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Programa de Mentoria Online para professores iniciantes: fases de um processo
Aline M. de M. R. Reali – darr@ufscar.br
Regina M. S. P. Tacncredi- drpt@ufscar.br
Universidade Federal de São Carlos, SP-Brasil
M. da Graça N. Mizukami- gramizuka@gmail.com
Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP - Brasil
Neste artigo identificamos, descrevemos e analisamos as fases evidenciadas no
desenvolvimento do Programa de Mentoria (PM) do Portal dos Professores da UFSCar
(wwww.portaldosprofessores.ufscar.br) e que foram caracterizadas a partir de demandas
formativas das professoras iniciantes e apoios promovidos pelas mentoras participantes. O PM
estudado se carateriza por ser online, é dirigido para professores dos anos iniciais do ensino
fundamental com até cinco anos de experiencia; é conduzido por três pesquisadoras e dez
mentoras que acompanharam, a distância e por meio de correspondências eletrônicas, 42
professoras iniciantes (pis) durante períodos entre 6 meses a dois anos e meio. Cada mentora
acompanhou individualmente entre 3-4 pis. Como base teórica consideramos literatura
relativa a aprendizagem e desenvolvimento profissional da docência; início da carreira
docente; processos de mentoria e educação a distância. Metodologicamente desenvolvemos
uma pesquisa-ação a partir de estratégias construtivo-colaborativas. As principais fontes de
dados foram as correspondências trocadas entre mentoras e pis; diários reflexivos de
mentoras e pis; redação de casos de ensino pelas pis; registros de observação das reuniões
semanais ocorridos entre pesquisadoras e mentoras. Coube às pesquisadoras definir os passos
da investigação, instrumentos de coleta e análise de dados; as pesquisadoras e mentoras a
definição das atividades do PM, isto é a intervenção. Os resultados apontam que os processos
de mentoria investigados ocorrem segundo fases distintas(fase inicial ou de aproximação; fase
de desenvolvimento ou aprofundamento; fase de desligamento) com características, objetivos
e procedimentos próprios. Cada uma dessas fases implicou a discussão de determinados temas
entre professoras iniciantes e mentoras; exigiram tipos de apoios específicos das mentoras,
considerando-se as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes; e
apresentam períodos ou momentos críticos, em que observamos mais claramente mudanças
nas participantes: um novo posicionamento ou novas aprendizagens. No geral, observamos
certa sazonalidade dos processos vivenciados, isto é dos temas tratados e apoios demandados.
Algumas idéias iniciais
Neste artigo identificamos, descrevemos e analisamos as fases evidenciadas no
desenvolvimento do Programa de Mentoria (PM) do Portal dos Professores da UFSCar e que
foram caracterizadas a partir de demandas formativas das professoras iniciantes e apoios
1
promovidos pelas mentoras participantes. O PM estudado se carateriza por ser online, é
dirigido para professores dos anos iniciais do ensino fundamental com até cinco anos de
experiencia docente; é conduzido por três pesquisadoras; dez mentoras que acompanharam,
a distância e por meio de correspondências eletrônicas, 42 professoras iniciantes durante
períodos entre seis meses a dois anos e meio.
Para o desenvolvimento do PM contamos como contexto o Portal dos Professores. O
Portal dos Professores é um site (www.portaldosprofessores.ufscar.br) que tem como
objetivos fomentar o desenvolvimento profissional de professores do ensino básico e visa
atender com auxílio de profissionais experientes da rede pública de ensino e da própria
universidade, professores em diferentes fases da carreira docente e níveis de ensino e outros
agentes educacionais. O Portal visa possibilitar o acesso a um conjunto variado de
informações por parte dos professores e o estabelecimento de uma comunidade de
aprendizagem profissional, predominantemente via Internet, por meio dos inúmeros
programas e atividades nele desenvolvidos.
Na proposição do PM levamos em conta a importância de uma formação docente
qualificada em face aos inúmeros problemas educacionais evidenciados em nosso, embora
tenhamos clareza das dificuldades de explicitar-se tal influência sobre desempenho dos
alunos, e acreditamos fortemente na relação entre uma boa formação profissional e uma
atuação competente.
Acreditamos que os conhecimentos derivados dessa investigação sirvam de subsídios para os
programas de indução, ou seja, de acompanhamento de professores iniciantes, para o
desenvolvimento de programas de formação de mentores, para o delineamento de ações
voltadas para a ampliação da base de conhecimentos de professores em diferentes fases da
carreira assim como para o uso da WEB como espaço de formação profissional.
Como base conceitual para o seu desenvolvimento consideramos: idéias referentes ao
caráter processual e social do aprender a ensinar e a ser professor; que professores,
dependendo da fase da carreira que se encontram, demandam ações formativas específicas e
que as interações sociais não mais necessitam estar confinadas a um espaço geográfico
específico ou limitado já que as pessoas podem interagir umas com as outras a partir de
qualquer espaço e em qualquer tempo, como se dá via Internet.
Há fortes indícios apontando para a necessidade de voltamos nossa atenção para um
período crítico no desenvolvimento profissional de professores – o início da carreira docente.
Em linhas gerais, trata-se de uma fase em que o jovem profissional aparentemente sofre de
um tipo de “miopia” (Grossman, Thompson e Valencia, 2001) posto que focaliza
primordialmente em suas competências como professor e o gerenciamento das demandas
2
mais imediatas da sala de aula. Sua visão, durante algum tempo, permanece fixa sobre os
contextos mais próximos de atuação. Nessa perspectiva, luta para desenvolver um repertório
de comportamentos profissionais relacionados ao ensinar e ao ser professor, ao conteúdo
específico que deve ensinar e à sua representação adequada de maneira que os alunos
aprendam.
Notamos uma lacuna na literatura nacional referente as fases iniciais da carreira
docente e sobre programas de mentoria. Notamos igualmente a ausência de políticas públicas
consolidadas dos diferentes sistemas e níveis de ensino que levem em conta tais aspectos.
Tampouco há estudos sobre professores experientes ensinando outros professores a ensinar.
Raramente os contextos de atuação profissional dispõem de recursos voltados para
minimizar as dificuldades características dessa fase da carreira ou mesmo de outras mais
avançadas, pois em nosso país não há a tradição de a escola se constituir um ambiente de
desenvolvimento profissional sistematizado bem como de acompanhamento da inserção
profissional de professores iniciantes. Destaca-se que embora o professor iniciante venha
sendo sujeito de inúmeras pesquisas, poucas têm sido as iniciativas em investigar como as
dificuldades características desse período podem ser minimizadas por meio de programas que
envolvam o seu acompanhamento por profissionais mais experientes, os mentores.
Defendemos processos de desenvolvimento profissional da docência centrados na
escola, e consideramos no progama desenvolvido, que apesar de ser online essa caraterística
foi respeitada. Ao centrar-se na escola tendo em vista o seu foco, ainda que “virtualmente”,
foi viável o estabelecimento de uma rede de diálogo entre professoras iniciantes e mentoras e
de uma comunidade de aprendizagem que envolveu mentoras e pesquisadoras cujos
desenvolvimentos consideraram as características dos diferentes contextos de atuação das
iniciantes. Entendemos que os processos de criação, expansão, troca e desenvolvimento
ocorreram sem prejuízos para diversos participantes.
No Programa proposto objetivamos formar mentores para atuar por meio da Internet
junto a professores iniciantes e investigar os processos envolvidos e as contribuições de um
programa de desenvolvimento profissional de mentores para o exercício das atividades de
mentoria o que permitiu compreender como se configura a base de conhecimentos de
professores experientes ao atuarem como mentores, como pode ser desenvolvida e como se
apresenta tendo em vista o seu contato com professores iniciantes durante um certo período
de tempo a distância.
Na investigação conduzida adotamos perspectivas que tentam compreender - por meio
de métodos que procuram apreender e refletir - a complexidade dos processos envolvidos na
vida da escola e as características singulares de seus participantes. Esses modelos de pesquisa
3
e intervenção implicam conhecer a realidade em que os professores atuam, o que pensam, o
que fazem e porque o fazem para, colaborativamente, refletir com eles sobre as situações
vivenciadas e, caso necessário, construir formas de enfrentamento que considerem as
especificidades das escolas e da comunidade. Para tanto é necessário estabelecer com as
escolas e seus professores um trabalho processual, que se defina pelo caráter de “via de mão
dupla”, evitando encará-los apenas como fornecedores de dados para a atividade de pesquisa.
Em linhas gerais, isso significou conceber que as partes envolvidas – em especial
mentoras e pesquisadoras - assumem papéis de natureza colaborativa, em que cada um tem o
que aprender com o outro e em que a relação estabelecida entre elas é multifacetada e não
hierarquizada. Nessa linha as situações consideradas dilemáticas ou problemáticas exigiram a
tomada de decisões e a construção de soluções conjunta em conformidade com Cole e
Knowles (1993).
Ademais, com o advento da tecnologia computacional, as interações sociais podem
ampliadas o que possibilita que a internet se converta numa ferramenta propícia para o
desenvolvimento de processos de mentoria, como o proposto pelo Portal dos Professores da
UFSCar. Programas desenvolvidos por essa midia são muitas vezes denominados de “mentoria
virtual”ou “telementoria” (Knapczyk, Hew, Frey e Marencik, 2005) e o uso de emails ou
teleconferências oferecem suporte quando relações face-a-face entre mentor e mentorados
são inviáveis ou desnecessárias.
Algumas vantagens podem ser pontuadas nesse sistema tendo em vista programas de
mentoria: um professor iniciante pode receber orientações de um professor experiente que se
encontra distante geograficamente; mentores e iniciantes podem interagir numa frequência e
em momentos e períodos que os encontros presenciais nem sempre permitem; o fato de
permitir contatois assíncronos possibilita a troca de mensagens com conteúdos mais refletidos
e orientados para o objetivo central do processo; além disso permite uma maior privacidade e
assim assuntos delicados e pessoais podem ser abordados, o que nem sempre a comunicação
face-a-face favorece.
Dadas essas características e a inexistência de pesquisas no Brasil que examinem tais
processos na interação de professores experientes com iniciantes, nessa pesquisa sobre o
programa de mentoria on-line da UFSCar, buscamos identificar e se o processo promovido
apresenta fases em seu desenvolvimento que apontem para o desenvolvimento profissional
das participantes – em especial das professoras iniciantes acompanhadas; descrever a
configuração desses períodos e analisar variáveis que intervêm nas interações estabelecidas.
Partimos do pressuposto que ao investigar esses aspectos podemos oferecer subsídios
para o planejamento do desenvolvimento do ofício da docência e de sistemas educacionais
4
tendo como base a cooperação, que deve estar inscrita na organização do trabalho da escola
(ciclos, procedimentos pluridisciplinares e outras formas instituídas de ação coletiva) na
perspectiva apontada por Thurler e Perrenoud (2006). Embora no caso em pauta, cooperação
se dê fora do âmbito escolar, analisar como ocorre o desenvolvimento profissional de
professores iniciantes quando em contato com professores mais experientes é importante
dada a escassez do conhecimento sobre programas de mentoria em geral e a respeito do seu
desenvolvimento online, em particular, considerando a realidade brasileira.
No presente artigo descrevemos as diferentes fases evidenciadas no PM e os principais
procedimentos adotados.
As bases teórico-metodológicas para o desenvolvimento e investigação do Programa de
Mentoria da UFSCar
Nas últimas décadas, a pesquisa sobre o ensino e sobre os processos de escolarização
passou por um período de mudanças conceituais e metodológicas. Cada vez mais, os
professores e as práticas pedagógicas têm sido investigados a partir de perspectivas que
tentam compreender - por meio de métodos que procuram apreender e refletir - a
complexidade dos processos envolvidos na vida da escola e as características singulares de
seus participantes.
Concebemos que a aprendizagem da docência e a socialização profissional tem como
fundamento as experiências vivenciadas pelos professores e seus modos de conhecimento e
sofrem a influência de fatores diversos: afetivos, cognitivos, éticos, de desempenho. Tais
processos são iniciados desde as primeiras experiências escolares e acompanham a trajetória
profissional dos professores (Cole e Knowles, 1993).
Essas aprendizagens se dão ainda no âmbito da própria atuação ao considerar-se a
natureza dinâmica dos contextos em que ocorrem: as salas de aula. Compõem uma base de
conhecimento que é constituída por um conjunto de compreensões, conhecimentos,
habilidades e disposições necessárias para atuação efetiva em situações específicas de ensino
e aprendizagem, que se caracterizam por ser de diferentes de tipos e que apóiam seus
processos de tomada de decisões (Shulman, 1986, 1987). Outras conhecimentos profissionais
dos professores podem ser considerados: conhecimento pessoal prático, conhecimento da
profissão, conhecimento de casos, conhecimento dos fundamentos educacionais, metáforas,
dentre outras – e que são igualmente importantes para o processo de desenvolvimento
profissional da docência (Schoenfeld,1997).
A pesquisa na área de formação de professores aponta que as práticas docentes são
fortemente determinadas pelos seus conhecimentos, crenças, metas e hipóteses assim como
5
também das concepções que mantêm sobre a matéria que lecionam, conteúdo curricular,
alunos e aprendizagem. Por essa razão os programas de formação continuada devem estar
adaptados as necessidades específicas dos professores e seus contextos de atuação e os
seguintes aspectos devem ser considerados:
a. a aprendizagem do adulto se volta mais diretamente ao prático que ao
teórico (Darling-Hammond, 1994, Marcelo Garcia, 1998, Calderhead, 1996, Schoenfeld,
1997);
b. a reflexão sobre a ação pedagógica é uma estratégia poderosa para a
formação continuada de professores, a qual deve ocorrer, a partir das suas
experiências;
c. os professores necessitam tempo e espaço mental – que deveriam ser
assegurados institucionalmente pelas políticas públicas de educação – para se
desenvolverem profissionalmente (McDiarmid, 1995).
Advogamos que a escola - enquanto local de trabalho -, assuma importância
considerável na promoção do desenvolvimento profissional de seus participantes (professores,
corpo técnico-administrativo, alunos, famílias, comunidade). Centrar a formação continuada
nesse espaço pode reverter em benefícios para a escola e para os processos de ensino e de
aprendizagem nela realizados. É necessário, portanto, propiciar um ambiente de apoio e
crescimento profissional aos professores em seu local de trabalho ou a partir de suas
características.
Ao estudar os fenômenos ocorrentes nas escolas, nas salas de aula e o trabalho de
professores, os pesquisadores mais recentemente têm penetrado nas salas de aula e nas
escolas para observar, participar e discutir o ensino e a aprendizagem com os seus principais
protagonistas: os professores e os alunos. Tais investigações caracterizam-se por uma inserção
mais prolongada na escola dos chamados “parceiros” da universidade.
O modelo de pesquisa e intervenção implica, nesses casos, conhecer a realidade em
que os professores atuam, o que pensam, o que fazem e porque o fazem para,
colaborativamente, refletir com eles sobre as situações vivenciadas e, caso necessário,
construir formas de enfrentamento que considerem as especificidades das escolas e da
comunidade. Neste sentido, há necessidade de se estabelecer com as escolas e seus
profissionais um trabalho processual, que se defina pelo caráter de “via de mão dupla”,
evitando encará-los apenas como fornecedores de dados para a atividade de pesquisa.
À luz desse paradigma investigativo (por muitos designado como
construtivo-colaborativo ou pesquisa-ação) torna-se essencial conceber que as partes
envolvidas assumem papéis de natureza colaborativa, em que cada um tem o que aprender
6
com o outro e em que a relação estabelecida entre os professores da escola e os
pesquisadores da universidade é multifacetada e não hierarquizada. Adicionalmente, as
situações consideradas dilemáticas ou problemáticas exigem a tomada de decisões e a
construção de soluções num sentido de mão dupla, segundo Cole e Knowles (1993).
Mizukami et al (2002) destacam que ao assumir esse modelo de pesquisa há uma
tendência para a inquirição, a qual objetiva gerar novos conhecimentos ao contemplar
problemas do dia-a-dia escolar. Essa atitude reflexiva exige diálogo, conversações, trocas e
desenvolvimento profissional recíproco mentre professores e pesquisadores. Ao enveredarem
por tais processos, colaboram entre si permitindo o desenvolvimento decompreensões mútuas
e de consensos, a promoção de tomada de decisão democrática e ação comum (Clark et al,
1996, 1998). As ações colaborativas envolvem a interpretação dos dados e do contexto ao
qual se referem (Wasser e Bresler, 1996) e possibilitam levar em conta múltiplas visões no
processo de atribuição de significado e de construção de soluções aos problemas
identificados.
