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Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1




MED RESUMOS 2009
NETTO, Arlindo Ugulino.
PARASITOLOGIA

                                              DOENÇA DE CHAGAS
                                            (Professora Caliandra Luna)

         A tripanossomose americana ou doen€a de chagas • uma zoonose do continente americano com forte
incid‚ncia no Brasil. Acredita-se que esta zoonose nƒo tinha afetado o homem at• a coloniza€ƒo europ•ia, quando
novas rela€„es de produ€ƒo, ocupa€ƒo da terra e novos modos de morar (casas de pau-a-pique e casebres de palha).
Nessas habita€„es, criaram-se ec…topos favor†veis para a vida e de esp•cies como de triatom‡oneos, conhecidos
popularmente como “chupan€a” ou “barbeiro”.
        O Trypanosoma cruzi • um protozo†rio agente etiol…gico da doen€a de Chagas (tripanossomiase americana,
ou esquizotripanose) que constitui uma antropozoonose frequente nas Am•ricas, principalmente na Am•rica Latina. O
T. cruzi apresenta v†rias formas morfol…gicas que serƒo aqui abordadas. A principal delas, a forma tripomastigota, •
aquela encontrada no sangue dos indiv‡duos parasitados.
        No dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma crian€a febril, de 2 anos de idade, de nome Berenice, Carlos
Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozo†rio encontrado nos barbeiros e nas diversas esp•cies de
animais examinados. A mƒe da crian€a informou-o que a menina havia sido sugada por barbeiro e quais sintomas
havia apresentado. A sintomatologia coincidia com aquela observada nos animais de laborat…rio experimentalmente
infectados.
        Atualmente nƒo existe um tratamento espec‡fico preventivo ou curativo para a doen€a de Chagas crŠnica,
sendo os medicamentos atuais ‹teis somente na fase aguda.

HIST•RICO
        A doen€a de Chagas tamb•m • conhecida como tripanossomose americana por ser epidemiologicamente mais
prevalente no continente Americano. Trata-se de uma antropozoonose por ser uma doen€a que teve sua origem em
animais silvestres mas que, gradativamente, ganhou o homem como hospedeiro.
        Este protozoario e a doen€a foram descobertos e descritos pelo cientista Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas.
Foi ele quem descobriu e estudou a fundo esta doen€a, determinando o seu ciclo biol…gico, principais formas de
manifesta€ƒo e poss‡veis hospedeiros vertebrados e invertebrados. Rec•m-formado em medicina, com uma tese sobre
o controle de mal†ria, integrou-se desde logo a equipe de Oswaldo Cruz, tendo sido encarregado de chefiar os
trabalhos de combate a mal†ria em Minas Gerais, onde estava sendo constm‡da a Estrada de Ferro Central do Brasil.
Entre 1907 e 1909, mudou-se para Lassance, pr…ximo de Corinto, utilizando um vagƒo de trem como moradia,
laborat…rio e consult…rio. Como bom cientista, sua curiosidade levou-o a examinar animais e pessoas, buscando
informa€„es sobre as principais patologias da regiƒo.
        Carlos Chagas, ao examinar micos da regiƒo, encontrou um hemoflagelado, denominando-o Trypanosoma
minasensi (esp•cie exclusiva de micos e considerada apatog‚nica). Em "chup„es" ou "barbeiros”, insetos hemat…fagos
comuns nas cafuas da regiƒo, encontrou outro tripanosoma, diferente do anterior, com cinetoplasto grande e
movimenta€ƒo intensa. A partir da‡, Carlos Chagas procurou incessantemente aquele protozoario no sangue de
pessoas e animais residentes em casas infestadas por barbeiros.
        Foi assim que no dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma crian€a febril, de 2 anos de idade, de nome
Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozo†rio encontrado nos barbeiros e nas
diversas esp•cies de animais examinados.
        Naquela ocasiƒo, o grande cientista estudou ainda a morfologia e a biologia do parasito no hospedeiro
vertebrado e denominou-o Trypanosoma cruzi. Carlos Chagas conseguiu naquele •poca descobrir o agente etiol…gico,
T cruzi, sua biologia no hospedeiro vertebrado e invertebrado, seus reservat…rios e diversos aspectos da patogenia e
sintomatologia pertinentes a fase aguda da doen€a.
        Berenice morreu no dia 11 de setembro de 1982, com 75 anos de idade e 73 anos de infec€ƒo pelo I: cmzi.
Nƒo foi poss‡vel a realiza€ƒo de necr…psia, mas pelas investiga€„es realizadas, sua causa mortis nƒo poderia ser
atribu‡da a infec€ƒo pelo T. cruzi.

CLASSIFICA‚ƒO
    Filo: Sarcomastigophora
    Subfilo: Mastigophora
    Ordem: Kinetoplastida
    Fam‡lia: Trypanosomatidae
    G‚nero: Trypanossoma
    Esp•cie: T. cruzi


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OBS: A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela chamada cinetoplasto (ou k-DNA). Esta
ordem é representada principalmente pelo T. cruzi e a leishmania. Todo protozoário da ordem kinetoplastida apresenta
uma única e longa mitocondria que percorre quase todo o citoplasma de sua única célula. No entanto, há uma região
peculiar em que cerca de 15 a 20% de todo material genético do protozoário se concentra. Esta região recebe o nome
de cinetoplasto.

