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Observação Participante em uma Escola Estadual de Ji-Paraná -RO – de 05/09 a 19/10
de 2007– Locimar Massalai
Diário de Campo
Primeira vez que fui até a escola. É uma escola de periferia, localizada no bairro
São Francisco. Sem asfalto, muito buraco. Na seca muita poeira e na chuva muita lama.
Muita criança, muitos bares. A escola leva o nome do bairro: Escola São Francisco. Funciona
com Ensino Fundamental de 1a a 4a série o que equivale a 5a série, pois a escola já adotou os
nove anos. Achei longe demais e fiquei reclamando pelo caminho das estradas ruins. A
diretora M. me acolheu com muita simpatia e diligência e deixou-nos a vontade. Para fazer as
atividades. A Orientadora J. mostrou-se solícita e disse-nos que poderia nos ajudar naquilo
que fosse necessário. A diretora se encontrava em sala de aula porque uma professora faltou e
a supervisora e a orientadora estavam acompanhando as atividades de uma técnica da
representação de ensino (REN) que trabalha com o projeto Gestar e por isso tinham que estar
liberadas para participar. Comecei fazer as anotações na sala se reforço onde três alunos
estavam tendo atividades de reforço com sua professora. Acercaram-se de mim e
perguntaram-me o que eu estava fazendo na escola. Disse-lhes que vim olhar algumas coisas.
Falam baixinho entre si. Perguntei-lhes que séries tinham na escola e me disseram; “acho que
de primeira a quinta série”. A diretora continua na sala da quinta série que só tem uma
professora pois a escola já adotou o ensino de nove anos. A orientadora estava participando
da reunião com professoras que era dinamizada pela técnica da Representação de Ensino de
Ji-Paraná. Todas elas eram professoras da 1A série e estavam revendo uma avaliação que foi
feita no ano passado e que as crianças não foram muito bem em interpretação: “avaliação de
desempenho escolar de Língua Portuguesa” do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar –
GESTAR. Esta mesma prova vai ser feita novamente no final do ano. “O que me preocupa é
que eles não estão lendo” desabafa uma das professoras. Tentam se consolar umas com as
outras dizendo que ainda estamos em setembro. Durante a reunião a orientadora foi chamada
por um aluno que pedia lápis de cor a mando de sua professora. Professores discutem as
habilidades que os alunos terão que ter adquirido em língua portuguesa. “Um texto deve ser
todo destrinchado em sala de aula”, argumenta a técnica da representação de ensino. Ao que
uma das professoras respondeu: “eu trabalho com parlendas, por exemplo ‘capelinha de
melão’. Uma outra professora questionou a técnica: “onde posso encontrar suporte para a
parlenda?” Seguiram-se as seguintes contribuições: “aparece às vezes no livro didático,
autores que fazem coletânea do senso comum, do domínio público ou de autores
desconhecidos”. “Até no final do gibi tem uma história curtinha com três seqüências de
cena... é muito bom para a primeira série é muito bom”. (fala da orientadora). A supervisora
se posiciona dizendo que material a escola não dispõe. “Eu tentei tirar mas gasta tinta”
desabafa professora Y. “No ano passado, fizemos a campanha do gibi”, partilha a supervisora
e continua fazendo comentário sobre as dificuldades materiais por quais passa a escola . A
técnica da representação de ensino fez referência ao Profipes que é uumm pprrooggrraammaa ddee ssuuppoorrttee
ffiinnaanncceeiirroo aa pprroojjeettooss EEssccoollaarreess,, ppaarraa aass eescolas da rede estadual que atendem o ensino
fundamental e médio, incluindo as especificidades de educação especial, educação de jovens
e adultos (presencial), e educação indígena e educação profissional. O governo tem como
meta alcançar 100% das escolas da rede pública estadual, com financiamento anual de 01
(um) projeto por unidade de ensino. Os projetos podem ser elaborados tanto por professores
quanto pela equipe técnica da escola (supervisor, orientador, psicólogo) ou ser resultado de
uma ação conjunta. Há critério de seleção: decidir no coletivo, por grau de prioridade, qual
projeto deverá ser atendido pelo Programa. Na fala da técnica ela disse que teve uma escola
que a partir deste projeto recebeu livros. “Recebeu até o livro “As crônicas de Nárnia”. Ao
que a orientadora respondeu: “duro é o livro ficar na escola pois carregam tudo”. Uma outra
professora disse: “eu não trabalho muito este tipo de texto, gibi, revista em quadrinhos”.
Supervisora argumentou: “ vocês viram o programa letramento? È outro programa do
governo federal”. Saiu e foi buscar o material. Lá fora a escola a escola está tranqüila, quieta,
silenciosa sem muito ruído de alunos. No período da tarde são aproximadamente 100 alunos.
O Pró-Letramento - Mobilização pela Qualidade da Educação - é um programa de formação
continuada de professores, para melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e
matemática nas séries iniciais do ensino fundamental. O Programa é realizado pelo MEC, em
parceria com Universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com
adesão dos estados e municípios. Podem participar todos os professores que estão em
exercício, nas séries iniciais do ensino fundamental das escolas públicas.
O Pró-Letramento funciona na modalidade a distância. Para isso, utiliza material impresso e
vídeos e conta com atividades presenciais, que são acompanhadas por professores
orientadores, também chamados tutores.
Objetivos
Os objetivos do Pró-Letramento são:
oferecer suporte à ação pedagógica dos professores das séries iniciais do ensino fundamental,
contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem de Língua Portuguesa e
Matemática;
Propor situações que incentivem a reflexão e a construção do conhecimento como processo
contínuo de formação docente;
Desenvolver conhecimentos que possibilitem a compreensão da matemática e da linguagem e
seus processos de ensino e aprendizagem;
Contribuir para que se desenvolva nas escolas uma cultura de formação continuada;
Desencadear ações de formação continuada em rede, envolvendo Universidades, Secretarias
de Educação e Escolas Públicas dos Sistemas de Ensino.
Por que formação continuada
A formação continuada é uma exigência da atividade profissional no mundo atual não
podendo ser reduzida a uma ação compensatória de fragilidades da formação inicial. O
conhecimento adquirido na formação inicial se reelabora e se especifica na atividade
profissional, para atender a mobilidade, a complexidade e a diversidade das situações que
solicitam intervenções adequadas. Assim, a formação continuada deve desenvolver uma
atitude investigativa e reflexiva, tendo em vista que a atividade profissional é um campo de
produção do conhecimento, envolvendo aprendizagens que vão além da simples aplicação do
que foi estudado.
A formação continuada de caráter reflexivo considera o professor sujeito da ação, valoriza
suas experiências pessoais, suas incursões teóricas, seus saberes da prática e possibilita-lhe
que, no processo, atribua novos significados a sua prática e compreenda e enfrente as
dificuldades com as quais se depara no dia-a-dia. Ainda não se pode perder de vista a
articulação entre formação e profissionalização, na medida em que uma política de formação
implica ações efetivas, no sentido de melhorar a qualidade do ensino, as condições de
trabalho e ainda contribuir para a evolução funcional dos professores.
(http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=559). A técnica da
representação de ensino continua sua fala argumentando: “não estamos falando muito mais
de atingir objetivos. Falamos de atingir habilidades com algo a ser desenvolvido (processo) é
algo que precisa ser trabalhado sempre, é maior. Professora X argumentou que colocou um
texto no quadro e um aluno indagou: “ué professora, este texto não tem dono não?” Fazendo
referência ao autor do texto. A mesma professora disse que os alunos pediram que ela
contasse várias vezes a mesma história, a “ história dos compadres” que trabalha a riqueza e a
inveja. A técnica da representação de ensino falou sobre os contos clássicos recontados por
Tatiana Belinski. “A gente tem que estar mais atenta a essas questões, como músicas, por
exemplo”, fala a supervisora. Houve comentários sobre o programa acelera brasil. “ A gente
tem que estar mais atento a estas questões, como música, por exemplo”. (fala da supervisora).
