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MATERNIDADE COMPULSÓRIA E ARREPENDIMENTO MATERNO:
UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA FEMINISTA
Rafael Audibert
Ilciane Maria Sganzerla Breitenbach
05.07.2023
Área do Conhecimento de Humanidades
Curso de Psicologia
Trabalho de Conclusão de Curso II
Introdução
Ψ O interesse nesse estudo foi sendo construído ao longo de uma carreira de doze
anos ouvindo relatos de mães sobre suas vivências, dificuldades, sofrimentos,
silêncios, arrependimentos, ambivalências emocionais, sensação de impotência e
não suficiência.
Ψ As falam remetem à sensação de não terem sido informadas sobre a realidade do
ser mãe, sobre a ausência de rede de apoio, sobre o desamparo vivido, sobre a
obrigação de saber o que é melhor para o seu filho, e sobre o mito de que as mães
devem possuir um saber intrínseco sobre a maternidade de forma instintual.
Ψ A maternidade resulta, na maioria das vezes, em injustiça doméstica,
representando um maior custo social e cultural para as mulheres, com efeitos na
saúde física e mental (O’Reilly, 2016a).
Problema de Pesquisa
Ψ Quais as possíveis relações entre a maternidade compulsória e o
arrependimento materno na perspectiva da Psicologia Feminista?
Objetivo Geral
Ψ Compreender as possíveis relações entre maternidade compulsória e o
arrependimento materno na perspectiva da Psicologia Feminista.
Objetivos Específicos
ᴪ Descrever panorama sócio-histórico e cultural sobre a maternidade.
ᴪ Conceituar a maternidade compulsória na perspectiva da Psicologia
Feminista.
ᴪ Caracterizar o conceito de arrependimento materno no viés da
Psicologia Feminista.
REVISÃO DE LITERATURA
Ψ Maternidade como instinto (Badinter, 1985).
Ψ Discurso biomédico.
Ψ Discurso político.
Ψ Discurso sociocultural.
Ψ Discurso religioso:
Ψ 4 áreas são predominantemente dominadas por homens.
Panorama sócio-histórico e cultural sobre a maternidade.
Ψ A maternidade é composta de diversas renúncias dentro de uma sociedade que só
concebe a mulher como um ser completo quando esta se torna mãe (Badinter,
2011; Beauvoir, 1980).
Ψ Só se pode genuinamente consentir com a maternidade quando suas vidas forem
dotadas de sentido, e para tal, as mulheres precisam poder livremente ocupar
espaços e papéis na vida econômica, política, social (Moreira, 2016).
Ψ A sustentação da ideia de que a vida dos filhos deve ser perfeita e saudável está
associada ao alto preço que a sociedade patriarcal cobra das mães, em um sistema
de vida dos filhos às custas das vidas maternas (Donath, 2015; O’Reilly, 2021).
Maternidade Compulsória
Ψ Os estudos sobre arrependimento materno abrem espaço para um movimento que
questiona, resiste e propõe reforma à instituição maternidade (Donath, 2017;
O’Reilly, 2021).
Ψ Falar em arrependimento materno permite que as mães sejam percebidas como
pessoas independentes dos seus filhos, que mães existem a parte e além dos filhos,
e não apenas dentro da simbiose que se espera inicialmente (Donath, 2015).
Arrependimento Materno
Ψ Em defesa da maternidade compulsória, a sociedade determina que a não
maternidade é ausência e falta de sentido (O’Reilly, 2021).
Ψ A Psicologia Feminista pode atuar auxiliando as mulheres que se tornam mães a
reconhecerem-se como sujeitos complexos e completos, e facilitando estas a se
apropriarem de seus corpos, pensamentos, emoções, imaginação e memórias
(Donath, 2017).
Ψ A Psicologia Feminista pode ser suporte para o empoderamento de mulheres e
mães, além de instrumentalizar estas para uma vivência mais saudável do
feminino, da maternidade e da maternagem, sendo ferramenta de transformação
social e política (Lemes, 2021; O’Reilly, 2021).
Relações com a Psicologia Feminista
MÉTODO
Delineamento
Ψ A revisão de literatura foi guiada por uma abordagem qualitativo-descritiva.
.
Fontes
Ψ Banco de Dados CAPES / Período 2017 a 2022.