M ORFOLOGIA
         A doença de Chagas é, portanto, causada por um protozoário flagelado da ordem Kinetoplastida da família
Trypanosomatidae e gênero Trypanosoma. A morfologia do Trypanosoma cruzi é diversa conforme a fase evolutiva e
hospedeiro (vertebrado e invertebrado). A forma intracelular no hospedeiro vertebrado é a amastigota podendo ser
encontrada também formas epimastigotas nos líquidos intersticiais. No sangue circulante a forma encontrada é a
tripomastigota sanguícola.
         Os tripomastigotas do sangue ingeridos pelo inseto se transformam rapidamente em seu estômago do inseto
em organismos arredondados "esferomastigotas" que apresentam uma tendência a se parear ou formar massas de
parasitas. Também existe a peculiar forma evolutiva "esferomastigota" organismo arredondado com flagelo
circundando o corpo. No intestino médio processa-se a multiplicação do parasita sob a forma de "epimastigota", sendo
essa fase do ciclo aparentemente a responsável pela manutenção da infecção no vetor. Na parte terminal de seu
intestino (reto) ocorre a diferenciação de formas epimastigotas em "tripomastigotas metacíclicas", que se acumulam na
ampola retal e são eliminadas nas fezes juntamente com as formas epimastigotas não transformadas. As
"tripomastigotas metacíclicas" são as formas infectantes.
         Em resumo, o T. cruzi apresenta três fases morfológicas que participam de seu ciclo biológico:
             Forma Amastigota                         Forma Epimastigota                 Forma Tripomastigota
- Forma esferoidal ou oval, com membrana - Forma um pouco mais alongada - Forma geralmente mais alongada
única                                          que a forma amastigota             dentre as três
- Núcleo grande e excêntrico                   - Cinetoplasto em posição anterior - Apresenta flagelo longo que,
- Flagelo oculto, presente na chamada ao núcleo                                   geralmente, se inicia na região
bolsa flagelar                                 - Flagelo mais iminente que se posterior e parte para a região
- É a forma que se multiplica nas células inicia no terço médio da célula         anterior
do hospedeiro vertebrado quando se - Se multiplica no hospedeiro - Flagelo fixo na membrana
encontra infectado. Se multiplica por invertebrado (vetor transmissor), ondulante
divisão binária e, ao eclodir as células do por esta razão, não serve para - Cinetoplasto posterior ao núcleo
hospedeiro vertebrado, diferencia-se em testes diagnósticos no hospedeiro - Não tem capacidade de se
tripomastigota (forma sanguínea).              vertebrado.                        multiplicar
- Cinetoplasto apresenta-se em forma de - Diferencia-se em tripomastigota - Apresenta duas formas: sanguínea
bastão, estando localizado entre o núcleo metacíclica (nesta forma, é (encontrada                     nos      exames
e a bolsa flagelar                             liberado pelo vetor via fezes ou parasitológicos       de  sangue)     e
                                               urina)                             metacíclica      (forma    infectante
                                                                                  presente nas fezes ou urina do
                                                                                  barbeiro, o vetor).




OBS: A forma esferomastigota (não
descrita neste quadro) trata-se de uma
fase esferoidal flagelada (flagelo curto)
intermediária entre as fases epimastigotas
e tripomastigotas metacíclicas durante o
desenvolvimento do protozoário no vetor
transmissor.

OBS²: Por convenção, a região anterior do protozoário flagelado corresponde à porção livre do flagelo.
OBS³: O flagelo quase sempre tem sua origem próxima ao cinetoplasto. Isso ocorre porque, junto ao cinetoplasto, há
uma pequena organela chamada blefaropasto de onde parte o flagelo.
    4
OBS : A forma tripomastigota apresenta as seguintes formas:

                                                                                                                        2
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       Forma sanguínea: presente no sangue do hospedeiro infectado. É morfologicamente semelhante à forma
        metacíclica, diferenciando-se apenas pelo tamanho de seu flagelo: é maior. Quando a forma amastigota
        presente nas células (macrófagos, geralmente) do hospedeiro vertebrado se multiplicam e eclodem as
        mesmas, elas se diferenciam em tripomastigotas sanguíneas e passam a circular livremente pela corrente (que
        inclusive, podem infectar novamente o barbeiro que faz replasto sanguíneo em indivíduos com esta forma). A
        forma sanguínea apresenta ainda os seguintes tipos morfológicos:
              Tripomastigota sanguínea fina: movimentam-se rapidamente no campo do microscópio. Desaparecem
                 rapidamente da circulação do hospedeiro infectado, ou seja, é uma forma encontrada no sangue de
                 hospedeiros recentemente infectados. Pacientes em fase crônica da doença não apresentam tais
                 formas, isso porque são formas mais sensíveis ao sistema imune, sendo elas facilmente degradadas.
                 No trato digestivo do vetor, se desenvolvem muito pouco. Apresentam tropismo por macrófagos.
              Tripomastigota sanguínea larga: movimentam-se lentamente e persistem por muito mais tempo no
                 sangue do hospedeiro. Desenvolvem-se melhor no trato digestivo do vetor (quando o vetor faz
                 replasto sanguíneo em hospedeiros infectados e adquirem esta forma, as chances de o vetor
                 desenvolver novamente as formas metacíclicas são muito maiores). Apresentam tropismo por células
                 musculares.
       Forma metacíclica: presente nas fezes do barbeiro infectado sendo, portanto, a forma infectante. Apresenta
        um flagelo menor que a forma sanguínea (1/3 do tamanho desta).

CICLO BIOL•GICO
        O ciclo biológico do T. cruzi é do tipo heteroxênico, passando o parasito por uma fase de multiplicação
intracelular no hospedeiro vertebrado (homem e mamíferos pertencentes a sete ordens diferentes: cachorros, gatos,
macacos) e extracelular no inseto vetor (triatomíneos).




         O Ciclo do T. cruzi é o seguinte: 1) o vetor infectado, ao fazer seu repasto sanguíneo, defeca e lança na pele
lesada a forma tripomastigota metacíclica; 2) As formas tripomastigotas metacíclias penetram e envadem células do
hospedeiro; 3) A forma tripomastigota se convete a amastigota, que se multiplica intensamente por divisão binária
dentro da célula; 4) O rompimento da célula parasitada causa a liberação de tripomastigotas sanguíneas; 5) A forma
tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula (retornando ao passo 1) ou ser ingerida pelo
triatomlneo (passando para o passo 6); 6) forma tripomastlgota sanguínea chega estômago do triatomíneo;
transformação da forma tripomastigota em epimastigota no intestino posterior do inseto; 7) forma epimastigota em
multiplicação por divisão binária; 8) forma epimastigota transforma-se em forma tripomastlgota metaciclica no reto do
inseto; passa para as fezes do triatomlneo e torna-se apta a penetrar em células do hospedeiro mamiferom e reiniciar o
ciclo.