A conversa continua sobre o projeto “Acelera Brasil”. Ao que uma professora fala: “acelera o
que? Tenho um aluno na quarta série que corresponde a quinta a partir a implementação dos
nove anos, que não sabe ler (...) to lá pelejando com eles”. Há alunos que não obedecem a
convenção ortográfica mas escrevem de forma alfabética. Eu estava com sede e pedi água e a
supervisora trouxe-me um copo de água dentro de um recipiente de massa de tomate e
brincou com a situação: “é cristal chique”. Todos sorriram e seguimos brincando com a
situação. Todas as professoras participam ativamente da reunião enquanto lá fora no pequeno
pátio interno e coberto da escola algumas crianças correm, falam, sorriam, barulho
característico de uma escola. A fala continua ao redor da preocupação que as professoras tem
diante da avaliação que será feita no final do ano, novembro mais precisamente, para crianças
das duas primeiras séries iniciais, nos componentes curriculares de oralidade e escrita e
matemática e uma delas diz: “sabe da minha preocupação? Quero saber se meu menino vai
saber ler para fazer esta atividade?” A orientadora responde: “ta feio a situação”. Daí a
conversa se direciona para a situação de uma professora que vai vir no lugar da supervisora
que foi convidada a fazer um trabalho no município em um projeto de formação continuada
de professores. Uma troca. Então a escola vai ganhar uma professora e ficar sem a
supervisora até o final do ano pois segundo elas mesmas, a Representação de Ensino não
mandará outra supervisora. A professora estava sendo esperada naquele dia pois se ela não
viesse a supervisora não poderia ser liberada. A orientadora falou: “...se a professora vier...
acho que ela não veio porque não encontrou o caminho”. (risos gerais). Orientadora relatou
que um aluno pediu a professora que queria ir para casa mais cedo ao que a mesma disse que
ele só podia dispensa-lo se trouxesse um bilhete da mãe e no outro dia ele veio com um
bilhetinho num pedaço de folha que dizia o seguinte: “é paimacedo”. (risos gerais
novamente). São agora 15:15 e a escola ganhou mais barulho pois a criançada saiu para o
recreio, os 15 minutos de intervalo que geralmente é meia hora. A merenda do dia é arroz
com frango. Segundo a orientadora, a merendeira “é uma maranhense porreta”. E logo em
seguida me apontou o teto da sala dizendo: “teia de morcego”. É um forro branco, bem antigo
e carcomido de cupins, por cupins. Ouvi um barulho e o sino tocou. Alguém da sala disse: um
sino de vaca. Terminou o recreio. Quem toca o sino é o rapaz que trabalha na secretaria. A
orientadora mostrou-me o modelo de conexão da internet: “dqp” o que significa: “devagar
quase parando”. (risos gerais). Orientadora e supervisora se retiraram da reunião para
sintetizar e fazer o roteiro de uma reunião avaliativa que seria feita no próximo dia, com
todos os funcionários – avaliação institucional. Vão apresentar os resultados da avaliação,
socializar com todos os setores da escola. Esta atividade está dentro das programações do
projeto pedagógico escolar: avaliação institucional da escola. Neste instante uma aluna veio
procurar a orientadora. Estava chorando, segundo ela, por causa da dor de ouvido. A aluna é
da 3a Série. Segundo a orientadora ela “encrenca” com uma coleguinha na sala e pede para ir
embora logo em seguida. Outros alunos correm no pátio e brincam de amarelinha. Segundo
sinal para o fim do recreio e os alunos todos correm e se organizam para voltar as salas.
Cinco minutos depois, ainda havia muitos alunos no pátio porque os professores não haviam
ido para as salas. Agora sim, menos alunos no pátio e a escola fica “tranqüila”.
Momentaneamente tudo se aquieta. A grande maioria foi para casa ou para a sala de aula.
Silêncio novamente! Só se escuta falas nas salas de aula. Orientadora disse-me que também
os professores da tarde vão ser dispensados e não terão aula no dia da reunião. Orientadora e
supervisora estão preparando a reunião para amanhã. Orientadora sai e volta para a sala onde
estamos e diz, retificando que no período da tarde vai ter aula sim. Só serão dispensados o
pessoal que faz planejamento. Orientadora sai da sala novamente e desapareceu.... vejo-a
agora na sala da direção para preparar a reunião de amanhã a partir do modelo (em anexo):
“Avaliação do desempenho para todos os segmentos da escola”. Às 16 :10 havia na escola 03
salas de aula com alunos. A escola tem aspecto limpo e bem cuidado. Tem um refeitório
grande e bem arejado com seis mesas e uma quadra de esportes. Orientadora e supervisora
durante a preparação do encontro que o governador solicitou em uma reunião que teve com
diretores e secretários que a prioridade é o aluno e que ele não quer ver ir nas escolas e
encontrar um chiqueiro... e que ele teria feito o seguinte comentário em uma reunião com
gestores: “a impressão que dá e que em algumas escolas a gente ta entrando num chiqueiro”.
Às 16:30 alunos que estavam fazendo avaliação vão embora para casa. Orientadora disse que
quando é muito calor dispensam os alunos porque é muito calor. Se deveria ter janelões de
correr.... (referindo-se as salas com janelas fechadas e muito pequenas). “Essa escola ainda
tem muito espaço que pode ser aproveitado. Precisaríamos de um parquinho porque temos
muitas crianças de 1a a 4a séries”.
No dia 13.09.2007 chego na escola às 12:30. Estou m percebendo meio resistente ou
será preguiça? Não queria ter me matriculado novamente nesta disciplina, mas fazer o que
né? Já que estou no barco vamos remar. Fui recebido pelo guarda da escola que me disse que
“elas” não estavam na escola ainda (referindo-se às mulheres: diretora, supervisora e
orientadora). Na escola somente o pessoal de serviços gerais, dois senhores, duas senhoras da
limpeza. Uma delas trouxe duas netinhas na escola porque as mães precisam trabalhar. Uma
delas limpando o chão disse: “Nossa, que baldinho pequeno vou cortar o galão para fazer
um maior”. Ao que a outra respondeu: “nossa como você é golosa, é bom com baldinho
pequeno porque você não se cansa. O que eu posso fazer em dez horas eu não vou fazer em
duas horas.” Uma criança sem camisa chega na escola e o guarda diz: “Veste a camisa rapaz”.
A senhora que estava limpando o chão perguntou meu nome e eu disse: “Locimar” ao que
perguntou novamente: “Tem acento?” e continuou a conversa a partir deste pretexto: “Eu
queria ser professora de História, mas história de Rondônia”. Queria estudar mais, mas acho
que já estou muito velha. Eu vou procurar entender mais a história de Rondônia quando eu
comprar um computador vou ver na internet. Em nome de Jesus eu vou fazer isto. Se eu
pudesse eu vivia com os índios, acho tudo lá tão bonito”. Ao que a outra respondeu: “esses
índios são todos uns filho da p....são espertos, eles não são mais bobos não. Tenho tanta raiva
destes desgraçados. É deles e dos sem terra, esses desgraçados... é sim minina.” A outra
senhora continuou falando de suas pretensões de estudar: “ Eu queria estudar mais, não sei
colocar os acentos, quando usar “X” ou “S” ou “Z” fiz meu estudo muito nas carreiras, foi lá
no supletivo”. São 12:45 e no pátio alguma crianças brincam de amarelinha. A escola
começa ganhar mais movimento e barulho com a chegada das crianças que conversam,
gritam, brincam de bolha e de outras brincadeiras. Surge um pequeno conflito no pátio entre
as zeladoras e alguns garotos trouxeram bicicleta para a escola e as deixaram no pátio. Alguns
cartazes no pátio falam do projeto sobre a Paz na escola. Segue abaixo os dizeres:
Como construir a paz no dia a dia da escola?
