2. “[...] Esta é a cidade e eu sou um dos
cidadãos,
O que interessa aos outros a mim
interessa, políticas, guerras,
mercados, jornais, escolas,
O presidente da câmara e os
conselhos, bancos tarifas, navios,
fábricas, mercadorias, armazéns,
bens públicos e privados.”
Walt Whitman – Song Of Myself - 1855
3. Dados Históricos
O Romantismo foi um movimento literário, cultural e
artístico da era romântica ou moderna. Iniciou-se na
Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo
mundo até o final do século XIX.
As ideias românticas ganharam maior impulso a partir da
Revolução Francesa (1789).
As transformações revolucionárias atingiram todos os
segmentos: social, econômico, político, filosófico e
artístico-cultural.
4. Fatores históricos
A queda dos sistemas de governo tirânicos.
Os ideais de liberdade e igualdade.
Formação de uma mentalidade nacionalista.
A consolidação do pensamento liberal.
A revolução Francesa.
A Revolução Industrial Inglesa.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos.
5. A burguesia, vitoriosa na Revolução Francesa,
experimentou franca ascensão e, afrontando os poderes da
Monarquia, exigiu seu espaço na estrutura socio-política,
bem como o cumprimento dos ideais de sua bandeira
revolucionária: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Os burgueses, ansiosos por adquirir cultura, passaram a
ser mecenas, ou seja, patrocinavam a arte que
correspondia aos seus interesses. Foi criado assim, o
Drama para o público burguês, e a narrativa em forma de
romance para leitores ansiosos por consumir a cultura e
arte burguesistas.
6. Características Românticas
Valorização de elementos populares - Surgiu
da relação entre a burguesia e o Romantismo que
objetivava retirar o privilégio da elite. Intensificaram-
se os temas ligados à vida urbana; incentivou-se o
público a participar de manifestações culturais.
Imaginação Criadora – A libertação da arte, agora
afastada das rígidas regras clássicas. A liberdade de
expressão (de forma e conteúdo) e a Criação de
mundos imaginários nos quais o romântico
acreditava.
7. Subjetivismo - atitude individual e única. A
poesia não assume mais os moldes clássicos e,
sim, a vontade do Eu criador.
Egocentrismo - Houve o triunfo absoluto do
EU; o reinado da poesia confessional na qual o
sujeito lírico declarava seus sentimentos.
Sentimentalismo - analisa e expressa a
realidade por meio de sentimentos; a emoção foi
valorizada em detrimento do racionalismo.
8. Supervalorização do amor - O amor foi
considerado um valor supremo na vida. Entretanto, a
conquista amorosa era difícil: havia o mito do amor
impossível, o estigma da paixão desesperadora. A perda
ou a não realização amorosa levava o romântico ao
desespero, à loucura ou à morte.
Idealização da Mulher - Mulher era convertida em
anjo, musa, deusa, perfeita, inatingível... , capaz de
maravilhar a vida do homem se lhe correspondesse.
Porém, tornava-se perversa e impiedosa, quando pela
recusa arruinava a vida do galante que a cortejava.
10. Aspecto Estilístico
Os românticos abandonam a forma fixa e o uso obrigatório da rima,
valorizando o verso branco.
Negam os gêneros literários tradicionais, eliminado das obras
literárias a tragédia e a comédia.
Surge assim, outros gêneros como o drama, o romance de costumes
entre outros.
Principais figuras de linguagem utilizada pelos escritores românticos:
Metáfora
Metalinguagem
Hipérbole
Antítese
Sarcasmo e Ironia
12. Recém independente, o país procura afirmar sua identidade,
tentando desenvolver uma cultura própria, baseada em suas
raízes indígenas.
O espírito nacionalista leva ao culto da natureza
profundamente elogiada dentro do caráter ufanista, com
elevação máxima das belezas naturais do paraíso tropical.
O gênero lírico era amplamente cultivado ao lado da ficção e do
teatro de influência inglesa e francesa.
Os autores que se destacaram foram:
Manuel de Araújo Porto Alegre, Antônio Teixeira e Souza e
Domingos Gonçalves Magalhães.
13. Em 1843 surge o primeiro romance romântico
brasileiro, intituado O Filho de Pescador de
Teixeira e Souza.
Mas o romance que impulsionou o apego
sentimental do público foi A Moreninha de
Joaquim Manuel de Macedo, uma historia de amor
convencional, publicada em 1844, que fixa os
costumes da sociedade carioca da época,
contaminada por francesismos.