Ψ Descritores: maternidade x arrependimento; motherhood x regretting;
maternidade x psicologia feminista; motherhood x feminist psychology;
maternidade x psicologia x feminismo.
Ψ Critérios de inclusão: artigos com estudos empíricos e bibliográficos.
Ψ Critérios de exclusão: artigos incompletos, artigos duplicados, capítulos de
livros, artigos fora do escopo da pesquisa, impossibilidade de acesso, e fontes
não científicas.
.
Instrumentos
Ψ Para a organização e delimitação das principais informações dos dados
buscados, foram elaboradas fichas de leituras, sendo colocados os principais
itens dos artigos encontrados.
Procedimentos
Ψ Levantamento de dados, através da busca de artigos com os descritores
escolhidos.
Ψ Pré-análise, objetivando a leitura e a seleção dos artigos levantados, de forma
a identificar o tema, os objetivos e avaliar se atendem os critérios de inclusão
definidos.
Ψ Os artigos incluídos foram submetidos à uma leitura aprofundada, com foco
na maior apreensão do conteúdo e construção de fichas de leitura.
Ψ Análise dos dados encontrados, com a descrição, interpretação e relação com
a fundamentação teórica (Bardin, 1977/2016; Câmara, 2013).
Referencial de Análise
Ψ Os resultados encontrados foram submetidos à análise de conteúdo de Bardin,
que é constituído por três fases: a pré-análise; a exploração do material; e o
tratamento dos resultados, através da inferência e da interpretação (Bardin,
1977/2016).
Análise e Discussão dos Resultados
Ψ A pesquisa resultou em 158 artigos encontrados, e 145 foram descartados
pelos critérios de exclusão.
Ψ 13 artigos analisados.
Ψ Foram estabelecidas as seguintes categorias de análise:
1 Imperativos sociais, históricos e culturais sobre a
maternidade
Ψ A maternidade como instituição pode ser compreendida como um aparato
patriarcal, colonial, capitalista e racista de controle e reclusão das mulheres.
Ψ A percepção da mulher como mãe em potencial foi historicamente associada a
suposições sobre estas, como tendência ao sacrifício, ao cuidado, ao trabalho
doméstico não remunerado, e a uma particular sensibilidade e disponibilidade
para atender as necessidades das outras pessoas.
Ψ Diferenças do estímulo à maternidade conforme classe social.
Ψ A maternidade patriarcal está baseada na divisão do trabalho, atribuindo mais
funções para a mulher do que para o homem.
1 Imperativos sociais, históricos e culturais sobre a
maternidade
Ψ Para as mulheres, a questão reprodutiva surge como um determinante
imposto, enquanto para os homens, se mostra apenas como uma possibilidade.
Ψ Colapso da identidade mulher – mãe.
Ψ Um artigo apontou que 85,1% das mulheres se sentem pressionadas à serem
mães: 80,1% família / 65,2% sociedade / 27,3% religião.
Ψ A maternidade está se tornando cada vez mais um “terreno” contestado, onde
as práticas se chocam com os discursos de gênero da atualidade.
Ψ Em sociedades mais desenvolvidas, indivíduos gradualmente atribuem maior
importância para as questões como qualidade de vida, autonomia e liberdade
de expressão, resultando em questionamento das tradições.
2 Mecanismos de manutenção da maternidade
patriarcal : Mãe boa x Mãe má
Ψ Corpos femininos são entendidos como geradores em potencial, independente
de desejarem ou não a maternidade.
Ψ A sociedade patriarcal coloca as mulheres como corpos incapazes de se
autodeterminarem, ao serem obrigadas à gestação, através da perda de direitos
sobre seus corpos após a concepção.
Ψ Características esperadas de uma ‘Mãe boa”.
Ψ A sociedade patriarcal espera que uma mãe tenha instinto materno ao invés de
inteligência, um estado de completa doação ao invés de busca por
autorrealização, e a negação de suas necessidades em prol das necessidades
dos filhos e marido.
2 Mecanismos de manutenção da maternidade
patriarcal : Mãe boa x Mãe má
Ψ Um elemento percebido como central para determinar uma “boa mãe”, é esta
avaliar a maternidade como algo muito valioso e imensamente gratificante.
Ψ Na família patriarcal, sem o trabalho doméstico desempenhado e exercido
majoritariamente pelas mulheres, os homens não ascenderiam socialmente ao
mesmo patamar.
