Esta Aula Didática é Parte componente da Etapa de Educação Patrimonial e à Distância do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural dos onze Aproveitamentos Hidrelétricos da AES Tietê S/A.
Saiba mais pelo Blog do Programa:http://www.documentoculturalaestiete.com/
2. As Comunidades Indígenas
Agora vamos conhecer um pouco das características naturais que atraíram essas diferentes ocupações
humanas ao longo dos séculos para a Região da Bacia do Rio Tietê?
Se você estivesse com fome aonde procuraria comida? Na geladeira? No supermercado? Na
lanchonete?
Imagine se você vivesse exatamente no mesmo lugar, mas há 500 anos.
Nesse tempo não existiam geladeiras nem lanchonetes, tampouco supermercados. Você teria que
conseguir alimentos caçando ou plantando, assim como os indígenas faziam.
A sobrevivência nas florestas era muito difícil, por isso, os índios possuíam grande conhecimento do
local em que estavam e seus arredores, para se defenderem de predadores e para cultivar uma vida
tranquila.
Os indígenas habitam nosso país muito antes dos
portugueses colonizarem o atual território
brasileiro. As sociedades indígenas são sociedades
complexas e estruturadas que possuem grande
conhecimento da natureza e contribuíram na
domesticação de muitas plantas hoje consumidas
mundialmente (batata-doce, pimentão, amendoim,
milho e muitas outras!).
3. Ocupação indígena
A ocupação do território em torno da bacia do Rio Tietê vem de muito antes da chegada dos europeus
na América. Diversos grupos indígenas passaram por aqui e deixaram vestígios materiais, os quais
estudamos para produzir conhecimento sobre a história antiga desta região.
As sociedades de caçadores e coletores são as mais antigas e ainda não dominavam a agricultura. Os
sítios arqueológicos destas comunidades podem ser encontrados tanto em lugares abertos como em
abrigos rochosos e cavernas. As antigas aldeias ou acampamento (sítios arqueológicos) encontrados
ligados aos grupos caçadores-coletores podem estar localizados em regiões próximas
a rios ou isolados em topos de montanhas. Tinham um grande território de caça.
Os Caçadores-coletores são nômades ou semi-nômades, ou
seja, possuem um grande território onde circulam durante o
ano. Vivem em pequenas aldeias e acampamentos a céu
aberto ou em abrigos sob rochas. Vivem da caça de animais
da floresta e coleta de alimentos do local em que se instalam,
mas não havia a prática do cultivo. Ainda no Brasil existem
sociedades caçadoras-coletoras, tais como os Maku da
Amazônia e os Awá-Guajá do Maranhão.
4. Líticos
Ponta de projétil de sílex.
Este vestígio é uma ponta de projétil usado por alguma etnia indígena
de caçadores-coletores feita em sílex, que é uma rocha sedimentar
muito dura e com densidade elevada. Este era um instrumento
comumente utilizado no dia a dia desses povos. Para fazer essa ponta
de projétil era necessário a rocha de sílex e uma outra rocha como
esta:
Percutor em quartzito
Este vestígio é um percutor, uma rocha dura (no caso um quartzito)
muito utilizada pelos indígenas para lascar as outras rochas, através do
impacto em outra rocha, esse processo se chama lascamento.
5. Líticos
raspador em sílex.
Este objeto, como você pode perceber, tem as extremidades
mais finas e afiadas, elas serviam para raspar e cortar frutas,
legumes, carne de animais, etc.
Este objeto é uma machadinha feita de pedra polida. Era
utilizada na caça de animais selvagens e para derrubar grandes
árvores.
machadinha de pedra polida
6. Ocupações Indígenas
Além dos sítios arqueológicos de comunidades caçadoras-coletoras, existem os sítios ligados a povos
que conheciam a prática do cultivo e confeccionavam peças em cerâmica. Estes grupos ocupavam áreas
mais abertas, pois suas aldeias eram maiores e eles necessitavam de terras para plantar. Esta era a
característica de uma ocupação de grupos indígenas ligados ao que, na Arqueologia, é chamado de
“Tradição Tupiguarani”.
Já outros povos indígenas cultivadores e ceramistas, denominados de “Tradição Itararé“, instalavam
suas moradias tanto em regiões de relevo mais planos como em relevo mais alto e, até mesmo, em
abrigos rochosos e entradas de cavernas .
Estas diferenças no aproveitamento e uso da paisagem está relacionado à maneira como cada povo
ocupava e necessitava do meio ambiente, e também às suas características culturais.
7. Vestígios cerâmicos
Os vestígios encontrados nos sítios arqueológicos cerâmicos,
como o próprio nome diz, eram compostos por fragmentos de
utensílios de cerâmica. Em alguns destes fragmentos é possível
observar a existência de decoração e pintura na cor
avermelhada. Estes vestígios estão ligados aos antigos grupos
indígenas agricultores-ceramistas, que ocuparam a região nos
últimos 800 anos na região do Rio Tietê.
Cerâmica é o nome que damos à matéria resultante da produção e queima de objetos de argila.
Primeiramente os objetos são moldados e em seguida são queimados, para que aquela massa
pastosa se solidifique. Essa técnica não foi utilizada por várias sociedades no mundo, e até hoje
produzimos muitos objetos de cerâmica: vasos, telhas, estátuas, etc.
Fragmento de carena cerâmica, apresentando vestígios de pintura vermelha.
Exemplo de fragmento
cerâmico coletado.
8. Os Indígenas Brasileiros hoje
Segundo o Censo do IBGE de 2010, o Brasil indígena é hoje composto por mais de 220 povos indígenas
que falam mais de 180 línguas distintas, que se dividem em várias aldeias e cidades ao longo do
território brasileiro de norte a sul.
Nos dias atuais, tornou-se comum a presença indígena nas cidades: é que para que seus direitos sejam
respeitados, a forma mais efetiva de lutar por sua cultura é montar organizações e traduzir sua cultura à
sociedade envolvente, assim como compreender e aprender sobre a sociedade que o envolve. Mas as
tradições, a língua e os costumes, na cidade ou na aldeia, devem sempre ser mantidas e respeitadas.