No caso do presente projeto, cujo caráter é de uma pesquisa-intervenção, as idéias
apontadas anteriormente são consideradas básicas tendo em vista o caráter processual e
colaborativo da pesquisa, embora não tenhamos nos inserido num contexto escolar em
específico. Ademais intecionamos promover aprendizagens profissionais de professores em
diferentes fases da carreira e fomentar o seu profissionalismo. Para tanto, os seguintes
aspectos foram considerados: o cenário atual das reformas educativas e o papel da educação
a distância nesse contexto; a limitação dos processos de formação inicial e continuada; a
necessidade premente de que os professores (de diferentes níveis e modalidades de ensino)
desenvolvam uma base de conhecimento sólida e compatível com as demandas da sociedade
em relação à escola.
Consistentemente adotamos estratégias construtivo-colaborativas de pesquisa e
intervenção, o que significou que muitas das ações foram definidas ao logo do tempo, em
função dos acontecimentos e análises sobre os mesmos. Como fontes de dados utilizamos as
correspondências eletrônicas trocadas entre cada mentora e suas professoras iniciantes e
aquelas das mentoras entre si e com as pesquisadoras (e que foram armazenadas em local
específico do Portal dos Professores); diários reflexivos das mentoras e professoras iniciantes
e as transcrições dos encontros semanais que contavam com a participação das mentoras e
pesquisadoras. Consideramos que os dados obtidos compuseram um conjunto de narrativas
sobre os processos promovidos e por isso foi necessário o estabelecimento de algumas rotinas
de análise das mesmas.
7
A cada semana liamos essas narrativas e procurávamos estabelecer o foco e temas
tratados. Em seguida essas informações eram sistematizados numa linha do tempo de modo
que pudéssemos acompanhar o que cada professora iniciantes estava “conversando” com sua
mentora. Esses dados eram complementados com informações das mentoras sobre os
processos de mentoria conduzidos, as experiências de ensino e aprendizagem realizadas e
dificuldades ou dilemas enfrentados a partir de um relato semanal escrito por cada uma
delas. As informações referentes as professoras iniciantes e sua interação com suas menoras
eram então compiladas num quadro síntese semanal que servia de pauta inicial para a renião
semanal mantida entre mentoras e pesquisadoras. Nas reuniões pudemos definir as
características do PM e seus desdobrarmentos bem como promovemos o desenvolvimento
profissional das mentoras. Os dados relativos as reuniões eram também compilados numa
linha do tempo e serviam para as pesquisadoras acompanharem o seu andamento. Os dois
conjuntos de dados serviam portanto para definirmos os passos da intervenção como também
construirmos as respostas as questões de pesquisa.
Numa primeira etapa, de outubro de 2003 a junho de 2004, as professoras
experientes por meio de encontros semanais de duas horas de duração com as pesquisadoras
elaboraram as bases do PM, seu currículo e características. Essa foi ainda uma etapa do
processo formativo de mentoras já que um conjunto de atividades (estudos de casos, de
textos, discussões, relatos escritos e a discussão de temas comuns ao desenvolvimento e
implementação do Programa de Mentoria) foi desenvolvido visando de a construção da
identidade e de um repertório de comportamentos profissionais relativos ao acompanhamento
de professoras iniciantes. Nesse processo junto às mentoras consideramos suas concepções
sobre ensino, aprendizagem, conhecimento, alunos, professor, escola, currículo etc., bem
como o que qualificaram como necessário para desempenhar o papel de mentoras. Além
disso, foram delineadas as características gerais e definidos os pressupostos, o “currículo”, as
atividades, a duração do Programa de Mentoria.
Numa segunda etapa, de julho 2004 a junho de 2005, as mentoras foram capacitadas
no uso da informática e da internet. A terceira etapa, a mais importante, teve início em
março de 2005 e foi até dezembro de 2007 quando onze mentoras atuaram junto a 52
professoras iniciantes. Usamos o feminino, mas houve um professor no grupo das iniciantes.
Nesses contatos, professoras iniciantes e mentoras desenvolvem um conjunto de experiências
de ensino e aprendizagem (MIZUKAMI et al, 2002) que compõem situações estruturadas
planejadas conjuntamente por mentoras e professoras iniciantes, são desenvolvidas pelas
professoras iniciantes em suas classes e estão voltadas para a minimização de dificuldades
específicas indicadas pelas professoras iniciantes. As experiências de ensino e aprendizagem
8
podem ser relacionadas às práticas pedagógicas em sala de aula, ao ensino de um conteúdo
específico ou podem envolver atividades como a interação das professoras iniciantes com a
comunidade dos pais dos seus alunos e serão mais bem descritas mais adiante.
Considerando o modelo contrutico-colaborativo de pesquisa adotado, cabia às
pesquisadoras estabelecer os passos da pesquisa, instrumentos e modos de análise e ao
coletivo pesquisadoras e mentoras as indicação das atividades do PM. Para isso foram
consideradas as avaliações das mentoras sob sua responsabilidade, as discussões semanais
mantidas entre elas e as pesquisadoras e as correspondências virtuais trocadas entre
mentoras e professoras iniciantes, os diários reflexivos de mentoras e professoras iniciantes,
além de outros materiais como casos de ensino.
Formalmente o PM foi idealizado para ser desenvolvido em 120 horas ao longo de um
ano. Entretanto, considerando a manifestação de algumas iniciantes concluintes dessa
primeira fase e da avaliação das mentoras sobre o seu progresso foi acordado a realização de
um módulo suplementar com características específicas. Essa decisão implicou portanto o
desenvolvimento do programa em dois módulos distintos. Um primeiro (Módulo 1), que
envolveu a troca de correspondências e a condução de experiências de ensino e aprendizagem
pelas pis sob a supervisão estreita de sua mentora e que era finalizada com a elaboração de
um caso de ensino pela pi sobre o seu desenvolvimento profissional a partir de sua
participação junto ao programa. Um segundo módulo (Módulo 2) foi conduzido com algumas
pis a partir de seu interesse em continuar a manter contato com a sua mentora e nesse caso a
professora desenvolveu ao menos uma experiência de ensino e aprendizagem de modo mais
independente em relação a sua mentora. Nesse segundo módulo cada pi foi certificada em
mais 60 horas. Destacamos ainda que o Programa de Mentoria apresentou duração de no
mínimo seis meses e um máximo de dois anos e oito meses.
Estiveram envolvidas no programa 52 professoras iniciantes (pis), das quais cinco, logo
no início dos contatos com as mentoras, desistiram. Do total das pis participantes, 39
concluíram o primeiro e dessas dez o segundo módulo. Lembramos que o Programa atendeu
professoras com menos de cinco anos de experiência docente e que foram selecionadas a
partir de suas respostas a um questionário sobre as dificuldades por elas enfrentadas e
facilidade de uso da Internet.
O grupo de mentoras era composto por onze professoras com experiências
diversificadas e com mais de 15 anos de atuação cada uma delas. No geral eram percebidas
pelas comunidades escolares como professoras bem-sucedidas e apenas quatro delas tinham
experiência anterior como formadoras. Nenhuma delas havia atuado em programas a
distância.
9
Ciclo Vital (linha do tempo) do Processo de Mentoria: fases e procedimentos
Ao longo da realização do PM pudemos identificar a vivência de fases que apontam
para o desenvolvimento profissional das participantes – em especial das professoras iniciantes
o que permitiu descrever a configuração desses períodos. A partir dos dados obtidos podemos
afirmar que os processos de mentoria investigados ocorrem segundo etapas distintas (fase
inicial ou de aproximação; fase de desenvolvimento ou aprofundamento; fase de
desligamento) com características, objetivos e procedimentos próprios, embora os temas
tratados possam se repetir.
Cada uma das fases identificadas implicou a discussão de determinados temas entre
professoras iniciantes e mentoras e exigiu apoios específicos das mentoras, considerando-se
as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes. Além disso, essas
diferentes etapas apresentaram momentos ou períodos críticos em que observamos mais
claramente mudanças nas participantes: um novo posicionamento ou novas aprendizagens.
Na dos processos de mentoria conduzidos pelas diferentes díades (mentora – pi)
observamos que problemas relativos à escolha de classe; ao manejo de sala e relacionados ao
conhecimento da cultura da escola ocorrem mais freqüentemente no início do ano letivo
enquanto que dificuldades relativas ao desenvolvimento e manutenção de atitude positiva
frente as atividades de ensino e ao papel docente e o atendimento das necessidades
específicas dos alunos ocorrem mais no segundo semestre.
Ao observarmos a sazonalidade dos temas tratados e apoios demandados percebemos
indícios de que o processo de mentoria flui melhor no decorrer dos primeiros semestres dos
anos letivos, pois há uma maior disponibilidade das pis atenderem as solicitações e sugestões
de suas mentoras. O segundo semestre parece ser “mais pesado” e difícil para as pis
assumirem novas atitudes ou mesmo realizarem as tarefas propostas pelas mentoras.
A sazonalidade evidenciada na manifestação das dificuldades das pis do Programa de
Mentoria encontra apoio da descrição das experiências e atitudes de professores em seu
primeiro ano de atuação, conforme proposto por Moir (1999) e descrito por Villani (2002). A
recorrência dos problemas indicados observados nos diferentes semestres letivos se justifica
ao considerarmoas as relações precárias de trabalho estabelecidas entre as pis e as escolas –
como é o caso de atuar com contratos temporários de trabalho – e o que faz que uma mesma
professora tenha que atuar em contextos escolares muito diferentes; ensinar para várias
séries e adaptar-se a comunidades escolares particulares ao longo dos primeiros anos de
docência.
10
A característica sazonal dos problemas enfrentados pelas professoras iniciantes da um
tom também sazonal às dinâmicas de apoio oferecidas pelas mentoras. Entretanto
identificamos a ocorrência de fases seqüênciais mais ou menos delimitadas cuja duração
temporal é variável, a saber: uma inicial ou de aproximação, uma relacionada ao
desenvolvimento e uma terceira de encerramento.
1. A fase inicial ou de aproximação pode ser descrita como um período de
apresentação, contatos iniciais e investigação para conhecimento e busca de afinidades
(Erika) e contempla apresentação da mentora, do programa e da PI (mentora Rose). É um
período de busca de informações como a identificação da necessidade do professor,
caracterização da escola – estrutura física, equipe pedagógica, descrição dos alunos e
características da sala de aula (mentora Mônica). Trata-se também de uma fase de
descobertas, pois o levantamento de conhecimentos prévios, caracterização dos alunos e das
dificuldades vividas pela PI, descobertas de ambas as partes do que será interessante e/ou
relevante estabelecer como foco das interações (mentora Daniela).
É uma fase em que a imagem da pi (e pode-se supor que da mentora da parte da pi) é
delineada a partir das primeiras impressões. Trata-se de um momento ou período crítico já
que a forma pela qual as palavras são colocadas podem gerar um tipo de postura que afeta a
interação posterior.
No geral, as mensagens trocadas nesse período apresentam características tais que
definem as etapas posteriores:
Algumas PIs fazem longas apresentações, contam de sua vida pessoal; outras
são mais diretas e sucintas. Esta atitude, quase sempre, vai nortear a maneira
como serão as interações dali para frente, com maior ou menor intensidade,
intimidade e até mesmo, a disposição e confiança para que sejam expostas
opiniões pessoais sobre assuntos mais delicados. Nesta fase também ocorre a
descrição da escola onde a PI trabalha, de seus alunos, seu nível de
desenvolvimento ou de dificuldade e as expectativas da PI quanto ao Programa.
(mentora Cristina)
[É uma fase para o ] estabelecimento de combinados e regras para a interação,
tentativa de criar vínculos (de confiança, principalmente). ( mentora Daniela)
As mentoras usualmente enviam mensagens de boas vindas calorosas e gentis. No
início da realização do programa, o grupo de mentoras analisava intensamente as mensagens
iniciais. Com a ampliação de sua experiência, aos poucos as mentoras foram adquirindo mais
autonomia em relação a condução das interações nessa fase inicial.
Ao analisar meus contatos com as pis observo que a fase de iniciação ocorreu
praticamente da mesma forma com as três: mensagem de boas vindas,
identificação da necessidade do professor, caracterização da escola – estrutura
física, equipe pedagógica, descrição dos alunos e características da sala de
11
aula. Porém, com cada pi, (...) houve um aprimoramento da minha interação
com as professoras de acordo com a experiência que se estabelecia.(mentora
Mônica)
Essa fase é encerrada quando a mentora em conjunto com a sua pi delimitam os
problemas que serão abordados na fase subseqüente.
2. Nesse momento tem início a fase de desenvolvimento ou aprofundamento, que
implica na consolidação das interações entre mentoras e pis por meio da discussão focalizada
e aprofundada de um ou mais temas relacionados as dificuldades enfrentadas por estas
últimas.
É uma fase que envolve a realização de atividades práticas ou de experimentações
pelas pis sob a supervisão das mentoras e que são acompanhadas e avaliadas (...) através de
relatos: dúvidas, constatações, dificuldades, retomadas, mudanças, ajustes. A sistematização
desses momentos não significa que devem estar sendo contemplados em todas as
experiências de ensino e aprendizagem desenvolvidas (mentora Maria Inês).
De acordo com a mentora Daniela é um período marcado por mensagens mais
substanciais e pontuais, referentes a situações reais, concretas uma vez que
focam um tema específico para discutir, é repleto de questionamentos. Ali
ocorrem pesquisas bibliográficas, troca de experiências entre as mentoras e a
pi é muito solicitada. Desta fase podem surgir outras situações, ao longo do
processo, caso o trabalho surta efeitos positivos, caso aconteça alguma
situação que desvie o foco anterior, caso a pi não responda satisfatoriamente
aquilo que foi proposto. Nesta fase, também, aparecem os resultados,
revelados nas experiências de ensino e a prendizagem e a pi pode iniciar um
processo de maior independência de sua Mentora ( mentora Cristina).
É um período de aprendizagens intensas tanto para as pis como para as mentoras, (...)
vem então a fase do desenvolvimento da aprendizagem. Aprendizagem esta que acontece dos
dois lados. Aprendi muito na interação com minhas PIs e certamente elas aprenderam algo
comigo também. (mentora Regina)
As experiências vivenciadas nesse período configuram-se como contexto natural para o
processo de mentoria auxiliar as pis no enfrentamento de suas dificuldades e facilitar o seu
engajamento na construção de repertórios comportamentais profissionais mais competentes.
No programa desenvolvido, esse contexto foi estabelecido a partir da realizaçãode um
conjunto de atividades relacionadas ao o planejamento e desenvolvimento de experiências de
ensino e aprendizagens (EEA) descritas a seguir.
2.1. As experiências de ensino e aprendizagens (EEA) – ferramentas para o
desenvolvimento de professores em diferentes fases da carreira
12
O desenvolvimento das EEA
1
foi definido junto ao grupo de mentoras e pesquisadoras
logo nos primeiros meses de funcionamento do programa a partir da constatação de que
muitos trabalhos junto às professoras iniciantes estavam sendo conduzidos sem uma direção
definida pelas mentoras e que muitas das propostas apresentadas às professoras iniciantes
não eram por elas desenvolvidas.
Nessa época, notamos que muitas mentoras apresentaram dificuldades em conduzir o
processo de orientação das pis posto que esforçavam para responder as dúvidas e a colaborar
nas dificuldades enfrentadas. As trocas de correspondência apresentavam alta freqüência, o
seu teor amplo e envolvendo problemáticas de muitas naturezas, uma vez que ao mesmo
tempo que eram solicitadas informações, havia a cobrança de “tarefas” da parte das
mentoras e a apresentação de novas dificuldades pelas pis. A avaliação de nossa parte
reforçou a idéia de que pelo fato de serem iniciantes, as mentoras queriam auxiliar as suas
mentoradas em todas as dificuldades e simultaneamente estavam com dificuldades em dosar
as solicitações a elas apresentadas e avaliar os resultados obtidos.
As EEA foram compreendidas nessse caso como situações estruturadas, planejadas
pelas mentoras com cada uma das pis e por elas implementadas a partir de temas apontados
como sendo de seu interesse. Se baseram em experiências anteriores das pesquisadoras e
foram definidas da seguinte forma pelas mentoras e pesquisadoras:
O objetivo principal do desenvolvimento de uma experiência de ensino e
aprendizagem (EEA) é promover a aprendizagem, a construção de novos
conhecimentos e a autonomia da pi, para que possa enfrentar as diversas
situações que ocorrem na dinâmica da sala de aula e na escola.
No âmbito do PM, uma EEA surge de uma necessidade expressa pela iniciante,
deriva de um problema relacionado necessariamente à tarefa docente (da
prática pedagógica, do cotidiano da escola ou da aprendizagem de um
conceito/procedimento). Em colaboração, iniciante e mentora definem o tema
a ser desenvolvido e passos que podem ser reconstruídos/ampliados/
modificados ao longo do tempo, em função do que vai ocorrendo durante o
processo. O enfrentamento da situação deve ser feito de forma organizada,
envolvendo a realização de atividades, relatos descritivos/reflexivos,
questionamentos, inquirições, experimentações, aplicações, retomadas. Não
tem duração pré-determinada, mas tem começo, meio e fim.
