ROMANTISMO- CARACTERÍSTICAS E CONTEXTO HISTÓRICO.doc
1. LITERATURA – PROFESSORA VALÉRIA CRISTINA
ROMANTISMO: CARACTERÍSTICAS E CONTEXTO
HISTÓRICO
O romantismo é um movimento artístico e cultural que
privilegia as emoções, a subjetividade e o individualismo.
Contrário ao objetivismo e as tradições clássicas de perfeição,
ele apresenta uma visão de mundo centrada no ser humano,
com destaque para as sensações humanas e a liberdade de
pensamento. O romantismo surgiu na Europa no século XVIII
no contexto da revolução industrial e do iluminismo,
movimento intelectual e filosófico baseado na razão. Ele durou
até meados do século XIX, quando começa o realismo.
Rapidamente, esse estilo chegou a outros países, inspirando
diversos campos da arte: literatura, pintura, escultura,
arquitetura e música. No Brasil, o movimento romântico
começa em meados do século XIX, anos depois da
independência do país (1822) com a publicação da obra
Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães,
em 1836.
Contexto histórico
Como escola literária, as bases do sentimentalismo romântico
e do escapismo pelo suicídio foram estabelecidas pelo
romance "Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe,
publicado na Alemanha em 1774.
Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos
do século XIX, com destaque para a poesia ultrarromântica de
Lord Byron e para o romance histórico Ivanhoé, de Walter
Scott.
Também figuram entre as primeiras obras do início da
revolução romântica na Europa os livros Manon Lescut, do
árabe Prévost (1731), e a História de Tom Joses, de Henry
Fielding (1749).
O romance, contudo, já era utilizado no Império Romano, cuja
palavra romano era aplicada para designar as línguas usadas
pelos povos sob o seu domínio. Tais idiomas eram, na
verdade, uma forma popular do latim.
As composições de cunho popular e folclórico, escritas em
latim vulgar, em prosa ou em verso e que relatavam fantasias
e aventuras, também eram chamadas de romance.
E foi no século XVIII, que tomou o sentido atual, após passar
pelas formas de "romance de cavalaria, romance sentimental,
romance pastoral", na Europa. O romance pode ser
considerado o sucessor da epopeia.
Principais características
Na literatura, as principais características do romantismo são:
Oposição ao modelo clássico;
Estrutura do texto em prosa, longo;
Desenvolvimento de um núcleo central;
Narrativa ampla refletindo uma sequência de tempo;
O indivíduo passa a ser o centro das atenções;
Surgimento de um público consumidor (folhetim);
Uso de versos livres e versos brancos;
Exaltação do nacionalismo, da natureza e da pátria;
Idealização da sociedade, do amor e da mulher;
Criação de um herói nacional;
Sentimentalismo e supervalorização das emoções
pessoais;
Subjetivismo e egocentrismo;
Saudades da infância;
Fuga da realidade.
Oposição ao Clássico
No início, todos os movimentos em oposição ao clássico eram
considerados românticos. Dessa maneira, os modelos da
Antiguidade Clássica foram substituídos pelos da Idade
Média, quando surgiu a burguesia.
A arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a
valorizar o folclórico e o nacional. Ela extrapola as barreiras
impostas pela Corte e começa a ganhar a atenção do povo.
A arte romântica, ao romper as muralhas da Corte e ganhar as
ruas, liberta-se das exigências dos nobres que pagavam sua
produção e passa a ter um público anônimo. É o surgimento
do público consumidor, impulsionado no Brasil pelo folhetim,
uma literatura mais acessível.
Na prosa, o aspecto formal do Classicismo é deixado de lado.
O mesmo ocorre com a poesia, com os versos livres, sem
métrica e sem estrofação. A poesia também é caracterizada
pelo verso branco, sem rima.
Confira na tabela abaixo as diferenças entre o Classicismo e o
Romantismo:
Nacionalismo
Os românticos pregam o nacionalismo, incentivam a exaltação
da natureza pátria, o retorno ao passado histórico e na criação
do herói nacional.
Na literatura europeia, os heróis nacionais são belos e
valentes cavaleiros medievais. Na brasileira são os índios,
igualmente belos, valentes e civilizados.