Não chegar atrasado!
Ser obediente a todos os funcionários!
Respeitar os colegas!
Fazer as tarefas
Evitar brigas
Respeitar as regras
Respeitar os coleguinhas
Respeitar as regras
Viver em harmonia
Viver em comunidade
Respeitar os vizinhos
Participar de uma igreja
Texto organizado pela professora “F” do CBAI – Turma “B”. Um outro cartaz
trazia os seguintes dizeres: “na cultura da paz sabemos sempre: respeitar as opiniões alheias,
colocarmo-nos na posição dos companheiros em dificuldades, calar referências impróprias ou
destrutivas, reconhecer que nossas dores ou provocações não são diferentes daquelas que
visitam o coração do próximo, consagrarmo-nos ao cumprimento das próprias obrigações,
melhorar-nos, através do trabalho, do estudo ou seja onde for, cultivar o prazer de servir,
semear o amor por toda parte, jamais duvidar da vitória do bem. O cartaz é finalizado com
esta citação: “Buscando a consideração de pacificadores, guardemos a certeza de que a paz
verdadeira não surge espontaneamente, de vem que é e será sempre fruto do esforço de cada
um”. Um grupo de crianças acercou-se de mim enquanto tomava as anotações e começaram a
me interrogar sobre o que estava fazendo na escola. Expliquei-lhes dizendo que era uma
pesquisa para meus estudos. Não se contentaram muito com a resposta. Ainda perguntaram se
eu não iria dar aula de educação física. Disse-lhes que não e expliquei novamente o meu
propósito na escola. Aproveitei para perguntar se eles sabiam quem era a orientadora da
escola e em coro responderam: “É a Juliana” Outros responderam: “É a Rolse”. Outros
responderam: “Ah, a Rolse foi embora”. Continuei perguntando sobre a função da orientadora
na escola e um garotinho rapidamente respondeu: “Ué, ela orienta”! Disse-lhes ainda que eu
iria fazer uma entrevista e ficaram afoitos. Hoje cheguei na escola às 13:10. ao chegar alunos
vieram correndo ao meu encontro perguntando porque eu não havia feito a entrevista com
eles. Logo em seguida entrevistei a vice-diretora que me pareceu um pouco resistente, em
seguida conversei com os alunos que estiveram muito a vontade conversando comigo e
interagindo. A orientadora foi enviando aluno por aluno no total de 05. Ao longo da
observação entrevistei mais alguns. Ouço agora logo após o toque da sineta para entrar,
depois do recreio, orientadora chamando atenção dos alunos que demoraram entrar para a sala
ou que estavam fazendo bagunça. Silêncio total. Alunos todos em sala. Volta-se à rotina.
Ouço barulho de um dos funcionários do serviço geral raspando o quadro de mural que estava
cheio de cola. Entrevistei mais 03 professores e estavam muito abertos e receptivos.
No dia 24/09/2007.... ouço a voz da orientadora chamando os alunos dispersos
logo depois que bateu o sinal para a entrada das aulas às 13:15 ... chamando os alunos para o
momento cívico. Orientadora conclama os alunos a não rasgar os cartazes da escola, que
cuidem da escola. Logo após cantam juntos com palmas: “boa tarde escola como vai” e com
outras variações. Depois a orientadora me apresentou oficialmente aos alunos todos, falou
quem eu era e o que estava fazendo na escola. Gritaram todos juntos: “seja bem vindo
Locimar”. Ao que respondi bem alto e forte de maneira teatral e com pantomimas e com caras
e bocas: “Obrigado” e os alunos deram uma gargalhada geral. Depois a orientadora exortou
os alunos para a seriedade e reverência do momento da oração. Todos cantaram: “Vem
espírito santo vem, vem iluminar”. E finalizaram o momento com um Pai-Nosso. Deu os
parabéns aos alunos que hoje se comportaram bem. Entrevistei uma mãe. Estava bastante
tímida mas me atendeu cordialmente. Continuei fazer minhas anotações no refeitório, um
espaço amplo, limpo e bem arejado. É uma construção nova em relação ao todo da escola. Foi
inaugurada em dezembro de 2004. Tem uma cozinha com seis mesas com 12 bancos ao todo,
bancos grandes. Ouço as cozinheiras reclamando da falta de materiais para fazer a merenda.
Hoje eu não vim de carro. Vim de moto-táxi para ver a situação desde outro olhar. Vou voltar
a pé até o centro. Claro, minha bunda está doida por causa dos buracos e o moto-taxi corria
muito. Peguei-o na T 08 e em apenas 05 minutos ele estava na escola. Conhece todos os
atalhos do percurso. Fiquei impressionado pois eu levei quase meia hora de carro para chegar
na escola pela primeira vez e levo uns 15 no ordinário para chegar agora. Orientadora estava
chamando atenção dos alunos. Ouço apenas vozes dos alunos em sala de aula e alguns no
pátio pois alunos da 1a série que vem para o reforço escolar em horário oposto. As três
mulheres continuam conversando muito na cozinha, preparando a merenda que hoje é arroz
com charque, jabá, arroz, feijão e cenoura. A chef disse: “E nós colocamos até um inhaminho
para ficar delícia, aqui a gente aproveita tudo, desde que eu comecei a trabalhar nesta escola
há 18 anos. Aqui é bom mas não tem ônibus no bairro São Francisco e as estradas são muito
ruim... isto vai para a Ulbra? Então é bom colocar isto no seu relatório. Quando foi no tempo
da enchente uns 16 anos atrás, os alunos e professores vinham até a escola de vuadeira.
Quando nós começamos aqui a gente puxava água de balde no poço”. Reclamou da falta de
funcionários e o desvio de função dos mesmos. “Nós tamos aqui, nós fica queimando o
cabelo do subaco e da piriquita aqui. Falar a verdade, só Jesus na causa. Aqui tem gente que
fez concurso para uma coisa e ta trabalhando em outra coisa. Aqui a coisa é feia com um
buraco no meio”. Perguntaram para mim seu eu conhecia um professor de história que tem o
apelido de “Bibi”. Ele é um professor de história, ele é dez”! Cheirei o Bibi na exposição.
Perguntei para elas sobre a orientadora: ... “ é a Juju! Olha eu não participo para lá (se
referindo aos outros setores da escola), mas bota ai, ela é boa. Agora a que eu gostava mesmo
era da Rolse ... ela é legal, é muito inteligente. A professora que veio aqui trabalhar no lugar
dela e nem chegou direito e já foi embora. Ela tem depressão. E nem chegou esquentar o
rabo. Esta professora foi a que veio no lugar da supervisora que foi trabalhar no município.
Pegou laudo médico e só volta a trabalhar no ano que vem. Estou agora na sala da professora
“X” que está dando aula de reforço, para primeira série, alfabetização. Quatro meninas e um
menino. Estão tentando escrever a palavra “preto”. A professora exagera na pronúncia:
prrrrreeeetttttoooooo! A orientadora está conversando com uma professora na sala dela. A
professora alfabetizadora continua: “vamos lá: bravvvooooooo”! Acentuando sílabas e letras.
