O Projeto de 1895 de Freud apresenta sua primeira teoria sobre o funcionamento do aparelho psíquico, descrevendo-o como um sistema de neurônios que transmitem energia psíquica. Ele divide o aparelho em três sistemas: o sistema FI composto por neurônios permeáveis responsáveis pela percepção, o sistema PSI formado por neurônios impermeáveis que armazenam memórias, e o sistema Ômega de neurônios qualitativos ligados à consciência. Freud buscava explicar os processos mentais de forma quantitativa
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O projeto 1895 - Freud
1. Projeto 1895
Texto
Importância
• É essencial para a psicanálise;
• Considerado um texto pré-psicanalítico
Finalidade do Projeto
• Representar os processos psíquicos como
estados quantitativamente determinados de
partículas materiais especificáveis; dando
assim a esses processos um caráter concreto
e inequívoco;
• Elaboração de uma teoria do funcionamento
psíquico numa visão quantitativa;
• Transposição de algumas conclusões
retiradas da psicopatologia para a psicologia
do indivíduo normal;
• O psiquismo pode ser expresso por leis
científicas.
Influências
• Atmosfera Positivista e Cientificista -
ciência produção suprema do homem é a
única que pode conduzi-lo ao conhecimento
• J. F. Herbart
Abordagem mais matemática
da psicologia;
Psicologia baseada na
experiência e quantitativa;
Concepção dinâmica do psiquismo e
particularmente do ics;
A ideia possui uma intensidade;
Noções de conflito intrapsíquico;
Noções do princípio do equilíbrio
Conflito Intrapsíquico
Princípio do Equilíbrio
Se caracterizam por um esforço constante para
manter o equilíbrio.
Semelhança entre Freud e Herbart
Os processos psíquicos são passíveis de serem
expressos por leis científicas.
Fundamentação - Base Clínica
• Concepção quantitativa vinda de observações
clinicopatológicas;
• Com base nos casos de histerias e neuróticos
obsessivos há uma proporcionalidade entre
intensidade dos traumas e a intensidade dos
sintomas produzidos
Luta p/ impedir
que se torne
consciente
Luta para se
tornar
consciente
IDEIA
REPRIMIDA
IDEIA
CONCIÊNTE
Ideia
Reprimida
Ideia
Conciente
2. Características do Texto
• Dividido em Três Partes
Esquema geral;
Psicopatologia da histeria;
Tentativa de representar os processos
psíquicos normais
• Não é um trabalho descritivo baseado em
observações e experimentos, mas um trabalho
teórico de natureza fundamentalmente
hipotética;
• Explicação do funcionamento do aparelho
psíquico em bases anatômicas, mas ao
contrário, implica uma renúncia a anatomia e a
formulação de uma “metapsicologia”.
Aparelho Psíquico
Conceito
• Aparelho capaz de transmitir e de transformar
uma energia determinada;
• Não possui, realidade ontológica; trata-se de
um modelo explicativo que não supõe
qualquer sentido denotativo do real;
• Estados quantitativamente determinados de
partículas materiais especificáveis;
• A identificação dessas partículas materiais
com os neurônios;
Funcionamento
• A quantidade (Q) que distingue a atividade do
repouso das partículas materiais;
Origem dos Estímulos do Aparelho
Psíquico
• Exterior - Natureza Exógena
Podem ser evitados;
• Interior - Natureza Endógena
