Economia e consumo na era da pandemia

Instituto Locomotiva
Instituto LocomotivaInstituto Locomotiva

Report sobre economia e consumo desenvolvido pelo Instituto Locomotiva.

Economia e consumo na era da pandemia
ivemos tempos
turbulentos,
marcados por
incertezas de natureza
pouco familiar e um
quadro recessivo
global que tende
a superar todos os
outros, desde o final
da Segunda Grande
Guerra.
De um lado, é certo
que o mundo se depara
mais uma vez com
uma severa redução da
atividade econômica,
empobrecimento
populacional,
desemprego, falências
e outros mais. De
outro, vivemos as
peculiaridades
relacionadas ao fato
desta ser uma crise de
origem biológica, em
relação à qual tudo
pode mudar a partir do
resultado de ensaios
clínicos bem sucedidos.
Em 17/04, as ações
da Gilead Sciences
(S&P), fabricante do
remdesivir subiram
9.7%, enquanto o S&P-
500 subiu 2.7%. O fato
relevante para tanto
foi a publicação de
um ensaio clínico que
sugeriu que a droga,
conhecida por ter
falhado no tratamento
de diversas outras
doenças, poderia
reduzir o tempo de
hospitalização dos
pacientes internados
com COVID-19. O
fenômeno se repetiu,
de modo ainda mais
dramático, em 15/05,
quando as ações da
Sorrento Therapeutics
subiram 244%, após o
anúncio de uma terapia
imunológica, ainda
não avalizada pela
comunidade científica.
Hoje existem
23 empresas
desenvolvendo
vacinas para a doença,
incluindo Pfizer,
Johnson & Johnson e
Roche. Juntas, elas são
responsáveis por um
crescimento importante
do valor de mercado
dos laboratórios
farmacêuticos.
Atualmente há vacinas
em fases avançadas
de testagem, o que
significa que uma
versão comercial possa
estar no horizonte.
V
1
E
m 18/06/2020, a mais
avançada é uma vacina que
está em fase 2B (finalizando
testes de eficácia) e que é
desenvolvida por um consórcio
formado pela Universidade de
Oxford e a AstraZeneca; em seguida,
em fase 2A (testes de dosagem
andamento) vem a vacina que o
Instituto de Biotecnologia Chinês
está desenvolvendo em parceria
com a CanSino.
O mercado, enfim, reage
efusivamente a qualquer notícia
capaz de trazer algum alento,
enquanto a economia real declina
radicalmente, ao redor do mundo.
No Brasil, o pessimismo financeiro
estava bem maior do que o
americano (04/2020 foi melhor
abril para a Dow Jones dos
últimos 82 anos). Porém, em
maio, dados mostrando que o
declínio econômico não fora tão
severo quanto esperado, aliados
à reabertura na Europa e Estados
Unidos e notícias sobre vacinas
puxaram o Ibovespa para cima,
permitindo que fechasse o mês com
uma alta de 8,58% e retornasse ao
nível do começo de março (94.637
pontos). Importante notar que o
índice fechou o mês no azul em
apenas duas ocasiões, ao longo dos
últimos onze anos. Maio é o que se
convencionou chamar de “mês ruim”
para o mercado.
Neste mês, o Ibovespa vem
demonstrando crescimento
sustentado, sendo a alta acumulada
até 18/06 de 9,97% (96.125 pontos
no dia 18/06). Contudo, é necessário
cautela dadas as notícias de possível
segunda onda de contágio na China
e de novas restrições de Governos
Estaduais e Municipais brasileiros ao
comércio em virtude do aumento do
número de contaminações e mortes.
2
Principais medidas adotadas no mundo (%PIB), até o fim de abril.
Fonte: Bloomberg.
Liquidez
(BCs)
Fiscal
EUA
BRASIL
AUSTRÁLIA
SUÉCIA
REINO UNIDO
NOVA ZELÂNDIA
CANADÁ
COLÔMBIA
INDONÉSIA
POLÔNIA
ÁREA DO
EURO
15%
5%
11%
6%
15%
7%
8%
1%
3%
8%
7%
11%
22%
5%
6%
9%
10%
9%
1%
5%
9%
6%
26%
27%
16%
12%
24%
17%
17%
2%
8%
17%
13%
Total
inda é cedo para se
determinar o vigor com o
qual o mundo irá pagar esta
conta e, em especial, como o Brasil
vai se posicionar neste contexto.
No momento, o que se observa
são movimentos pontuais, como a
nova redução da Selic, a qual levou
a taxa básica de juros da economia
a 2,25%, em 17/06, na tentativa de
reaquecer um pouco a economia.
Nas páginas seguintes procuramos
oferecer subsídios para que você
possa navegar com um pouco mais
de desenvoltura por este cenário de
incerteza, com ênfase no consumo e
foco no presente.
Este relatório conta com pesquisas
de fontes, análises feitas pelo nosso
time e dados exclusivos das muitas
pesquisas de larga escala que
realizamos desde que a pandemia
chegou ao país.
E
m graus diversos, governos
ao redor do mundo vem se
estruturando em torno da
retomada ou, ao menos, de sua
eminência, o que se coaduna a
meses de aumento global dos
gastos públicos, com injeção de
liquidez via programas de compra
de ativos. A conta projetada
ultrapassa US$ 10 trilhões (ou cerca
de 10% do PIB mundial).
A
3
Incertezas associadas ao Covid-19 se espelham
nas projeções econômicas brasileiras
D
e acordo com uma de
nossas maiores pesquisas
realizadas em abril (18/04),
a renda pessoal de 62% dos
brasileiros economicamente ativos
diminuiu. Corroborando este dado,
estudo do começo de maio (2/05)
da Confederação Nacional das
Indústrias (CNI) revelou que ¾ dos
brasileiros realizaram cortes em
gastos pessoais. Mais recentemente,
em 20/05, pesquisa da Locomotiva
mostrou que 50 milhões de
consumidores brasileiros - os quais
movimentam 2.1 trilhões de reais
- fazem parte do grupo de risco
para COVID-19. Tal dado dá uma
magnitude do quanto a situação
econômica ainda pode piorar.
Um fator digno de nota revelado
pela Locomotiva é que a percepção
geral é de impacto ligeiramente
maior da pandemia sobre a renda
pessoal, em relação à familiar.
Isto sugere que a pessoas ainda
interpretam a família como
organização social economicamente
protetiva, em crises extremas.
4
5
O
brasileiro não é um povo que tem renda suficiente para poupar.
A reserva das famílias, em geral, foi exaurida. Nas favelas,
evidentemente, a situação é particularmente grave:
86%
72%
terão dificuldade de
comprar itens básicos
se ficarem em casa
sem renda por
um mês
não tem dinheiro
guardado para enfrentar
a crise por uma
semana
% I M PA C T O D O C O R O N A V I R U S N A
R E N D A P E S S O A L AT É E S T E M O M E N T O
62%
25%
11%
Renda pessoal
diminuiu
Renda pessoal
permanece igual
Renda pessoal
aumentou
Não tem
renda pessoal
2%
% S I T U A Ç Ã O D O S
C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S
Tem contas vencidas
com pagamento
atrasado
Estão com o nome
sujo (com restriçöes)
no SPC/SERASA
(Em média, o pagamento de 4 contas
está em atraso)
58%
36%
N
ossas pesquisas revelam que cerca de 58% da população
economicamente ativa têm contas com o pagamento em atraso e
36% está com nome sujo e restrições no SPC/SERASA. Estes índices
deverão subir nas próximas semanas.
6
C
onforme o gráfico abaixo, crediários de lojas, boletos,
parcelas de empréstimo e fatura de cartão de crédito
estão na zona de perigo elevado da inadimplência.
Isto é particularmente preocupante pois tende a levar à
exclusão de muitos destes consumidores do mercado.
46 (-8 em relação ao mês atual) 38 54 16Carné ou crediário de lojas
55 (-8 em relação ao mês atual) 26 45 19Cheque especial
53 (-11 em relação ao mês atual) 30 47 17
57 (-6 em relação ao mês atual) 35 43 8Fatura de cartão de crédito
56 (-10 em relação ao mês atual) 34 44 10Mensalidade escolar
64 (-11 em relação ao mês atual) 30 35 5Conta de telefone ou internet
76 (-8 em relação ao mês atual) 17 23 6Conta de gás
67 (-5 em relação ao mês atual) 25 34 9Conta de água
61 (-6 em relação ao mês atual) 33 38 5Conta de luz
59 (-10 em relação ao mês atual) 29 41 12Financiamento ou consórcio de veículo
63 (-8 em relação ao mês atual) 27 37 10Financiamento ou consórcio de imóvel
63 (-10 em relação ao mês atual) 25 37 12Condomínio
58 (-7 em relação ao mês atual) 27 42 15Aluguel
48 (-16 em relação ao mês atual) 38 52 14Outros boletos
79 (-4 em relação ao mês atual)79 (-4 em relação ao mês atual) 15 21 6Plano de saude
Conseguirá manter me dia Atrasará o pagamento Não conseguirá pagar
% P R E V I S Ã O D A S I T U A Ç Ã O D O S C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S N O P R Ó X I M O S M Ê S
% Q U E C O N S E G U I R Á FA Z E R PA G A M E N T O S E M D I A N O
