Este documento descreve uma monografia sobre ações educativas no meio escolar sobre hanseníase. A monografia avalia a aplicabilidade de ações educativas com alunos do ensino médio de uma escola em Iguatu-CE sobre os conhecimentos e preconceitos relacionados à hanseníase. Os resultados indicaram que os alunos tinham pouco conhecimento científico sobre a doença e apresentavam preconceito. Após as ações educativas, houve melhora significativa nos conhecimentos sobre a hanseníase. Con
Ações educativas sobre hanseníase em escola de Iguatu-CE
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PATRÍCIA MÁRCIA ARAÚJO LIMA
AÇÕES EDUCATIVAS NO MEIO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM SOBRE A
HANSENÍASE
IGUATU-CEARÁ
2012
2. PATRÍCIA MÁRCIA ARAÚJO LIMA
AÇÕES EDUCATIVAS NO MEIO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM SOBRE A
HANSENÍASE
Monografia apresentada à Coordenação do
Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de
Educação, Ciências e Letras de Iguatu, da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciada em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profª. Esp. Francisca Neiliane
Bezerra
IGUATU-CEARÁ
2012
3.
4. “Sabe-se muito bem que é difícil erradicar
preconceitos dos corações cujos solos
nunca foram revolvidos ou fertilizados pela
educação: preconceitos crescem ali firmes
como erva daninha entre pedras.”
Charlotte Bronte
5. Ao meu pai, ex-portador da hanseníase, que
superou com firmeza os piores momentos da
doença, fonte de inspiração deste trabalho.
...dedico
6. AGRADECIMENTOS
A Deus que me proporcionou o dom da vida e com certeza o de estar agora
realizando um sonho.
A meus pais que sempre estiveram comigo me apoiando e que
proporcionaram a maior contribuição para eu chegar até aqui não permitindo que eu
desistisse no meio do caminho.
Ao meu esposo Fagner Fernandes pelo apoio irrestrito e por compreender
minhas horas de ausência para realização deste trabalho.
A minha orientadora Francisca Neiliane Bezerra, que me apoiou na escolha
do tema, por suas sugestões, correções, e com palavras de otimismo,sempre
disposta a tirar qualquer dúvida ao longo do estudo, e acima de tudo por sua
amizade e paciência.
Ao profissional de saúde Dr.Djair Couras que me ajudou na realização das
ações educativas, contribuindo para a realização do trabalho.
Aos meus amigos Anderson e Myrnna que sempre me apoiaram com palavras
de apoio e incentivo nesta trajetória.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para esta construção.
7. RESUMO
A finalidade da ação educativa é desenvolver no indivíduo e no grupo, a capacidade de analisar
criticamente a sua realidade e de decidir ações conjuntas para resolver problemas e modificar
situações ou pensamentos. Em muitos casos, essas ações se fazem importantes, para quebrar
paradigmas e desmitificar conceitos, como é o caso da hanseníase, patologia que é rodeada de
preconceitos e visão errônea pela sociedade. A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de
evolução crônica que se manifesta, principalmente, através de sinais e sintomas
dermatoneurológicos, sendo eles: lesões na pele, olhos, mãos, pés e nos nervos periféricos. É
importante salientar que a possível aquisição da doença por adolescentes, que estão em uma fase de
mudanças e adaptações, sem terem os conhecimentos adequados, pode interferir na sua vida social,
tendo impacto, inclusive, na evasão escolar. Mediante este contexto, torna-se essencial a prática de
ações educativas no meio escolar, abordando problemas históricos e atuais de saúde, visando à
quebra de paradigmas, além de uma formulação de conhecimentos a respeito da hanseníase, que
muitas vezes, pela falta de conhecimento dos fatores específicos da doença, mantém possíveis
cadeias de contaminação ativas. O presente trabalho é um estudo descritivo-exploratório com
abordagem qualitativa, tendo como objetivo avaliar a aplicabilidade da estratégia de ações
educativas, com abordagem na hanseníase e suas especificidades com os alunos do 1º ano do
Ensino Médio da EEM Antônio Albuquerque de Souza Filho, localizada no município de Iguatu-CE.
Os dados foram obtidos por meio de um questionário semiestruturado aplicado em dois momentos
distintos. O primeiro, antecedendo as ações educativas com a finalidade de verificar o conhecimento
prévio dos alunos; o segundo, após as ações educativas para sondagem da efetivação de
conhecimentos adquiridos. As questões foram analisadas por categorias de respostas, com a
finalidade de organizar os resultados no que se referem ao conhecimento e preconceito em relação a
doença, enfocando a importância de campanhas educativas sobre hanseníase. Os alunos não
demonstraram conhecimento científico em relação à hanseníase, e, portanto, a maioria deles,
apresentou-se com preconceito. Com relação a eficácia das ações educativas pré-existentes,
verificou-se que a televisão e cartazes têm papel considerável para informar, mas não para motivar.
Devido ao fato dos alunos, em sua maior parte, terem apresentado pouco conhecimento científico
sobre a doença, concluiu-se que há a necessidade de ampliar e atualizar as informações e ações
educativas em saúde, oferecidas nas escolas, como forma de atingir a maioria da população.
Palavras Chaves: Ações educativas; hanseníase; preconceito.
8. ABSTRACT
The purpose of the educational activity is to develop the individual and the group, the ability to critically
analyze their reality and decide joint actions to solve problems and change situations or thoughts. In
many cases, these actions are important to break paradigms and demystify concepts, such as leprosy,
pathology that is surrounded by prejudices and erroneous view of society. Leprosy is an infectious
disease of chronic disease that manifests itself mainly through signs and symptoms
dermatoneurológicos, as follows: lesions on the skin, eyes, hands, feet, and peripheral nerves.
Importantly, the possible acquisition of disease by teenagers, who are in a phase of changes and
adjustments without having the appropriate knowledge, can interfere with your social life, having an
impact even on truancy. Through this context, it is essential to the practice of educational activities in
schools, addressing historical problems and current health, aiming to break paradigms, and a
formulation of knowledge about leprosy, which often lack knowledge factors specific to the disease,
remains possible contamination of active chains. This study is a descriptive exploratory study with a
qualitative approach to evaluate the applicability of the strategy of educational, with approach in
leprosy and its specificities with students of 1st year of high school the EEM Antonio Albuquerque de
Souza Filho, located in the municipality of Iguatu-CE. Data were collected through a semi-structured
questionnaire applied at two different times. The first, prior educational activities in order to check the
students' prior knowledge; Second, after the poll for educational effectiveness of knowledge. The
questions were analyzed by categories of responses, with the purpose of organizing the results as
they relate to knowledge and prejudice about the disease, focusing on the importance of educational
campaigns about leprosy. The students did not demonstrate scientific knowledge in relation to leprosy,
and therefore most of them presented with prejudice. Regarding the effectiveness of educational pre-
existing, it was found that television and billboards have considerable role to inform, but to motivate.
Because of the students, for the most part, have shown little scientific knowledge about the disease, it
was concluded that there is a need to expand and update the information and educational activities in
health, offered in schools as a way to reach most of population.
Key Words: Educational action; leprosy; prejudice.
9. LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Identificação dos sujeitos entrevistados por idade e gênero.................33
Tabela 02 – Quantificação dos sujeitos quanto à renda salarial...............................34
Tabela 03 – Informação sobre conhecimento de locais de campanhas educativas
sobre hanseníase.......................................................................................................48
10. LISTA DE SIGLAS
CSN- Conferência Nacional da Saude......................................................................18
IDH- Índice de Desenvolvimento Humano.................................................................20
OMS- Organização Mundial da Saude.......................................................................24
PCH- Programa de Controle da Hanseníase.............................................................18
PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais..................................................................16
PSF- Programa Saude da Família.............................................................................19
SINAN- Sistema de Informação de Agravos e Notificações......................................30
SUS- Sistema Único de Saude..................................................................................17
11. SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
2 OBJETIVOS...........................................................................................................13
2.1 Objetivo Geral .....................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos ..........................................................................................14
3 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................15
3.1 A Relação Saúde-Educação ...............................................................................15
3.2 Ações Educativas................................................................................................17
3.2.1 Ações educativas e políticas públicas ..............................................................18
3.2.2 Ações educativas no meio escolar ...................................................................19
3.4.1 A importância das ações educativas na escola sobre hanseníase ..................21
3.3 A Hanseníase......................................................................................................22
3.3.1 Histórico ...........................................................................................................22
3.3.2 Transmissão.....................................................................................................23
3.3.3 Sinais e sintomas .............................................................................................24
3.3.4 Tratamento.......................................................................................................24
3.3.5 Epidemiologia da hanseníase ..........................................................................24
3.4 Fatores Predisponentes à Hanseníase ...............................................................27
3.4.1 Falta de informação..........................................................................................27
3.4.2 Conceitos equivocados ....................................................................................27
3.4.3 Preconceito e prevalência oculta da doença....................................................28
4 TRAJETO METODOLÓGICO................................................................................28
4.1 Tipo de Estudo ....................................................................................................29
4.2 Local do Estudo...................................................................................................29
4.3 População e Amostra ..........................................................................................30
4.4 Procedimento e Coleta dos Dados......................................................................30
4.5 Análise dos dados ...............................................................................................32
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ..............................................................33
5.1 Caracterizações dos sujeitos...............................................................................33
5.2 Questões Norteadoras ........................................................................................35
5.2.1 Conhecimentos acerca da hanseníase ............................................................35
5.2.2 Existência de preconceito e estigma em relação à hanseníase .......................43
12. 5.2.3 A importância e eficácia das ações educativas com relação à hanseníase .....47
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................52
REFERÊNCIAS............................................................Erro! Indicador não definido.
APÊNDICES .............................................................................................................62
APÊNDICE A - Termo de Autorização para Realização da Pesquisa.......................63
APÊNDICE B – Termo de Consentimento dos Participantes da Pesquisa. ..............64
APÊNDICE C- Questionário Individual para os Alunos do Ensino Médio .................66
ANEXO.......................................................................................................................68
ANEXO A-Cartilha do Ministério da Saúde................................................................69
13. 12
1 INTRODUÇÃO
A relação entre os setores de educação e de saúde possui muitas afinidades
no campo das políticas públicas, por serem baseados na universalização de direitos
fundamentais e com isso, favorece maior proximidade com os cidadãos. Afinidade
que, historicamente no Brasil já foi unidade, quando na década de 50, esses dois
setores constituíam o então Ministério da Educação e Saúde (BRASIL, 2009).
A escola, por representar local de construção e socialização de
conhecimentos, torna-se muitas vezes, alvo principal na prevenção e promoção de
saúde, principalmente, quando se fala em ações educativas.
A ação educativa não implica somente na transformação do saber, mas na
transformação dos sujeitos do processo, tanto dos técnicos, quanto da população. O
saber de transformação só pode ser produzido quando ambos os pólos da relação
dialógica também se transformam no processo (PINTO, 2002).
Os alunos desenvolvem, cotidianamente, um saber popular que chega a ser
considerável, embora, a este saber falte uma sistematização coletiva, mas não pode
por isso, ser destituído de importância. Este saber prévio é o ponto de partida, e sua
transformação, mediante apoio do saber técnico-científico pode se constituir num
processo educativo.
Para Jara (1995), o conhecimento é socialmente construído e a sua
reconstrução é uma ação coletiva que contém o individual. Por isso, práticas de
educação em saúde, quando tratadas na escola, tende a alcançar seus objetivos de
forma mais eficaz, até pelo ambiente de desenvolvimento favorecedor, como pelo
fato de a escola se caracterizar como palco de mudanças de paradigmas e
construção de conhecimento individual.