Ψ As bases da psicanálise como reforçador da maternidade patriarcal.
Ψ Ao conectar o desenvolvimento infantil ao desempenho materno, aumenta-se
a sobrecarga das mulheres.
Ψ As mulheres que não se percebem como mães suficientemente boas podem
sucumbir a sentimentos de culpa e vergonha, expressando a frustração por
acreditarem que não são capazes de atender a todas as demandas da
maternidade.
3 Feminismo e Maternidade Compulsória
Ψ Suposta ideia de liberdade de escolha / Negação da subjetivação da mulher.
Ψ Mecanismo de culpabilização das mães, ao serem posicionadas como
responsáveis pela sobrevivência da humanidade.
Ψ As próprias mulheres se tornaram defensoras do patriarcado que tanto as
oprime, resultando em disputas entre as performances maternas nas interações
sociais, seja em redes sociais ou entre amigos.
Ψ As mães manifestaram o sentimento de que a decisão sobre ter filhos foi
tomada sem o controle total delas, seja por imaturidade ou por pressão social.
Ψ Há na sociedade patriarcal a ausência de destinos possíveis para as mulheres
que não o da maternidade (Gonzaga & Mayorga, 2019).
4 Arrependimento Materno
Ψ “Entre todos os mitos que o patriarcado criou sobre as mulheres, não seria a
maternidade aquele em que mais efetivamente acreditamos, vivenciamos, defendemos
e reproduzimos?” (Gonzaga & Mayorga, 2019, p.60)
Ψ Ao levantar declarações de mães que se arrependem da maternidade, surgem relatos
sobre perda de identidade após tornarem-se mães, perda de controle sobre as próprias
vidas, e uma constante sensação de que a identidade e a vida anterior foram perdidas e
nunca mais serão recuperadas.
Ψ Arrepender-se da maternidade continua sendo um grande tabu nas sociedades
ocidentais, países onde a ideologia da maternidade como a grande realização da vida
de uma mulher permanece fortemente imperativo.
Ψ Ao expressar o arrependimento materno, a mulher acaba por transgredir a dominância
patriarcal sobre a geração e a criação dos filhos serem uma função biológica, natural e
essencial à vida das mulheres.
4 Arrependimento Materno
Ψ Ao expressar o arrependimento materno, a mulher acaba por transgredir a dominância
patriarcal sobre a geração e a criação dos filhos serem uma função biológica, natural e
essencial à vida das mulheres.
Ψ Há um intenso sofrimento das mulheres ao confrontarem a imagem da mãe patriarcal
idealizada com a mãe que conseguiram ser.
Ψ Amo meu filho, mas odeio a maternidade.
Ψ Principais razões para o arrependimento: Expectativas sociais excessivas;
Esgotamento; Falta de apoio e suporte do cônjuge; Objetificação; Dificuldades em
conciliar a vida profissional com as funções maternas; Anseio pelo seu eu anterior a
maternidade, pela sua vida pregressa; Dificuldade de relacionamento com os filhos por
conflito entre o filho idealizado e o filho real.
Ψ As mães podem projetar nos filhos uma culpa pelo distanciamento de si e da vida
anterior, pela qual não consegue mais transitar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ψ Por quais motivos as mulheres são socialmente obrigadas a serem mães, se a sociedade é tão
hostil com elas e com seus filhos? (Donath, 2017).
Ψ “...a maioria das mulheres permanece em silêncio por causa do medo e da condenação
social, por medo dos olhares de desprezo. Presas em algum lugar entre o que elas sentem e o
que se espera que sintam, tornam-se cada vez mais infelizes...”(Garncarek, 2020, p.89).
Ψ Mostra-se necessário entender que não existe apenas uma única forma de maternidade, e
este trabalho abarca apenas algumas destas.
Ψ Ao sustentar um modelo de maternidade patriarcal e único, acaba-se por excluir as
pluralidades possíveis: as maternidades.
Ψ Feminismo acadêmico é eurocêntrico: maternidade negra.
Ψ A maternidade deve ser defendida como uma das muitas escolhas que as mulheres
contemporâneas podem fazer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ψ Da mesma forma que se pode questionar a sexualidade das pessoas ante a presumir pela
heteronormatividade, com as mulheres é necessário construir formas respeitosas de
questionamento sobre o desejo ou o não desejo sobre a maternidade.