P R Ó X I M O M Ê S D I M I N U I R Á PA R A T O D O S O S C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S
7
S
egundo uma de nossas pesquisas contínuas, a
população acredita que a sua renda continuará sendo
afetada pela COVID-19.
O
endividamento e a retração da capacidade de
consumo impactam as projeções para o IPCA, que
deverá permanecer em patamares inferiores (abaixo
da meta), em 2020 e 2021. A estimativa é que fique em cerca
de 1.7% em 2020 e em 3,0% em 2021.
% A C R E D I TA Q U E D A Q U I E M D I A N T E O C O R O N A V Í R U S / C O V I D - 1 9 T E R Á
A L G U M / M A I S I M PA C T O N A S U A R E N D A P E S S O A L
8
9
U S D O L L A R S ( U S D ) P E R B R A Z I L I A N R E A L ( B R L )
E
sta retração não é homogênea.
Produtos importados estavam
com preços proibitivos para
boa parte da nossa população, até
muito recentemente. Na semana
de 05/06, o dólar começou a cair,
caindo abaixo de R5,00, pela
primeira vez desde março; contudo,
a queda teve vida curta e a moeda
americana voltou a subir a partir
da segunda semana de junho. Em
18/06 o dólar estava cotado a
R$5,37
Até o fim de abril, nossa moeda
apresentava a pior performance
frente ao dólar, entre todas as
moedas nacionais do mundo, no
ano. Inversamente, o país estava – e
ainda está - particularmente barato
para quem vem das economias mais
avançadas e para quem tem dinheiro
no exterior. Quando tal conjuntura
se verifica, seguem aumentos na
concentração de renda e reforço do
subdesenvolvimento estrutural.
A
despeito da depreciação
cambial a balança comercial
no ano está quase U$5bi
abaixo do ano passado, em função
da queda proporcional maior das
exportações (-7,2%) em relação
às importações (-2,5%), conforme
destacado no Icomex, da FGV
(15/06). A situação poderia ser ainda
pior, não fossem as commodities,
responsáveis por 71% das
exportações brasileiras, no mês
passado.
Conforme publicado pelo IBGE
(29/05), o PIB do país caiu 1.5%
no trimestre, dado este que reflete
apenas o começo da crise, conforme
sugeriu o presidente do BC, Roberto
Campos Neto, em 01/06, ao declarar
que a queda deve ser bem mais
expressiva no segundo trimestre.
O governo brasileiro previa uma
queda de 4.7% no PIB anual,
em 13/05, enquanto a Moodys
Analytics previa 6% de queda desde
14/04, o que estava sendo visto
como excessivamente pessimista.
No começo de junho, o relatório
Focus do BC e o IPEA começaram
a apontar queda anualizada de
6,25% e 6,00%, respectivamente,
mostrando que não era o caso.
As consequências de tamanha
crise se manifestam no emprego,
especialmente dos mais jovens.
Dados da PNAD Contínua (15/05)
revelam que o desemprego entre
jovens de 18-24 anos atingiu 27.1%.
Mulheres vêm sendo atingidas
de maneira mais aguda do que
homens, pretos e pardos, mais do
que brancos e estados do norte e
nordeste, mais do os outros. Como
sempre, a crise recai mais fortemente
sobre os menos favorecidos.
De acordo com analistas do
Bradesco, a massa de salários pode
contrair perto de 12% em termos
nominais neste ano, com a renda
dos informais caindo 1,5% e a
dos formais, próximo de 11%, já
considerando auxílio de R$ 600 do
governo e o programa de auxílio
desemprego.
10
11
P
esquisa contínua do Instituto Locomotiva vem
mostrando que os brasileiros estão continuam muito
preocupados com o risco de perderem seus empregos,
ainda que estes índices estejam em queda, desde abril.
P
esquisa da Locomotiva do começo de maio revelou
que 85% dos brasileiros tiveram a rotina de trabalho
impactada, sendo que 47% pararam de trabalhar e
38% passaram a trabalhar de casa.
Esta realidade sofreu mudança no início do mês de junho. O
número de pessoas que pararam de trabalhar caiu para 26%
e os que passaram a trabalhar de casa aumentou para 41%.
% N E S T E M O M E N T O O Q U A N T O V O C Ê E S TÁ P R E O C U PA D O E M P E R D E R
S E U E M P R E G O / T E R Q U E F E C H A R S E U N E G Ó C I O
12
% S I T U A Ç A O D E T R A B A L H O
( I N T E G R A N T E S D O G R U P O D E R I S C O )
U M Q U A R T O D O G R U P O D E R I S C O É C O M P O S T O P O R T R A B A L H A D O R E S
P O R C O N TA P R Ó P R I A , 1 2 % D E S S A S P E S S O A S E S TÃ O D E S E M P R E G A D A S
AT U A L M E N T E E 7 % E M E M P R E G O S I N F O R M A I S
A
situação é particularmente grave para quem pertence
ao grupo de risco. Conforme demonstramos, para esta
população, saúde e economia se misturam de maneira
ainda mais dramática do que para a média dos brasileiros.
Contudo, tal situação não é homogênea. A demanda
por alguns perfis profissionais cresceu, preservando o
rendimento dos mesmos.
1.2
1.1
1
0.9
0.8
0.7
0.6
01/03/2020
01/04/2020
01/05/2020
INDICADORDEBUSCASPORREDESOCIAL
INSTAGRAM FACEBOOK LINKEDIN
13
E
stes dados se refletem no padrão de acesso às redes
sociais, dos quais despreende-se também a existência
de uma expressiva queda na prospecção de novas
oportunidades profissionais.
14
% D E 0 A 1 0 O Q U A N T O V O C Ê A C R E D I TA
Q U E O C O V I D - 1 9 V A I P R E J U D I C A R . . .
( 0 S I G N I F I C A N Ã O V A I P R E J U D I C A R N A D A E 1 0 V A I P R E J U D I C A R M U I T O )
U
m caso que mapeamos
é o dos entregadores de
refeições que atendem
ao iFood. 46% dos entregadores
teve redução de renda (um
índice elevado, mas menor do
que o da média da população
brasileira economicamente ativa)
e cerca de 25% teve aumento de
renda, durante a atual pandemia,
tanto em função do aumento de
pedidos, quanto em função do
aumento de gorjetas. Este cenário
está associado à maior exposição
a outras pessoas e, assim, maior
chance de contrair COVID-19, de
modo que não pode ser visto como
necessariamente positivo.
Pesquisa nossa mostrou que
os brasileiros acreditam que a
pandemia irá prejudicar mais
a economia brasileira do que a
média da economia mundial; vai
ser no mínimo duas vezes mais
prejudicial às pequenas empresas
do que às grandes; e vai afetar
mais empregos do que renda.
Dados de atividade econômica
corroboram esse cenário (com
maior queda histórica das últimas
décadas sendo registrada no mês
de abril). O IBGE aponta queda
de 18,8%, 16,8% e 11,7% na
indústria, comércio e serviços em
abril, respectivamente. A taxa de
desocupação, por sua vez, atingiu
11,4%, agravando ainda mais a
crise financeira da família brasileira.
As pessoas já lidam com um
cenário alternativo ao do emprego
para a geração de renda, o que se
traduz em aumento no número de
informais e autônomos.
1.2 B
1B
0.8B
0.6B
0.4B
Mar 15
2020
Média móvel semanal (R$ nominal)
Mar 29 Abr 12 Abr 26M ai 10
G A S T O S C O M C A R TÃ O
D E C R É D I T O ( A R V )
A
baixo, um gráfico referente aos gastos em cartão de crédito dá
uma medida do impacto da queda de renda nos gastos recentes
em cartão de crédito dos brasileiros.
15
E L E V A D O
R I S C O
E X P O S I Ç Ã O
A C I M A
D A M É D I A
E X P O S I Ç Ã O
M O D E R A D A
E X P O S I Ç Ã O
G E R E N C I Á V E L
Construção e Materiais de Construção, Produtos
Químicos, Consumo, Manufaturados Diversos,
Incorporação Imobiliária, Mídia e Entretenimento,
Papel e Celulose, Real Estate, Shopping Centers,
Transportes (excluindo Companhias Aéreas e
Ferrovias), Serviços Ambientais.
Autopeças, Aluguel de
Frotas e Automóveis, Metais e Mineração,
Varejo Não Alimentar e Especializados,
Aeroespacial & Defesa.
Companhias Aéreas, Jogos,
Hospedagem e Lazer, Petróleo e Gas, Açúcar
e Álcool.
Serviços Diversos, Energia Elétrica, Alimentos,
Bebidas & Tabaco, Saúde, Varejo de Alimentos,
Gás Natural, Varejo Farmacêutico, Ferrovias,
Tecnologia, Telecomunicações, Saneamento
F O N T E : F I T C H R AT I N G S .
A
s empresas, por sua vez, vêm tendo quedas expressivas de
faturamento, as quais ameçam a chance de permanecerem
operacionais, ao longo dos próximos meses.
A Fitch propôs uma maneira de categorizar os riscos setoriais da
pandemia de COVID-19, a qual reproduzimos abaixo.
16
No nosso ponto de
vista, o comércio, que
representa 11.7% do PIB,
possui sentido estratégico para a
