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Paulo César de Araújo
O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL.
O CASO EMPRESA X TRANSPORTES DE CARGA
Trabalho de conclusão de curso de Administração de
Empresas com Habilitação em Logística e Varejo da
Faculdade Novos Horizontes.
Orientador: Prof. Marcone Paulo Rodrigues
Belo Horizonte
2008
2
O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL.
O caso da empresa de transportes X1
apresenta a administração de seguros,
procedimentos de gerenciamento de riscos e sinistros como medidas exigidas pelas
seguradoras para garantir as indenizações de sinistros de transportes de carga. O
gerenciamento de risco tem a finalidade de reduzir riscos para minimizar os sinistros,
mantendo o equilíbrio no resultado da carteira de seguros até o fim da vigência.
Esse equilíbrio é medido pelo histórico de Sinistro x Prêmio pago e demonstra no
final do período o interesse que a seguradora terá na renovação ou cancelamento
do seguro.
1 APRESENTAÇÃO
Fundada em 1971, a empresa iniciou suas atividades como empresa regional e em
1976 passou a atuar nacionalmente com foco no setor siderúrgico. Na década de 80,
se tornou líder no setor de transportes neste segmento onde mantém esta posição.
A empresa também atua nos segmentos de carga automobilístico auto peças, peças
e máquinas industriais, agrícolas entre outros.
Nos últimos 10 anos, a receita da empresa cresceu 10 vezes mais, com
crescimento médio de 30% ao ano. Em 1989 iniciou a operação de transportes
internacionais para os países do conesul2
, com participação crescente nos mercados
de transportes Argentino, Chileno e Uruguaio.
Atualmente possui 26 filiais nacionais e 24 pontos de apoio 3
de operação no Brasil e
04 filiais no Exterior.
1
Nome fictício para preservar a identidade da empresa estudada
2
O Cone Sul é o nome comumente dado à parte meridional da América do Sul.
3
Mini filial não possui toda estrutura de uma filial, tem apenas 1 funcionário que cuida da rotina de
contratação de motoristas para carregamento no embarcador, conta com o apoio das filiais próxima da
região.
3
Geograficamente segue abaixo (Fig. 1) apresentação das filiais
Figura 1 – Mapa de localização das filiais
Fonte: Site da empresa X
Todas as filiais a partir de 2006 foram integradas “on-line” através de sistema de
gestão. Esse sistema possibilita as filiais inclusive do Mercosul a disponibilizar dados
e relatórios para consulta imediata ao cliente.
Os principais clientes da empresa são Grupo ArcelorMittal, Gerdau, Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), Confab, V&M do Brasil, Fiat, Teksid, Nemak entre
outros.
A empresa possui hoje uma frota de veículos com 146 Cavalos mecânicos, 30
Caminhões semi pesados Truck´s4
, cerca de 600 carretas semi-reboques - bi-trens,
arameiras, siders, graneleiras, conteineiras, extensiva, rebaixadas - que percorrem
rotas que cobrem todo o território nacional e no Mercosul. Além disso 500 veículos
agregados5
e conta ainda com mais de 3000 veículos terceirizados “carreteiros” para
escoamento das demais cargas devido ao grande volume de transportes da
4
Veículo de carga dotado de três eixos
5
Veículo com contrato de comodato por rodar com carreta da empresa, presta serviço em regime de
exclusividade
4
empresa. O volume médio de embarques da empresa mensal chega a cerca de
15.000 embarques.
Em 1994 desenvolveu projeto de uma plataforma de Logística Integrada em Betim.
Foi realizada uma associação com uma empresa de outro grupo, criando uma
terceira empresa, sendo 50% pertencente à empresa X e 50% pertencente à
empresa Y.
Em 1991, a empresa X abriu um negócio no ramo de Logística de armazenagem em
terminais Multimodais, em 1998 começou a operar a central de logística integrada e
oferecer amplos serviços, que vai desde o gerenciamento de expedições, até o
transporte “Porta a Porta”. A empresa subsidiária utiliza operações rodo-ferroviárias,
retro-portuárias e armazenagem em Centros de Distribuição com localizações
estratégicas. Trabalha de forma integrada com diversos modais (rodoviário,
ferroviário, cabotagem6
e marítimo), através de terminais de carga em Vitória/ES,
São Paulo/SP, Contagem/MG, Salvador/BA e Uruguaiana/RS que contam com uma
ampla estrutura associada à equipamentos de movimentação compatíveis com a
modalidade em que opera.
Terminal rodo-ferroviário Matriz/MG
Figura 2 – Linha ferroviária terminal de carga e descarga
Fonte Acervo empresa X
6
Transporte marítimo feito através da costa do país
5
A empresa busca maximizar para seus clientes o uso de espaços internos para
atividade fim, assim disponibiliza áreas para armazenagem, visando manter a
integridade do produto, através da utilização de movimentações adequadas,
associadas a armazenagem e a operação multimodal, gerindo estoques,
armazenando, controlando, fornecendo informações e desenvolvendo sistemas
individualizados de armazenagem. Assim oferecendo ao cliente soluções de
serviços com redução de custos, controle de estoque, segurança dos produtos,
menor necessidade de grandes espaços para estoques, maior agilidade nas
entregas de cargas com saída a partir de seu centro de distribuição. Para
atendimento desses serviços a empresa conta hoje 780 empregados.
2 DESENVOLVIMENTO
Na década de 80 até o meio dos anos 90, o Brasil viveu contantes variações na
economia com altos índices de desemprego e inflação. Observou-se que nesse
período devido a instabilidade econômica, o crime organizado ganhou força
especificamente no desvio de carga onde teve grande crescimento até
aproximadamente o ano 2000. Com o crescimento acentuado ocorriam desvios de
cargas por toda parte do país nos centros urbanos, nas rodovias municipais,
estaduais e federais.
Nesse contexto, com a limitação da segurança pública do país tornou-se difícil a
contratação de seguro de transporte de carga, especificamente para roubo de carga
onde exigiu-se uma adequação por parte da iniciativa privada para combater esses
tipos de eventos que geram grandes prejuízos as seguradoras, bem como muitos
transtornos para transportadores, clientes embarcadores7
e clientes destinatários
das cargas.
Como muitas empresas de transportes no Brasil, a empresa X tinha sua área de
seguros terceirizada, onde um corretor de seguros autônomo cuidava das rotinas.
7
Aquele que contrata o serviço de transporte, não sendo necessariamente o dono da mercadoria
6
Este profissional dedicava um tempo parcial a empresa X, sendo responsável por
todos processos relacionado a seguros. Era subordinado a coordenação da área de
compras de suprimentos da empresa. Os controle das atividades do departamento
eram feitos de forma manual devido não existir sistema informatizado estruturado
para os controles diversos.
A rotina do corretor de seguros era cotar e filtrar as negociações e posteriormente
apresentar a área de compras para analise e definição junto a diretoria para
efetivação do negocio. Esse processo ocorria em toda carteira de seguros, tanto no
seguro de transporte quanto nos demais ramos de seguros. Porém, como foi citado
anteriormente, o corretor de seguro é um profissional autônomo e tem seu salário
determinado por comissão paga pela seguradora a partir das vendas de seguros e
por isso defendia apenas os seus interesses. Com isso a empresa perdia
oportunidade de melhoria de redução de custos e integração entre áreas internas,
principalmente com a área operacional, que merece atenção especial por se tratar
da área responsável por todos os procedimentos de gerenciamento de riscos de
transportes.
