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CADERNOSDESEGURO
6
Entrevista
O novo desafio em seguros
Piratas do asfalto
Especialistas em seguros para transportes de cargas, João Carlos Folegatti e Omar
Mendoza nos dão um panorama de como o mercado de seguros está lidando
com o crescente número de sinistros nessa modalidade. Os estados de São Paulo
e Rio de Janeiro concentram 87,8% das ocorrências de roubo de cargas no Brasil,
segundo dados apurados pelas Secretarias de Segurança em 2016.
Nesta entrevista para a Cadernos de Seguro, os executivos ressaltam que esse tipo
de crime gera não apenas prejuízos financeiros a toda cadeia de suprimentos, mas
também colabora para o aumento dos riscos de danos ambientais decorrentes de
acidentes com veículo transportador ou local inadequado para armazenamento:
"Nesses casos, sugerimos reforçar as ações de inteligência ao longo de toda a
cadeia e não apenas durante o trânsito da carga", afirmam.
João Carlos Folegatti
e Omar Mendoza
DIRETOR DE SINISTROS E DIRETOR DE MARINE DA CHUBB SEGUROS
POR VERA DE SOUZA (COLABORAÇÃO DE MARIANA SANTIAGO)
FOTOS ÉDI PEREIRA
CADERNOSDESEGURO
7
Cadernos de Seguro: Em 2016, o roubo de cargas
disparou nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo,
registrando 87,8% das ocorrências no Brasil, segundo
dados das Secretarias de Segurança. Desde que tais
números começaram a ser contabilizados, em 1992,
vemos que esse tipo de ocorrência atingiu um recor-
de histórico. Como os senhores avaliam esse cenário?
João Carlos Folegatti: Em São Paulo, temos observa-
do um aumento substancial nas ocorrências de rou-
bo de carga, e isso aconteceu conforme a economia
brasileira retrocedeu. O processo evidenciou uma de-
manda crescente por produtos oriundos do desvio de
mercadoria, que apresentam custos mais reduzidos.
Na região, percebemos uma atuação cada vez mais
rápida e eficiente por parte das quadrilhas, o que pro-
voca dificuldades cada vez maiores para a prevenção
e recuperação das cargas. No Rio de Janeiro, o roubo
de carga está associado com o poderio bélico utiliza-
do por traficantes que dominam áreas específicas da
capital e Baixada Fluminense. Esses grupos teriam uma
nova fonte de recursos no desvio de mercadorias.
Nos eventos de roubos nessa região raramente ob-
servamos um confronto com os marginais. Isso prati-
camente inviabiliza a recuperação das cargas, tendo
em vista que, em poucos minutos, o veículo que con-
tém a mercadoria é levado a um local de difícil acesso
e totalmente dominado por bandos bem armados.
As organizações
precisam,
internamente, mudar
processos e culturas,
desde a contratação dos
motoristas até a implementação
de medidas preventivas no
gerenciamento de risco.
OMAR MENDOZA
A despeito do grande crescimento do roubo de car-
gas, verificamos que a forma de se praticar esse tipo
de crime pouco mudou nos últimos anos. O plane-
jamento dos ataques continua baseado no acesso
prévio às informações dos embarques, o uso de
jammers (aparelhos que neutralizam os sinais de
GPS e GPRS, além do rastreador via satélite), abor-
dagem do veículo durante o trânsito mais pesado
ou nas paradas e retenção dos motoristas até escoa-
mento do produto espoliado.
Tanto no Rio quanto em São Paulo, os itens mais vi-
sados são aqueles facilmente negociados na infor-
malidade, com destaque para alimentos, bebidas,
cigarros, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos e
químicos, têxteis, autopeças e combustíveis.
Cadernos: Em consequência desse cenário que co-
loca o Brasil como um dos países mais perigosos na
circulação de mercadorias, ficando atrás somente de
locais como a Síria, Líbia, Afeganistão, Iêmen e Su-
dão do Sul, como mostra o recente estudo feito pelo
Joint Cargo Committee – que reúne representantes
do Lloyd´s e da Internacional Underwriting Associa-
tion (IUA) interessados no transporte de carga por via
marinha e terrestre –, o valor do seguro disparou e
CADERNOSDESEGURO
8
Entrevista
algumas transportadoras apontam que as segurado-
ras não têm mais interesse nesse tipo de negociação.
Podemos afirmar que isso vem ocorrendo? Vocês fo-
ram muito afetados por tal situação?