Dois meninos se aproximam da mesa onde estou escrevendo, brincam com minha caneta sem
nenhuma reserva. Passam um carinho pequeno, miniatura sobre meu caderno.... A professora
continua ditando para ver se eles pegam mais fácil e bate palmas para contar as sílabas. Uma
criança pergunta para a professora: “Né tia que a gente está na escola é para aprender?”
“Claro”, responde a professora. Está no meio, rodeada pelas quatro crianças. Ando pela
escola e lá fora vejo várias pipas coloridas e a criançada brincando. A escola está sem luz
desde manhã devido o temporal que caiu sobre a cidade. A diretora falou para mim que se
não voltar luz vai ter que dispensar os alunos porque a caixa de água está quase vazia. A
orientadora disse que a primeira vez que ela veio na escola foi parar num buritizal e morreu
de medo (enquanto a orientadora falava isto, a luz voltou... que coisa, foi um milagre).
Aproveitei e perguntei sobre a professora que estava conversando com ela. Disse-me que é
muito estressada, mas é competente, porém não tem nenhuma humanidade e afetividade para
com os alunos. Disse ainda que está preocupada com a avaliação que os alunos dela vão fazer
no final do ano. Está preocupada pois alguns alunos vão reprovar e se isto não iria prejudicar
no sentido de perder a gratificação. Ouço o mínimo de vozes dos alunos em sala de aula e vez
por outra uma professora chama atenção de um aluno: “psiu, psiu.....” O secretário da escola
passa por mim e me cumprimenta: “Boa tarde”! Hoje no mural da escola tem um cartaz com
os seguintes dizeres: “natureza é vida!” Logo em seguida várias frases sobre a primavera feita
pelos alunos: viva a natureza, viva a primavera, estamos na primavera, eu amo a primavera,
cuide da natureza, vamos cuidar da natureza! Entre no banheiro masculino. Não tem papel
higiênico nem local para colocar o papel higiênico. Vasos sujos, fétidos. Os vasos estão com
sinais de que as crianças sobem em cima deles para fazer suas necessidades. Um cheiro
insuportável. Tem dois chuveiros com água correndo constantemente mas sem os registros de
abrir e fechar. Ouço lá fora uma professora gritando com os alunos. Nas paredes dos
banheiros está escrito frases sobre “viado”. “Davi é um viado”. Há sinais de fezes nas
paredes, tudo indica que os alunos se limpam com os dedos. A orientadora me disse que o
sonho dela é construir um parquinho aqui e mostra o local. “Aqui se precisa é mais de boa
vontade do que recurso”, argumenta e reclama. Quando eu sai do banheiro, senti o cheiro
gostoso da comida na cozinha! Três crianças brigam no pátio. São aquelas do reforço. Uma
garotinha joga um tamanco nas costas do coleguinha. Logo em seguida, passando em frente
da cantina ele disse para ela: “hoje é arroz, hoje é arroz...” Ao que ela responde: “se você não
parar vou te dar outra tamancada sua desgraça”! O guarda passa por mim e fala: “olha aqui o
que a molecada fez, arrancaram a árvore”! Estou na quadra agora e nisto a orientadora passa
por mim e diz: “as demarcações da quadra estavam todas apagadas e quem pintou novamente
foi um rapaz, um voluntário”. Caminho pela quadra para observar. O bairro onde a escola está
inserida é bem retirado do centro da cidade. Quase não se escuta barulho de carros. É possível
ouvir fora dos muros da escola, barulho de crianças brincando com pipas, pássaros e galos
cantando. Volto para o refeitório porque a merendeira me chama para comer. Uma das
senhoras que trabalha ajudando no fabrico da merenda traz duas netinhas para a escola que
são, segundo ela, de duas mães diferentes. Depois de separadas todas voltaram para a casa da
mãe com suas filhas. Então as duas mães trabalham fora, e as duas menininhas tem que ficar
com a avó e como esta necessita trabalhar traz para a escola as duas pequenas pois no bairro
não tem creche. Terminei de comer e a maranhense que é a cozinheira “mor” me deu duas
bananas para “complementar”, segundo ela. Estas bananas são “ofertadas” por um
“mercadinho” nas ninguém pode saber por que é proibido. Percebo que esta é uma prática em
muitas escolas da região pois na escola em que eu trabalho acontece o mesmo, só que é com
legumes. Vi que no cardápio de sexta-feira é canjica com amendoim e disse para a
merendeira mor que adoro canjica. Ao que ela respondeu: “então está convidado, vou
caprichar”. Neste momento os alunos entram correndo para merendar e são orientados que é
uma banana para cada um. “oba banana, dizem alguns alunos de uma outra turma que estão
chegando”! A merendeira me chama para ajudar na distribuição da comida. Em uma mesa
próximo onde estou um grupo de meninos faz guerra com as cascas de banana. Vários alunas
sentam na mesma onde estou comendo e uma delas diz para mim: “você tem voz grossa”! Ao
que a outra respondeu: “Claro, voz fina é de mulher e de viado”. Uma outra replicou: “Eu
tenho a voz grossa”. Ai entrei na conversa e expliquei para elas que a voz dela tinha uma
tonalidade grave e que cada pessoa tem um estilo de voz e cada um tem uma voz diferente.
Todas acharam graça e deram uma gargalhada. Todas querem sentar perto de onde estou. A
conversa gira agora ao redor do tema: “computador”. Uma das meninas fala: “as pessoas
ficam viciadas em computador”. Outra me perguntou: Depois que você escrever tudo isto o
que vai fazer?” Expliquei e ela ficou quieta. As crianças no refeitório conversam, comem e
brincam,tudo ao mesmo tempo. Saio contente da escola às 16:30 pois a observação rendeu.
Resolvi voltar ao centro a pé. Dia claro, gostoso. No caminho observo muito mato, ruas de
terra pois no bairro não tem asfalto. Muitos cachorros na rua. As pessoas em geral me
cumprimentam enquanto vou caminhando com meu caderninho na mão. Casas semi-
construídas em sua maioria. Há um começo de casa sempre, algumas habitadas, muitas
abandonadas. Ruas sujas, cheias de lixo e de entulhos. Dois adolescentes passam por mim em
uma charrete.Vou caminhando e vejo uma senhora deficiente deitada no chão se arrastando e
ao lado dela, dois homens. Passa agora por mim mais um adolescente de bicicleta e com um
patins e parece que se dirige ao centro da cidade. Serpenteando a estrada tem um córrego ou o
que resta dele, entulhado de lixo. Percebo peixes pulando apesar de todo lixo e muitos
peixinhos. Vou caminhando e percebo que as casas estão cheias de placas de propaganda de
políticos. Quase chegando no centro, perto do Jotão eu passo perto de uma pequena fábrica de
carroceria de caminhão.
19/10/2007 – estive na escola mais uma vez, desta feita, rapidamente pela manhã para pegar
um documento com a orientadora. A encontrei na sala da direção pois a diretora estava
envolvida em uma “feira da pechincha” para angariar fundos para o passeio que os
funcionários e professores da escola irão fazer no Minuano e também para uma tarde cultural
com a garotada. Vejo senhoras e crianças em sua maioria. Segundo diretora, a feira abriu as 8
horas mas desde as 7 horas já havia gente na escola. Disse ainda que na outra feira que
fizeram a escola fez 800,00 só que foi num sábado. Todas as peças de roupa são vendidas de
0,50 a 5,00 e foram os professores da escola que recolheram as roupas e brinquedos para ser
revendidos para a comunidade. A maioria são mulheres e crianças que vejo revirando os
montes de roupa procurando peça por peça. Uma menina comprou uma peça de roupa que
valia 0,50 e a professora deu o troco errado para ela e esta respondeu para a professora: “ ... ta
errado professora, não sou besta não”. Numa sala ao lado duas professoras passam um filme
para um grupo grande de alunos e uma delas está muito irritada com as crianças.