Em 2001 após analisar todos os problemas que ocorriam em relação a gestão de
seguros, a diretoria da empresa resolveu reestruturar essa área, decidiu criar um
departamento de seguros por se tratar de uma área que envolvia altos valores e
onde ocorriam muitos problemas de ordem técnica. Em fevereiro de 2001, foi
contratado um profissional para atuar especificamente na criação do departamento
de seguros, a fim de controlar de forma eficaz todas as atividades do departamento,
bem como para criação e implantação de procedimentos e normas específicas para
seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, com finalidade de gerir o
departamento, garantir os reembolsos das indenizações de seguros e buscar
melhores condições no ponto de vista de custos e da sustentabilidade dos negócios.
Antes da criação do departamento de seguros, os contratos de seguros passavam
por constantes alterações de seguradoras, principalmente na carteira de transportes
de cargas que é atividade principal da empresa. Essas alterações tinham relação
direta com o histórico negativo de sinistros x prêmios8
. Para calcular o
8
Valor indenizado pela segurado em decorrência de sinistros contra o valor pago pelo seguro
7
sinistroxprêmio, a seguradora considera alguns itens como sinistro, ou seja, mais a
soma do pagamento de comissões ao corretor, despesas da regulação de sinistros,
como investigações e salvamentos de cargas, despesas administrativas, mais os
sinistros indenizados aos cliente, contra o prêmio de seguro pago, ou quanto custou
o seguro no fim do período do contrato. A carteira de clientes da empresa cresceu,
aumentando consideravelmente o volume de transportes, consequentemente,
também cresceram os obstáculos dos transportes rodoviários de carga, onde
ocorriam sinistros de diversas naturezas, desde desvio de carga, acidentes e avarias
em transportes.
Fotos ilustrativas de mal acondicionamento de carga e acessórios lonas em mas
condições de conservação e uso.
Figura 3 – Cargas avariadas no transporte
Fonte: Acervo empresa X
Após adaptação do profissional, conhecendo as operações da empresa,
funcionamento da área de seguros, observou-se a necessidade de muitas
mudanças, onde a primeira seria o desenvolvimento de normas especificas e
procedimentos para divulgação a matriz e todas as filiais da empresa. Foram criados
procedimentos para gerenciamento de riscos, sinistros e informações das condições
de seguros para todas as áreas envolvidas nas operações de transportes, quanto as
obrigações contratuais e a importância no cumprimento das normas de comunicação
de sinistros para acionamento a seguradora no momento do sinistro. Anteriormente
ocorriam sinistros que não eram comunicados em tempo hábil pelas filiais devido
falta de orientação, a empresa sofreu muitas penalidades devido a falta de
8
cumprimento dos procedimentos. Muitas vezes perdendo o direito ao reembolso da
indenização de seguro. Outras penalidades sofridas variavam quanto a participação
nos prejuízos através de franquias de acordo com o tipo de evento ou até mesmo, a
perda integral do direito a indenização. A área de suprimentos não tinha condições
de criar procedimentos específicos devido a falta conhecimento técnico. O corretor
de seguros não se dedicava 100% a empresa a fim de resolver todos os problemas,
faltava tempo no dia a dia para orientar todas as filiais envolvidas nas operações.
Em 2002 iniciou-se o desenvolvimento de um novo sistema próprio de gestão
informatizado. Em junho de 2002 iniciou-se o desenvolvimento do módulo de
seguros/sinistros. Hoje o módulo de seguros conta com o cadastro das apólices de
seguros, cadastro de sinistros, contas a pagar integrado ao módulo financeiro e
relatórios de contas a pagar, sinistros registrados por período, tipo de evento,
veículos, notas fiscais, conhecimentos de transportes, que permitem filtrar as
informações para tomada de decisões. Com o mapeamento do cadastro de sinistro
e geração de relatório mensais, foi possível intensificar orientações sobre
procedimentos específicos para cada filial de acordo com os tipos de eventos. Com
isso a empresa, também tem intensificado a importância da comunicação dos
sinistros para registros, o que ajuda na tomada de decisão quanto ao plano de ação
e mensura os gastos com relação as indenizações do período. Na antiga gestão,
devido a falta de procedimentos e orientações, muitos sinistros não eram
comunicados, não existia formulário especifico padrão e muitas vezes sequer as
filiais acionavam a seguradora para atendimento, onde ocorriam geração de
despesas de socorro da carga desnecessárias e que ficavam como prejuízo para
empresa. O controle de sinistros possibilita um acompanhamento permanente do
sinistroxprêmio, sendo possível confrontar os números apresentados pela
seguradora quando das negociações de renovação dos seguros.
Segundo Gristec9
, devido ao crescente índice de sinistros de roubo de carga, as
seguradoras no Brasil começaram a exigir cada vez mais a implantação de medidas
de gerenciamento de riscos desenvolvidas e controladas por empresas privadas
9
Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e
Monitoramento
9
especializadas em gerenciamento de riscos para minimizar os eventos de sinistro
balanceando e controlando a manutenção de suas carteiras de seguros de
transportes de cargas.
O gerenciamento de riscos da empresa X, foi implantado a partir da escolha de
fornecedores que participam nos processos de negociação da empresa. Nesta
seleção analisa-se principalmente o perfil dos fornecedores de serviços, corretor de
seguros, seguradoras e gerenciadoras de riscos, verificando se na carteira de
clientes dos fornecedores, existem empresas com o perfil da empresa X e a quanto
tempo existe a parceria, a fim de medir a capacidade de atendimento ao Grupo.
A primeira exigência de gerenciamento de riscos nos seguros de transporte de carga
é a liberação do motorista, ajudante e veículos, através da pesquisa cadastral que
avalia cada um dos agentes envolvidos no transporte. Sem a autorização da
gerenciadora de riscos não é liberado o carregamento. O rastreamento e
monitoramento do veículo também é outro ponto exigido e varia de acordo com o
tipo de carga e valor. Dependendo do tipo de mercadoria, pode ser exigido ainda a
escolta armada por empresa devidamente especializada com rota específica de
transporte e paradas obrigatórias nos pontos determinados. No cadastro de
motorista são analisados os seguintes pontos, situação financeira, protestos,
processos penais entre outros, estado geral do veículo, seus acessórios, se
encontram-se em boas condições de uso, itens básicos como pneus, carroceria,
semi-reboques, lonas, assoalho do veículo, se já envolveu em acidentes graves,
roubo de carga entre outros.
Essas medidas preventivas tem a finalidade de inibir os sinistros de transportes,
devido ao crescente numero de sinistros de diversas natureza que vem ocorrendo
no Brasil. As seguradoras em geral adotam esse tipo de postura como padrão de
gerenciamento de riscos para cargas especificas com a finalidade de diminuir suas
perdas. Para implantar essas medidas é analisado o perfil do transportador, onde as
seguradoras cobram como medidas obrigatórias todos os itens citados ou podem
flexibilizar tais exigências de acordo com o perfil de cargas transportadas utilizando
medidas parciais.
10
O que motiva o desenvolvimento de todos os critérios citados acima deve-se ao alto
índice de sinistralidade de diversas naturezas, mas têm em comum o foco principal
no desvio de carga, roubo ou furto da carga em conjunto com o veículo. Abaixo
dados no período de 2004 a 2008 referente a evolução das ocorrências de sinistros
da empresa X. Com o acompanhamento e controle das ocorrências é possível
implementar ações preventivas e corretivas a fim de evitar esses tipos de sinistros.