14. Contexto Histórico-cultural
A Independência é o principal fato político do século 19 e
vai determinar os rumos políticos, econômicos e sociais do
Brasil até a Proclamação da República (1889).
Merece destaque também o Segundo reinado, em que o
país conheceu um período de grande desenvolvimento em
relação aos três séculos anteriores.
Apesar disso, o Brasil continuava um país
fundamentalmente agrário, cuja economia se baseava no
latifúndio, na monocultura e na mão de obra escrava.
15. Primeira Geração Romântica- Indianismo
Surgiu o índio, um herói visto
com espírito da civilização
nacional e da luta contra a
tradição lusitana. Um índio
idealizado como bravo, gentil,
valente, nobre, corajoso,
puro, belo, bom por natureza
e capaz de todas as proezas em
nome da honra e da glória.
Foi o herói improvisado para
configurar ideologicamente o
que deveria ter sido o primeiro
habitante do Brasil.
16. Assim, o indígena passou a ser a mais autêntica
ilustração para o Mito do Bom Selvagem.
Antônio Gonçalves Dias e José de Alencar,
principalmente, escreveram a partir deste modelo de
Índio - Heroí Brasileiro.
Os autores principais dessa fase foram: Gonçalves Dias,
José de Alencar, Joaquim Manoel de Macedo e Bernardo
Guimarães.
17. Segunda Geração Romântica – Byronismo
ou Ultrarromantismo (1850-1860)
Geração contaminada pelo
“mal do século”: individualismo,
negativismo, pessimismo,
insatisfação com o mundo,
angústia, desespero, crise
existencial (herança do Barroco).
Nessa fase, o sentimentalismo e a
emoção romântica atingem o auge
absoluto.
A influência do poeta inglês Lord
Byron tem seu maior exemplar
brasileiro no poeta Álvares de
Azevedo em sua obra.
O Anjo da Morte (1851)
Pintura: Horace Vernet
18. Enquanto a poesia segue a linha Byroniana, a ficção consolida-se sobre a
forma sertanista, urbana, indianista.
Surge a narrativa histórica para delinear as origens do Brasil e o seu
desenvolvimento.
A utopia das idéias continuava a influenciar as visões românticas.
Os autores principais são:
Na Poesia - Gonçalves Dias; Álvares de Azevedo; Casimiro de Abreu; Junqueira
Freire; Fagundes Varela; Laurindo Rabelo;
Na Prosa - José de Alencar, fiel representante da ideologia romântica; Manuel
Antônio de Almeida, que se rebelou contra o romantismo burguês, escrevendo
a obra Memórias de um Sargento de Milícias, que focaliza a sociedade
suburbana e desmoraliza a corte amorosa.
19. Terceira Geração Romântica –
Condoreirismo (1860-1880)
A terceira fase do Romantismo foi uma transição para
o Realismo. Com a influência de Vitor Hugo, as
preocupações com a forma, o erotismo no lirismo
amoroso demarcaram novos caminhos para a
literatura porvindoura.
Os Condoreiros praticaram um nacionalismo de ordem
diversa, pois não exaltavam as maravilhas da Pátria,
mas reivindicavam liberdade, igualdade das condições
sociais e independência política; defendiam, enfim, a
formação de uma consciência nacional.
20. O tom lírico não se limitava a cantar amores
impossíveis ou desgraças amorosas, porque se
expandia para versejar sobre o erotismo do amor ou se
coletivizava para expressar as paixões pelas causas
socio-políticas.
Os autores da terceira geração foram: Joaquim de
Sousa Andrade (Sousândrade), Tobias Barreto,
Franklin Távora, Visconde de Taunay e Castro Alves.
21. Antônio Frederico de
Castro Alves foi o Grande
Condoreiro do Brasil.
Dono de uma poesia
vibrante que evocava o
liberalismo idealizado e
repelia a vergonhosa
escravidão, denunciando
as condições desumanas
em que os escravos
viviam.
22. Trechos do O Navio Negreiro - Castro Alves
“[...] Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
23. Trechos do O Navio Negreiro - Castro Alves
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. [...]”
24. Poesia no Romantismo
A característica principal da Poesia Romântica é a expressão
plena dos sentimentos pessoais, com os autores voltados para o
seu mundo interior e fazendo da literatura um meio de desabafo
e confissão.
A vida passa a ser encarada de um ângulo pessoal, em que se
sobressai um intenso desejo de liberdade.
O estilo romântico revela-se inicialmente idealista e sonhador,
depois, crítico e retórico, mas sempre sentimental e
nacionalista.