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Observação Participante em uma Escola Estadual de Ji-Paraná -RO – de 05/09 a 19/10 de 2007– Locimar Massalai Diário de Campo

  • 1. Observação Participante em uma Escola Estadual de Ji-Paraná -RO – de 05/09 a 19/10 de 2007– Locimar Massalai Diário de Campo Primeira vez que fui até a escola. É uma escola de periferia, localizada no bairro São Francisco. Sem asfalto, muito buraco. Na seca muita poeira e na chuva muita lama. Muita criança, muitos bares. A escola leva o nome do bairro: Escola São Francisco. Funciona com Ensino Fundamental de 1a a 4a série o que equivale a 5a série, pois a escola já adotou os nove anos. Achei longe demais e fiquei reclamando pelo caminho das estradas ruins. A diretora M. me acolheu com muita simpatia e diligência e deixou-nos a vontade. Para fazer as atividades. A Orientadora J. mostrou-se solícita e disse-nos que poderia nos ajudar naquilo que fosse necessário. A diretora se encontrava em sala de aula porque uma professora faltou e a supervisora e a orientadora estavam acompanhando as atividades de uma técnica da representação de ensino (REN) que trabalha com o projeto Gestar e por isso tinham que estar liberadas para participar. Comecei fazer as anotações na sala se reforço onde três alunos estavam tendo atividades de reforço com sua professora. Acercaram-se de mim e perguntaram-me o que eu estava fazendo na escola. Disse-lhes que vim olhar algumas coisas. Falam baixinho entre si. Perguntei-lhes que séries tinham na escola e me disseram; “acho que de primeira a quinta série”. A diretora continua na sala da quinta série que só tem uma professora pois a escola já adotou o ensino de nove anos. A orientadora estava participando da reunião com professoras que era dinamizada pela técnica da Representação de Ensino de Ji-Paraná. Todas elas eram professoras da 1A série e estavam revendo uma avaliação que foi feita no ano passado e que as crianças não foram muito bem em interpretação: “avaliação de desempenho escolar de Língua Portuguesa” do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR. Esta mesma prova vai ser feita novamente no final do ano. “O que me preocupa é que eles não estão lendo” desabafa uma das professoras. Tentam se consolar umas com as outras dizendo que ainda estamos em setembro. Durante a reunião a orientadora foi chamada por um aluno que pedia lápis de cor a mando de sua professora. Professores discutem as habilidades que os alunos terão que ter adquirido em língua portuguesa. “Um texto deve ser todo destrinchado em sala de aula”, argumenta a técnica da representação de ensino. Ao que uma das professoras respondeu: “eu trabalho com parlendas, por exemplo ‘capelinha de melão’. Uma outra professora questionou a técnica: “onde posso encontrar suporte para a parlenda?” Seguiram-se as seguintes contribuições: “aparece às vezes no livro didático,
  • 2. autores que fazem coletânea do senso comum, do domínio público ou de autores desconhecidos”. “Até no final do gibi tem uma história curtinha com três seqüências de cena... é muito bom para a primeira série é muito bom”. (fala da orientadora). A supervisora se posiciona dizendo que material a escola não dispõe. “Eu tentei tirar mas gasta tinta” desabafa professora Y. “No ano passado, fizemos a campanha do gibi”, partilha a supervisora e continua fazendo comentário sobre as dificuldades materiais por quais passa a escola . A técnica da representação de ensino fez referência ao Profipes que é uumm pprrooggrraammaa ddee ssuuppoorrttee ffiinnaanncceeiirroo aa pprroojjeettooss EEssccoollaarreess,, ppaarraa aass eescolas da rede estadual que atendem o ensino fundamental e médio, incluindo as especificidades de educação especial, educação de jovens e adultos (presencial), e educação indígena e educação profissional. O governo tem como meta alcançar 100% das escolas da rede pública estadual, com financiamento anual de 01 (um) projeto por unidade de ensino. Os projetos podem ser elaborados tanto por professores quanto pela equipe técnica da escola (supervisor, orientador, psicólogo) ou ser resultado de uma ação conjunta. Há critério de seleção: decidir no coletivo, por grau de prioridade, qual projeto deverá ser atendido pelo Programa. Na fala da técnica ela disse que teve uma escola que a partir deste projeto recebeu livros. “Recebeu até o livro “As crônicas de Nárnia”. Ao que a orientadora respondeu: “duro é o livro ficar na escola pois carregam tudo”. Uma outra professora disse: “eu não trabalho muito este tipo de texto, gibi, revista em quadrinhos”. Supervisora argumentou: “ vocês viram o programa letramento? È outro programa do governo federal”. Saiu e foi buscar o material. Lá fora a escola a escola está tranqüila, quieta, silenciosa sem muito ruído de alunos. No período da tarde são aproximadamente 100 alunos. O Pró-Letramento - Mobilização pela Qualidade da Educação - é um programa de formação continuada de professores, para melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e matemática nas séries iniciais do ensino fundamental. O Programa é realizado pelo MEC, em parceria com Universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com adesão dos estados e municípios. Podem participar todos os professores que estão em exercício, nas séries iniciais do ensino fundamental das escolas públicas. O Pró-Letramento funciona na modalidade a distância. Para isso, utiliza material impresso e vídeos e conta com atividades presenciais, que são acompanhadas por professores orientadores, também chamados tutores.
