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PSICOPATOLOGIA ii
2019/1
Prof.Liege Bertolini Fasolo
Email:
liege.fasolo@fsg.edu.br
FREUD
1856/1939
LACAN
1901/1981
DSM- Manual de Diagnóstico e
Estatística de Doenças Mentais
(Associação de Psiquiatria Americana)
• DSM I – 1952 ( menos de 100
patologias e de inspiração freudiana)
• DSM IV – 1994 ( 297 categorias de
doenças mentais)
• DSM V – 2013
O QUE É PSICOPATOLOGIA?
 Geralmente é entendida como um campo
específico do conhecimento.
PSICO PATHOS LOGOS
Psíquico Sofrimento Estudo
 Nesse sentido é uma área específica da
psiquiatria, mas não somente.
PHATOS – palavra grega que significa
“paixão”, afecção, excesso, ser afetado por,
afeto, sofrimento, empatia (“paixão”
enquanto aquilo que movimenta, que afeta,
que mobiliza profundamente o sujeito).
 Olhar psicodinâmico: o que passa na
interioridade do sujeito, que conflito ele
tenta resolver com o sintoma (o que é
sempre uma tentativa de resolução)
 Freud – mesmo formado em sua base
médica e nesse caldo de cultura do final
do século XIX e início do século XX, onde
já haviam as primeiras tentativas de
classificação, ele começa suas pesquisas
muito interessado nos problemas
mentais, na doença mental, no sofrimento
mental, nos estudos sobre Histeria.
 Freud – vai se deparando com questões e
fenômenos que dizem respeito a uma
forma de sofrimento, que não é
necessariamente um desvio, ou um
excesso, mas um sofrimento que todos
nós experimentamos ao lidarmos com as
questões da sexualidade e do amor.
 Construção do conceito de defesa. Que o
sujeito se defende daquilo que tem a ver
com o desejo inconsciente; que tem
relação com a pulsão, com a sexualidade.
 Freud – avançando nessa teorização, coloca
em questão a fronteira entre doença e
normalidade. Entre patológico e normal.
 1901 – Psicopatologia da vida cotidiana. A
partir destas formulações, deriva toda a
questão psicanalítica em relação à clínica. Não
abandona os diagnósticos. A psicanálise retira
da psiquiatria os termos neurose, histeria,
neurose obsessiva, psicose, fobia.
 Psicopatologia diz respeito à vida cotidiana.
 Psicopatologia não é uma atividade científica. É
um exercício constante de demarcação:
• sobre o que é a normalidade;
• do que é a diferença (mas não patologia);
• e do que é uma diferença patológica (que exige
alguma tipo de intervenção)
Psicopatologia é algo que todos nós
participamos.
Condutas consideradas patológicas(como se
os sintomas fossem independentes da nossa
vida) x avaliação subjetiva.
 Buda já dizia há 1.500 anos atrás: “VIVER
É SOFRER”.
 Até o final do século XVIII o que hoje
chamamos de “doente mental”, era tratado
brutalmente.
 PINEL: pacientes saíram dos calabouços e
foram para hospitais psiquiátricos.
 Psicopatologia como uma disciplina
organizada (200 anos + ou -).
 Nessa movimentação da psicopatologia
alguns diagnósticos foram inventados,
utilizados e “jogados no lixo”.
 Alguns diagnósticos do século XIX:
• EEUA – “railroad spine” ou “espinha
ferroviária”.
• “Dreptomania” – impulso para a fuga, que
era típico de um certo grupo de pessoas:
“os escravos”! Tratamento de “contenção”.
• “Homossexualidade” – deixou de ser
patologia em 1974, por pressão de
movimentos gays.
• “Transtorno de personalidade múltipla”: era
típico nos EEUA e “sumiu”.
• “Histeria”: sintoma da época de Freud.
Hoje já é diferente.
• “Depressão”: nos anos 50 acometia 2% da
população. Atualmente atingirá 1 a 4
pessoas ao longo do tempo.
• “Psicose maníaco-depressiva” =
“transtorno bipolar”.
 Até o final da 2ª Guerra Mundial a
psicopatologia era vista como uma
“dilaceração interna”, um “enigma a ser
decifrado”.
 Em 1952 com o advento da
psicofarmacologia algo mudou
radicalmente.
 Anos 60 e 70 – crise de legitimidade na
psiquiatria.
 David Rosenham (1929-2012)
Psicólogo americano que fez um experimento
com 12 pessoas.
 Grupo de psiquiatras resolveram “varrer” a
psicanálise e criaram um sistema que
usamos até hoje. Sistema que diz:
 sintomas são sinais;
 o sentido do sintoma não importa;
 os sintomas são agrupados num conjunto e
dão referência à um diagnóstico =
transtorno.
A pessoa que tem um diagnóstico, tem
doença mental?
 Ter transtorno não significa ter doença
mental.
 Transtorno se convencionou que certas
condutas, certas experiências são
estranhas, esquisitas, merecem ser
atendidas.
