O documento apresenta três trechos do livro "Via Crucis do Corpo" de Clarice Lispector. O primeiro trecho descreve uma mulher fingindo ser uma prostituta para escapar de assédio sexual no transporte público. O segundo trecho retrata uma personagem imaginando confrontar agressivamente seu chefe por assédio no trabalho e exigir um aumento.
1. VIA CRUCIS DO CORPO:
UM SIMULACRO ERÓTICO DE CLARICE LISPECTOR
2. Eu mesma espantada. Todas as histórias deste livro são contundentes.
E quem mais sofreu fui eu mesma. Fiquei chocada com a realidade.
Se há indecências nas histórias a culpa não é minha. Inútil dizer que
não aconteceram comigo, com minha família e com meus amigos.
Como é que sei? Sabendo Artistas sabem das coisas.
(LISPECTOR.1998,p.11)
VIA CRUCIS DO CORPO:
UM SIMULACRO ERÓTICO DE CLARICE LISPECTOR
3. Então pensou: se eu me fingir de prostituta, eles desistem, não
gostam de vagabunda. Então levantou a saia, fez trejeitos sensuais -
nem sabia que sabia faze-los, tão desconhecida ela era de si mesma -
abriu os botões do decote, deixou os seios meio à mostra. Os homens
de súbito espantados. – Tá pá dopoipidapa. Está doida, queriam dizer.
[...] Então os homens começaram a rir dela. Achavam graça na
doideira de Cidinha. Apareceu o bilheteiro. Viu tudo. Não disse nada.
Mas foi ao maquinista e contou. Este disse: - Vamos dar um jeito, vou
entregar ela pra polícia na primeira estação.( LISPECTOR. 1998,p.69)
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UM SIMULACRO ERÓTICO DE CLARICE LISPECTOR
4. Antes compraria o vestido vermelho decotado e depois iria ao
escritório chegando de propósito, pela primeira vez na vida, bem
atrasada. E falaria assim com o chefe: -Chega de datilografia!
Você que não me venha com uma de sonso! Quer saber de uma
coisa? Deite-se comigo na cama, seu desgraçado! E tem mais: me
pague um salário alto por mês, seu sovina!
(LISPECTOR.1998,p.20).
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