  • 3. Objetivos Os objetivos do Pró-Letramento são: oferecer suporte à ação pedagógica dos professores das séries iniciais do ensino fundamental, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática; Propor situações que incentivem a reflexão e a construção do conhecimento como processo contínuo de formação docente; Desenvolver conhecimentos que possibilitem a compreensão da matemática e da linguagem e seus processos de ensino e aprendizagem; Contribuir para que se desenvolva nas escolas uma cultura de formação continuada; Desencadear ações de formação continuada em rede, envolvendo Universidades, Secretarias de Educação e Escolas Públicas dos Sistemas de Ensino. Por que formação continuada A formação continuada é uma exigência da atividade profissional no mundo atual não podendo ser reduzida a uma ação compensatória de fragilidades da formação inicial. O conhecimento adquirido na formação inicial se reelabora e se especifica na atividade profissional, para atender a mobilidade, a complexidade e a diversidade das situações que solicitam intervenções adequadas. Assim, a formação continuada deve desenvolver uma atitude investigativa e reflexiva, tendo em vista que a atividade profissional é um campo de produção do conhecimento, envolvendo aprendizagens que vão além da simples aplicação do que foi estudado. A formação continuada de caráter reflexivo considera o professor sujeito da ação, valoriza suas experiências pessoais, suas incursões teóricas, seus saberes da prática e possibilita-lhe que, no processo, atribua novos significados a sua prática e compreenda e enfrente as dificuldades com as quais se depara no dia-a-dia. Ainda não se pode perder de vista a articulação entre formação e profissionalização, na medida em que uma política de formação implica ações efetivas, no sentido de melhorar a qualidade do ensino, as condições de trabalho e ainda contribuir para a evolução funcional dos professores. (http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=559). A técnica da
  • 4. representação de ensino continua sua fala argumentando: “não estamos falando muito mais de atingir objetivos. Falamos de atingir habilidades com algo a ser desenvolvido (processo) é algo que precisa ser trabalhado sempre, é maior. Professora X argumentou que colocou um texto no quadro e um aluno indagou: “ué professora, este texto não tem dono não?” Fazendo referência ao autor do texto. A mesma professora disse que os alunos pediram que ela contasse várias vezes a mesma história, a “ história dos compadres” que trabalha a riqueza e a inveja. A técnica da representação de ensino falou sobre os contos clássicos recontados por Tatiana Belinski. “A gente tem que estar mais atenta a essas questões, como músicas, por exemplo”, fala a supervisora. Houve comentários sobre o programa acelera brasil. “ A gente tem que estar mais atento a estas questões, como música, por exemplo”. (fala da supervisora). A conversa continua sobre o projeto “Acelera Brasil”. Ao que uma professora fala: “acelera o que? Tenho um aluno na quarta série que corresponde a quinta a partir a implementação dos nove anos, que não sabe ler (...) to lá pelejando com eles”. Há alunos que não obedecem a convenção ortográfica mas escrevem de forma alfabética. Eu estava com sede e pedi água e a supervisora trouxe-me um copo de água dentro de um recipiente de massa de tomate e brincou com a situação: “é cristal chique”. Todos sorriram e seguimos brincando com a situação. Todas as professoras participam ativamente da reunião enquanto lá fora no pequeno pátio interno e coberto da escola algumas crianças correm, falam, sorriam, barulho característico de uma escola. A fala continua ao redor da preocupação que as professoras tem diante da avaliação que será feita no final do ano, novembro mais precisamente, para crianças das duas primeiras séries iniciais, nos componentes curriculares de oralidade e escrita e matemática e uma delas diz: “sabe da minha preocupação? Quero saber se meu menino vai saber ler para fazer esta atividade?” A orientadora responde: “ta feio a situação”. Daí a conversa se direciona para a situação de uma professora que vai vir no lugar da supervisora que foi convidada a fazer um trabalho no município em um projeto de formação continuada de professores. Uma troca. Então a escola vai ganhar uma professora e ficar sem a supervisora até o final do ano pois segundo elas mesmas, a Representação de Ensino não mandará outra supervisora. A professora estava sendo esperada naquele dia pois se ela não viesse a supervisora não poderia ser liberada. A orientadora falou: “...se a professora vier... acho que ela não veio porque não encontrou o caminho”. (risos gerais). Orientadora relatou que um aluno pediu a professora que queria ir para casa mais cedo ao que a mesma disse que ele só podia dispensa-lo se trouxesse um bilhete da mãe e no outro dia ele veio com um bilhetinho num pedaço de folha que dizia o seguinte: “é paimacedo”. (risos gerais novamente). São agora 15:15 e a escola ganhou mais barulho pois a criançada saiu para o
  • 5. recreio, os 15 minutos de intervalo que geralmente é meia hora. A merenda do dia é arroz com frango. Segundo a orientadora, a merendeira “é uma maranhense porreta”. E logo em seguida me apontou o teto da sala dizendo: “teia de morcego”. É um forro branco, bem antigo e carcomido de cupins, por cupins. Ouvi um barulho e o sino tocou. Alguém da sala disse: um sino de vaca. Terminou o recreio. Quem toca o sino é o rapaz que trabalha na secretaria. A orientadora mostrou-me o modelo de conexão da internet: “dqp” o que significa: “devagar quase parando”. (risos gerais). Orientadora e supervisora se retiraram da reunião para sintetizar e fazer o roteiro de uma reunião avaliativa que seria feita no próximo dia, com todos os funcionários – avaliação institucional. Vão apresentar os resultados da avaliação, socializar com todos os setores da escola. Esta atividade está dentro das programações do projeto pedagógico escolar: avaliação institucional da escola. Neste instante uma aluna veio procurar a orientadora. Estava chorando, segundo ela, por causa da dor de ouvido. A aluna é da 3a Série. Segundo a orientadora ela “encrenca” com uma coleguinha na sala e pede para ir embora logo em seguida. Outros alunos correm no pátio e brincam de amarelinha. Segundo sinal para o fim do recreio e os alunos todos correm e se organizam para voltar as salas. Cinco minutos depois, ainda havia muitos alunos no pátio porque os professores não haviam ido para as salas. Agora sim, menos alunos no pátio e a escola fica “tranqüila”. Momentaneamente tudo se aquieta. A grande maioria foi para casa ou para a sala de aula. Silêncio novamente! Só se escuta falas nas salas de aula. Orientadora disse-me que também os professores da tarde vão ser dispensados e não terão aula no dia da reunião. Orientadora e supervisora estão preparando a reunião para amanhã. Orientadora sai e volta para a sala onde estamos e diz, retificando que no período da tarde vai ter aula sim. Só serão dispensados o pessoal que faz planejamento. Orientadora sai da sala novamente e desapareceu.... vejo-a agora na sala da direção para preparar a reunião de amanhã a partir do modelo (em anexo): “Avaliação do desempenho para todos os segmentos da escola”. Às 16 :10 havia na escola 03 salas de aula com alunos. A escola tem aspecto limpo e bem cuidado. Tem um refeitório grande e bem arejado com seis mesas e uma quadra de esportes. Orientadora e supervisora durante a preparação do encontro que o governador solicitou em uma reunião que teve com diretores e secretários que a prioridade é o aluno e que ele não quer ver ir nas escolas e encontrar um chiqueiro... e que ele teria feito o seguinte comentário em uma reunião com gestores: “a impressão que dá e que em algumas escolas a gente ta entrando num chiqueiro”. Às 16:30 alunos que estavam fazendo avaliação vão embora para casa. Orientadora disse que quando é muito calor dispensam os alunos porque é muito calor. Se deveria ter janelões de correr.... (referindo-se as salas com janelas fechadas e muito pequenas). “Essa escola ainda
  • 6. tem muito espaço que pode ser aproveitado. Precisaríamos de um parquinho porque temos muitas crianças de 1a a 4a séries”. No dia 13.09.2007 chego na escola às 12:30. Estou m percebendo meio resistente ou será preguiça? Não queria ter me matriculado novamente nesta disciplina, mas fazer o que né? Já que estou no barco vamos remar. Fui recebido pelo guarda da escola que me disse que “elas” não estavam na escola ainda (referindo-se às mulheres: diretora, supervisora e orientadora). Na escola somente o pessoal de serviços gerais, dois senhores, duas senhoras da limpeza. Uma delas trouxe duas netinhas na escola porque as mães precisam trabalhar. Uma delas limpando o chão disse: “Nossa, que baldinho pequeno vou cortar o galão para fazer um maior”. Ao que a outra respondeu: “nossa como você é golosa, é bom com baldinho pequeno porque você não se cansa. O que eu posso fazer em dez horas eu não vou fazer em duas horas.” Uma criança sem camisa chega na escola e o guarda diz: “Veste a camisa rapaz”. A senhora que estava limpando o chão perguntou meu nome e eu disse: “Locimar” ao que perguntou novamente: “Tem acento?” e continuou a conversa a partir deste pretexto: “Eu queria ser professora de História, mas história de Rondônia”. Queria estudar mais, mas acho que já estou muito velha. Eu vou procurar entender mais a história de Rondônia quando eu comprar um computador vou ver na internet. Em nome de Jesus eu vou fazer isto. Se eu pudesse eu vivia com os índios, acho tudo lá tão bonito”. Ao que a outra respondeu: “esses índios são todos uns filho da p....são espertos, eles não são mais bobos não. Tenho tanta raiva destes desgraçados. É deles e dos sem terra, esses desgraçados... é sim minina.” A outra senhora continuou falando de suas pretensões de estudar: “ Eu queria estudar mais, não sei colocar os acentos, quando usar “X” ou “S” ou “Z” fiz meu estudo muito nas carreiras, foi lá no supletivo”. São 12:45 e no pátio alguma crianças brincam de amarelinha. A escola começa ganhar mais movimento e barulho com a chegada das crianças que conversam, gritam, brincam de bolha e de outras brincadeiras. Surge um pequeno conflito no pátio entre as zeladoras e alguns garotos trouxeram bicicleta para a escola e as deixaram no pátio. Alguns cartazes no pátio falam do projeto sobre a Paz na escola. Segue abaixo os dizeres: Como construir a paz no dia a dia da escola? Não chegar atrasado! Ser obediente a todos os funcionários!