Ψ Recomenda-se construir possíveis abordagens sobre o agrado ou não com a maternidade,
bem como formas e ferramentas de rastreamento de possíveis indicadores de
arrependimento, de forma a acolher a experiência subjetiva daquele sujeito enquanto mãe,
ante a presumir pela maternidade patriarcal e heteronormativa, da mãe feliz, plena e
realizada.
Ψ As limitações apresentadas nos artigos analisados foram a ausência de estudos empíricos
com entrevistas direcionadas aos temas da maternidade compulsória e do arrependimento
materno, bem como que utilizassem formulários com perguntas específicas sobre estes
temas.
Ψ Sugere-se que, no contexto brasileiro, sejam feitos estudos com as próprias mães de forma a
fazer um entendimento sobre a temática dentro da população e da realidade brasileira, bem
como levantamento de dados estatísticos envoltos à questão.
Referencias
Badinter, E. (1985). Um amor conquistado: o mito do amor materno (1ª. ed., W. Dutra, Trad.). Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira. (Trabalho original publicado em 1980)
Badinter, E. (2011). O conflito: a mulher e a mãe (2ª. ed., V. L. dos Reis, Trad.). Rio de Janeiro: Editora Record.
(Trabalho original publicado em 2006)
Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo (70ª. ed., L. A. Reto, A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Editora Almedina
Brasil. (Trabalho original publicado em 1977)
Beauvoir, S. (1980). O Segundo Sexo: Fatos e Mitos (4ª. ed., S. Milliet, Trad.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
(Trabalho original publicado em 1949)
Câmara, R. (2013). Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas a organizações. Revista
Interinstitucional de Psicologia, 6(2), 179-191. Acesso em 04 de dezembro de 2022 de
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v6n2/v6n2a03.pdf
Donath, O. (2015). Regretting Motherhood: A Sociopolitical Analysis. Journal of Women in Culture and Society,
40(2), 343–367. DOI: https://doi.org/10.1086/678145
Donath, O. (2017). Mães arrependidas: uma outra visão da maternidade (1ª. ed., M. Vargas, Trad.). Rio de Janeiro:
Editora José Olympio. (Trabalho original publicado em 2016)
Garncarek, E. (2020). “Living with Illegal Feelings”—Analysis of the Internet Discourse on Negative Emotions
towards Children and Motherhood. Qualitative Sociology Review : QSR, 16(1), 78-93. DOI:
https://doi.org/10.18778/1733-8077.16.1.06
Gonzaga, P. R. B., & Mayorga, C. (2019). Violências e Instituição Maternidade: Uma Reflexão Feminista
Decolonial. Psicologia: Ciência E Profissão, 39, 59-73. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003225712
Referencias
Lemes, L. B. (2021). Feminismo matricêntrico: um debate da história do tempo presente a fim de contribuir à
história das mulheres e aos estudos de gênero [Versão Eletrônica]. In Universidade do Estado de Santa Catarina
(Eds.). Relações de gênero, famílias e infâncias sob o enfoque da História do Tempo Presente, IV Seminário
Internacional História do Tempo Presente. Florianópolis: UDESC. Acesso em 15 de novembro de 2022 de
http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/IVSIHTP/paper/view/1017
Moreira, L. D. A. (2016). Direito e gênero: a contribuição feminista para a formação política das mulheres no
processo de (re) democratização brasileiro. Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas, 5(01), 1-39.
Neves, S., & Nogueira, C. (2003). A psicologia feminista e a violência contra as mulheres na intimidade: a (re)
construção dos espaços terapêuticos. Psicologia & Sociedade, 15 (2), 43-64.
O’Reilly, A. (2016). Matricentric Feminism: Theory, Activism, and Practice. Bradford, Ontario, Canada: Demeter
Press.
O'Reilly, A. (2021). “Passando dos limites”: O arrependimento materno remodelando a maternidade normativa. In
Universidade Federal de Santa Catarina (Eds.) Seminário Internacional Fazendo Gênero 12. Florianópolis.