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CILCO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO
         Presença importante das formas tripomastigodas e amastigotas. As formas amastígotas, epimastígotas e
tripomastígotas interagem com células do hospedeiro vertebrado. Entretanto, as epimastígotas não são capazes de
nelas se desenvolver e multiplicar. Já a forma amastigota só se desenvolve em macrófagos, e não em células como as
cardíacas, nervosas ou do TGI.
         Considerando o mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastígotas metacíclicos eliminados nas
fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetram pelo local da picada (pele íntegra não
serve como porta de entrada para os tripomastigotas metacíclicos) e interagem com células do sistema mononuclear
fagocítico da pele ou mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastígotas em amastígotas, que aí se
multiplicam por divisão binária simples. A seguir, ocorre a diferenciação dos amastígotas em tripomastígotas, que são
liberados da célula hospedeira caindo no interstício.
         No início da infecção do vertebrado (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do
hospedeiro. Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a se
cronificar. Na fase crônica, o número de parasitas é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos
especiais (xenodiagnóstico, hemocultura e inoculação em camundongos).
         A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases sucessivas:
      Adesão celular: quando ambos se reconhecem e o contato membrana-membrana ocorre;
      Interiorização: quando ocorre a formação de pseudópodes e a conseqüente formação do vacúolo fagocitário.
      Fenômenos intracelulares: quando as formas epimastígotas são destruídas dentro do vacúolo fagocitário
         (fagolisossoma) e os tripomastígotas sobrevivem resistindo as ações das enzimas lisossômicas e
         desenvolvendo-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em arnastígotas (três horas após a
         interiorização).

CILCLO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO
         Presença importante das formas epimastigotas e
tripomastigotas metacílicas.
         Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as
formas, tripomastígotas presentes na corrente circulatória
do hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo. No
estômago do inseto eles se transformam em formas
arredondadas (esferomastigotas) e epirnastígotas. No
intestino médio, os epimastígotas se multiplicam por divisão
binária simples, sendo, portanto, responsáveis pela
manutenção da infecção no vetor. No reto, porção terminal
do tubo digestivo, os epimastígotas se diferenciam em
tripomastígotas    metacíclicos    (infectantes    para    os
vertebrados e encontrados nos xenodiagnósticos), sendo
eliminados nas fezes ou na urina. Esta é a descrição
clássica adotada para o ciclo do T. cruzi no invertebrado.
    5
OBS : A presença da glicoproteína GP-83 na superfície
das formas tripomastigotas faz com que este protozoário
tenha tropismo pelas células do sistema cardíaco, digestivo
e nervoso.
     6
OBS : A presença do TcTox neste protozoário faz com que
ele seja capaz de formar poros e escapar do vacúolo
fagocítico dos macrófagos e de suas enzimas.
     7
OBS : Os medicamentos até hoje desenvolvidos só agem na forma tripomastigota sanguínea. Porém, como a doença
de Chagas é geralmente diagnosticada na sua fase crônica, os medicamentos não são eficazes contra forma
sanguínea larga (presente na fase crônica) ou contra a fase metacíclica.
     8
OBS : A reprodução assexuada do T. cruzi se dá por multiplicação binária, em que os eventos celulares, em ordem
cronológica, são os que seguem: multiplicação do cinetoplasto e blefaloplasto  divisão do flagelo  Divisão do
núcleo  divisão das organelas por completo.


T RANSMISSƒO
     Transmissão pelo vetor: este mecanismo de transmissão é o que tem maior importância epidemiológica. A
       infecção ocorre pela penetração de tripomastígotas metacíclicos (eliminados nas fezes ou na urina de
       triatomíneos, durante o hematofagismo) em solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra.



                                                                                                                          4
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        Transfusão sanguínea: este constitui o segundo mecanismo de importŒncia epidemiol…gica na transmissƒo
         da doen€a de Chagas.
        Transmissão congênita: A transmissƒo ocorre quando existem ninhos de amast‡gotas na placenta, que
         liberariam tipomast‡gotas que chegariam • circula€ƒo fetal. O diagn…stico diferencial • feito pelo encontro do T.
         cruzi na placenta ou pesquisa de anticorpos IgM anti-T. cruzi no soro do rec•m-nascido pela RIFI ou ELISA.
        Acidentes de laboratório: pode ocorrer entre pesquisadores e t•cnicos que trabalham com o parasito, seja no
         sangue de animais, pessoas infectadas, meios de cultura ou vetor. A contamina€ƒo pode se dar por contato do
         parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou auto-inocula€ƒo.
        Transmissão oral: pode acontecer em v†rias situa€„es, como na amamenta€ƒo, pois o T. cruzi j† foi
         encontrado em leite materno na fase aguda da infec€ƒo; animais ingerindo triatom‡neos infectados;
         canibalismo entre diferentes esp•cies de animais; pessoas ingerindo alimentos contaminados com fezes ou
         urina de triatom‡neos infectados. A penetra€ƒo do parasito, em todos estes casos, pode ocorrer pela mucosa
         da boca ‡ntegra ou lesada.
        Transplantes: este mecanismo de transmissƒo pode desencadear fase aguda grave, pois o indiv‡duo que
         recebe um …rgƒo transplantado infectado, toma drogas imunossupressoras e, conseqŽentemente, toma-se
         menos resistente a infec€ƒo.


PATOGENIA
        Sempre que a c•lula hospedeira se rompe, h† a libera€ƒo de formas morfol…gicas do parasito e restos
celulares na corrente sangu‡nea. Este processo • respons†vel por desencadear uma resposta inflamat…ria
que,inicialmente, • considerada pequena. Com a repeti€ƒo deste ciclo de invasƒo e destrui€ƒo celular, o processo
inflamat…rio intensifica-se cada vez mais, podendo gerar fibrose e perda de fun€ƒo (principalmente no tecido digestivo,
card‡aco e nos sistemas nervosos simp†tico e parassimp†tico).
        • por esta razƒo que a Doen€a de Chagas nƒo • de cunho curativo: por ser uma doen€a diagnosticada
geralmente em sua fase crŠnica, o protozo†rio j† teria chegado em n‡vel tecidual e acometidos tecidos espec‡ficos
causando as respectivas les„es, enquanto que os medicamentos s… agem em n‡vel sangu‡neo.
        Na fase aguda, quando existe sintomas, estes aparecem 5 a 15 dias ap…s a picada do vetor. Durante este
per‡odo, devido a cont‡nua repeti€ƒo do ciclo, h† um aumento dos focos inflamat…rios. Por transfusƒo sangu‡nea, o
per‡odo varia de 30 a 40 dias.
        J† na fase crŠnica, as formas se manifestam mais de 10 anos ap…s a infec€ƒo. Nesta fase, o ciclo biol…gico
acontece com baixa intensidade e a parasitemia (presen€a de parasitas no sangue) encontra-se baixa principalmente
devido a a€ƒo dos medicamentos.
    10
OBS : Saber o desenvolvimento do parasita em ambas as fases • importante para cunhos diagn…sticos: a pesquisa
do parasita no sangue s… seria adequada e eficaz para a fase aguda da doen€a (ou mesmo para raras cepas de T.
cruzi que ainda insistem na corrente sangu‡nea, mesmo durante a fase crŠnica).

