2. A Renascença foi de grande
importância para o
desenvolvimento dos
princípios sadios da
Hermenêutica. Nos séculos
XIV e XV, a ignorância densa
prevaleceu quanto ao conteúdo
da Bíblia. Houve doutores de
divindade que nunca a haviam
lido inteira. E a tradução de
Jerônimo era a única forma pela
qual a Bíblia era conhecida.
3. A Renascença chamou a atenção para a necessidade de se
voltar ao original. Reuchlin e Erasmo – chamados os dois
olhos da Europa – seduzidos pela ideia, insistiram em
que os intérpretes da Bíblia tinham O dever de estudar as
Escrituras nas línguas em que haviam sido escritas. Além
disso, facilitaram grandemente esse estudo: o primeiro
pela publicação de uma Gramática Hebraica e um Lexico
Hebraico; e o último, publicando a primeira edição
crítica do Novo Testamento Grego.
4. O sentido quádruplo da Escritura foi sendo
gradualmente abandonado e foi estabelecido o
princípio de que a Bíblia tinha apenas um
sentido.
Os Reformadores criam na Bíblia como sendo a
Palavra inspirada de Deus. Mas, por mais estrita
que fosse sua concepção de inspiração,
concebiam-na como orgânica ao invés de
mecânica. Em certos particulares, revelaram até
mesmo uma liberdade notável ao lidar com as
Escrituras. Ao mesmo tempo, consideravam a
Bíblia como a
5. Autoridade suprema e como corte final de
apelo em disputas teológicas. Em oposição à
infalibilidade da Igreja, colocaram a
infalibilidade da Palavra. Sua posição é
perfeitamente evidenciada na declaração de
que a Igreja não determina o que as Escrituras
ensinam, mas as Escrituras determinam o que a
Igreja deve ensinar.
6. O caráter essencial da sua exegese era o
resultado de dois princípios fundamentais: (1)
Scriptura Scripturae interprepres, isto é, a
Escritura é a intérprete da Escritura; e (2) omnis
intellectus ac expositio Scripturae sit analogia fidei,
isto é, todo o entendimento e exposição da
Escritura deve estar em conformidade com a
analogia da fé. E, para eles, a analogia fidei é
igual à analogia Scripturae, isto é, o ensino
uniforme da Escritura.
7. Ele prestou à nação alemã um grande
serviço ao traduzir a Bíblia para o alemão
vernáculo. Também se engajou no trabalho de
exposição, embora somente em uma extensão
limitada. Suas regras hermenêuticas eram muito
melhores do que a sua exegese.
8. Embora não desejasse reconhecer nada além do
sentido literal e falasse desdenhosamente da
interpretação alegórica não se afastou
inteiramente do método desprezado.
Defendeu o direito do julgamento particular;
enfatizou a necessidade de se levar em
consideração o contexto e as circunstâncias
históricas; requeria fé e discernimento espiritual
ao intérprete; e desejava encontrar Cristo em toda
parte da Escritura.
9. Foi a mão direita de Lutero e seu
superior em ciência. Seu grande talento e
conhecimento extensivo, também em grego e
hebraico, forma adaptados para transformá-lo em
um intérprete admirável. Em sua obra exegética,
avançou os princípios sadios de que (a) As
Escrituras devem ser entendidas gramaticalmente
antes de serem entendidas teologicamente; e (b)
As Escrituras têm apenas um sentido claro e
simples.
10. Foi, por consenso, o maior exegeta da
Reforma. Suas exposições cobrem quase todos os
livros da Bíblia, e seu valor ainda é reconhecido.
Os princípios fundamentais de Lutero e
Melanchthon também foram os seus, e ele os
superou ao ajustar sua prática com sua teoria.
Viu, no método alegórico, um artifício de Satanás
para obscurecer o sentido da Escritura.
Acreditava firmemente no significado simbólico
de muito do que se encontrava no Antigo
Testamento,
11. Mas não compartilhava da mesma opinião de
Lutero de que Cristo deveria ser encontrado
em toda parte da Escritura. Além disso,
reduziu o número de Salmos que poderiam ser
reconhecidos como messiânicos. Insistiu no
fato de que os profetas deveriam ser
interpretados à luz das circunstâncias
históricas. Como ele via, a excelência primeira
de um expositor consistia de uma brevidade
lúcida. Além disso, considerava que “a
primeira função da um intérprete é deixar o
autor dizer o que ele diz, ao invés de atribuir a
ele o que pensamos que ele deveria dizer”.
12.
13. Não fizeram nenhum avanço exegético durante
o período da Reforma. Não admitiam o direito
do julgamento particular e defendiam, em
oposição aos protestantes, a posição de que a
Bíblia deve ser interpretada em harmonia com
a tradição.
14. O Concílio de Trento enfatizou
(a) que a autoridade da tradição eclesiástica
devia ser mantida,
(b) que a autoridade suprema tinha de ser
atribuída à Vulgata, e
(c) que era necessário confirmar a interpretação
de alguém à autoridade da Igreja e do consenso
unânime dos Pais da Igreja.
Onde esses princípios prevalecem, o
desenvolvimento exegético chega,
inevitavelmente, a uma parada repentina.
15. A Reforma Protestante trouxe esperança aos
cristãos e ao mundo inteiro. Como frutos desse
movimento Escolas e Universidades foram
fundadas para estudar a Bíblia e demais
questões. Seus princípios permanecem entre os
protestantes ainda hoje.
Precisamos olhar agora para os séculos XIX e
XX, especialmente para o método denominado
de “Histórico-Crítico”.
16. Praticamente todo o conteúdo desses slides são
da excelente obra:
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.