Acesso em 30 de outubro de 2022 de
https://www.fg2021.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/fg2020/1613589370_ARQUIVO_5f55adc182e9904
92201e92f25b69411.pdf
MATERNIDADE COMPULSÓRIA
E
ARREPENDIMENTO MATERNO:
UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA FEMINISTA
Rafael Audibert
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Maternidade Compulsória e Arrependimento Materno, Uma perspectiva da Psicologia Feminista

  • 1. MATERNIDADE COMPULSÓRIA E ARREPENDIMENTO MATERNO: UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA FEMINISTA Rafael Audibert Ilciane Maria Sganzerla Breitenbach 05.07.2023 Área do Conhecimento de Humanidades Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso II
  • 2. Introdução Ψ O interesse nesse estudo foi sendo construído ao longo de uma carreira de doze anos ouvindo relatos de mães sobre suas vivências, dificuldades, sofrimentos, silêncios, arrependimentos, ambivalências emocionais, sensação de impotência e não suficiência. Ψ As falam remetem à sensação de não terem sido informadas sobre a realidade do ser mãe, sobre a ausência de rede de apoio, sobre o desamparo vivido, sobre a obrigação de saber o que é melhor para o seu filho, e sobre o mito de que as mães devem possuir um saber intrínseco sobre a maternidade de forma instintual. Ψ A maternidade resulta, na maioria das vezes, em injustiça doméstica, representando um maior custo social e cultural para as mulheres, com efeitos na saúde física e mental (O’Reilly, 2016a).
  • 3. Problema de Pesquisa Ψ Quais as possíveis relações entre a maternidade compulsória e o arrependimento materno na perspectiva da Psicologia Feminista?
  • 4. Objetivo Geral Ψ Compreender as possíveis relações entre maternidade compulsória e o arrependimento materno na perspectiva da Psicologia Feminista.
  • 5. Objetivos Específicos ᴪ Descrever panorama sócio-histórico e cultural sobre a maternidade. ᴪ Conceituar a maternidade compulsória na perspectiva da Psicologia Feminista. ᴪ Caracterizar o conceito de arrependimento materno no viés da Psicologia Feminista.
  • 7. Ψ Maternidade como instinto (Badinter, 1985). Ψ Discurso biomédico. Ψ Discurso político. Ψ Discurso sociocultural. Ψ Discurso religioso: Ψ 4 áreas são predominantemente dominadas por homens. Panorama sócio-histórico e cultural sobre a maternidade.
  • 8. Ψ A maternidade é composta de diversas renúncias dentro de uma sociedade que só concebe a mulher como um ser completo quando esta se torna mãe (Badinter, 2011; Beauvoir, 1980). Ψ Só se pode genuinamente consentir com a maternidade quando suas vidas forem dotadas de sentido, e para tal, as mulheres precisam poder livremente ocupar espaços e papéis na vida econômica, política, social (Moreira, 2016). Ψ A sustentação da ideia de que a vida dos filhos deve ser perfeita e saudável está associada ao alto preço que a sociedade patriarcal cobra das mães, em um sistema de vida dos filhos às custas das vidas maternas (Donath, 2015; O’Reilly, 2021). Maternidade Compulsória
  • 9. Ψ Os estudos sobre arrependimento materno abrem espaço para um movimento que questiona, resiste e propõe reforma à instituição maternidade (Donath, 2017; O’Reilly, 2021). Ψ Falar em arrependimento materno permite que as mães sejam percebidas como pessoas independentes dos seus filhos, que mães existem a parte e além dos filhos, e não apenas dentro da simbiose que se espera inicialmente (Donath, 2015). Arrependimento Materno
  • 10. Ψ Em defesa da maternidade compulsória, a sociedade determina que a não maternidade é ausência e falta de sentido (O’Reilly, 2021). Ψ A Psicologia Feminista pode atuar auxiliando as mulheres que se tornam mães a reconhecerem-se como sujeitos complexos e completos, e facilitando estas a se apropriarem de seus corpos, pensamentos, emoções, imaginação e memórias (Donath, 2017). Ψ A Psicologia Feminista pode ser suporte para o empoderamento de mulheres e mães, além de instrumentalizar estas para uma vivência mais saudável do feminino, da maternidade e da maternagem, sendo ferramenta de transformação social e política (Lemes, 2021; O’Reilly, 2021). Relações com a Psicologia Feminista
  • 12. Delineamento Ψ A revisão de literatura foi guiada por uma abordagem qualitativo-descritiva. .