Os objetivos da EEA, embora possam estar claros para a mentora, podem ir se
constituindo, para a iniciante, no decorrer das interações, à medida que as
atividades se desenvolvem e são relatadas por ela. (Reunião pesquisadoras e
mentoras – agosto/2007)
Em linhas gerais o desenvolvimento dessas experiências caracteriza um processo
circunscrito – a partir de um problema concreto relacionado a atividade docente - e implica
13
ações de diversas naturezas das mentoras e professoras iniciantes e envolve, dependendo do
caso, os alunos das professoras iniciantes.
Funciona tanto como ferramenta de intervenção quanto de pesquisa, pois possibilita o
estabelecimento de relações entre teoria e prática; a configuração e detalhamento de
processos de desenvolvimento profissional e de processos reflexivos das professoras iniciantes
e das mentoras bem como a produção de conceitos sobre tais processos.
Por meio das EEA é possível que cada participante, as pis em especial, apreenda e
explicite suas crenças e realize ações práticas sobre diversos aspectos relacionados a função
docente. Possibilita o desenvolvimento de processos de reflexão individuais e partilhados em
diferentes níveis (pis isoladamente, pis e mentoras, mentoras e pesquisadoras) e momentos.
Com a sua introdução contamos com um intrumento valioso para obter respostas às questões
de pesquisa colocadas pois permitiu ampliar as análises sobre as concepções das participantes
e a identificação de suas aprendizagens. Por meio dessas produções, além de caracterizar
suas crenças, valores e conhecimentos, pudemos acompanhar em alguns casos a sua evolução.
Pudemos conhecer mais de perto como pensam e agem professores iniciantes e experientes
em interação e no enfrentamento de situações variadas e por meio da construção de
situações de reflexão-sobre-a-ação documentadas por meio de narrativas (cartas e diários)
das pis e mentoras similar ao realizado por Mizukami et al (2002).
A introdução das EEA exigiu, em alguns casos, a retomada dos objetivos do programa,
tanto por parte das mentoras quanto por parte das professoras iniciantes e discussões
prolongadas entre pesquisadoras e mentoras. No caso das mentoras, essa retomada se deveu
ao seu empenho em atender a totalidade das demandas indicadas pelas professoras iniciantes
conforme mencionado anteriormente e a necessidade de estabelecer alguma ordem na sua
atuação. No caso das professoras iniciantes, provavelmente devido à vivência (não tranqüila)
de um conjunto grande de dificuldades sem uma hierarquização sobre a relevância de cada
uma delas. Até a definição do foco da EEA vislumbamos um período de negociação entre
mentoras e pi para definição do tema a ser desenvolvido. Esta é uma fase tensa para as
mentoras pois investem, muitas vezes – sem sucesso – na promoção da independência das pis
mais do que na oferta de apoio emocional.
Ao longo do Programa várias foram as EEA desenvolvidas. Algumas pis trabalharam
mais intensamente com uma única experiência e outras com mais de uma, algumas com uma
classe como um todo e outras com alguns alunos em específico. Lembramos que no geral
várias EEA foram desenvolvidas no Módulo 1 enquanto que o Módulo 2 previa o
desenvolvimento de uma única EEA conduzido de modo mais independente pela pi.
14
Notamos que aos poucos as mentoras “descobriram” a importância das EEA como eixo
articulador do processo e das interações. Perceberam ser imprescindível o desenvolvimento
de atividades planejadas junto as professoras que orientavam e também do seu registro. No
caso das pis que ingressaram após algum tempo de funcionamento do Programa o
desenvolvimento das EEA já era sinalizado logo nas primeiras correspondências embora a sua
realização implicasse um planejamento prévio – o que demandava cumprir algumas tarefas ou
etapas previamente ao seu início.
Para o desenvolvimento das EEA geralmente as mentoras orientavam as pis para num
primeiro momento definirem um ou mais temas a partir da caracterização das suas
dificuldades e em seguida junto as pis procuravam estabelecer prioridades que seriam
posteriormente discutidas e trabalhadas em profundidade.
Após a definição de um foco, novas discussões eram conduzidas na perspectiva da
mentora mais bem compreender as dificuldades enfrentadas pela pi como também como uma
maneira dessas últimas - por meio de descrições detalhadas de seu dia-a-dia, de seus alunos,
da escola, das atividades desenvolvidas - aprender analisar a sua própria atuação, as
ocorrências de sua sala de aula e da escola tendo como objetivo construir respostas
pertinentes aos dilemas e dificuldades enfrentados. Essas discussões foram acompanhadas de
orientações para que as pis redigissem diários reflexivos sobre suas vivências num processo
similar, ao que nós pesquisadoras, conduziamos com as mentoras.
Notamos que o desenvolvimento das EEA gerou sistematicamente o contexto de
interação entre mentoras e pi; a realização das atividades delienadas no seu escopo se
configuraram em um tipo de projeto de ação que seguiram basicamente as etapas ou passos
indicados mais adiante. As mensagens dessa fase expressam o desenvolvimento dos projetos e
se configuram em consonância com o tipo de interação mantida entre mentora e mentorada.
Vários foram os temas desenvolvidos com as diferentes pis, mas dois foram abordados
em todos os casos: o registro reflexivo e a descrição dos alunos da classe.
Após o estabelecimento dos temas prioritários para serem discutidos, as mentoras
conduziam as interações no sentido de planejar com a pi uma intervenção voltada para
minimizar/solucionar os problemas relatados. Posteriormente a preparação do plano de
intervenção ocorria a sua implementação. Como etapas ou passos seguintes ocorriam a
avaliação e redimensionamento do plano de intervenção, se fosse o caso, a partir de análises
processuais sobre a sua pertinência e adequação das ações planejadas e implementadas. O
desenvolvimento desses passos configuram uma EEA completa.
15
As mentoras nos diferentes passos ofereceram suporte, apoio, sugestões as pis.
Apresentaram questionamentos, avaliações e feedbacks. O mesmo, faziamos – nós
pesquisadoras – em nossos encontros semanais com as mentoras.
Como base teórica para o desenvolvimento das EEA, tomamos como pressuposto que
em processos de análise – denominados de reflexão ou inquirição – podemos fomentar o
desempenho não passivo e subserviente do papel de professor em face das situações
vivenciadas. Ao refletirmos podemos tomar uma posição sobre quais são as maneiras pelas
quais podemos controlar nossas práticas, de modo a garantir que as atividades desenvolvidas
favoreçam de um lado a aprendizagem dos alunos e de outro a própria. Entendemos estar
promovendo dessa forma a construção da profissionalidade das pis e também das mentoras, já
que também estavam submetidas aos mesmos processos. Nesse processo podiamos igualmente
favorecer o levantamento de hipóteses sobre as experiências vivenciadas bem como a
construção de novas respostas às questões pré-existentes.
Entendemos que a análise crítica das próprias idéias e práticas resultantes do
desenvolvimento das EEA e de seu relato são pois estratégias importantes para a promoção do
desenvolvimento profissional, uma vez que possibilita ao docente o estabelecimento de um
quadro de referências para a sua aprendizagem continuada posterior tendo em vista
diferentes facetas de seu trabalho e papéis desempenhados. Permite também mais bem
configurar as escolas, as salas de aula e outros contextos de atuação; quem são os alunos e
quais e como ocorrem suas aprendizagens, quais são os conteúdos ensinados além de idéias
sobre si próprio como um profissional.
Com a implementação das EEA foi possível desenvolvermos com o registro escrito ou
narrativas um tipo de inquirição narrativa nos moldes indicados por Connelly e Clandinin
(2006), pois as mentoras atuaram enfaticamente no sentido de que as pis definissem com
clareza os processos de ensino ou outras atuações desenvolvidas ao longo do tempo, as
condições pessoais e sociais dos envolvidos assim como as forças/fatores circundantes.
Analisamos que a explicitação de informações e idéias sobre esses aspectos– de forma
escrita – nas correspondências e diários – possibilita o estabelecimento de um fio condutor
que produz os sentidos e explicita os significados ao longo da carreira docente garantido uma
relação entre diferentes etapas formativas e as experiências vividas (Mizukami et al, 2002).
Consideramos que professores inquiridores ou reflexivos, que sejam capazes de investigar a
própria prática, se mostram com freqüência mais capazes de influenciar e moldar os
contextos, ambientes e os processos de decisão relacionados aos vários papéis docentes.
Levamos em conta – e aos poucos as mentoras também - que um professor ao inquirir
ou refletir sobre as ocorrências de suas salas de aula e aquelas que acontecem em seu exterio
16
tem facilitado a adoção de ações pró-ativas em relação aos alunos e a sua aprendizagem, a si
próprio em relação ao ensino realizado e ao seu próprio desenvolvimento profissional. Expor,
analisar, questionar, examinar e explorar o que se faz e suas conseqüências são ações que
possibilitam ao docente maior compreensão a respeito dos contextos em que atua, das
variáveis intervenientes, dos alunos e de seus próprios processos de decisão, entre outras
coisas. Permite que os professores acionem e utilizem conscientemente seus conhecimentos.
Tais ações implicam gerar um tipo de conhecimento situado por meio da interpretação
e do estabelecimento de explicações (teorias pessoais) sobre a prática bem como a
interpretação e questionamento sobre as teorias formuladas por outros. Buscar e construir
respostas às perguntas formuladas via inquirição são ações relevantes para o processo de se
tornar um bom professor. Ao longo do processo de mentoria essas idéias foram tomando corpo
junto as mentoras e elas as discutiam junto as suas pis. Em termos teóricos a realização das
EEA destacou a importância das práticas pedagógicas no processo de construção dos
conhecimentos dos professores em confronto com o conhecimento teórico.
Compreendemos que mentoras e pis envolvidas e também as pesquisadoras
participaram de um ciclo reflexivo (RODGERS, 2002) posto que as primeiras incentivam que
suas mentoradas desenvolvam a capacidade de observação e de pensar criticamente sobre os
alunos e sua aprendizagem, levando em conta o ensino, o conteúdo específico, e os contextos
nos quais todos esses aspectos interagem. E nós – as pesquisadoras –promovemos os mesmos
processos junto as mentoras.
De outro lado, o desenvolvimento das EEA estimulou a capacidade de adotar ações
inteligentes baseadas nas compreensões emergentes seja pela pis ou mesmo mentoras.
Percebemos que, em sua maioria, estão pautadas em situações de sala de aula ou referem-se
a situações escolares e se configuraram como processos reflexivos rigorosos e sistemáticos
que permitem a avaliação da situação e o delineamento cuidadoso de alternativas de ação em
lugar de ações irrefletidas.
Constatamos nelas o que Rodgers (2002) aponta como ciclo reflexivo: aprender a ver,
aprender a descrever e a diferenciar, aprender a pensar criticamente e construir teorias e
aprender adotar uma ação inteligente.
O quadro 1 apresenta uma síntese dos componentes das EEA desenvolvidas nos
módulos 1 e 2 do Programa de Mentoria sob a forma etapas ou passos.
Quadro 1 – Passos e procedimentos das Experiências de Ensino e Aprendizagem (EEA)
EEA Componentes Descrição
17
1º passo Definição do tema da intervenção
Identificação do tema a ser desenvolvida na EEA (o ensino do
conteúdo de qualquer componente curricular, o caso de um
aluno específico, tema relacionado à vida escolar, à vida do
aluno, à interação escola-família, a dificuldades específicas
de aprendizagem ou de ensino, a temas transversais, à
coordenação pedagógica, a relação com os pais dos alunos
etc. ).
2º passo Planejamento da EEA
Negociação do tema da EEA entre pi e mentora:
- explicitação clara de objetivos da experiência de ensino e
aprendizagem;
- escolha inicial das atividades a serem desenvolvidas;
- escolha inicial de fontes / materiais a serem utilizados;
- explicitação do ‘como’ desenvolver a experiência;
- explicitação dos passos da experiência (do início ao final).
3º passo
concomitante
ao 2º passo
Definição dos procedimentos de
registro da EEA
Escolha dos procedimentos para acompanhamento e registro
da EEA:
- diário descritivo das atividades planejadas e executadas
- diário reflexivo
- registro de falas dos alunos
- produções dos alunos
- relatos de reuniões
- relatos de incidentes críticos
- registro de observação de classe, de alunos, de pais, de
reuniões, de recreio etc.
4º passo Redação do plano da EEA
Redação final do plano da EEA a ser desenvolvido contendo as
informações relativas aos passos anteriores
5º passo
Desenvolvimento e registro da
EEA
Aplicação de procedimentos e descrição detalhada das
ocorrências incluindo observações, idéias, impressões,
justificativas, expectativas, dificuldades e avanços.
6º passo
Avaliação e redação de relatório
descritivo sobre a EEA
Sistematização e avaliação da EEA com análises e reflexões
sobre o processo.
18
7º passo
2
Elaboração de um caso de ensino
sobre aprendizagens e
desenvolvimento profissional
(módulo 1) e processo
experienciado (módulo 2)
Reflexão final sobre as EEA via casos de ensino
Ao longo do Programa de Mentoria pudemos observar que além de provocar aprendizagens nas
pis, as EEA promoveram ampliação da base de conhecimento para o ensino das mentoras e o
seu conseqüente desenvolvimento profissional.
3. A fase de encerramento das atividades de mentoria consistiu em um dos aspectos
mais dicutidos e difíceis enfrentados por mentoras e pesquisadoras ao longo da pesquisa.
Definir o que uma professora iniciante deve saber para prescindir da orientação da mentora
foi um tema recorrente nos encontros semanais ao longo do desenvolvimento do PM como um
todo. Estabelecer como deve se configurar a base de conhecimentos de pis de modo a poder
atuar com autonomia não se mostrou tarefa fácil além do que em face as dificuldades ainda
enfrentadas pelas pis, se colocam disponíveis para continuar o acompanhamento.
Após várias discussões o grupo chegou a conclusão de que seria interessante “fechar” o
Módulo 1 com a elaboração de um caso de ensino pelas pis e ser viável, opcionalmente, a
continuidade do programa num segundo módulo.
O Módulo 2 é então introduzido como um prolongamento do primeiro módulo para
aquelas pis desejam continuar a manter as interações com suas mentoras. Trata-se na
realidade de uma retomada da fase de desenvolvimento, via a realização de novas EEA. Este
módulo suplementar diferencia-se do primeiro pelo fato de a pi ser incentivada a agir de
modo mais independente; as interações online mais espaçadas embora exija o
desenvolvimento de uma EEA completa e o seu relato sob a forma de um caso de ensino.
3.1 Casos de ensino: instrumento de síntese das aprendizagens promovidas pelo
Programa de Mentoria
A adoção de casos de ensino
3
para essa finalidade se pauta na consideração de que a
sua redação pode ser definida como uma narrativa que envolve uma descrição sobre situações
reais, situações complexas vividas por professores durante a sua atividade docente
(Mizukami,2006).
Pode ser utilizado como ferramenta no ensino (e aprendizagem) de professores
(Merseth, 1996) assim como permitem tornar visível as idéias e conhecimentos sobre ensino
de professores. Trazem exemplos de como professores em suas práticas pedagógicas
19
explicitam seus dilemas e conflitos e como superam suas dificuldades. Por meio da leitura,
análise e construção de casos de ensino futuros professores e professores podem refletir sobre
inúmeras questões relacionadas à sua profissão.
Os casos de ensino são narrativas que ilustram eventos e situações complexas vividas
por professores. De acordo com Mizukami (2006) os casos de ensino
“trazem exemplos de como é possível lidar com determinadas
situações e, mais que isso, explicitam dilemas e conflitos
enfrentados por docentes ao lidar com o ensino e com seus
alunos. Mostram como determinada aula foi conduzida e quais
problemas surgiram no decorrer das atividades. Trazem
situações parecidas enfrentadas por diversos professores em
diferentes situações escolares. Deixam clara a complexidade do
que é ser professor. Lendo, analisando, discutindo e escrevendo
casos de ensino, professores podem pensar sobre diversas
questões relacionadas à sua profissão: que conhecimentos
orientam minha prática profissional? Como foram e estão sendo
construídos? Que saberes possuo sobre os diversos conteúdos que
preciso ensinar a meus alunos? Como utilizo esses saberes
quando planejo minhas aulas? Que conhecimentos possuo sobre
meus alunos? Como aprendi e como estou aprendendo a ser
professor? O que preciso ainda aprender sobre a profissão
docente? Que conhecimentos possuo sobre meus alunos? Como
aprendi e como estou aprendendo a ser professor? O que preciso
ainda aprender sobre a profissão docente? Como lido com as
diversas situações escolares que preciso enfrentar no dia-a-dia?