O gráfico 1 apresenta a evolução dos sinistros ocorridos do ano de 2004 a 2008
Gráfico 1 – Histórico de sinistros período de 2004 a 2008
Fonte: Dados coletados na pesquisa
No quadro 1, o custo dos sinistrosxprêmios por ano de 2004 a 2008
OBS: Os custos referente ao ano de 2008 são relativos até o mês de outubro
Quadro 1 – Custo de sinistrosxprêmios de 2004 a 2008
Fonte: Dados coletados pesquisa
SINISTROS2004
AVARIASDETRANSPORTE
COLISAO
QUEDADAMERCADORIA
ROUBODECARGA
TOMBAMENTO
SINISTROS2005
ABALROAMENTO
AVARIASDETRANSPORTE
COLISAO
QUEDADAMERCADORIA
ROUBODECARGA
TOMBAMENTO
SINISTROS2006
AVARIASDETRANSPORTE
COLISAO
INCENDIO
QUEDADAMERCADORIA
ROUBODECARGA
TOMBAMENTO
SINISTROS2007
AVARIASDETRANSPORTE
COLISAO
INCENDIO
QUEDADAMERCADORIA
ROUBODECARGA
TOMBAMENTO
SINISTROS2008
AVARIASDETRANSPORTE
COLISAO
INCENDIO
ROUBODECARGA
ROUBO/CARGARECUPERADA
TOMBAMENTO
0
5
10
15
20
25
30
35
7
6
5
1
6
3
7
2
5
2
6
11
3
1
4
6
9
19
6
1
9
3
6
32
6
1
17
3
8
TOTAL=34TOTAL=25TOTAL=25 TOTAL=67TOTAL=44
ANO INDENIZAÇÕES R$ PRÊMIOS PAGOS R$ SINISTROXPREMIO%
2008 1.196.461,73 1.257.169,59 95,17
2007 710.317,04 1.224.568,08 58,01
2006 996.495,35 947.049,94 105,22
2005 431.182,34 1.015.815,42 42,45
2004 407.013,97 967.116,06 42,09
TOTAL 3.741.470,43 5.411.719,09 69,14
11
Observa-se que existe uma variação do percentual de sinistroxprêmio do período de
2004 a 2008, essa variação tem relação com o aumento de volume de transportes,
que conseqüentemente gera também uma variação nas ocorrências de sinistros.
Vale ressaltar ainda que os valores apresentados na planilha acima não consideram
custos da seguradora como despesas administrativas, pagamento de comissões ao
corretor, bem como o custo de regulação dos sinistros, despesas com salvamento
de carga e deslocamento de veículos e funcionários. Estima-se que esse custo seja
em torno de 40% sobre o prêmio pago.
Cenário do roubo de cargas período de 2002 a 2007, o gráf. 2 apresenta a
quantidade e o gráf. 3 os valores gastos com a industria de roubo de carga no País.
Gráfico 2 – Sinistros por ano, quantidade de roubo de carga no Brasil
Fonte: Assessoria de segurança/NTC
De acordo com o gráfico acima o número de ocorrência de desvio de carga no Brasil
de 2002 a 2007, foi em média de 11.791 ocorrências por ano.
12
Gráfico 3 – sinistros por ano, valores de roubo de carga no Brasil
Fonte: Assessoria de segurança/NTC
De acordo com o gráfico acima observa-se que são gastos com as ocorrência de
desvio de carga no Brasil em média o valor de R$ 675 milhões por ano.
Abaixo apresentamos gráfico com o custo dos acidentes de transito com veículos de
carga no período de 2004 e 2005 no Brasil.
Quadro 2 – Sinistros de acidentes de trânsito ano 2004 e 2005,
Fonte: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
De acordo com o quadro acima observa-se que ocorrem em média 111.250
acidentes ano envolvendo veículos de carga e são gastos cerca de R$ 7,7 bilhões
por ano.
Após várias mudanças de seguradoras devido o índice de sinistrosxprêmio, com a
integração do departamento de seguros com a área operacional da empresa,
sempre divulgando de forma intensa as normas e procedimentos relacionados aos
13
seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, controlado as perdas diversas que
ocorriam anteriormente, as demais áreas começaram a ver a área de seguros como
um parceiro no auxílio dos processos operacionais.
2.1 SEGURO DE TRANSPORTE DE CARGA
Segundo condições gerais e particulares de seguro de transportes Porto Seguro –
Ano 2008: O seguro de transporte para transportadores no percurso nacional se
divide em dois seguros, um para sinistros de acidentes e avarias em transporte que
é o RCTR-C e outro para Desaparecimento de carga o RCF-DC.
RCTR-C – Responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga – Danos à
carga – Cobertura exclusiva a carga transportada:
Coberturas: Tombamento, capotamento, colisão, incêndio, etc
Coberturas acessórias particulares: Avarias em transportes, molhadura, queda de
mercadorias.
RCF-DC – Responsabilidade civil facultativa em desaparecimento de carga: A
cobertura de desaparecimento de carga concomitante com o veículo transportador.
Em ambos os casos, quando da ocorrência de sinistro, é obrigatório o acionamento
da seguradora através do serviço de atendimento para salvamento, apuração dos
prejuízos ou investigação e recuperação da carga. O transportador ainda deverá
tomar todas as medidas de salvaguarda e minimização dos prejuízos sobre pena de
perda de direito a indenização.
Franquia de seguro: Refere-se à parte que o transportador terá de assumir no
montante do prejuízo decorrente do sinistro. A franquia pode ser extinta do seguro a
partir de negociação antecipada que prevê cobrança adicional de taxa especifica
para isenção da franquia. Cabe ao transportador avaliar se vale a pena o pagamento
adicional para todos os embarques ou assumir os casos que ocorrem sinistros.
Nesse caso específico, a franquia só está prevista para a cobertura acessória de
14
avarias em transportes. A franquia funciona como um limitador para minimizar a
quantidade de reclamações de sinistros.
Para obter a cobertura integral do seguro é preciso cumprir com todas as condições
particulares de seguro, como a exigência de veículo rastreado e/ou com escolta
armada, bem como, com o cadastro/consulta dos motoristas nas empresas
gerenciadoras de riscos especificadas no contrato do seguro de RCF-DC, para
preveservar contra sinistros de roubo de cargas. Algumas particularidades são
exigidas para cargas especificas ou de alto valor agregado que são relacionadas no
contrato de seguro devido serem muito visadas no roubo de cargas. Em caso de não
cumprimento dessas exigências de contrato, o transportador poderá perder
integralmente o direito ao reembolso da indenização do seguro.
Reembolso: Devolução, pela seguradora, dos valores totais ou parciais pagos com
recursos próprios do segurado, no caso de eventos e/ou sinistros cobertos pelo
seguro.
Finalidade do seguro: Garantir a reparação dos prejuízos hora assumidos pelo
transportador em decorrência dos sinistros de riscos cobertos pelos contratos de
seguros até o limite de responsabilidade estipulado na apólice de seguro.
Em 2004 devido ao crescente histórico de roubo de cargas no país e no Mercosul, a
empresa preocupada com segurança das cargas de seus clientes, investiu na
aquisição de um lote de equipamentos rastreadores com a finalidade de proteger a
cargas e o veículo contra roubo, bem como para utilizar esta ferramenta na logística
de posicionamento das cargas a fim de agregar valor ao serviço de transportes,
onde passou a dar informações precisas ao cliente de onde se encontra sua carga e
em tempo é a previsão de entrega. Esse serviço muitas vezes é um diferencial de
mercado devido as empresas não trabalharem com estoques e necessitar da
mercadoria que encontra-se em trânsito, quando da ocorrência de qualquer
irregularidade, ocorrem muitos transtornos e até mesmo prejuízos aos agentes
envolvidos na operação.
15
O transporte utiliza recursos temporais (isto é, tempo), já que o produto
transportado torna-se inacessível durante o transporte. Produtos nesse
estágio, normalmente conhecido como estoque em trânsito, têm-se tornado
uma questão importante à medida que várias estratégias que envolvem a
cadeia de suprimento, como as práticas Just in time e quick-response
10
,
visam reduzir os estoques das fábricas e dos centros de distribuição.