  • 13. Fontes Ψ Banco de Dados CAPES / Período 2017 a 2022. Ψ Descritores: maternidade x arrependimento; motherhood x regretting; maternidade x psicologia feminista; motherhood x feminist psychology; maternidade x psicologia x feminismo. Ψ Critérios de inclusão: artigos com estudos empíricos e bibliográficos. Ψ Critérios de exclusão: artigos incompletos, artigos duplicados, capítulos de livros, artigos fora do escopo da pesquisa, impossibilidade de acesso, e fontes não científicas. .
  • 14. Instrumentos Ψ Para a organização e delimitação das principais informações dos dados buscados, foram elaboradas fichas de leituras, sendo colocados os principais itens dos artigos encontrados.
  • 15. Procedimentos Ψ Levantamento de dados, através da busca de artigos com os descritores escolhidos. Ψ Pré-análise, objetivando a leitura e a seleção dos artigos levantados, de forma a identificar o tema, os objetivos e avaliar se atendem os critérios de inclusão definidos. Ψ Os artigos incluídos foram submetidos à uma leitura aprofundada, com foco na maior apreensão do conteúdo e construção de fichas de leitura. Ψ Análise dos dados encontrados, com a descrição, interpretação e relação com a fundamentação teórica (Bardin, 1977/2016; Câmara, 2013).
  • 16. Referencial de Análise Ψ Os resultados encontrados foram submetidos à análise de conteúdo de Bardin, que é constituído por três fases: a pré-análise; a exploração do material; e o tratamento dos resultados, através da inferência e da interpretação (Bardin, 1977/2016).
  • 17. Análise e Discussão dos Resultados Ψ A pesquisa resultou em 158 artigos encontrados, e 145 foram descartados pelos critérios de exclusão. Ψ 13 artigos analisados. Ψ Foram estabelecidas as seguintes categorias de análise:
  • 18. 1 Imperativos sociais, históricos e culturais sobre a maternidade Ψ A maternidade como instituição pode ser compreendida como um aparato patriarcal, colonial, capitalista e racista de controle e reclusão das mulheres. Ψ A percepção da mulher como mãe em potencial foi historicamente associada a suposições sobre estas, como tendência ao sacrifício, ao cuidado, ao trabalho doméstico não remunerado, e a uma particular sensibilidade e disponibilidade para atender as necessidades das outras pessoas. Ψ Diferenças do estímulo à maternidade conforme classe social. Ψ A maternidade patriarcal está baseada na divisão do trabalho, atribuindo mais funções para a mulher do que para o homem.
  • 19. 1 Imperativos sociais, históricos e culturais sobre a maternidade Ψ Para as mulheres, a questão reprodutiva surge como um determinante imposto, enquanto para os homens, se mostra apenas como uma possibilidade. Ψ Colapso da identidade mulher – mãe. Ψ Um artigo apontou que 85,1% das mulheres se sentem pressionadas à serem mães: 80,1% família / 65,2% sociedade / 27,3% religião. Ψ A maternidade está se tornando cada vez mais um “terreno” contestado, onde as práticas se chocam com os discursos de gênero da atualidade. Ψ Em sociedades mais desenvolvidas, indivíduos gradualmente atribuem maior importância para as questões como qualidade de vida, autonomia e liberdade de expressão, resultando em questionamento das tradições.
  • 20. 2 Mecanismos de manutenção da maternidade patriarcal : Mãe boa x Mãe má Ψ Corpos femininos são entendidos como geradores em potencial, independente de desejarem ou não a maternidade. Ψ A sociedade patriarcal coloca as mulheres como corpos incapazes de se autodeterminarem, ao serem obrigadas à gestação, através da perda de direitos sobre seus corpos após a concepção. Ψ Características esperadas de uma ‘Mãe boa”. Ψ A sociedade patriarcal espera que uma mãe tenha instinto materno ao invés de inteligência, um estado de completa doação ao invés de busca por autorrealização, e a negação de suas necessidades em prol das necessidades dos filhos e marido.
  • 21. 2 Mecanismos de manutenção da maternidade patriarcal : Mãe boa x Mãe má Ψ Um elemento percebido como central para determinar uma “boa mãe”, é esta avaliar a maternidade como algo muito valioso e imensamente gratificante. Ψ Na família patriarcal, sem o trabalho doméstico desempenhado e exercido majoritariamente pelas mulheres, os homens não ascenderiam socialmente ao mesmo patamar. Ψ As bases da psicanálise como reforçador da maternidade patriarcal. Ψ Ao conectar o desenvolvimento infantil ao desempenho materno, aumenta-se a sobrecarga das mulheres. Ψ As mulheres que não se percebem como mães suficientemente boas podem sucumbir a sentimentos de culpa e vergonha, expressando a frustração por acreditarem que não são capazes de atender a todas as demandas da maternidade.
