SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Sérgio Sant’ Anna
e a poética do trailer livre: uma estética da auto-prefaciação
Prof. Ms Lindomar Lacerda
A Entrevista
Em alguns livros, inclusive no passado, eu pus textos meus
antecedendo os livros propriamente ditos. “Como em Breve
2007,entrevista.).
A Auto - Prefaciação
deformadas por aqueles que as fixam com os olhos. Assim
O Trailler - Livre
“
toda amassada que o dr. PhD me dera./ “Quem bate?”,
Chapezinho.”/ “ Pode entrar, minha netinha.”/ “ A vovozinha
logo percebi um grande volume humano sob as cobertas,
enquanto o risinho da Prima Dona, a vovozinha, vinha de
A Auto – prefaciação
seus escritos, JP. Tomemos, por exemplo, o tema do inferno.
1992,p.164).
A Auto - Prefaciação
se elas se passassem num palco. Ou mesmo um teatro de
realismo na literatura brasileira? Um novo realismo que assume
escrever em fragmentos. Por que a realidade, cada vez mais
.
O Trailler- Livre
Porém eu não possuía o cavalo e a lança, dr. PhD. O que poderia
eu cravar no corpo da bruxa? Eu tinha apenas o meu próprio
sexo, que me doía. Como se meu desejo, apesar de mim mesmo,
fosse maior do que os meus receios. Então eu arranquei do corpo
meu uniforme- a couraça- e corri em direção ao rochedo. Eu
soltava gritos de guerra, doutor. Eu não tinha mais nenhum
medo. O sexo da bruxa, aberto diante de mim, era como uma
caverna, doutor. Uma caverna de mistérios perigosos, onde
havia húmus e sangue. Mas eu me agarrei a bruxa, fechei os
olhos e penetrei-a profundamente. E ouvi gritos, dr. PhD. Não
sabia se esses gritos eram meus ou dela. Talvez partissem de
ambos, doutor. Porque de repente, eu percebia que não apenas
meu sexo nela entrava, mas também meu corpo era engolido, a
O Trailler- Livre
Vedetinha: Era uma pradaria muito verde e eu cavalgava
um cavalo muito branco. Eu estava nua, dr. PhD
Resplandecentemente nua, como Lady Godiva, com
meus cabelos louros caindo sobre o corpo. E caminhava
ao encontro de um formoso cavaleiro, num castelo
distante, nas montanhas. Desconfio que esse cavalheiro
mesmo tempo que era o senhor era o Jovem Promissor
e outros homens indistintos. Parecia que eu cavalgava
ao encontro de um homem que era simultaneamente
todos os homens... E eu ansiava por esse homem, eu
tornarem infinitas. De qualquer ponto que se parta, seu discurso se alarga de
modo a compreender horizontes sempre mais vastos, que se desenvolvem em
representadas, mediante a qual o self do autor envolve-se nesse processo e
1994.
UFMS, 2004.
Terra,1986.
london_ms@yahoo.com.br> Acesso em 2006 -2007
1981.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Sérgio Sant'Anna e a poética do trailler-livre: uma estética da auto-prefaciação

Pesquisa sobre o demônio
Pesquisa sobre o demônioPesquisa sobre o demônio
Pesquisa sobre o demônio
Amizicruz
 
Alvares de azevedo poemas malditos
Alvares de azevedo   poemas malditosAlvares de azevedo   poemas malditos
Alvares de azevedo poemas malditos
Tulipa Zoá
 
Do realismo do pecado chpr[final]ao
Do realismo do pecado chpr[final]aoDo realismo do pecado chpr[final]ao
Do realismo do pecado chpr[final]ao
João Lima
 
Qorpo santo de corpo inteiro - janer cristaldo
Qorpo santo de corpo inteiro  - janer cristaldoQorpo santo de corpo inteiro  - janer cristaldo
Qorpo santo de corpo inteiro - janer cristaldo
Gladis Maia
 
Aula memórias póstumas de brás cubas machado de assis
Aula memórias póstumas de brás cubas   machado de assisAula memórias póstumas de brás cubas   machado de assis
Aula memórias póstumas de brás cubas machado de assis
B Vidal
 
Clarice lispector a quinta história
Clarice lispector   a quinta históriaClarice lispector   a quinta história
Clarice lispector a quinta história
Leticia Miura
 
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandraC. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
Alex Martins
 
Livro do desejo i 1
Livro do desejo i 1Livro do desejo i 1
Livro do desejo i 1
Ashera
 
Powerpoint 6 Modernidade E HiperestíMulo
Powerpoint 6   Modernidade E HiperestíMuloPowerpoint 6   Modernidade E HiperestíMulo
Powerpoint 6 Modernidade E HiperestíMulo
Erly Vieira Jr
 
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticosAprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
Cooperativa do Saber
 