(BOWERSOX; CLOSS, 2001, p279)
Por essas exigências dos contratos de seguros, bem como dos clientes, a empresa
investiu na aquisição de 100 equipamentos rastreadores, onde optou por adquirir um
equipamento de nível médio para posteriormente adquirir mais equipamentos. Foi
vinculado o serviço de gerenciamento de risco monitoramento de veículos na
empresa do mesmo grupo que negociou os equipamentos.
Devido problemas de sinistros com falha do equipamento rastreador e do
gerenciador de risco que operava o monitoramento, a empresa decidiu por mudar os
equipamentos rastreadores e a gerenciadora de risco. A adquiriu mais 150
equipamentos rastreadores, somando um total de 250 equipamentos e passou ser
gerenciado no monitoramento pela mesma gerenciadora que já cuidava da parte de
pesquisas e consulta de motoristas, ajudante e veículos que estava relacionada ao
contrato de seguro de transporte internacional.
Em 2004 a empresa contrata um gestor para criação de um departamento de
monitoramento próprio da empresa. Esse departamento fica ligado diretamente a
área operacional e contribui para disseminação das normas e procedimentos de
relacionadas a seguros e gerenciamento de riscos conforme obrigações contratuais
da empresa de transportes, bem como para garantir o comprimento de todos os
outros procedimentos dos seguros dos embarcadores em relação as normas e
procedimentos específicos de gerenciamento de riscos.
2.1.1 Rastreamento
10
Expressões consagradas e amplamente utilizadas no Brasil, Ambas representam estratégias baseadas no tempo, às quais
têm como principio básico a resposta rápida à demanda de recursos em regime “puxado”. Enquanto o Just in time surgiu na
indústria automotiva, o quick-response tem sua origem na indústria de vestuário. (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p 279)
16
(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=R) Atividade que tem por fim
acompanhar o posicionamento dos veículos de transporte de carga pelo GPS11
,
informando aos operadores, em intervalos pré-definidos, onde e como o veículo se
encontra.
2.1.2 Atuador
(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=A) Dispositivo que atua com o
objetivo de aumentar a segurança da carga, do veículo e do motorista, minimizando
a ação dos bandidos. Pode ser ativado automaticamente pelo sistema ou pelo
operador no monitoramento. Entre os principais atuadores estão o bloqueio
mecânico do veículo transportador da carga; o travamento das portas do baú, do
motorista e do carona; o travamento do desengate do cavalo mecânico e a carreta, o
acionamento da sirene e da buzina e a disponibilização do botão de pânico.
Ilustração de sistema de rastreamento
Figura 4 – Sistema de rastreamento de veículos
Fonte Acervo empresa X
11
Sistema global de posição – equipamento rastreador permiti localizar o veículo e tem ações sobre o mesmo
17
2.1.3 Monitoramento
(http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=M) Ação de controle de um operador
do centro de monitoramento sobre um veículo rastreado visualizado em seu monitor,
a qual lhe permite, quando necessário, adotar medidas preventivas ou corretivas
sobre o veículo transportador, com o objetivo de evitar um sinistro ou atividade
suspeita de roubo de carga e ainda alertar os órgãos de segurança pública situados
na região.
Quadro 3 – cadastro ANTT por tipo de transportador
Fonte: Fonte ANTT
Segundo ANTT, no Brasil temos aproximadamente 1.823.534 veículos de carga
sendo que apenas 952.766 são registrados.
Hoje a empresa opera com uma média de 15.000 embarques mês, onde 10% da
operação é feita por veículos da frota própria, 40% feito por veículos agregados e
50% realizado por carreteiros autônomos sem vínculo com a empresa.
18
Questões para discussão do caso
A alta direção da empresa deve preocupar-se com o aumento das ocorrências de
sinistros da empresa e no Brasil?
Qual a importância em comprar os veículos zeros de fabrica já equipados com
rastreados?
É possível transportar somente com veículos frota própria e/ou agregados?
Podemos exigir de carreteiros autónomos veículos com equipamentos rastreadores?
Após treinamento especifico a motoristas e funcionários operacionais é percebido
melhoria na prestação de serviço?
O veículo equipado com rastreador esta isento de roubo de carga?
Existem outras medidas para inibir o roubo de carga no País?
Quais serviços de gerenciamento de risco pode ser considerado mais barato?
Equipar o veículo com rastreador e arcar com o custo do monitoramento por
empresa especializada e bancar o custo da comunicação, ou contratar escolta
armada para os veículos?
Os clientes embarcadores são responsáveis apenas por produzir e vender seus
produtos, ou também devem se preocupar com o transporte de suas cargas e com
as ações que devem ser implementadas?
É importante a participação dos clientes embarcadores nas cobranças junto as
autoridades para dar soluções que minimizem os sinistros de desvio de carga e de
acidentes, ou essa é uma obrigação do transportador da carga?
19
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se que a empresa X ganhou em muitos aspectos com a contratação de
um profissional técnico em seguros, pois as metas de criação do departamento
técnico de seguros, planejamento e implantação de sistemas, negociações com
fornecedores, criação de normas específicas, procedimentos, implantação de
controles diversos, além da redução de custos de seguros em 65%, foram
alcançadas. Anteriormente a empresa X, não praticava todos controles que se tem
hoje, devido o corretor e o departamento de suprimentos não cumprirem com as
atribuições que hoje o departamento de seguros cumpre.
A gestão de seguros tem finalidade de gerenciar todos os processos relativos ao
gerenciamento de riscos, comunicação de sinistros, regulação e acompanhamento
de processos junto as seguradoras, controle de contas a pagar e receber e ainda
sinalizar através de indicadores para a empresa quanto as perdas que ocorreram,
para a partir de uma análise, seja tomada uma ação por parte da direção da
empresa. O gerenciamento de risco é uma ferramenta importante de prevenção
contra perdas diversas e possibilita a melhoria na qualidade dos serviços prestados.
Com a implantação de um plano de gerenciamento de riscos a partir da análise de
indicadores de sinistros é possível ampliar treinamentos específicos nas operações.
O modal de transporte rodoviário de carga detém hoje cerca de 60% das operações
de transportes no país, as estradas brasileira tem 55% de suas vias classificadas
como ruins ou péssimas e isso contribui para grande parte dos acidentes de trânsito.
O roubo de carga ganha força no País devido a ação do crime organizado. Em
conseqüência disso, as empresas de transportes investem na compra de
equipamentos rastreadores e qualificação de seus funcionários, com a finalidade de
reduzir os índices de sinistros. Devido ao interesse das seguradoras na redução dos
sinistros e manutenção das contas de seguros, algumas oferecem como diferencial
de mercado equipamentos rastreadores a título de comodato, como forma de tentar
inibir os sinistros e balancear a conta do sinistro X Prêmio. Observa-se que o
gerenciamento de risco agrega valor a qualidade do serviço de transporte de carga,
contribuindo na prevenção e redução dos obstáculos diversos. Porém, para uma
eficiente gestão em seguros é necessário conhecimento técnico para elaboração de
procedimentos específicos que devem ser cumpridos pelo transportador.
20
REFERÊNCIAS
BOWERSOX, Donald J, CLOSS, David J. Logística Empresarial, São Paulo:
Editora Atlas, 2001. 594f.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/Logística
empresarial, São Paulo: Editora Atlas, 2006. 615.f
KEEDI, Samir. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga, São
Paulo: Editora Atlas, 2006. 264f.
Gerenciamento de riscos. Disponível em: <http://www.gristec.com.br/glossario.php>.
Acesso em: 27.out. 2008.
