O documento descreve o contexto histórico e literário do Realismo e Naturalismo no século XIX. A segunda metade do século foi marcada por avanços científicos que diminuíram o espaço para idealizações românticas, levando a literatura a descrever a realidade de forma objetiva e racional. As escolas realista e naturalista surgiram para combater o Romantismo e analisar criticamente a sociedade de forma descritiva e universal, valorizando o presente histórico e a causalidade dos fatos.
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Realismo e naturalismo resumo
1. REALISMO/NATURALISMO
O que você deve saber sobre
A segunda metade do século XIX foi marcada por um grande avanço
nas ciências naturais, na filosofia, na política e na economia. Não
havia mais espaço para as idealizações românticas, por isso a
literatura do período procurou expressar objetivamente a realidade,
descrevendo o mundo de maneira, por vezes, distanciada e racional.
As escolas realista/naturalista e parnasiana combateram o
Romantismo e propuseram uma nova forma de análise da sociedade.
3. Contexto histórico geral
Geração Materialista ou Geração de 70
Comuna de Paris (1871)
Socialismo utópico de Proudhon
Manifesto do Partido Comunista (1848), de
Karl Marx e Friedrich Engels
Positivismo de Augusto Comte
O futuro da ciência (1890), de Ernest Renan
Darwinismo
Determinismo histórico e geográfico de Taine
A origem das espécies (1859)
REPRODUÇÃO
REALISMO/NATURALISMO
4. Características gerais do Realismo/Naturalismo
Literatura como denúncia
Universalismo temático
Descritivismo
Objetividade narrativa
Valorização do momento histórico presente
Linguagem acessível ao leitor
Causalidade
REALISMO/NATURALISMO
5. Características gerais do Realismo/Naturalismo
Especialmente nos romances naturalistas, as narrativas são
ambientadas em espaços miseráveis e os personagens são
condicionados a fatores naturais e sociais.
Ausência de idealização na construção dos personagens
Análise crítica da burguesia
Tendências anticlericais
REALISMO/NATURALISMO
6. Naturalismo
No Naturalismo os personagens são aprisionados às leis que regem
a natureza. Nessas narrativas, privilegiam-se o retrato do
proletariado e os fenômenos coletivos.
A greve, de Robert Koehler, 1886
DEUTSCHESHISTORISCHESMUSEUM,BERLIM
REALISMO/NATURALISMO
7. Realismo/Naturalismo no Brasil
1850: extinção do tráfico negreiro
Intensificação da luta pela abolição da escravatura
Deslocamento do eixo econômico para a região Sudeste:
crescimento da produção cafeeira
1853: criação do Banco do Brasil
1864 e 1870: Guerra do Paraguai
Destacaram-se os escritores Machado de Assis no Realismo e
Aluísio Azevedo no Naturalismo.
REALISMO/NATURALISMO
8. Realismo/Naturalismo no Brasil
Marco inicial: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de
Machado de Assis, e O mulato (1881), de Aluísio Azevedo
Marco final: Missal e Broquéis (1893), de Cruz e Sousa
Machado de Assis (1839-1908)
ACADEMIABRASILEIRADELETRAS,RIODEJANEIRO
REALISMO/NATURALISMO
9. Machado de Assis (1839-1908)
Fases de Machado de Assis
Primeira fase/romântica: apresenta traços da estrutura formal da
estética romântica, mas também a crítica à hipocrisia, à valorização
das aparências e dos interesses financeiros.
Ressurreição (1872)
A mão e a luva (1874)
Helena (1876)
Iaiá Garcia (1878)
REPRODUÇÃO
REALISMO/NATURALISMO
10. Machado de Assis (1839-1908)
Segunda fase/realista: análise dos interesses obscuros que marcam as
relações humanas, da vaidade, do convencionalismo e da prevalência do
poder financeiro. Em geral, os romances dessa fase rompem com a ordem
cronológica da narrativa, nas digressões feitas pelo narrador e na análise
psicológica das personagens.
Memórias póstumas de
Brás Cubas (1881)
Quincas Borba (1891)
Dom Casmurro (1899)
Esaú e Jacó (1904)
Memorial de Aires (1908)
REPRODUÇÃO
REALISMO/NATURALISMO
11. Machado de Assis (1839-1908)
Contos: “O alienista”, “O espelho”, “A igreja do diabo”, “Cantiga de
esponsais”, “Noite de almirante”, “Missa do galo”, “A cartomante”,
“Uns braços”, “Um homem célebre”, “A causa secreta”, “O
enfermeiro”, entre outros.
REALISMO/NATURALISMO
12. Aluísio Azevedo (1857-1913)
Foi um dos iniciadores do Realismo e Naturalismo no Brasil,
em 1881, com O mulato. Sua principal obra é O cortiço (1890),
marcada pela defesa da tese de que o ser humano é fruto
do meio em que está inserido.