Omar Mendoza: O roubo de cargas recebeu novos
atores, com os seus respectivos modus operandi. En-
tre outras novidades, observamos que as quadrilhas
utilizam as gerações mais recentes de jammers, mais
potentes e de maior espectro. Esses e outros novos
riscos devem ser levados em conta pela gestão nas
empresas. Assim, as organizações precisam, interna-
mente, mudar processos e culturas, desde a contrata-
ção dos motoristas até a implementação de medidas
preventivas no gerenciamento de risco.
É necessário observar que os valores referentes aos
produtos roubados representam apenas parte dos
danos à cadeia de suprimento. Isso porque o crime
também gera prejuízos por interrupção da produção,
falha na entrega ao ponto de venda e aumento do
risco de contaminação dos itens (com consequentes
danos por responsabilidade civil). Também há o au-
mento dos riscos de danos ambientais decorrentes
de acidentes com veículo transportador ou local ina-
dequado para armazenamento da carga.
Cadernos: Quais medidas estão sendo tomadas, em
conjunto com outros agentes, para reverter esse cenário?
JCF: Quando possível, a seguradora sugere proteger
o fluxo de informações e reforçar as ações de inteli-
gência ao longo de toda a cadeia de suprimentos, e
não apenas durante o trânsito da carga. Em geral, nós
prestamos consultoria para os clientes e parceiros na
adoção das melhores práticas de prevenção dos riscos,
sejam eles novos ou antigos. Nesse sentido, a segura-
dora cumpre o papel de indutora de desenvolvimento
de metodologias e tecnologias para a gestão de riscos,
incluindo os roubos de carga. Para tal, estamos sempre
acompanhando o mercado e a evolução das sistema-
tizações, dispondo de profissionais capacitados para
avaliar a validade e viabilidade das propostas.
OM: Investimos também em métodos capazes de tor-
nar o seguro mais atraente e demonstrar sua necessida-
de, como uma análise de risco mais assertiva, de modo
a detalhar a operação do segurado e em conjunto com
os diversos players do processo. A partir disso, costuma-
mos sugerir medidas adequadas a cada risco encontra-
do. Fazemos isso por meio de equipes específicas para
cuidar das áreas de gerenciamento de risco, subscrição
e sinistros qualificados, as quais exigem que tanto cor-
retores quanto segurados estejam cientes da situação
do país e tenham comprometimento com o melhora-
mento de tais processos. 
A seguradora
cumpre o
papel de indutora
de desenvolvimento
de metodologias e
tecnologias para a gestão
de riscos, incluindo os
roubos de carga.
JOÃO CARLOS FOLEGATTI
CADERNOSDESEGURO
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Novo desafio em seguros: Piratas do asfalto

  • 2. O novo desafio em seguros Piratas do asfalto Especialistas em seguros para transportes de cargas, João Carlos Folegatti e Omar Mendoza nos dão um panorama de como o mercado de seguros está lidando com o crescente número de sinistros nessa modalidade. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro concentram 87,8% das ocorrências de roubo de cargas no Brasil, segundo dados apurados pelas Secretarias de Segurança em 2016. Nesta entrevista para a Cadernos de Seguro, os executivos ressaltam que esse tipo de crime gera não apenas prejuízos financeiros a toda cadeia de suprimentos, mas também colabora para o aumento dos riscos de danos ambientais decorrentes de acidentes com veículo transportador ou local inadequado para armazenamento: "Nesses casos, sugerimos reforçar as ações de inteligência ao longo de toda a cadeia e não apenas durante o trânsito da carga", afirmam. João Carlos Folegatti e Omar Mendoza DIRETOR DE SINISTROS E DIRETOR DE MARINE DA CHUBB SEGUROS POR VERA DE SOUZA (COLABORAÇÃO DE MARIANA SANTIAGO) FOTOS ÉDI PEREIRA CADERNOSDESEGURO 7
  • 3. Cadernos de Seguro: Em 2016, o roubo de cargas disparou nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, registrando 87,8% das ocorrências no Brasil, segundo dados das Secretarias de Segurança. Desde que tais números começaram a ser contabilizados, em 1992, vemos que esse tipo de ocorrência atingiu um recor- de histórico. Como os senhores avaliam esse cenário? João Carlos Folegatti: Em São Paulo, temos observa- do um aumento substancial nas ocorrências de rou- bo de carga, e isso aconteceu conforme a economia brasileira retrocedeu. O processo evidenciou uma de- manda crescente por produtos oriundos do desvio de mercadoria, que apresentam custos mais reduzidos. Na região, percebemos uma atuação cada vez mais rápida e eficiente por parte das quadrilhas, o que pro- voca dificuldades cada vez maiores para a prevenção e recuperação das cargas. No Rio de Janeiro, o roubo de carga está associado com o