Seguro de transportes para transportadora RCTRC e RCF-D Disponível em: C
<http://www.portoseguro.com.br/site/produtos/condicoesgerais/transportes.cfm>.
Acesso em: 10.out. 2008.
Cadastro de transportador <http://www.antt.gov.br>. Acesso em 12.dez.2008.

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  • 1. Paulo César de Araújo O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL. O CASO EMPRESA X TRANSPORTES DE CARGA Trabalho de conclusão de curso de Administração de Empresas com Habilitação em Logística e Varejo da Faculdade Novos Horizontes. Orientador: Prof. Marcone Paulo Rodrigues Belo Horizonte 2008
  • 2. 2 O SEGURO E O GERENCIAMENTO DE RISCO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL. O caso da empresa de transportes X1 apresenta a administração de seguros, procedimentos de gerenciamento de riscos e sinistros como medidas exigidas pelas seguradoras para garantir as indenizações de sinistros de transportes de carga. O gerenciamento de risco tem a finalidade de reduzir riscos para minimizar os sinistros, mantendo o equilíbrio no resultado da carteira de seguros até o fim da vigência. Esse equilíbrio é medido pelo histórico de Sinistro x Prêmio pago e demonstra no final do período o interesse que a seguradora terá na renovação ou cancelamento do seguro. 1 APRESENTAÇÃO Fundada em 1971, a empresa iniciou suas atividades como empresa regional e em 1976 passou a atuar nacionalmente com foco no setor siderúrgico. Na década de 80, se tornou líder no setor de transportes neste segmento onde mantém esta posição. A empresa também atua nos segmentos de carga automobilístico auto peças, peças e máquinas industriais, agrícolas entre outros. Nos últimos 10 anos, a receita da empresa cresceu 10 vezes mais, com crescimento médio de 30% ao ano. Em 1989 iniciou a operação de transportes internacionais para os países do conesul2 , com participação crescente nos mercados de transportes Argentino, Chileno e Uruguaio. Atualmente possui 26 filiais nacionais e 24 pontos de apoio 3 de operação no Brasil e 04 filiais no Exterior. 1 Nome fictício para preservar a identidade da empresa estudada 2 O Cone Sul é o nome comumente dado à parte meridional da América do Sul. 3 Mini filial não possui toda estrutura de uma filial, tem apenas 1 funcionário que cuida da rotina de contratação de motoristas para carregamento no embarcador, conta com o apoio das filiais próxima da região.
  • 3. 3 Geograficamente segue abaixo (Fig. 1) apresentação das filiais Figura 1 – Mapa de localização das filiais Fonte: Site da empresa X Todas as filiais a partir de 2006 foram integradas “on-line” através de sistema de gestão. Esse sistema possibilita as filiais inclusive do Mercosul a disponibilizar dados e relatórios para consulta imediata ao cliente. Os principais clientes da empresa são Grupo ArcelorMittal, Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Confab, V&M do Brasil, Fiat, Teksid, Nemak entre outros. A empresa possui hoje uma frota de veículos com 146 Cavalos mecânicos, 30 Caminhões semi pesados Truck´s4 , cerca de 600 carretas semi-reboques - bi-trens, arameiras, siders, graneleiras, conteineiras, extensiva, rebaixadas - que percorrem rotas que cobrem todo o território nacional e no Mercosul. Além disso 500 veículos agregados5 e conta ainda com mais de 3000 veículos terceirizados “carreteiros” para escoamento das demais cargas devido ao grande volume de transportes da 4 Veículo de carga dotado de três eixos 5 Veículo com contrato de comodato por rodar com carreta da empresa, presta serviço em regime de exclusividade
  • 4. 4 empresa. O volume médio de embarques da empresa mensal chega a cerca de 15.000 embarques. Em 1994 desenvolveu projeto de uma plataforma de Logística Integrada em Betim. Foi realizada uma associação com uma empresa de outro grupo, criando uma terceira empresa, sendo 50% pertencente à empresa X e 50% pertencente à empresa Y. Em 1991, a empresa X abriu um negócio no ramo de Logística de armazenagem em terminais Multimodais, em 1998 começou a operar a central de logística integrada e oferecer amplos serviços, que vai desde o gerenciamento de expedições, até o transporte “Porta a Porta”. A empresa subsidiária utiliza operações rodo-ferroviárias, retro-portuárias e armazenagem em Centros de Distribuição com localizações estratégicas. Trabalha de forma integrada com diversos modais (rodoviário, ferroviário, cabotagem6 e marítimo), através de terminais de carga em Vitória/ES, São Paulo/SP, Contagem/MG, Salvador/BA e Uruguaiana/RS que contam com uma ampla estrutura associada à equipamentos de movimentação compatíveis com a modalidade em que opera. Terminal rodo-ferroviário Matriz/MG Figura 2 – Linha ferroviária terminal de carga e descarga Fonte Acervo empresa X 6 Transporte marítimo feito através da costa do país
  • 5. 5 A empresa busca maximizar para seus clientes o uso de espaços internos para atividade fim, assim disponibiliza áreas para armazenagem, visando manter a integridade do produto, através da utilização de movimentações adequadas, associadas a armazenagem e a operação multimodal, gerindo estoques, armazenando, controlando, fornecendo informações e desenvolvendo sistemas individualizados de armazenagem. Assim oferecendo ao cliente soluções de serviços com redução de custos, controle de estoque, segurança dos produtos, menor necessidade de grandes espaços para estoques, maior agilidade nas entregas de cargas com saída a partir de seu centro de distribuição. Para atendimento desses serviços a empresa conta hoje 780 empregados. 2 DESENVOLVIMENTO Na década de 80 até o meio dos anos 90, o Brasil viveu contantes variações na economia com altos índices de desemprego e inflação. Observou-se que nesse período devido a instabilidade econômica, o crime organizado ganhou força especificamente no desvio de carga onde teve grande crescimento até aproximadamente o ano 2000. Com o crescimento acentuado ocorriam desvios de cargas por toda parte do país nos centros urbanos, nas rodovias municipais, estaduais e federais. Nesse contexto, com a limitação da segurança pública do país tornou-se difícil a contratação de seguro de transporte de carga, especificamente para roubo de carga onde exigiu-se uma adequação por parte da iniciativa privada para combater esses tipos de eventos que geram grandes prejuízos as seguradoras, bem como muitos transtornos para transportadores, clientes embarcadores7 e clientes destinatários das cargas. Como muitas empresas de transportes no Brasil, a empresa X tinha sua área de seguros terceirizada, onde um corretor de seguros autônomo cuidava das rotinas. 7 Aquele que contrata o serviço de transporte, não sendo necessariamente o dono da mercadoria