preservação da qualidade de vida e
será particularmente importante na
retomada.
Pesquisa da Câmera Americana
de Comércio de 18/04 revelou
que 71% dos seus sócios tiveram
queda nas vendas, demanda e
faturamento. O reflexo dessa queda
se dá no aumento de falências e
recuperações judiciais no País. Em
maio houve aumento de 61,5% nas
recuperações judiciais e de 30% nas
decretações de falência.
O Índice de Vendas do Comércio
Varejista Brasileiro (Santander)
registrou 25.1% de retração em
relação ao mesmo mês do ano
anterior. Este índice é construído
a partir de dados transacionais
de comerciantes que utilizam
o adquirente Getnet. Neste
domínio, os segmentos menos
afetados foram supermercados e
farmácias “exposição gerenciável”,
na terminologia da Fitch), que
permanecem críticos durante o
confinamento, enquanto as maiores
contrações se deram nas vendas de
materiais de construção autopeças.
Um levantamento da Nielsen junto
a hipermercados, supermercados,
mercadinhos locais e farmácias
apontou um aumento de 12%
no faturamento, em relação ao
mesmo período do ano passado
(03/2019-2020). É de se ter em
mente, entretanto, que parte deste
incremento deu-se pela lógica da
estocagem de produtos, não tendo
sustentabilidade.
17
E
studo da Confederação Nacional das Indústrias (04/05) revelou
algo diverso: as maiores quedas teriam sido nas categorias de
calçados (40% reduziram os gastos), roupas (37%) e cosméticos
(32%). Apenas produtos de limpeza (68% do total) e higiene pessoal
(56%) tiveram crescimento. Estes dados estão em consonância com os
nossos, os quais reportamos abaixo.
18
E
coando o que diversos
outros disseram, um
entrevistado paulista
resumiu a situação assim: “é
momento de focar na saúde e
sobrevivência das pessoas e
de poupar, porque não se sabe
quanto tempo a crise irá durar”.
Como toda situação de exceção,
esta aqui vem fazendo novos
ganhadores entre as empresas
que fornecem produtos ou
serviços aderentes à situação
constituída. O comércio
eletrônico brasileiro assistiu a um
crescimento de 32.6% no número
de pedidos, o que se traduziu em
faturamento corrigido de 26.7%
maior, conforme levantamento
feito pela Compre&Confie,
em parceria com a Associação
Brasileira de Comércio Eletrônico
durante o mês de março. As
vendas digitais de produtos de
saúde cresceram 111%, enquanto
perfumaria cresceu 83% e
supermercados cresceram 80%.
No mercado internacional,
empresas de Biotech,
webconferencing (como o
Hangout do Google, que chegou
a ter crescimento diário de 60%,
em março e Zoom, que saltou de
10M para 220M usuários, entre
12/2019 e 03/2020), conteúdo
digital (como a Netflix, que
adquiriu mais de 15M de novos
clientes neste ano) e entrega
de comida (como a Rappi cuja
operação brasileira cresceu mais
de 300% neste ano) estão valendo
significativamente mais do que
antes da pandemia eclodir.
19
N
o Brasil e fora, muitos
marketplaces de nicho
estão sendo palco para
picos de vendas. A Centauro, por
exemplo, viu as vendas de alguns
produtos crescerem mais de
10.000% neste ano.
O mesmo se aplica aos
marketplaces de eletroeletrônicos
e diversos, que vêm assumir
papel crescente no consumo
das famílias, conforme se nota
a partir do histórico recente de
tráfego digital direcionado aos
marketplaces do Magazine Luiza e
Americanas.
Esse aumento não significa que
todas essas empresas estejam
faturando mais do que antes da
pandemia, é importante notar.
De qualquer modo, as que
tiveram quedas de faturando e
valor de mercado, certamente
estariam muito pior se não fossem
suas operações digitais bem
estruturadas. Em paralelo, há
casos como o da Magalu, cujo
valor de mercado aumentou
significativamente, ultrapassando
o do Banco do Brasil, entre outros
titãs, em função do crescimento do
seu marketplace que foi superior a
70%, durante este ano.
F O N T E : h t t p : / / c o v i d . t e r o s p r i c i n g . c o m . b r /
I N D I C A D O R D E T R Á F E G O E M
S I T E S D E E - C O M M E R C E
20
E
studos clássicos de
economia comportamental
mostram que cenários
negativos geram aversão ao risco.
Quem planeja lançar produtos
ou serviços deve esperar pois à
abertura ao novo está em baixa.
Da mesma maneira, as decisões
que podem ter consequências
de longo prazo estão sendo
postergadas. A queda relevante
nas vendas de imóveis, empresas
e mesmo veículos expressam
este fenômeno e não devem
ser revertidas tão cedo. Por
outro lado, também é fato que
a demanda por bens duráveis
está sendo represada. Uma
pesquisa da Locomotiva (20/05)
mostrou que os brasileiros que se
enquadram no grupo de risco para
COVID-19 (idosos e adultos com
algumas condições específicas
de saúde) pretendem comprar
eletrodomésticos e outros bens, ao
longo dos próximos doze meses.
No cenário do novo normal, é de
se esperar que estas aquisições
ocorram primariamente através
de marketplaces, reforçando
tendências como a que já se
observa em relação à Magalu.
21
% I N T E N Ç A O D E C O M P R A S
( G R U P O D E R I S C O )
O
isolamento social demonstrou forte disponibilidade da
população brasileira de cortar supérfluos e focar no essencial.
Em contraste com isso, a reabertura do comércio vem gerando
fila e mostrando forte disposição do consumidor que passou meses
com demandas represadas.
Conforme a Locomotiva mostrou, a demanda represada por
eletrodomésticos e móveis é crescente; não por acaso, estes são
centrais para alguns dos principais marketplaces do país.
22
Para fechar
Um grande abraço e até breve!
M
uito em função da queda
de renda e da necessidade
de isolamento social que
ditou o comportamento do país até
este momento de virada, a economia
e, em especial, o comércio vêm se
comportando de maneira inusual.
Com esta perspectiva em vista, cabe
monitorar estes andamentos para
que possamos encontrar o melhor
acoplamento à situação atual e ao
futuro. O Instituto Locomitiva segue
comprometido com a produção
de dados de pesquisa e análises
capazes de ajudar você a chegar lá.
23
Prof. Renato Meirelles
Presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva e membro do conselho
de professores do IBMEC, onde é responsável pela Cátedra de Pesquisa
e Comportamento do Consumidor. Foi fundador do Data Favela e
presidente do Data Popular, onde conduziu diversos estudos sobre o
comportamento do consumidor emergente brasileiro, atendendo as
maiores empresas do Brasil. Em 2012, Renato fez parte da comissão
que estudou a Nova Classe Média Brasileira, na Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República. Considerado um dos maiores
especialistas em consumo e opinião pública do país, foi colaborador do
livro “Varejo para Baixa Renda”, publicado pela Fundação Getúlio Vargas
e autor dos livros “Guia para enfrentar situações novas sem medo” e  “Um
País Chamado Favela”. Renato também é colunista da revista Brasileiros e
da Exame.com.
Prof. Carlos Júlio
Sócio e head de Estratégia do Instituto Locomotiva. Membro dos conselhos
de administração da Camil Alimentos, Aramis, IBMEC, GSA e CI-Central de
Intercâmbios. Foi presidente de empresas como a Tecnisa, HSM e Polaroid
do Brasil. Carlos Júlio é formado em administração de empresas, tendo
estudado na Harvard Business School, London Business School e no IMD
de Lausanne-Suiça. É Professor honorário do IBMEC e leciona na FIA/USP.
É autor na área de gestão e negócios com oito livros publicados no Brasil e
exterior, além de colunista da rádio CBN.
Prof. Álvaro Machado Dias
Sócio do Instituto Locomotiva, está à frente dos projetos de tecnologia
e neurociências da empresa. É professor livre-docente de neurociências
da Universidade Federal de São Paulo, especializado em processos
decisórios. Autor de 100+ papers internacionais. Diretor do Centro de
Estudos Avançados em Tomadas de Decisão. Fellow da Behavioral & Brain
Sciences (Cambridge). Membro do Painel Global do MIT Tech Review Panel.
Colunista do UOL (Visões do futuro). Mestre, Ph.D., Pós-doutor.
Autores
24
Economia e consumo na era da pandemia

