O documento discute a arte medieval na Idade Média, com foco na arte bizantina. Aborda as raízes da arte cristã primitiva e características da arte paleocristã e bizantina, como a frontalidade e uso de símbolos. Também descreve ícones bizantinos, suas técnicas e convenções, e os mosaicos bizantinos, notadamente em Ravena, com temas religiosos que serviam à propaganda imperial.
3. ARTE BIZANTINA
• Os gregos foram os primeiros a se preocupar em
definir o que é a arte e a discorrer sobre as
emoções que a revelam. Essas emoções estão,
geralmente, ligadas a um conceito de beleza,
inter-relacionado com o meio social, com a
cultura, com o ambiente no qual a obra de arte
foi produzida. Por outro lado, a obra de arte
conecta-se com o meio social, a maturidade e a
cultura do espectador que absorve essa emoção
de forma sutil e pessoal.
4. ARTE BIZANTINA
• Vamos “aprendendo”, durante a vida, a
reconhecer a emoção emanada de sons,
cores, movimentos, expressões, palavras.
Observamos que, em muitas sociedades
antigas, como no Egito, essas emoções tinham
origem na religião. É possível imaginar a
emoção de um egípcio diante do palácio ou
do túmulo do representante de Deus na terra,
materializado na figura do faraó.
5. ARTE BIZANTINA
• Um quadro como “A Anunciação”, de Fra
Angélico, com uma virgem Maria recolhida e
amável, pode provocar uma grande explosão
de beleza em um devoto cristão. No
entanto, para um agnóstico, a beleza do
quadro pode estar no conteúdo histórico que
a peça incorpora ou na composição formal e
conceitual elaborada em um determinado
estilo artístico.
7. ARTE BIZANTINA
• A arte medieval é, portanto, um mergulho na
emoção religiosa em busca da expressão de uma
estética religiosa, divina, que nos revela os
valores, a beleza de um tempo em um espaço. Para
facilitar o estudo e a compreensão mais
esquemática dos acontecimentos desse período, os
historiadores consideram que a Idade Média teve
início com a desintegração do Império Romano do
Ocidente, no século V (476 d. C), e teria terminado
com a queda de Constantinopla no século XV (1453
d. C).
8. ARTE BIZANTINA
• A religião do Império Romano era
politeísta, eles adoravam uma grande
quantidade de deuses, a maioria deles
importados da religião grega e rebatizados
com nomes latinos. A doutrina do
cristianismo se opôs, imediatamente, ao
tradicional culto romano aos deuses e aos
imperadores, encontrando grande
repercussão entre os pobres e escravos.
9. ARTE BIZANTINA
Inicialmente, a doutrina cristã foi combatida
com violência e brutalidade, e muitos
pesquisadores afirmam que diversos cristãos
perderam a vida em sangrentos espetáculos
nas arenas romanas. Devido às constantes
perseguições romanas, os primeiros cristãos
enterravam seus mortos em profundas galerias
denominadas catacumbas.
11. Devido às constantes perseguições romanas,
os primeiros cristãos enterravam seus mortos
em profundas galerias denominadas
catacumbas. Os mártires eram, porém,
sepultados em locais maiores, que receberam,
em seu teto e em suas paredes, as primeiras
pinturas dos anônimos artistas cristãos .
Pinturas de parede e teto da catacumba de
SS. Pedro e Marcelino – Roma.
12. ARTE BIZANTINA
A arte paleocristã tinha por características:
Temas: religiosos.
Pintura:
- Aspecto sombrio.
- Representações cristãs e Jesus Cristo.
- Configuração rústica e simples.
- Sem técnica de desenho (simples e pobres).
- Pouca variação cromática: preto, vermelho, roxo e
marrom; raramente o azul.
- Composições planas e lineares sem qualquer noção
de perspectiva.
13. ARTE BIZANTINA
A pintura cristã, especialmente na primeira
época (paleocristã), limitava-se à representação
de símbolos utilizados, como numa espécie de
código secreto, pelos primeiros cristãos.
• A cruz – símbolo do sacrifício de Cristo.
• A palmeira – símbolo do martírio.
• A âncora – símbolo da salvação.
• O peixe – símbolo que representava Jesus.
14.
15. ARTE BIZANTINA
• Com o tempo, a pintura cristã começou a incorporar
cenas do Antigo e Novo
Testamentos, tendo, porém, como tema preferido, a
representação de Jesus Cristo como Bom Pastor. Jesus
era representado como um jovem, sem barba e com
cabelos curtos, vestido em trajes simples declara
influência romana. A mãe do Cristo era representada
em maneira diferente da atual, sua aparência
lembrava a de uma matrona romana vestida de
maneira simples. O véu e a auréola (elementos
simbólicos que remetem à castidade e à santidade)
seriam introduzidos mais tarde.