  • 6. 6 Este profissional dedicava um tempo parcial a empresa X, sendo responsável por todos processos relacionado a seguros. Era subordinado a coordenação da área de compras de suprimentos da empresa. Os controle das atividades do departamento eram feitos de forma manual devido não existir sistema informatizado estruturado para os controles diversos. A rotina do corretor de seguros era cotar e filtrar as negociações e posteriormente apresentar a área de compras para analise e definição junto a diretoria para efetivação do negocio. Esse processo ocorria em toda carteira de seguros, tanto no seguro de transporte quanto nos demais ramos de seguros. Porém, como foi citado anteriormente, o corretor de seguro é um profissional autônomo e tem seu salário determinado por comissão paga pela seguradora a partir das vendas de seguros e por isso defendia apenas os seus interesses. Com isso a empresa perdia oportunidade de melhoria de redução de custos e integração entre áreas internas, principalmente com a área operacional, que merece atenção especial por se tratar da área responsável por todos os procedimentos de gerenciamento de riscos de transportes. Em 2001 após analisar todos os problemas que ocorriam em relação a gestão de seguros, a diretoria da empresa resolveu reestruturar essa área, decidiu criar um departamento de seguros por se tratar de uma área que envolvia altos valores e onde ocorriam muitos problemas de ordem técnica. Em fevereiro de 2001, foi contratado um profissional para atuar especificamente na criação do departamento de seguros, a fim de controlar de forma eficaz todas as atividades do departamento, bem como para criação e implantação de procedimentos e normas específicas para seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, com finalidade de gerir o departamento, garantir os reembolsos das indenizações de seguros e buscar melhores condições no ponto de vista de custos e da sustentabilidade dos negócios. Antes da criação do departamento de seguros, os contratos de seguros passavam por constantes alterações de seguradoras, principalmente na carteira de transportes de cargas que é atividade principal da empresa. Essas alterações tinham relação direta com o histórico negativo de sinistros x prêmios8 . Para calcular o 8 Valor indenizado pela segurado em decorrência de sinistros contra o valor pago pelo seguro
  • 7. 7 sinistroxprêmio, a seguradora considera alguns itens como sinistro, ou seja, mais a soma do pagamento de comissões ao corretor, despesas da regulação de sinistros, como investigações e salvamentos de cargas, despesas administrativas, mais os sinistros indenizados aos cliente, contra o prêmio de seguro pago, ou quanto custou o seguro no fim do período do contrato. A carteira de clientes da empresa cresceu, aumentando consideravelmente o volume de transportes, consequentemente, também cresceram os obstáculos dos transportes rodoviários de carga, onde ocorriam sinistros de diversas naturezas, desde desvio de carga, acidentes e avarias em transportes. Fotos ilustrativas de mal acondicionamento de carga e acessórios lonas em mas condições de conservação e uso. Figura 3 – Cargas avariadas no transporte Fonte: Acervo empresa X Após adaptação do profissional, conhecendo as operações da empresa, funcionamento da área de seguros, observou-se a necessidade de muitas mudanças, onde a primeira seria o desenvolvimento de normas especificas e procedimentos para divulgação a matriz e todas as filiais da empresa. Foram criados procedimentos para gerenciamento de riscos, sinistros e informações das condições de seguros para todas as áreas envolvidas nas operações de transportes, quanto as obrigações contratuais e a importância no cumprimento das normas de comunicação de sinistros para acionamento a seguradora no momento do sinistro. Anteriormente ocorriam sinistros que não eram comunicados em tempo hábil pelas filiais devido falta de orientação, a empresa sofreu muitas penalidades devido a falta de
  • 8. 8 cumprimento dos procedimentos. Muitas vezes perdendo o direito ao reembolso da indenização de seguro. Outras penalidades sofridas variavam quanto a participação nos prejuízos através de franquias de acordo com o tipo de evento ou até mesmo, a perda integral do direito a indenização. A área de suprimentos não tinha condições de criar procedimentos específicos devido a falta conhecimento técnico. O corretor de seguros não se dedicava 100% a empresa a fim de resolver todos os problemas, faltava tempo no dia a dia para orientar todas as filiais envolvidas nas operações. Em 2002 iniciou-se o desenvolvimento de um novo sistema próprio de gestão informatizado. Em junho de 2002 iniciou-se o desenvolvimento do módulo de seguros/sinistros. Hoje o módulo de seguros conta com o cadastro das apólices de seguros, cadastro de sinistros, contas a pagar integrado ao módulo financeiro e relatórios de contas a pagar, sinistros registrados por período, tipo de evento, veículos, notas fiscais, conhecimentos de transportes, que permitem filtrar as informações para tomada de decisões. Com o mapeamento do cadastro de sinistro e geração de relatório mensais, foi possível intensificar orientações sobre procedimentos específicos para cada filial de acordo com os tipos de eventos. Com isso a empresa, também tem intensificado a importância da comunicação dos sinistros para registros, o que ajuda na tomada de decisão quanto ao plano de ação e mensura os gastos com relação as indenizações do período. Na antiga gestão, devido a falta de procedimentos e orientações, muitos sinistros não eram comunicados, não existia formulário especifico padrão e muitas vezes sequer as filiais acionavam a seguradora para atendimento, onde ocorriam geração de despesas de socorro da carga desnecessárias e que ficavam como prejuízo para empresa. O controle de sinistros possibilita um acompanhamento permanente do sinistroxprêmio, sendo possível confrontar os números apresentados pela seguradora quando das negociações de renovação dos seguros. Segundo Gristec9 , devido ao crescente índice de sinistros de roubo de carga, as seguradoras no Brasil começaram a exigir cada vez mais a implantação de medidas de gerenciamento de riscos desenvolvidas e controladas por empresas privadas 9 Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento
  • 9. 9 especializadas em gerenciamento de riscos para minimizar os eventos de sinistro balanceando e controlando a manutenção de suas carteiras de seguros de transportes de cargas. O gerenciamento de riscos da empresa X, foi implantado a partir da escolha de fornecedores que participam nos processos de negociação da empresa. Nesta seleção analisa-se principalmente o perfil dos fornecedores de serviços, corretor de seguros, seguradoras e gerenciadoras de riscos, verificando se na carteira de clientes dos fornecedores, existem empresas com o perfil da empresa X e a quanto tempo existe a parceria, a fim de medir a capacidade de atendimento ao Grupo. A primeira exigência de gerenciamento de riscos nos seguros de transporte de carga é a liberação do motorista, ajudante e veículos, através da pesquisa cadastral que avalia cada um dos agentes envolvidos no transporte. Sem a autorização da gerenciadora de riscos não é liberado o carregamento. O rastreamento e monitoramento do veículo também é outro ponto exigido e varia de acordo com o tipo de carga e valor. Dependendo do tipo de mercadoria, pode ser exigido ainda a escolta armada por empresa devidamente especializada com rota específica de transporte e paradas obrigatórias nos pontos determinados. No cadastro de motorista são analisados os seguintes pontos, situação financeira, protestos, processos penais entre outros, estado geral do veículo, seus acessórios, se encontram-se em boas condições de uso, itens básicos como pneus, carroceria, semi-reboques, lonas, assoalho do veículo, se já envolveu em acidentes graves, roubo de carga entre outros. Essas medidas preventivas tem a finalidade de inibir os sinistros de transportes, devido ao crescente numero de sinistros de diversas natureza que vem ocorrendo no Brasil. As seguradoras em geral adotam esse tipo de postura como padrão de gerenciamento de riscos para cargas especificas com a finalidade de diminuir suas perdas. Para implantar essas medidas é analisado o perfil do transportador, onde as seguradoras cobram como medidas obrigatórias todos os itens citados ou podem flexibilizar tais exigências de acordo com o perfil de cargas transportadas utilizando medidas parciais.