O fim da ação educativa é desenvolver no indivíduo e no grupo, a capacidade
de analisar criticamente a sua realidade; de decidir ações conjuntas para resolver
problemas e modificar situações ou pensamentos (BRASIL, 1999). Em muitos casos,
essas ações se fazem importantes, para quebrar paradigmas e desmitificar
conceitos, como é o caso da hanseníase, patologia que é rodeada de preconceitos e
visão errônea pela sociedade.
14. 13
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica que se
manifesta, principalmente, através de sinais e sintomas dermatoneurológicos, sendo
eles, lesões na pele, olhos, mãos, pés e nos nervos periféricos (BRASIL, 2002).
A população afetada carrega uma grande carga de estigma e preconceito em
relação à doença, e esses fatores interferem na execução de medidas de controle e
profilaxia. Portanto, faz-se necessário o esclarecimento das suas reais
consequências e, especialmente, de suas formas de prevenção, de modo a
desmitificar seus aspectos perversos na visão da sociedade como: incurabilidade,
mutilação, rejeição e exclusão da sociedade.
É importante salientar que a possível aquisição dessa doença por
adolescentes, que estão em uma fase de mudanças e adaptações, sem que estes
tenham os conhecimentos adequados, pode interferir na sua vida social, tendo
impacto, inclusive, na evasão escolar.
Mediante este contexto, torna-se essencial a prática de ações educativas no
meio escolar, abordando problemas históricos e atuais de saúde, visando a quebra
de paradigmas e formulação de conhecimentos a respeito da hanseníase, e até
mesmo pelo fato, da falta de conhecimento dos fatores específicos da doença,
manter ativa, possíveis cadeias de contaminação.
A estratégia de ações educativas em saúde na escola é eficiente? Na prática
dessas ações voltadas à hanseníase, ocorrem mudanças na concepção do público?
O presente estudo se torna relevante, uma vez que teve em vista a realização
de ações educativas, na Escola de Ensino Médio Antônio Albuquerque de Souza
Filho, localizada no município de Iguatu-Ceará tendo como público-alvo os alunos do
1º ano do ensino médio, que são veículos disseminadores de informações tanto para
a família quanto para a comunidade em geral. Essa estratégia também busca
conhecer as concepções que os alunos trazem à sala de aula sobre o tema
hanseníase, um problema de saúde pública, e desta forma, colaborar para que os
programas educativos cheguem até as escolas de forma mais eficaz.
15. 14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
• Avaliar a aplicabilidade da estratégia de ações educativas aos alunos do 1º ano
do Ensino Médio da EEM Antônio Albuquerque de Souza Filho, com abordagem na
hanseníase e suas especificidades.
2.2 Objetivos Específicos
• Avaliar o conhecimento dos estudantes acerca da hanseníase e seus fatores
predisponentes;
• Identificar nos alunos, a presença de preconceito e estigmas em relação à
patologia e aos portadores da hanseníase;
• Averiguar a eficácia de ações educativas pré-existentes sobre a hanseníase e a
susceptibilidade de realização das ações no meio escolar.
16. 15
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 A Relação Saúde-Educação
A relação dos setores educação e saúde é bastante antiga. Somente em
1953, com a Lei nº 1.920, que o então Ministério da Educação e Saúde se
desdobrou em dois: no Ministério da Saúde e no Ministério da Educação e Cultura.
As ações desenvolvidas pelo Departamento Nacional de Saúde passaram a ser
responsabilidade do Ministério da Saúde. Desde então, os Ministérios da Educação
e da Saúde têm autonomia institucional para elaboração e implementação de suas
políticas (BRESSAN, 2008).
Com esse desmembramento, o Ministério da Educação passou a ficar
responsável pelos programas e ações relativas à saúde escolar, orientado pelos
preceitos higienistas e biologicistas, atuando somente em cada indivíduo,
dissociando-o da escola e do território (BRASIL, 2009). O fator de divisão, não
impediu a criação de políticas públicas que integrassem os dois setores.
A integração de práticas nas áreas de saúde e educação, considerando a
perspectiva de formação permanente de educadores e educandos, e a consequente
troca de saberes que emerge nesse contexto, permitem ressignificar a relação que,
historicamente, se constituiu entre saúde e educação (MENDONÇA, 2009).
O planejar de forma integrada as ações de saúde e educação no território,
pode configurar um espaço instituínte de exercício de poder compartilhado
(PEDROSA, 2006), que busca o dialogismo intersetorial, em um recorte sincrônico
que mostra a saúde e a educação como lugar de superação das situações limite que
se apresentam.
Entre os desafios postos à interação entre as duas políticas, está a
compreensão de que esses campos estão interconectados com a vida em sua
complexidade, e a ousadia de assumir, em conjunto, a gestão e a responsabilidade
sobre estes movimentos, que não estão necessariamente, no plano da
medicalização, conformando dimensões sociais, culturais, espirituais e também
pedagógicas (BRASIL, 2009).
A partir da compreensão de que uma ação intersetorial, uma parceria, existe
na medida em que “ambas as partes envolvidas trabalham juntas para atingir um
17. 16
objetivo comum, resultando em benefícios para todos”, (ROCHA, 2008), assim,
parece, então, que os sistemas de saúde e de educação no Brasil venceram o
primeiro passo para um trabalho conjunto. Ao mesmo tempo, parece que a
promoção da saúde apresenta-se como uma forma de pensar e agir em sintonia com
este agir educativo, cuja finalidade é a formação de sujeitos e projetos pedagógicos
voltados para o direito à vida (BRASIL, 2009).
Educação e saúde constituem, no entanto, um campo epistêmico de
relevância para a qualidade de vida humana e social. Refletir sobre esse campo, em
suas dimensões e relações, é uma necessidade e um apelo da produção do
conhecimento, reconhecendo que a origem e o propósito de todo saber, encontra-se
na sociedade, na existência e na vida (RANGEL, 2009).
O campo resultante da interface entre Educação e a Saúde tem sido
denominado de várias maneiras: educação sanitária, educação e saúde, educação
para saúde e, mais recentemente, educação popular em saúde. Estas expressões
têm sido muito frequentemente tomadas como sinônimas, prevalecendo o emprego
da expressão educação em saúde (VASCONCELOS, 2001).
A educação em saúde visa à autonomia das pessoas em relação aos
processos de saúde e doença e de suas condições de vida, que são possíveis
geradores de doenças, porém por muito tempo, a educação em saúde era vista
como a transmissão de conhecimentos, de alguém detentor do conhecimento, para
alguém sem conhecimentos (BRASIL, 2009). Com a mudança na abordagem de
ensino usada na educação, o processo de educação em saúde, também necessita
passar por modificações, em virtude de atingir seu principal objetivo: a prevenção de
doenças ou agravos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN's entendem educação em saúde
como fator de promoção e proteção à saúde e estratégia para a conquista dos
direitos de cidadania (BRASIL, 1997). A escola pode fornecer elementos que
capacitem os indivíduos para uma vida mais saudável. Sua função é de apoio ao
serviço médico, possibilitando a entrada desses profissionais no meio escolar, e
assumindo suas responsabilidades no campo da saúde através da educação para a
saúde (BASTOS, 1979).
18. 17
3.2 Ações Educativas
As ações educativas surgiram com o objetivo de contribuir para que a
educação possa servir aos interesses reconhecidos e proclamados pela maioria da
sociedade. Por meio de uma ação cultural, trabalha para a construção e a
consolidação de atores sociais no âmbito da sociedade civil, pois somente numa
sociedade forte, onde os segmentos têm capacidade e canais de expressão, pode
existir um Estado democrático (BRASIL, 2009).
Os fatores de ações educativas devem constituir participação, diálogos e
democracia, que possibilitem trabalhar a relação entre teoria e prática, bem como,
contribuir para a formação de cidadãos ativos, que assumam seus direitos e
responsabilidades quanto à decisão; estimular e favorecer o compromisso coletivo,
fortalecendo movimentos e organizações da sociedade civil; difundir a cultura dos
direitos, em detrimento da cultura do clientelismo e do patrimonialismo; possibilitar o
diálogo entre valores e culturas diferentes, próprias de uma sociedade plural e
complexa, articulando igualdades e diferenças (CANDAU, ZENAIDE, 1999).
Na proposta dos autores supracitados, relata ainda, estratégias necessárias
do papel de educadores, como mobilizadores de processos pessoais e grupais de
cunho cultural e social, que contribuem para a articulação dos conteúdos com a
realidade e com a apropriação do conhecido socialmente.
Caracterizando-se como um processo sistemático, contínuo e permanente
que objetiva a formação e o desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, as
ações educativas, estimulam a busca de soluções coletivas para os problemas
vivenciados e a sua participação real através do controle social. O objetivo primordial
da ação educativa é a transformação. Esta ação, como área do conhecimento,
contribui de forma decisiva para a consolidação dos princípios e diretrizes do
Sistema Único de saúde - SUS. A sua clientela é composta de profissionais de
saúde, grupos sociais e população em geral. (BRASIL, 2007)
Pode-se inferir, portanto, que as ações educativas são voltadas ao
desenvolvimento das potencialidades da criança, do adolescente, do jovem e de sua
família e devem contribuir para os processos de desenvolvimento pessoal, a
promoção social e o fortalecimento da auto-estima.
19. 18
3.2.1 Ações educativas e políticas públicas
Políticas públicas são definidas aqui, como o conjunto de ações
desencadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal, estadual e
municipal, com vistas ao atendimento a determinados setores da sociedade civil.
Elas podem ser desenvolvidas em parcerias com organizações não governamentais
e, como se verifica mais recentemente, com a iniciativa privada (BRAVO, 2004).
As políticas públicas podem ser compreendidas como um sistema (conjunto
de elementos que se interligam, com vistas ao cumprimento de um fim: o bem-
comum da população a quem se destinam), ou mesmo como um processo, pois tem
ritos e passos, encadeados, objetivando uma finalidade. Ainda para Bravo (2004), as
ações de saúde pública no Brasil, tem buscado reduzir as enfermidades, controlar as
doenças endêmicas e parasitárias, melhorar a vigilância à saúde e qualidade de vida
do brasileiro.
A 12ª Conferência Nacional da Saúde (CNS) teve como objetivo definir
orientações para o plano plurianual de saúde do governo e as principais diretrizes a
serem incorporadas ao sistema de saúde. As estratégias do encontro tiveram foco
na área de recursos humanos e qualidade dos serviços, havendo a elaboração de
um instrumento que contém 10 eixos temáticos, entre estes, encontram-se a
intersetorialidade das ações de saúde e informações (BRAVO, 2004).
As políticas de saúde reconhecem o espaço escolar como espaço privilegiado
para práticas promotoras, preventivas e de educação para a saúde (BRASIL, 2009).
Por este motivo, é importante que a escola seja alvo das estratégias dos PSF’s,
visando a promoção de saúde neste meio, e a disseminação dos demais programas
que estes compreendem, como por exemplo, a hanseníase.
A hanseníase é considerada como um problema de saúde pública, tornando-
se uma das prioridades do Ministério da Saúde, que no ano de 2000, desenvolveu o
Programa de Controle da Hanseníase (PCH), objetivando aperfeiçoar as medidas
voltadas à integração e à efetividade das ações de controle da doença na rede
básica de saúde (BRASIL, 2002).
Apesar do ministério da saúde investir em campanhas de prevenção à
hanseníase, que se constituem em políticas públicas, as unidades de saúde
deveriam desenvolver mais atividades de educação em saúde na comunidade e
20. 19
principalmente no meio escolar, para que reconheçam os sinais e sintomas e
realizem precocemente o diagnóstico tardio da doença, promovendo a saúde da
população na qual a equipe está inserida (BRASIL 2002).
