Esse ensaio pretende narrar algumas das dificuldades enfrentadas nos estágios da formação inicial. Trata-se da narrativa de dois professores em formação na Licenciatura de História. Entre os muitos obstáculos no decorrer da formação prática, cremos que uma das dificuldades é a adequação dos conteúdos ao curto espaço de tempo que é oferecido à disciplina de História nas matrizes curriculares vigentes. Em média são três períodos semanais de 45 minutos, sendo algumas vezes períodos intercalados. Outra problemática enfrentada e a organização dos temas a serem trabalhados, pois além de extensos não apresenta uma seqüência temporal lógica. Mostra-se com algumas lacunas e de forma reducionista o que compromete o desenvolvimento do senso crítico por parte dos estudantes. Outras vezes desconsidera aspectos sociais, culturais do contexto histórico do acontecimentos. Com isso, algumas vezes, se estuda uma história isolada da realidade, comprometendo a construção do conhecimento e permitindo que o aluno perceba a história apenas com datas e nomes; e, depois, aplicação de avaliações como mera reprodução dos fatos. Nessa vivência formativa, percebemos que as aulas dinâmicas e atraentes que vimos falar na faculdade, bem como as técnicas que nos passam e fazem os acadêmicos acreditar não são viáveis entro da estrutura educacional vigente. A realidade é outra, mostra-se extremamente complexa o que leva os futuros professores, muitas vezes, a desistir da profissão docente e seguir carreira como pesquisador ou, até mudar de profissão.
DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES EM SUA PRIMEIRAS VIVENCIAS DE PRÁTICA DOCENTE
1. II Congreso Internacional
sobre profesorado
principiante e inserción
profesional a la docencia
El acompañamiento a los docentes noveles:
prácticas y concepciones
Buenos Aires, del 24 al 26 de febrero de 2010
2. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia
Duarte, Maximiano Francisco Nascimento - Mattos, Elenara Jorge 2
Eje temático: La inserción profesional de los docentes principiantes em los nuevos
escenarios educativos.
ENSAYOS
DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES EM SUA
PRIMEIRAS VIVENCIAS DE PRÁTICA DOCENTE
Duarte, Maximiano Francisco Nascimento
denisesil@via-rs.net
Universidade Católica de Pelotas – UCPel
Mattos, Elenara Jorge
Universidade Católica de Pelotas – UCPel
Palavras-chave: formação inicial- dificuldades – desistência.
Resumo
Esse ensaio pretende narrar algumas das dificuldades enfrentadas nos estágios
da formação inicial. Trata-se da narrativa de dois professores em formação na
Licenciatura de História. Entre os muitos obstáculos no decorrer da formação prática,
cremos que uma das dificuldades é a adequação dos conteúdos ao curto espaço de
tempo que é oferecido à disciplina de História nas matrizes curriculares vigentes. Em
média são três períodos semanais de 45 minutos, sendo algumas vezes períodos
intercalados. Outra problemática enfrentada e a organização dos temas a serem
trabalhados, pois além de extensos não apresenta uma seqüência temporal lógica.
Mostra-se com algumas lacunas e de forma reducionista o que compromete o
desenvolvimento do senso crítico por parte dos estudantes. Outras vezes desconsidera
aspectos sociais, culturais do contexto histórico do acontecimentos. Com isso, algumas
vezes, se estuda uma história isolada da realidade, comprometendo a construção do
conhecimento e permitindo que o aluno perceba a história apenas com datas e nomes;
e, depois, aplicação de avaliações como mera reprodução dos fatos. Nessa vivência
formativa, percebemos que as aulas dinâmicas e atraentes que vimos falar na faculdade,
bem como as técnicas que nos passam e fazem os acadêmicos acreditar não são viáveis
entro da estrutura educacional vigente. A realidade é outra, mostra-se extremamente
complexa o que leva os futuros professores, muitas vezes, a desistir da profissão docente
e seguir carreira como pesquisador ou, até mudar de profissão.
3. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia
Duarte, Maximiano Francisco Nascimento - Mattos, Elenara Jorge 3
DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES EM SUA
PRIMEIRAS VIVENCIAS DE PRÁTICA DOCENTE
Introdução
Esse ensaio pretende narrar algumas das dificuldades enfrentadas pelos
professores principiantes em suas primeiras vivencias de prática docente. Trata-se da
narrativa de dois professores recém formados na Licenciatura de História. Esses
professores recém formados irão atuar na Escola Básica, constituída pelos Ensinos
Fundamental (5ª à 8ª série) e Médio (1ª à 3ªsérie). Esses professores receberam sua
formação inicial em cursos universitários plenos, geralmente com 8 semestres de
duração, e específicos para as diversas áreas do conhecimento. São chamados de
Cursos de Licenciatura Plena, por exemplo, em Biologia, em Educação Artística, em
Educação Física, História, Matemática, Física, Química, Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira, dentre outras disciplinas.
Com esse ensaio pretendemos revelar indícios de como está sendo feita a
articulação teoria-prática e como estão sendo trabalhadas as tensões entre as dimensões
de formação teórica (Universidade) e prática, inclusive a profissional, (Escola Básica) a
partir da implementação, nas universidades, dos currículos que se estruturaram a partir
das Resoluções CNE/CP 01/2002 e CNE/CP 02/2002, do Conselho Nacional de
Educação/ Câmara Plena, de fevereiro de 2002.
Nestes currículos, após essas orientações legais, há a organização partindo de
pressupostos que privilegiam a tematização dos conhecimentos escolarizados (como por
exemplo, a estruturação dos conteúdos das diversas disciplinas tendo como um dos
referenciais, os conteúdos desenvolvidos na Educação Básica, a interdisciplinaridade, o
trabalho com projetos de ensino, etc), a construção de saberes de experiência e, ainda ,
a iniciação científica, a inserção no campo profissional desde o início do curso.
Para tanto a realização do estágio supervisionado, com 400 horas de duração, a
partir da metade do curso, fornece uma identidade própria ao curso de licenciatura que
em nosso País, trazia uma relação muito forte com os cursos de bacharelado, em função
da história da criação dos cursos de formação de professores na década de 30 do século
XX. Essa reformulação desde muito era solicitada por muitos segmentos da sociedade,
na verdade ela veio ao encontro de antigos anseios dos que se preocupam com a
formação docente na perspectiva desta ser uma prática social.
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Duarte, Maximiano Francisco Nascimento - Mattos, Elenara Jorge 4
Mas a carga horária mais extensa para essa outra modalidade de estágio, não foi
acompanhada pelas estruturas existes na escola de educação básica, que é o campo
profissional por excelência da formação dos professores e, esse fato se tornou um
obstáculo no decorrer da formação prática. Outro fato relevante é que, também não
houve paralelamente a adequação dos conteúdos que devem ser abordados nas
matrizes curriculares vigentes.
Em média são três períodos semanais de 45 minutos, sendo algumas vezes
períodos intercalados. Na vivência da prática essa condição não permite uma abordagem
contextualizada, onde o professores poderia trazer outras enfoques e metodologias
como, por exemplo, o uso de um filme, ou a leitura de jornais atuais e de outras épocas,
num curto espaço se perde muito tempo com a fragmentação da carga horária.
Outra problemática enfrentada pelos professores principiantes e a organização
dos temas a serem trabalhados, pois além de extensos não apresentam uma seqüência
temporal lógica. Mostra-se com algumas lacunas e de forma reducionista o que
compromete o desenvolvimento do senso crítico por parte dos estudantes.
Outras vezes desconsidera aspectos sociais, culturais do contexto histórico do
acontecimentos. Com isso, algumas vezes, se estuda uma história isolada da realidade,
comprometendo a construção do conhecimento e permitindo que o aluno perceba a
história apenas com datas e nomes; e, depois, aplicação de avaliações como mera
reprodução dos fatos. Nessa vivência formativa, percebemos que as aulas dinâmicas e
atraentes que vimos falar na faculdade, bem como as técnicas que nos passam e fazem
os acadêmicos acreditar não são tão viáveis dentro da estrutura educacional vigente.