17. ARTE BIZANTINA
À medida que o império se deteriorava, e
os novos cultos exigiam, o Imperador
Constantino converteu-se, liberando o
culto cristão em todos os domínios
romanos por meio do Édito de Milão. O
cristianismo passou a ser a religião oficial
do Império Bizantino.
18. ARTE BIZANTINA
• Em 330, o imperador Constantino I (c.272-
337) mudou o centro do Império Romano de
Roma para Constantinopla (antiga
Bizâncio, hoje Istambul, Turquia). A mudança
teria graves consequências para o mundo das
artes e da arquitetura. Constantinopla servia
de entreposto para várias rotas comerciais
que ligavam a Europa ao Oriente, tornando-
se então um poderoso centro cultural e
artístico romano.
19. ARTE BIZANTINA
• A arte Bizantina se desenvolveu ao longo de
mais de mil anos e se caracterizou por
misturar o classicismo grego e a arte romana
com a tendência oriental à alegoria, e por um
predomínio cada vez maior dos ritos cristãos.
A estética da arte bizantina evoluiu
constantemente durante esse período
começando com a primeira era de ouro do
início da arte bizantina, que durou da
fundação da nova capital até o século VIII.
20. ARTE BIZANTINA
• Com que objetivo a arte bizantina, assim
como a egípcia, seguia determinadas
convenções?
• Egito – frontalidade / relação arte e religião.
• Expressar a autoridade absoluta do
Imperador como representante de Deus e
dotado de poderes espirituais.
• E quais foram as linguagens e convenções? –
pintura, escultura e mosaicos.
21. ARTE BIZANTINA
A produção artística de Bizâncio,
profundamente ligada ao cristianismo, tinha
como um importante objetivo: expressar a
autoridade do imperador considerado pelo
povo um ser sagrado, um representante de
Deus na terra, com poderes temporais e
espirituais.
23. O imperador aparece no centro do
mosaico, com uma aureola
representando seu poder teocrático e
uma vasilha de ouro em suas mãos
usada para distribuir os pães da
comunhão, enquanto ele celebra a
missa ao lado de membros do clérigo
e de seu exército. Unindo
Igreja, Estado e o povo, o mosaico
serviu como uma poderosa peça de
propaganda para o imperador, que
tentava conquistar o coração e a
mente daqueles que estavam sob seu
domínio.
24. ARTE BIZANTINA
Havia uma controvérsia que dividia as Igrejas
do Ocidente e Oriente a respeito do uso de
pinturas e entalhes na vida religiosa. O que
levou à arte bizantina a um período de
iconoclastia, tornando ilegal o uso de qualquer
imagem de Cristo e da Virgem e de santos em
forma humana, justificando assim a destruição
dessas imagens.
25. ARTE BIZANTINA
Após um longo período, em 843, as imagens
humanas foram liberadas e retornaram às
igrejas reforçando ainda mais o seu caráter
majestoso, cujo o objetivo era exprimir poder e
riqueza, dando lugar à uma arte mais abstrata e
decorativa, na qual as cores vibrantes e o
simbolismo ressonante eram usados para criar
uma atmosfera mística.
26.
27.
28. OS ÍCONES BIZANTINOS
Ícone, em grego, significa imagem. Os ícones
eram quadros que representavam figuras
sagradas como o Cristo, a Virgem, os
apóstolos, mártires e santos. Encontrados em
igrejas e oratórios familiares, mantendo-se
muito tempo como expressão artística
religiosa. As principais técnicas empregadas: a
têmpera e a encáustica.
29. OS ÍCONES BIZANTINOS
As características formais dos ícones
retomavam a rigidez egípcia e a construção
simétrica central. A utilização da frontalidade
permitia uma “leitura” mais fácil e abrangente
dos corpos e dos rostos
pintados, proporcionando uma identificação do
espectador com a imagem e uma compreensão
mais clara da mensagem implícita na obra
proposta.
30. Ícone de São Nicolau. São Miguel, Museu Cristão e
Bizantino, Atenas.
31. OS ÍCONES BIZANTINOS
Os ícones foram importantes meios de
comunicação e de afirmação dos poderes
temporal e secular da época; revelaram
também a sensibilidade criativa de um
momento que estabeleceu rígidas regras, não
somente para a vida comunitária, mas,
também, para a representação de um processo
imaginário necessário na busca de uma
identidade espiritual coletiva.
32. OS ÍCONES BIZANTINOS
• Técnica da têmpera: Essa técnica consiste em misturar
os pigmentos a uma goma orgânica para facilitar a
fixação das cores à superfície do suporte. A
substância mais comumente usada é a gema do ovo,
que torna as cores mais brilhantes e luminosas.
• Técnica da encáustica: Já os antigos gregos utilizavam
essa técnica para cobrir suas esculturas em mármore.
O processo consiste em diluir os pigmentos em cera
derretida e aquecida no momento de sua aplicação.
Essa técnica torna a pintura semifosca.