Para que haja um comprometimento entre as ações preventivas,
promocionais e curativas, que vêm sendo realizadas pelas equipes de Programa
Saúde da Família (PSF), a população deve estar informada sobre os sinais e
sintomas da doença, ter acesso fácil ao diagnóstico e tratamento. A pessoa com a
doença deve ter orientação individual e familiar durante todo o tratamento, exigindo
assim, profissionais de saúde sensibilizados, e ensino capacitado para lidar com
todos esses aspectos (BRASIL, 2002).
A política pública de promoção da saúde escolar deve, pela sua
potencialidade, evitar agravos e promover a saúde e qualidade de vida, constituir um
espaço privilegiado de atuação das equipes de Saúde da Família (DEMARZO;
AQUILANTE, 2008).
3.2.2 Ações educativas no meio escolar
A implementação de ações educativas no meio escolar, tem por objetivo
garantir o ingresso, o regresso, a permanência e o sucesso educacional por meio da
transformação da escola em um espaço atraente; da redução da exposição de
crianças, adolescentes e jovens a situações de risco; da desigualdade, da
discriminação e de outras vulnerabilidades sociais; da redução dos índices de
repetência e evasão escolar; e da melhoria da qualidade da educação.
As ações educativas podem ser atividades recreativas, artesanais, artísticas,
de esporte, lazer, culturais, de acompanhamento do conteúdo escolar, aulas de
informática e de línguas estrangeiras, educação para a cidadania e direitos
humanos, educação ambiental, ações de educação com preferência étnico-racial,
discriminação e preconceito, ações de mediação de conflitos e de redução da
violência (BRASIL, 2009).
As redes públicas devem acompanhar a frequência e o aproveitamento
escolar das crianças, adolescentes e jovens atendidos. Estados, municípios e
entidades privadas sem fins lucrativos podem apresentar projetos, dando prioridade
aos que apresentem índices sociais e educacionais desfavoráveis, tais como: baixo
21. 20
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), altas taxas de repetência, abandono
escolar e de distorção idade-série, incidência de trabalho infantil e de abuso e
exploração sexual de crianças, adolescentes e jovens na região (ALVES, 2004).
Na escolha das ações a serem implementadas, deve-se considerar as
especificidades locais e a capacidade técnica dos profissionais disponíveis para a
execução das atividades, incentivando a articulação com outros órgãos
governamentais e com instituições da sociedade.
Ao se tratar do campo da saúde coletiva, depara-se com a inserção da saúde
em uma realidade social complexa, daí a necessidade de considerá-la como um
campo interdisciplinar, articulado a uma totalidade social permeada de contradições.
A constituição de espaços dialógicos que possibilitem a interlocução de saberes e
práticas parece se configurar como estratégia de superação dessas situações-limite
(DANTAS et al. 2008).
A escola, que tem como missão primordial, desenvolver processos de ensino-
aprendizagem, desempenha papel fundamental na formação e atuação das pessoas
em todas as arenas da vida social. Juntamente com outros espaços sociais, ela
cumpre papel decisivo na formação dos estudantes, na percepção e construção da
cidadania e no acesso às políticas públicas. Desse modo, pode tornar-se locus para
ações de promoção da saúde para crianças, adolescentes e jovens adultos.
As ações educativas realizadas na escola distinguem-se das demais
instituições por ser aquela que oferece a possibilidade de educar por meio da
construção de conhecimentos resultantes do confronto dos diferentes saberes:
aqueles contidos nos conhecimentos científicos veiculados pelas diferentes
disciplinas; aqueles trazidos pelos alunos e seus familiares e que expressam
crenças e valores culturais próprios (ALVES, 2004).
As publicações por meios de comunicação, muitas vezes fragmentados e
desconexos, mas que devem ser levados em conta por exercerem forte influência
sociocultural; e aqueles trazidos pelos professores, constituídos ao longo de sua
experiência resultante de vivências pessoais e profissionais, envolvendo crenças e
se expressando em atitudes e comportamento, constituem também ações
educativas que devem ser ressaltadas neste contexto.
Esse encontro de saberes gera o que se convencionou chamar “cultura
escolar”, que assume expressão própria e particular em cada estabelecimento,
22. 21
embora apresente características comuns a tudo aquilo que é típico do mundo
escolar (ALVES, 2004).
Essa dinâmica cultural da escola é extremamente vigorosa, tornando-a um
espaço de referências muito importante para crianças e adolescentes, que cada vez
mais, desenvolvem em seu âmbito, experiências significativas de socialização e
vivência comunitária. A escola é considerada por alguns como o espaço de transição
entre o mundo da casa e o mundo mais amplo.
Portanto, a cultura escolar configura e é instituinte de práticas socioculturais
(inclusive comportamentos) mais amplos que ultrapassam as fronteiras da escola em
si mesma. É dentro desse enfoque que se entende e se justifica um programa de
saúde na escola, inserido e integrado no cotidiano e na cultura escolar, irradiando-se
dessa forma para além dos limites da escola. (DEMARZO; AQUILANTE, 2008).
A escola é espaço de grande relevância para promoção da saúde,
principalmente quando exerce papel fundamental na formação do cidadão crítico,
estimulando a autonomia, o exercício de direitos e deveres, o controle das condições
de saúde e qualidade de vida, com opção por atitudes mais saudáveis. As iniciativas
de promoção da saúde escolar constituem ações efetivas para a consecução dos
objetivos citados, o que pode ser potencializado no Brasil pela participação ativa das
equipes de Saúde da Família (DEMARZO; AQUILANTE, 2008), sempre em
associação com as equipes de educação.
3.4.1 A importância das ações educativas na escola sobre hanseníase
Araújo (2003) destaca que as ações educativas são práticas transformadoras
que devem estar presentes em todas as ações de controle da hanseníase, de forma
a contribuir com a reconstrução do conhecimento sobre a doença.
Sabe-se que, as concepções acerca do mundo são elaboradas pelos alunos,
desde seu nascimento e as acompanham também em sala de aula, onde os
conceitos científicos são inseridos no processo de ensino e aprendizagem. Porém,
essas concepções apresentam uma conotação simplista para explicar os fenômenos
ou preceitos científicos. Tais concepções são caracterizadas como construções
pessoais dos alunos que foram elaboradas de forma espontânea com a interação
23. 22
dos estudantes com o meio e com as pessoas com as quais convivem (OLIVEIRA,
2002).
Percebe-se com nitidez, que os alunos aprendem em casa, com os mais
velhos da família. Desta forma, tende-se a preservar os valores do mundo dos
antepassados, inclusive a concepção de que a hanseníase é uma doença incurável.
É consenso geral que o tema hanseníase, quando levado à escola, é tratado,
na maioria das vezes, como um problema distante da realidade, abordando sob
explicações tecnicistas e não conduzindo o aluno a perceber a hanseníase como
uma realidade presente, constituindo um grave problema de saúde pública em
nossopaís (GOFFMAN, 1982).
Considerando que a escola exerce um papel transformador, buscando
proporcionar aos alunos uma visão mais ampla da realidade de seus alunos no que
se refere saúde e que os auxilie no desenvolvimento de uma visão crítica da
realidade em que estão inseridos, a educação em saúde sobre hanseníase visa
informar os aspectos sintomatológicos, a importância do exame periódico,
tratamento precoce e prevenindo possíveis incapacidades (MARINUS, 2012).
3.3 A Hanseníase
3.3.1 Histórico
A hanseníase, amplamente conhecida pela designação de lepra, é
considerada uma das mais antigas doenças que acomete o homem. Para Cunha
(2002), o termo ‘’lepra’’ era utilizado para designar doenças que acometiam a pele e
que tinham características semelhantes entre si.
A ocorrência da hanseníase tem registros muito antigos. As primeiras citações
na literatura datam o ano de 600 a.C., tendo a África e a Índia como focos iniciais da
doença. (CUNHA, 1997).
Na atualidade, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, todos os
países sul-americanos têm hanseníase, sendo o Brasil o que apresenta as mais
altas incidências e prevalências desta doença neste continente (BRASIL, 2001b).
No Brasil, os primeiros documentos que atestam a existência da hanseníase
datam do fim do século XVIII, tanto que, em 1696, o Governador Arthur de Sá e
24. 23
Menezes procurava dar assistência no Rio de Janeiro, aos “míseros leprosos”, já
então em número apreciável (OPROMOLLA, 1981).
As medidas para enfrentar o problema da hanseníase no Brasil não diferiram
do que ocorreu no resto do mundo. Surgiram algumas propostas de medida gerais
de controle, tais como: notificação compulsória de todos os casos, isolamento dos
doentes com criação de asilos-colônias (leprosários), afastamento dos recém-
nascidos e impedimento da importação de casos (NIEMES, 1989). As formas de
tratamento utilizadas como o isolamento, principalmente, contribuíram ainda mais
para o preconceito à doença, sem obtenção de sucesso algum com a cura e ao
controle da doença.
Embora a Organização Mundial da Saúde esteja anunciando a eliminação da
hanseníase como problema de saúde pública, isto é, chegar a uma prevalência de
menos de um paciente para cada 10.000 habitantes, no início do terceiro milênio, a
doença continua sendo um sério problema no mundo e no Brasil, com pouco
controle de endemia.
3.3.2 Transmissão
O bacilo causador da hanseníase é o Bacilo de Hansen, é um parasita
intracelular obrigatório e que apresenta afinidade por células cutâneas e nervos
periféricos. É considerado um organismo de alta infecciosidade e baixa
patogenicidade (JOPLING; McDOUGALL, 1991).
O autor supracitado ainda afirma que o homem é a principal fonte de infecção,
através das vias aéreas superiores, eliminam os bacilos no meio externo, sendo
possível também a transmissão por via cutânea, se houver lesão de continuidade da
pele.
O tempo de multiplicação do bacilo é relativamente lento, podendo durar, em
média, de 11 a 16 dias. Dessa forma, a doença demora a se manifestar no indivíduo,
apresentando um período de incubação, em média, de dois a sete anos. Período
este, há referência a períodos mais curtos, de sete meses, como também de mais de
dez anos (BRASIL, 2001a).
25. 24
3.3.3 Sinais e sintomas
As manifestações iniciais da hanseníase ocorrem através das lesões de pele
esbranquiçadas ou avermelhadas, aparecendo em qualquer região do corpo, com
maior incidência na face, nas nádegas, membros superiores e inferiores, além das
cavidades orais, podendo acometer a mucosa nasal, causando obstrução (BRASIL,
2002).
Os sinais e sintomas dermatoneurológicos também se manifestam pela
ausência de sensibilidade. O bacilo acomete os ramos sensitivos e cutâneos,
provocando dormência nas lesões de pele e troncos nervosos periféricos que poderá
causar incapacidades e deformidades (ARAÚJO, 2003).
3.3.4 Tratamento
O tratamento é fundamental, tanto para interromper a cadeia de transmissão
da hanseníase, como também possibilitar a cura do doente, sendo, portanto
estratégico no controle da endemia e na eliminação da doença (BRASIL, 2002).
A Poliquimioterapia, tratamento preconizado pela OMS, mata o bacilo
tornando-o inviável, evita a evolução da doença e previne as incapacidades e
deformidades causadas por ela, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar
outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica. Assim sendo, logo no início do
tratamento, a transmissão da doença é interrompida e, sendo realizado de forma
completa e correta, garante a cura da doença (BRASIL, 2002).
