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PROBLEMA DA NATUREZA DO EU
Que sou eu?
 Que sou eu?
 Quais são as propriedades que me tornam um certo
indivíduo e me distinguem de qualquer outra coisa no
mundo?
 Trata-se de propriedades físicas ou também de
características mentais?
 Qual é a natureza das pessoas humanas?
TESES
 - as pessoas são corpos, entidades físicas com status metafísico e modos de
persistência idênticos àqueles dos entes materiais;
 - as pessoas são essencialmente substâncias imateriais simples: almas, espíritos;
 - as pessoas são animais humanos do gênero homo sapiens;
 - as pessoas são modos de substâncias simples, cuja natureza funcional é
indiferente ao substrato que as realiza;
 - as pessoas são ilusões que se originam a partir de feixes de percepções;
 - as pessoas são entidades primitivas, indefiníveis em termos de propriedades
mentais ou físicas, enquanto a atribuição destas últimas pressupõe a existência
de pessoas;
 - são entidades metafísicas constituídas a partir de um substrato físico, mas que
não se identificam com ele porque têm diversas condições de persistência;
 - são construtos sociais, cuja existência depende de convenções, por sua vez
estipuladas pelas várias comunidades humanas;
 - a questão não tem uma resposta clara, dado que ao conceito ordinário de
pessoa não correspondem critérios definidos de identidade.
AS ORIGENS DO DEBATE
 LOCKE, Ensaio sobre o entendimento humano (1690)
 Fluxo de pensamento; estados mentais, memória que
cria a i.p.
 Ser o mesmo homem depende da continuidade da
consciência / memória.
 Experimento mental do príncipe e do sapateiro.
 Hume, Tratado sobre a natureza humana (1739-1740)
 Não existe um eu unitário e perdurante: i.p. é o fruto
ilusório de uma atividade mental que consiste no fluxo
contínuo de feixes ou coleções de percepções. (Russell,
Wittgenstein, Dennett).
PROBLEMA DA IDENTIDADE
PESSOAL
Quem sou eu?
PREMISSA: o conhecimento de nós mesmos em
primeira pessoa – experiência de unidade e de
continuidade do eu – parece algo que não pode ser
desmentido por terceiros.
CRÍTICA À PRÓPRIA PREMISSA
 UM CORPO, NENHUMA PESSOA.
 UM CORPO, DIVERSAS PESSOAS.
 UMA PESSOA, DOIS CORPOS.
 O QUE CONTA É A CONSISTÊNCIA E A ESTABILIDADE ENTRE OS
ESTADOS MENTAIS.
 Não há mais um eu unitário mas uma “sociedade da mente” (Minsky) composta
por múltiplas agências subpessoais. O eu é uma ilusão cognitiva.
 Eu como produto da atividade de processos subpessoais e inconscientes que
criam um “comandante virtual” para representação social e autodescrição
(Dennett).
 UM CORPO, DIVERSAS PESSOAS: Uma série de pessoas alternadas no mesmo
corpo
 Síndromes dissociativas: amnésia, visão cega, prosopoagnosia, afasia,
negligência espacial unilateral, anosognosia
 Dissociações da consciência = split brains
 Casos de personalidade múltipla
 PREMISSA: UM CORPO, UMA PESSOA, UM EU
As discussões remetem à metafísica e à ética
 O que faz com que uma dada pessoa exista em tempos
diferentes, sobrevivendo a uma drástica série de
mudanças, mas permanecendo sempre a mesma
entidade? A quais mudanças eu não poderia
sobreviver?
 Se o eu presente é dotado de um conjunto de
propriedades e o eu passado de um conjunto diferente,
como é possível que sejam a mesma coisa?
CRITÉRIOS
1) Critério psicológico (Locke): responsável pela
continuidade da identidade é a memória (O príncipe e
o sapateiro).
Críticas
 Não se poderá atribuir a alguém nenhuma das ações
que foram esquecidas.
 Circularidade: a nossa definição de memória
pressupõe a existência de pessoa. Quando digo que S
recorda m, faz parte da própria ideia de recordação que
a experiência recordada tenha acontecido ao sujeito
que recorda. Shoemaker e Parfit lançam mão da noção
de quase-recordação ou q-recordação. (Ex.:
teletransporte e transplante de hemisférios).
2) Critério substancialista: a identidade deriva da
permanência de uma substância, seja espiritual
(Descartes) ou física (materialistas).
3) Critério corpóreo
 Continuidade corporal é condição necessária: Bernard Williams;
Shoemaker e o seu transplante de cérebros; Parfit e o “raio
teletransportador”.
 Animalismo de Olson
Se podemos admitir a sobrevivência após o transplante de
conteúdos mentais, deve-se distinguir duas coisas: pessoa e
animal humano.