Recomendados

Crise mundial de 2014 por
Crise mundial de 2014Crise mundial de 2014
Crise mundial de 2014Alexandre Misturini
1.9K visualizações11 slides
Brasil: Cenários 2008-2014 e a Crise Mundial por
Brasil: Cenários 2008-2014 e a Crise MundialBrasil: Cenários 2008-2014 e a Crise Mundial
Brasil: Cenários 2008-2014 e a Crise MundialMacroplan
11K visualizações75 slides
Eco latam por
Eco latamEco latam
Eco latamGabriel Inchausti
145 visualizações4 slides
Calendário Econômico Pine: Um pouco de tudo por
Calendário Econômico Pine: Um pouco de tudoCalendário Econômico Pine: Um pouco de tudo
Calendário Econômico Pine: Um pouco de tudoBanco Pine
258 visualizações5 slides
Calendário Econômico Pine: Um mix de conjuntura por
Calendário Econômico Pine: Um mix de conjunturaCalendário Econômico Pine: Um mix de conjuntura
Calendário Econômico Pine: Um mix de conjunturaBanco Pine
187 visualizações5 slides
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo por
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundoTaxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundo
Taxa de inflação no brasil é uma das maiores do mundoB&R Consultoria Empresarial
327 visualizações4 slides

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cenário Macroeconômico 2014 por
Cenário Macroeconômico 2014Cenário Macroeconômico 2014
Cenário Macroeconômico 2014grupoflytour
1.8K visualizações48 slides
Boletim de Conjuntura n. 54 por
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54economiaufes
832 visualizações70 slides
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1 por
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Jamildo Melo
268 visualizações13 slides
A economia brasileira em 2015 por
A economia brasileira em 2015A economia brasileira em 2015
A economia brasileira em 2015Igor Morais
3.2K visualizações47 slides
Brasil rumo ao desastre econômico, político e social por
Brasil rumo ao desastre econômico, político e socialBrasil rumo ao desastre econômico, político e social
Brasil rumo ao desastre econômico, político e socialFernando Alcoforado
395 visualizações3 slides
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015 por
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015Fernando Alcoforado
476 visualizações3 slides

Mais procurados(19)

Cenário Macroeconômico 2014 por grupoflytour
Cenário Macroeconômico 2014Cenário Macroeconômico 2014
Cenário Macroeconômico 2014
grupoflytour1.8K visualizações
Boletim de Conjuntura n. 54 por economiaufes
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54
economiaufes832 visualizações
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1 por Jamildo Melo
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Jamildo Melo268 visualizações
A economia brasileira em 2015 por Igor Morais
A economia brasileira em 2015A economia brasileira em 2015
A economia brasileira em 2015
Igor Morais3.2K visualizações
Brasil rumo ao desastre econômico, político e social por Fernando Alcoforado
Brasil rumo ao desastre econômico, político e socialBrasil rumo ao desastre econômico, político e social
Brasil rumo ao desastre econômico, político e social
Fernando Alcoforado395 visualizações
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015 por Fernando Alcoforado
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015
O inevitável apagão do setor elétrico no brasil em 2015
Fernando Alcoforado476 visualizações
O desastroso governo dilma rousseff por Fernando Alcoforado
O desastroso governo dilma rousseffO desastroso governo dilma rousseff
O desastroso governo dilma rousseff
Fernando Alcoforado304 visualizações
Novos cenários para economia internacional e brasileira nº 1.out.2012 por Andrei Lourenco
Novos cenários para economia internacional e brasileira nº 1.out.2012Novos cenários para economia internacional e brasileira nº 1.out.2012
Novos cenários para economia internacional e brasileira nº 1.out.2012
Andrei Lourenco223 visualizações
o estudo por Jamildo Melo
o estudoo estudo
o estudo
Jamildo Melo172 visualizações
VALOR: Economia por slides-mci
VALOR: Economia VALOR: Economia
VALOR: Economia
slides-mci1.2K visualizações
O cenário econômico brasileiro e o mercado imobiliário. por Wellington de Paula
O cenário econômico brasileiro e o mercado imobiliário.O cenário econômico brasileiro e o mercado imobiliário.
O cenário econômico brasileiro e o mercado imobiliário.
Wellington de Paula1.7K visualizações
Apresentação setrans pe 2012 por pontodepauta.com.br
Apresentação setrans pe 2012Apresentação setrans pe 2012
Apresentação setrans pe 2012
pontodepauta.com.br258 visualizações
O brasil rumo ao colapso econômico por Fernando Alcoforado
O brasil rumo ao colapso econômico O brasil rumo ao colapso econômico
O brasil rumo ao colapso econômico
Fernando Alcoforado137 visualizações
Tec junho 2013 por Carmem Rocha
Tec junho 2013Tec junho 2013
Tec junho 2013
Carmem Rocha517 visualizações
As características socioeconômicas dos países 2011 por Luiz C. da Silva
As características socioeconômicas dos países 2011As características socioeconômicas dos países 2011
As características socioeconômicas dos países 2011
Luiz C. da Silva14.1K visualizações

Similar a Economia e consumo na era da pandemia

ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta... por
ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...
ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...ExpoGestão
37 visualizações44 slides
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013 por
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013Fernando Moura
594 visualizações20 slides
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf por
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfCenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfFabio Castelo Branco
17 visualizações45 slides
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
107 visualizações45 slides
Mercado de Crédito em 2022 por
Mercado de Crédito em 2022Mercado de Crédito em 2022
Mercado de Crédito em 2022José Carmo
54 visualizações5 slides
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
119 visualizações35 slides

Similar a Economia e consumo na era da pandemia(20)

ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta... por ExpoGestão
ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...
ExpoGestão 2020 - Denise de Pasqual - Perspectivas econômicas para 2021: o ta...
ExpoGestão37 visualizações
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013 por Fernando Moura
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013
Acoi Expert Network Quarterly Q1 2013
Fernando Moura594 visualizações
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf por Fabio Castelo Branco
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfCenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Fabio Castelo Branco17 visualizações
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por economiaufes
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
economiaufes107 visualizações
Mercado de Crédito em 2022 por José Carmo
Mercado de Crédito em 2022Mercado de Crédito em 2022
Mercado de Crédito em 2022
José Carmo54 visualizações
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por economiaufes
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
economiaufes119 visualizações
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por economiaufes
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
economiaufes130 visualizações
Relatório Coronavírus - 17 de abril por José Florentino
Relatório Coronavírus - 17 de abrilRelatório Coronavírus - 17 de abril
Relatório Coronavírus - 17 de abril
José Florentino32.6K visualizações
Cointimes Report Fevereiro por Cointimes News
Cointimes Report FevereiroCointimes Report Fevereiro
Cointimes Report Fevereiro
Cointimes News50 visualizações
Jornada ExpoGestão 2019 - Palestrante Alexandre Schwartsman por ExpoGestão
Jornada ExpoGestão 2019 - Palestrante Alexandre SchwartsmanJornada ExpoGestão 2019 - Palestrante Alexandre Schwartsman
Jornada ExpoGestão 2019 - Palestrante Alexandre Schwartsman
ExpoGestão171 visualizações
Mercado farmaceutico brasileiro por Lourdes Martins
Mercado farmaceutico brasileiroMercado farmaceutico brasileiro
Mercado farmaceutico brasileiro
Lourdes Martins1.2K visualizações
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por economiaufes
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
economiaufes114 visualizações
Jornal setemi news janeiro por Setemi News
Jornal setemi news janeiroJornal setemi news janeiro
Jornal setemi news janeiro
Setemi News578 visualizações
Pine Flash Note: Contas externas e câmbio – variáveis corretas e projeções me... por Banco Pine
Pine Flash Note: Contas externas e câmbio – variáveis corretas e projeções me...Pine Flash Note: Contas externas e câmbio – variáveis corretas e projeções me...
Pine Flash Note: Contas externas e câmbio – variáveis corretas e projeções me...
Banco Pine198 visualizações
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES por economiaufes
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
economiaufes140 visualizações
[Marketplace Conference 2020| Live Edition] Se tornar um Marketplace faz sent... por E-Commerce Brasil
[Marketplace Conference 2020| Live Edition] Se tornar um Marketplace faz sent...[Marketplace Conference 2020| Live Edition] Se tornar um Marketplace faz sent...
[Marketplace Conference 2020| Live Edition] Se tornar um Marketplace faz sent...
E-Commerce Brasil248 visualizações
Crédito cada vez mais restrito faz inadimplência descer para 1,81% em fevereiro por SPC Brasil
Crédito cada vez mais restrito faz inadimplência descer para 1,81% em fevereiroCrédito cada vez mais restrito faz inadimplência descer para 1,81% em fevereiro
Crédito cada vez mais restrito faz inadimplência descer para 1,81% em fevereiro
SPC Brasil410 visualizações
Indicadores Econômicos - Agosto 2014 por SPC Brasil
Indicadores Econômicos - Agosto 2014Indicadores Econômicos - Agosto 2014
Indicadores Econômicos - Agosto 2014
SPC Brasil576 visualizações
Brasil rumo à falência e à convulsão social por Fernando Alcoforado
Brasil rumo à falência e à convulsão socialBrasil rumo à falência e à convulsão social
Brasil rumo à falência e à convulsão social
Fernando Alcoforado343 visualizações

Mais de Instituto Locomotiva

O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileiras por
O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileirasO novo normal do trabalho em grandes empresas brasileiras
O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileirasInstituto Locomotiva
304 visualizações29 slides
Comportamento pós-Covid-19 por
Comportamento pós-Covid-19Comportamento pós-Covid-19
Comportamento pós-Covid-19Instituto Locomotiva
475 visualizações45 slides
Educação, Cultura, Periferia e Racismo por
Educação, Cultura, Periferia e RacismoEducação, Cultura, Periferia e Racismo
Educação, Cultura, Periferia e RacismoInstituto Locomotiva
968 visualizações29 slides
Periferia, Racismo e Violência por
Periferia, Racismo e ViolênciaPeriferia, Racismo e Violência
Periferia, Racismo e ViolênciaInstituto Locomotiva
1.1K visualizações17 slides
O Mercado da Maioria por
O Mercado da MaioriaO Mercado da Maioria
O Mercado da MaioriaInstituto Locomotiva
866 visualizações28 slides
Pandemia na Favela por
Pandemia na FavelaPandemia na Favela
Pandemia na FavelaInstituto Locomotiva
1.9K visualizações46 slides

Mais de Instituto Locomotiva(18)

O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileiras por Instituto Locomotiva
O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileirasO novo normal do trabalho em grandes empresas brasileiras
O novo normal do trabalho em grandes empresas brasileiras
Instituto Locomotiva304 visualizações
Comportamento pós-Covid-19 por Instituto Locomotiva
Comportamento pós-Covid-19Comportamento pós-Covid-19
Comportamento pós-Covid-19
Instituto Locomotiva475 visualizações
Educação, Cultura, Periferia e Racismo por Instituto Locomotiva
Educação, Cultura, Periferia e RacismoEducação, Cultura, Periferia e Racismo
Educação, Cultura, Periferia e Racismo
Instituto Locomotiva968 visualizações
Periferia, Racismo e Violência por Instituto Locomotiva
Periferia, Racismo e ViolênciaPeriferia, Racismo e Violência
Periferia, Racismo e Violência
Instituto Locomotiva1.1K visualizações
Quem é o consumidor brasileiro? por Instituto Locomotiva
Quem é o consumidor brasileiro?Quem é o consumidor brasileiro?
Quem é o consumidor brasileiro?
Instituto Locomotiva2.7K visualizações
A mesa dos brasileiros por Instituto Locomotiva
A mesa dos brasileirosA mesa dos brasileiros
A mesa dos brasileiros
Instituto Locomotiva1.2K visualizações
Como obter as melhores análises políticas? por Instituto Locomotiva
Como obter as melhores análises políticas?Como obter as melhores análises políticas?
Como obter as melhores análises políticas?
Instituto Locomotiva1.4K visualizações
O que o brasileiro pensa sobre as propagandas? por Instituto Locomotiva
O que o brasileiro pensa sobre as propagandas?O que o brasileiro pensa sobre as propagandas?
O que o brasileiro pensa sobre as propagandas?
Instituto Locomotiva1.2K visualizações
Qual é o impacto do racismo na economia? por Instituto Locomotiva
Qual é o impacto do racismo na economia?Qual é o impacto do racismo na economia?
Qual é o impacto do racismo na economia?
Instituto Locomotiva3K visualizações
Você sabia que o mercado da longevidade é o único que não para de crescer no ... por Instituto Locomotiva
Você sabia que o mercado da longevidade é o único que não para de crescer no ...Você sabia que o mercado da longevidade é o único que não para de crescer no ...
Você sabia que o mercado da longevidade é o único que não para de crescer no ...
Instituto Locomotiva1.3K visualizações
O que o brasileiro pensa sobre as propagandas por Instituto Locomotiva
O que o brasileiro pensa sobre as propagandasO que o brasileiro pensa sobre as propagandas
O que o brasileiro pensa sobre as propagandas
Instituto Locomotiva369 visualizações
Violência sexual contra a mulher por Instituto Locomotiva
Violência sexual contra a mulherViolência sexual contra a mulher
Violência sexual contra a mulher
Instituto Locomotiva1.4K visualizações
O Papel do homem na desconstrução do machismo por Instituto Locomotiva
O Papel do homem na desconstrução do machismoO Papel do homem na desconstrução do machismo
O Papel do homem na desconstrução do machismo
Instituto Locomotiva3.6K visualizações
Investimento pela lógica do cidadão por Instituto Locomotiva
Investimento pela lógica do cidadãoInvestimento pela lógica do cidadão
Investimento pela lógica do cidadão
Instituto Locomotiva1.4K visualizações
Apresentação zika-quanti final por Instituto Locomotiva
Apresentação zika-quanti finalApresentação zika-quanti final
Apresentação zika-quanti final
Instituto Locomotiva532 visualizações

Último

Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdf por
Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdfArgumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdf
Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdfhenriquechiuchi1
33 visualizações29 slides
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc... por
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...PrimeEducacional
14 visualizações2 slides
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ... por
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...assedldani
7 visualizações3 slides
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestina por
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestinaMeu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestina
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestinaJuliana Freitas
23 visualizações25 slides
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ... por
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...AcademiaDlassessoria
13 visualizações3 slides
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi... por
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...PrimeEducacional
5 visualizações2 slides

Último(8)

Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdf por henriquechiuchi1
Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdfArgumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdf
Argumentação contra o PL de banimento dos descartáveis de uso único.pdf
henriquechiuchi133 visualizações
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc... por PrimeEducacional
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...
As projeções ortográficas são uma linguagem universal no mundo do desenho téc...
PrimeEducacional14 visualizações
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ... por assedldani
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...
A apresentação de relatórios que fornecem informações precisas sobre o custo ...
assedldani7 visualizações
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestina por Juliana Freitas
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestinaMeu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestina
Meu Nordeste Todo - Pesquisa sobre representatividade nordestina
Juliana Freitas23 visualizações
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ... por AcademiaDlassessoria
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...
Sassaki (1997) é um dos maiores pesquisadores no campo da Educação Inclusiva ...
AcademiaDlassessoria13 visualizações
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi... por PrimeEducacional
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...
A fermentação é uma das técnicas de conservação de alimentos mais antigas exi...
PrimeEducacional5 visualizações
ATIVIDADE 1 - CCONT - TEORIA DA CONTABILIDADE E ÉTICA PROFISSIONAL - 54/2023 por PrimeEducacional
ATIVIDADE 1 - CCONT - TEORIA DA CONTABILIDADE E ÉTICA PROFISSIONAL - 54/2023ATIVIDADE 1 - CCONT - TEORIA DA CONTABILIDADE E ÉTICA PROFISSIONAL - 54/2023
ATIVIDADE 1 - CCONT - TEORIA DA CONTABILIDADE E ÉTICA PROFISSIONAL - 54/2023
PrimeEducacional10 visualizações