O tratamento da hanseníase também envolve a habilidade para cuidar das
incapacidades, baseando-se em informações obtidas da avaliação neurológica
durante o diagnóstico. Essas informações referem-se aos sinais e sintomas de
comprometimento neural ou de incapacidades, que são: dor neural aguda, perda da
força muscular, diminuição da sensibilidade dos olhos, mãos e pés, nefrite, vasculite,
órquio-epididimite e iridociclite (BRASIL, 2001b).
3.3.5 Epidemiologia da hanseníase
26. 25
No Brasil, a hanseníase apresenta tendência de estabilização dos
coeficientes de detecção, mas este número ainda é elevado, essencialmente, nas
regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste, onde, segundo estudos, concentra-se mais
da metade dos casos do país, mesmo possuindo menor proporção de habitantes
(BRASIL, 2007).
No Ceará, a doença permanece como importante problema de saúde pública,
apesar de todos os esforços empreendidos pelas Secretarias Municipais de Saúde
na erradicação destes casos. Em 2011, foram diagnosticados 1.854 casos novos,
alcançando um coeficiente de detecção geral de 21,9 casos/100.000 habitantes.
Segundo o Ministério da Saúde essa taxa ainda é considerada “muito alta”,
colocando o Ceará no 13º lugar do ranking nacional e o 4º lugar do Nordeste, em
número de casos novos da doença (BRASIL, 2012).
Houve uma significativa queda no coeficiente de detecção geral no período de
2001 a 2011 no Ceará, porém, registrou ocorrência da doença em menores de 15
anos. Esse fato demonstra a existência de focos de transmissão ativos de
hanseníase, com uma média anual de 6,1% do total de casos notificados da doença
nessa faixa etária (BRASIL, 2012).
No município de Iguatu, houve de 2009 para 2010 um aumento nos
diagnósticos da hanseníase, o que evidencia que as políticas de saúde não estão
sendo eficazes em relação ao controle da doença (gráfico 01).
Gráfico 01- Diagnóstico por sexo dos casos novos de hanseníase, Iguatu-Ceará,
2009 e 2010.
Fonte: SINAN/Iguatu
27. 26
Ocorreu um aumento da hanseníase em homens que em 2009, representava
48% e em 2010, passou para 51%, enquanto que a prevalência nas mulheres
diminuiu. Em relação aos dados totais, vê-se pouca diferença em relação ao sexo.
De acordo com a literatura, a hanseníase é mais frequente no sexo
masculino, devido às condições de vida mais ativa, estando assim, mais expostos à
doença.
Gráfico 02-Casos novos de hanseníase em menores de 15 anos, Iguatu-Ceará,2009
e 2010.
Fonte: SINAN/Iguatu
De acordo com o gráfico exposto, pode-se verificar um aumento da
hanseníase entre os anos referentes. O diagnóstico da doença em menores que 15
anos aumentou em 100%, o que demonstra ausência de ações de saúde e atenção
efetiva nesse público-alvo.
A detecção da hanseníase em menores de 15 anos é um parâmetro
comumente utilizado para se medir a expansão da endemia, pois indica a
precocidade da exposição e a persistência da transmissão da doença, constituindo-
se em um importante indicador epidemiológico (LANA et al. 2003).
A alta endemicidade da hanseníase, em uma área de abrangência, tende a
proporcionar múltiplas exposições da população ao bacilo, além de propiciar que tal
exposição se dê nos primeiro anos de vida. Dessa forma, um dos indicadores mais
sensíveis em relação à situação de controle da hanseníase é o percentual de casos
em jovens. A ocorrência, em menores de 15 anos de idade, indica a precocidade da
exposição e a persistência da transmissão da doença, configurando-se como
importante elemento para avaliação de sua magnitude( ARAUJO et al. 2004).
28. 27
3.4 Fatores Predisponentes à hanseníase
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), são considerados
fatores coadjuvantes ou predisponentes à endemia da hanseníase, a miséria, renda
inferior a um salário mínimo no qual acarretará em uma subalimentação e o baixo
grau de escolaridade o que levará a falta de conhecimento adequado para
prevenção da doença, além de fatores especificados a seguir como:
3.4.1 Falta de informação
A falta de informação contribui para que as pessoas não procurem tratamento
ou abandonem o mesmo, pois a hanseníase é uma doença como qualquer outra,
porém, a diferença é o preconceito devido ao passado sombrio da doença
(OPROMOLLA, 1997).
Além da resistência ao tratamento, a falta de informação sobre a hanseníase
e suas formas de transmissão também coloca o próprio indivíduo como um ser
passivo diante do controle da doença, pois muitos contatos domiciliares, não
comparecem ao serviço de saúde.
Neste contexto se sobressai a necessidade de planos de educação em
saúde, para reverter este quadro, uma vez que, como passo inicial para o
tratamento, está a aceitação e o conhecimento da patologia, como algo possível de
ser tratado.
3.4.2 Conceitos equivocados
A causa da doença, na visão popular, muitas vezes, reduz-se aos elementos
de ordem subjetiva como as relações do mundo natural (ambiente, clima, contato
com animais, substâncias tóxicas, sujeira e coisas poluídas) as individuais, nos
comportamentos morais, na hereditariedade e velhice; e as sobrenaturais como
carma, predisposição, fatalidade, as alimentares em especial, a ingestão da carne de
porco relacionada à idéia de sujeira (EIDT, 2004).
A desmitificação da doença, também se faz importante, visto que algumas
pessoas carregam a visão do passado, que a doença tem origem no castigo divino e
29. 28
isso impede a adesão ao tratamento, juntamente com o medo do que as pessoas
pensam.
3.4.3 Preconceito e prevalência oculta da doença
Ao longo da história, o desconhecimento geral do público, das autoridades,
dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes tem levado ao estabelecimento
de preconceitos e estigmas sociais em relação a hanseníase. É um processo que
dificulta a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a vigilância epidemiológica,
criando sérios problemas de saúde pública (BRASIL, 2002).
Há necessidade de estimar a prevalência oculta para se conhecer a
prevalência real, e a partir daí planejar ações como objetivo de detectar e tratar
todos os pacientes e agir sobre os focos de transmissão (SUÁREZ et al. 1997).
Na última década, embora a prevalência da hanseníase no Brasil tenha
diminuído, a detecção aumentou em números absolutos. Esse fato pode indicar
aumento da transmissão e, consequente aumento de incidência (fatores
epidemiológicos), ou pode significar que se está apenas atuando sobre a
prevalência oculta, definida como o estoque de casos existentes na população
diagnosticada tardiamente (fatores operacionais), ou mesmo ambos (BRASIL, 2002).
O preconceito dificulta muitas vezes a notificação, quando o doente, por
negação, se omite a procurar um médico ou os serviços de saúde. Estes casos são
característicos da prevalência oculta da doença, quando existem pessoas com a
patologia, mas que não são diagnosticadas, dificultando o tratamento e aumentando
a cadeia epidemiológica.
30. 29
4 TRAJETO METODOLÓGICO
4.1 Tipo de Estudo
Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada como percurso metodológico
a abordagem predominantemente qualitativa, de caráter descritivo-exploratório.
Segundo Mynaio (1994), a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos
significados das ações e relações humanas. A escolha pela pesquisa qualitativa,
para o presente estudo, efetuou-se em virtude da necessidade de um
aprofundamento sobre o tema e por abordar fatores humanos e sociais. A opinião
dos indivíduos, diante de determinadas situações, faz-se necessária para extração
de variáveis para a análise teórica através das diversas interpretações.
Para Gil (2002), a pesquisa descritiva visa expor as características de
determinados fenômenos ou populações. Esse estudo tem como base identificar
informações pertinentes de um grupo de alunos à respeito do tema em questão.
A pesquisa exploratória tem o objetivo de familiarizar-se com um assunto
pouco explorado. Por ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela
assume a forma de um estudo de caso (GIL, 2002).
4.2 Local do Estudo
O estudo foi realizado na Escola Estadual Antônio Albuquerque de Souza
Filho localizada na rua Padre Patrício, s/n, Bairro Vila Centenário, Iguatu, Ceará. A
mencionada escola atualmente abrange um total de 535 alunos regularmente
matriculados.
A referida escola foi fundada no dia 23 de outubro de 1982 e iniciou suas
atividades pedagógicas em março de 1983, com as seguintes modalidades de
ensino: Educação Infantil. 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental e era vinculada a
Secretaria de Educação do Município, passando a ser da esfera estadual em 1985
(CEARÁ, 2012).
O nome da escola é uma homenagem ao Ex-Secretário de Educação do
Estado do Ceará, Prof. Antônio Albuquerque de Souza Filho, que muito tem
contribuído com a educação no Estado. Atualmente, a escola pertence a Rede
31. 30
Pública Estadual de Educação, sob a jurisdição da 16ª CREDE e ministra o Ensino
Médio, envolvendo as modalidades de Ensino Regular e Educação de Jovens e
Adultos – EJA, com funcionamento nos turnos: manhã, tarde e noite.
O critério para a seleção do local baseou-se no fato de que ela está inserida
entre os bairros que, segundo dados do SINAN (IGUATU,2012), apresentam os
maiores índices de hanseníase do município.
Iguatu é um município brasileiro do estado do Ceará. Localizado na região
Centro-Sul do estado, possuindo uma extensão territorial de 1.029 Km², limita-se ao
Norte com Quixelô e Acopiara, ao Sul com Cedro e Cariús, a Leste com Orós, Icó e
Cedro e Quixêlo, a Oeste com Cariús, Jucás e Acopiara. É a cidade pólo da região
Centro-Sul possuindo uma população de 96.495 habitantes (IBGE, 2010).
4.3 População e Amostra
O estudo foi desenvolvido com os alunos do primeiro ano do Ensino médio da
Escola de Ensino Médio Antônio Albuquerque de Souza Filho que corresponde a
163 estudantes. Foi escolhido esse publico devido a predominância da idade na
faixa de 15 anos, que segundo o SINAN (IGUATU, 2012) a incidência de hanseníase
nessa faixa etária aumentou em 100% nos últimos dois anos, na cidade de Iguatu-
Ceará. Todos os adolescentes participantes foram esclarecidos quanto ao objetivo
da pesquisa efetiva
Para seleção da amostra foram atendidos os seguintes critérios:
• Escolares que estivessem matriculados no período da tarde;
• Que tenham participado das ações educativas que realizadas na execução do
trabalho;
.• Tenha aceitado participar voluntariamente da pesquisa.
4.4 Procedimento e Coleta dos Dados
Os dados foram coletados entre os meses de agosto e setembro do corrente
ano, utilizando-se um questionário semi-estruturado (apêndice C) que para Lakatos
e Marconi (1985), questionário é um instrumento para recolher informação,
consistindo de uma técnica de investigação composta por questões apresentadas
32. 31
por escrito a pessoas. Constituído por 14 questões, abertas e fechadas, o
instrumento de coleta de dados aqui utilizado, abordou o conhecimento geral e
específico dos alunos sobre hanseníase, com perguntas para verificar a respeito da
existência de preconceito aos portadores da doença, quais as fontes de informações
em que aprenderam, ou ouviram falar dessa patologia, e a importância de aprender
sobre a mesma. Ele foi aplicado em dois momentos:
No primeiro momento, o questionário aplicado visou a abordagem do
conhecimento prévio dos adolescentes sobre a hanseníase, e o mesmo foi aplicado
no segundo momento, tendo em vista à sondagem de conhecimentos adquiridos
após as ações educativas desenvolvidas.
Antes da aplicação do questionário, foi realizado um teste-piloto, que consistiu
na aplicação prévia do questionário a um público semelhante, escolhido
aleatoriamente, para verificar se o procedimento metodológico teria êxito no alcance
dos resultados.