  • 22. 3 Feminismo e Maternidade Compulsória Ψ Suposta ideia de liberdade de escolha / Negação da subjetivação da mulher. Ψ Mecanismo de culpabilização das mães, ao serem posicionadas como responsáveis pela sobrevivência da humanidade. Ψ As próprias mulheres se tornaram defensoras do patriarcado que tanto as oprime, resultando em disputas entre as performances maternas nas interações sociais, seja em redes sociais ou entre amigos. Ψ As mães manifestaram o sentimento de que a decisão sobre ter filhos foi tomada sem o controle total delas, seja por imaturidade ou por pressão social. Ψ Há na sociedade patriarcal a ausência de destinos possíveis para as mulheres que não o da maternidade (Gonzaga & Mayorga, 2019).
  • 23. 4 Arrependimento Materno Ψ “Entre todos os mitos que o patriarcado criou sobre as mulheres, não seria a maternidade aquele em que mais efetivamente acreditamos, vivenciamos, defendemos e reproduzimos?” (Gonzaga & Mayorga, 2019, p.60) Ψ Ao levantar declarações de mães que se arrependem da maternidade, surgem relatos sobre perda de identidade após tornarem-se mães, perda de controle sobre as próprias vidas, e uma constante sensação de que a identidade e a vida anterior foram perdidas e nunca mais serão recuperadas. Ψ Arrepender-se da maternidade continua sendo um grande tabu nas sociedades ocidentais, países onde a ideologia da maternidade como a grande realização da vida de uma mulher permanece fortemente imperativo. Ψ Ao expressar o arrependimento materno, a mulher acaba por transgredir a dominância patriarcal sobre a geração e a criação dos filhos serem uma função biológica, natural e essencial à vida das mulheres.
  • 24. 4 Arrependimento Materno Ψ Ao expressar o arrependimento materno, a mulher acaba por transgredir a dominância patriarcal sobre a geração e a criação dos filhos serem uma função biológica, natural e essencial à vida das mulheres. Ψ Há um intenso sofrimento das mulheres ao confrontarem a imagem da mãe patriarcal idealizada com a mãe que conseguiram ser. Ψ Amo meu filho, mas odeio a maternidade. Ψ Principais razões para o arrependimento: Expectativas sociais excessivas; Esgotamento; Falta de apoio e suporte do cônjuge; Objetificação; Dificuldades em conciliar a vida profissional com as funções maternas; Anseio pelo seu eu anterior a maternidade, pela sua vida pregressa; Dificuldade de relacionamento com os filhos por conflito entre o filho idealizado e o filho real. Ψ As mães podem projetar nos filhos uma culpa pelo distanciamento de si e da vida anterior, pela qual não consegue mais transitar.
  • 25. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ψ Por quais motivos as mulheres são socialmente obrigadas a serem mães, se a sociedade é tão hostil com elas e com seus filhos? (Donath, 2017). Ψ “...a maioria das mulheres permanece em silêncio por causa do medo e da condenação social, por medo dos olhares de desprezo. Presas em algum lugar entre o que elas sentem e o que se espera que sintam, tornam-se cada vez mais infelizes...”(Garncarek, 2020, p.89). Ψ Mostra-se necessário entender que não existe apenas uma única forma de maternidade, e este trabalho abarca apenas algumas destas. Ψ Ao sustentar um modelo de maternidade patriarcal e único, acaba-se por excluir as pluralidades possíveis: as maternidades. Ψ Feminismo acadêmico é eurocêntrico: maternidade negra. Ψ A maternidade deve ser defendida como uma das muitas escolhas que as mulheres contemporâneas podem fazer.