  • 10. 10 O que motiva o desenvolvimento de todos os critérios citados acima deve-se ao alto índice de sinistralidade de diversas naturezas, mas têm em comum o foco principal no desvio de carga, roubo ou furto da carga em conjunto com o veículo. Abaixo dados no período de 2004 a 2008 referente a evolução das ocorrências de sinistros da empresa X. Com o acompanhamento e controle das ocorrências é possível implementar ações preventivas e corretivas a fim de evitar esses tipos de sinistros. O gráfico 1 apresenta a evolução dos sinistros ocorridos do ano de 2004 a 2008 Gráfico 1 – Histórico de sinistros período de 2004 a 2008 Fonte: Dados coletados na pesquisa No quadro 1, o custo dos sinistrosxprêmios por ano de 2004 a 2008 OBS: Os custos referente ao ano de 2008 são relativos até o mês de outubro Quadro 1 – Custo de sinistrosxprêmios de 2004 a 2008 Fonte: Dados coletados pesquisa SINISTROS2004 AVARIASDETRANSPORTE COLISAO QUEDADAMERCADORIA ROUBODECARGA TOMBAMENTO SINISTROS2005 ABALROAMENTO AVARIASDETRANSPORTE COLISAO QUEDADAMERCADORIA ROUBODECARGA TOMBAMENTO SINISTROS2006 AVARIASDETRANSPORTE COLISAO INCENDIO QUEDADAMERCADORIA ROUBODECARGA TOMBAMENTO SINISTROS2007 AVARIASDETRANSPORTE COLISAO INCENDIO QUEDADAMERCADORIA ROUBODECARGA TOMBAMENTO SINISTROS2008 AVARIASDETRANSPORTE COLISAO INCENDIO ROUBODECARGA ROUBO/CARGARECUPERADA TOMBAMENTO 0 5 10 15 20 25 30 35 7 6 5 1 6 3 7 2 5 2 6 11 3 1 4 6 9 19 6 1 9 3 6 32 6 1 17 3 8 TOTAL=34TOTAL=25TOTAL=25 TOTAL=67TOTAL=44 ANO INDENIZAÇÕES R$ PRÊMIOS PAGOS R$ SINISTROXPREMIO% 2008 1.196.461,73 1.257.169,59 95,17 2007 710.317,04 1.224.568,08 58,01 2006 996.495,35 947.049,94 105,22 2005 431.182,34 1.015.815,42 42,45 2004 407.013,97 967.116,06 42,09 TOTAL 3.741.470,43 5.411.719,09 69,14
  • 11. 11 Observa-se que existe uma variação do percentual de sinistroxprêmio do período de 2004 a 2008, essa variação tem relação com o aumento de volume de transportes, que conseqüentemente gera também uma variação nas ocorrências de sinistros. Vale ressaltar ainda que os valores apresentados na planilha acima não consideram custos da seguradora como despesas administrativas, pagamento de comissões ao corretor, bem como o custo de regulação dos sinistros, despesas com salvamento de carga e deslocamento de veículos e funcionários. Estima-se que esse custo seja em torno de 40% sobre o prêmio pago. Cenário do roubo de cargas período de 2002 a 2007, o gráf. 2 apresenta a quantidade e o gráf. 3 os valores gastos com a industria de roubo de carga no País. Gráfico 2 – Sinistros por ano, quantidade de roubo de carga no Brasil Fonte: Assessoria de segurança/NTC De acordo com o gráfico acima o número de ocorrência de desvio de carga no Brasil de 2002 a 2007, foi em média de 11.791 ocorrências por ano.
  • 12. 12 Gráfico 3 – sinistros por ano, valores de roubo de carga no Brasil Fonte: Assessoria de segurança/NTC De acordo com o gráfico acima observa-se que são gastos com as ocorrência de desvio de carga no Brasil em média o valor de R$ 675 milhões por ano. Abaixo apresentamos gráfico com o custo dos acidentes de transito com veículos de carga no período de 2004 e 2005 no Brasil. Quadro 2 – Sinistros de acidentes de trânsito ano 2004 e 2005, Fonte: IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada De acordo com o quadro acima observa-se que ocorrem em média 111.250 acidentes ano envolvendo veículos de carga e são gastos cerca de R$ 7,7 bilhões por ano. Após várias mudanças de seguradoras devido o índice de sinistrosxprêmio, com a integração do departamento de seguros com a área operacional da empresa, sempre divulgando de forma intensa as normas e procedimentos relacionados aos
  • 13. 13 seguros, gerenciamento de riscos e sinistros, controlado as perdas diversas que ocorriam anteriormente, as demais áreas começaram a ver a área de seguros como um parceiro no auxílio dos processos operacionais. 2.1 SEGURO DE TRANSPORTE DE CARGA Segundo condições gerais e particulares de seguro de transportes Porto Seguro – Ano 2008: O seguro de transporte para transportadores no percurso nacional se divide em dois seguros, um para sinistros de acidentes e avarias em transporte que é o RCTR-C e outro para Desaparecimento de carga o RCF-DC. RCTR-C – Responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga – Danos à carga – Cobertura exclusiva a carga transportada: Coberturas: Tombamento, capotamento, colisão, incêndio, etc Coberturas acessórias particulares: Avarias em transportes, molhadura, queda de mercadorias. RCF-DC – Responsabilidade civil facultativa em desaparecimento de carga: A cobertura de desaparecimento de carga concomitante com o veículo transportador. Em ambos os casos, quando da ocorrência de sinistro, é obrigatório o acionamento da seguradora através do serviço de atendimento para salvamento, apuração dos prejuízos ou investigação e recuperação da carga. O transportador ainda deverá tomar todas as medidas de salvaguarda e minimização dos prejuízos sobre pena de perda de direito a indenização. Franquia de seguro: Refere-se à parte que o transportador terá de assumir no montante do prejuízo decorrente do sinistro. A franquia pode ser extinta do seguro a partir de negociação antecipada que prevê cobrança adicional de taxa especifica para isenção da franquia. Cabe ao transportador avaliar se vale a pena o pagamento adicional para todos os embarques ou assumir os casos que ocorrem sinistros. Nesse caso específico, a franquia só está prevista para a cobertura acessória de
  • 14. 14 avarias em transportes. A franquia funciona como um limitador para minimizar a quantidade de reclamações de sinistros. Para obter a cobertura integral do seguro é preciso cumprir com todas as condições particulares de seguro, como a exigência de veículo rastreado e/ou com escolta armada, bem como, com o cadastro/consulta dos motoristas nas empresas gerenciadoras de riscos especificadas no contrato do seguro de RCF-DC, para preveservar contra sinistros de roubo de cargas. Algumas particularidades são exigidas para cargas especificas ou de alto valor agregado que são relacionadas no contrato de seguro devido serem muito visadas no roubo de cargas. Em caso de não cumprimento dessas exigências de contrato, o transportador poderá perder integralmente o direito ao reembolso da indenização do seguro. Reembolso: Devolução, pela seguradora, dos valores totais ou parciais pagos com recursos próprios do segurado, no caso de eventos e/ou sinistros cobertos pelo seguro. Finalidade do seguro: Garantir a reparação dos prejuízos hora assumidos pelo transportador em decorrência dos sinistros de riscos cobertos pelos contratos de seguros até o limite de responsabilidade estipulado na apólice de seguro. Em 2004 devido ao crescente histórico de roubo de cargas no país e no Mercosul, a empresa preocupada com segurança das cargas de seus clientes, investiu na aquisição de um lote de equipamentos rastreadores com a finalidade de proteger a cargas e o veículo contra roubo, bem como para utilizar esta ferramenta na logística de posicionamento das cargas a fim de agregar valor ao serviço de transportes, onde passou a dar informações precisas ao cliente de onde se encontra sua carga e em tempo é a previsão de entrega. Esse serviço muitas vezes é um diferencial de mercado devido as empresas não trabalharem com estoques e necessitar da mercadoria que encontra-se em trânsito, quando da ocorrência de qualquer irregularidade, ocorrem muitos transtornos e até mesmo prejuízos aos agentes envolvidos na operação.