 Transtorno bipolar em crianças de
menos de 5 anos (em processo de
formação): influi no destino desse
sujeito, pessoal e social.
 Indústria farmacêutica; crise de
legitimidade dos diagnósticos; avanço
do conhecimento biológico; além disso,
o que faz com que a psicopatologia
tome os rumos que ela tomou?
• Devemos levar em conta o contexto em que
as categorias emergem.
• Achamos que somos autônomos.
“A tradição perde o valor e o discurso
científico passa a ter um valor que não tinha
antes, porque ele se pretende ser portador de
uma verdade que não pode ser discutida.
Todas as outras verdades são discutidas. O
discurso científico é imune à essas
discussões.
Na nossa cultura, a ideia que devemos
classificar cientificamente nossos
comportamentos tem vingado tanto. Por isso,
não exitamos em utilizar categorias médicas
para qualificar nossas situações existenciais”.
Benilton Bezerra Júnior
Café Filosófico(2013)
A questão não é uma guerra entre o discurso
psicanalítico e o discurso psiquiátrico.
“Trata-se de resgatar o “phatos” como paixão
e escutar o sujeito que trás uma voz única a
respeito do seu “phatos”, transformando
aquilo que causa sofrimento em experiência,
em conhecimento, ensinamento interno, a
razão – o “logos” – a respeito do “phatos”,
do “phatos”, da paixão, do sofrimento”.
O phatos em si, nada ensina, não conduzindo
senão à morte.
Para refletirmos:
Para refletirmos:
A normalidade estatística é um fato. Muitas
pessoas estão bem, mas algumas podem não
estar. Não ter sintomas não significa que não
esteja doente. Pode também ser excêntrico, ser
diferente e não, necessariamente, um doente.
O que está em jogo é a nossa visão do
humano. O que é normal ou patológico é
determinado pela cultura.
GRANDE QUESTÃO:
A pergunta da psicanálise não é:
- “Qual o seu sintoma?”mas,
- “Do que você sofre?”
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
- Sigmund Freud. Obras Completas. Conexões
Clínicas: Sobre a psicopatologia da vida
cotidiana(1901)
- Michel Foucault. Os anormais (1975)
_______________ .O poder psiquiátrico (2003)
- Christian Dunker. Mal-estar, sofrimento e
sintoma. (vídeo YouTube)
_________________. Relações entre
psicanálise e o DSM. (vídeo YouTube)
- Georges Canguilhem. O normal e o
patológico.
OBRIGADA!
fsg.edu.br
R. Treze de Maio, 1130
Bento Gonçalves - RS
95702-002
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Psicopatologia: Doença Mental ou Sofrimento Humano

  • 1. PSICOPATOLOGIA ii 2019/1 Prof.Liege Bertolini Fasolo Email: liege.fasolo@fsg.edu.br
  • 3. DSM- Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (Associação de Psiquiatria Americana) • DSM I – 1952 ( menos de 100 patologias e de inspiração freudiana) • DSM IV – 1994 ( 297 categorias de doenças mentais) • DSM V – 2013
  • 4. O QUE É PSICOPATOLOGIA?  Geralmente é entendida como um campo específico do conhecimento. PSICO PATHOS LOGOS Psíquico Sofrimento Estudo  Nesse sentido é uma área específica da psiquiatria, mas não somente.
  • 5. PHATOS – palavra grega que significa “paixão”, afecção, excesso, ser afetado por, afeto, sofrimento, empatia (“paixão” enquanto aquilo que movimenta, que afeta, que mobiliza profundamente o sujeito).  Olhar psicodinâmico: o que passa na interioridade do sujeito, que conflito ele tenta resolver com o sintoma (o que é sempre uma tentativa de resolução)
  • 6.  Freud – mesmo formado em sua base médica e nesse caldo de cultura do final do século XIX e início do século XX, onde já haviam as primeiras tentativas de classificação, ele começa suas pesquisas muito interessado nos problemas mentais, na doença mental, no sofrimento mental, nos estudos sobre Histeria.
  • 7.  Freud – vai se deparando com questões e fenômenos que dizem respeito a uma forma de sofrimento, que não é necessariamente um desvio, ou um excesso, mas um sofrimento que todos nós experimentamos ao lidarmos com as questões da sexualidade e do amor.  Construção do conceito de defesa. Que o sujeito se defende daquilo que tem a ver com o desejo inconsciente; que tem relação com a pulsão, com a sexualidade.
  • 8.  Freud – avançando nessa teorização, coloca em questão a fronteira entre doença e normalidade. Entre patológico e normal.  1901 – Psicopatologia da vida cotidiana. A partir destas formulações, deriva toda a questão psicanalítica em relação à clínica. Não abandona os diagnósticos. A psicanálise retira da psiquiatria os termos neurose, histeria, neurose obsessiva, psicose, fobia.
