção arqueológica é o reconhecimento geral
de uma área, do qual também se pode obter
informações (coleta de material de superfície,
descoberta de novos sítios). Pode ser feito através do
caminhamento sobre uma área dividida em setores,
de sondagens pelo terreno ou, ainda, através de
fotografias aéreas (úteis para
elaborar mapas arqueológicos).
Os métodos de escavação podem ser em quadras,
trincheiras e superfícies amplas.
10. Arqueologia Subaquática
O patrimônio arqueológico subaquático brasileiro é formado por todos
aqueles testemunhos de atividades humanas, isolados ou associados, que
se encontram submersos, naufragados, ou na área de transição dos
ambientes marítimos, lagoas, rios ou em ambientes que já foram
submersos, mas que depois foram aterrados.
Através de técnicas específicas de mergulho, o arqueólogo subaquático
realiza as mesmas atividades do arqueólogo terrestre: levantamento,
escavação, registro, estudo e preservação.
MÉTODOS DE CAMPO
Professor, seria uma boa ideia dar exemplos de alguns navios que
naufragaram e cidades que foram inundadas para explicar porque é
necessário procurar material arqueológico debaixo d’água.
Conferir o artigo RAMBELLI, Gilson. ‘Temas em debate: Um mergulho
na Arqueologia Subaquática brasileira’. Jornal Arqueologia em Debate, n.
2, p. 2010, p. 23ss Clique Aqui
Um museu que possui um importante acervo proveniente Arqueologia
Subaquática é o Museu Náutico da Bahia (no Forte da Barra, em
Salvador) Clique Aqui.
11. Zooarqueologia
Zooarqueologia é o estudo dos vestígios de
animais presentes em contextos
arqueológicos, isto é, de animais que
estiveram no convívio humano. Pode
informar sobre o convívio e os usos que os
homens faziam dos animais enquanto
alimento, meios de transporte, assim como
usos de restos de animais para a confecção
de instrumentos (como flechas de ossos ou
roupas de peles, por exemplo), entre outros.
ALGUMAS ESPECIALIZAÇÕES DA ARQUEOLOGIA
12. ALGUMAS ESPECIALIZAÇÕES DA ARQUEOLOGIA
Arqueologia da Morte
Busca informações a respeito da idade, sexo e saúde de populações do
passado;
Meticulosas análises ajudam a obter informações a respeito de doenças
crônicas, fraturas ou violências sofridas pela população;
A análise dentária permite verificar o tipo de alimento que a população
comia;
A estrutura dos sepultamentos e oferendas
funerárias podem fornecer informações sobre a
população que os elaborou (diferenças na
posição social dos indivíduos)
13. Etnoarqueologia
Estuda sociedades atuais e seus modelos
de ocupação, com ênfase na pesquisa de
sua cultura material. O resultado destes
trabalhos pode contribuir na
compreensão de contextos antigos,
fornecendo modelos de modos de vida.
A isto se dá o nome de "analogia", que
significa uma forma de leitura indireta
do passado humano, através de
situações observadas no presente.
ALGUMAS ESPECIALIZAÇÕES DA ARQUEOLOGIA
Sugestão de Leitura
Para saber mais sobre como trabalha a
Etnoarqueologia e como é feita a
analogia, leia: DAVID, Nicholas,
KRAMER, Carol. ‘Teorizando a
Etnoarqueologia e a analogia’. Horizontes
Antropológicos, v. 8, n. 18, 2002 Clique
Aqui
O etnoarqueólogo procura também entender a maneira como
estes vestígios materiais acabam se incorporando no registro
arqueológico, ou seja, qual a trajetória que os objetos têm,
desde o momento em que foram confeccionados, usados e
abandonados, até serem escavados pelo arqueólogo, vários
anos, séculos ou milênios depois. A Etnoarqueologia é
praticada através da participação ativa e essencial das
comunidades através dos procedimentos definidos pela
Arqueologia Colaborativa.
14. ARTE RUPESTRE
Desde o início da Humanidade os povos deixaram suas marcas através
de gravações e pinturas. Desta forma expressavam seu cotidiano, sua
religiosidade e identidade. Estas manifestações artísticas são chamadas
de Arte Rupestre.
Os lugares mais utilizados para realizar arte rupestre são paredes e tetos
de cavernas e abrigos, blocos no chão, pedras nos leitos de rios ou lajes
a céu aberto. Sobre eles eram desenhadas formas geométricas, humanas
e animais que retratavam vários aspectos da cultura de cada povo.
No Brasil, as pinturas mais antigas são datadas de 12. 000 anos e estão
localizadas na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí.
Um dos maiores desafios do arqueólogo no estudo da arte rupestre é
compreender o significado das figuras no contexto histórico e cultural
daqueles que a produziram.
15. Sugestão Professor:
Incentive o grupo a produzir
desenhos do seu cotidiano.
Como eles representariam o seu
dia-a-dia. Organize uma
pequena exposição na sala de
aula ou em uma área onde
outras turmas também possam
observar as criações dos seus
companheiros.
Faça a seguinte brincadeira com os alunos: Já
pensou se você fosse um homem das cavernas? Quer
tentar? Então, represente através de desenhos cenas
e/ou manifestações do seu cotidiano.
16. Laboratório de Arqueologia
Depois das escavações, os arqueólogos também necessitam de laboratórios para completar os estudos
de suas pesquisas.
No caso da Arqueologia, o laboratório é o lugar para onde são enviados os vestígios materiais coletados
em campo. Lá esses vestígios são organizados em forma de acervos, e passam por um rigoroso processo
de curadoria, que consiste em: limpeza, classificação de acordo com a sua tipologia e proveniência,
análise e guarda.
Diante desse trabalho é possível fazer comparações e interpretações sobre as ocupações humanas que
estão sendo pesquisadas. Em seguida todo esse acervo passa a ser integrado na Gestão do
Conhecimento e resultam em diversos produtos de divulgação, educação patrimonial e inclusão social.
17. Laboratório de Arqueologia
Existem diferentes especialistas que trabalham no laboratório de
Arqueologia. Por exemplo, especialistas em reconstituir objetos
que, durante a pesquisa, são encontrados quebrados. Existem
também especialistas em analisar vestígios de plantas, ossos de
animais, ossos humanos e muitos outros tipos de objetos que são
encontrados nos sítios arqueológicos.
Todo este trabalho é baseado em uma metodologia integrada e
uniforme, aplicada nas diversas etapas de tratamento dos acervos
gerados pelas pesquisas (Campo, Laboratório, Gabinete). Esse
processo está amparado pelas recomendações nacionais e
internacionais de guarda, proteção e preservação do patrimônio
cultural, como garantia de sustentabilidade, responsabilidade
social e fruição do Patrimônio Cultural Brasileiro
18. Aos professores e todos os
profissionais envolvidos com
a educação, desejamos um
ótimo trabalho!
Apareceremos sempre
que pudermos contribuir
com sugestões para suas
aulas! Até a próxima!
Lembrem-se de que todos vocês são
agentes sociais essenciais para o
aprendizado da comunidade sobre
sua identidade histórica e cultural!