REALISMO/NATURALISMO
13. Raul Pompeia (1863-1895)
Pompeia se imortalizou pelo romance O Ateneu – crônica de
saudades (1888). Nele, Sérgio narra sua trajetória no internato
Ateneu em tom impressionista, particularidade que destoa das
narrativas realistas/naturalistas. A instituição é retratada como uma
metonímia da sociedade.
Raul Pompeia, c. 1895,
de M. Brocos
ARQUIVOPÚBLICOMINEIRO,BELOHORIZONTE
REALISMO/NATURALISMO
14. EXERCÍCIOSESSENCIAIS
(Unesp)
INSTRUÇÃO: As questões 2 e 3 tomam por base trechos de duas obras de Machado de
Assis (1839-1908).
– Mas, enfim, que pretendes fazer agora? perguntou-me Quincas Borba, indo pôr a xícara vazia no parapeito de uma das
janelas.
– Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens. Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu caro Borba,
tantos sonhos, e não sou nada.
– Nada! interrompeu-me Quincas Borba com um gesto de indignação. Para distrair-me, convidou-me a sair; saímos para os
lados do Engenho Velho. Íamos a pé, filosofando as coisas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra
daquele grande homem era o cordial da sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a
tribuna, cumpria-me abrir um jornal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica
podia, uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e “desmancha toda esta igrejinha”.
– Magnífica ideia! Vou fundar um jornal, vou escachá-los, vou…
– Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo
universal.
Daí a pouco demos com uma briga de cães; fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor. Quincas Borba fez-me
parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de chamar a
minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-se, rosnavam, com
o furor nos olhos… Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em êxtase.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.
REALISMO/NATURALISMO — NO VESTIBULAR
15. EXERCÍCIOSESSENCIAIS
INSTRUÇÃO: As questões 2 e 3 tomam por base trechos de duas obras de Machado de
Assis (1839-1908).
Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da
existência que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia [Humanitas]. Aqui o tens agora em
Barbacena. Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida, mas, tão
acanhada, que os suspiros do namorado ficavam sem eco. Chamava-se Maria da Piedade.
Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los. Piedade resistiu, um pleuris a levou.
Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. (…)
Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba – um cão, um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de chumbo, malhado de
preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De manhã, era o cão que acordava o senhor,
trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome;
mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.
– Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e
este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano…
– Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo? disse Rubião com o pensamento em um rival político da
localidade.
– Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Riste,
não?
Rubião fez um gesto negativo.
– Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei
perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e…
O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba.
ASSIS, Machado de. Quincas Borba.
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16. 2EXERCÍCIOSESSENCIAIS
RESPOSTA:
Na obra Memórias póstumas de Brás Cubas, o foco narrativo é de
primeira pessoa, o que comprovam os verbos: “perguntou-me”,
“interrompeu-me”, “distrair-me”. O defunto-autor, com o devido
grau de distanciamento que essa condição lhe garante, relata de
maneira reflexiva fatos ligados à sua existência, como se pode
notar no fragmento: “Estou envergonhado, aborrecido. Tantos
sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada”.
Em Quincas Borba, a opção por um enunciador em terceira pessoa,
que apenas relata os fatos, difere da solução encontrada por Machado
de Assis para Memórias póstumas de Brás Cubas, sua obra anterior,
a qual marcara o início do Realismo no Brasil. Transcreva dois
exemplos que caracterizam o tipo de enunciador presente em
Memórias póstumas, dando explicações resumidas.
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17. 3EXERCÍCIOSESSENCIAIS
RESPOSTA:
A razão doutrinária está ligada à teoria formulada pelo
personagem Quincas Borba: “Desde que Humanitas (...) é o
princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no
cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão
ou muçulmano”. Dessa forma, quando Quincas Borba dá seu
nome ao animal, reforça o caráter universal de Humanitas, o
que justifica tratar o cachorro como um igual a ele.
Em Quincas Borba, as razões para o protagonista dar seu próprio
nome ao cachorro de estimação se fundamentam em dois argumentos
– um doutrinário e outro particular. Explique em que consiste a
primeira razão, tendo em vista os dados fornecidos pelo texto.
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18. 5EXERCÍCIOSESSENCIAIS
RESPOSTA: E
(UFPR)
Considere as afirmativas abaixo sobre o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
I. A obediência de Bentinho às convicções religiosas maternas é um exemplo da importância dada pelo autor, na construção do
enredo, à presença do catolicismo na sociedade brasileira, e se reflete também na construção de outras personagens da obra.
II. O fato de o narrador-personagem deter-se mais demoradamente no relato do período da infância, adolescência e namoro
de Capitu e Bento, do que no relato do período adulto, quando casados, está relacionado, sobretudo, ao sentimento de
plenitude e de felicidade que representaram aquelas fases para o protagonista.