FASE AGUDA
        Pode ser sintom†tica (aparente) ou assintom†tica (inaparente). Esta • mais freqŽente. Arnbas estƒo
relacionadas com o estado imunol…gico do hospedeiro. H† predom‡nio da forma aguda sintom†tica na primeira
infŒncia, levando a morte em cerca de 10% dos casos devido principalmente a meningoencefalite e mais raramente a
fal‚ncia card‡aca devido a miocardite aguda difusa, uma das mais violentas que se tem noticia.
        A fase aguda inicia-se atrav•s das manifesta€„es locais, quando o T. cruzi
penetra na conjuntiva (sinal de Romaña: rea€ƒo inflamat…ria acompanhada de
conjuntivite e edema bipalpebral, geralmente unilateral, que impede a abertura do olho
correspondente, produzido pela hipersensibilidade • secre€ƒo salivar dos teratom‡neos)
ou na pele (chagoma de inoculação: caracterizado pela forma€ƒo de uma tumora€ƒo
cutŒnea, com hiperemia e ligeiro dolorimento local). Estas les„es aparecem em 50% dos
casos agudos dentro de 4-10 dias ap…s a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois
meses. Concomitantemente os linfonodos-sat•lites sƒo comprometidos e no conjunto
forma-se o complexo cutŒneo elou conjuntivo-linfonodal.
        As manifesta€„es gerais sƒo representadas por febre, edema localizado e generalizado, poliadenia,
hepatomegalia, esplenomeglia e, •s vezes, insufici‚ncia card‡aca e perturba€„es neurol…gicas.
        No sangue, a parasitemia provoca uma hipoprote‡nemia com redu€ƒo da soro-albumina e aumento das
globulinas α, β e γ. O hemograma ainda pode apresentar uma ligeira leucocitose, com linf…citos, mas h† tend‚ncia •
leucopenia, podendo levar a uma anemia grave.




                                                                                                                          5
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FASE CRÔNCA ASSINTOMÁTICA (INDETERMINADA)
        Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos). Nesta fase, o
indivíduo está parasitado mas não apresenta nenhum sintoma evidente. Ao se realizar exames parasitológicos pode ou
não ser positivo (pois a parasitemia está reduzida), ao passo em que o imunológico sempre será positivo. Esta fase é
chamada de forma indeterminada (latente) e caracterizada pelos seguintes parâmetros:
     positividade de exames sorológicos elou parasitológicos;
     ausência de sintomas e/ou sinais da doença;
     eletrocardiograma convencional normal, e
     coração, esôfago e cólon radiologicamente normais.

        Cerca de 50% dos pacientes chagásicos que tiveram a fase aguda apresentam esta forma da doença e casos
que tiveram morte súbita elou que foram autopsiados devido a outras causas (morte violenta, atropelamentos, etc.), do
ponto de vista anatomopatológico, mostram lesões muito semelhantes às da fase aguda.
        Há diferença, no entanto, quanto à intensidade das lesões. A cardite é muito discreta, na maioria dos casos,
mas já se observa intensa denervação do SNA.

FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA
        Certo número de chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, com o correr do tempo
apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório (forma cardíaca), digestivo (forma digestiva),
ou ambos (forma cardiodigestiva ou mista). Isto devido ao fato de mudar inteiramente a fisionomia anatômica do
miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente). Observa-se reativação intensa do processo
inflamatório, com dano destes órgãos, nem sempre relacionada com o parasito, que se encontra extremamente
escasso nesta fase.
      Forma cardíaca: O coração é o órgão afetado com maior frequência. Os parasitos formam ninhos de
        amastigotas, grandes e de formato alongado ao se multiplicarem no interior das fibras musculares. Depois
        disso, as fibras apresentam-se parcialmente dissociadas devido ao edema intersticial.
        O comprometimento do sistema autônomo regulador das contrações cardíacas (nódulo sinusal, nódulo
        atrioventricular e feixe de Hiss) traz como conseqüência uma grande variedade de perturbações, tanto na
        formação dos estímulos (anitmia, extra-sistoles) como na sua propagação (bloqueio atrioventriculares de grau
        variável, bloqueio do ramo direito do feixe de Hiss, esta última alteração considerada patognomônica da
        doença de Chagas).
        Quando os mecanismos de compensação cardíacos tornam-se incapazes de superar as deficiências de sua
        força de contração, surge o quadro de ICC, que se traduz clinicamente por dispnéia de esforço, insônia,
        congestão visceral e edema dos membros inferiores evoluindo em dispnéia continua, anasarca e morte.
        Pacientes com este quadro apresentam cardiomegalia intensa.

      Forma Digestiva: as manifestações digestivas são representadas pelos megas, onde aparecem alterações
       morfológicas e funcionais importantes, como, por exemplo, a incoordenação motora (aperistalse, discinesia)
       caracterizando o megaesôfago e o megacólon.
       O megaesôfago pode surgir em qualquer idade, desde a infância até a velhice. A maioria dos casos, no
       entanto, é observada entre 20 e 40 anos. Aparece mais no sexo masculino do que no feminino e é mais
       freqüente na zona rural endêmica. Os sintomas principais são: disfagia, odinofagia, dor retroestemal,
       regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose.
       O megacólon compreende as dilatações dos cólons (sigmóide e reto) e são mais freqüentes depois da do
       esôfago. O diagnóstico é feito mais tardiamente porque a obstipação, o sintoma mais frequente do megacólon,
       é encontrado em outras patias digestivas. As complicações mais graves do megacólon são a formação de
       fecaloma, obstrução intestinal e a perfuração, esta levando à peritonite.

      Forma Nervosa: o mecanismo patogênico básico nesta forma clínica seria a denervação, contestada por
       alguns autores por consistir em agregados de células gliais e linfóides sem encontro de parasitas. Admite-se,
       todavia, que na fase crônica da doença a perda ou diminuição dos neurônios possa ser conseqüência da
       isquemia devido a ICC e arritmias cardíacas, bem como de processos auto-imunes, já discutidos
       anteriormente.