O estudo de casos de ensino permite que professores parem para
pensar em sua trajetória profissional, em sua relação com outros
colegas, na necessidade de trocas de experiências entre
professores, etc.”.
Assumimos que ao explorar o que pensam sobre o que fazem e quem são como
professores as pis se engajam na compreensão dos contextos ao seu entorno, de suas relações
com o meio e com os outros; é uma maneira de se colocarem como protagonistas de suas
histórias e de tornar visíveis suas idéias.
Ao contar histórias é possível revelarem suas reflexões e discussões sobre as
experiências docentes, as dificuldades encontradas, as estratégias elaboradas para superá-las
e os seus resultados nas aprendizagens dos alunos. É uma forma de mostrarem o saber
docente e como foi construído ao longo de sua trajetória profissional e a partir do PM. É uma
maneira de problematizar o trabalho pedagógico, os dilemas e dificuldades enfrentados, pois
permite a interpretação, a troca e a discussão entre os pares.
20
Compreendemos portanto que a elaboração de casos de ensino, sob a forma de
narrativas escritas, auxiliariam “traduzirmos” os conhecimentos construídos pelas pis por
meio de suas palavras além de funcionar potencialmente como verdadeiras ferramentas de
aprendizagem em conjunto com as demais promovidas pelo PM. Afinal quando uma pessoa
relata os fatos vividos tem a oportunidade de reconstruir seus conhecimentos
a trajetória percorrida dando-lhe novos significados. Assim, a
narrativa não é a verdade literal dos fatos mas, antes, é a
representação que deles faz o sujeito e, dessa forma, pode
ser transformadora da própria realidade(Cunha, 1997).
Além disso, nos os casos de ensino há a oportunidade de expor, contar e relatar ao
explicitar o que pensamos ou sentimos, conforme Prado (2005), as experiências e escolhas. Ao
levarmos em conta tais potencialidades, assumimos que os casos poderiam oferecer
indicadores sobre os impactos do PM nas pis e a respeito de estarem “prontas” para o seu
desligamento do programa.
Entendemos que as narrativas provocam reflexões pois permitirem uma visão da
experiência humana, individual ou socialmente, a respeito de histórias vividas. Na realidade
as pessoas forjam suas vidas diárias através de histórias sobre si mesmas e sobre os outros.
Essas histórias seriam um tipo de portal por meio do qual a pessoa penetra no mundo e suas
vivências são interpretadas e significadas. Nesse sentido a narrativa seria o fenômeno
investigado na inquirição (Connelly e Clandinin,2006).
Segundo Nono (2001), o uso da estratégia do estudo de casos de ensino em professores
em exercício parece oferecer importantes vantagens para a aprendizagem profissional da
docência ao:
• revelar a complexidade das situações de ensino que ocorrem em sala de aula;
• auxíliar os professores a familiarizar-se com a necessidade de pensar e agir frente a
situações complexas;
• favorecer o desenvolvimento de destrezas de análise crítica, de resolução de
problemas e de tomada de decisões;
• possibilitar a explicitação e desenvolvimento de teorias práticas de ensino permitir o
exame de sua validade frente à complexidade das situações de sala de aula. Ao
analisar uma situação de ensino, o professor recorre a seus conhecimentos
acadêmicos, suas experiências prévias, seus sentimentos, suas pré-concepções.
E ao redigir casos de ensino, os professores podem:
• focalizar sua atenção em algo que já sabem;
• compartilhar com outras pessoas esse conhecimento;
21
• demonstrar a complexidade dos problemas enfrentados por professores e a
necessidade de articular esses problemas no processo de construção de solução.
Em síntese, se tornar um professor reflexivo por meio da redação de narrativas
envolve mais do que o domínio de algumas técnicas de construção de produções escritas.
Envolve aprender a pensar reflexivamente. Como ferramentas reflexivas facilitam a
explicitação de conhecimentos tácitos e podem revelar pensamentos, motivos, intenções,
concepções, necessidades, pré-concepções, frustrações e outros sentimentos que nem sempre
são evidentes. E nessa perspectiva podem assumir uma função avaliativa como no PM e
indicar as aprendizagens oriundas das experiências sucitadas pelas interações das pis com as
mentoras e da realização das EEA. Considerando ser este também um dos objetivos do PM
temos mais um argumento em favor do uso de casos de ensino como ferramenta de síntese
das experiencias das pis apartir das atividades propostas.
Em termos operacionais, de acordo com Mizukami (2000), os casos de ensino possuem
as seguintes características: são narrativas sobre uma história com começo, meio e fim, que é
espacial e temporalmente especificada, e que reflete as características sociais e culturais dos
contextos em que os eventos relatados ocorrem.
Podem se caracterizar de diferentes modos, conforme Marcelo Garcia (1999):
apresentar um caráter normativo uma vez que se refere à aplicação prática de princípios
teóricos e de resultados de uma investigação (protótipos); apontar os problemas vividos por
professores e possíveis soluções (precedentes); destacar normas, valores, mitos da profissão
(parábolas).
Ao analisarmos o processo de elaboração dos casos de ensino nos dois módulos
observamos que os casos de ensino aprensentados pelas pis apresentaram informações sobre a
escolha profissional das pis, o ingresso na carreira, as dificuldades e dilemas, o contato e
expectativas sobre o PM, o seu desenvolvimento; as aprendizagens e contribuições; as
expectativas a respeito do processo de mentoria em si e dúvidas sobre a sua validade pelo
fato de ser online.
(...) Iniciei o ano de 2005 com uma nova perspectiva: receber
orientações de uma professora experiente via Internet! Mesmo sem
saber exatamente como funcionaria o Programa de Mentoria, fiquei
muito feliz ao ser aceita para participar. (pi I....)
Foi possível apreender as experiências suscitadas no processo de mentoria e que
apresentaram maior repercussão em suas atividades docentes.
(...) A cada mensagem enviada ou recebida eu vibrava, mas em alguns momentos temia ser
desligada do programa, pois sempre escrevia o que pensava, sentia e
realizava. Eu não sabia se estava no “caminho” do que propunha o
22
programa, não sabia se respondia “à altura” das atividades e discussões
propostas. A cada novo contato o trabalho ia ficando mais interessante,
mais instigante e aos poucos ia vendo os resultados na prática com meus
alunos. (pi A...)
(…) no começo do programa trocamos muitas idéias, falamos em
conteúdos, atividades, experiências, mas é importante destacar que
para uma professora iniciante é muito mais difícil fazer este trabalho.
Não tinha o conteúdo, só inseguranças, falta de apoio pedagógico, falta
de profissionais para atendimento a alunos com problemas específicos,
falta de um banco de dados, de união e troca com colegas, de apoio dos
pais, de aulas de reforço para os alunos, ou seja, faltava tudo. O
socorro para preencher essas deficiências, eu o busquei fora da escola,
ou seja, no Portal. (pi Ad....)
Portanto, avalio como uma oportunidade única esta participação e a
forma como ocorreu minha aprendizagem, principalmente porque minha
mentora e eu tínhamos uma ótima sintonia e afinação em nossas
comunicações sempre sinceras e respeitosas. Ela sempre atenciosa para
comigo, com suas sugestões e esclarecimentos dos assuntos que
tínhamos em pauta, além do planejamento e execução do Projeto
Correspondência que realizamos em parceria. (pi C.....)
Dentre as situações apontadas são destacados os registros reflexivos.
(...) Um dos principais aprendizados que tive com minha mentora foi a
utilização de uma linha de raciocínio para a realização de toda e
qualquer atividade pensada, que consiste no conjunto de reflexões “O
que fazer, Com o que fazer, Como fazer, Por que fazer, O que avaliar e
Como avaliar”. Inicialmente essas reflexões eram apenas parte de um
planejamento. Depois acabei compreendendo a importância e a
necessidade de utilizá-las como passos iniciais para todo e qualquer
trabalho. Quando vou planejar alguma atividade logo penso nessas
questões. Esse tesouro vou levar comigo por toda a vida.(pi A...)
(...) Esse registro tem me auxiliado bastante ao escolher as atividades.
Muitas eu já descarto antes de aplicar, pois vejo que com elas não
conseguirei atingir os meus objetivos. Outras, aplico, mas ao registrar as
impressões que tive delas, percebo que posso modificá-las, ou empregar
uma outra estratégia, etc. Consigo avaliar o quanto a atividade foi
proveitosa a partir da reflexão que faço sobre ela. (pi E....)
(...)no PM aprendi a me organizar para registrar minha prática
pedagógica, avaliando melhor as idéias e dificuldades que surgiam
diante de uma situação de ensino e aprendizagem e que, efetivamente,
23
puderam contribuir para eu experimentar e creditar a importância do
Registro Reflexivo. Além disso, o diálogo com uma mentora
proporcionou a mim um espaço para discussões, desabafos, troca de
idéias, sugestões sobre posturas diante de minhas colegas de trabalho e
planejamento de boas situações didáticas de ensino e aprendizagem. (pi
L....)
Salientam aprendizagens diversificadas e em alguns casos as contribuições para o
desempenho da função docente, para melhor compreensão de seu compromisso social e
aprendizagem dos alunos:
Com o passar do tempo fui aprendendo deixar um pouco de lado minhas
atitudes empiristas (trabalhos individuais, textos fora da realidade do
aluno). (...)notei que era preciso adaptar a mesma aula para todos os
alunos, cada um em seu nível. Comecei a procurar e aplicar formas mais
adequadas de trabalho em língua portuguesa. Resolvi então modificar
minha prática nas outras disciplinas também. (pi A....)
(...) Sem dúvida nenhuma, todos os assuntos abordados me ajudaram,
não digo a solucionar todos os problemas, mas a me ajudar a encontrar
um caminho e uma direção para a busca da solução; porque ao mesmo
tempo que consegui dividir as minhas angústias, pude refletir sobre
minha prática e perceber que essas dificuldades não são “um bicho de
sete-cabeças. (pi C....)
(...) Na verdade não sei o que aconteceu realmente, eu aprendi a
estudar, a lecionar, realmente, agora penso em coisas que antes nem
passava pela a minha cabeça, como por exemplo, como verificar quais
conhecimentos as crianças já possuem, quais ainda estão faltando,
como avaliar cada aluno, perceber a necessidade de cada e não mais
ensinar a todos como se fosse um só. O processo da mentoria, foi algo
novo para mim, pois a cada mensagem eu pensava em mais coisas, e
realizava e depois mandava o relato, as crianças também
aprenderam...(pi Ad...)
As análises das pis sobre o impacto do PM são muito positivas e apontam os resultados
obtidos nas suas investidas para superar as dificuldades caracter’siticas das fases iniciais da
docência.
(...)Ao final deste programa de mentoria me sinto mais fortificada no
meu modo de agir dentro de uma sala de aula, e com os pés no chão,
pois sei que agora tenho um pouco mais de experiência, pois as
dificuldades que enfrentei foram superadas com a ajuda de minha
mentora, mas que mesmo assim obstáculos irão surgir, mas terei mais
confiança em mim mesma, como profissional. (pi E...)
24
(...)fiquei muito feliz com o que consegui com essa turma! E o programa
de mentoria foi o grande responsável pelo meu sucesso! (pi C...)
(...) hoje julho de 2006, dando aula para uma 1ª série em uma outra
escola municipal com uma realidade também difícil, me sinto segura,
posso ainda não saber tudo mas tenho clareza dos meus pontos fracos e
a cada dia me fortaleço mais na minha prática e a mentora Regina me
ajudou a me sentir assim.(pi N...)
(...)Alguns dias depois, recebi um telefonema de uma coordenadora do
Programa. Aí eu acreditei. A partir desse momento comecei a me
construir como professora. Logo percebi que havia ganhado na loteria. O
programa era 1000.(pi I....)
Notamos que as interações nessa fase de desligamento são mais espaçadas e de um
modo geral focadas nos casos de ensino, embora eventos do dia-a-dia das pis sejam também
abordados. Notamos que para algumas mentoras as pis passam a ser vistas como profissionais
autômomas.
A decisão de adotar os casos de ensino como ferramenta suplementar para avaliar o
desenvolvimento das professoras iniciantes e se estavam prontas para serem “desligadas” se
mostrou adequado, pois – a partir da síntese do processo configurado em cada caso – pudemos
confrontar essas produções com as avaliações processuais realizadas pelas mentoras ao longo
do programa. Nessa comparação geralmente as avaliações eram consistentes – isto é, o grupo
de pesquisadoras e mentoras concordavam entre si sobre os progressos das pis. Nas discussões
foram considerados o envolvimento da pi nas atividades propostas; os avanços; a capacidade
de enfrentamento frente a situações novas; os progressos observados nos registros reflexivos.
Entretanto, em alguns casos nos deparávamos com a resistência da mentora em
“liberar” suas pis, vendo-as ainda necessitando de auxílio, elevando de certo modo
gradualmente o grau de exigências para o “desligamento”. Este possivelmente foi o aspecto
paradoxal do PM; as mentoras se tornaram dependentes de suas pis.....
Algumas palavras finais
O desenvolvimento e a investigação do PM se mostrou um processo desafiante e rico.
A partir das características definidas pelo grupo de pesquisadoras e mentoras para a sua
condução foi possível mais bem conhecer as dificuldades enfrentadas por pis como também os
processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional da docência.
25
Embora cada díade mentora-professora iniciante tenha constuido uma trajetória
singular do processo de desenvolvimento do PM, com ritmos e padrões próprios, percebemos
que esta segue um ciclo vital composto de fases distintas: inicial ou de aproximação; desenvolvimento
ou aprofundamento; desligamento que por sua vez apresentam características, objetivos e procedimentos
específicos.
Cada uma dessas fases implicou a discussão de determinados temas entre
professoras iniciantes e mentoras; exigiram apoios específiicos das mentoras, considerando-se
as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes; e apresentam momentos
ou períodps críticos, em que observamos novas aprendizagens.
Um aspecto importante ao se considerar o desenvolvimento de programas de
mentoria ou indução sem dúvida é a de que as fases identificadas sofreram influência do
período letivo. Observou-se uma sazonalidade nos processos vivenciados, isto é dos temas
tratados e apoios demandados pelas pis. Há indícios que o processo de mentoria flui melhor
no decorrer dos primeiros semestres dos anos letivos, pois há uma maior disponibilidade das
pis atenderem as solicitações e sugestões de suas mentoras. O segundo semestre parece ser
“mais pesado” e difícil para assumirem novas atitudes ou mesmo realizarem as tarefas
propostas pelas mentoras, o que não significa porém considerarmos que devem ter por esse
motivo curta duração.
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Calderhead, J.; Calfee, R. C. (ed). Exploring teachers’ thinking. New York, Macmillan, 1996.
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26
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formação. In: Pradao, G. G. do V. T e Solgo, R. – Porque escrever é fazer história, Campinas,
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Wasser, J.D; Bressler, L. Working in the interpretative zone: conceptualizing collaboration in
qualitative research teams. Educational Research, v.25, n.5, 1996. p.5-15.
1 Experiências de ensino e aprendizagem - (...) situações estruturadas de ensino e aprendizagem, planejadas pelas pesquisadoras
e pelas professoras da escola e implementadas pelas professoras, a partir de temas por elas elencadas como sendo de interesse
individual ou grupal e discutidas coletivamente. Essas experiências constituem processos circunscritos – que podem implicar ações
juntos a pequenos grupos de professores ou junto às salas de aulas envolvendo professora e alunos – geralmente oriundas de
dificuldades práticas relativas à compreensão de componentes curriculares ou de desafios propostos pelo dia-a-dia da escola e das
políticas públicas. (Mizukami, et. al,2002).