Economia e consumo na era da pandemia

  • 2. ivemos tempos turbulentos, marcados por incertezas de natureza pouco familiar e um quadro recessivo global que tende a superar todos os outros, desde o final da Segunda Grande Guerra. De um lado, é certo que o mundo se depara mais uma vez com uma severa redução da atividade econômica, empobrecimento populacional, desemprego, falências e outros mais. De outro, vivemos as peculiaridades relacionadas ao fato desta ser uma crise de origem biológica, em relação à qual tudo pode mudar a partir do resultado de ensaios clínicos bem sucedidos. Em 17/04, as ações da Gilead Sciences (S&P), fabricante do remdesivir subiram 9.7%, enquanto o S&P- 500 subiu 2.7%. O fato relevante para tanto foi a publicação de um ensaio clínico que sugeriu que a droga, conhecida por ter falhado no tratamento de diversas outras doenças, poderia reduzir o tempo de hospitalização dos pacientes internados com COVID-19. O fenômeno se repetiu, de modo ainda mais dramático, em 15/05, quando as ações da Sorrento Therapeutics subiram 244%, após o anúncio de uma terapia imunológica, ainda não avalizada pela comunidade científica. Hoje existem 23 empresas desenvolvendo vacinas para a doença, incluindo Pfizer, Johnson & Johnson e Roche. Juntas, elas são responsáveis por um crescimento importante do valor de mercado dos laboratórios farmacêuticos. Atualmente há vacinas em fases avançadas de testagem, o que significa que uma versão comercial possa estar no horizonte. V 1
  • 3. E m 18/06/2020, a mais avançada é uma vacina que está em fase 2B (finalizando testes de eficácia) e que é desenvolvida por um consórcio formado pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca; em seguida, em fase 2A (testes de dosagem andamento) vem a vacina que o Instituto de Biotecnologia Chinês está desenvolvendo em parceria com a CanSino. O mercado, enfim, reage efusivamente a qualquer notícia capaz de trazer algum alento, enquanto a economia real declina radicalmente, ao redor do mundo. No Brasil, o pessimismo financeiro estava bem maior do que o americano (04/2020 foi melhor abril para a Dow Jones dos últimos 82 anos). Porém, em maio, dados mostrando que o declínio econômico não fora tão severo quanto esperado, aliados à reabertura na Europa e Estados Unidos e notícias sobre vacinas puxaram o Ibovespa para cima, permitindo que fechasse o mês com uma alta de 8,58% e retornasse ao nível do começo de março (94.637 pontos). Importante notar que o índice fechou o mês no azul em apenas duas ocasiões, ao longo dos últimos onze anos. Maio é o que se convencionou chamar de “mês ruim” para o mercado. Neste mês, o Ibovespa vem demonstrando crescimento sustentado, sendo a alta acumulada até 18/06 de 9,97% (96.125 pontos no dia 18/06). Contudo, é necessário cautela dadas as notícias de possível segunda onda de contágio na China e de novas restrições de Governos Estaduais e Municipais brasileiros ao comércio em virtude do aumento do número de contaminações e mortes. 2
  • 4. Principais medidas adotadas no mundo (%PIB), até o fim de abril. Fonte: Bloomberg. Liquidez (BCs) Fiscal EUA BRASIL AUSTRÁLIA SUÉCIA REINO UNIDO NOVA ZELÂNDIA CANADÁ COLÔMBIA INDONÉSIA POLÔNIA ÁREA DO EURO 15% 5% 11% 6% 15% 7% 8% 1% 3% 8% 7% 11% 22% 5% 6% 9% 10% 9% 1% 5% 9% 6% 26% 27% 16% 12% 24% 17% 17% 2% 8% 17% 13% Total inda é cedo para se determinar o vigor com o qual o mundo irá pagar esta conta e, em especial, como o Brasil vai se posicionar neste contexto. No momento, o que se observa são movimentos pontuais, como a nova redução da Selic, a qual levou a taxa básica de juros da economia a 2,25%, em 17/06, na tentativa de reaquecer um pouco a economia. Nas páginas seguintes procuramos oferecer subsídios para que você possa navegar com um pouco mais de desenvoltura por este cenário de incerteza, com ênfase no consumo e foco no presente. Este relatório conta com pesquisas de fontes, análises feitas pelo nosso time e dados exclusivos das muitas pesquisas de larga escala que realizamos desde que a pandemia chegou ao país. E m graus diversos, governos ao redor do mundo vem se estruturando em torno da retomada ou, ao menos, de sua eminência, o que se coaduna a meses de aumento global dos gastos públicos, com injeção de liquidez via programas de compra de ativos. A conta projetada ultrapassa US$ 10 trilhões (ou cerca de 10% do PIB mundial). A 3
  • 5. Incertezas associadas ao Covid-19 se espelham nas projeções econômicas brasileiras D e acordo com uma de nossas maiores pesquisas realizadas em abril (18/04), a renda pessoal de 62% dos brasileiros economicamente ativos diminuiu. Corroborando este dado, estudo do começo de maio (2/05) da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) revelou que ¾ dos brasileiros realizaram cortes em gastos pessoais. Mais recentemente, em 20/05, pesquisa da Locomotiva mostrou que 50 milhões de consumidores brasileiros - os quais movimentam 2.1 trilhões de reais - fazem parte do grupo de risco para COVID-19. Tal dado dá uma magnitude do quanto a situação econômica ainda pode piorar. Um fator digno de nota revelado pela Locomotiva é que a percepção geral é de impacto ligeiramente maior da pandemia sobre a renda pessoal, em relação à familiar. Isto sugere que a pessoas ainda interpretam a família como organização social economicamente protetiva, em crises extremas. 4
  • 6. 5 O brasileiro não é um povo que tem renda suficiente para poupar. A reserva das famílias, em geral, foi exaurida. Nas favelas, evidentemente, a situação é particularmente grave: 86% 72% terão dificuldade de comprar itens básicos se ficarem em casa sem renda por um mês não tem dinheiro guardado para enfrentar a crise por uma semana
  • 7. % I M PA C T O D O C O R O N A V I R U S N A R E N D A P E S S O A L AT É E S T E M O M E N T O 62% 25% 11% Renda pessoal diminuiu Renda pessoal permanece igual Renda pessoal aumentou Não tem renda pessoal 2% % S I T U A Ç Ã O D O S C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S Tem contas vencidas com pagamento atrasado Estão com o nome sujo (com restriçöes) no SPC/SERASA (Em média, o pagamento de 4 contas está em atraso) 58% 36% N ossas pesquisas revelam que cerca de 58% da população economicamente ativa têm contas com o pagamento em atraso e 36% está com nome sujo e restrições no SPC/SERASA. Estes índices deverão subir nas próximas semanas. 6
  • 8. C onforme o gráfico abaixo, crediários de lojas, boletos, parcelas de empréstimo e fatura de cartão de crédito estão na zona de perigo elevado da inadimplência. Isto é particularmente preocupante pois tende a levar à exclusão de muitos destes consumidores do mercado. 46 (-8 em relação ao mês atual) 38 54 16Carné ou crediário de lojas 55 (-8 em relação ao mês atual) 26 45 19Cheque especial 53 (-11 em relação ao mês atual) 30 47 17 57 (-6 em relação ao mês atual) 35 43 8Fatura de cartão de crédito 56 (-10 em relação ao mês atual) 34 44 10Mensalidade escolar 64 (-11 em relação ao mês atual) 30 35 5Conta de telefone ou internet 76 (-8 em relação ao mês atual) 17 23 6Conta de gás 67 (-5 em relação ao mês atual) 25 34 9Conta de água 61 (-6 em relação ao mês atual) 33 38 5Conta de luz 59 (-10 em relação ao mês atual) 29 41 12Financiamento ou consórcio de veículo 63 (-8 em relação ao mês atual) 27 37 10Financiamento ou consórcio de imóvel 63 (-10 em relação ao mês atual) 25 37 12Condomínio 58 (-7 em relação ao mês atual) 27 42 15Aluguel 48 (-16 em relação ao mês atual) 38 52 14Outros boletos 79 (-4 em relação ao mês atual)79 (-4 em relação ao mês atual) 15 21 6Plano de saude Conseguirá manter me dia Atrasará o pagamento Não conseguirá pagar % P R E V I S Ã O D A S I T U A Ç Ã O D O S C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S N O P R Ó X I M O S M Ê S % Q U E C O N S E G U I R Á FA Z E R PA G A M E N T O S E M D I A N O P R Ó X I M O M Ê S D I M I N U I R Á PA R A T O D O S O S C O M P R O M I S S O S F I N A N C E I R O S 7