DIAGN•STICO
      Para o diagnóstico, deve-se lembrar do caráter da parasitemia durante as fases aguda e crônica:
    Durante a fase aguda, a parasitemia está elevada, sendo possível o diagnóstico tanto por meio da pesquisa do
       protozoário como por meio de técnicas imunológicas.



                                                                                                                       6
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



        Durante a fase crônica, a parasitemia é baixa ou é nula. Portanto, é inviável a pesquisa do protozoário devido a
         este não se encontrar no sangue. O diagnóstico, entretanto, por ser feito por meio de técnicas imunológicas.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO
        A origem do paciente, a presença dos sinais de porta de entrada (sinal de Romana elou Chagoma de
inoculação) acompanhadas de febre irregular ou ausente, adenopatia-satélite ou generalizada, hepatoesplenomegalia,
taquicardia, edema generalizado ou dos pés fazem suspeitar de fase aguda de doença de Chagas. As alterações
cardíacas acompanhados de sinais de insuficiência cardíaca confirmadas pelo eletrocardiograma e as alterações
digestivas e do esôfago e do cólon (reveladas pelos raios X) fazem suspeitar de fase crônica da doença.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
      Os exames realizados para diagnóstico na fase aguda são:
    Exames parasitológicos: utilizado no intuito de encontrar a forma tripomastigota do tipo sanguíneo no sangue
      do hospedeiro.
     o Método direto: Exame de sangue a fresco com gota de sangue colocada entre lâmina e larnínula.
     o Exame de sangue em gota espessa. Este método tem mais chances de detectar o parasito do que o
         método anterior, por concentrar maior quantidade de sangue em um mesmo espaço.
     o Esfregaço sangüíneo corado pelo Giemsa. Este método oferece vantagem por permitir observar a
         morfologia do parasito, mas só será possível em casos de parasitemia muito elevada.
     o Xenodiagnóstico e a hemocultura são métodos muito sensíveis na fase aguda. Baseia-se na coleta do
         sangue do hospedeiro com as formas tripomastigotas sanguíneas por meio do replasto sanguíneo do
         próprio barbeiro: por meio de uma tela contendo estes triatomíneos, aplica-se sobre o membro do paciente
         e permite o replasto deste artrópode. Cerca de 30 dias depois, faz-se a pesquisa parasitológica das fezes
         do barbeiro, no intuito de encontrar tripomastigotas metacíclicas. A desvantagem é a demora dos
         resultados.

         Exames Sorológicos (imunológicos):
         o Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Apresenta alta sensibilidade a partir do 15º dia de
            infecção, detectando anticorpos da classe IgM, que raramente ocorrem na fase crônica da doença, mas que
            são constantes na fase aguda, com títulos elevados.
         o Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA). Esta técnica também detecta classes específicas de
            anticorpos e, portanto, é indicada para o diagnóstico de fase aguda da doença, utilizando-se conjugado anti-
            IgM.


         Na fase crônica, são realizados os seguintes meios para diagnóstico:
        Exames parasitológicos:
             o Xenodiagnóstico: Em geral, realiza-se nos pacientes o xenodiagnóstico natural, colocando-se os
                 triatomíneos para sugar o braço do paciente. Para que o xenodiagnóstico dê bons resultados, há
                 necessidade de se empregar espécies de triatomíneos bem adaptados as cepas locais do T. cruzi. Em
                 geral, as espécies de barbeiros que apresentam melhor susceptibilidade são: Triatoma infestans,
                 Panstrongylus megistus, T. braziliensis e T. pseudomaculata.
             o Hemocultura: este método, quando realizado em paralelo com o xenodiagnóstico, pode apresentar
                 maior sensibilidade, dependendo da técnica utilizada.

         Exames sorológicos (imunológico)
         o Reação de hemaglutinação indireta (RHA)
         o Reação de imunofluorescência indireta (RIFI)
         o Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA)
    11
OBS : Testes imunológicos positivos podem indicar ainda uma reação cruzada com a Leishmania.

VETOR
         O vetor da doença de Chagas é conhecido como barbeiro (em outras regiões, também é conhecido como
chupança, bicho-barbeiro, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, fincão, percevejão, procotó, vunvum), insetos hemípteros,
reduviídeos, triatomíneos.
         Hematófagos, têm hábitos noturnos. São encontrados em vários países da América do Sul, como Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No Brasil, são conhecidas acima de 30 espécies transmissoras da
doença de Chagas. As principais são: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. braziliensis e T. pseudomaculata.



                                                                                                                         7
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EPIDEMIOLOGIA
         Segundo dados recentes da OMS doença de Chagas atinge 16 a 1 8 milhões de habitantes de 18 países,
causando 21.000 mortes anuais e uma incidência de 300.000 novos casos por ano. No Brasil, cerca de 6 milhões de
habitantes são infectados. Ela se distribui em duas zonas ecológicas distintas: Cone Sul, onde os insetos vetores vivem
em habitações humanas, e o outro, constituído pelo sul da América do Norte, América Central e México, onde o vetor
vive em ambos os ambientes, dentro e fora do domicílio.
         Estudando a distribuição geográfica e o comportamento da doença de Chagas hoje, podemos inferir que ela
era uma doença exclusivamente de animais e triatomíneos silvestres. Posteriormente passou para os humanos, na
medida em que este modificaram ou destmíram o ciclo silvestre natural e construíram a cafua na zona rural. Nessa
cafua, alguns triatomíneos adaptaram-se e colonizaram-se. A doença de Chagas tomou-se então uma zoonose típica.
         Vimos então que os principais elos da cadeia epidemiológica são: mamíferos silvestres, ninhos, triatomíneos
silvestres, T. cruzi; cafua, mamíferos domésticos, triatomíneos dorniciliados, humanos.
      Ciclo silvestre: barbeiro  Tatu, gambás e roedores  barbeiro
      Ciclo doméstico: barbeiro  homem ou cachorros  barbeiro

        Com a vinda do europeu e a devastação das florestas, fez com que o babeiro fosse expulso de seu habitat
natural e se desenvolve-se em locais recém-construídos como casas de pau-a-pique ou de barro. Essa domiciliação de
barbeiros (e, às vezes, de roedores e gambás) representam um exemplo típico de sinantropia, isto é, adaptação de
um animal ao domicílio humano após a alteração do meio ambiente.
        No sul dos EUA, a doença é unicamente silvestre. Os humanos entraram nessa região, modificaram o
ambiente natural, mas não construíram a choupana de pau-a-pique e barro. Construíram casas onde o barbeiro não
encontrou abrigos propícios para sua adaptação e colonização. Dessa forma, o T. cruzi ainda permanece no seu
ambiente natural, circulando entre mamíferos e triatomíneos silvestres.
        Na Amazônia, como a biocenose silvestre ainda não foi totalmente destruída, o T. cruzi circula preferentemente
nesse ambiente, entre animais e triatomíneos silvestres. Estes, por não terem o hábitat primitivo destruído, não
migraram para as tabas dos índios ou cafuas locais.