  • 7. Respeitar os colegas! Fazer as tarefas Evitar brigas Respeitar as regras Respeitar os coleguinhas Respeitar as regras Viver em harmonia Viver em comunidade Respeitar os vizinhos Participar de uma igreja Texto organizado pela professora “F” do CBAI – Turma “B”. Um outro cartaz trazia os seguintes dizeres: “na cultura da paz sabemos sempre: respeitar as opiniões alheias, colocarmo-nos na posição dos companheiros em dificuldades, calar referências impróprias ou destrutivas, reconhecer que nossas dores ou provocações não são diferentes daquelas que visitam o coração do próximo, consagrarmo-nos ao cumprimento das próprias obrigações, melhorar-nos, através do trabalho, do estudo ou seja onde for, cultivar o prazer de servir, semear o amor por toda parte, jamais duvidar da vitória do bem. O cartaz é finalizado com esta citação: “Buscando a consideração de pacificadores, guardemos a certeza de que a paz verdadeira não surge espontaneamente, de vem que é e será sempre fruto do esforço de cada um”. Um grupo de crianças acercou-se de mim enquanto tomava as anotações e começaram a me interrogar sobre o que estava fazendo na escola. Expliquei-lhes dizendo que era uma pesquisa para meus estudos. Não se contentaram muito com a resposta. Ainda perguntaram se eu não iria dar aula de educação física. Disse-lhes que não e expliquei novamente o meu propósito na escola. Aproveitei para perguntar se eles sabiam quem era a orientadora da escola e em coro responderam: “É a Juliana” Outros responderam: “É a Rolse”. Outros responderam: “Ah, a Rolse foi embora”. Continuei perguntando sobre a função da orientadora na escola e um garotinho rapidamente respondeu: “Ué, ela orienta”! Disse-lhes ainda que eu
  • 8. iria fazer uma entrevista e ficaram afoitos. Hoje cheguei na escola às 13:10. ao chegar alunos vieram correndo ao meu encontro perguntando porque eu não havia feito a entrevista com eles. Logo em seguida entrevistei a vice-diretora que me pareceu um pouco resistente, em seguida conversei com os alunos que estiveram muito a vontade conversando comigo e interagindo. A orientadora foi enviando aluno por aluno no total de 05. Ao longo da observação entrevistei mais alguns. Ouço agora logo após o toque da sineta para entrar, depois do recreio, orientadora chamando atenção dos alunos que demoraram entrar para a sala ou que estavam fazendo bagunça. Silêncio total. Alunos todos em sala. Volta-se à rotina. Ouço barulho de um dos funcionários do serviço geral raspando o quadro de mural que estava cheio de cola. Entrevistei mais 03 professores e estavam muito abertos e receptivos. No dia 24/09/2007.... ouço a voz da orientadora chamando os alunos dispersos logo depois que bateu o sinal para a entrada das aulas às 13:15 ... chamando os alunos para o momento cívico. Orientadora conclama os alunos a não rasgar os cartazes da escola, que cuidem da escola. Logo após cantam juntos com palmas: “boa tarde escola como vai” e com outras variações. Depois a orientadora me apresentou oficialmente aos alunos todos, falou quem eu era e o que estava fazendo na escola. Gritaram todos juntos: “seja bem vindo Locimar”. Ao que respondi bem alto e forte de maneira teatral e com pantomimas e com caras e bocas: “Obrigado” e os alunos deram uma gargalhada geral. Depois a orientadora exortou os alunos para a seriedade e reverência do momento da oração. Todos cantaram: “Vem espírito santo vem, vem iluminar”. E finalizaram o momento com um Pai-Nosso. Deu os parabéns aos alunos que hoje se comportaram bem. Entrevistei uma mãe. Estava bastante tímida mas me atendeu cordialmente. Continuei fazer minhas anotações no refeitório, um espaço amplo, limpo e bem arejado. É uma construção nova em relação ao todo da escola. Foi inaugurada em dezembro de 2004. Tem uma cozinha com seis mesas com 12 bancos ao todo, bancos grandes. Ouço as cozinheiras reclamando da falta de materiais para fazer a merenda. Hoje eu não vim de carro. Vim de moto-táxi para ver a situação desde outro olhar. Vou voltar a pé até o centro. Claro, minha bunda está doida por causa dos buracos e o moto-taxi corria muito. Peguei-o na T 08 e em apenas 05 minutos ele estava na escola. Conhece todos os atalhos do percurso. Fiquei impressionado pois eu levei quase meia hora de carro para chegar na escola pela primeira vez e levo uns 15 no ordinário para chegar agora. Orientadora estava chamando atenção dos alunos. Ouço apenas vozes dos alunos em sala de aula e alguns no pátio pois alunos da 1a série que vem para o reforço escolar em horário oposto. As três mulheres continuam conversando muito na cozinha, preparando a merenda que hoje é arroz
  • 9. com charque, jabá, arroz, feijão e cenoura. A chef disse: “E nós colocamos até um inhaminho para ficar delícia, aqui a gente aproveita tudo, desde que eu comecei a trabalhar nesta escola há 18 anos. Aqui é bom mas não tem ônibus no bairro São Francisco e as estradas são muito ruim... isto vai para a Ulbra? Então é bom colocar isto no seu relatório. Quando foi no tempo da enchente uns 16 anos atrás, os alunos e professores vinham até a escola de vuadeira. Quando nós começamos aqui a gente puxava água de balde no poço”. Reclamou da falta de funcionários e o desvio de função dos mesmos. “Nós tamos aqui, nós fica queimando o cabelo do subaco e da piriquita aqui. Falar a verdade, só Jesus na causa. Aqui tem gente que fez concurso para uma coisa e ta trabalhando em outra coisa. Aqui a coisa é feia com um buraco no meio”. Perguntaram para mim seu eu conhecia um professor de história que tem o apelido de “Bibi”. Ele é um professor de história, ele é dez”! Cheirei o Bibi na exposição. Perguntei para elas sobre a orientadora: ... “ é a Juju! Olha eu não participo para lá (se referindo aos outros setores da escola), mas bota ai, ela é boa. Agora a que eu gostava mesmo era da Rolse ... ela é legal, é muito inteligente. A professora que veio aqui trabalhar no lugar dela e nem chegou direito e já foi embora. Ela tem depressão. E nem chegou esquentar o rabo. Esta professora foi a que veio no lugar da supervisora que foi trabalhar no município. Pegou laudo médico e só volta a trabalhar no ano que vem. Estou agora na sala da professora “X” que está dando aula de reforço, para primeira série, alfabetização. Quatro meninas e um menino. Estão tentando escrever a palavra “preto”. A professora exagera na pronúncia: prrrrreeeetttttoooooo! A orientadora está conversando com uma professora na sala dela. A professora alfabetizadora continua: “vamos lá: bravvvooooooo”! Acentuando sílabas e letras. Dois meninos se aproximam da mesa onde estou escrevendo, brincam com minha caneta sem nenhuma reserva. Passam um carinho pequeno, miniatura sobre meu caderno.... A professora continua ditando para ver se eles pegam mais fácil e bate palmas para contar as sílabas. Uma criança pergunta para a professora: “Né tia que a gente está na escola é para aprender?” “Claro”, responde a professora. Está no meio, rodeada pelas quatro crianças. Ando pela escola e lá fora vejo várias pipas coloridas e a criançada brincando. A escola está sem luz desde manhã devido o temporal que caiu sobre a cidade. A diretora falou para mim que se não voltar luz vai ter que dispensar os alunos porque a caixa de água está quase vazia. A orientadora disse que a primeira vez que ela veio na escola foi parar num buritizal e morreu de medo (enquanto a orientadora falava isto, a luz voltou... que coisa, foi um milagre). Aproveitei e perguntei sobre a professora que estava conversando com ela. Disse-me que é muito estressada, mas é competente, porém não tem nenhuma humanidade e afetividade para com os alunos. Disse ainda que está preocupada com a avaliação que os alunos dela vão fazer