2 A ser explicitado em detalhes na seção seguinte.
3 Algumas dessas idéias foram apresentadas anteriormente por Reali e Reyes (2007) – Práticas de ensino: represenstações sobre o
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Fases de um Programa de Mentoria Online para Professores Iniciantes

  • 1. Programa de Mentoria Online para professores iniciantes: fases de um processo Aline M. de M. R. Reali – darr@ufscar.br Regina M. S. P. Tacncredi- drpt@ufscar.br Universidade Federal de São Carlos, SP-Brasil M. da Graça N. Mizukami- gramizuka@gmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP - Brasil Neste artigo identificamos, descrevemos e analisamos as fases evidenciadas no desenvolvimento do Programa de Mentoria (PM) do Portal dos Professores da UFSCar (wwww.portaldosprofessores.ufscar.br) e que foram caracterizadas a partir de demandas formativas das professoras iniciantes e apoios promovidos pelas mentoras participantes. O PM estudado se carateriza por ser online, é dirigido para professores dos anos iniciais do ensino fundamental com até cinco anos de experiencia; é conduzido por três pesquisadoras e dez mentoras que acompanharam, a distância e por meio de correspondências eletrônicas, 42 professoras iniciantes (pis) durante períodos entre 6 meses a dois anos e meio. Cada mentora acompanhou individualmente entre 3-4 pis. Como base teórica consideramos literatura relativa a aprendizagem e desenvolvimento profissional da docência; início da carreira docente; processos de mentoria e educação a distância. Metodologicamente desenvolvemos uma pesquisa-ação a partir de estratégias construtivo-colaborativas. As principais fontes de dados foram as correspondências trocadas entre mentoras e pis; diários reflexivos de mentoras e pis; redação de casos de ensino pelas pis; registros de observação das reuniões semanais ocorridos entre pesquisadoras e mentoras. Coube às pesquisadoras definir os passos da investigação, instrumentos de coleta e análise de dados; as pesquisadoras e mentoras a definição das atividades do PM, isto é a intervenção. Os resultados apontam que os processos de mentoria investigados ocorrem segundo fases distintas(fase inicial ou de aproximação; fase de desenvolvimento ou aprofundamento; fase de desligamento) com características, objetivos e procedimentos próprios. Cada uma dessas fases implicou a discussão de determinados temas entre professoras iniciantes e mentoras; exigiram tipos de apoios específicos das mentoras, considerando-se as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes; e apresentam períodos ou momentos críticos, em que observamos mais claramente mudanças nas participantes: um novo posicionamento ou novas aprendizagens. No geral, observamos certa sazonalidade dos processos vivenciados, isto é dos temas tratados e apoios demandados. Algumas idéias iniciais Neste artigo identificamos, descrevemos e analisamos as fases evidenciadas no desenvolvimento do Programa de Mentoria (PM) do Portal dos Professores da UFSCar e que foram caracterizadas a partir de demandas formativas das professoras iniciantes e apoios 1
  • 2. promovidos pelas mentoras participantes. O PM estudado se carateriza por ser online, é dirigido para professores dos anos iniciais do ensino fundamental com até cinco anos de experiencia docente; é conduzido por três pesquisadoras; dez mentoras que acompanharam, a distância e por meio de correspondências eletrônicas, 42 professoras iniciantes durante períodos entre seis meses a dois anos e meio. Para o desenvolvimento do PM contamos como contexto o Portal dos Professores. O Portal dos Professores é um site (www.portaldosprofessores.ufscar.br) que tem como objetivos fomentar o desenvolvimento profissional de professores do ensino básico e visa atender com auxílio de profissionais experientes da rede pública de ensino e da própria universidade, professores em diferentes fases da carreira docente e níveis de ensino e outros agentes educacionais. O Portal visa possibilitar o acesso a um conjunto variado de informações por parte dos professores e o estabelecimento de uma comunidade de aprendizagem profissional, predominantemente via Internet, por meio dos inúmeros programas e atividades nele desenvolvidos. Na proposição do PM levamos em conta a importância de uma formação docente qualificada em face aos inúmeros problemas educacionais evidenciados em nosso, embora tenhamos clareza das dificuldades de explicitar-se tal influência sobre desempenho dos alunos, e acreditamos fortemente na relação entre uma boa formação profissional e uma atuação competente. Acreditamos que os conhecimentos derivados dessa investigação sirvam de subsídios para os programas de indução, ou seja, de acompanhamento de professores iniciantes, para o desenvolvimento de programas de formação de mentores, para o delineamento de ações voltadas para a ampliação da base de conhecimentos de professores em diferentes fases da carreira assim como para o uso da WEB como espaço de formação profissional. Como base conceitual para o seu desenvolvimento consideramos: idéias referentes ao caráter processual e social do aprender a ensinar e a ser professor; que professores, dependendo da fase da carreira que se encontram, demandam ações formativas específicas e que as interações sociais não mais necessitam estar confinadas a um espaço geográfico específico ou limitado já que as pessoas podem interagir umas com as outras a partir de qualquer espaço e em qualquer tempo, como se dá via Internet. Há fortes indícios apontando para a necessidade de voltamos nossa atenção para um período crítico no desenvolvimento profissional de professores – o início da carreira docente. Em linhas gerais, trata-se de uma fase em que o jovem profissional aparentemente sofre de um tipo de “miopia” (Grossman, Thompson e Valencia, 2001) posto que focaliza primordialmente em suas competências como professor e o gerenciamento das demandas 2
  • 3. mais imediatas da sala de aula. Sua visão, durante algum tempo, permanece fixa sobre os contextos mais próximos de atuação. Nessa perspectiva, luta para desenvolver um repertório de comportamentos profissionais relacionados ao ensinar e ao ser professor, ao conteúdo específico que deve ensinar e à sua representação adequada de maneira que os alunos aprendam. Notamos uma lacuna na literatura nacional referente as fases iniciais da carreira docente e sobre programas de mentoria. Notamos igualmente a ausência de políticas públicas consolidadas dos diferentes sistemas e níveis de ensino que levem em conta tais aspectos. Tampouco há estudos sobre professores experientes ensinando outros professores a ensinar. Raramente os contextos de atuação profissional dispõem de recursos voltados para minimizar as dificuldades características dessa fase da carreira ou mesmo de outras mais avançadas, pois em nosso país não há a tradição de a escola se constituir um ambiente de desenvolvimento profissional sistematizado bem como de acompanhamento da inserção profissional de professores iniciantes. Destaca-se que embora o professor iniciante venha sendo sujeito de inúmeras pesquisas, poucas têm sido as iniciativas em investigar como as dificuldades características desse período podem ser minimizadas por meio de programas que envolvam o seu acompanhamento por profissionais mais experientes, os mentores. Defendemos processos de desenvolvimento profissional da docência centrados na escola, e consideramos no progama desenvolvido, que apesar de ser online essa caraterística foi respeitada. Ao centrar-se na escola tendo em vista o seu foco, ainda que “virtualmente”, foi viável o estabelecimento de uma rede de diálogo entre professoras iniciantes e mentoras e de uma comunidade de aprendizagem que envolveu mentoras e pesquisadoras cujos desenvolvimentos consideraram as características dos diferentes contextos de atuação das iniciantes. Entendemos que os processos de criação, expansão, troca e desenvolvimento ocorreram sem prejuízos para diversos participantes. No Programa proposto objetivamos formar mentores para atuar por meio da Internet junto a professores iniciantes e investigar os processos envolvidos e as contribuições de um programa de desenvolvimento profissional de mentores para o exercício das atividades de mentoria o que permitiu compreender como se configura a base de conhecimentos de professores experientes ao atuarem como mentores, como pode ser desenvolvida e como se apresenta tendo em vista o seu contato com professores iniciantes durante um certo período de tempo a distância. Na investigação conduzida adotamos perspectivas que tentam compreender - por meio de métodos que procuram apreender e refletir - a complexidade dos processos envolvidos na vida da escola e as características singulares de seus participantes. Esses modelos de pesquisa 3
  • 4. e intervenção implicam conhecer a realidade em que os professores atuam, o que pensam, o que fazem e porque o fazem para, colaborativamente, refletir com eles sobre as situações vivenciadas e, caso necessário, construir formas de enfrentamento que considerem as especificidades das escolas e da comunidade. Para tanto é necessário estabelecer com as escolas e seus professores um trabalho processual, que se defina pelo caráter de “via de mão dupla”, evitando encará-los apenas como fornecedores de dados para a atividade de pesquisa. Em linhas gerais, isso significou conceber que as partes envolvidas – em especial mentoras e pesquisadoras - assumem papéis de natureza colaborativa, em que cada um tem o que aprender com o outro e em que a relação estabelecida entre elas é multifacetada e não hierarquizada. Nessa linha as situações consideradas dilemáticas ou problemáticas exigiram a tomada de decisões e a construção de soluções conjunta em conformidade com Cole e Knowles (1993). Ademais, com o advento da tecnologia computacional, as interações sociais podem ampliadas o que possibilita que a internet se converta numa ferramenta propícia para o desenvolvimento de processos de mentoria, como o proposto pelo Portal dos Professores da UFSCar. Programas desenvolvidos por essa midia são muitas vezes denominados de “mentoria virtual”ou “telementoria” (Knapczyk, Hew, Frey e Marencik, 2005) e o uso de emails ou teleconferências oferecem suporte quando relações face-a-face entre mentor e mentorados são inviáveis ou desnecessárias. Algumas vantagens podem ser pontuadas nesse sistema tendo em vista programas de mentoria: um professor iniciante pode receber orientações de um professor experiente que se encontra distante geograficamente; mentores e iniciantes podem interagir numa frequência e em momentos e períodos que os encontros presenciais nem sempre permitem; o fato de permitir contatois assíncronos possibilita a troca de mensagens com conteúdos mais refletidos e orientados para o objetivo central do processo; além disso permite uma maior privacidade e assim assuntos delicados e pessoais podem ser abordados, o que nem sempre a comunicação face-a-face favorece. Dadas essas características e a inexistência de pesquisas no Brasil que examinem tais processos na interação de professores experientes com iniciantes, nessa pesquisa sobre o programa de mentoria on-line da UFSCar, buscamos identificar e se o processo promovido apresenta fases em seu desenvolvimento que apontem para o desenvolvimento profissional das participantes – em especial das professoras iniciantes acompanhadas; descrever a configuração desses períodos e analisar variáveis que intervêm nas interações estabelecidas. Partimos do pressuposto que ao investigar esses aspectos podemos oferecer subsídios para o planejamento do desenvolvimento do ofício da docência e de sistemas educacionais 4
  • 5. tendo como base a cooperação, que deve estar inscrita na organização do trabalho da escola (ciclos, procedimentos pluridisciplinares e outras formas instituídas de ação coletiva) na perspectiva apontada por Thurler e Perrenoud (2006). Embora no caso em pauta, cooperação se dê fora do âmbito escolar, analisar como ocorre o desenvolvimento profissional de professores iniciantes quando em contato com professores mais experientes é importante dada a escassez do conhecimento sobre programas de mentoria em geral e a respeito do seu desenvolvimento online, em particular, considerando a realidade brasileira. No presente artigo descrevemos as diferentes fases evidenciadas no PM e os principais procedimentos adotados. As bases teórico-metodológicas para o desenvolvimento e investigação do Programa de Mentoria da UFSCar Nas últimas décadas, a pesquisa sobre o ensino e sobre os processos de escolarização passou por um período de mudanças conceituais e metodológicas. Cada vez mais, os professores e as práticas pedagógicas têm sido investigados a partir de perspectivas que tentam compreender - por meio de métodos que procuram apreender e refletir - a complexidade dos processos envolvidos na vida da escola e as características singulares de seus participantes. Concebemos que a aprendizagem da docência e a socialização profissional tem como fundamento as experiências vivenciadas pelos professores e seus modos de conhecimento e sofrem a influência de fatores diversos: afetivos, cognitivos, éticos, de desempenho. Tais processos são iniciados desde as primeiras experiências escolares e acompanham a trajetória profissional dos professores (Cole e Knowles, 1993). Essas aprendizagens se dão ainda no âmbito da própria atuação ao considerar-se a natureza dinâmica dos contextos em que ocorrem: as salas de aula. Compõem uma base de conhecimento que é constituída por um conjunto de compreensões, conhecimentos, habilidades e disposições necessárias para atuação efetiva em situações específicas de ensino e aprendizagem, que se caracterizam por ser de diferentes de tipos e que apóiam seus processos de tomada de decisões (Shulman, 1986, 1987). Outras conhecimentos profissionais dos professores podem ser considerados: conhecimento pessoal prático, conhecimento da profissão, conhecimento de casos, conhecimento dos fundamentos educacionais, metáforas, dentre outras – e que são igualmente importantes para o processo de desenvolvimento profissional da docência (Schoenfeld,1997). A pesquisa na área de formação de professores aponta que as práticas docentes são fortemente determinadas pelos seus conhecimentos, crenças, metas e hipóteses assim como 5
  • 6. também das concepções que mantêm sobre a matéria que lecionam, conteúdo curricular, alunos e aprendizagem. Por essa razão os programas de formação continuada devem estar adaptados as necessidades específicas dos professores e seus contextos de atuação e os seguintes aspectos devem ser considerados: a. a aprendizagem do adulto se volta mais diretamente ao prático que ao teórico (Darling-Hammond, 1994, Marcelo Garcia, 1998, Calderhead, 1996, Schoenfeld, 1997); b. a reflexão sobre a ação pedagógica é uma estratégia poderosa para a formação continuada de professores, a qual deve ocorrer, a partir das suas experiências; c. os professores necessitam tempo e espaço mental – que deveriam ser assegurados institucionalmente pelas políticas públicas de educação – para se desenvolverem profissionalmente (McDiarmid, 1995). Advogamos que a escola - enquanto local de trabalho -, assuma importância considerável na promoção do desenvolvimento profissional de seus participantes (professores, corpo técnico-administrativo, alunos, famílias, comunidade). Centrar a formação continuada nesse espaço pode reverter em benefícios para a escola e para os processos de ensino e de aprendizagem nela realizados. É necessário, portanto, propiciar um ambiente de apoio e crescimento profissional aos professores em seu local de trabalho ou a partir de suas características. Ao estudar os fenômenos ocorrentes nas escolas, nas salas de aula e o trabalho de professores, os pesquisadores mais recentemente têm penetrado nas salas de aula e nas escolas para observar, participar e discutir o ensino e a aprendizagem com os seus principais protagonistas: os professores e os alunos. Tais investigações caracterizam-se por uma inserção mais prolongada na escola dos chamados “parceiros” da universidade. O modelo de pesquisa e intervenção implica, nesses casos, conhecer a realidade em que os professores atuam, o que pensam, o que fazem e porque o fazem para, colaborativamente, refletir com eles sobre as situações vivenciadas e, caso necessário, construir formas de enfrentamento que considerem as especificidades das escolas e da comunidade. Neste sentido, há necessidade de se estabelecer com as escolas e seus profissionais um trabalho processual, que se defina pelo caráter de “via de mão dupla”, evitando encará-los apenas como fornecedores de dados para a atividade de pesquisa. À luz desse paradigma investigativo (por muitos designado como construtivo-colaborativo ou pesquisa-ação) torna-se essencial conceber que as partes envolvidas assumem papéis de natureza colaborativa, em que cada um tem o que aprender 6