Assumindo que os estados mentais sobrevém aos físicos, deve-se
atribui-los também ao organismo.
LOGO: coextensivo à pessoa, deve-se admitir um organismo animal
humano com também estados mentais. Ser pessoa é uma
propriedade que o animal humano pode adquirir ou perder.
Suponhamos informar Fulano que o seu cérebro será
transferido ao corpo de Caio e vice-versa e que, após o
transplante, um dos dois receberá uma grande quantia
de dinheiro e o outro será torturado. Fulano pode
escolher a quem será entregue a quantia e quem, em
vez, sofrerá a tortura.
O que lhe convém fazer?
3) Critério fenomenológico: a experiência em primeira
pessoa é fonte primária da nossa ideia de i.p.
(Chrisholm)
 Como seria a experiência de um cérebro sem corpo?
 Como seria a experiência de uma mente distribuída em
dois corpos?
 O que aconteceria em um eu se implantássemos falsas
recordações relativas a dezenas de indivíduos
diferentes?
4) Critério da simplicidade: pessoa é um conceito
simples e primitivo (Strawson, Lowe)
5) Eliminitavismo: nenhuma entidade corresponde à
noção de pessoa ou o conteúdo e a referência do
conceito são socialmente negociáveis e culturalmente
variáveis ou, ainda, é uma ficção útil.
Denota fragilidade ontológica do sujeito de experiência
Referências
STRAWSON, P. F. Individuals, London 1959.
WILLIAMS, B. Problems of the self, Cambridge 1973.
NOZICK, R. Philosophical explanations, Oxford 1981.
PARFIT, D. Reasons and persons, 2.ed. Oxford 1987.
SHOEMAKER, S. Personal identity: a materialistic account. In:
SHOEMAKER, S.; SWINBURNE, R. Personal identity, Oxford 1984,
p. 67-132.
NOONAN, H. W. Personal identity, London-New York 1989.
LOWE, E. J. Subjects of experience, Cambridge 1996.
OLSON, E. The human animal, Oxford 1997.
DI FRANCESCO, M. L'io e i suoi sé. Identità personale e scienza della
mente, Milano 1998.
SHOEMAKER, S. Self, body and coincidence. In: Proceedings of the
Aristotelian society, Supplementary Volume 1999, 73, p. 287-306.

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Problema da natureza do eu: teses sobre a identidade pessoal

  • 1.
  • 2. PROBLEMA DA NATUREZA DO EU Que sou eu?  Que sou eu?  Quais são as propriedades que me tornam um certo indivíduo e me distinguem de qualquer outra coisa no mundo?  Trata-se de propriedades físicas ou também de características mentais?  Qual é a natureza das pessoas humanas?
  • 3. TESES  - as pessoas são corpos, entidades físicas com status metafísico e modos de persistência idênticos àqueles dos entes materiais;  - as pessoas são essencialmente substâncias imateriais simples: almas, espíritos;  - as pessoas são animais humanos do gênero homo sapiens;  - as pessoas são modos de substâncias simples, cuja natureza funcional é indiferente ao substrato que as realiza;  - as pessoas são ilusões que se originam a partir de feixes de percepções;  - as pessoas são entidades primitivas, indefiníveis em termos de propriedades mentais ou físicas, enquanto a atribuição destas últimas pressupõe a existência de pessoas;  - são entidades metafísicas constituídas a partir de um substrato físico, mas que não se identificam com ele porque têm diversas condições de persistência;  - são construtos sociais, cuja existência depende de convenções, por sua vez estipuladas pelas várias comunidades humanas;  - a questão não tem uma resposta clara, dado que ao conceito ordinário de pessoa não correspondem critérios definidos de identidade.
  • 4. AS ORIGENS DO DEBATE  LOCKE, Ensaio sobre o entendimento humano (1690)  Fluxo de pensamento; estados mentais, memória que cria a i.p.  Ser o mesmo homem depende da continuidade da consciência / memória.  Experimento mental do príncipe e do sapateiro.
  • 5.  Hume, Tratado sobre a natureza humana (1739-1740)  Não existe um eu unitário e perdurante: i.p. é o fruto ilusório de uma atividade mental que consiste no fluxo contínuo de feixes ou coleções de percepções. (Russell, Wittgenstein, Dennett).
  • 6. PROBLEMA DA IDENTIDADE PESSOAL Quem sou eu? PREMISSA: o conhecimento de nós mesmos em primeira pessoa – experiência de unidade e de continuidade do eu – parece algo que não pode ser desmentido por terceiros.