  • 15. 15 O transporte utiliza recursos temporais (isto é, tempo), já que o produto transportado torna-se inacessível durante o transporte. Produtos nesse estágio, normalmente conhecido como estoque em trânsito, têm-se tornado uma questão importante à medida que várias estratégias que envolvem a cadeia de suprimento, como as práticas Just in time e quick-response 10 , visam reduzir os estoques das fábricas e dos centros de distribuição. (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p279) Por essas exigências dos contratos de seguros, bem como dos clientes, a empresa investiu na aquisição de 100 equipamentos rastreadores, onde optou por adquirir um equipamento de nível médio para posteriormente adquirir mais equipamentos. Foi vinculado o serviço de gerenciamento de risco monitoramento de veículos na empresa do mesmo grupo que negociou os equipamentos. Devido problemas de sinistros com falha do equipamento rastreador e do gerenciador de risco que operava o monitoramento, a empresa decidiu por mudar os equipamentos rastreadores e a gerenciadora de risco. A adquiriu mais 150 equipamentos rastreadores, somando um total de 250 equipamentos e passou ser gerenciado no monitoramento pela mesma gerenciadora que já cuidava da parte de pesquisas e consulta de motoristas, ajudante e veículos que estava relacionada ao contrato de seguro de transporte internacional. Em 2004 a empresa contrata um gestor para criação de um departamento de monitoramento próprio da empresa. Esse departamento fica ligado diretamente a área operacional e contribui para disseminação das normas e procedimentos de relacionadas a seguros e gerenciamento de riscos conforme obrigações contratuais da empresa de transportes, bem como para garantir o comprimento de todos os outros procedimentos dos seguros dos embarcadores em relação as normas e procedimentos específicos de gerenciamento de riscos. 2.1.1 Rastreamento 10 Expressões consagradas e amplamente utilizadas no Brasil, Ambas representam estratégias baseadas no tempo, às quais têm como principio básico a resposta rápida à demanda de recursos em regime “puxado”. Enquanto o Just in time surgiu na indústria automotiva, o quick-response tem sua origem na indústria de vestuário. (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p 279)
  • 16. 16 (http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=R) Atividade que tem por fim acompanhar o posicionamento dos veículos de transporte de carga pelo GPS11 , informando aos operadores, em intervalos pré-definidos, onde e como o veículo se encontra. 2.1.2 Atuador (http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=A) Dispositivo que atua com o objetivo de aumentar a segurança da carga, do veículo e do motorista, minimizando a ação dos bandidos. Pode ser ativado automaticamente pelo sistema ou pelo operador no monitoramento. Entre os principais atuadores estão o bloqueio mecânico do veículo transportador da carga; o travamento das portas do baú, do motorista e do carona; o travamento do desengate do cavalo mecânico e a carreta, o acionamento da sirene e da buzina e a disponibilização do botão de pânico. Ilustração de sistema de rastreamento Figura 4 – Sistema de rastreamento de veículos Fonte Acervo empresa X 11 Sistema global de posição – equipamento rastreador permiti localizar o veículo e tem ações sobre o mesmo
  • 17. 17 2.1.3 Monitoramento (http://www.gristec.com.br/glossario.php?letra=M) Ação de controle de um operador do centro de monitoramento sobre um veículo rastreado visualizado em seu monitor, a qual lhe permite, quando necessário, adotar medidas preventivas ou corretivas sobre o veículo transportador, com o objetivo de evitar um sinistro ou atividade suspeita de roubo de carga e ainda alertar os órgãos de segurança pública situados na região. Quadro 3 – cadastro ANTT por tipo de transportador Fonte: Fonte ANTT Segundo ANTT, no Brasil temos aproximadamente 1.823.534 veículos de carga sendo que apenas 952.766 são registrados. Hoje a empresa opera com uma média de 15.000 embarques mês, onde 10% da operação é feita por veículos da frota própria, 40% feito por veículos agregados e 50% realizado por carreteiros autônomos sem vínculo com a empresa.
  • 18. 18 Questões para discussão do caso A alta direção da empresa deve preocupar-se com o aumento das ocorrências de sinistros da empresa e no Brasil? Qual a importância em comprar os veículos zeros de fabrica já equipados com rastreados? É possível transportar somente com veículos frota própria e/ou agregados? Podemos exigir de carreteiros autónomos veículos com equipamentos rastreadores? Após treinamento especifico a motoristas e funcionários operacionais é percebido melhoria na prestação de serviço? O veículo equipado com rastreador esta isento de roubo de carga? Existem outras medidas para inibir o roubo de carga no País? Quais serviços de gerenciamento de risco pode ser considerado mais barato? Equipar o veículo com rastreador e arcar com o custo do monitoramento por empresa especializada e bancar o custo da comunicação, ou contratar escolta armada para os veículos? Os clientes embarcadores são responsáveis apenas por produzir e vender seus produtos, ou também devem se preocupar com o transporte de suas cargas e com as ações que devem ser implementadas? É importante a participação dos clientes embarcadores nas cobranças junto as autoridades para dar soluções que minimizem os sinistros de desvio de carga e de acidentes, ou essa é uma obrigação do transportador da carga?
  • 19. 19 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se que a empresa X ganhou em muitos aspectos com a contratação de um profissional técnico em seguros, pois as metas de criação do departamento técnico de seguros, planejamento e implantação de sistemas, negociações com fornecedores, criação de normas específicas, procedimentos, implantação de controles diversos, além da redução de custos de seguros em 65%, foram alcançadas. Anteriormente a empresa X, não praticava todos controles que se tem hoje, devido o corretor e o departamento de suprimentos não cumprirem com as atribuições que hoje o departamento de seguros cumpre. A gestão de seguros tem finalidade de gerenciar todos os processos relativos ao gerenciamento de riscos, comunicação de sinistros, regulação e acompanhamento de processos junto as seguradoras, controle de contas a pagar e receber e ainda sinalizar através de indicadores para a empresa quanto as perdas que ocorreram, para a partir de uma análise, seja tomada uma ação por parte da direção da empresa. O gerenciamento de risco é uma ferramenta importante de prevenção contra perdas diversas e possibilita a melhoria na qualidade dos serviços prestados. Com a implantação de um plano de gerenciamento de riscos a partir da análise de indicadores de sinistros é possível ampliar treinamentos específicos nas operações. O modal de transporte rodoviário de carga detém hoje cerca de 60% das operações de transportes no país, as estradas brasileira tem 55% de suas vias classificadas como ruins ou péssimas e isso contribui para grande parte dos acidentes de trânsito. O roubo de carga ganha força no País devido a ação do crime organizado. Em conseqüência disso, as empresas de transportes investem na compra de equipamentos rastreadores e qualificação de seus funcionários, com a finalidade de reduzir os índices de sinistros. Devido ao interesse das seguradoras na redução dos sinistros e manutenção das contas de seguros, algumas oferecem como diferencial de mercado equipamentos rastreadores a título de comodato, como forma de tentar inibir os sinistros e balancear a conta do sinistro X Prêmio. Observa-se que o gerenciamento de risco agrega valor a qualidade do serviço de transporte de carga, contribuindo na prevenção e redução dos obstáculos diversos. Porém, para uma eficiente gestão em seguros é necessário conhecimento técnico para elaboração de procedimentos específicos que devem ser cumpridos pelo transportador.
  • 20. 20 REFERÊNCIAS BOWERSOX, Donald J, CLOSS, David J. Logística Empresarial, São Paulo: Editora Atlas, 2001. 594f. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/Logística empresarial, São Paulo: Editora Atlas, 2006. 615.f KEEDI, Samir. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de Carga, São Paulo: Editora Atlas, 2006. 264f. Gerenciamento de riscos. Disponível em: <http://www.gristec.com.br/glossario.php>. Acesso em: 27.out. 2008. Seguro de transportes para transportadora RCTRC e RCF-D Disponível em: C <http://www.portoseguro.com.br/site/produtos/condicoesgerais/transportes.cfm>. Acesso em: 10.out. 2008. Cadastro de transportador <http://www.antt.gov.br>. Acesso em 12.dez.2008.