Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Grandes riscos: critérios de seleção e aceitação, o que fazer?
1. Grandes riscos: critérios de seleção e aceitação, o
que fazer?
Robert Bittar
Presidente – Escola Nacional de Seguros
2. Grandes riscos no Brasil
Não há uma definição formal de “grandes riscos” como no caso da UE.
Entretanto, da prática do mercado, entende-se que são as apólices que cobrem
essencialmente os ramos:
• Aeronáutico
• Marítimos
• Transportes
• Garantia
• Riscos de Engenharia
• Riscos de Petróleo
• RC Geral
• Riscos Operacionais
• Riscos Nomeados
• Riscos Diversos
• Lucros Cessantes
• Frotas de autoveívulos
• Ambiental
• Incêndio (empresarial)
3. Diferenças para riscos catastróficos
Catástrofes são a) eventos infrequentes que b) causam perdas ou
danos materiais severos para uma grande população e c) cujos
sinistros estão correlacionados.
A maioria dos sinistros de seguros de grandes riscos são de
valores elevados, mas previsíveis e independentes entre si.
Catástrofes constituem riscos financeiros significativos para as
seguradoras, incluindo risco de insolvência; os grandes riscos são
de mais fácil gerenciamento e de menor risco relativamente às
catástrofes.
4. Diferenças para riscos “comuns”
Importâncias seguradas e prêmios dos grandes riscos são bem
maiores em média que dos riscos de pequeno porte.
Grandes riscos são também mais diversos e com maior variedade
de eventos cobertos que os riscos comuns.
Em grandes riscos é menos provável que as propostas contenham
toda a informação vital para seleção e aceitação. Daí que um
ingrediente chave na avaliação dos grandes riscos é a inspeção
prévia ou de controle por engenheiros qualificados.
As apólices de grandes riscos são mais difíceis de padronizar, daí a
necessidade de cláusulas particulares como forma de melhor
contemplar as necessidade do contratante e delimitar as
responsabilidades da contratada.
5. Consequências (I)
Como em todos os seguros, a subscrição se baseia em dois princípios
básicos: a Lei dos Grandes Números e pró-seletividade.
Daí subscrever grande número de riscos independentes a um preço igual
a perda esperada mais uma margem para despesas e lucro. E selecionar
riscos que têm menores chances de sinistro, assim, aumentando o lucro.
A individualidade, diversidade e complexidade dos grandes riscos torna a
tarefa acima desafiadora e tende a fazer com que os subscritores
apliquem grau considerável de subjetividade na seleção e aceitação.
Clientes corporativos são mais sofisticados e esperam das seguradoras
não apenas soluções de seguro customizadas como também assessoria
em prevenção e gerenciamento de riscos.
6. Consequências (II)
Os sinistros tem regulação complexa (“cauda longa”), podem se estender
para fora dos espaços nacionais e ser instáveis no tempo. Daí a
necessidade de mais capacidade via resseguro e franquias.
Riscos declináveis são uma possibilidade, pela especificidade e maior
valor dos riscos e sua potencial instabilidade no tempo, podendo levar a
uma percepção de alta sinistralidade.
A regulação tende a ser menos forte, pois entende-se que falta ao
segurado típico, por seu porte, a característica de hipossuficiência dos
seguros massificados.
A concentração é um fato nesta parte do mercado: seguradoras grandes
e especializadas tendem a se relacionar com os mesmos relativamente
poucos corretores especializados por longo tempo.
7. Consequências (III)
A cobertura de grandes riscos é geralmente feita por várias seguradoras em
conjunto, exigindo alta capacidade de corretores especializados na
coordenação desse processo.
Daí que o papel dos corretores é essencial: eles precisam ter grande
competência técnica, particularmente, em seguros complexos de riscos
industriais, RC, cascos marítimos e aeronáuticos e transporte.
Além da colocação de seguros ao melhor custo-benefício, tais corretores
também ajudam seus clientes no gerenciamento de riscos, controle de
perdas, administração de sinistros, gestão de ativos financeiros etc.
Nesse nicho de mercado, os corretores têm mais conhecimento do perfil de
risco dos clientes que as seguradoras. E podem reduzir o problema da
assimetria informacional ajudando as seguradoras a evitar a seleção
adversa e o risco moral.
