Artigo escrito por André Coutinho e Anderson Penha para a Revista ABC Design

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Uns acreditam que as mudanças são motivadas por fatores
externos. Para estas pessoas o futuro é algo provável,
está evidente que algo vai acontecer; ou possível, talvez
aconteça, depende das expectativas e da incerteza. Mas
existe um terceiro futuro, talvez não nos damos conta dele, o
futuro desejável ou preferido. Para estas pessoas, o futuro é
um espaço inexplorado e com criatividade + engenhosidade,
podemos moldá-lo com ideias, conceitos e realidades. Como
pontua bem Anthony Dunne and Fiona Raby, em seu livro
“Speculative Everything”.
Mais importante do que idealizar futuros é trazê-los ao
presente por meio de experimentos. Desde a década de 70
a Shell já anunciava o fim do petróleo e colocava entre seus
objetivos a busca por fontes alternativas de energia; tornou-
se uma das precursoras no desenvolvimento de tecnologia
limpa como eólica e solar. O mesmo se aplica à Philips com
seu projeto “Vision of the future” (1996), cujo objetivo era
antever os impactos da vida moderna em seu portfólio de
produtos. Com esse projeto a empresa inovaria não somente
na forma de criar produtos orientados ao futuro, mas também
na forma como a equipe de design trabalharia dali em diante.
O futuro chegou de modo que ficção e realidade já não mais
se separam. O cinema, que outrora alimentava o imaginário
comum, passou de especulador para criador de novas
tecnologias. Cineastas como James Cameron, têm oferecido
à comunidade científica uma contribuição singular.
Some believe that changes are motivated by external factors.
For these people, the future is something probable, it is
evident that something will happen; or possible, may happen,
depending on the expectations and uncertainties. But there is
a third future, of which we may not be aware, the desirable or
preferred future. For these people, the future is an unexplored
space and with creativity + ingenuity, we can shape it with
ideas, concepts and realities. As so well Anthony Dunne and
Fiona Raby point out in their book “Speculative Everything”.
More important than idealizing futures, is bringing them to
the present by experimenting. Since the 1970s, Shell has
announced in the end of oil and placed among its objectives
the search for alternative sources of energy; becoming one of
the forerunners in the development of clean technologies like
wind or solar power. The same applies to Philips and its project
“Vision of the future” (1996), whose objective was to foresee
the impact of its product portfolio on modern life. With this
project, the company innovated not only in the way of creating
products targeted at the future, but also in the way in which its
design team would work from that moment on.
The future has arrived so fiction and reality no longer are
split apart. The cinema, which in other times fed the common
imagination, moved from speculator to creator of new
technologies. Filmmakers like James Cameron, have offered
a unique contribution to the scientific community.
VISÕES DE FUTURO / visions of the future
ANDERSON PENHA e ANDRÉ COUTINHO
RAFAELA LECH
LOCAL
TIME
CHARACTERESDESIGN
AUTHOR
TOPIC
21:13 PM
CWB • 0º
3.883
PAGES
02
TECNOLOGIA+
DESIGN+EMPREENDEDORISMO
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Technology + design + entrepreneurship

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A tecnologia projetada por Cameron para vasculhar os
escombros do Titanic foi posteriormente utilizada (em 2012)
pela National Geographic no Deepsea Challenger para explorar
o fundo do mar a 35800 pés, a maior profundidade já atingida
até então por um equipamento.
Graças à hibridização tecnologia + design +
empreendedorismo típica do movimento hacker e
potencializada nos últimos anos, antecipar o futuro tem
se tornado um must. No final dos anos 70 jovens nerds
em alguma garagem do Vale do Silício ou no dormitório
de alguma universidade da costa oeste norte-americana
projetavam (ou melhor, especulavam) o que hoje
conhecemos por Microsoft, Apple ou Facebook. A própria
agência de governo DARPA (Defense Advanced Research
Projects Agency) tornou possível miríades de invenção a
partir de visões orientadas para o futuro.
Quando tratamos de futuros em geral estamos atrás das
grandes questões (big issues) da sociedade e do planeta. De
modo que a jornada nos faça encontrar territórios, espaços de
atuação (white spaces) ou conceitos de mundo que possam
funcionar sob determinada ótica, conectando sinais
e tendências emergentes na sociedade, no intuito de
promover um debate mais consciente sobre o modo como
queremos viver nossos próximos dias.
Entender tais movimentos ambientais, sociais e
tecnológicos desde sua origem até seus impactos para o
futuro passa a ser fundamental para qualquer projetista
social. Especular, lançar-se à frente, traçar caminhos,
mostrar opções e implicações passam a ser atividades
inerentes ao bom design.
E é exatamente nesse exercício, especulativo e provocativo,
entre ficção e realidade, que abre-se uma brecha permitindo
que pessoas e instituições possam explorar caminhos
alternativos, criando ações como a da Corning, que vem
reunindo sua equipe criativa para viabilizar os projetos
(assista Inspired by Glass: Realizing the Vision Symposium)
especulados em seu famoso vídeo “Um dia feito de vidro”.
Vemos aí uma nova forma de construção de visão corporativa,
forte o suficiente para orientar toda estratégia de negócio
(marca, produtos e serviços), estimulando não somente a
solução de problemas, mas o repensar de todo o contexto.
“I must create a system or be
enslaved by another mans; I
will not reason and compare:
my business is to create.”
William Blake
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The technology designed by Cameron to search for the wreck
of the Titanic was later used (in 2012) by National Geographic
in the Deepsea Challenger to explore the bottom of the sea
at a depth of 35800 feet, the deepest point ever reached by
equipment at that time.
Thanks to the hybridization technology + design +
entrepreneurship typical of the hacker movement and
potentialized in recent times, anticipating the future has
become a must. In the late 1970s, young nerds in some
garage in the Silicon Valley or in the dorm of some North
American West Coast University designed (or better,
speculated) what we today know as Microsoft, Apple or
Facebook. The government’s own agency DARPA (Defense
Advanced Research Projects Agency) has made possible
thousands of inventions based on future visions.
When dealing with futures, in general, we deal with the big
issues for society or the planet. , The journey may lead us
to finding territories, spaces for activity (white spaces)
or concepts of the world that can help us operate from a
specific standpoint, connecting signals and trends emerging
in society, with the intent of promoting a debate with more
awareness about how we want to live our coming days.
Understanding these environmental, social and technology
movements from their origins all the way to their impacts
on the future becomes fundamental for any social planner.
Speculate, throw oneself ahead, draw paths, show options and
indications have become inherent activities to good design.
It is exactly in this exercise, speculative and provocative,
between fiction and reality, that a gap opens allowing people
and institutions to explore alternative paths, creating actions
like the one from Corning, where the creative team has been
brought together to create feasibility for projects (watch
Inspired by Glass: Realizing the Vision Symposium) speculated
in their famous video “A day made of glass”.
There we see a new way of building a corporate vision, strong
enough to guide the entire business strategy (brand, products
and services), stimulating not only the solution of problems,
but rethinking the entire context.