  • 10. no final do ano. Está preocupada pois alguns alunos vão reprovar e se isto não iria prejudicar no sentido de perder a gratificação. Ouço o mínimo de vozes dos alunos em sala de aula e vez por outra uma professora chama atenção de um aluno: “psiu, psiu.....” O secretário da escola passa por mim e me cumprimenta: “Boa tarde”! Hoje no mural da escola tem um cartaz com os seguintes dizeres: “natureza é vida!” Logo em seguida várias frases sobre a primavera feita pelos alunos: viva a natureza, viva a primavera, estamos na primavera, eu amo a primavera, cuide da natureza, vamos cuidar da natureza! Entre no banheiro masculino. Não tem papel higiênico nem local para colocar o papel higiênico. Vasos sujos, fétidos. Os vasos estão com sinais de que as crianças sobem em cima deles para fazer suas necessidades. Um cheiro insuportável. Tem dois chuveiros com água correndo constantemente mas sem os registros de abrir e fechar. Ouço lá fora uma professora gritando com os alunos. Nas paredes dos banheiros está escrito frases sobre “viado”. “Davi é um viado”. Há sinais de fezes nas paredes, tudo indica que os alunos se limpam com os dedos. A orientadora me disse que o sonho dela é construir um parquinho aqui e mostra o local. “Aqui se precisa é mais de boa vontade do que recurso”, argumenta e reclama. Quando eu sai do banheiro, senti o cheiro gostoso da comida na cozinha! Três crianças brigam no pátio. São aquelas do reforço. Uma garotinha joga um tamanco nas costas do coleguinha. Logo em seguida, passando em frente da cantina ele disse para ela: “hoje é arroz, hoje é arroz...” Ao que ela responde: “se você não parar vou te dar outra tamancada sua desgraça”! O guarda passa por mim e fala: “olha aqui o que a molecada fez, arrancaram a árvore”! Estou na quadra agora e nisto a orientadora passa por mim e diz: “as demarcações da quadra estavam todas apagadas e quem pintou novamente foi um rapaz, um voluntário”. Caminho pela quadra para observar. O bairro onde a escola está inserida é bem retirado do centro da cidade. Quase não se escuta barulho de carros. É possível ouvir fora dos muros da escola, barulho de crianças brincando com pipas, pássaros e galos cantando. Volto para o refeitório porque a merendeira me chama para comer. Uma das senhoras que trabalha ajudando no fabrico da merenda traz duas netinhas para a escola que são, segundo ela, de duas mães diferentes. Depois de separadas todas voltaram para a casa da mãe com suas filhas. Então as duas mães trabalham fora, e as duas menininhas tem que ficar com a avó e como esta necessita trabalhar traz para a escola as duas pequenas pois no bairro não tem creche. Terminei de comer e a maranhense que é a cozinheira “mor” me deu duas bananas para “complementar”, segundo ela. Estas bananas são “ofertadas” por um “mercadinho” nas ninguém pode saber por que é proibido. Percebo que esta é uma prática em muitas escolas da região pois na escola em que eu trabalho acontece o mesmo, só que é com legumes. Vi que no cardápio de sexta-feira é canjica com amendoim e disse para a
  • 11. merendeira mor que adoro canjica. Ao que ela respondeu: “então está convidado, vou caprichar”. Neste momento os alunos entram correndo para merendar e são orientados que é uma banana para cada um. “oba banana, dizem alguns alunos de uma outra turma que estão chegando”! A merendeira me chama para ajudar na distribuição da comida. Em uma mesa próximo onde estou um grupo de meninos faz guerra com as cascas de banana. Vários alunas sentam na mesma onde estou comendo e uma delas diz para mim: “você tem voz grossa”! Ao que a outra respondeu: “Claro, voz fina é de mulher e de viado”. Uma outra replicou: “Eu tenho a voz grossa”. Ai entrei na conversa e expliquei para elas que a voz dela tinha uma tonalidade grave e que cada pessoa tem um estilo de voz e cada um tem uma voz diferente. Todas acharam graça e deram uma gargalhada. Todas querem sentar perto de onde estou. A conversa gira agora ao redor do tema: “computador”. Uma das meninas fala: “as pessoas ficam viciadas em computador”. Outra me perguntou: Depois que você escrever tudo isto o que vai fazer?” Expliquei e ela ficou quieta. As crianças no refeitório conversam, comem e brincam,tudo ao mesmo tempo. Saio contente da escola às 16:30 pois a observação rendeu. Resolvi voltar ao centro a pé. Dia claro, gostoso. No caminho observo muito mato, ruas de terra pois no bairro não tem asfalto. Muitos cachorros na rua. As pessoas em geral me cumprimentam enquanto vou caminhando com meu caderninho na mão. Casas semi- construídas em sua maioria. Há um começo de casa sempre, algumas habitadas, muitas abandonadas. Ruas sujas, cheias de lixo e de entulhos. Dois adolescentes passam por mim em uma charrete.Vou caminhando e vejo uma senhora deficiente deitada no chão se arrastando e ao lado dela, dois homens. Passa agora por mim mais um adolescente de bicicleta e com um patins e parece que se dirige ao centro da cidade. Serpenteando a estrada tem um córrego ou o que resta dele, entulhado de lixo. Percebo peixes pulando apesar de todo lixo e muitos peixinhos. Vou caminhando e percebo que as casas estão cheias de placas de propaganda de políticos. Quase chegando no centro, perto do Jotão eu passo perto de uma pequena fábrica de carroceria de caminhão. 19/10/2007 – estive na escola mais uma vez, desta feita, rapidamente pela manhã para pegar um documento com a orientadora. A encontrei na sala da direção pois a diretora estava envolvida em uma “feira da pechincha” para angariar fundos para o passeio que os funcionários e professores da escola irão fazer no Minuano e também para uma tarde cultural com a garotada. Vejo senhoras e crianças em sua maioria. Segundo diretora, a feira abriu as 8 horas mas desde as 7 horas já havia gente na escola. Disse ainda que na outra feira que fizeram a escola fez 800,00 só que foi num sábado. Todas as peças de roupa são vendidas de
  • 12. 0,50 a 5,00 e foram os professores da escola que recolheram as roupas e brinquedos para ser revendidos para a comunidade. A maioria são mulheres e crianças que vejo revirando os montes de roupa procurando peça por peça. Uma menina comprou uma peça de roupa que valia 0,50 e a professora deu o troco errado para ela e esta respondeu para a professora: “ ... ta errado professora, não sou besta não”. Numa sala ao lado duas professoras passam um filme para um grupo grande de alunos e uma delas está muito irritada com as crianças.