Semelhante a Sérgio Sant'Anna e a poética do trailler-livre: uma estética da auto-prefaciação (19)

a-escrava-maria-firmina-dos-reis.pdf
a-escrava-maria-firmina-dos-reis.pdfa-escrava-maria-firmina-dos-reis.pdf
a-escrava-maria-firmina-dos-reis.pdf
 
Pesquisa sobre o demônio
Pesquisa sobre o demônioPesquisa sobre o demônio
Pesquisa sobre o demônio
 
4 na mansão dos mortos
4   na mansão dos mortos4   na mansão dos mortos
4 na mansão dos mortos
 
Alvares de azevedo poemas malditos
Alvares de azevedo   poemas malditosAlvares de azevedo   poemas malditos
Alvares de azevedo poemas malditos
 
Do realismo do pecado chpr[final]ao
Do realismo do pecado chpr[final]aoDo realismo do pecado chpr[final]ao
Do realismo do pecado chpr[final]ao
 
Qorpo santo de corpo inteiro - janer cristaldo
Qorpo santo de corpo inteiro  - janer cristaldoQorpo santo de corpo inteiro  - janer cristaldo
Qorpo santo de corpo inteiro - janer cristaldo
 
Aula memórias póstumas de brás cubas machado de assis
Aula memórias póstumas de brás cubas   machado de assisAula memórias póstumas de brás cubas   machado de assis
Aula memórias póstumas de brás cubas machado de assis
 
Clarice lispector a quinta história
Clarice lispector   a quinta históriaClarice lispector   a quinta história
Clarice lispector a quinta história
 
Palestra sobre Maria
Palestra sobre MariaPalestra sobre Maria
Palestra sobre Maria
 
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandraC. s. lewis   trilogia de ransom 2 - perelandra
C. s. lewis trilogia de ransom 2 - perelandra
 
Alvares de Azevedo - Macário
Alvares de Azevedo - MacárioAlvares de Azevedo - Macário
Alvares de Azevedo - Macário
 
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e CursoTrabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
Trabalho AV1 - Livro Parte I 3º ano - Gênesis Colégio e Curso
 
Livro do desejo i 1
Livro do desejo i 1Livro do desejo i 1
Livro do desejo i 1
 
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
 
Discurso Dr. Sérgio Pitaki - Posse Diretoria Nacional da Sobrames 2013
Discurso Dr. Sérgio Pitaki - Posse Diretoria Nacional da Sobrames 2013Discurso Dr. Sérgio Pitaki - Posse Diretoria Nacional da Sobrames 2013
Discurso Dr. Sérgio Pitaki - Posse Diretoria Nacional da Sobrames 2013
 
7 trago-lhe o meu adeus...
7   trago-lhe o meu adeus...7   trago-lhe o meu adeus...
7 trago-lhe o meu adeus...
 
Todoscontos
TodoscontosTodoscontos
Todoscontos
 
Powerpoint 6 Modernidade E HiperestíMulo
Powerpoint 6   Modernidade E HiperestíMuloPowerpoint 6   Modernidade E HiperestíMulo
Powerpoint 6 Modernidade E HiperestíMulo
 
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticosAprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
Aprofundamento aula 5_interpretação_textos_poéticos
 

Mais de Lindomar Lacerda

TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
Lindomar Lacerda
 
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramáticoA corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
Lindomar Lacerda
 
Apresentação.simpósio letras uem
Apresentação.simpósio letras uemApresentação.simpósio letras uem
Apresentação.simpósio letras uem
Lindomar Lacerda
 
CLAFPL
CLAFPLCLAFPL
Pesquisa como princípio científico e educative
Pesquisa como princípio científico e educativePesquisa como princípio científico e educative
Pesquisa como princípio científico e educative
Lindomar Lacerda
 
O hibridismo nos contos e novelas de sérgio
O hibridismo nos contos e novelas de sérgioO hibridismo nos contos e novelas de sérgio
O hibridismo nos contos e novelas de sérgio
Lindomar Lacerda
 
Projeto plays with english
Projeto  plays with englishProjeto  plays with english
Projeto plays with english
Lindomar Lacerda
 
Projeto plays with english
Projeto  plays with englishProjeto  plays with english
Projeto plays with english
Lindomar Lacerda
 

Mais de Lindomar Lacerda (15)

TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
TEATRO E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO PÓS-DRAMÁTICO N...
 