III. O narrador protagonista, homem de cultura refinada, apresenta em longos trechos metalinguísticos a típica ironia
machadiana em relação à tradição literária e aos autores estabelecidos.
IV. No processo de enxergar no filho Ezequiel a imagem e semelhança do seu amigo morto Escobar, Bento Santiago procura
convencer tanto a si mesmo como ao leitor da traição de Capitu.
V. O personagem José Dias reflete o caráter precário da autonomia social de certos indivíduos que não eram escravos nem
proprietários na sociedade brasileira da época.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.
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19. 12EXERCÍCIOSESSENCIAIS
RESPOSTA: A
(ITA-SP)
Leia as proposições acerca de O cortiço.
I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os
preceitos da literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do
lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens,
anulando o livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento
para retratar agrupamentos humanos.
Está(ão) correta(s):
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.
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Notas do Editor
Professor: a sequência temática permite que você introduza conceitos essenciais relacionados aos movimentos do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Nesse momento, utilize somente as duas primeiras abas, relacionadas aos dois primeiros movimentos.
Na aba Realismo, temos a descrição do contexto histórico em que se desenvolve o Realismo, na segunda metade do século XIX. Demonstra como ele se coloca em oposição ao subjetivismo romântico. Ao final desse primeiro bloco informativo, as características do Realismo são demonstradas em trechos de obras narradas, representativas do movimento. O segundo bloco explica como a literatura realista surgiu na Europa. Depois, o Realismo português é explicado em detalhes, seus principais autores (Antero de Quental, Cesário Verde e Eça de Queirós) são discutidos e trechos de suas obras são disponibilizados. O bloco seguinte aborda o Realismo no Brasil, contextualizando nossa realidade no período e destacando Machado de Assis, sua produção literária e as características de seu texto, exemplificando-as com trechos de obras narradas.
A aba Naturalismo contextualiza o movimento dentro da realidade vivida na segunda metade do século XIX, comparando-o ao Realismo e definindo suas características nas diversas manifestações culturais, com destaque para a literatura europeia e Émile Zola. O segundo bloco informativo da animação trata do Naturalismo no Brasil, destacando os autores que representaram o movimento em nosso país, em especial Aluísio Azevedo e Raul Pompeia, bem como suas obras.
Professor: a “Geração Materialista” ou “Geração de 70” é uma denominação para os autores europeus, especialmente franceses, que, a partir da década de 70 do século XIX, reagiram às concepções do romantismo, inspirados pelos filósofos naturalistas e pelas teorias darwinistas.
* Comuna de Paris: Primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do reina da Prússia.
* Socialismo utópico (ver obra de Engels – Do socialismo utópico ao socialismo científico) – socialismo que se contrapunha ao científico (Karl Marx) e que buscava expandir as ideias da Ver.Francesa a fim de criar um uma sociedade e sistema econômico mais racional.
Professor: a imagem não se encontra no caderno impresso. Utilize-a para ressaltar aos alunos que no Naturalismo o proletariado foi visto e narrado pela produção literária.
Proletariado – Classe antagônica ao capitalismo. O proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua força de trabalho. )suas aptidões) que ele vende para sobreviver.
Professor: é importante ressaltar aos alunos que as noções de marco inicial e final de um período literário são convenções históricas e que, mesmo depois da publicação de Missal e Broquéis, obras realistas continuaram a ser publicadas (basta lembrarmos que Dom Casmurro foi publicado em 1899).
Professor: a imagem não se encontra no caderno impresso. O romance Helena, de Machado de Assis, apresenta recursos narrativos e temática românticos, como a construção do suspense e a temática do amor impossível, mas, ao mesmo tempo, critica o comodismo e os preconceitos de classe da elite carioca do Segundo Reinado.
Professor: a imagem não se encontra no caderno impresso. Ressalte aos alunos que, no livro Memórias póstumas de Brás Cubas, o estilo machadiano aparece bastante alterado em relação às suas obras anteriores. Machado de Assis abandona a preocupação com o desenvolvimento de uma história central e cuida de apresentar uma série de episódios ilustrativos da vida de Brás Cubas. A história não tem nada de excepcional. Na verdade, o que merece estudo e atenção é a composição detalhada e atenta das personagens.
Professor: a questão tem como base a obra Dom Casmurro. Recomenda-se que seja feita a leitura integral do romance Dom Casmurro, obra considerada uma das mais bem construídas do autor carioca. Um estudo comparativo da obra também é uma boa estratégia de análise. Sugerimos para essa comparação a adaptação televisiva feita pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, em 2008 (minissérie produzida pela TV Globo e disponível em DVD). Essa adaptação, intitulada Capitu, apresenta o texto de Machado na íntegra e de forma bastante teatral, como se fosse uma ópera. Há também disponível um livro sobre a minissérie, editado pela Casa da Palavra, e um site: <http://capitu.globo.com/Capitu/0,16142,00.html>.