  • 7. com o outro e em que a relação estabelecida entre os professores da escola e os pesquisadores da universidade é multifacetada e não hierarquizada. Adicionalmente, as situações consideradas dilemáticas ou problemáticas exigem a tomada de decisões e a construção de soluções num sentido de mão dupla, segundo Cole e Knowles (1993). Mizukami et al (2002) destacam que ao assumir esse modelo de pesquisa há uma tendência para a inquirição, a qual objetiva gerar novos conhecimentos ao contemplar problemas do dia-a-dia escolar. Essa atitude reflexiva exige diálogo, conversações, trocas e desenvolvimento profissional recíproco mentre professores e pesquisadores. Ao enveredarem por tais processos, colaboram entre si permitindo o desenvolvimento decompreensões mútuas e de consensos, a promoção de tomada de decisão democrática e ação comum (Clark et al, 1996, 1998). As ações colaborativas envolvem a interpretação dos dados e do contexto ao qual se referem (Wasser e Bresler, 1996) e possibilitam levar em conta múltiplas visões no processo de atribuição de significado e de construção de soluções aos problemas identificados. No caso do presente projeto, cujo caráter é de uma pesquisa-intervenção, as idéias apontadas anteriormente são consideradas básicas tendo em vista o caráter processual e colaborativo da pesquisa, embora não tenhamos nos inserido num contexto escolar em específico. Ademais intecionamos promover aprendizagens profissionais de professores em diferentes fases da carreira e fomentar o seu profissionalismo. Para tanto, os seguintes aspectos foram considerados: o cenário atual das reformas educativas e o papel da educação a distância nesse contexto; a limitação dos processos de formação inicial e continuada; a necessidade premente de que os professores (de diferentes níveis e modalidades de ensino) desenvolvam uma base de conhecimento sólida e compatível com as demandas da sociedade em relação à escola. Consistentemente adotamos estratégias construtivo-colaborativas de pesquisa e intervenção, o que significou que muitas das ações foram definidas ao logo do tempo, em função dos acontecimentos e análises sobre os mesmos. Como fontes de dados utilizamos as correspondências eletrônicas trocadas entre cada mentora e suas professoras iniciantes e aquelas das mentoras entre si e com as pesquisadoras (e que foram armazenadas em local específico do Portal dos Professores); diários reflexivos das mentoras e professoras iniciantes e as transcrições dos encontros semanais que contavam com a participação das mentoras e pesquisadoras. Consideramos que os dados obtidos compuseram um conjunto de narrativas sobre os processos promovidos e por isso foi necessário o estabelecimento de algumas rotinas de análise das mesmas. 7
  • 8. A cada semana liamos essas narrativas e procurávamos estabelecer o foco e temas tratados. Em seguida essas informações eram sistematizados numa linha do tempo de modo que pudéssemos acompanhar o que cada professora iniciantes estava “conversando” com sua mentora. Esses dados eram complementados com informações das mentoras sobre os processos de mentoria conduzidos, as experiências de ensino e aprendizagem realizadas e dificuldades ou dilemas enfrentados a partir de um relato semanal escrito por cada uma delas. As informações referentes as professoras iniciantes e sua interação com suas menoras eram então compiladas num quadro síntese semanal que servia de pauta inicial para a renião semanal mantida entre mentoras e pesquisadoras. Nas reuniões pudemos definir as características do PM e seus desdobrarmentos bem como promovemos o desenvolvimento profissional das mentoras. Os dados relativos as reuniões eram também compilados numa linha do tempo e serviam para as pesquisadoras acompanharem o seu andamento. Os dois conjuntos de dados serviam portanto para definirmos os passos da intervenção como também construirmos as respostas as questões de pesquisa. Numa primeira etapa, de outubro de 2003 a junho de 2004, as professoras experientes por meio de encontros semanais de duas horas de duração com as pesquisadoras elaboraram as bases do PM, seu currículo e características. Essa foi ainda uma etapa do processo formativo de mentoras já que um conjunto de atividades (estudos de casos, de textos, discussões, relatos escritos e a discussão de temas comuns ao desenvolvimento e implementação do Programa de Mentoria) foi desenvolvido visando de a construção da identidade e de um repertório de comportamentos profissionais relativos ao acompanhamento de professoras iniciantes. Nesse processo junto às mentoras consideramos suas concepções sobre ensino, aprendizagem, conhecimento, alunos, professor, escola, currículo etc., bem como o que qualificaram como necessário para desempenhar o papel de mentoras. Além disso, foram delineadas as características gerais e definidos os pressupostos, o “currículo”, as atividades, a duração do Programa de Mentoria. Numa segunda etapa, de julho 2004 a junho de 2005, as mentoras foram capacitadas no uso da informática e da internet. A terceira etapa, a mais importante, teve início em março de 2005 e foi até dezembro de 2007 quando onze mentoras atuaram junto a 52 professoras iniciantes. Usamos o feminino, mas houve um professor no grupo das iniciantes. Nesses contatos, professoras iniciantes e mentoras desenvolvem um conjunto de experiências de ensino e aprendizagem (MIZUKAMI et al, 2002) que compõem situações estruturadas planejadas conjuntamente por mentoras e professoras iniciantes, são desenvolvidas pelas professoras iniciantes em suas classes e estão voltadas para a minimização de dificuldades específicas indicadas pelas professoras iniciantes. As experiências de ensino e aprendizagem 8
  • 9. podem ser relacionadas às práticas pedagógicas em sala de aula, ao ensino de um conteúdo específico ou podem envolver atividades como a interação das professoras iniciantes com a comunidade dos pais dos seus alunos e serão mais bem descritas mais adiante. Considerando o modelo contrutico-colaborativo de pesquisa adotado, cabia às pesquisadoras estabelecer os passos da pesquisa, instrumentos e modos de análise e ao coletivo pesquisadoras e mentoras as indicação das atividades do PM. Para isso foram consideradas as avaliações das mentoras sob sua responsabilidade, as discussões semanais mantidas entre elas e as pesquisadoras e as correspondências virtuais trocadas entre mentoras e professoras iniciantes, os diários reflexivos de mentoras e professoras iniciantes, além de outros materiais como casos de ensino. Formalmente o PM foi idealizado para ser desenvolvido em 120 horas ao longo de um ano. Entretanto, considerando a manifestação de algumas iniciantes concluintes dessa primeira fase e da avaliação das mentoras sobre o seu progresso foi acordado a realização de um módulo suplementar com características específicas. Essa decisão implicou portanto o desenvolvimento do programa em dois módulos distintos. Um primeiro (Módulo 1), que envolveu a troca de correspondências e a condução de experiências de ensino e aprendizagem pelas pis sob a supervisão estreita de sua mentora e que era finalizada com a elaboração de um caso de ensino pela pi sobre o seu desenvolvimento profissional a partir de sua participação junto ao programa. Um segundo módulo (Módulo 2) foi conduzido com algumas pis a partir de seu interesse em continuar a manter contato com a sua mentora e nesse caso a professora desenvolveu ao menos uma experiência de ensino e aprendizagem de modo mais independente em relação a sua mentora. Nesse segundo módulo cada pi foi certificada em mais 60 horas. Destacamos ainda que o Programa de Mentoria apresentou duração de no mínimo seis meses e um máximo de dois anos e oito meses. Estiveram envolvidas no programa 52 professoras iniciantes (pis), das quais cinco, logo no início dos contatos com as mentoras, desistiram. Do total das pis participantes, 39 concluíram o primeiro e dessas dez o segundo módulo. Lembramos que o Programa atendeu professoras com menos de cinco anos de experiência docente e que foram selecionadas a partir de suas respostas a um questionário sobre as dificuldades por elas enfrentadas e facilidade de uso da Internet. O grupo de mentoras era composto por onze professoras com experiências diversificadas e com mais de 15 anos de atuação cada uma delas. No geral eram percebidas pelas comunidades escolares como professoras bem-sucedidas e apenas quatro delas tinham experiência anterior como formadoras. Nenhuma delas havia atuado em programas a distância. 9
  • 10. Ciclo Vital (linha do tempo) do Processo de Mentoria: fases e procedimentos Ao longo da realização do PM pudemos identificar a vivência de fases que apontam para o desenvolvimento profissional das participantes – em especial das professoras iniciantes o que permitiu descrever a configuração desses períodos. A partir dos dados obtidos podemos afirmar que os processos de mentoria investigados ocorrem segundo etapas distintas (fase inicial ou de aproximação; fase de desenvolvimento ou aprofundamento; fase de desligamento) com características, objetivos e procedimentos próprios, embora os temas tratados possam se repetir. Cada uma das fases identificadas implicou a discussão de determinados temas entre professoras iniciantes e mentoras e exigiu apoios específicos das mentoras, considerando-se as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes. Além disso, essas diferentes etapas apresentaram momentos ou períodos críticos em que observamos mais claramente mudanças nas participantes: um novo posicionamento ou novas aprendizagens. Na dos processos de mentoria conduzidos pelas diferentes díades (mentora – pi) observamos que problemas relativos à escolha de classe; ao manejo de sala e relacionados ao conhecimento da cultura da escola ocorrem mais freqüentemente no início do ano letivo enquanto que dificuldades relativas ao desenvolvimento e manutenção de atitude positiva frente as atividades de ensino e ao papel docente e o atendimento das necessidades específicas dos alunos ocorrem mais no segundo semestre. Ao observarmos a sazonalidade dos temas tratados e apoios demandados percebemos indícios de que o processo de mentoria flui melhor no decorrer dos primeiros semestres dos anos letivos, pois há uma maior disponibilidade das pis atenderem as solicitações e sugestões de suas mentoras. O segundo semestre parece ser “mais pesado” e difícil para as pis assumirem novas atitudes ou mesmo realizarem as tarefas propostas pelas mentoras. A sazonalidade evidenciada na manifestação das dificuldades das pis do Programa de Mentoria encontra apoio da descrição das experiências e atitudes de professores em seu primeiro ano de atuação, conforme proposto por Moir (1999) e descrito por Villani (2002). A recorrência dos problemas indicados observados nos diferentes semestres letivos se justifica ao considerarmoas as relações precárias de trabalho estabelecidas entre as pis e as escolas – como é o caso de atuar com contratos temporários de trabalho – e o que faz que uma mesma professora tenha que atuar em contextos escolares muito diferentes; ensinar para várias séries e adaptar-se a comunidades escolares particulares ao longo dos primeiros anos de docência. 10
  • 11. A característica sazonal dos problemas enfrentados pelas professoras iniciantes da um tom também sazonal às dinâmicas de apoio oferecidas pelas mentoras. Entretanto identificamos a ocorrência de fases seqüênciais mais ou menos delimitadas cuja duração temporal é variável, a saber: uma inicial ou de aproximação, uma relacionada ao desenvolvimento e uma terceira de encerramento. 1. A fase inicial ou de aproximação pode ser descrita como um período de apresentação, contatos iniciais e investigação para conhecimento e busca de afinidades (Erika) e contempla apresentação da mentora, do programa e da PI (mentora Rose). É um período de busca de informações como a identificação da necessidade do professor, caracterização da escola – estrutura física, equipe pedagógica, descrição dos alunos e características da sala de aula (mentora Mônica). Trata-se também de uma fase de descobertas, pois o levantamento de conhecimentos prévios, caracterização dos alunos e das dificuldades vividas pela PI, descobertas de ambas as partes do que será interessante e/ou relevante estabelecer como foco das interações (mentora Daniela). É uma fase em que a imagem da pi (e pode-se supor que da mentora da parte da pi) é delineada a partir das primeiras impressões. Trata-se de um momento ou período crítico já que a forma pela qual as palavras são colocadas podem gerar um tipo de postura que afeta a interação posterior. No geral, as mensagens trocadas nesse período apresentam características tais que definem as etapas posteriores: Algumas PIs fazem longas apresentações, contam de sua vida pessoal; outras são mais diretas e sucintas. Esta atitude, quase sempre, vai nortear a maneira como serão as interações dali para frente, com maior ou menor intensidade, intimidade e até mesmo, a disposição e confiança para que sejam expostas opiniões pessoais sobre assuntos mais delicados. Nesta fase também ocorre a descrição da escola onde a PI trabalha, de seus alunos, seu nível de desenvolvimento ou de dificuldade e as expectativas da PI quanto ao Programa. (mentora Cristina) [É uma fase para o ] estabelecimento de combinados e regras para a interação, tentativa de criar vínculos (de confiança, principalmente). ( mentora Daniela) As mentoras usualmente enviam mensagens de boas vindas calorosas e gentis. No início da realização do programa, o grupo de mentoras analisava intensamente as mensagens iniciais. Com a ampliação de sua experiência, aos poucos as mentoras foram adquirindo mais autonomia em relação a condução das interações nessa fase inicial. Ao analisar meus contatos com as pis observo que a fase de iniciação ocorreu praticamente da mesma forma com as três: mensagem de boas vindas, identificação da necessidade do professor, caracterização da escola – estrutura física, equipe pedagógica, descrição dos alunos e características da sala de 11
  • 12. aula. Porém, com cada pi, (...) houve um aprimoramento da minha interação com as professoras de acordo com a experiência que se estabelecia.(mentora Mônica) Essa fase é encerrada quando a mentora em conjunto com a sua pi delimitam os problemas que serão abordados na fase subseqüente. 2. Nesse momento tem início a fase de desenvolvimento ou aprofundamento, que implica na consolidação das interações entre mentoras e pis por meio da discussão focalizada e aprofundada de um ou mais temas relacionados as dificuldades enfrentadas por estas últimas. É uma fase que envolve a realização de atividades práticas ou de experimentações pelas pis sob a supervisão das mentoras e que são acompanhadas e avaliadas (...) através de relatos: dúvidas, constatações, dificuldades, retomadas, mudanças, ajustes. A sistematização desses momentos não significa que devem estar sendo contemplados em todas as experiências de ensino e aprendizagem desenvolvidas (mentora Maria Inês). De acordo com a mentora Daniela é um período marcado por mensagens mais substanciais e pontuais, referentes a situações reais, concretas uma vez que focam um tema específico para discutir, é repleto de questionamentos. Ali ocorrem pesquisas bibliográficas, troca de experiências entre as mentoras e a pi é muito solicitada. Desta fase podem surgir outras situações, ao longo do processo, caso o trabalho surta efeitos positivos, caso aconteça alguma situação que desvie o foco anterior, caso a pi não responda satisfatoriamente aquilo que foi proposto. Nesta fase, também, aparecem os resultados, revelados nas experiências de ensino e a prendizagem e a pi pode iniciar um processo de maior independência de sua Mentora ( mentora Cristina). É um período de aprendizagens intensas tanto para as pis como para as mentoras, (...) vem então a fase do desenvolvimento da aprendizagem. Aprendizagem esta que acontece dos dois lados. Aprendi muito na interação com minhas PIs e certamente elas aprenderam algo comigo também. (mentora Regina) As experiências vivenciadas nesse período configuram-se como contexto natural para o processo de mentoria auxiliar as pis no enfrentamento de suas dificuldades e facilitar o seu engajamento na construção de repertórios comportamentais profissionais mais competentes. No programa desenvolvido, esse contexto foi estabelecido a partir da realizaçãode um conjunto de atividades relacionadas ao o planejamento e desenvolvimento de experiências de ensino e aprendizagens (EEA) descritas a seguir. 2.1. As experiências de ensino e aprendizagens (EEA) – ferramentas para o desenvolvimento de professores em diferentes fases da carreira 12
  • 13. O desenvolvimento das EEA 1 foi definido junto ao grupo de mentoras e pesquisadoras logo nos primeiros meses de funcionamento do programa a partir da constatação de que muitos trabalhos junto às professoras iniciantes estavam sendo conduzidos sem uma direção definida pelas mentoras e que muitas das propostas apresentadas às professoras iniciantes não eram por elas desenvolvidas. Nessa época, notamos que muitas mentoras apresentaram dificuldades em conduzir o processo de orientação das pis posto que esforçavam para responder as dúvidas e a colaborar nas dificuldades enfrentadas. As trocas de correspondência apresentavam alta freqüência, o seu teor amplo e envolvendo problemáticas de muitas naturezas, uma vez que ao mesmo tempo que eram solicitadas informações, havia a cobrança de “tarefas” da parte das mentoras e a apresentação de novas dificuldades pelas pis. A avaliação de nossa parte reforçou a idéia de que pelo fato de serem iniciantes, as mentoras queriam auxiliar as suas mentoradas em todas as dificuldades e simultaneamente estavam com dificuldades em dosar as solicitações a elas apresentadas e avaliar os resultados obtidos. As EEA foram compreendidas nessse caso como situações estruturadas, planejadas pelas mentoras com cada uma das pis e por elas implementadas a partir de temas apontados como sendo de seu interesse. Se baseram em experiências anteriores das pesquisadoras e foram definidas da seguinte forma pelas mentoras e pesquisadoras: O objetivo principal do desenvolvimento de uma experiência de ensino e aprendizagem (EEA) é promover a aprendizagem, a construção de novos conhecimentos e a autonomia da pi, para que possa enfrentar as diversas situações que ocorrem na dinâmica da sala de aula e na escola. No âmbito do PM, uma EEA surge de uma necessidade expressa pela iniciante, deriva de um problema relacionado necessariamente à tarefa docente (da prática pedagógica, do cotidiano da escola ou da aprendizagem de um conceito/procedimento). Em colaboração, iniciante e mentora definem o tema a ser desenvolvido e passos que podem ser reconstruídos/ampliados/ modificados ao longo do tempo, em função do que vai ocorrendo durante o processo. O enfrentamento da situação deve ser feito de forma organizada, envolvendo a realização de atividades, relatos descritivos/reflexivos, questionamentos, inquirições, experimentações, aplicações, retomadas. Não tem duração pré-determinada, mas tem começo, meio e fim. Os objetivos da EEA, embora possam estar claros para a mentora, podem ir se constituindo, para a iniciante, no decorrer das interações, à medida que as atividades se desenvolvem e são relatadas por ela. (Reunião pesquisadoras e mentoras – agosto/2007) Em linhas gerais o desenvolvimento dessas experiências caracteriza um processo circunscrito – a partir de um problema concreto relacionado a atividade docente - e implica 13
