Este documento trata de:
1) A elaboração de um instrumento diagnóstico para avaliar as aprendizagens dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática no ano letivo de 2015.
2) A discussão sobre os conceitos de criança e infância, considerando suas pluralidades e como produtos das relações socioculturais.
3) A reflexão sobre a importância do lúdico no desenvolvimento infantil e sua presença no processo educativo da criança.
4. E-mail da turma: pnaic3vicencia@gmail.com
SOCIALIZAÇÃO
Elaborar um instrumento diagnóstico
da turma, considerando as principais
aprendizagens desejadas para o ano em
curso, vivenciar a situação e registrar
quais conhecimentos os alunos
demonstraram ter-se apropriado e o que
precisa ser garantido em 2015. Fazer o
registro do perfil da turma em Língua
Portuguesa e Matemática, para
discutir no encontro seguinte, sem
exceções .
6. Iniciando a conversa
Este caderno apresenta uma discussão acerca do
tema “A criança no Ciclo de Alfabetização” e tem
como foco maior provocar, a partir de reflexões
teóricas e de relatos de experiência, um debate sobre
a necessidade de desenvolver, no ambiente escolar,
uma ação pedagógica que possibilite às crianças a
garantia de seus direitos, principalmente o de serem
crianças e, portanto, preservarem suas identidades
sociais e suas necessidades de aprender de forma
lúdica e contextualizada.
7. O direito de ser criança, com as suas múltiplas maneiras
de ser e de viver a infância, caminha, muitas vezes, em
uma direção contrária a outro direito que todos os
meninos e meninas têm: o de estar alfabetizado(a) até os
oito anos de idade. Entendemos por alfabetização não
somente a compreensão do sistema de escrita alfabética e
o domínio das correspondências entre grafemas e
fonemas, mas também as capacidades de ler e produzir
textos de diferentes gêneros textuais, relativos aos
diferentes componentes curriculares, com autonomia.
Neste caderno, defendemos a não incompatibilidade
entre ser criança e ingressar no mundo da cultura escrita,
que, desde cedo, interessa à criança e compõe o seu
universo social e cultural.
8. refletir sobre os conceitos de “criança” e “infância” e sua pluralidade,
compreendendo-os enquanto produtos das relações socioculturais;
compreender a importância do lúdico no desenvolvimento infantil,
valorizando a sua presença no processo educativo da criança;
analisar o processo de inclusão da criança de seis anos no Ensino
Fundamental e a transição dela da Educação Infantil para essa
segunda etapa da Educação Básica;
compreender a escrita e a infância como construções sociais e como
conceitos complementares e inter-relacionados;
refletir sobre infância e educação inclusiva como direito de todos;
discutir alguns pressupostos sobre a Educação do Campo e as
identidades sociais das crianças do campo;
reconhecer a importância da afetividade na sala de aula e na escola,
compreendendo a necessidade de um olhar integral sobre a infância.
Objetivos do Caderno
14. CONCEPÇÃO DE CRIANÇA, INFÂNCIA E
EDUCAÇÃO
(Claudinéia Maria Vischi Avanzini, Lisandra Ogg Gomes
15. A criança, enquanto um ser genérico; a infância, como uma
geração ou fase da vida, ou seja, ela não termina quando as
crianças crescem. Essa geração continua a existir e a receber
novas crianças;
Não podemos idealizar uma única infância ou criança, pois
são diversas as infâncias que as crianças vivem.
A infância passou a ser reconhecida como uma geração que é
parte da estrutura social, e as crianças, como atores sociais.
16. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
IDADE MÉDIA
Diante de determinados contextos e circunstâncias, era grande a
mortalidade infantil;
A escola, de responsabilidade da Igreja, era extremamente dual,
seletiva e excludente;
As relações sociais eram fundadas em uma hierarquia por grupos
de idade e as crianças, na medida das suas capacidades,
participavam da vida social misturadas aos adultos, expostas aos
perigos e às violências da época .
17. Compreensão histórica das ideias
acerca da Infância e da Criança
SÉCULO XV
Passou a existir na sociedade uma crescente vontade de
salvar as crianças;
Inicia um processo de grandes transformações na sociedade,
com a moralização dos comportamentos, o nascimento da
família moderna e a ampliação nas formas de comunicação;
Começa a se concretizar e difundir a ideia de uma escola
para todos, um corpo de professores – formados nas ordens
religiosas, por uma disciplina rígida, classes numerosas e
normas que são diversas daquelas dos adultos;
18. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
...SÉCULO XV
Alguns conceitos – denominados de “pré-sociológicos” – a respeito
da criança, com influências em mitos e filosofias a cerca do homem;
Uma dessas concepções é a da criança má, ou seja, tem disposição
para a maldade, corrupção e mesquinharia, devido a sua natureza
pecaminosa;
Com isso, a criança, precisa ser educada e controlada, para isso,
são efetivadas práticas pedagógicas de correção, adestramento,
controle e aprimoramento do corpo e da mente infantis.
19. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
...SÉCULO XVII e XVIII
A Criança começa a ser vista como diferente dos adultos em suas
peculiaridades, segundo a visão de Locke (1632-1704) e Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778);
A educação deve ser de estímulo, cuidado, segurança e
simplicidade, através de jogos, objetos e ambientes que permitam
uma formação por meio da experiência, manipulação e ação.
Para Jean-Jacques Rousseau, as crianças não são adultos em
miniatura, são naturalmente boas, inocentes e puras;
20. Jean-Jacques Rousseau
defende que a criança é
um ser com
características próprias,
ao contrario das ideias
comuns no seu tempo
que defendiam que a
educação da criança
deveria ser voltada para
os interesses do adulto e
da vida adulta.
21. Adnilson José da Silva
A obra Jean-Jacques Rousseau influencia o pensamento
pedagógico até os dias atuais, sobretudo as correntes
que valorizam a autonomia e a liberdade dos sujeito
aprendentes, sem descuidar dos necessários limites
impostos pela convivência social. Do ponto de vista de
Rousseau, o homem educado seria caracterizado pela
vontade consciente que o manteria autônomo, tanto
frente aos determinismos naturais quanto às
imposições sociais.
INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA OBRA DE ROUSSEAU
22. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
...SÉCULOS XVII e XVIII
Para Locke (1632-1704) , as crianças são seres passivos e que
a aprendizagem ocorre pelas vivências adquiridas com os
objetos;
A Educação teria uma papel fundamental de moldá-la para o
bem ou para o mal;
A Criança seria por natureza diferente em comparação ao
adulto, tendo sua mente como uma carta branca, que deveria
ser preenchida a partir das experiências;
23. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
SÉCULOS XX
Os estudos realizados no campo da Psicologia transformam
o modo de compreender a criança e influenciam a constituição
da infância como uma fase da vida;
Jean Piaget (1896-1980), o começo do conhecimento é a
ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento
humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto.
As formas de conhecer são construídas nas trocas com os
objetos, tendo uma melhor organização em momentos
sucessivos de adaptação ao objeto.
24. Lev Vygotsky (1896-1934), a criança é um
indivíduo que aprende a se desenvolver na
interação com outros mais experientes do seu
meio sociocultural;
Sigmund Freud (1856-1939) A infância é o
passado do adulto. É a criança inconsciente, um
recurso para compreender os desvios, delitos e
as anormalidades do adulto.
SÉCULO XX
Compreensão histórica das ideias acerca da Infância e da Criança
25. Compreensão histórica das ideias acerca da Infância
e da Criança
É apenas no século XX que a infância se torna uma
realidade de fato – um fenômeno social;
As novas concepções desse período questionam o modelo
de criança universal, pois se reconhece que as crianças são
plurais e pertencem a diferentes culturas.
As crianças são construtoras ativas em
seus mundo sociais (CORSARO, 2003; QVORTRUP, 2011);
SÉCULO XX
26. As crianças como atores sociais, agentes em seus
processos de aprendizagem; e a infância é
reconhecida como uma categoria geracional
essencial para a estrutura da sociedade, que
influência e é influenciado por ela.
27. Compreensão histórica das ideias acerca da
Infância e da Criança
Lev Vygotsky (1896-1934), a criança é um
indivíduo que aprende a se desenvolver na
interação com outros mais experientes do seu
meio sociocultural;
Sigmund Freud (1856-1939) A
infância é o passado do adulto. É a
criança inconsciente, um recurso para
compreender os desvios, delitos e as
anormalidades do adulto.
...SÉCULOS XX
28. As teorias interacionais são críticas em relação à concepção tradicional de ensino, de cunho
epistemológico empirista. Piaget e Vygotsky, ambos interacionista buscaram em suas teorias
um caminho a explicar o processo de conhecer, sendo este, um processo de construção através
da relação sujeito e meio.
JEAN PIAGET VYGOTYSK
32. FORMAÇÃO DE 4 GRUPOS
Comando: Ler o texto, selecionar os pontos
fundamentais e registar no cartaz para apresentação em
plenária.