  • 9. S egundo uma de nossas pesquisas contínuas, a população acredita que a sua renda continuará sendo afetada pela COVID-19. O endividamento e a retração da capacidade de consumo impactam as projeções para o IPCA, que deverá permanecer em patamares inferiores (abaixo da meta), em 2020 e 2021. A estimativa é que fique em cerca de 1.7% em 2020 e em 3,0% em 2021. % A C R E D I TA Q U E D A Q U I E M D I A N T E O C O R O N A V Í R U S / C O V I D - 1 9 T E R Á A L G U M / M A I S I M PA C T O N A S U A R E N D A P E S S O A L 8
  • 10. 9 U S D O L L A R S ( U S D ) P E R B R A Z I L I A N R E A L ( B R L ) E sta retração não é homogênea. Produtos importados estavam com preços proibitivos para boa parte da nossa população, até muito recentemente. Na semana de 05/06, o dólar começou a cair, caindo abaixo de R5,00, pela primeira vez desde março; contudo, a queda teve vida curta e a moeda americana voltou a subir a partir da segunda semana de junho. Em 18/06 o dólar estava cotado a R$5,37 Até o fim de abril, nossa moeda apresentava a pior performance frente ao dólar, entre todas as moedas nacionais do mundo, no ano. Inversamente, o país estava – e ainda está - particularmente barato para quem vem das economias mais avançadas e para quem tem dinheiro no exterior. Quando tal conjuntura se verifica, seguem aumentos na concentração de renda e reforço do subdesenvolvimento estrutural.
  • 11. A despeito da depreciação cambial a balança comercial no ano está quase U$5bi abaixo do ano passado, em função da queda proporcional maior das exportações (-7,2%) em relação às importações (-2,5%), conforme destacado no Icomex, da FGV (15/06). A situação poderia ser ainda pior, não fossem as commodities, responsáveis por 71% das exportações brasileiras, no mês passado. Conforme publicado pelo IBGE (29/05), o PIB do país caiu 1.5% no trimestre, dado este que reflete apenas o começo da crise, conforme sugeriu o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em 01/06, ao declarar que a queda deve ser bem mais expressiva no segundo trimestre. O governo brasileiro previa uma queda de 4.7% no PIB anual, em 13/05, enquanto a Moodys Analytics previa 6% de queda desde 14/04, o que estava sendo visto como excessivamente pessimista. No começo de junho, o relatório Focus do BC e o IPEA começaram a apontar queda anualizada de 6,25% e 6,00%, respectivamente, mostrando que não era o caso. As consequências de tamanha crise se manifestam no emprego, especialmente dos mais jovens. Dados da PNAD Contínua (15/05) revelam que o desemprego entre jovens de 18-24 anos atingiu 27.1%. Mulheres vêm sendo atingidas de maneira mais aguda do que homens, pretos e pardos, mais do que brancos e estados do norte e nordeste, mais do os outros. Como sempre, a crise recai mais fortemente sobre os menos favorecidos. De acordo com analistas do Bradesco, a massa de salários pode contrair perto de 12% em termos nominais neste ano, com a renda dos informais caindo 1,5% e a dos formais, próximo de 11%, já considerando auxílio de R$ 600 do governo e o programa de auxílio desemprego. 10
  • 12. 11 P esquisa contínua do Instituto Locomotiva vem mostrando que os brasileiros estão continuam muito preocupados com o risco de perderem seus empregos, ainda que estes índices estejam em queda, desde abril. P esquisa da Locomotiva do começo de maio revelou que 85% dos brasileiros tiveram a rotina de trabalho impactada, sendo que 47% pararam de trabalhar e 38% passaram a trabalhar de casa. Esta realidade sofreu mudança no início do mês de junho. O número de pessoas que pararam de trabalhar caiu para 26% e os que passaram a trabalhar de casa aumentou para 41%. % N E S T E M O M E N T O O Q U A N T O V O C Ê E S TÁ P R E O C U PA D O E M P E R D E R S E U E M P R E G O / T E R Q U E F E C H A R S E U N E G Ó C I O
  • 13. 12 % S I T U A Ç A O D E T R A B A L H O ( I N T E G R A N T E S D O G R U P O D E R I S C O ) U M Q U A R T O D O G R U P O D E R I S C O É C O M P O S T O P O R T R A B A L H A D O R E S P O R C O N TA P R Ó P R I A , 1 2 % D E S S A S P E S S O A S E S TÃ O D E S E M P R E G A D A S AT U A L M E N T E E 7 % E M E M P R E G O S I N F O R M A I S A situação é particularmente grave para quem pertence ao grupo de risco. Conforme demonstramos, para esta população, saúde e economia se misturam de maneira ainda mais dramática do que para a média dos brasileiros.
  • 14. Contudo, tal situação não é homogênea. A demanda por alguns perfis profissionais cresceu, preservando o rendimento dos mesmos. 1.2 1.1 1 0.9 0.8 0.7 0.6 01/03/2020 01/04/2020 01/05/2020 INDICADORDEBUSCASPORREDESOCIAL INSTAGRAM FACEBOOK LINKEDIN 13 E stes dados se refletem no padrão de acesso às redes sociais, dos quais despreende-se também a existência de uma expressiva queda na prospecção de novas oportunidades profissionais.
  • 15. 14 % D E 0 A 1 0 O Q U A N T O V O C Ê A C R E D I TA Q U E O C O V I D - 1 9 V A I P R E J U D I C A R . . . ( 0 S I G N I F I C A N Ã O V A I P R E J U D I C A R N A D A E 1 0 V A I P R E J U D I C A R M U I T O ) U m caso que mapeamos é o dos entregadores de refeições que atendem ao iFood. 46% dos entregadores teve redução de renda (um índice elevado, mas menor do que o da média da população brasileira economicamente ativa) e cerca de 25% teve aumento de renda, durante a atual pandemia, tanto em função do aumento de pedidos, quanto em função do aumento de gorjetas. Este cenário está associado à maior exposição a outras pessoas e, assim, maior chance de contrair COVID-19, de modo que não pode ser visto como necessariamente positivo. Pesquisa nossa mostrou que os brasileiros acreditam que a pandemia irá prejudicar mais a economia brasileira do que a média da economia mundial; vai ser no mínimo duas vezes mais prejudicial às pequenas empresas do que às grandes; e vai afetar mais empregos do que renda. Dados de atividade econômica corroboram esse cenário (com maior queda histórica das últimas décadas sendo registrada no mês de abril). O IBGE aponta queda de 18,8%, 16,8% e 11,7% na indústria, comércio e serviços em abril, respectivamente. A taxa de desocupação, por sua vez, atingiu 11,4%, agravando ainda mais a crise financeira da família brasileira. As pessoas já lidam com um cenário alternativo ao do emprego para a geração de renda, o que se traduz em aumento no número de informais e autônomos.
  • 16. 1.2 B 1B 0.8B 0.6B 0.4B Mar 15 2020 Média móvel semanal (R$ nominal) Mar 29 Abr 12 Abr 26M ai 10 G A S T O S C O M C A R TÃ O D E C R É D I T O ( A R V ) A baixo, um gráfico referente aos gastos em cartão de crédito dá uma medida do impacto da queda de renda nos gastos recentes em cartão de crédito dos brasileiros. 15
  • 17. E L E V A D O R I S C O E X P O S I Ç Ã O A C I M A D A M É D I A E X P O S I Ç Ã O M O D E R A D A E X P O S I Ç Ã O G E R E N C I Á V E L Construção e Materiais de Construção, Produtos Químicos, Consumo, Manufaturados Diversos, Incorporação Imobiliária, Mídia e Entretenimento, Papel e Celulose, Real Estate, Shopping Centers, Transportes (excluindo Companhias Aéreas e Ferrovias), Serviços Ambientais. Autopeças, Aluguel de Frotas e Automóveis, Metais e Mineração, Varejo Não Alimentar e Especializados, Aeroespacial & Defesa. Companhias Aéreas, Jogos, Hospedagem e Lazer, Petróleo e Gas, Açúcar e Álcool. Serviços Diversos, Energia Elétrica, Alimentos, Bebidas & Tabaco, Saúde, Varejo de Alimentos, Gás Natural, Varejo Farmacêutico, Ferrovias, Tecnologia, Telecomunicações, Saneamento F O N T E : F I T C H R AT I N G S . A s empresas, por sua vez, vêm tendo quedas expressivas de faturamento, as quais ameçam a chance de permanecerem operacionais, ao longo dos próximos meses. A Fitch propôs uma maneira de categorizar os riscos setoriais da pandemia de COVID-19, a qual reproduzimos abaixo. 16