  • 14. ações de diversas naturezas das mentoras e professoras iniciantes e envolve, dependendo do caso, os alunos das professoras iniciantes. Funciona tanto como ferramenta de intervenção quanto de pesquisa, pois possibilita o estabelecimento de relações entre teoria e prática; a configuração e detalhamento de processos de desenvolvimento profissional e de processos reflexivos das professoras iniciantes e das mentoras bem como a produção de conceitos sobre tais processos. Por meio das EEA é possível que cada participante, as pis em especial, apreenda e explicite suas crenças e realize ações práticas sobre diversos aspectos relacionados a função docente. Possibilita o desenvolvimento de processos de reflexão individuais e partilhados em diferentes níveis (pis isoladamente, pis e mentoras, mentoras e pesquisadoras) e momentos. Com a sua introdução contamos com um intrumento valioso para obter respostas às questões de pesquisa colocadas pois permitiu ampliar as análises sobre as concepções das participantes e a identificação de suas aprendizagens. Por meio dessas produções, além de caracterizar suas crenças, valores e conhecimentos, pudemos acompanhar em alguns casos a sua evolução. Pudemos conhecer mais de perto como pensam e agem professores iniciantes e experientes em interação e no enfrentamento de situações variadas e por meio da construção de situações de reflexão-sobre-a-ação documentadas por meio de narrativas (cartas e diários) das pis e mentoras similar ao realizado por Mizukami et al (2002). A introdução das EEA exigiu, em alguns casos, a retomada dos objetivos do programa, tanto por parte das mentoras quanto por parte das professoras iniciantes e discussões prolongadas entre pesquisadoras e mentoras. No caso das mentoras, essa retomada se deveu ao seu empenho em atender a totalidade das demandas indicadas pelas professoras iniciantes conforme mencionado anteriormente e a necessidade de estabelecer alguma ordem na sua atuação. No caso das professoras iniciantes, provavelmente devido à vivência (não tranqüila) de um conjunto grande de dificuldades sem uma hierarquização sobre a relevância de cada uma delas. Até a definição do foco da EEA vislumbamos um período de negociação entre mentoras e pi para definição do tema a ser desenvolvido. Esta é uma fase tensa para as mentoras pois investem, muitas vezes – sem sucesso – na promoção da independência das pis mais do que na oferta de apoio emocional. Ao longo do Programa várias foram as EEA desenvolvidas. Algumas pis trabalharam mais intensamente com uma única experiência e outras com mais de uma, algumas com uma classe como um todo e outras com alguns alunos em específico. Lembramos que no geral várias EEA foram desenvolvidas no Módulo 1 enquanto que o Módulo 2 previa o desenvolvimento de uma única EEA conduzido de modo mais independente pela pi. 14
  • 15. Notamos que aos poucos as mentoras “descobriram” a importância das EEA como eixo articulador do processo e das interações. Perceberam ser imprescindível o desenvolvimento de atividades planejadas junto as professoras que orientavam e também do seu registro. No caso das pis que ingressaram após algum tempo de funcionamento do Programa o desenvolvimento das EEA já era sinalizado logo nas primeiras correspondências embora a sua realização implicasse um planejamento prévio – o que demandava cumprir algumas tarefas ou etapas previamente ao seu início. Para o desenvolvimento das EEA geralmente as mentoras orientavam as pis para num primeiro momento definirem um ou mais temas a partir da caracterização das suas dificuldades e em seguida junto as pis procuravam estabelecer prioridades que seriam posteriormente discutidas e trabalhadas em profundidade. Após a definição de um foco, novas discussões eram conduzidas na perspectiva da mentora mais bem compreender as dificuldades enfrentadas pela pi como também como uma maneira dessas últimas - por meio de descrições detalhadas de seu dia-a-dia, de seus alunos, da escola, das atividades desenvolvidas - aprender analisar a sua própria atuação, as ocorrências de sua sala de aula e da escola tendo como objetivo construir respostas pertinentes aos dilemas e dificuldades enfrentados. Essas discussões foram acompanhadas de orientações para que as pis redigissem diários reflexivos sobre suas vivências num processo similar, ao que nós pesquisadoras, conduziamos com as mentoras. Notamos que o desenvolvimento das EEA gerou sistematicamente o contexto de interação entre mentoras e pi; a realização das atividades delienadas no seu escopo se configuraram em um tipo de projeto de ação que seguiram basicamente as etapas ou passos indicados mais adiante. As mensagens dessa fase expressam o desenvolvimento dos projetos e se configuram em consonância com o tipo de interação mantida entre mentora e mentorada. Vários foram os temas desenvolvidos com as diferentes pis, mas dois foram abordados em todos os casos: o registro reflexivo e a descrição dos alunos da classe. Após o estabelecimento dos temas prioritários para serem discutidos, as mentoras conduziam as interações no sentido de planejar com a pi uma intervenção voltada para minimizar/solucionar os problemas relatados. Posteriormente a preparação do plano de intervenção ocorria a sua implementação. Como etapas ou passos seguintes ocorriam a avaliação e redimensionamento do plano de intervenção, se fosse o caso, a partir de análises processuais sobre a sua pertinência e adequação das ações planejadas e implementadas. O desenvolvimento desses passos configuram uma EEA completa. 15
  • 16. As mentoras nos diferentes passos ofereceram suporte, apoio, sugestões as pis. Apresentaram questionamentos, avaliações e feedbacks. O mesmo, faziamos – nós pesquisadoras – em nossos encontros semanais com as mentoras. Como base teórica para o desenvolvimento das EEA, tomamos como pressuposto que em processos de análise – denominados de reflexão ou inquirição – podemos fomentar o desempenho não passivo e subserviente do papel de professor em face das situações vivenciadas. Ao refletirmos podemos tomar uma posição sobre quais são as maneiras pelas quais podemos controlar nossas práticas, de modo a garantir que as atividades desenvolvidas favoreçam de um lado a aprendizagem dos alunos e de outro a própria. Entendemos estar promovendo dessa forma a construção da profissionalidade das pis e também das mentoras, já que também estavam submetidas aos mesmos processos. Nesse processo podiamos igualmente favorecer o levantamento de hipóteses sobre as experiências vivenciadas bem como a construção de novas respostas às questões pré-existentes. Entendemos que a análise crítica das próprias idéias e práticas resultantes do desenvolvimento das EEA e de seu relato são pois estratégias importantes para a promoção do desenvolvimento profissional, uma vez que possibilita ao docente o estabelecimento de um quadro de referências para a sua aprendizagem continuada posterior tendo em vista diferentes facetas de seu trabalho e papéis desempenhados. Permite também mais bem configurar as escolas, as salas de aula e outros contextos de atuação; quem são os alunos e quais e como ocorrem suas aprendizagens, quais são os conteúdos ensinados além de idéias sobre si próprio como um profissional. Com a implementação das EEA foi possível desenvolvermos com o registro escrito ou narrativas um tipo de inquirição narrativa nos moldes indicados por Connelly e Clandinin (2006), pois as mentoras atuaram enfaticamente no sentido de que as pis definissem com clareza os processos de ensino ou outras atuações desenvolvidas ao longo do tempo, as condições pessoais e sociais dos envolvidos assim como as forças/fatores circundantes. Analisamos que a explicitação de informações e idéias sobre esses aspectos– de forma escrita – nas correspondências e diários – possibilita o estabelecimento de um fio condutor que produz os sentidos e explicita os significados ao longo da carreira docente garantido uma relação entre diferentes etapas formativas e as experiências vividas (Mizukami et al, 2002). Consideramos que professores inquiridores ou reflexivos, que sejam capazes de investigar a própria prática, se mostram com freqüência mais capazes de influenciar e moldar os contextos, ambientes e os processos de decisão relacionados aos vários papéis docentes. Levamos em conta – e aos poucos as mentoras também - que um professor ao inquirir ou refletir sobre as ocorrências de suas salas de aula e aquelas que acontecem em seu exterio 16
  • 17. tem facilitado a adoção de ações pró-ativas em relação aos alunos e a sua aprendizagem, a si próprio em relação ao ensino realizado e ao seu próprio desenvolvimento profissional. Expor, analisar, questionar, examinar e explorar o que se faz e suas conseqüências são ações que possibilitam ao docente maior compreensão a respeito dos contextos em que atua, das variáveis intervenientes, dos alunos e de seus próprios processos de decisão, entre outras coisas. Permite que os professores acionem e utilizem conscientemente seus conhecimentos. Tais ações implicam gerar um tipo de conhecimento situado por meio da interpretação e do estabelecimento de explicações (teorias pessoais) sobre a prática bem como a interpretação e questionamento sobre as teorias formuladas por outros. Buscar e construir respostas às perguntas formuladas via inquirição são ações relevantes para o processo de se tornar um bom professor. Ao longo do processo de mentoria essas idéias foram tomando corpo junto as mentoras e elas as discutiam junto as suas pis. Em termos teóricos a realização das EEA destacou a importância das práticas pedagógicas no processo de construção dos conhecimentos dos professores em confronto com o conhecimento teórico. Compreendemos que mentoras e pis envolvidas e também as pesquisadoras participaram de um ciclo reflexivo (RODGERS, 2002) posto que as primeiras incentivam que suas mentoradas desenvolvam a capacidade de observação e de pensar criticamente sobre os alunos e sua aprendizagem, levando em conta o ensino, o conteúdo específico, e os contextos nos quais todos esses aspectos interagem. E nós – as pesquisadoras –promovemos os mesmos processos junto as mentoras. De outro lado, o desenvolvimento das EEA estimulou a capacidade de adotar ações inteligentes baseadas nas compreensões emergentes seja pela pis ou mesmo mentoras. Percebemos que, em sua maioria, estão pautadas em situações de sala de aula ou referem-se a situações escolares e se configuraram como processos reflexivos rigorosos e sistemáticos que permitem a avaliação da situação e o delineamento cuidadoso de alternativas de ação em lugar de ações irrefletidas. Constatamos nelas o que Rodgers (2002) aponta como ciclo reflexivo: aprender a ver, aprender a descrever e a diferenciar, aprender a pensar criticamente e construir teorias e aprender adotar uma ação inteligente. O quadro 1 apresenta uma síntese dos componentes das EEA desenvolvidas nos módulos 1 e 2 do Programa de Mentoria sob a forma etapas ou passos. Quadro 1 – Passos e procedimentos das Experiências de Ensino e Aprendizagem (EEA) EEA Componentes Descrição 17
  • 18. 1º passo Definição do tema da intervenção Identificação do tema a ser desenvolvida na EEA (o ensino do conteúdo de qualquer componente curricular, o caso de um aluno específico, tema relacionado à vida escolar, à vida do aluno, à interação escola-família, a dificuldades específicas de aprendizagem ou de ensino, a temas transversais, à coordenação pedagógica, a relação com os pais dos alunos etc. ). 2º passo Planejamento da EEA Negociação do tema da EEA entre pi e mentora: - explicitação clara de objetivos da experiência de ensino e aprendizagem; - escolha inicial das atividades a serem desenvolvidas; - escolha inicial de fontes / materiais a serem utilizados; - explicitação do ‘como’ desenvolver a experiência; - explicitação dos passos da experiência (do início ao final). 3º passo concomitante ao 2º passo Definição dos procedimentos de registro da EEA Escolha dos procedimentos para acompanhamento e registro da EEA: - diário descritivo das atividades planejadas e executadas - diário reflexivo - registro de falas dos alunos - produções dos alunos - relatos de reuniões - relatos de incidentes críticos - registro de observação de classe, de alunos, de pais, de reuniões, de recreio etc. 4º passo Redação do plano da EEA Redação final do plano da EEA a ser desenvolvido contendo as informações relativas aos passos anteriores 5º passo Desenvolvimento e registro da EEA Aplicação de procedimentos e descrição detalhada das ocorrências incluindo observações, idéias, impressões, justificativas, expectativas, dificuldades e avanços. 6º passo Avaliação e redação de relatório descritivo sobre a EEA Sistematização e avaliação da EEA com análises e reflexões sobre o processo. 18
  • 19. 7º passo 2 Elaboração de um caso de ensino sobre aprendizagens e desenvolvimento profissional (módulo 1) e processo experienciado (módulo 2) Reflexão final sobre as EEA via casos de ensino Ao longo do Programa de Mentoria pudemos observar que além de provocar aprendizagens nas pis, as EEA promoveram ampliação da base de conhecimento para o ensino das mentoras e o seu conseqüente desenvolvimento profissional. 3. A fase de encerramento das atividades de mentoria consistiu em um dos aspectos mais dicutidos e difíceis enfrentados por mentoras e pesquisadoras ao longo da pesquisa. Definir o que uma professora iniciante deve saber para prescindir da orientação da mentora foi um tema recorrente nos encontros semanais ao longo do desenvolvimento do PM como um todo. Estabelecer como deve se configurar a base de conhecimentos de pis de modo a poder atuar com autonomia não se mostrou tarefa fácil além do que em face as dificuldades ainda enfrentadas pelas pis, se colocam disponíveis para continuar o acompanhamento. Após várias discussões o grupo chegou a conclusão de que seria interessante “fechar” o Módulo 1 com a elaboração de um caso de ensino pelas pis e ser viável, opcionalmente, a continuidade do programa num segundo módulo. O Módulo 2 é então introduzido como um prolongamento do primeiro módulo para aquelas pis desejam continuar a manter as interações com suas mentoras. Trata-se na realidade de uma retomada da fase de desenvolvimento, via a realização de novas EEA. Este módulo suplementar diferencia-se do primeiro pelo fato de a pi ser incentivada a agir de modo mais independente; as interações online mais espaçadas embora exija o desenvolvimento de uma EEA completa e o seu relato sob a forma de um caso de ensino. 3.1 Casos de ensino: instrumento de síntese das aprendizagens promovidas pelo Programa de Mentoria A adoção de casos de ensino 3 para essa finalidade se pauta na consideração de que a sua redação pode ser definida como uma narrativa que envolve uma descrição sobre situações reais, situações complexas vividas por professores durante a sua atividade docente (Mizukami,2006). Pode ser utilizado como ferramenta no ensino (e aprendizagem) de professores (Merseth, 1996) assim como permitem tornar visível as idéias e conhecimentos sobre ensino de professores. Trazem exemplos de como professores em suas práticas pedagógicas 19
  • 20. explicitam seus dilemas e conflitos e como superam suas dificuldades. Por meio da leitura, análise e construção de casos de ensino futuros professores e professores podem refletir sobre inúmeras questões relacionadas à sua profissão. Os casos de ensino são narrativas que ilustram eventos e situações complexas vividas por professores. De acordo com Mizukami (2006) os casos de ensino “trazem exemplos de como é possível lidar com determinadas situações e, mais que isso, explicitam dilemas e conflitos enfrentados por docentes ao lidar com o ensino e com seus alunos. Mostram como determinada aula foi conduzida e quais problemas surgiram no decorrer das atividades. Trazem situações parecidas enfrentadas por diversos professores em diferentes situações escolares. Deixam clara a complexidade do que é ser professor. Lendo, analisando, discutindo e escrevendo casos de ensino, professores podem pensar sobre diversas questões relacionadas à sua profissão: que conhecimentos orientam minha prática profissional? Como foram e estão sendo construídos? Que saberes possuo sobre os diversos conteúdos que preciso ensinar a meus alunos? Como utilizo esses saberes quando planejo minhas aulas? Que conhecimentos possuo sobre meus alunos? Como aprendi e como estou aprendendo a ser professor? O que preciso ainda aprender sobre a profissão docente? Que conhecimentos possuo sobre meus alunos? Como aprendi e como estou aprendendo a ser professor? O que preciso ainda aprender sobre a profissão docente? Como lido com as diversas situações escolares que preciso enfrentar no dia-a-dia? O estudo de casos de ensino permite que professores parem para pensar em sua trajetória profissional, em sua relação com outros colegas, na necessidade de trocas de experiências entre professores, etc.”. Assumimos que ao explorar o que pensam sobre o que fazem e quem são como professores as pis se engajam na compreensão dos contextos ao seu entorno, de suas relações com o meio e com os outros; é uma maneira de se colocarem como protagonistas de suas histórias e de tornar visíveis suas idéias. Ao contar histórias é possível revelarem suas reflexões e discussões sobre as experiências docentes, as dificuldades encontradas, as estratégias elaboradas para superá-las e os seus resultados nas aprendizagens dos alunos. É uma forma de mostrarem o saber docente e como foi construído ao longo de sua trajetória profissional e a partir do PM. É uma maneira de problematizar o trabalho pedagógico, os dilemas e dificuldades enfrentados, pois permite a interpretação, a troca e a discussão entre os pares. 20