poderio bélico utiliza- do por traficantes que dominam áreas específicas da capital e Baixada Fluminense. Esses grupos teriam uma nova fonte de recursos no desvio de mercadorias. Nos eventos de roubos nessa região raramente ob- servamos um confronto com os marginais. Isso prati- camente inviabiliza a recuperação das cargas, tendo em vista que, em poucos minutos, o veículo que con- tém a mercadoria é levado a um local de difícil acesso e totalmente dominado por bandos bem armados. As organizações precisam, internamente, mudar processos e culturas, desde a contratação dos motoristas até a implementação de medidas preventivas no gerenciamento de risco. OMAR MENDOZA A despeito do grande crescimento do roubo de car- gas, verificamos que a forma de se praticar esse tipo de crime pouco mudou nos últimos anos. O plane- jamento dos ataques continua baseado no acesso prévio às informações dos embarques, o uso de jammers (aparelhos que neutralizam os sinais de GPS e GPRS, além do rastreador via satélite), abor- dagem do veículo durante o trânsito mais pesado ou nas paradas e retenção dos motoristas até escoa- mento do produto espoliado. Tanto no Rio quanto em São Paulo, os itens mais vi- sados são aqueles facilmente negociados na infor- malidade, com destaque para alimentos, bebidas, cigarros, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos e químicos, têxteis, autopeças e combustíveis. Cadernos: Em consequência desse cenário que co- loca o Brasil como um dos países mais perigosos na circulação de mercadorias, ficando atrás somente de locais como a Síria, Líbia, Afeganistão, Iêmen e Su- dão do Sul, como mostra o recente estudo feito pelo Joint Cargo Committee – que reúne representantes do Lloyd´s e da Internacional Underwriting Associa- tion (IUA) interessados no transporte de carga por via marinha e terrestre –, o valor do seguro disparou e CADERNOSDESEGURO 8 Entrevista
  • 4. algumas transportadoras apontam que as segurado- ras não têm mais interesse nesse tipo de negociação. Podemos afirmar que isso vem ocorrendo? Vocês fo- ram muito afetados por tal situação? Omar Mendoza: O roubo de cargas recebeu novos atores, com os seus respectivos modus operandi. En- tre outras novidades, observamos que as quadrilhas utilizam as gerações mais recentes de jammers, mais potentes e de maior espectro. Esses e outros novos riscos devem ser levados em conta pela gestão nas empresas. Assim, as organizações precisam, interna- mente, mudar processos e culturas, desde a contrata- ção dos motoristas até a implementação de medidas preventivas no gerenciamento de risco. É necessário observar que os valores referentes aos produtos roubados representam apenas parte dos danos à cadeia de suprimento. Isso porque o crime também gera prejuízos por interrupção da produção, falha na entrega ao ponto de venda e aumento do risco de contaminação dos itens (com consequentes danos por responsabilidade civil). Também há o au- mento dos riscos de danos ambientais decorrentes de acidentes com veículo transportador ou local ina- dequado para armazenamento da carga. Cadernos: Quais medidas estão sendo tomadas, em conjunto com outros agentes, para reverter esse cenário? JCF: Quando possível, a seguradora sugere proteger o fluxo de informações e reforçar as ações de inteli- gência ao longo de toda a cadeia de suprimentos, e não apenas durante o trânsito da carga. Em geral, nós prestamos consultoria para os clientes e parceiros na adoção das melhores práticas de prevenção dos riscos, sejam eles novos ou antigos. Nesse sentido, a segura- dora cumpre o papel de indutora de desenvolvimento de metodologias e tecnologias para a gestão de riscos, incluindo os roubos de carga. Para tal, estamos sempre acompanhando o mercado e a evolução das sistema- tizações, dispondo de profissionais capacitados para avaliar a validade e viabilidade das propostas. OM: Investimos também em métodos capazes de tor- nar o seguro mais atraente e demonstrar sua necessida- de, como uma análise de risco mais assertiva, de modo a detalhar a operação do segurado e em conjunto com os diversos players do processo. A partir disso, costuma- mos sugerir medidas adequadas a cada risco encontra- do. Fazemos isso por meio de equipes específicas para cuidar das áreas de gerenciamento de risco, subscrição e sinistros qualificados, as quais exigem que tanto cor- retores quanto segurados estejam cientes da situação do país e tenham comprometimento com o melhora- mento de tais processos.  A seguradora cumpre o papel de indutora de desenvolvimento de metodologias e tecnologias para a gestão de riscos, incluindo os roubos de carga. JOÃO CARLOS FOLEGATTI CADERNOSDESEGURO 9