  • 18. No nosso ponto de vista, o comércio, que representa 11.7% do PIB, possui sentido estratégico para a preservação da qualidade de vida e será particularmente importante na retomada. Pesquisa da Câmera Americana de Comércio de 18/04 revelou que 71% dos seus sócios tiveram queda nas vendas, demanda e faturamento. O reflexo dessa queda se dá no aumento de falências e recuperações judiciais no País. Em maio houve aumento de 61,5% nas recuperações judiciais e de 30% nas decretações de falência. O Índice de Vendas do Comércio Varejista Brasileiro (Santander) registrou 25.1% de retração em relação ao mesmo mês do ano anterior. Este índice é construído a partir de dados transacionais de comerciantes que utilizam o adquirente Getnet. Neste domínio, os segmentos menos afetados foram supermercados e farmácias “exposição gerenciável”, na terminologia da Fitch), que permanecem críticos durante o confinamento, enquanto as maiores contrações se deram nas vendas de materiais de construção autopeças. Um levantamento da Nielsen junto a hipermercados, supermercados, mercadinhos locais e farmácias apontou um aumento de 12% no faturamento, em relação ao mesmo período do ano passado (03/2019-2020). É de se ter em mente, entretanto, que parte deste incremento deu-se pela lógica da estocagem de produtos, não tendo sustentabilidade. 17
  • 19. E studo da Confederação Nacional das Indústrias (04/05) revelou algo diverso: as maiores quedas teriam sido nas categorias de calçados (40% reduziram os gastos), roupas (37%) e cosméticos (32%). Apenas produtos de limpeza (68% do total) e higiene pessoal (56%) tiveram crescimento. Estes dados estão em consonância com os nossos, os quais reportamos abaixo. 18
  • 20. E coando o que diversos outros disseram, um entrevistado paulista resumiu a situação assim: “é momento de focar na saúde e sobrevivência das pessoas e de poupar, porque não se sabe quanto tempo a crise irá durar”. Como toda situação de exceção, esta aqui vem fazendo novos ganhadores entre as empresas que fornecem produtos ou serviços aderentes à situação constituída. O comércio eletrônico brasileiro assistiu a um crescimento de 32.6% no número de pedidos, o que se traduziu em faturamento corrigido de 26.7% maior, conforme levantamento feito pela Compre&Confie, em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico durante o mês de março. As vendas digitais de produtos de saúde cresceram 111%, enquanto perfumaria cresceu 83% e supermercados cresceram 80%. No mercado internacional, empresas de Biotech, webconferencing (como o Hangout do Google, que chegou a ter crescimento diário de 60%, em março e Zoom, que saltou de 10M para 220M usuários, entre 12/2019 e 03/2020), conteúdo digital (como a Netflix, que adquiriu mais de 15M de novos clientes neste ano) e entrega de comida (como a Rappi cuja operação brasileira cresceu mais de 300% neste ano) estão valendo significativamente mais do que antes da pandemia eclodir. 19
  • 21. N o Brasil e fora, muitos marketplaces de nicho estão sendo palco para picos de vendas. A Centauro, por exemplo, viu as vendas de alguns produtos crescerem mais de 10.000% neste ano. O mesmo se aplica aos marketplaces de eletroeletrônicos e diversos, que vêm assumir papel crescente no consumo das famílias, conforme se nota a partir do histórico recente de tráfego digital direcionado aos marketplaces do Magazine Luiza e Americanas. Esse aumento não significa que todas essas empresas estejam faturando mais do que antes da pandemia, é importante notar. De qualquer modo, as que tiveram quedas de faturando e valor de mercado, certamente estariam muito pior se não fossem suas operações digitais bem estruturadas. Em paralelo, há casos como o da Magalu, cujo valor de mercado aumentou significativamente, ultrapassando o do Banco do Brasil, entre outros titãs, em função do crescimento do seu marketplace que foi superior a 70%, durante este ano. F O N T E : h t t p : / / c o v i d . t e r o s p r i c i n g . c o m . b r / I N D I C A D O R D E T R Á F E G O E M S I T E S D E E - C O M M E R C E 20
  • 22. E studos clássicos de economia comportamental mostram que cenários negativos geram aversão ao risco. Quem planeja lançar produtos ou serviços deve esperar pois à abertura ao novo está em baixa. Da mesma maneira, as decisões que podem ter consequências de longo prazo estão sendo postergadas. A queda relevante nas vendas de imóveis, empresas e mesmo veículos expressam este fenômeno e não devem ser revertidas tão cedo. Por outro lado, também é fato que a demanda por bens duráveis está sendo represada. Uma pesquisa da Locomotiva (20/05) mostrou que os brasileiros que se enquadram no grupo de risco para COVID-19 (idosos e adultos com algumas condições específicas de saúde) pretendem comprar eletrodomésticos e outros bens, ao longo dos próximos doze meses. No cenário do novo normal, é de se esperar que estas aquisições ocorram primariamente através de marketplaces, reforçando tendências como a que já se observa em relação à Magalu. 21
  • 23. % I N T E N Ç A O D E C O M P R A S ( G R U P O D E R I S C O ) O isolamento social demonstrou forte disponibilidade da população brasileira de cortar supérfluos e focar no essencial. Em contraste com isso, a reabertura do comércio vem gerando fila e mostrando forte disposição do consumidor que passou meses com demandas represadas. Conforme a Locomotiva mostrou, a demanda represada por eletrodomésticos e móveis é crescente; não por acaso, estes são centrais para alguns dos principais marketplaces do país. 22
  • 24. Para fechar Um grande abraço e até breve! M uito em função da queda de renda e da necessidade de isolamento social que ditou o comportamento do país até este momento de virada, a economia e, em especial, o comércio vêm se comportando de maneira inusual. Com esta perspectiva em vista, cabe monitorar estes andamentos para que possamos encontrar o melhor acoplamento à situação atual e ao futuro. O Instituto Locomitiva segue comprometido com a produção de dados de pesquisa e análises capazes de ajudar você a chegar lá. 23
  • 25. Prof. Renato Meirelles Presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva e membro do conselho de professores do IBMEC, onde é responsável pela Cátedra de Pesquisa e Comportamento do Consumidor. Foi fundador do Data Favela e presidente do Data Popular, onde conduziu diversos estudos sobre o comportamento do consumidor emergente brasileiro, atendendo as maiores empresas do Brasil. Em 2012, Renato fez parte da comissão que estudou a Nova Classe Média Brasileira, na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Considerado um dos maiores especialistas em consumo e opinião pública do país, foi colaborador do livro “Varejo para Baixa Renda”, publicado pela Fundação Getúlio Vargas e autor dos livros “Guia para enfrentar situações novas sem medo” e  “Um País Chamado Favela”. Renato também é colunista da revista Brasileiros e da Exame.com. Prof. Carlos Júlio Sócio e head de Estratégia do Instituto Locomotiva. Membro dos conselhos de administração da Camil Alimentos, Aramis, IBMEC, GSA e CI-Central de Intercâmbios. Foi presidente de empresas como a Tecnisa, HSM e Polaroid do Brasil. Carlos Júlio é formado em administração de empresas, tendo estudado na Harvard Business School, London Business School e no IMD de Lausanne-Suiça. É Professor honorário do IBMEC e leciona na FIA/USP. É autor na área de gestão e negócios com oito livros publicados no Brasil e exterior, além de colunista da rádio CBN. Prof. Álvaro Machado Dias Sócio do Instituto Locomotiva, está à frente dos projetos de tecnologia e neurociências da empresa. É professor livre-docente de neurociências da Universidade Federal de São Paulo, especializado em processos decisórios. Autor de 100+ papers internacionais. Diretor do Centro de Estudos Avançados em Tomadas de Decisão. Fellow da Behavioral & Brain Sciences (Cambridge). Membro do Painel Global do MIT Tech Review Panel. Colunista do UOL (Visões do futuro). Mestre, Ph.D., Pós-doutor. Autores 24