Texto 2:
A CRIANÇA NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO:
LUDICIDADE NOS ESPAÇOS/TEMPOS ESCOLARES
Texto 3:
A CRIANÇA, A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINO
FUNDAMENTAL
42. TRABALHO EM DUPLAS
Escolher uma brincadeira da lista produzir a
regra do jogo.
INSTRUÇÃO DE BRINCADEIRAS:
-O QUE PRECISAMOS CONSIDERAR?
-Nome da brincadeira
-Quantidade de pessoas para brincar
e como se organizam
-Objetos / recursos
-Regras da brincadeira
-Local para brincar
-Ilustração, se necessário.
43.
44. • Qual seria a finalidade desta escrita?
• Para quem foi escrito?
• Qual gênero é mais adequado para esta
finalidade?
• Em qual suporte iremos inserir os textos?
• Onde estes textos circularão?
45. PROPOSTA:
Atividade: produção de texto escrito
em dupla
Finalidade de escrita: instruir/ explicar
sobre como brincar
Gênero: regras de jogos
Suporte: Catálogo da turma
Destinatário: professores
alfabetizadores
1º, 2º e 3º anos
46. - O que são textos instrucionais?
- Quais são suas características?
- O que é importante ensinar às crianças em
relação à produção e compreensão desses textos?
- Como poderíamos trazê-los para a sala de aula,
inseridos em contextos significativos?
TEXTOS INSTRUCIONAIS
47. Textos instrucionais
São textos da ordem do descrever ações,
voltados para a “regulação mútua de
comportamentos”, seja através de prescrições
(projetos de leis, contratos, regulamentos,
comandos...) ou de instruções (instruções de
jogo, instruções de montagem, receita culinária,
instruções de uso) (Dolz e Schneuwly, 1996).
48. OS GÊNEROS TEXTUAIS CONSIDERADOS COMO
INSTRUCIONAIS ATENDEM A CARACTERÍSTICAS DO
TIPO INJUNTIVO.
[...] diz respeito àquele tipo de texto que se caracteriza por
organizar informações e instruções ou ordens com a finalidade
de orientar determinado comportamento do interlocutor.
Também chamado de instrucional, esse tipo de texto se
manifesta, por exemplo, nos gêneros regras de jogo, receitas
culinárias, regulamentos, instruções de uso de máquinas e
aparelhos eletrodomésticos, entre outros. (Val e Barros, 2003,
p. 135-136).
49. Os textos injuntivos apresentam predomínio de
sequências imperativas e enunciados
incitadores à ação (Marcuschi, 2002, p. 28).
Kaufman e Rodrigues (1995) enfatizam que os
textos instrucionais “independentemente de
sua complexidade, compartilham da função
apelativa, à medida que prescrevem ações e
empregam a trama descritiva para representar
o processo a ser seguido na tarefa
empreendida” (p. 35).
51. -Rousseau, Pestalozzi, Frebel, Dewel, Claparéde,
Montessori, Piaget e Vygotsky foram importantes
na organização de concepções pedagógicas em
que a atividade lúdica é percebida como um
processo pelo qual a criança enriquece o senso de
responsabilidade, desenvolve a auto expressão e
desenvolve-se física, cognitiva e socialmente
(CARLETO, 2003, p. 98)
-LUCKESI (2005) "Brincadeiras lúdicas são
aquelas atividades que propiciam uma experiência
de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro
estando flexíveis e saudáveis".
52. • O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço
espontâneo.
• Ele é considerado prazeroso, por sua capacidade de absorver o indivíduo
de forma intensa e um clima de entusiasmo.
• É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com
forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia.
• As atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço
voluntário.
• As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade
física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e
as operações mentais, estimulando o pensamento.
• As atividades de produção textual envolvendo atividade lúdicas, despertam
emoções e motivação para a realização da produção;
• O desenvolvimento da leitura e da escrita acontece de forma prazerosa;
• O uso de jogos e das brincadeira antes, durante ou depois da produção
textual pode animar e estimular a criatividade das crianças.
53. As atividades lúdicas integram as
várias dimensões da personalidade:
afetiva, motora e cognitiva. O ser que
brinca e joga é, também, o ser que
age, sente, pensa, aprende e se
desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).
55. COMANDO:
TEXTO 4:
O LUGAR DA CULTURA ESCRITA NA EDUCAÇÃO DA
CRIANÇA: PODE A ESCRIA ROUBAR A INFANCIA?
TEXTO 5:
INFÂNCIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO DIREITOS
DE TODOS
58. Referências
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Referências
Bibliográficas
60. PARA CASA:
-ELABORAR UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SEMANAL COM O GÊNERO TEXTUAL JOGOS E
BRINCADEIRAS DE ACORDO COM O QUE TRABALHAMOS.