Para a realização das ações educativas foi solicitada uma autorização à
coordenação da escola, mediante Termo de Autorização (Apêndice A). As ações
educativas foram marcadas de acordo com a disponibilidade da escola, a fim de não
atrapalhar o calendário escolar.
Após a primeira aplicação do questionário, foram realizadas as ações
educativas que consistiu em oficinas de trabalho promovidas pelo pesquisador e um
profissional de saúde capacitado na área, em que os alunos foram informados sobre
epidemiologia da hanseníase no mundo e no município de Iguatu, além de abordar
tópicos sobre a doença como: agente etiológico, sinais e sintomas, transmissão,
diagnóstico, tratamento e prevenção, destacou ainda, sobre as questões de
preconceito que a doença traz nos dias de hoje.
Após a oficina de trabalho, foram distribuídos cartilhas (Anexo) e cartazes do
Ministério da Saúde apresentando os principais tópicos da doença. De um modo
geral, essa dinâmica de trabalho permitiu que os alunos se comunicassem e
interagissem de maneira expressiva, entre si e com o pesquisador.
O questionário aplicado no segundo momento ocorreu após a realização das
ações educativas, em que foi pedido aos alunos que tivessem em mãos apenas o
questionário e uma caneta de modo que não utilizassem os materiais educativos
para não interferir nos resultados.
33. 32
Antes da aplicação dos questionários, os alunos foram informados que não
precisavam se identificar, para um resultado mais fidedigno, mediante termo de
consentimento livre e esclarecido (Apêndice B).
4.5 Análise dos dados
A análise de dados foi feita através da técnica de análise de categorias,
segundo Bardin (1997). Para este autor, a referida técnica se dá através de três
etapas básicas estabelecidas:
A pré-análise - que corresponde à organização do material coletado para
efeito de observação e comparação das mensagens
A descrição analítica - a qual se refere à descrição dos conteúdos das
respostas que exemplificam a análise do material, bem como citações literais
das falas do sujeitos;
Interpretação referencial - que é relativa às interpretações das respostas
associadas aos conceitos emergentes na pesquisa, tendo como referencial,
os enfoques teóricos aqui abordados, concomitantemente à descrição
analítica.
34. 33
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
5.1 Caracterizações dos sujeitos
A população em estudo foi composta por 26 alunos da Escola Estadual de
Ensino Médio Antônio Albuquerque de Souza Filho, localizada no município de
Iguatu/CE. A referida escola é composta por 535 alunos matriculados no Ensino
Médio. Dentre estes, apenas 45 alunos são matriculados no período da tarde,
população usada como critério de inclusão da pesquisa. A amostra consistiu de 26
alunos dos quais, dez são do sexo masculino e dezesseis do sexo feminino.
Tabela 01 – Identificação dos sujeitos entrevistados por idade e gênero 2012
Idade Sexo Total
Masculino Feminino
15 02 05 07
16 03 06 09
17 04 03 07
18 01 ----- 01
19 ----- ----- ----
20 ----- 01 01
21 ---- ----- ---
22 ----- ----- ----
23 ----- 01 01
Total 10 16 26
Fonte: Pesquisa de campo – E.E.M Antônio Albuquerque de Souza Filho
Realizando uma análise de dados da tabela 01 pode-se perceber que a
maioria dos participantes estão incluídos na faixa etária entre 15 e 17 anos, e esse é
um fator importante como população-alvo, pois atualmente é nessa idade que ocorre
a maior incidência da hanseníase.
Segundo o Ministério da Saúde, a população mais acometida com a
hanseníase encontra-se entre a faixa etária de 10 a 16 anos, aumentando a
prevalência conforme o aumento da idade e com poucos casos de crianças menores
de 3 anos de idade (BRASIL, 1999). O que torna a aplicação do trabalho com o
referido público, mais pertinente à informação e à prevenção da doença.
Quanto à prevalência maior do sexo feminino na amostra, merece enfoque
devido a hanseníase ser um fator de desencadeamento de mudanças na estrutura
da família, colocando a mulher, acometida pela hanseníase, em desvantagem pela
35. 34
duplicidade da discriminação que ela sofre, ou seja, ela é discriminada em função do
gênero a que pertence e pelo fato de estar doente (GOMEZ, 1993).
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), porém, afirma que há uma incidência
maior da doença nos homens do que nas mulheres na maioria das regiões do
mundo, e que a hanseníase pode atingir todas as idades e ambos os sexos, no
entanto, os menores de 16 anos são considerados indicador de alta endemicidade
da doença.
As investigações realizadas revelam que a doença continua a incidir em maior
proporção entre homens, embora nos últimos anos, a diferença entre os sexos tenha
diminuído, acometendo mulheres em plena capacidade de reprodução, sem,
todavia, explorar mais intensamente as consequências que a hanseníase tem
ocasionado diferentemente entre eles.
Em matéria de saúde, as mulheres e os homens apresentam diferenças
significativas entre si, não só em termos de necessidades específicas, mas também
de acesso à proteção à saúde, como políticas públicas de saúde que em sua
maioria, inclui as mulheres e crianças em seus programas de assistência. Vale
ressaltar ainda, a preocupação que a mulher destina à sua saúde, devido a fatores
como vaidade e caráter reprodutivo, estando neste patamar geralmente, superior ao
homem.
A hanseníase é uma enfermidade de importância nacional, colocando o Brasil
em segundo lugar no mundo, pelos elevados coeficientes de incidência e
prevalência, comprometendo homens e mulheres, acarretando sérios prejuízos de
ordem biopsicossocial e econômico (GLATT, 1995).
Tabela 02 – Quantificação dos sujeitos quanto à renda salarial 2012
Renda salarial Quantidade
Menor que um salário mínimo 04
Entre um e dois salários mínimos 18
Acima de três salários mínimos 04
Total 26
Fonte: Pesquisa de campo – E.E.F.M. Antônio Albuquerque de Souza Filho
Em relação à renda familiar mensal da amostra, conforme tabela 02, pode-se
perceber que a maioria possui uma renda relativamente baixa. O que releva à
36. 35
preocupação com o fator de risco, visto que hanseníase está mais presente nas
classes de renda inferior da sociedade, como reitera Moreira (2003), quando afirma
que devemos ter cautela ao dizer que hanseníase é uma doença de pobre, pode
dizer que as pessoas com baixo nível sócioeconômico, dispondo de alimentação e
moradias precárias, têm mais riscos de adquirir doenças transmissíveis do que as
pessoas que dispõe de uma boa qualidade de vida.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), são considerados
fatores coadjuvantes ou predisponentes à endemia da hanseníase, a miséria, renda
familiar inferior a um salário mínimo no qual acarretará em uma subalimentação e o
baixo grau de escolaridade o que levará a falta de conhecimento adequado para
prevenção da doença.
5.2 Questões Norteadoras
Há, segundo Minayo (2003), três princípios de classificação para estabelecer
o conjunto de categorias, sendo que eles devem preencher alguns requisitos como:
deve ser estabelecido a partir de um único princípio de classificação, o conjunto de
categorias deve permitir a inclusão de qualquer resposta numa das categorias e por
último as categorias devem ser mutuamente exclusivas.
Conforme a posição dos autores supracitados e tomando por base as etapas
defendidas por Bardin(1997), para análise em categorias, as mesmas aqui
estabelecidas foram as seguintes:
Conhecimentos acerca da hanseníase;
Existência de preconceito e estigma em relação à hanseníase;
A eficácia das ações educativas com relação à hanseníase.
5.2.1 Conhecimentos acerca da hanseníase
No que se refere ao conhecimento geral da população estudada sobre
hanseníase, foi questionado aos alunos a cerca do conhecimento prévio da doença
e seus aspectos básicos, onde dos 26 entrevistados, apenas 02 citaram que nunca
ouviram falar da doença. Entre os 24 restantes, mesmo já afirmando que ouviram
falar, não souberam explicar com precisão a cerca da mesma.
37. 36
Foi possível constatar essa relação entre ter ouvido falar da doença e
realmente saber do que se trata na fala de alguns, como segue abaixo:
“É uma doença que apresenta pequenas pintas vermelhas e ao longo
dos dias vai aumentando.’’ (A.1)
“É uma doença que da na pele e a pessoa sente dormência.” (A.15)
“É uma doença que tem cura e poucas pessoas sabem disso e causa
manchas pelo corpo.’’ (A.3)
“É uma doença com feridas e manchas na pele e se transmite.”
(A.21)
Isso demonstra o conhecimento escasso que o público jovem apresenta sobre
a hanseníase, pois todos responderam com frases sucintas, sem nenhuma
explicação precisa, dando ênfase aos sinais e sintomas da doença. Frost (2003),
através de um trabalho sobre a avaliação da campanha de mídia para eliminação de
hanseníase no Brasil realizado na cidade de Barreiras-BA, constatou que a
informação a respeito dos sinais e sintomas é de fácil recordação, uma vez que de
74% das pessoas expostas aos anúncios de prevenção da hanseníase,(o estudo foi
realizado com 1000 pessoas) lembravam-se das mensagens principais da
campanha, na qual algumas delas foram: manchas na pele,falta de sensibilidade e
dormência como sinais de hanseníase.
Percebe-se que as respostas citadas pelos alunos não estão incorretas, o que
corrobora com a ideia de ouvir falar e saber de fato, conceituar. Paiva et al. (2002)
também assumem que o fato de os alunos terem demonstrado certo conhecimento
sobre o assunto pode estar associado às diversas fontes de informações pelas quais
são bombardeados.
A alta incidência de hanseníase presente no bairro em que esses alunos
estão inseridos deve ser atribuído a falta de conhecimento específico da doença o
que mantém um paralelismo com a ideia de Cunha (2002) quando diz que a falta de
conhecimento que o indivíduo tem sobre a doença, faz com que o Brasil não atinja a
cura e nem o controle de casos novos de hanseníase.
Encontra-se também entre as resposta obtidas, a denominação lepra para a
doença. Há ainda a designação: doença perigosa, horrível, provavelmente
relacionado à designação lepra ou leproso.
38. 37
“É uma doença perigosa que causa manchas pelo corpo.” ( A.4)
“É uma doença conhecida como lepra é contagiosa e tem vários
sintomas presentes no corpo.” (A.23)
“É uma doença horrível que deixam deformidades no corpo da
pessoa, tem pessoas que chega ate perder os membros e não tem
cura.” (A. 25)
Observa-se nas falas que, apesar das campanhas publicitárias divulgarem a
mudança do termo lepra para hanseníase, o passado histórico ainda exerce
influência nas concepções dos alunos que aprendem em casa, com os mais velhos
da família. Desta forma, tende-se a preservar os valores do mundo dos
antepassados, inclusive a concepção de que a hanseníase é uma doença incurável.
Existe uma forte evidência que a falta de conhecimento acarreta
denominações obsoletas sobre a doença é o que defende Oliveira (1998) quando
enfatiza que o pensamento associado à doença do passado, o desconhecimento e a
falta de informações continua envolvendo a moléstia nos dias atuais.
Oliveira (2000) refere que, apesar das atitudes das classes médicas em
modificar o termo lepra para hanseníase e as campanhas públicas educativas, não
têm sido suficientes para a eliminação do pesado estigma milenar da doença de
Lázaro, que durante séculos foi incurável e contagiante gerador de aspectos
horripilantes aos doentes.
Com relação a conceitos apreendidos no seio familiar, isso concerne à,
Cubero (1988) quando enfoca a participação da família, do meio social e dos meios
de comunicação como fontes externas que influenciam as ideias prévias dos alunos.