PROFILAXIA
    Melhoria das habitações rurais
    Controle do doador de sangue
    Combate ao barbeiro com: organização de campanha (uso de inseticidas)
    Levantamento das espécies implicadas
    Controle da transmissão congênita


T RATAMENTO
     Nifurtimox: age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. É administrado via
       oral, sob a forma de comprimido na dose 8 a 12mg/kg por dia, até 90 dias. Os efeitos colaterais (que
       aumentam com doses mais prolongadas) são anorexia, emagrecimento, náuseas, vòmitos, alergia cutânea,
       parestesias irreversíveis, polineuropatia. Esta droga foi recentemente retirada do mercado.
     Benzonidazol: possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas. Deve ser empregado em comprimidos, por
       via oral, na dose de 5 a 8mg/kg por dia, durante até 60 dias. Os efeitos colaterais observados são: anorexia,
       perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaléia, sonolência e dores abdominais,
       hiperexcitabilidade, depressão medular, polineuropatia (mais frequente em idosos e de efeito cumulativo).




                                                                                                                        8
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MED RESUMOS 2009
NETTO, Arlindo Ugulino.
PARASITOLOGIA

                                                  LEISHMANIOSE


           A leishmaniose ou leishmaníase é a doença provocada pelos protozoários do gênero Leishmania,
transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos (Ordem Diptera; Família Psychodidae; Sub-Família
Phlebotominae), também chamados de mosquito palha ou birigui. Trata-se de uma doença que acompanha o homem
desde tempos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de
sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, sob diferentes perfis
epidemiológicos.
         O gênero Leishmania (Ross, 1903) pertence a ordem Kinetoplastida, à família Trypanossomatidae e agrupa
espécies de protozoários unicelulares, digenéticos (heteroxenos), encontradas nas formas promastígota e
paramastigota, flageladas livres ou aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros invertebrados, e amastigota, sem
flagelo livre, parasito intracelular. A reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos os hospedeiros.
         A leishmaniose pode ser basicamente dividida em nos seguintes tipos:
     Leishmaniose tegumentar americana (LTA): caracterizada por alterações na pele e nas mucosas. Manifesta-
          se nas formas: leishmaniose tegumentar cutânea (ulcerações na pele), leishmaniose tegumentar cutânea-
          mucosa (pacientes com comprometimento cutâneo e, posteriormente, acomete mucosas como a respiratória),
          leishmaniose tegumentar cutânea-difusa (não forma ulceras típicas, mas forma lesões tegumentares tipo
          nódulos não-ulcerativos).
     Leishmaniose tegumentar do velho mundo: não existe no Brasil.
     Leishmaniose visceral (LV; calazar): acomete os aparelhos viscerais.


CLASSIFICA‚ƒO
        Em 1972, Lainson e Shaw classificaram a leishmania em três grandes complexos com relação aos seus
aspectos clínicos, epidemiológicos e biológicos: Complexo Leishmania braziliensis, Complexo Leishmania
mexicana e Complexo Leishmania donovani. Entretanto, em 1987, após extensa revisão, Lainson e Shaw
propuseram uma nova classificação em dois subgêneros: subgênero Leishmania (L.) e subgênero Viannia (V.). A
divisão em complexos ainda é utilizada, mas a adoção dos subgêneros é recomendada.

      Filo: Sarcomastigota
           o Subfilo: Mastigophora
      Ordem: Kinetoplastida
      Família: Trypanosomatidae
      Gênero: Leishmania. São protozoários flagelados, parasitas intracelulares obrigatórios e unicelulares. De
       acordo com as características de seu desenvolvimento no vetor, são classificados nos seguintes subgêneros:
           o Subgênero Leishmania: parasitos do homem e de outros mamíferos, com o desenvolvimento nos
               insetos vetores limitados ao intestino nas regiões média e anterior.
           o Subgênero Viannia: parasitos do homem e de outros mamíferos, apresentando nos insetos vetores as
               formas paramastigotas e promastigota. As paramastígotas encontram-se aderidas as paredes do
               intestino (piloro e/ou íleo) pelo flagelo, através de hemidesmossomos, e as promastígotas, formas
               livres, que migram do intestino posterior para as regiões média e anterior.
      Espécies: L. (Viannia) braziliensis, L. (V.) guyanensis, L. (V.) shavi, L. (V.) naiffi, L. (V.) lainsoni, L.
       (Leishmania) amazonensis, L. (L.) chagasi, L. (L.) donovani, etc.

              Complexo                  Espécies                                  Características
                               - L. (Viannia) braziliensis*   - Não têm tropismo visceral
           Leishmania          - L. (Viannia) guyanensis*     - Todas estas espécies causam leishmaniose cutânea
           braziliensis        - L. (Viannia) shavi           - *As espécies L. (V.) braziliensis e L. (V.) guyanensis
                               - L. (Viannia) naiffi          (raramente) causam leishmaniose cutânea-mucosa
                               - L. (Viannia) lainsoni
           Leishmania          - L. (Leishmania)              - Não tem tropismo visceral
           mexicana            amazonensis                    - Causa Leishmania cutâneo-difusa (casos raros)
           Leishmania          - L. (Leishmania) chagasi      - Apresentam tropismo visceral
           donovani            - L. (Leishmania)              - Causam Leishmaniose visceral
                               donovani

