A configuração do ensino e das práticas do letramento escolar foram alteradas devido ao contexto de pandemia da COVID-19, que já se estende para o segundo ano no contexto mundial. Nesse cenário, sentimos os impactos sociais, políticos, econômicos e emocionais impostos por novas regulações do trabalho, da vida social, da economia, das emoções e das afetividades. Na educação, esses impactos configuraram-se de forma exponencialmente problematizadora a partir do fechamento das escolas, do excesso de trabalho/atividades (im)postas a todos. Nessa perspectiva, professoras/es, alunas/os tiveram que reinventar seus modos de ensinar e aprender, antes moldados por outras necessidades pedagógicas, agora (re)configurados a partir de necessidades e possibilidades outras que pudessem garantir mínimos diretos de aprendizagem e condições de trabalho em contextos diversos/múltiplos/diferentes na “cartografia brasileira”. Neste sentido, passamos a vivenciar e a experienciar a elaboração de aulas síncronas e assíncronas, tivemos de aprender a usar aplicativos de mensagens para envio e recebimento de trabalhos/atividades. Assim, a agência docente/o agir professoral (MONTE MÓR, 2013; JORDÃO, 2014; HIBARINO, 2018; CICUREL, 2011; LEURQUIN, 2013; GOMES, LEURQUIN, 2021a) das/os professoras/as foram também (re)configurados para atenderem às demandas colocadas pelo contexto pandêmico às práticas de ensino. Isso posto, este GT, alinhado às discussões epistemológicas da Linguística Aplicada Crítica/INdisciplinar (PENNYCOOK, 2001, 2006; MOITA LOPES, 2006, 2009), tem por objetivo agregar e discutir trabalhos de pesquisa desenvolvidos ou em andamento; relatos de práticas de formação de professores de línguas; estudos sobre o ensino de línguas; pesquisas que tratem sobre produção e uso de materiais didáticos que possam contribuir com questões para a ampliação do debate de uma educação linguística crítica, cidadão e decolonial. Serão aceitos trabalhos que dialoguem com epistemologias não totalizantes sobre práticas de ensino de línguas em contextos diversos, envolvendo letramentos digitais (ou não), multiletramentos, letramentos críticos, pedagógicas críticas, estudos decoloniais e pedagogias decoloniais. Nossa intenção com o presente GT é criar, portanto, um espaço de inteligibilidade sobre questões da vida contemporânea (gênero, sexualidade, raça, dentre outros aspectos que atravessam práticas de educação linguística.
1. ,
Lindomar Cavalcante de Lacerda Lima. Doutorando - PPGEL.UFMS.
Rosivaldo Gomes. Orientador-PPGEL,UFMS.
LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO COM LÍNGUA
INGLESA NA ESCOLA PÚBLICA:
UMA PROPOSTA PARA UMA EDUCAÇÃO
LINGUÍSTICA PÓS-DRAMÁTICA
GRUPO TEMÁTICO 13
PRÁTICAS DE ENSINO, LINGUAGENS E EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
CRÍTICA, CIDADÃ E DECOLONIAL
2. ,
Contextualização:
Nesta comunicação, o objetivo principal é
apresentar algumas análises, geradas a partir de
uma pesquisa de doutorado (em andamento),
centrada no ensino de língua estrangeira, inglês.
Assim, com a realização deste estudo buscamos
sulear e pensar práticas decoloniais na educação
linguística crítica para e no ensino de línguas.
3. ,
Objetivos:
Problematizar, em sala de aula, questões de
submissão e de subordinação por uma inovação
conservadora confrontada com um ruptura pós-
dramática.
Demonstrar o quanto a questão da inovação
conservadora ainda está presente no ensino da
língua inglesa de hoje em dia, às vezes reforçada
pela ideia de um modelo metodológico
conservadoramente informatizado.
4. ,
Metodologia:
•O estudo é de caráter interpretativista que
congrega uma pesquisa participante, desenvolvida
no campo da Linguística Aplicada;
•
•Participantes e corpus: alunos e alunas de
primeiros anos do Ensino Médio da Escola Estadual
Joaquim Murtinho, localizada no município de
Campo Grande, no estado de Mato Grosso do Sul.
5. ,
Fundamentação Teórica:
O estudo sustenta-se teoricamente em epistemologias dos estudos sobre
a linguagem que Ofelia García & Li Wei (2016) ponderam, refenciando que
“as tensões e controvérsias são abundantes, e sobre como a linguagem é
conceitualizada” (GARCIA and WEI, 2016, p.6). Ainda nessa pespectiva
acrescenta-se as considerações de Volóchinov (2018) que assevera que
linguagem, “não é uma obra, fruto do acaso, mas uma atividade humana”.
Utilizaremos também o conceito de set de aprendizagem de Janks (2010) e
os estudos que culminam na aprendizagem e educação transformadora de
Freire (1970; BAPTISTA, 2019), os estudos decoloniais no ensino de
literatura e língua inglesa (CARBONIERE, 2016; GROSFOGUEL, 2016;
MALDONADOTORRES) e por fim as discussões sobre teatro pós-dramático
de Lehmann (2007).
6. ,
ANÁLISE DE DADOS:
Divisão metodológica da sala de aula em grupos para a produção textual dos
diálogos que serão usados nos esquetes.
7. ,
ANÁLISE DE DADOS: Produção dos cenários e dos figurinos baseados nos
textos produzidos.
8. ,
ANÁLISE DE DADOS: Ensaios para a legitimação da pronúncia própria de
cada aluno, descolonizando a padronização reforçada por uma ideia europeizante
de falante nativo a ser imitado.
https://youtu.be/lQEQMIQfVTA
11. ,
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Lívia Márcia Tiba Rádis. (De)Colonialidade da linguagem, lócus enunciativo
e constituição identitária em Gloria Anzaldúa: uma “new mestiza”. Polifonia, Cuiabá:
PPGEL/UFMT, v. 26, n. 44, p. 123-145, out./dez. 2019.
CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou
Inovação Conservadora. Vol. 12, N., 1, 1999.
JANKS, Hilary. Panorama sobre letramento crítico In: JESUS, Dánie Marcelo de;
CARBONIERI, Divanize (Orgs.) Práticas de Multiletramentos e Letramento Crítico: Outros
sentidos para a Sala de aula de Línguas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2016, p. 21-39.
JANKS, H. Literacy and power. New York, London, Routledge, 260 p. 2010
Freire, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1970.
GARCÍA and WEI. Translanguaging: Language, Bilingualism, and Education, New York,
NY: Palgrave MacMillan, 2014.
12. ,
MIGNOLO, W. Aesthesis descolonial. In: GÓMEZ, P.P. (EDITOR). Arte y estética en la
encrucijada descolonial II. Ciudad autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014, p. 31-
54.
MIGNOLO, W. Prefacio. In: GÓMEZ, P.P. (EDITOR). Arte y estética en la encrucijada
descolonial II. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014, p. 7-9.
PENNYCOOK, A. Language as a Local Practice. London and NewYork: Routledge.
2010
SANTOS, Boaventura de Souza, Transdiciplinaridade e ecologia dos saberes, in:
Conversações de arte e de ciência, org. HISSA, Cássio E. Viana. Belo Horizonte, Ed.
UFMG, 2011.
VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais
do método sociológico na ciência da linguagem. Grillo, Sheila; Américo, Ekaterina
Vólkova. Grillo, Sheila. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, [1929] 2018.