A realidade é outra, mostra-se extremamente complexa o que leva os
professores principiantes, muitas vezes, a desistir da profissão docente e seguir carreira
como pesquisador ou, até mudar de profissão. Há registros nas secretarias de educação
da região, que muitos professores após serem aprovados em concursos públicos e serem
designados para escolas, ao chegarem nas mesmas, não assumem seus postos de
trabalho por muitas razões, dentre elas: falta de estrutura física nas escolas, localização
em regiões de difícil acesso, carga horária além da prevista nos concursos, turmas com
muitos alunos, dentre outros aspectos.
Essa situação é muito preocupante no sentido da importância social do
conhecimento da História para uma sociedade. Nóvoa faz outro encaminhamento que
nos parece bastante pertinente, ao afirmar: “É por isso que insisto na necessidade de
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inscrever a nossa reflexão na história, de inscrever-nos na história. Não para ficar
prisioneiro dela: a história não é uma fatalidade, é uma possibilidade [...], a partir da
consciência histórica, podemos encontrar novos caminhos para conduzir a nossa
intenção de educar (2008, p.220)”.
Aqui fazemos uma aproximação com o pensamento de Freire (1997, p.21) sobre a
importância de se “reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de
determinismo, que o futuro permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável (grifos
do autor)”. Com essa perspectiva, de perceber a história como possibilidade, é que
preocupamo-nos com a forma que essa área do conhecimento esta sendo tratada e, como
estamos no inicio de uma carreira profissional, da qual não queremos nos afastar, vivemos
uma situação de tensionamentos e conflitos.
Como professores principiantes, em nosso texto, pretendemos evidenciar as
dificuldades que encontramos através de nossas experiências. Quando entramos na
escola – nosso campo de trabalho – percebemos nosso despreparo para desenvolver a
docência. Percebíamos que possuíamos o conhecimento do conteúdo, mas como abordar
essas temáticas na escola? Não era possível conectar nossas leituras, nossos saberes
ao programa estabelecido, quando recorremos aos PCNs ( Parâmetros Curriculares
Nacionais), como forma de tentar desenvolver nosso trabalho, não conseguimos
estabelecer relações para uma mediação pedagógica que levasse nossos alunos a
produção de um conhecimento histórico e crítico.
Percebemos que mesmo com o aumento da carga horária de estágio ter
contribuído para um maior conhecimento da realidade, ainda falta muito para nós. A
mediação entre a teoria e a prática não se processava, tivemos uma grande dificuldade
para tentar superar a complexidade da prática docente. Parece-nos que nossa temática,
dentro da escola de educação básica, é considerada sem a devida profundidade,
colocando os indivíduos à parte da história como se essa não fosse construída por todos
nós.
Nossos primeiros momentos de trabalho docente mostraram-se altamente
complexos, Algumas dificuldades conseguimos superar através de estudos em grupo,
com pesquisas entre os colegas de faculdade e alguns professores mais experientes.
Estamos caminhando, pois não queremos abandonar esse caminho; esperamos
compartilhar com outros colegas – professores principiantes – nossas angustias e, assim,
nessa partilha construirmos, pelo menos em parte, os saberes docentes que ajudarão
futuros professores a ingressarem de uma forma mais tranqüila na profissão docente.
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Referências
FREIRE, Paulo . Pedagogia da Autonomia:saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1997.
NÓVOA, Antonio.Os professores e o “novo” espaço público da educação. In
Tardif, Maurice e Lessard, Claude (org). O ofício de professor. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2008.
Ministério da Educação: PCNs ( Parâmetros Curriculares Nacionais). Disponível:
www.mec.gov.br
Conselho Nacional de Educação: Resoluções CNE/CP 01/2002 e CNE/CP
02/2002, do Conselho Nacional de Educação/ Câmara Plena, de fevereiro de
2002. Disponível: www.mec.gov.br