  • 21. Compreendemos portanto que a elaboração de casos de ensino, sob a forma de narrativas escritas, auxiliariam “traduzirmos” os conhecimentos construídos pelas pis por meio de suas palavras além de funcionar potencialmente como verdadeiras ferramentas de aprendizagem em conjunto com as demais promovidas pelo PM. Afinal quando uma pessoa relata os fatos vividos tem a oportunidade de reconstruir seus conhecimentos a trajetória percorrida dando-lhe novos significados. Assim, a narrativa não é a verdade literal dos fatos mas, antes, é a representação que deles faz o sujeito e, dessa forma, pode ser transformadora da própria realidade(Cunha, 1997). Além disso, nos os casos de ensino há a oportunidade de expor, contar e relatar ao explicitar o que pensamos ou sentimos, conforme Prado (2005), as experiências e escolhas. Ao levarmos em conta tais potencialidades, assumimos que os casos poderiam oferecer indicadores sobre os impactos do PM nas pis e a respeito de estarem “prontas” para o seu desligamento do programa. Entendemos que as narrativas provocam reflexões pois permitirem uma visão da experiência humana, individual ou socialmente, a respeito de histórias vividas. Na realidade as pessoas forjam suas vidas diárias através de histórias sobre si mesmas e sobre os outros. Essas histórias seriam um tipo de portal por meio do qual a pessoa penetra no mundo e suas vivências são interpretadas e significadas. Nesse sentido a narrativa seria o fenômeno investigado na inquirição (Connelly e Clandinin,2006). Segundo Nono (2001), o uso da estratégia do estudo de casos de ensino em professores em exercício parece oferecer importantes vantagens para a aprendizagem profissional da docência ao: • revelar a complexidade das situações de ensino que ocorrem em sala de aula; • auxíliar os professores a familiarizar-se com a necessidade de pensar e agir frente a situações complexas; • favorecer o desenvolvimento de destrezas de análise crítica, de resolução de problemas e de tomada de decisões; • possibilitar a explicitação e desenvolvimento de teorias práticas de ensino permitir o exame de sua validade frente à complexidade das situações de sala de aula. Ao analisar uma situação de ensino, o professor recorre a seus conhecimentos acadêmicos, suas experiências prévias, seus sentimentos, suas pré-concepções. E ao redigir casos de ensino, os professores podem: • focalizar sua atenção em algo que já sabem; • compartilhar com outras pessoas esse conhecimento; 21
  • 22. • demonstrar a complexidade dos problemas enfrentados por professores e a necessidade de articular esses problemas no processo de construção de solução. Em síntese, se tornar um professor reflexivo por meio da redação de narrativas envolve mais do que o domínio de algumas técnicas de construção de produções escritas. Envolve aprender a pensar reflexivamente. Como ferramentas reflexivas facilitam a explicitação de conhecimentos tácitos e podem revelar pensamentos, motivos, intenções, concepções, necessidades, pré-concepções, frustrações e outros sentimentos que nem sempre são evidentes. E nessa perspectiva podem assumir uma função avaliativa como no PM e indicar as aprendizagens oriundas das experiências sucitadas pelas interações das pis com as mentoras e da realização das EEA. Considerando ser este também um dos objetivos do PM temos mais um argumento em favor do uso de casos de ensino como ferramenta de síntese das experiencias das pis apartir das atividades propostas. Em termos operacionais, de acordo com Mizukami (2000), os casos de ensino possuem as seguintes características: são narrativas sobre uma história com começo, meio e fim, que é espacial e temporalmente especificada, e que reflete as características sociais e culturais dos contextos em que os eventos relatados ocorrem. Podem se caracterizar de diferentes modos, conforme Marcelo Garcia (1999): apresentar um caráter normativo uma vez que se refere à aplicação prática de princípios teóricos e de resultados de uma investigação (protótipos); apontar os problemas vividos por professores e possíveis soluções (precedentes); destacar normas, valores, mitos da profissão (parábolas). Ao analisarmos o processo de elaboração dos casos de ensino nos dois módulos observamos que os casos de ensino aprensentados pelas pis apresentaram informações sobre a escolha profissional das pis, o ingresso na carreira, as dificuldades e dilemas, o contato e expectativas sobre o PM, o seu desenvolvimento; as aprendizagens e contribuições; as expectativas a respeito do processo de mentoria em si e dúvidas sobre a sua validade pelo fato de ser online. (...) Iniciei o ano de 2005 com uma nova perspectiva: receber orientações de uma professora experiente via Internet! Mesmo sem saber exatamente como funcionaria o Programa de Mentoria, fiquei muito feliz ao ser aceita para participar. (pi I....) Foi possível apreender as experiências suscitadas no processo de mentoria e que apresentaram maior repercussão em suas atividades docentes. (...) A cada mensagem enviada ou recebida eu vibrava, mas em alguns momentos temia ser desligada do programa, pois sempre escrevia o que pensava, sentia e realizava. Eu não sabia se estava no “caminho” do que propunha o 22
  • 23. programa, não sabia se respondia “à altura” das atividades e discussões propostas. A cada novo contato o trabalho ia ficando mais interessante, mais instigante e aos poucos ia vendo os resultados na prática com meus alunos. (pi A...) (…) no começo do programa trocamos muitas idéias, falamos em conteúdos, atividades, experiências, mas é importante destacar que para uma professora iniciante é muito mais difícil fazer este trabalho. Não tinha o conteúdo, só inseguranças, falta de apoio pedagógico, falta de profissionais para atendimento a alunos com problemas específicos, falta de um banco de dados, de união e troca com colegas, de apoio dos pais, de aulas de reforço para os alunos, ou seja, faltava tudo. O socorro para preencher essas deficiências, eu o busquei fora da escola, ou seja, no Portal. (pi Ad....) Portanto, avalio como uma oportunidade única esta participação e a forma como ocorreu minha aprendizagem, principalmente porque minha mentora e eu tínhamos uma ótima sintonia e afinação em nossas comunicações sempre sinceras e respeitosas. Ela sempre atenciosa para comigo, com suas sugestões e esclarecimentos dos assuntos que tínhamos em pauta, além do planejamento e execução do Projeto Correspondência que realizamos em parceria. (pi C.....) Dentre as situações apontadas são destacados os registros reflexivos. (...) Um dos principais aprendizados que tive com minha mentora foi a utilização de uma linha de raciocínio para a realização de toda e qualquer atividade pensada, que consiste no conjunto de reflexões “O que fazer, Com o que fazer, Como fazer, Por que fazer, O que avaliar e Como avaliar”. Inicialmente essas reflexões eram apenas parte de um planejamento. Depois acabei compreendendo a importância e a necessidade de utilizá-las como passos iniciais para todo e qualquer trabalho. Quando vou planejar alguma atividade logo penso nessas questões. Esse tesouro vou levar comigo por toda a vida.(pi A...) (...) Esse registro tem me auxiliado bastante ao escolher as atividades. Muitas eu já descarto antes de aplicar, pois vejo que com elas não conseguirei atingir os meus objetivos. Outras, aplico, mas ao registrar as impressões que tive delas, percebo que posso modificá-las, ou empregar uma outra estratégia, etc. Consigo avaliar o quanto a atividade foi proveitosa a partir da reflexão que faço sobre ela. (pi E....) (...)no PM aprendi a me organizar para registrar minha prática pedagógica, avaliando melhor as idéias e dificuldades que surgiam diante de uma situação de ensino e aprendizagem e que, efetivamente, 23
  • 24. puderam contribuir para eu experimentar e creditar a importância do Registro Reflexivo. Além disso, o diálogo com uma mentora proporcionou a mim um espaço para discussões, desabafos, troca de idéias, sugestões sobre posturas diante de minhas colegas de trabalho e planejamento de boas situações didáticas de ensino e aprendizagem. (pi L....) Salientam aprendizagens diversificadas e em alguns casos as contribuições para o desempenho da função docente, para melhor compreensão de seu compromisso social e aprendizagem dos alunos: Com o passar do tempo fui aprendendo deixar um pouco de lado minhas atitudes empiristas (trabalhos individuais, textos fora da realidade do aluno). (...)notei que era preciso adaptar a mesma aula para todos os alunos, cada um em seu nível. Comecei a procurar e aplicar formas mais adequadas de trabalho em língua portuguesa. Resolvi então modificar minha prática nas outras disciplinas também. (pi A....) (...) Sem dúvida nenhuma, todos os assuntos abordados me ajudaram, não digo a solucionar todos os problemas, mas a me ajudar a encontrar um caminho e uma direção para a busca da solução; porque ao mesmo tempo que consegui dividir as minhas angústias, pude refletir sobre minha prática e perceber que essas dificuldades não são “um bicho de sete-cabeças. (pi C....) (...) Na verdade não sei o que aconteceu realmente, eu aprendi a estudar, a lecionar, realmente, agora penso em coisas que antes nem passava pela a minha cabeça, como por exemplo, como verificar quais conhecimentos as crianças já possuem, quais ainda estão faltando, como avaliar cada aluno, perceber a necessidade de cada e não mais ensinar a todos como se fosse um só. O processo da mentoria, foi algo novo para mim, pois a cada mensagem eu pensava em mais coisas, e realizava e depois mandava o relato, as crianças também aprenderam...(pi Ad...) As análises das pis sobre o impacto do PM são muito positivas e apontam os resultados obtidos nas suas investidas para superar as dificuldades caracter’siticas das fases iniciais da docência. (...)Ao final deste programa de mentoria me sinto mais fortificada no meu modo de agir dentro de uma sala de aula, e com os pés no chão, pois sei que agora tenho um pouco mais de experiência, pois as dificuldades que enfrentei foram superadas com a ajuda de minha mentora, mas que mesmo assim obstáculos irão surgir, mas terei mais confiança em mim mesma, como profissional. (pi E...) 24
  • 25. (...)fiquei muito feliz com o que consegui com essa turma! E o programa de mentoria foi o grande responsável pelo meu sucesso! (pi C...) (...) hoje julho de 2006, dando aula para uma 1ª série em uma outra escola municipal com uma realidade também difícil, me sinto segura, posso ainda não saber tudo mas tenho clareza dos meus pontos fracos e a cada dia me fortaleço mais na minha prática e a mentora Regina me ajudou a me sentir assim.(pi N...) (...)Alguns dias depois, recebi um telefonema de uma coordenadora do Programa. Aí eu acreditei. A partir desse momento comecei a me construir como professora. Logo percebi que havia ganhado na loteria. O programa era 1000.(pi I....) Notamos que as interações nessa fase de desligamento são mais espaçadas e de um modo geral focadas nos casos de ensino, embora eventos do dia-a-dia das pis sejam também abordados. Notamos que para algumas mentoras as pis passam a ser vistas como profissionais autômomas. A decisão de adotar os casos de ensino como ferramenta suplementar para avaliar o desenvolvimento das professoras iniciantes e se estavam prontas para serem “desligadas” se mostrou adequado, pois – a partir da síntese do processo configurado em cada caso – pudemos confrontar essas produções com as avaliações processuais realizadas pelas mentoras ao longo do programa. Nessa comparação geralmente as avaliações eram consistentes – isto é, o grupo de pesquisadoras e mentoras concordavam entre si sobre os progressos das pis. Nas discussões foram considerados o envolvimento da pi nas atividades propostas; os avanços; a capacidade de enfrentamento frente a situações novas; os progressos observados nos registros reflexivos. Entretanto, em alguns casos nos deparávamos com a resistência da mentora em “liberar” suas pis, vendo-as ainda necessitando de auxílio, elevando de certo modo gradualmente o grau de exigências para o “desligamento”. Este possivelmente foi o aspecto paradoxal do PM; as mentoras se tornaram dependentes de suas pis..... Algumas palavras finais O desenvolvimento e a investigação do PM se mostrou um processo desafiante e rico. A partir das características definidas pelo grupo de pesquisadoras e mentoras para a sua condução foi possível mais bem conhecer as dificuldades enfrentadas por pis como também os processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional da docência. 25
  • 26. Embora cada díade mentora-professora iniciante tenha constuido uma trajetória singular do processo de desenvolvimento do PM, com ritmos e padrões próprios, percebemos que esta segue um ciclo vital composto de fases distintas: inicial ou de aproximação; desenvolvimento ou aprofundamento; desligamento que por sua vez apresentam características, objetivos e procedimentos específicos. Cada uma dessas fases implicou a discussão de determinados temas entre professoras iniciantes e mentoras; exigiram apoios específiicos das mentoras, considerando-se as demandas formativas evidenciadas pelas professoras iniciantes; e apresentam momentos ou períodps críticos, em que observamos novas aprendizagens. Um aspecto importante ao se considerar o desenvolvimento de programas de mentoria ou indução sem dúvida é a de que as fases identificadas sofreram influência do período letivo. Observou-se uma sazonalidade nos processos vivenciados, isto é dos temas tratados e apoios demandados pelas pis. Há indícios que o processo de mentoria flui melhor no decorrer dos primeiros semestres dos anos letivos, pois há uma maior disponibilidade das pis atenderem as solicitações e sugestões de suas mentoras. O segundo semestre parece ser “mais pesado” e difícil para assumirem novas atitudes ou mesmo realizarem as tarefas propostas pelas mentoras, o que não significa porém considerarmos que devem ter por esse motivo curta duração. Referências Bibliográficas Calderhead, J. Teachers: beliefs and knowledge structures and comprehension processes. In: Calderhead, J.; Calfee, R. C. (ed). Exploring teachers’ thinking. New York, Macmillan, 1996. p. 709-725. Clark, C. et al. Collaboration as dialogue: Teacher and researchers engaged in conversation and professional development. American Educational Research Journal, v.33, n.1, 1996. p.193-232. Clark, C. et al. Continuing the dialogue on collaboration. American Educational Research Journal, v.37, n.4, 1998. p.785-791. Cole, L. , Knowles, J.G- Teacher Development partnership research: a focus on methods and issues. American Educational Reasearch Journal, v.30, n3.,1993. p. 473-495. 26
  • 27. Connelly, F.M. e Clandinin, D.J. Narrative Inquiry. In Handbook of Complementary Methods in Education Research. Green, J.L.; Camilli, G.;Elmore, P.B. (EDs). AERA/Lawrence Erlbaum Associates, Inc., 2006. Cunha, M.I. - CONTA-ME AGORA! As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino, Revista da Faculdade de Educação, vol. 23 n. 1-2 São Paulo Jan./Dec. 1997 Darling-Hammond, L. – Review of research in education. Washington, American Educational Research Association, v.20, 1994. Garcia, Marcelo C. - Formação De Professores: Para Uma Mudança Educativa. Porto : Porto Editora, 1999. Grossman, P. ; Thompson, C. e Valencia, S. – District Policy and Beginning Teachers: where the twain shall meet, Research Report, Center for Study of Teaching and Policy, University of Washington, 2001. Knapczyk,D.R; Hew,K.F; Frey, T.J. e Wall-Marencik,W. - Evaluation of Online Mentoring of Practicum for Limited Licensed Teachers, Teacher Education and Special Education,2005, 28, 3-4, p.207-220. Knowles, J.G.; Cole, A. e Presswood, C.S. – Through preservice teachers’ eyes: exploring field experiences trough narrative and inquiry. Macmillan College Publishing Company, New York, 1994. McDiarmid, G. W. Realizing new learning for all students: a framework for the professional development of Kentucky Teachers. National Center for Research on Teacher Learning, NCRTL, 1995. Merseth, K. K. (1996): “Cases and Case Methods in Teacher Education”, in SIKULA, J. (Ed.). Handbook of Research on Teacher Education. New York, Macmillan, p. 722-744. Mizukami et al – Escola e aprendizagem da docência –processos de investigação e formação. Edufscar, 2002. Mizukami, M.G.N. - Casos de ensino e aprendizagem profissional da docência. In: Abramowicz,A.; Mello, R.R. (orgs.) Educação: pesquisas e práticas. Campinas, SP :Papirus, 2000. p.139-61. Mizukami, MGN- Casos de Ensino e aprendizagem da docência – Texto de apresentação. 2006. http://www.portaldosprofessores.ufscar.br/caso.jsp Nono, M.A. - Aprendendo a Ensinar: Futuras Professoras das Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Casos de Ensino. Dissertação de Mestrado PPGE/Ufscar, 2001. 27
  • 28. Prado, G. do V. T. – Memorial de formação –quando as memórias narram a história da formação. In: Pradao, G. G. do V. T e Solgo, R. – Porque escrever é fazer história, Campinas, SP_:Graf.FE, 2005. Rodgers, C. Defining reflection: another look at John Dewey and reflective thinking, Teachers Colllege Record, n.104, v.4, 2002. p. 842-866. Schoenfeld, A H. - Toward a theory of teaching-in-context. http://www.gse.berkeley.edu/ Faculty/aschoenfeld/TeachInContext/teaching-in-context.html, 1997. Shulman, L.S.- Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard Educational Review, 57 n.1, 1987 p.1-22,. Shulman, L.S. - Those who understand: knowledge grow in teaching. Educational Researcher, v.15, n.2, 1986, p.4-14. Thurler, M.G. e Perrenoud, P. Cooperação entre professores: a formação inicial deve preceder as práticas? Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 128, maio/ago. 2006,p. 357-375. Wasser, J.D; Bressler, L. Working in the interpretative zone: conceptualizing collaboration in qualitative research teams. Educational Research, v.25, n.5, 1996. p.5-15. 1 Experiências de ensino e aprendizagem - (...) situações estruturadas de ensino e aprendizagem, planejadas pelas pesquisadoras e pelas professoras da escola e implementadas pelas professoras, a partir de temas por elas elencadas como sendo de interesse individual ou grupal e discutidas coletivamente. Essas experiências constituem processos circunscritos – que podem implicar ações juntos a pequenos grupos de professores ou junto às salas de aulas envolvendo professora e alunos – geralmente oriundas de dificuldades práticas relativas à compreensão de componentes curriculares ou de desafios propostos pelo dia-a-dia da escola e das políticas públicas. (Mizukami, et. al,2002). 2 A ser explicitado em detalhes na seção seguinte. 3 Algumas dessas idéias foram apresentadas anteriormente por Reali e Reyes (2007) – Práticas de ensino: represenstações sobre o fazer docente, UAB/UFSCar. 28