Pode-se atribuir também, a deficiência de conhecimento em relação à
patologia, a escassez de ações voltadas à promoção de ações intersetoriais entre os
setores saúde e educação, é o que defende Ferrari (2006), quando diz que as
políticas públicas de saúde para os adolescentes, regulamentadas desde década de
80, se desenvolveram aparentemente de forma fragmentada e desarticulada,
dificultando até os dias atuais a promoção de ações intersetoriais que garantam a
integralidade da assistência.
Outro problema seria a insuficiência e a precariedade frequentes dos
sistemas de informação em saúde que de acordo com Moraes e Gomez (2007), os
sistemas de informação em saúde são fragmentados e desconexos, seguem uma
lógica biologicista da saúde/doença/cuidado, sendo assim, promovem uma perda da
39. 38
identidade do sujeito pleno e não se articula com outras bases de dados importantes
de escolaridade e ocupação.
Para Medeiros et al. (2005), os sistemas de informação, sejam eles
assistenciais ou epidemiológicos, têm sido apontados como ferramentas importantes
para o diagnóstico de situações de saúde, com vistas a intervenções mais
aproximadas do quadro de necessidades da população.
Quando questionados sobre a transmissibilidade, apenas 06 alunos
responderam corretamente a questão, enquanto a maioria afirmou não saber as
formas de transmissão da hanseníase, ou responderam equivocadamente com
frases sucintas à questão pertinente, pode-se averiguar em:
“Contato por pele.” (A.19)
“Pelo aperto de mão.” (A.24)
“Pessoas que tem contato com a pessoa que tem a doença, pegando
nela, usando objetos que a mesma pessoa usa.’’ (A.21)
A análise desses dados revela o desconhecimento por parte dos alunos sobre
a transmissibilidade da hanseníase, confirmando a necessidade de ações em saúde
que viabilizem o conhecimento sobre aspectos inerentes à prevenção desta
patologia, de forma que a população possa evitar e impedir a disseminação de tal
enfermidade.
Para Feliciano e Kovacs (1996), torna-se evidente a escassez de informações
sobre a transmissão da hanseníase, pois a grande maioria das pessoas não sabe
como a doença é adquirida. Tal fato facilita a propagação da doença e a instalação
ou agravamento das suas consequências físicas e sociais.
Bonfin et al. (2005) através de um estudo realizado no interior do estado de
São Paulo, também constataram que de 100% dos alunos pesquisados, 75,4% não
apresentam conhecimento sobre a forma de contágio, e quando se perguntou sobre
seu agente etiológico, os resultados foram ainda mais significativos, pois 89,30% dos
alunos desconhecem que a doença é causada por uma bactéria.
A falta de informação sobre as formas de transmissão também pode ser
observadas nas falas de alguns alunos quando afirmam que esta pode ocorrer
através do ato sexual. Pode-se identificar isso nas seguintes proposições:
“A hanseníase é transmitida através do ato sexual.” (A.17)
40. 39
“Ah! ela é transmitida fazendo sexo com alguém que tenha a doença
se não usar camisinha aí já era!.” (A.22)
Essa denominação sobre a doença demonstra um sentimento de rejeição
gerado pela falta de conhecimento, que de acordo com Brasil (2008) o
desconhecimento sobre a natureza da doença, e sua forma de transmissão, é um
reflexo da discriminação da sociedade contra pessoas atingidas pela hanseníase,
por achar que ela é transmitida pelo toque ou contato íntimo.
Em relação aos métodos de prevenção da hanseníase, verifica-se que
apenas 05 alunos dos participantes, afirmaram corretamente que existe a vacina
como um meio de prevenção, enquanto o restante dos alunos não soube responder.
Levando em consideração essa informação, pode-se perceber que o maior
obstáculo para eliminação da doença é a desinformação da população,
principalmente, com relação às informações sobre prevenção e controle,
considerando que a doença se constitui na atualidade um problema de saúde
pública, mesmo com a redução da prevalência.
Segundo Camargo (2004), os efeitos da comunicação social podem influir nas
atitudes e valores, no conhecimento e no comportamento dos destinatários. Paiva et
al. (2002) ainda ressaltam que é necessário que a mensagem informativa seja
transmitida de forma franca e acessível, com uma linguagem clara e desprovida de
preconceitos e ideias que não possuam respaldo científico, e que por isso, não
desenvolvem a devida conscientização sobre a necessidade de prevenção.
Com relação à existência de tratamento, observa-se um elevado índice de
desconhecimento por parte dos participantes, 11 alunos responderam que não
sabiam se existia tratamento, 6 alunos responderam que existia mas não sabiam
como era realizado, 6 responderam de forma errada e apenas 3 responderam
corretamente.
“Sim indo ao médico aí ele passa uma pomada.” (A.15)
“Sim, a pessoa deve ficar em repouso e em lugar bem apropriado.”
.(A.24)
“Através de antibióticos.” (A.22)
Observa-se nas falas acima, a falta de informação dos alunos em relação às
formas de tratamento, e isso é um fator agravante que contribui com a incidência da
41. 40
doença que se torna preocupante, Morais (2005) acrescenta a importância de
conhecimento sobre o tratamento, ele tem maior eficácia quando feito
adequadamente, pois a utilização incorreta ou suspensão do mesmo, contribui para
uma maior resistência medicamentosa e à persistência do bacilo de Hansen.
Verificou-se também nas respostas dos alunos, que estes não sabem em que
local deve-se buscar o tratamento. É que se pode identificar de acordo com essas
colocações:
“Fora do país.” (A.8)
“O tratamento é feito no Hospital Regional.” (A.17)
Em um estudo realizado com alunos em Parnamirim (RN) Miranda et al.(2010)
viram que, com relação a qual serviço de saúde procurar em casos de suspeita da
hanseníase, inferiu que uma minoria dos participantes sabia qual o primeiro local a
se procurar ajuda nesses casos. Isso pode ser atribuído a escassa divulgação de
informações, por parte de profissionais de saúde, a respeito dos programas de
atenção básica, os quais oferecem tratamento para essa patologia.
De acordo com Opromolla (1997), a falta de informação contribui para que as
pessoas não procurem tratamento ou abandonem o mesmo, pois a hanseníase é
uma doença como qualquer outra, porém, a diferença é o preconceito devido ao
passado sombrio da doença.
Neste contexto, se sobressai a necessidade de planos de educação em
saúde, para reverter este quadro de informações, uma vez que, como passo inicial
para o tratamento, está o conhecimento da patologia, como algo possível de ser
tratado.
Após as ações educativas, a reaplicação do questionário proporcionou uma
variabilidade nas respostas e uma aquisição de conceitos mais fundamentados. Isso
pôde ser constatado através de relatos que concebem a hanseníase como uma
doença dermatológica, que manifesta sintomas, como manchas na pele, afetando
também a dimensão neurológica, com alterações na sensibilidade e afetando
movimentos do corpo quando não tratada, resultando em seqüelas que
comprometem várias dimensões dos sujeitos afetados. As falas a seguir explicitam
essa evidência:
42. 41
“É uma doença transmissível e não pode matar as pessoas mas que
se não tiver cuidado pode se agravar.” (A.5)
“É uma doença de pele, onde nasce algumas manchas onde nossa
pele não tem sensibilidade.” (A.11)
“É uma doença que acaba com os nervos da pele e ataca a
sensibilidade e causas manchas esbranquiçadas pelo corpo.”( A.8)
“É uma doença contagiosa que afeta os nervos da pele deixando-a
sem sensibilidade mas que pode ser tratada.” (A.13)
Esse aspecto ratifica a importância da realização de ações educativas para
despertar a atenção dos jovens sobre a hanseníase, pois ao adquirirem
conhecimento sobre a doença, o indivíduo estará mais apto a adotar medidas
preventivas e também atuar como agente promotor de saúde na família ou
comunidade.Assim, como aponta Araújo (2003) quando diz que as ações educativas
são práticas transformadoras que devem estar presentes em todas as ações de
controle da hanseníase, de forma a contribuir com a reconstrução do conhecimento
sobre a doença.
Para Jara (1995), o conhecimento é socialmente construído e a sua
reconstrução é uma ação coletiva que contém o individual. Por isso, práticas de
educação em saúde, quando tratadas na escola, tende a alcançar seus objetivos de
forma mais eficaz, até pelo ambiente de desenvolvimento favorecedor, como pelo
fato de a escola se caracterizar como palco de mudanças de paradigmas e
construção de conhecimento individual.
Pode-se observar nas falas abaixo a mudança de conceito que os alunos
tinham em relação a doença e que após as ações educativas essas ideias mudaram
de uma doença que mutilava para uma doença normal que existe tratamento.
“Agora sei que essa doença não é tão perigosa assim, e nem pode
matar as pessoas basta fazer o tratamento direitinho que a pessoa
fica boa e não transmite pra ninguém.”(A.3)
“Vou confessar que eu pensava que ela matava e que caia as partes
do corpo porque já vi alguém que tinha e ficou assim mas tenho
certeza que foi porque ela não se tratou.” (A.10)
Para Pimont (1977), o objetivo da educação em saúde, por sua vez, não é só
informar para a saúde, mas também transformar saberes existentes e, além disso,
engloba também um conjunto de ações educativas formais e informais, realizadas no
43. 42
âmbito familiar, nas unidades de saúde públicas e particulares e nas escolas,
envolvendo os meios de comunicação em massa.
Após as ações educativas, todos os alunos responderam corretamente as
formas de transmissão da doença, onde a grande maioria afirmou ser através das
vias aéreas. Pode-se verificar nas falas a seguir:
“Através das vias aéreas.” (A.3)
“Pelas vias respiratórias, espirros ou tosse.” (A.18)
“Pela respiração, quando alguém doente respira ela esta eliminando
o bacilo que contagia a outra pessoa.” (A.26)
No que concerne à transmissão da doença, essa ocorre diretamente de uma
pessoa não tratada para outra, por meio das vias aéreas superiores. É necessário,
entretanto, um longo período de exposição ao agente (BRASIL 2002).
Miranda et al (2010) constataram que após a realização de ações educativas
direcionada aos alunos sobre o tema em questão, verificaram no pós-teste, que os
dados mudaram e quase a totalidade dos alunos-alvo do estudo afirmaram que a
transmissão da hanseníase se dá por vias aéreas.
Outro estudo também revela que após a realização das ações educativas com
alunos, foi constatada uma aquisição de novas informações, através de relatos que
a concebem como uma doença adquirida por vias respiratórias (MARINUS et
al,2012).
Constatou-se ainda, com os dados obtidos sobre formas de prevenção da
doença, que a grande maioria dos participantes respondeu a questão de forma
correta. Isso evidencia que práticas de educação em saúde, fazem-se essenciais na
escola, sendo de fundamental importância para a prevenção de doenças e
disseminação de informações tanto no meio escolar como veículos de transmissão
de conhecimentos em seus respectivos domicílios.
“A melhor forma de prevenir a doença é conhecer os sinais das
doenças e após mais cedo eu ver os sinais dela eu possa me curar.’’
(A.3)
“Sim, agora essa doença tem que ser descoberta para que ela deixe
de ser transmitida e assim posso me prevenir.” (A.12)
44. 43
Isso demonstra a eficácia das ações educativas em relação aos métodos de
prevenção que são baseadas na detecção de novos casos, para Santos et al (2010)
as ações educativas tem como objetivo aumentar a auto-suspeição, a detecção de
casos e a divulgação dos serviços de saúde as ações de prevenção e controle da
doença. Tal ação permite a circulação dos conhecimentos sobre a hanseníase em
diferentes segmentos sociais e para a prática intersetorial.