                                                                                                                         9
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



M ORFOLOGIA
       Enquanto que o Trypanossoma cruzi apresenta como formas morfológicas as seguintes: amastigotas,
epimastigotas e tripomastigotas; a leishmania vai se apresentar nas seguintes formas morfológicas: amastigota,
promastigota e paramastigota.
     Forma amastigota: aparecem a microscopia óptica como organismos ovais,
       esféricos ou fusiformes. No citoplasma, corado em azul-claro, são encontrados:
       núcleo grande e arredondado, ocupando as vezes um terço do corpo do parasito,
       e cinetoplasto em forma de um pequeno bastonete, ambos corados em vermelho-
       púrpura, além de vacúolos que podem ou não ser visualizados. Não há flagelo
       livre, e a sua porção intracitoplasmática raramente é observada. Os limites
       micrométricos de seus diâmetros são de aproximadamente 1,5 a 3,0 de
       comprimento por 3,0 a 6,5 µm. Nas diferentes espécies de Leishmania, a membrana apresenta uma
       invaginação na região anterior do corpo do parasito formando a bolsa flagelar, onde se localiza o flagelo. Aí
       não são encontrados microtúbulos subpeliculares e são grandes as atividades de excreção e de pinocitose. O
       cinetoplasto se mostra como uma estrutura mitocondrial ligado a única mitocôndria existente na célula,
       localizando-se anteriormente ao núcleo. No seu interior encontram-se estruturas filamentosas, circulares,
       formadas por ácido desoxirribonucléico, denominadas k-DNA. O blefaroplasto ou corpúsculo basal aparece
       como a continuação do flagelo.

      Paramastigotas: são pequenas e arredondadas ou ovais. O flagelo é curto,
       exterioriza se na região anterior do corpo. O núcleo mantém-se na posição mediana
       do parasito e o cinetoplasto é paralelo ou ligeiramente posterior ao núcleo. Os
       diâmetros das paramastígotas variam de 5,0 a 10,0 x 4,0-6,0 µm. São caracterizadas
       por se encontrarem aderidas no trato digestivo do vetor.

      Forma promastigota: são encontradas no trato digestivo do hospedeiro invertebrado. São alongadas, com um
       flagelo, livre e longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. O cinetoplasto, em forma de
       bastão, localiza-se na porção mediana entre a extremidade anterior e o núcleo (localiza-se anteriormente ao
       núcleo). O flagelo apresenta sempre medidas iguais ou superiores ao maior diâmetro
       do corpo. As promastigotas apresentam uma variabilidade muito grande nas medidas
       do corpo, cujos diâmetros podem ser observados entre 10,0-40,0 x 1,5-3,0 µm. A
       forma promastigota, em cortes histológicos, geralmente se aglomera em uma mesma
       região formando uma estrutura denominada roseta devido à sua semelhança a uma
       flor. As promastígotas metacíclicos são as formas infectantes para os hospedeiros
       vertebrados, possuem os diâmetros do corpo nos menores limites apresentados pelos
       promastígotas e o flagelo muito longo, cerca de duas vezes o comprimento do corpo.
       Possuem mobilidade intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do trato
       digestivo do inseto. Nunca foram encontradas em divisão.


OBS: Para diferenciar os epimastigotas (T. cruzi) da forma promastigota da leishmania não pode ser pela posição do
cinetoplasto (em ambas as formas, estão anteriormente ao núcleo). A diferenciação se dá pelo tamanho do flagelo: no
caso das epimastigotas, encontramos flagelos mais encurtados e contidos à membrana ondulante. Já a forma
promastigota, encontramos um flagelo maior e mais livre.
OBS²: A multiplicação, por divisão binária simples, é iniciada pela duplicação do cinetoplasto, um dos quais mantém o
flagelo remanescente, enquanto o outro promove a reprodução da estrutura flagelar. A seguir, o núcleo se divide e, em
seqüência, o corpo do parasito se fende no sentido antero-posterior.
OBS³: As formas flageladas expressam, entre outras moléculas, um complexo lipofosfoglicano, o LPG. Dentre as
proteínas, uma metaloprotease, a gp63, é encontrada em ambas as formas.


       Na Leishmaniose, a forma morfológica que parasita o hospedeiro vertebrado é a amastigota. As formas que
são encontradas no hospedeiro invertebrado (vetor: Lutzomya sp.) são as formas paramastigotas, promastigota e
promastigota metacíclica.


ASPECTOS BIOL•GICOS
       Assim como ocorre como T. cruzi, o ciclo da leishmaniose ocorre tanto por ciclo silvestre quanto por ciclo
doméstico. O hospedeiro invertebrado é representado, principalmente, pela fêmea do mosquito palha. Quando se trata
de LV, o principal hospedeiro vertebrado silvestre é a raposa. No caso da LTA, os hospedeiros vertebrados silvestres


                                                                                                                      10
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



sƒo, principalmente: marsupiais (gamb†), endetados (tatu, tamandu†) e roedores. O cachorro nada mais • que um
reservat…rio dom•stico da doen€a (nƒo h† registros na literatura em que contato com o cachorro tenha transmitido a
doen€a; apenas via vetor que eventualmente tenha se infectado por este reservat…rio).

VETOR (HOSPEDEIRO INVERTEBRADO)
       Os principais hospedeiros invertebrados transmissores da LTA sƒo: Lutzomyia whitmani, L. wellcomei, L.
intermedia, L. umbratillis, L. flaviscutellata, L. pessoal. Os principais vetores da LV sƒo: Lutzomyia longipalpis, L. cruzi
(apontado como poss‡vel transmissor da LV no Mato Grosso do Sul).
       Os vetores da leishmaniose sƒo flebotom‡neos do g‚nero Lutzomyia, conhecidos popularmente como
“mosquito palha”. Estes mosquitos (que podem atingir at• 4mm) apresentam uma sobrevida que varia de 2 a 4
semanas, com um ciclo de forma€ƒo de at• 3 meses. Este mosquito • caracterizado por praticar vŠos curtos e baixos.
Os adultos vivem em ambientes sombreados, com alta umidade, temperaturas variantes entre 25 e 30“, com h†bitos
noturnos ou diurnos (dependendo da esp•cie).