8. Panorama do mercado de grandes riscos no Brasil
2015 2014 2013
LUCROS CESSANTES 123 121 100 1% 21%
RISCOS DE ENGENHARIA 504 578 676 -13% -15%
RISCOS DIVERSOS 1.658 1.416 1.285 17% 10%
Riscos Nomeados e Operacionais 2.598 2.303 1.953 13% 18%
RISCOS DE PETRÓLEO 413 562 720 -27% -22%
R. C. Riscos Ambientais 43 41 38 5% 8%
R. C. Geral 872 812 778 7% 4%
Marítimos (Cascos) 235 214 207 10% 4%
Aeronáuticos (cascos) 298 245 204 22% 20%
TRANSPORTE NACIONAL 737 844 839 -13% 1%
TRANSPORTE INTERNACIONAL 507 502 517 1% -3%
Garantia Segurado - Setor Público 1.481 916 785 62% 17%
Garantia Segurado - Setor Privado 177 277 235 -36% 18%
Total 9.646 8.833 8.338 9,2% 5,9%
% sobre Total Seg. Gerais 14,0% 13,5% 14,6% 0,5% -1,1%
Sinistralidade 71,7% 58,7% nd 13,0% -
Prêmio Direto - R$ milhões
Ramo cresc % 15/14 cresc % 14/13
Fonte: Susep
10. Mudanças nas Empresas líderes – 10 maiores
2015 2014 2013
1 CHUBB ITAU SEGUROS ITAU SEGUROS
2 MAPFRE SEGUROS GERAIS MAPFRE SEGUROS GERAIS ALLIANZ SEGUROS
3 TOKIO MARINE SEGURADORA ALLIANZ SEGUROS MAPFRE SEGUROS GERAIS
4 ALLIANZ SEGUROS TOKIO MARINE SEGURADORA ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS
5 ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS ACE SEGURADORA
6 BRADESCO AUTO/RE ACE SEGUROS SOLUÇÕES CORP. J. MALUCELLI SEGURADORA
7 AIG SEGUROS BRASIL BRADESCO AUTO/RE BRADESCO AUTO/RE
8 PAN SEGUROS ACE SEGURADORA TOKIO MARINE SEGURADORA
9 YASUDA MARÍTIMA SEGUROS ALIANÇA DO BRASIL SEGUROS ROYAL & SUNALLIANCE
10 ACE SEGURADORA J. MALUCELLI SEGURADORA ALIANÇA DO BRASIL SEGUROS
Mrkt Shr 61% 63% 68%
Empresas líderes
11. EUA: Corretores X Risco
http://www.insurancejournal.com/downloads/WhartonStudy_2005.05.20.pdf
12. Brasil: distribuição da receita das corretoras
“Estudo Socioeconômico das Empresas Corretoras de Seguros”, Fenacor, 2015.
16%
13. Ramos de seguros nas carteiras das corretoras
“Estudo Socioeconômico das Empresas Corretoras de Seguros”, Fenacor, 2015.
14. Desafios
Qualificar melhor subscritores e corretores : este é um mercado
onde a individualidade, complexidade e diversidade é a norma. O
processo de seleção e aceitação bem como de regulação de
sinistros exige alta qualificação de todos os participantes.
Aperfeiçoar o resseguro: pelas razões acima e pelo maior volume
de prêmios e sinistros, o apoio do resseguro com maior aceitação
de riscos, coberturas e preços adequados é essencial.
Melhorar a regulação: aqui a legislação faz pouca diferenciação de
clausulado entre risco pequeno e grande, engessando o mercado
com exigências dispensáveis.
Retomar os investimentos em Infraestrutura: inevitável no futuro,
mas atualmente bloqueados pela crise nacional.
16. Anexo: grandes riscos na Europa
Segundo a Diretiva da UE sobre “Non-Life Insurance” 88/357, “grandes riscos’’
são classificados como os que cobrem:
Aeronaves, navios (em mar, lago, rio e canal), material ferroviário,
mercadorias em trânsito (incluindo bagagens e quaisquer outros bens);
Crédito e garantia, em que segurado realiza atividade industrial, comercial ou
serviços, e os riscos relativo a essas atividades;
Incêndio, forças da natureza e outros danos à propriedade empresarial,
responsabilidade civil geral, perda financeira e riscos diversos na medida em
que o segurado exceda os limites de pelo menos dois dos três critérios:
a) total do balanço: 6,2 milhões de euros,
b) volume de negócios líquido: 12,8 milhões de Euros,
c) número médio de empregados durante o exercício: 250.