Criam as necessidades: fome, respiração,
sexualidade;
Não há possibilidade de fuga;
Só desaparecem após a realização da
ação específica que possibilita a
eliminação dos estímulos
Noção de Quantidade (Q)
• São neurônios;
• São submetidas às leis gerais do movimento
de atividade e repouso
3. Dois tipos de Q
Q - quantidades de excitação ligada a
estimulação sensorial externa, quantidade
externa;
Q’n - ordem interna, intercelular, psíquica
Princípios de Regulação do
Aparelho Psíquico
Princípio da Inércia
• Descarga - Os neurônios tendem a desfazer
de toda a quantidade (Q) que recebem);
• Funções
Força de Descarga - Evitar do livre
escoamento da energia;
Força de Estímulo - conservar vias de
escoamento que possibilitam manter-se
afastado das fontes de excitação
• Segue o modelo do Arco Reflexo - Quantidade
de excitação recebida pelo neurônio sensitivo
deve ser descarregada na extremidade motora
Princípio da Constância
• Necessidade de uma “Reserva” de Energia -
Satisfação das exigências decorrentes dos
estímulos endógenos
• Sistema neurônico que procura manter uma
quota de Q num nível mais baixo possível ao
mesmo tempo q procura se proteger contra
qualquer aumento da mesma, ou seja, procura
mantê-la constante;
Barreiras de Contato
• Sistema de neurônios se estrutura de tal modo
que forma “ barreiras de contato” que oferecem
resistência à descarga total;
• Resistências localizadas nos pontos de
contato entre os neurônios, impedindo a
passagem de energia que deveria ser
escoada;
• A existência de barreira de contato não
significa o represamento total de Q; parte fica
retida pelas barreiras e parte consegue ser
escoada. Esse represamento dá-se o nome de
“facilitação”;
• Requer dois tipos de Neurônios:
Permeáveis
Impermeáveis
Noção de Facilitação
• Ponto de vista econômico;
• Passagem parcial de Q pelas barreiras de
contato e essas barreiras ficam
alteradas/marcadas;
• Diminuição da resistência e construção de um
caminho com menores resistências de
barreiras;
• Grau de facilitação depende da maior ou
menor quantidade Q com a qual o neurônio
tem de se defrontar
4. Neurônios
Φ, Ψ , ω
Tipos de Neurônios
Φ – Fi (Phi)
Ψ – Psi
ω – Ômega
Classes de Neurônios
Neurônios Permeáveis - deixam passar Q
como se não tivessem barreiras de contato e
que depois da cada passagem retornam ao
estado anterior;
Neurônios Impermeáveis - opõe uma
resistência ao livre escoamento de Q através
das barreiras de contato. Depois de cada
excitação constituem as memórias.
• Posição dos neurônios face a fonte de
excitação dirá sobre a
permeabilidade/impermeabilidade
Neurônios Quantitativos
Φ (Sistema FI)
Ψ (Sistema Psi)
• Origem – Nível do inconsciente (Ics)
Funções de Φ e Ψ
• Manter afastadas as grandes Qs externas
através da descarga;
• Força de Descarga - tendência básica do
sistema nervoso de evitar dor ou desprazer
resultante do acúmulo excessivo de Q no
sistema formado pelos neurônios Ψ
• Pelo ponto de vista quantitativo a tendência
para evitar a dor (e não para buscar o prazer)
decorre do fato de que não há barreira de
contato capaz de deter um estímulo doloroso,
porque a lembrança desse estímulo é capaz,
por si só, de provocar desprazer.
