O poema reflete sobre como as coisas e pessoas do passado eventualmente se tornam memórias, enquanto novas experiências chegam. A pessoa lembra com saudade amigos, familiares e momentos de infância, mas também vê o futuro com esperança, confiando em si mesma para aproveitar novas oportunidades. No final, a pessoa conforta o tio e promete vê-lo em breve.
1. Mãozinhas no cabelo!
(Do titio Vil para minha sobrinha, tão
amada, Aninha)
É...
Na nossa vida é assim mesmo, não?
Todo dia uma coisa, uma coisinha ou uma
coisona
Fica pra trás.
Vai ficando no escondido da memória,
no canto do armário,
Às vezes fica buraco espremido da dor,
No suspiro da saudade...
Numa lágrima de não sei por quê...
Num escuro de gaveta que não vê fresta.
As coisas vão ficando pra trás.
Cadê a boneca que tava aqui?
Onde foi parar meu diário, confidente
Das minhas inconfidências?
Onde a mãozinha do amigo da escola
Que, ao tocar minha mãozinha,
Fazia-me sonhar
Com aquelas coisas todas
do futuro de uma criança,
Menina sonhadora?
As coisas vão ficando para trás
Não só as coisas...
Cadê aquela menina tão legal?
Aquela que sentava ao meu lado
Caladinha, com olhar pro chão?
E o seu nome? Nem sei...
Onde está meu primeiro amor
Do primeiro beijo
Quem nem aconteceu?
E aquele menino que não largava do meu pé?
Chato, mas legal!! Aquele que me fazia rir?
Cadê?
Cadê o colo da mamãe?
O braço forte do papai?
E dos irmãos, cadê aquela briga toda?
Ficaram para trás...
É, já disse, as coisas ficam para trás!
De algumas, uma saudade danada, sabe?
Uma saudade de trazer pra cá
Pra perto. De fazer o ontem virar hoje de
novo...
E se é assim, o amanhã será meu presente
de cada dia.
Mas, alegria!
O que ficou pra trás já foi,
Chão pra crescimento.
Tem um monte de coisa chegando!
Os quinze anos também já foram. Foram do
ontem
E se meu ontem, hoje está sendo lindo
Os meus Amanhãs serão maravilhosos.
Eu, aqui agora, vejo as coisas de frente.
Pra ser do ontem, só passando por mim.
E vou aproveitar tudo que vier!!
Amor,
com o primeiro beijo ou não...
Isso é segredo
Conto depois pra mamãe.
Escola,
Um monte de saber trocado
Construído
Pode vir
Sei no que vai dar!
Família,
Ah, esse cadinho de construção.
O colo da mamãe,
A presença do papai,
A firmeza do irmão,
A cumplicidade das irmãs!
Vejo tudo de frente!
Desconfio do destino
2. Confio em mim mesma!
É assim que alguns me veem
Pra uns é assim que eu sou
Tudo bem, eu aceito
É uma homenagem, não?
E elas são assim...
Nascem do coração.
Eu sei, titio, você me ama
Tô te vendo aí declamar
Quase chorando
Com a garganta apertada
Fica tranquilo, viu?
Pra te fazer ainda hoje e sempre
Mais feliz
Pode esperar
Daqui um pouquinho te encontro
E minhas mãozinhas
Mais uma vez no seu cabelo
Vou colocar...