As ações educativas em hanseníase devem ser compreendidas como um
processo dinâmico e contraditório, que articula a outras atividades do setor saúde e
da sociedade e se transforma no atendimento das necessidades sociais.
Alguns alunos referiram em suas respostas que a prevenção da doença
requer cuidados especiais como higiene a cuidados pessoais
“ Ah! eu indo no postin tomar uma vacina e ter cuidados em casa
também tendo higiene, e cuidado pessoal.” (A.02)
“Ter higiene, usar máscaras quando tiver contato com uma pessoas
doente que não esteja em tratamento.”(A10)
Brasil (2001) afirma que as precárias condições de saúde, a falta de higiene,
a falta de saneamento básico, ou seja, fatores sociais e condições socioeconômicas
a que a população está sujeita, corroboram para que ela seja propensa à
hanseníase.
5.2.2 Existência de preconceito e estigma em relação à hanseníase
Na análise do comportamento e preconceito, verificou-se que o preconceito é
caracterizado por reações emocionais, onde a conduta individual ou coletiva está
relacionada com a diminuição da proximidade ou rejeição, sendo observadas pela
dificuldade nos relacionamentos interpessoais.
As indagações que deram suporte à análise do preconceito foram voltadas ao
cotidiano dos alunos, de forma que não viesse a induzir a resposta do aluno para
existência explícita de preconceito.
Pode-se constatar que os estudantes apresentaram algum tipo de preconceito
em suas respostas, demonstrando medo e rejeição quando diziam que a hanseníase
é uma doença perigosa e altamente contagiosa. Apenas 07 dos alunos
questionados, conhecem pessoas portadoras de hanseníase, o que dificulta a
45. 44
fidedignidade das respostas em relação à aproximação e aceitação da doença, pois,
segundo Eidt (2004) muitos sentimentos de preconceitos surgem após o
descobrimento da doença, e passam a fazer parte tanto do mundo do doente quanto
das pessoas que convivem ao seu redor.
Quando questionados se a pessoa com hanseníase deve ser afastada do
trabalho ao portar a doença, 13 alunos afirmaram que sim, alegando que a
hanseníase é uma doença transmissível, demonstrando uma eventual rejeição ou
ainda, desconhecimento sobre os aspectos relativos à patologia. Evidenciada nas
falas que seguem:
“Sim, porque ela pode transmitir a doença para outras pessoas e
tem que se afastar.” (A.8)
“Sim, porque senão todo mundo pega também.” (A.20)
“Sim, porque ela é uma lepra e passa para outras pessoas e todo
mundo no trabalho também vai ficar doente.” ( A.24)
Pode-se observar que os alunos por não saberem sobre o tratamento, deixam
transparecer o preconceito sobre a doença quando afirma que o paciente deve ser
afastado do trabalho. O Ministério da Saúde comprova que os grandes vilões do
preconceito e da discriminação com portadores de doenças como a hanseníase são
a falta do conhecimento e o medo de adquirir a doença, como afirma o texto abaixo:
“A discriminação da sociedade contra pessoas atingidas pela hanseníase se
deve a alguns fatores, como por exemplo: desconhecimento sobre a
natureza da doença, sua transmissão e suas formas de tratamento;
desconhecimento de que a hanseníase tem cura; a ideia errada de que
Hanseníase se pega pelo toque. Estes desconhecimentos provocam nas
pessoas: medo de frequentar locais públicos e privados onde estejam
presentes pessoas atingidas pela hanseníase; medo de adquirir
deformidades, pelo contato com as pessoas atingidas pela
doença.”Hanseníase e Direitos Humanos – Ministério da Saúde (2008)
Dentre os alunos questionados, 13 alunos afirmaram que não sabiam
responder a pergunta, o que é natural nessa idade que de acordo com Zagury
(1999), o adolescente é um ser em formação, não sabendo realmente quem é, o que
pensa, e no que acredita, portanto naturalmente existem muitas dúvidas.Decorre daí,
a necessidade de se trabalhar com esse público em formação constante, além de
incentivar e trabalhar nos mesmos, conceitos e atitudes que concernem à formação
46. 45
de cadeias de informações verídicas e pertinentes à melhoria do quadro da doença
na realidade local.
Para Oliveira (2000), a falta de informação sobre a doença gera muito
preconceito, o que prejudica a sua identificação e facilita o contágio de mais
pessoas. É necessário que toda a população conheça os sinais e sintomas iniciais
desta doença, para que possam procurar o serviço de saúde e saibam, também, que
estes doentes depois que iniciam o tratamento não transmitem mais a doença, não
se justificando, assim o estigma social ainda existente.
Foram ainda, questionados sobre o possível relacionamento com o portador
da doença, onde 13 alunos responderam negativamente à manutenção de relação
amorosa com portadores de hanseníase e 03 afirmaram que se relacionariam, sem
nenhum problema com este indivíduo. As justificativas para a não manutenção do
relacionamento com hansenianos podem ser evidenciadas em:
“Não, porque fica mais fácil de eu pegar a doença.” (A.8)
“Não, por medo.” (A.16)
“Não, porque se eu tiver todo cuidado também pode pegar a doença
através da relação sexua.l” (A.21)
“Não, deus me livre é muito perigoso e eu não quero pegar essa
doença.” (A.22)
Dos questionados, 10 ficaram indecisos da resposta, deixando em branco, ou
respondendo que não sabiam, não podendo precisar suas atitudes diante deste fato.
Ao serem interrogados se havia necessidade de afastar o paciente de hanseníase
do seio familiar, a resposta “não” foi quase unânime, apenas 1 aluno afirmou que o
paciente deve ser afastado isso demonstra que a relação de afeto familiar muda o
contexto da doença. É o que se constatou nas respostas de alguns alunos.
“Não ela vai ser tratada através de medicamento ela vai ficar boa.”
(A.8)
“Não, porque existe tratamento para curar essa doença.” (A.15)
“Não, mas ela vai ter que ter cuidado para não transmitir a doença
para outra pessoa.” (A.16)
“Não porque ela tem cura.” (A.18)
Em um estudo realizado com alunos de uma rede estadual em Niterói(RJ)
Silva e Ribeiro (2012) constataram que os alunos demonstraram dar apoio a um
47. 46
caso da doença em sua família quando dos 100% dos alunos pesquisados 75%
afirmaram que não isolariam o membro doente do convívio familiar.
Verificou-se nas respostas dos alunos que ao se tratar da família a maioria
mudou suas concepções, afirmando que não haveria problema nenhum em conviver
com um familiar portador de hanseníase, e a razão veio acompanhada pela
declaração da maioria, consolidando que a hanseníase tem cura. Essa informação
contesta a opinião de Patrício(2000), quando afirma que a falta de informações
corretas sobre a hanseníase pelos familiares, desencadeia situações
preconceituosas, pois pensam que esta é de fácil transmissão e por isso precisam
se manter afastados para não contraírem uma doença que deforma e incapacita.
O sentimento de negação nas respostas dos alunos também pode ser
explicado por Kaplan(1997) que contempla que a negação é um mecanismo de
defesa, onde a realidade externa é negada, e este sentimento evita que a pessoa se
conscientize de algum aspecto doloroso da realidade.
A família é uma unidade da sociedade onde as pessoas estão ligadas por
laços afetivos e por interesses comuns, dentro da qual se dá a estruturação da
reprodução e produção (GIFFIN,1994).
Após as ações educativas, foi observado uma significativa parcela de alunos
que afirmaram ser necessário afastar o paciente do trabalho, porém, a maioria das
respostas afirmaram o contrário, porque tiveram o conhecimento que a doença
quando descoberta no início, facilmente se obtém a cura. Esse conjunto de
informações remete ao instrumento idealizador da pesquisa, sendo assim, a
educação em saúde mobilizadora e transformadora.
Observou-se na pós-análise que após as ações educativas, houve um
aumento no número de alunos que afirmaram que se relacionaria com um portador
de hanseníase, porém, apesar das ações educativas enfatizarem que a doença não
oferece nenhum risco ao portador estando em tratamento, ainda houve uma
persistência nos que afirmam não haver possibilidade de relacionamento com um
portador de hanseníase somando um total de 09 alunos que responderam
precisamente sem justificar.
A respeito de campanhas voltadas ao escolar, Broek (1998) comenta que,
embora as ações educativas possam não contribuir positivamente de forma
imediata, o resultado encontrado frente à diminuição do fator “estigmatizante” pode
ser significativo. Isso pode ser refletido nas respostas dos alunos quando afirmam
48. 47
que a hanseníase não é uma doença de fácil transmissão. Como visto a seguir nas
falas:
“Sim, tranquilo porque não é tão fácil de pegar e se eu me cuidar
não é tão fácil de eu pegar a doença.” (A.10)
“Porque eu aprendi que não passa assim tão fácil e se fosse comigo
eu gostaria de alguém do meu lado oh!.” (A.12)
“Sim, pois agora eu sei que ela é uma pessoa normal e tendo o
tratamento adequado não tem nenhum problema.” (A.13)
Observa-se que, apesar dos esclarecimentos reais da doença com o intuito
de desmitificar alguns conceitos errados, ficou evidente que o medo e preconceito
ainda é presente, fazendo-se necessário, neste caso, assistência integral e
continuada no sentido de desfazer conceitos errôneos presentes, e transformá-los
em informações importantes para uma correta disseminação do conhecimento.
5.2.3 A importância e eficácia das ações educativas com relação à hanseníase
Sub-categoria - Eficácia das ações pré-existentes
Segundo Freire (1970), a educação é um processo que contribui para a
formação e desenvolvimento da consciência crítica das pessoas a respeito de seus
problemas de saúde e estimula a busca de soluções e a organização para a ação
coletiva. Assim sendo, o Ministério da Saúde tem promovido campanhas nacionais e
incentivado o nível estadual e municipal à realização local, buscando aumentar o
conhecimento da população o mais precocemente possível. Porém, o que se vê é
uma centralização das ações no local específico de assistência à saúde, como em
postos de saúde e hospitais, informando apenas quem procura os serviços, e não
procurando informar em outros locais, para aumentar esta procura.
Analisando os dados a cerca dos veículos de campanha sobre hanseníase
conhecidos pelos alunos, pode-se notar que grande parte já teve algum contato com
anúncios, propagandas ou campanhas que abordassem o tema hanseníase.
Tabela 03 – Informação sobre conhecimento de locais de campanhas educativas sobre
hanseníase
49. 48
Veículos de campanha sobre hanseníase Quantidade
Televisão 20
Cartaz 12
Rádio 09
Nunca viu 03
Fonte: Pesquisa de campo – E.E.F.M. Antonio Albuquerque de Souza Filho
Apesar dos dados mostrarem que a maioria dos alunos já ouviram falar da
hanseníase, muitos não souberam responder as questões referente ao
conhecimento e o preconceito. Isso pode estar relacionado à abordagem utilizada
nas campanhas que oferecem destaque aos sintomas, aprofundando-se em menos
temas como contágio e discriminação isso, portanto, nos remete a defesa de Helene
(2002), que afirma que, há necessidade de se trabalhar e expandir o conhecimento
acerca dos processos de determinação e mediação inscritos na produção da vida
social, traduzi-lo em modelos explicativos para, enfim, subsidiar intervenções que
atinjam as raízes da manutenção e disseminação da doença.
Outra alternativa que pode explicar tal fato seria a grande massa de
informações a qual os adolescentes encontram-se expostos diariamente através da
televisão, Internet, rádio e outros, mas que estes não se aprofundam, tornando-se,
portanto, informações superficiais a respeito de conteúdos que aparentemente não
lhes interessem.