Sistema Φ (FI)
• Neurônios permeáveis;
• Não oferecem resistência ao escoamento de
Q;
• Destinados à percepção;
• Alimentados de fonte externa/exógeno;
• Retém maior quantidade de Q
Sistema Ψ (PSI)
• Neurônios impermeáveis;
• Impermeabilidade não é total - há uma
passagem parcial da excitação (facilitação)
• Dotados de resistência, retentivos de Q;
• Portadores de memória;
• Estimulados por fonte interna/ endógena;
• Menor quantidade de Q, por isso, podem
formar barreiras de contato mais ou menos
fortes, por isso constituem em memória;
5. Neurônio Qualitativo
ω (Sistema Ômega)
• Origem – Nível Consciente (Cs)
Funções
• São excitados junto com a percepção e são
responsáveis pelas sensações conscientes;
• Neles não há lugar para a memória, se
comportam com órgãos de percepção;
• Responsável pela qualidade;
• Não são capazes de receber Q, o que eles
recebem é uma temporalidade ou um período
de excitação que possibilita a eles uma carga
mínima de Q necessária p a consciência
Características
• Fonte - não é endógena e nem exógena, mas
retira sua energia dos neurônios Ψ e são
permeáveis, ou seja, não formam barreiras de
contato e não possuem memória;
• Permeabilidade - São absolutamente
permeáveis, pois funcionam com órgãos de
percepção, o que implica total fluidez
• Correlacionam-se com questões cm a
temporalidade e a periodicidade;
Três formas que afetam os
neurônios mutuamente
Transferindo quantidade (Q) entre si;
Transferindo qualidade entre si;
Exercendo uma forma de excitação recíproca
- não implica um acumulo de carga de
energética, o que vai possibilitar uma
compreensão melhor da temporalidade dos
neurônios ω;
• O período do movimento neurônico se
propaga a todas as partes sem nenhuma
inibição, como se fosse um processo de
indução;
Relação ω de com Q
• Os neurônios ω apesar de não receberem Q,
assumem o período de excitação decorrente
de sua articulação com os neurônios Ψ;
• Os neurônios ω não necessitam de descarga,
seu nível de investimento aumenta e diminui
pela excitação recíproca q mantém com Ψ;
• Os neurônios ω guiam a descarga de energia
livre dos neurônios Ψ;
Prazer e Desprazer
• Ao falar dos neurônios ω que Freud aborda a
questão do prazer-desprazer, dentre as
sensações que constituem o conteúdo da
consciência;
• O prazer e o desprazer seriam sensações
correspondentes à própria catexia de ω, ao
seu próprio nível; e aqui ω e Ψ funcionariam,
por assim dizer, como vasos comunicantes;
• Os resíduos das experiências de satisfação e
de dor vão constituir os afetos e os estados de
desejos
6. Experiência de Satisfação
É pela a experiência de satisfação que poderemos
entender os afetos e os estados de desejo, está
ligada à concepção freudiana de um estado de
desamparo original do ser humano.
Conceito
É a eliminação da tensão interna causada por um
estado de necessidade;
• Tensão / Fragilidade - Estado de desamparo
do ser humano (tensão); dependência
absoluta do outro;
Principio Envolvido
Princípio de Inércia - funciona no sentido de se ver
livre de todos os estímulos através da descarga de
Q que ele recebe;
Exemplo
A excitação decorrente dos estímulos internos
como no caso da fome
O bebê não é capaz de sozinho executar a ação
específica que põe fim à tensão decorrente do
acúmulo de Q
• A experiência de satisfação fica associada a
imagem do objeto que proporcionou a
satisfação e também a imagem do movimento
que proporcionou a descarga;
• Associação quando o estado de necessidade
se repetir surgirá um impulso psíquico
reinvestindo nesta imagem mnemônica do
objeto
Desejo
• Um impulso desta espécie é o que chamamos
de desejo; o reaparecimento da percepção é a
realização do desejo e o caminho mais curto a
essa realização é uma via que conduz
diretamente da excitação produzida pelo
desejo a uma catexia completa da percepção;
• O que é reativado é o traço mnemônico da
imagem do objeto sem que essa reativação
seja acompanhada por sua presença real o
que se produz, é, portanto, uma alucinação;
• Bebê não é capaz de fazer essa distinção
entre objeto real e objeto alucinado
desencadeia-se um ato reflexo cujo objetivo é
a posse do objeto sobrevindo assim frustração
Evitar o desprazer onde esse é identificado
com o aumento excessivo do nível de Q
Se a imagem do objeto hostil é reinvestida,
surge um estado de desprazer acompanhado
de uma tendência a descarga
Desejo e Afeto
• São construídos tanto a experiência de
satisfação;
• Ambos caracterizados por um aumento da
tensão no sistema de neurônios Ψ;
• No caso de um afeto - liberação súbita de Q;
• No caso de um desejo - somação
• Os desejos e os afetos vão produzir dois
mecanismos básicos que são a atração de
desejo primária e a defesa primária
(recalcamento)
7. Surgimento do Ego
Conceito
• O ego é uma formação do sistema Ψ - Ego
é mais um objeto, não possuindo acesso à
realidade, não sendo sujeito da percepção,
da consciência ou do desejo;
• O acesso à realidade é realizado pelo
sistema perceptivo formado pelos
neurônios ω;
• Não é entendido como sujeito, indivíduo ou
a totalidade do aparelho psíquico, mas
como uma parte do sistema Ψ que possui
uma função essencialmente inibidora.