34. Cristo Pantocrator do Sinai, feito em
encáustica sobre madeira - podemos
observar que o semblante é um retrato
concreto, mas na fisionomia prevalece
um senso de contemplação e paz. O
olhar é pensativo e vívido, a pose é
natural. No fundo, nota-se uma
construção de arquitetura helênica.
35. OS ÍCONES BIZANTINOS
• Rigidez egípcia
• Construção simétrica central
• Pintados sobre pequenos painéis de madeira.
• Os seres humanos eram representados de maneira própria, de acordo
com os valores da época.
• FRONTALISMO / POSIÇÃO ¾ (leva o observador a uma atitude de
respeito e veneração).
• HIERATISMO e a TÉCNICA DA PERSPECTIVA INVERTIDA (critérios
associados à importância religiosa) – desproporção entre as figuras.
• ISOCEFALIA - Seguindo esta convenção, todos os caracteres devem ter a
sua cabeça na mesma altura, localizada na mesma linha.
• ISODATILIA – dedos das mãos iguais. - mãos expressam sofrimento e
perdão.
36. A virgem e o menino em majestade
rodeados de seis anjos.
37. OS MOSAICOS
Uma das mais importantes formas de
expressão, o mosaico, surgiu durante os séculos
V e VI em Bizâncio e na cidade italiana de
Ravena. Os mosaicos eram produzidos para
impulsionar a propagação da nova religião
oficial, o cristianismo. O
tema, portanto, era, essencialmente, religioso,
mostrando Cristo como mestre e senhor (Cristo
Majestade).
38. OS MOSAICOS
• A técnica da arte musiva consiste na colocação
de tesselas, que são pequenos fragmentos de
pedras, como mármore e granito moldados com
tagliolo e martellina, pedras semipreciosas,
pastilhas de vidro, seixos e outros materiais,
sobre qualquer superfície. Nos dias de hoje, o
mosaico ressurgiu, despertando grande
interesse, sendo cada vez mais utilizado,
artisticamente, na decoração de ambientes
interiores e exteriores.
39.
40. OS MOSAICOS
Obs: O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina
e, não se destinando somente a decorar as paredes e
abóbadas, serve também de fonte de instrução e guia
espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de
Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores.
Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos
mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas
diferentes e seguem convenções que regem também os
afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas
de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a
perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é
utilizado em abundância, pela sua associação a um dos
maiores bens materiais: ouro.
41. OS MOSAICOS
• Uma nova linguagem figurativa, elaborada a
partir das linhas e da ausência de
profundidade de espaço, surgiu em Bizâncio.
As figuras eram, rigidamente, frontais (pois a
postura rígida da figura leva o espectador a
uma atitude de respeito e veneração) e
simétricas, enquanto os traços do rosto eram
o resultado de uma codificação abstrata que
se repetia em cada figura retratada.
42.
43. Mosaico da Rainha Teodora -
Teodora e suas aias avançam em
procissão em direção ao Cristo.
Carrega um cálice encrustado de
joias e está coberta de adereços
majestosos. Dois dignitários a
procedem na igreja, na frente da
qual está uma requintada fonte. Os
rostos nobres de grandes olhos e
cores magníficas são a essência da
arte gloriosa de Bizâncio.
44.
45. OS MOSAICOS
A utilização do claro-escuro foi, aos poucos,
desaparecendo, e as imagens perderam seu
volume. Para reproduzir os detalhes
anatômicos ou os pregueados das vestes, eram
utilizadas linhas e outros sinais gráficos cada
vez mais simplificados. Foram simplificados,
também, os fundos arquitetônicos, o espaço do
céu foi substituído por uma superfície dourada,
que se tornou o esplendoroso símbolo da luz
divina.
46.
47. OS MOSAICOS
Símbolos, como a auréola (herança
oriental), foram utilizados na representação do
imperador, ressaltando sua conotação sagrada.
A representação do Cristo tornou-se a
representação de um rei (Cristo
Majestade), adotando as características das
personalidades imperiais da época
estabelecendo, dessa maneira, uma relação
entre o poder temporal e o poder secular.
49. Não se sabe quem foi o arquiteto responsável pela basílica. Ela
combina elementos romanos e bizantinos. Tem desenho octogonal
e mosaicos espetaculares no seu interior, que representam
sacrifícios do Velho Testamento e retratos de quatro evangelistas.
Seu valor é enorme por ser o único grande templo bizantino que
permanece intacto até os dias de hoje.
50. Acima, mosaico com Cristo, São Vital recebendo uma coroa de mártir, dois
anjos e o bispo Eclesius que começou a construir a igreja. Nas laterais.
mosaico com Justiniano I (à esquerda) e com a Imperatriz Teodora (à direita).
51. Teto com vários detalhes em formas geométricas que lembram
a cruz torta da suástica, que já foi usada até por Hitler, mas em
sânscrito significa felicidade, prazer e boa sorte.