Estudiosos sobre a comunicação em massa, como estímulo para tomada de
ações positivas em saúde, são de opinião que tv’s, cartazes, panfletos e rádios
deveriam dar maior ênfase nos aspectos positivos da hanseníase e de seu
tratamento, a fim de diminuir os conceitos pejorativos e desfazer os medos
relacionados à patologia.
Observa-se que entre os veículos de campanha sobre hanseníase
conhecidos pelos alunos, averiguou-se que a televisão consiste no meio de
comunicação em que as informações a cerca da doença foram mais amplamente
divulgados para a amostra do estudo.
Os resultados aqui apresentados relacionam-se com os resultados referentes
à pesquisa feita por Camargo (2004) em uma escola: “Os alunos dizem ter obtido
informações sobre a hanseníase, principalmente através dos veículos televisivos,
cartazes e ambiente escolar.”
50. 49
Em outra pesquisa, realizada por Feliciano (2005), a televisão foi apontada
como primeira fonte de informações, entre outras fontes, ficando a escola e os
professores apontados como uma das últimas fontes de onde os alunos obtêm
informações sobre o assunto.
Entretanto, a expectativa para a eficácia do uso da televisão, como veículo de
comunicação de massa, não desempenhou o papel suposto convencionalmente. Isto
pode ser explicado porque as campanhas nacionais são descontínuas, portanto não
têm o alcance esperado, não chegando a atuar como motivador suficiente para
mudança de atitude e os temas das campanhas nem sempre dizem respeito à
realidade da comunidade.
Campanhas educativas devem ser contínuas, envolvendo diferentes
segmentos da sociedade Broek (1998) e, em especial, de maneira a difundir
conhecimento, por exemplo, entre escolares, que levarão consigo o conhecimento
adquirido, reproduzindo a mensagem no convívio familiar. Se a campanha alcançar
líderes em potencial, ou os que cooperem para formação de opinião, a ação
educativa caminhará para o alcance dos objetivos que são pilares da atividade
educacional.
Oliveira (2003) também defende que as propagandas educativas sejam
rotineiras, inseridas nos programas de entretenimento de modo a fixar, na memória
coletiva oral e mesmo visual, tais informações.
O cartaz também foi citado como método que lhes informaram sobre o
conhecimento, mas este tem um papel considerável, para informar, mas não para
motivar por ilustrarem os sintomas da doença nos estágios mais avançados. E se
também levarmos em consideração os indivíduos que não são alfabetizados, as
informações escritas perdem significado.
No entanto, o relatório do Telehansen (2008) revela que a maioria da
população brasileira, que procura o serviço de informação sobre hanseníase são
pessoas alcançadas por meio de cartazes, como forma de mídia.
Segundo Carvalho (1998), a participação comunitária nas ações de educação
em saúde deve ser em todos os níveis desde o planejamento, execução e avaliação
das mesmas. Assim, é que se faz contundente a necessidade de revisão de
estratégias.
. No que diz respeito aos esforços do Ministério da Saúde, visando ao
esclarecimento da população sobre a hanseníase, são ainda freqüentes a
51. 50
subutilização de materiais audiovisuais disponibilizados, a falta de iniciativa para
manter o suprimento de folders/cartazes nas unidades de saúde, comunidades e
rever o planejamento insatisfatório das ações de educação em saúde, nos âmbitos
locais e regionais.
Cabe aqui, refletir sobre o papel da mídia como veículo de comunicação
capaz de produzir esclarecimentos, motivando a emancipação e instigando o papel
do cidadão, não como cumpridor de tarefas citadas por autoridades sanitárias, mas
como participante popular gerando sujeito crítico e co-responsável pelo processo
coletivo de construção da saúde (França et al., 2004).
Sub-categoria - Possibilidade da susceptibilidade da educação em saúde no
meio escolar
As ações educativas no meio escolar garantem o ingresso, o regresso, a
permanência e o sucesso educacional por meio da transformação da escola em um
espaço atraente da redução da exposição de crianças, adolescentes e jovens a
situações de risco, principalmente quando se trata de doenças contagiosas como a
hanseníase.
O que pôde ser observado, durante a realização das ações educativas na
escola, foi a interação unânime dos participantes que demonstraram grande
interesse em aprender sobre a doença e que de fato após a realização dessas
atividades, constatou-se que os alunos absorveram um conhecimento considerável,
o que confirma que essa prática educativa causa uma intensa motivação no aluno, é
o que defende Vygotsky (2003), quando fala que um indivíduo motivado possui um
comportamento ativo e empenhadono processo de aprendizagem e, desta forma,
aprende melhor. Assim, é muito importante que as tarefas escolares tenham em
consideração este aspecto educativo e intersetorial.
Boruchovitch (2009) refere ainda, que as tarefas enfadonhas, rotineiras e sem
apelo à motivação, isto é, que não têm em conta os desejos dos alunos, tendem a
ser assimiladas com mais dificuldade. Por outro lado, as que vão de encontro aos
seus interesses, ou atendem à sua realidade, são por si interessantes levando-os a
realizar as tarefas, a participarem de uma forma motivada e, consequentemente,
possibilitam uma aprendizagem efetiva.
52. 51
Martini (2008) também defende a importância de ações que despertem a
motivação da aprendizagem dos alunos. É conhecido que um fator central para o
desenvolvimento pessoal e acadêmico dos alunos são os problemas motivacionais,
pois podem comprometer gravemente a aprendizagem dos mesmos.
Essa motivação pode ser observada nas respostas dos alunos quando
questionados se consideravam importante aprender sobre a hanseníase. A resposta
“sim” foi quase unânime, com 24 dos respondentes. Apenas 02 não souberam dar a
opinião, o que comprova que nenhum dos alunos considerou sem importância o
estudo sobre a doença, revelando grande interesse em aprender sobre o assunto
dentro do processo de formação escolar, pois julgam o tema relevante no processo
ensino-aprendizagem. É o que pode ser constatado nas falas a seguir:
“Sim, acho importantíssimo aprender sobre essa doença, porque se
eu pegar ela vou saber cedo vou poder me prevenir e não transmitir
pra ninguém” (A.1)
“Acho importante sim porque essa doença faz parte da nossa
realidade e se tivemos conhecimento dela podemos nos prevenir e
nos cuidar” (A.3)
“Sim, é sempre bom ficar informado dessa doença pois se algum dia
eu contrair eu saberei qual tratamento correto” (A.18)
Durante a prática das ações educativas, foi realizada uma simulação com os
alunos para demonstrar como o bacilo de hansen atinge o nosso organismo. Essa
prática foi considerada importante para alguns alunos que afirmaram terem um maior
aprendizado por meio da simulação. Esse resultado vai de encontro a ideia de
Santos (1988) que diz que através de alguns estudos constatou que a satisfação do
aluno era mais alta com a metodologia de simulação do que com leituras e casos de
estudo. É o que representa as respostas a seguir:
“Eu acho muito importante aprender sobre essa doença
principalmente assim como aprendemos já que aqui é um bairro com
muitos casos então eu to mais apta a pegar a doença.”(A.16)
“É importante sim porque eu conhecendo os sintomas da doença eu
posso me prevenir e eu nunca mais vou esquecer como acontece a
doença já que eu fui a pele.”(A.23)
Gramigna (1993) também defende que a grande vantagem da simulação,
como metodologia de ensino-aprendizagem, é o fato de conseguir proporcionar ao
53. 52
aluno, dentro do espaço das salas de aula, uma aproximação muito consistente
entre a teoria e a prática.
Vale lembrar que os professores, demais funcionários e pais dos alunos
também devem ser incluídos na promoção das ações de educação em saúde nas
escolas. Essa inclusão aumenta de forma efetiva, a resolutividade e incrementa o
potencial transformador das ações e, portanto, sua efetividade e eficácia.
O que pode se identificar é que a educação em saúde é precursora de um
conjunto de elementos que buscam garantir a qualidade de vida. Todavia, este
importante elemento é pouco explorado pelos profissionais, Brasil (2009) diz que
intersetorialidade entre a escola e o serviço de saúde visa o fortalecimento de prática
de produção e promoção da saúde, a adoção de um novo modelo de atenção à
saúde e a consideração do espaço escolar como ambiente potencial para a
produção de práticas de saúde. As ações nesses campos têm mútuas repercussões
e, assim sendo, a construção de ações integradas é condição indispensável para
atualizar e renovar, de forma permanente, os significados da educação e da saúde,
com vistas à integralidade.
No que se refere à escola, quando o educador se empenha em mobilizar os
educandos, para práticas educativas transformadoras, que possibilitam não apenas
a ampliação de conhecimentos, mas o conhecimento direcionado à ação. A
educação deve ser centrada no trabalho vivo em saúde, que deve ser capaz de
prevenir a doença, promover a saúde e educar os indivíduos para a otimização da
sua qualidade de vida.
54. 53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que se subentende, de imediato, é que as ações educativas com
abordagem na hanseníase, voltadas para o público escolar, quando realizadas, de
alguma forma, procedem em resultados eficazes no que diz respeito ao
conhecimento e existência de preconceito em relação a patologia.
Vale salientar que, ao trabalhar o tema hanseníase na escola, inicialmente
deve-se considerar esse ambiente como um espaço social eminentemente
caracterizado como leigo, onde começa a ser desenvolvido ou desencadeado o
processo o papel da comunicação como veículo capaz de produzir esclarecimento,
motivando a emancipação e instigando o papel do cidadão como participante
popular, gerando um processo educativo sobre a doença, conforme a abrangência
deste envolvimento. Cabe refletir sobre sujeitos críticos e co-responsáveis pelo
processo coletivo de construção da saúde.
O presente estudo identificou nas respostas dos alunos, após a realização
das ações educativas, se essas, de alguma maneira contribuíram para a modificação
do conhecimento acerca da hanseníase, seja em relação ao conceito, transmissão,
tratamento, prevenção e o estigma do preconceito.
O estudo apontou que após a realização das ações educativas, o
conhecimento sobre hanseníase foi construído de forma positiva com os discentes,
considerando seus saberes e suas condições de vida, já que todos os alunos
conseguiram expressar em seu preenchimento ao questionário, respostas coerentes
em relação à doença e à relevância da educação em saúde mobilizadora.
No que diz respeito aos dados obtidos sobre as campanhas publicitárias,
verificou-se que as mesmas podem ser consideradas limitadas pelo fato de que
divulgam apenas informações sobre os sintomas iniciais da doença, que inclusive,
pode-se confirmar tal afirmação diante das respostas obtidas com relação ao
conceito prévio da doença, confirmando a necessidade da elaboração de
campanhas mais abrangentes, no que se refere aos aspectos de profilaxia, contágio,
tratamento, e ausência de preconceito.
As ações educativas com abordagem na hanseníase devem continuar a ser
implementadas nas escolas, pois contribuem na precocidade da descoberta de
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casos, transformando conhecimentos, desvinculando uma visão negativa sobre a
doença e proporcionando uma melhor aceitação do doente pela sociedade.
A partir da identificação desses comportamentos, os profissionais de saúde,
devem estimular e incentivar a educação em saúde sobre hanseníase,
principalmente no ambiente escolar, já que através desse estudo, pode-se confirmar
nos alunos participantes, a escassez de informações acerca dessa doença.
Vale ressaltar também, que atualmente, a educação em saúde não é um
instrumento imprescindível restrito dos profissionais da saúde, mas de cada membro
da equipe multidisciplinar, então, cabe a cada um destes a transformação de
qualquer ambiente social em um espaço de produção em saúde.