  • 7. CRÍTICA À PRÓPRIA PREMISSA  UM CORPO, NENHUMA PESSOA.  UM CORPO, DIVERSAS PESSOAS.  UMA PESSOA, DOIS CORPOS.  O QUE CONTA É A CONSISTÊNCIA E A ESTABILIDADE ENTRE OS ESTADOS MENTAIS.  Não há mais um eu unitário mas uma “sociedade da mente” (Minsky) composta por múltiplas agências subpessoais. O eu é uma ilusão cognitiva.  Eu como produto da atividade de processos subpessoais e inconscientes que criam um “comandante virtual” para representação social e autodescrição (Dennett).  UM CORPO, DIVERSAS PESSOAS: Uma série de pessoas alternadas no mesmo corpo  Síndromes dissociativas: amnésia, visão cega, prosopoagnosia, afasia, negligência espacial unilateral, anosognosia  Dissociações da consciência = split brains  Casos de personalidade múltipla
  • 8.  PREMISSA: UM CORPO, UMA PESSOA, UM EU As discussões remetem à metafísica e à ética  O que faz com que uma dada pessoa exista em tempos diferentes, sobrevivendo a uma drástica série de mudanças, mas permanecendo sempre a mesma entidade? A quais mudanças eu não poderia sobreviver?  Se o eu presente é dotado de um conjunto de propriedades e o eu passado de um conjunto diferente, como é possível que sejam a mesma coisa?
  • 9. CRITÉRIOS 1) Critério psicológico (Locke): responsável pela continuidade da identidade é a memória (O príncipe e o sapateiro).
  • 10. Críticas  Não se poderá atribuir a alguém nenhuma das ações que foram esquecidas.  Circularidade: a nossa definição de memória pressupõe a existência de pessoa. Quando digo que S recorda m, faz parte da própria ideia de recordação que a experiência recordada tenha acontecido ao sujeito que recorda. Shoemaker e Parfit lançam mão da noção de quase-recordação ou q-recordação. (Ex.: teletransporte e transplante de hemisférios).
  • 11. 2) Critério substancialista: a identidade deriva da permanência de uma substância, seja espiritual (Descartes) ou física (materialistas).
  • 12. 3) Critério corpóreo  Continuidade corporal é condição necessária: Bernard Williams; Shoemaker e o seu transplante de cérebros; Parfit e o “raio teletransportador”.  Animalismo de Olson Se podemos admitir a sobrevivência após o transplante de conteúdos mentais, deve-se distinguir duas coisas: pessoa e animal humano. Assumindo que os estados mentais sobrevém aos físicos, deve-se atribui-los também ao organismo. LOGO: coextensivo à pessoa, deve-se admitir um organismo animal humano com também estados mentais. Ser pessoa é uma propriedade que o animal humano pode adquirir ou perder.
  • 13. Suponhamos informar Fulano que o seu cérebro será transferido ao corpo de Caio e vice-versa e que, após o transplante, um dos dois receberá uma grande quantia de dinheiro e o outro será torturado. Fulano pode escolher a quem será entregue a quantia e quem, em vez, sofrerá a tortura. O que lhe convém fazer?
  • 14. 3) Critério fenomenológico: a experiência em primeira pessoa é fonte primária da nossa ideia de i.p. (Chrisholm)  Como seria a experiência de um cérebro sem corpo?  Como seria a experiência de uma mente distribuída em dois corpos?  O que aconteceria em um eu se implantássemos falsas recordações relativas a dezenas de indivíduos diferentes?
  • 15. 4) Critério da simplicidade: pessoa é um conceito simples e primitivo (Strawson, Lowe) 5) Eliminitavismo: nenhuma entidade corresponde à noção de pessoa ou o conteúdo e a referência do conceito são socialmente negociáveis e culturalmente variáveis ou, ainda, é uma ficção útil. Denota fragilidade ontológica do sujeito de experiência
  • 16. Referências STRAWSON, P. F. Individuals, London 1959. WILLIAMS, B. Problems of the self, Cambridge 1973. NOZICK, R. Philosophical explanations, Oxford 1981. PARFIT, D. Reasons and persons, 2.ed. Oxford 1987. SHOEMAKER, S. Personal identity: a materialistic account. In: SHOEMAKER, S.; SWINBURNE, R. Personal identity, Oxford 1984, p. 67-132. NOONAN, H. W. Personal identity, London-New York 1989. LOWE, E. J. Subjects of experience, Cambridge 1996. OLSON, E. The human animal, Oxford 1997. DI FRANCESCO, M. L'io e i suoi sé. Identità personale e scienza della mente, Milano 1998. SHOEMAKER, S. Self, body and coincidence. In: Proceedings of the Aristotelian society, Supplementary Volume 1999, 73, p. 287-306.