  • 9.  Psicopatologia diz respeito à vida cotidiana.  Psicopatologia não é uma atividade científica. É um exercício constante de demarcação: • sobre o que é a normalidade; • do que é a diferença (mas não patologia); • e do que é uma diferença patológica (que exige alguma tipo de intervenção)
  • 10. Psicopatologia é algo que todos nós participamos. Condutas consideradas patológicas(como se os sintomas fossem independentes da nossa vida) x avaliação subjetiva.  Buda já dizia há 1.500 anos atrás: “VIVER É SOFRER”.
  • 11.  Até o final do século XVIII o que hoje chamamos de “doente mental”, era tratado brutalmente.  PINEL: pacientes saíram dos calabouços e foram para hospitais psiquiátricos.  Psicopatologia como uma disciplina organizada (200 anos + ou -).  Nessa movimentação da psicopatologia alguns diagnósticos foram inventados, utilizados e “jogados no lixo”.
  • 12.  Alguns diagnósticos do século XIX: • EEUA – “railroad spine” ou “espinha ferroviária”. • “Dreptomania” – impulso para a fuga, que era típico de um certo grupo de pessoas: “os escravos”! Tratamento de “contenção”. • “Homossexualidade” – deixou de ser patologia em 1974, por pressão de movimentos gays.
  • 13. • “Transtorno de personalidade múltipla”: era típico nos EEUA e “sumiu”. • “Histeria”: sintoma da época de Freud. Hoje já é diferente. • “Depressão”: nos anos 50 acometia 2% da população. Atualmente atingirá 1 a 4 pessoas ao longo do tempo. • “Psicose maníaco-depressiva” = “transtorno bipolar”.
  • 14.  Até o final da 2ª Guerra Mundial a psicopatologia era vista como uma “dilaceração interna”, um “enigma a ser decifrado”.  Em 1952 com o advento da psicofarmacologia algo mudou radicalmente.  Anos 60 e 70 – crise de legitimidade na psiquiatria.
  • 15.  David Rosenham (1929-2012) Psicólogo americano que fez um experimento com 12 pessoas.  Grupo de psiquiatras resolveram “varrer” a psicanálise e criaram um sistema que usamos até hoje. Sistema que diz:  sintomas são sinais;  o sentido do sintoma não importa;  os sintomas são agrupados num conjunto e dão referência à um diagnóstico = transtorno.
  • 16. A pessoa que tem um diagnóstico, tem doença mental?
  • 17.  Ter transtorno não significa ter doença mental.  Transtorno se convencionou que certas condutas, certas experiências são estranhas, esquisitas, merecem ser atendidas.  Transtorno bipolar em crianças de menos de 5 anos (em processo de formação): influi no destino desse sujeito, pessoal e social.
  • 18.  Indústria farmacêutica; crise de legitimidade dos diagnósticos; avanço do conhecimento biológico; além disso, o que faz com que a psicopatologia tome os rumos que ela tomou?
  • 19. • Devemos levar em conta o contexto em que as categorias emergem. • Achamos que somos autônomos. “A tradição perde o valor e o discurso científico passa a ter um valor que não tinha antes, porque ele se pretende ser portador de uma verdade que não pode ser discutida. Todas as outras verdades são discutidas. O discurso científico é imune à essas discussões.
  • 20. Na nossa cultura, a ideia que devemos classificar cientificamente nossos comportamentos tem vingado tanto. Por isso, não exitamos em utilizar categorias médicas para qualificar nossas situações existenciais”. Benilton Bezerra Júnior Café Filosófico(2013)
  • 21. A questão não é uma guerra entre o discurso psicanalítico e o discurso psiquiátrico.
  • 22. “Trata-se de resgatar o “phatos” como paixão e escutar o sujeito que trás uma voz única a respeito do seu “phatos”, transformando aquilo que causa sofrimento em experiência, em conhecimento, ensinamento interno, a razão – o “logos” – a respeito do “phatos”, do “phatos”, da paixão, do sofrimento”. O phatos em si, nada ensina, não conduzindo senão à morte.
  • 23. Para refletirmos: Para refletirmos: A normalidade estatística é um fato. Muitas pessoas estão bem, mas algumas podem não estar. Não ter sintomas não significa que não esteja doente. Pode também ser excêntrico, ser diferente e não, necessariamente, um doente.
  • 24. O que está em jogo é a nossa visão do humano. O que é normal ou patológico é determinado pela cultura.
  • 25. GRANDE QUESTÃO: A pergunta da psicanálise não é: - “Qual o seu sintoma?”mas, - “Do que você sofre?”
  • 26. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA: - Sigmund Freud. Obras Completas. Conexões Clínicas: Sobre a psicopatologia da vida cotidiana(1901) - Michel Foucault. Os anormais (1975) _______________ .O poder psiquiátrico (2003) - Christian Dunker. Mal-estar, sofrimento e sintoma. (vídeo YouTube) _________________. Relações entre psicanálise e o DSM. (vídeo YouTube) - Georges Canguilhem. O normal e o patológico.
  • 28. fsg.edu.br R. Treze de Maio, 1130 Bento Gonçalves - RS 95702-002 (54) 3055.4135