  • 26. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ψ Da mesma forma que se pode questionar a sexualidade das pessoas ante a presumir pela heteronormatividade, com as mulheres é necessário construir formas respeitosas de questionamento sobre o desejo ou o não desejo sobre a maternidade. Ψ Recomenda-se construir possíveis abordagens sobre o agrado ou não com a maternidade, bem como formas e ferramentas de rastreamento de possíveis indicadores de arrependimento, de forma a acolher a experiência subjetiva daquele sujeito enquanto mãe, ante a presumir pela maternidade patriarcal e heteronormativa, da mãe feliz, plena e realizada. Ψ As limitações apresentadas nos artigos analisados foram a ausência de estudos empíricos com entrevistas direcionadas aos temas da maternidade compulsória e do arrependimento materno, bem como que utilizassem formulários com perguntas específicas sobre estes temas. Ψ Sugere-se que, no contexto brasileiro, sejam feitos estudos com as próprias mães de forma a fazer um entendimento sobre a temática dentro da população e da realidade brasileira, bem como levantamento de dados estatísticos envoltos à questão.
  • 27. Referencias Badinter, E. (1985). Um amor conquistado: o mito do amor materno (1ª. ed., W. Dutra, Trad.). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. (Trabalho original publicado em 1980) Badinter, E. (2011). O conflito: a mulher e a mãe (2ª. ed., V. L. dos Reis, Trad.). Rio de Janeiro: Editora Record. (Trabalho original publicado em 2006) Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo (70ª. ed., L. A. Reto, A. Pinheiro, Trad.). São Paulo: Editora Almedina Brasil. (Trabalho original publicado em 1977) Beauvoir, S. (1980). O Segundo Sexo: Fatos e Mitos (4ª. ed., S. Milliet, Trad.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira. (Trabalho original publicado em 1949) Câmara, R. (2013). Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas a organizações. Revista Interinstitucional de Psicologia, 6(2), 179-191. Acesso em 04 de dezembro de 2022 de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v6n2/v6n2a03.pdf Donath, O. (2015). Regretting Motherhood: A Sociopolitical Analysis. Journal of Women in Culture and Society, 40(2), 343–367. DOI: https://doi.org/10.1086/678145 Donath, O. (2017). Mães arrependidas: uma outra visão da maternidade (1ª. ed., M. Vargas, Trad.). Rio de Janeiro: Editora José Olympio. (Trabalho original publicado em 2016) Garncarek, E. (2020). “Living with Illegal Feelings”—Analysis of the Internet Discourse on Negative Emotions towards Children and Motherhood. Qualitative Sociology Review : QSR, 16(1), 78-93. DOI: https://doi.org/10.18778/1733-8077.16.1.06 Gonzaga, P. R. B., & Mayorga, C. (2019). Violências e Instituição Maternidade: Uma Reflexão Feminista Decolonial. Psicologia: Ciência E Profissão, 39, 59-73. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003225712
  • 28. Referencias Lemes, L. B. (2021). Feminismo matricêntrico: um debate da história do tempo presente a fim de contribuir à história das mulheres e aos estudos de gênero [Versão Eletrônica]. In Universidade do Estado de Santa Catarina (Eds.). Relações de gênero, famílias e infâncias sob o enfoque da História do Tempo Presente, IV Seminário Internacional História do Tempo Presente. Florianópolis: UDESC. Acesso em 15 de novembro de 2022 de http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/IVSIHTP/paper/view/1017 Moreira, L. D. A. (2016). Direito e gênero: a contribuição feminista para a formação política das mulheres no processo de (re) democratização brasileiro. Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito Centro de Ciências Jurídicas, 5(01), 1-39. Neves, S., & Nogueira, C. (2003). A psicologia feminista e a violência contra as mulheres na intimidade: a (re) construção dos espaços terapêuticos. Psicologia & Sociedade, 15 (2), 43-64. O’Reilly, A. (2016). Matricentric Feminism: Theory, Activism, and Practice. Bradford, Ontario, Canada: Demeter Press. O'Reilly, A. (2021). “Passando dos limites”: O arrependimento materno remodelando a maternidade normativa. In Universidade Federal de Santa Catarina (Eds.) Seminário Internacional Fazendo Gênero 12. Florianópolis. Acesso em 30 de outubro de 2022 de https://www.fg2021.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/fg2020/1613589370_ARQUIVO_5f55adc182e9904 92201e92f25b69411.pdf
  • 29. MATERNIDADE COMPULSÓRIA E ARREPENDIMENTO MATERNO: UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA FEMINISTA Rafael Audibert MUITO OBRIGADO!