Função
• É dificultar as passagens de Q que
originalmente foram acompanhadas de
satisfação ou de dor;
• Impedir que o investimento da imagem
mnêmica do primeiro objeto satisfatório se
faça, isto é, evitar a alucinação e a
consequente decepção;
• É tanto ativo quanto passivo, ou seja, deve
ser protegido e ao mesmo tempo é o
agente dessa proteção à dupla função: de
inibição e de defesa
Danos
• Em estado de desejo, recatexiza a
lembrança de um objeto, colocando em
ação um processo de descarga à não há
satisfação porque o objeto não é real, está
presente na ideia imaginária;
• Ao recatexizar uma imagem mnêmica
hostil, não consegue realizar uma inibição
adequada, resultando daí uma liberação
excessiva de desprazer ;
• Os danos ao ego ocorrem em função da
falta de um indicador de realidade, pois o
sistema Ψ é incapaz de distinguir o real
do imaginário
8. Processos Mentais
Conceito
• Dois modos de funcionamento do aparelho
psíquico;
• Dois modos de circulação de energia psíquica:
a energia livre e a energia ligada, assim como
corresponde também à oposição entre
princípio de prazer e o princípio de realidade
Tipos
Primários
Secundários
Processo
Primário
Processo
Secundário
Catexia
A catexia de
desejo levada ao
ponto da
alucinação e a
completa
produção do
desprazer, que
implica o total
consumo da
defesa;
Só se tornam
possíveis
mediante uma
boa catexia do
ego e que
representam
versões
atenuadas dos
mencionados
processos
psíquicos.
Ponto de
Vista
Tópico
Sistema
inconsciente
Sistema pré-
consciente-
consciente
Ponto de
Vista
Econômico
Energia livre -
Quando tende
para a descarga
da forma mais
direta possível
Energia ligada
- Quando sua
descarga é
retardada ou
controlada
Estados
Sonhos e
Sintomas
Pensamento,
Vigília,
Atenção
Raciocínio,
Linguagem
Funções do Aparelho
Psíquico
Processos do
Aparelho Psíquico
Função Primária - visa à
descarga total de Q,
Função Secundária - fuga
do estimulo
Processos Primários
Processos Secundários
Funcionamento do
sistema nervoso em geral
ou mesmo a todo o
organismo
Representações e
corresponde
especificamente ao
sistema de neurônios
9. Sonhos
Conceito
Exemplo privilegiado de processo primário em
função de uma diminuição das necessidades
orgânicas e por um desligamento dos
estímulos externos que tornam supérflua a
função secundária do ego.
Pré-condição para o Sono
• A pré-condição essencial do sono, e
portanto do sonho, é a queda da carga
endógena em Ψ (reserva de Q
acumulada no ego que, ao ser
descarregada, possibilita o sono);
• No sono o indivíduo se encontra em
estado ideal de inércia, livre de
acúmulo de Q
Seis características do processo
onírico
• Realizações de desejo;
• Processos primários que reproduzem o
modelo da experiência de satisfação;
• Caráter alucinatório- as conexões são
absurdas, contraditórias ou
estranhamente loucas;
• Carecem de descarga motora;
• Causam poucos danos em comparação à
outros processos primários;
• A Consciência fornece qualidade total
como na vida desperta
Conclusão
• O Projeto foi uma tentativa de Freud de
colocar a teoria psicológica numa linguagem
neurológica;
• O lugar aqui ocupado pela neurologia será
posteriormente ocupado pela metapsicologia;
• A explicação neurológica cederá lugar a
decifração de sentido, articulando aí desejo e
linguagem;
• Por essa pertença a linguagem que o sonho
vai tornar-se o modelo de compreensão dos
sintomas, dos mitos, das religiões, da obra de
arte à formas dissimuladas do desejo;