25. Principais autores e obras em prosa
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1825-
1884)
Obras principais: Lendas e Romances (histórico);
Lendas e Tradições da Província de Minas Gerais; O
Ermitão da Glória (regionalista); O Garimpeiro; O
Seminarista; A Escrava Isaura.
O Seminarista é sua obra mais notável na qual se critica
o celibato clerical e apresenta o apelo ao sexo, contrário
à corte amorosa de Romantismo.
26. Foi ele quem consolidou
o Romantismo brasileiro,
com sua poesia de alta
qualidade.
Temas característicos:
a) Lirismo Amoroso
b) Indianismo
c) Exílio
Antônio Gonçalves
Dias
27. José Martiniano de Alencar (1820-
1877)
Foi o ficcionista que mais agradou o gosto do publico
burguês, consolidando o romance nacional brasileiro.
Sempre com linguagem requintada, Alencar inventou
um passado glorioso para o Brasil.
Retratou a vida urbana em meio às intrigas amorosas
mais instigantes: conflitos sentimentais marcados por
um final feliz (Senhora - Diva) ou interrompidos com
uma morte trágica (Lucíola).
28. Antônio Frederico de Castro Alves
É um dos mais expressivos talentos da poesia brasileira,
apesar de ter morrido aos 24 anos de tuberculose, encarou a
morte com realismo e amargura.
Nutria um grande amor patriótico, acreditava representar o
espírito nacionalista do povo brasileiro, tendo escrito poemas
de louvor para exaltar os feitos populares.
Obras principais:
Espumas Flutuantes.
Vozes d’África
Navio Negreiro.
29. Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)
Obra principal: Memórias de um Sargento de Milícias.
Temas característicos: O romance apresenta elementos
que contradizem as convenções literárias da época; tem
como cenário as ruas e os casebres do Rio de Janeiro.
É um documentário mais real da sociedade do século
XIX, aproxima-se do que seriam as narrativas dos
realistas.
30. Joaquim de Sousa Andrade
Obras principais: Guesa Errante; Obras Poéticas
Temas característicos: Sousândrade era adepto das causas republicanas e
abolicionistas. Sua poesia é marcada por originalidade, inovadora e
revolucionária, afastadas dos modelos românticos. A linguagem ousada
aproxima da realidade. O vocabulário é diversificado com neologismos,
palavras em inglês, expressões indígenas.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo
É o poeta brasileiro que mais autenticamente representou o Byronismo,
sendo o mais individualista, subjetivo e sofrido poeta do Romantismo.
Autor de uma poesia confessional que exprime sentimentos, dores e
emoções do eu lírico ultrarromântico. Morreu aos 21 anos.
Obras principais: Pedro Ivo, Lira dos Vinte Anos, Conde Lopo.
31. Romantismo no Brasil- (1836-1881)
• Marco inicial: Publicação de "Suspiros Poéticos e
Saudades", de Gonçalves de Magalhães , em 1836.
• Marco final: Publicação de "Memórias Póstumas
de Brás Cubas", de Machado de Assis , em 1881, que
inaugura o realismo.
32. Diálogo entre Obras - Um Romantismo
Contemporâneo:
Todo amor que houver nessa vida – Barão Vermelho
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia...
33. Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno
anti-monotonia...
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...
34. Fontes
SARAIVA, A.J. e LOPES, O. História da literatura
portuguesa. Porto: Porto Editora, 2000.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
RONCARI, Luiz. Literatura Brasileira: dos primeiros
cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Edusp,
2002.
BERND, Zilá. Literatura e Identidade Nacional. Porto
Alegre: Editora UFRGS, 2003.
35. Mensagem final:
“Eu sou como a garça triste /
Que mora à beira do rio, /
As orvalhadas da noite /
Me fazem tremer de frio. /
Me fazem tremer de frio, /
Como os juncos da lagoa; /
Feliz da araponga errante /
Que é livre e que livre voa. /
Que é livre e que livre voa /
Para as bandas do seu ninho, /
E nas braúnas à tarde /
Canta longe do caminho. /
Canta longe do caminho. /
Por onde o vaqueiro trilha, /
Se quer descansar as asas /
Tem a palmeira, a baunilha. /
Tem a palmeira, a baunilha. /
Tem o brejo, a lavadeira, /
Tem as campinas, as flores, /
Tem a relva, a trepadeira. /
Tem a relva, a trepadeira. /
Todas têm os seus amores, /
Eu não tenho mãe, nem filhos /
Nem irmãos, nem lar, nem flores."
(Trecho do poema “Tragédia no Lar”
de Castro Alves)
OBRIGADA!!!