2. A natureza também é exaltada no Romantismo. Está é vista
como uma extensão da pátria ou refúgio à vida agitada dos
centros urbanos do século XIX. A exaltação à natureza ganha
contornos de prolongamento do escritor e de seu estado
emocional.
Sentimentalismo Romântico
Entre as marcas principais do Romantismo estão o
sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais, o
subjetivismo e egocentrismo. É dessa maneira que os poetas
se colocavam como o centro do universo.
Dentro de um universo particular, o poeta sente a derrota do
ego, produz frustração e tédio. São características do
movimento romântico: as fugas da realidade por meio do
abuso de álcool e ópio, a idealização da mulher, da sociedade
e do amor, bem como a saudade da infância e a busca
constante por casas de prostituição.
Romantismo em Portugal
Os primeiros anos do Romantismo português coincidem com
as lutas civis entre liberais e conservadores. A renúncia de
Dom Pedro ao trono brasileiro e sua luta pelo trono de
Portugal ao lado dos liberais, veio intensificar esses conflitos.
O romantismo literário em Portugal tem como marco inicial a
publicação, em 1825, do poema Camões, escrito por Almeida
Garrett. A obra foi produzida durante seu exílio em Paris.
Em Portugal, o movimento romântico esteve dividido em 2
fases:
Primeira geração romântica: fase nacionalista
Segunda geração romântica: fase de maturidade
Autores e obras do romantismo em Portugal
Almeida Garret (1799-1854). Obras: Camões (1825),
Viagens na minha terra (1846) e Folhas Caídas
(1853).
Alexandre Herculano (1810-1877). Obras: A Harpa do
Crente (1838), Eurico, o Presbítero (1844) e Poesias
(1850).
Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875). Obras:
Amor e melancolia (1828), A noite do Castelo (1836)
e Escavações poéticas (1844).
Camilo Castelo Branco (1825-1890). Obras: Amor de
perdição (1862), Coração, Cabeça e Estômago
(1862) e Amor de Salvação (1864).
Júlio Dinis (1839-1871). Obras: As Pupilas do Senhor
Reitor (1866), Uma Família Inglesa (1868) e A
Morgadinha dos Canaviais (1868).
Soares de Passos (1826-1860). Única obra
publicada: Poesias (1856).
João de Deus (1830-1896). Obras: Ramo de Flores
(1869) e Despedidas de Verão (1880).
Romantismo no Brasil
No Brasil, duas publicações são consideradas o marco inicial
do Romantismo literário. Ambas foram lançadas em Paris, por
Gonçalves de Magalhães, no ano de 1836: a "Revista Niterói"
e o livro de poesias "Suspiros poéticos e saudades".
No país, o movimento foi dividido em três fases, ou gerações:
Primeira geração romântica (1836 a 1852): geração
nacionalista-indianista.
Segunda geração romântica (1853 a 1869): geração
ultrarromântica.
Terceira geração romântica (1870 a 1880): geração
condoreira.
Autores e obras da primeira fase do romantismo no Brasil
Gonçalves de Magalhães (1811-1882) - Obras:
Suspiros poéticos e saudades (1836), A
Confederação de Tamoios (1857) e Os Indígenas do
Brasil perante a História (1860).
Gonçalves Dias (1823-1864) - Obras: Canção do
exílio (1843), I-Juca- Pirama (1851) e Os Timbiras
(1857).
José de Alencar (1829-1877) - Obras: O Guarani
(1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
Álvares de Azevedo (1831-1852) - Obras: Lira dos
Vinte anos (1853), Noite na taverna (1855) e Macário
(1855).
Casimiro de Abreu (1839-1860) - Obra: publicou
somente um livro de poesias, As primaveras (1859).
Fagundes Varela (1841-1875) - Obras: Noturnas
(1861), Cântico do Calvário (1863) e Cantos e
fantasias (1865).
Castro Alves (1847-1871) - Obras: O Navio Negreiro
(1869) e Espumas flutuantes (1870).
Tobias Barreto (1839-1889) - Obras: Amar (1866), A
Escravidão (1868) e Dias e noites (1893).
Sousândrade (1833-1902) - Obras: Harpas
Selvagens (1857) e O Guesa (1858 e 1888).