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramáticoA corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
A corporificação no ensino de língua inglesa e o teatro pós-dramático
 
Apresentação.simpósio letras uem
Apresentação.simpósio letras uemApresentação.simpósio letras uem
Apresentação.simpósio letras uem
 
CLAFPL
CLAFPLCLAFPL
CLAFPL
 
Letramentos da fronteira-sul: Margeando uma roda de prosa fronteiriça
Letramentos da fronteira-sul: Margeando uma roda de prosa fronteiriçaLetramentos da fronteira-sul: Margeando uma roda de prosa fronteiriça
Letramentos da fronteira-sul: Margeando uma roda de prosa fronteiriça
 
LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO EM LÍNGUA INGLESA
LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO EM LÍNGUA INGLESALETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO EM LÍNGUA INGLESA
LETRAMENTO TEATRAL CRÍTICO EM LÍNGUA INGLESA
 
Sérgio Sant'Anna: Um Realismo Erótico
Sérgio Sant'Anna: Um Realismo EróticoSérgio Sant'Anna: Um Realismo Erótico
Sérgio Sant'Anna: Um Realismo Erótico
 
Trailer livre
Trailer livreTrailer livre
Trailer livre
 
A Multimodalidade na sala de aula: Os desafios da educação na sociedade  cont...
A Multimodalidade na sala de aula: Os desafios da educação na sociedade  cont...A Multimodalidade na sala de aula: Os desafios da educação na sociedade  cont...
A Multimodalidade na sala de aula: Os desafios da educação na sociedade  cont...
 
Pesquisa como princípio científico e educative
Pesquisa como princípio científico e educativePesquisa como princípio científico e educative
Pesquisa como princípio científico e educative
 
Defesa
DefesaDefesa
Defesa
 
O hibridismo nos contos e novelas de sérgio
O hibridismo nos contos e novelas de sérgioO hibridismo nos contos e novelas de sérgio
O hibridismo nos contos e novelas de sérgio
 
Lispector apresentation 1
Lispector apresentation 1Lispector apresentation 1
Lispector apresentation 1
 
Projeto plays with english
Projeto  plays with englishProjeto  plays with english
Projeto plays with english
 
Projeto plays with english
Projeto  plays with englishProjeto  plays with english
Projeto plays with english
 

Sérgio Sant'Anna e a poética do trailler-livre: uma estética da auto-prefaciação

  • 1. Sérgio Sant’ Anna e a poética do trailer livre: uma estética da auto-prefaciação Prof. Ms Lindomar Lacerda
  • 2. A Entrevista Em alguns livros, inclusive no passado, eu pus textos meus antecedendo os livros propriamente ditos. “Como em Breve 2007,entrevista.).
  • 3. A Auto - Prefaciação deformadas por aqueles que as fixam com os olhos. Assim
  • 4. O Trailler - Livre “ toda amassada que o dr. PhD me dera./ “Quem bate?”, Chapezinho.”/ “ Pode entrar, minha netinha.”/ “ A vovozinha logo percebi um grande volume humano sob as cobertas, enquanto o risinho da Prima Dona, a vovozinha, vinha de
  • 5. A Auto – prefaciação seus escritos, JP. Tomemos, por exemplo, o tema do inferno. 1992,p.164).
  • 6. A Auto - Prefaciação se elas se passassem num palco. Ou mesmo um teatro de realismo na literatura brasileira? Um novo realismo que assume escrever em fragmentos. Por que a realidade, cada vez mais .
  • 7. O Trailler- Livre Porém eu não possuía o cavalo e a lança, dr. PhD. O que poderia eu cravar no corpo da bruxa? Eu tinha apenas o meu próprio sexo, que me doía. Como se meu desejo, apesar de mim mesmo, fosse maior do que os meus receios. Então eu arranquei do corpo meu uniforme- a couraça- e corri em direção ao rochedo. Eu soltava gritos de guerra, doutor. Eu não tinha mais nenhum medo. O sexo da bruxa, aberto diante de mim, era como uma caverna, doutor. Uma caverna de mistérios perigosos, onde havia húmus e sangue. Mas eu me agarrei a bruxa, fechei os olhos e penetrei-a profundamente. E ouvi gritos, dr. PhD. Não sabia se esses gritos eram meus ou dela. Talvez partissem de ambos, doutor. Porque de repente, eu percebia que não apenas meu sexo nela entrava, mas também meu corpo era engolido, a
  • 8. O Trailler- Livre Vedetinha: Era uma pradaria muito verde e eu cavalgava um cavalo muito branco. Eu estava nua, dr. PhD Resplandecentemente nua, como Lady Godiva, com meus cabelos louros caindo sobre o corpo. E caminhava ao encontro de um formoso cavaleiro, num castelo distante, nas montanhas. Desconfio que esse cavalheiro mesmo tempo que era o senhor era o Jovem Promissor e outros homens indistintos. Parecia que eu cavalgava ao encontro de um homem que era simultaneamente todos os homens... E eu ansiava por esse homem, eu
  • 9. tornarem infinitas. De qualquer ponto que se parta, seu discurso se alarga de modo a compreender horizontes sempre mais vastos, que se desenvolvem em representadas, mediante a qual o self do autor envolve-se nesse processo e