CICLO BIOL•GICO
         A transmissƒo da leishmaniose se d† principalmente por via vetorial. O ciclo • heter…xeno, apresentando um
hospedeiro invertebrado e vertebrado. Os hospedeiros vertebrados sƒo infectados quando formas promast‡gotas
metac‡clicas sƒo inoculadas pelas f‚meas dos insetos vetores, durante o repasto sangu‡neo. Estes insetos possuem o
aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do hospedeiro, formando condi€„es para obter o sangue
durante a alimenta€ƒo. Sabe-se que fatores presentes na saliva de flebotom‡neos t‚m a€ƒo quimiot†tica para
mon…citos e imunorregulador, com capacidade de interagir com os macr…fagos, aumentando sua prolifera€ƒo e
impedindo a a€ƒo efetora destas c•lulas na destrui€ƒo dos parasitos.
         As formas promastígotas metacíclicas sƒo resistentes a lise pelo complemento. Um dos mecanismos desta
resist‚ncia • devido, em parte, a modifica€„es estruturais no LPG (impede a liga€ƒo dos componentes C3 e C3b do
                                                                                          +
sistema complemento ao parasita). A gp63 ainda causa a clivagem das fra€„es C3b e C3bi .
         Durante o processo de endocitose do parasito, por causas fisiol…gicas, a c•lula hospedeira aumenta
intensamente a sua atividade respirat…ria. Os produtos liberados deste processo, com a forma€ƒo de …xido n‡trico, dos
radicais livres …xidos, hidroxilas, hidr…xidos e super…xidos, sƒo conhecidos por serem altamente lesivos para as
membranas celulares. Os parasitos necessitam da utiliza€ƒo de mecanismos de escape a este ataque como a LPG e a
gp63. Al•m disto, a saliva do inseto, presente neste ambiente, exerce a€ƒo inibidora da estimula€ƒo dos macr…fago
(inibindo a produ€ƒo de oxido n‡trico).
         A internaliza€ƒo de Leishmania se
faz atrav•s da endocitose mediada por
receptores na superf‡cie do macr…fago.
Ap…s a internaliza€ƒo, o promastigota
metac‡clico • encontrado dentro do
vac‹olo parasit…foro. A promast‡gota
transforma-se em amast‡gota, capaz de
desenvolver e multiplicar no meio †cido
encontrado no vac‹olo digestivo. Nestas
condi€„es, a gp63, protease, atua
degradando as enzimas lisossomais.
         Mantendo       o     controle   das
condi€„es ambientais internas do vac‹olo,
a amast‡gota inicia o processo de
sucessivas multiplica€„es. Na aus‚ncia do
controle parasit†rio pela c•lula hospedeira,
esta se rompe e as amast‡gotas liberadas
serƒo,    por    mecanismo       semelhante,
internalizadas por outros macr…fagos.
         Este ciclo (multiplica€ƒo da forma
asmastigota      dentro    do     macr…fago)
acontece tanto na LTA quanto na LV. A
diferen€a • a seguinte:
      LTA: o ciclo ocorre nos macr…fagos residentes na pele e/ou mucosas.
      LV: o ciclo ocorre em …rgƒos linf…ides (medula …ssea, ba€o, linfonodos) e nas v‡sceras.

        A infec€ƒo para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestƒo, no momento do repasto sangu‡neo em
indiv‡duo ou animal infectado, das formas amast‡gotas que acompanham o sangue e/ou a linfa intersticial. A


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Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



coloniza€ƒo de Leishmania, para algumas esp•cies do vetor, •
restrita a por€ƒo m•dia e anterior do intestino. As esp•cies do
subg‚nero Viannia se multiplicam na regiƒo do estŠmago e do
intestino do vetor; as esp•cies do subg‚nero Leishmania se
multiplicam apenas no estŠmago. Em todas as esp•cies, os parasitos
migram para as por€„es anteriores do aparelho digestivo do inseto
comprometendo a v†lvula estomadeu, seguida da invasƒo da faringe,
cib†rio e prob…cide.
         As formas de flagelo curto que se fixa nas c•lulas do trato
digestivo do vetor sƒo as formas paramastigotas. Estas constituem
formas intermedi†rias entre amastigotas obtidas durante o repasto
sangu‡neo e as promastigotas metac‡clicas infectantes.

REPRODUÇÃO
       A reprodu€ƒo assexuada da Leishmania se d† por meio da divisƒo bin†ria: os amastigotas se multiplicam
dentro dos macr…fagos do hospedeiro vertebrado; os promastigotas, no trato digestivo do vetor; os paramastigotas
nunca foram encontrados em divisƒo.


T RANSMISSƒO
       O principal meio de transmissƒo • vetorial, por meio da picada do vetor Lutzomyia sp., que inocula as formas
promastigotas no hospedeiro vertebrado. Entretanto, outros mecanismos sƒo registrados na literatura:
     Compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas;
     Transfus„es sangu‡neas;
     Transmissƒo cong‚nita e acidente de laborat…rio.


INTERA‚ƒO P ARASITO- C„LULA HOSPEDEIRA
        A principal c•lula hospedeira da leishmania • o macr…fago (sistema fagocit†rio mononuclear – SFM). A
intera€ƒo entre a forma promastigota e esta c•lula hospedeira, como vimos a prop…sito do estudo do ciclo biol…gico, se
d† por meio dos seguintes fatores:
      A saliva do vetor: a saliva do inseto • inoculada neste ambiente e exerce papel importante como
        anticoagulante, vasodilatadora e antiagrega€ƒo de plaquetas, favorecendo o fluxo de sangue e a linfa
        intersticial para o alimento. Al•m destes efeitos, sabe-se que fatores presentes na saliva de flebotom‡neos t‚m
        a€ƒo quimiot†tica para mon…citos e imunorregulador, com capacidade de interagir com os macr…fagos,
        aumentando sua prolifera€ƒo e impedindo a a€ƒo efetora destas c•lulas na destrui€ƒo dos parasitos. A saliva
        de Lutzomyia longipalpis cont•m o mais potente vasodilatador conhecido, o maxidilan, que al•m desta a€ƒo
        parece ser respons†vel pela maioria dos efeitos imunomodulat…rios da saliva deste inseto sobre a c•lula
        hospedeira, durante a transmissƒo de Leishmania.
      O sistema complemento do hospedeiro vertebrado: as promat‡gotas metac‡clicas utilizam a opsoniza€ƒo com
        C3b e C3bi para se ligarem a CR1 e CR3 no macr…fago e assim, serem internalizadas. Estes receptores
        promovem a fagocitose, sem estimular o aumento da atividade respirat…ria da c•lula e a conseqŽente gera€ƒo
        de radicais livres. Al•m disso, a leishmania • capaz de promover a ativa€ƒo do complemento, mas nƒo permite
        a forma€ƒo do complexo de ataque a membrana (MAC) por meio das fra€„es do complemento. Esta
        propriedade do protozo†rio se d† por meio da gp63 e da LPG.
      Mol•culas de superf‡cie do protozo†rio como a Gp63 e a LPG: o LPG reveste o parasito de forma a proteg‚-lo
        da a€ƒo enzim†tica digestiva no interior da matriz peritr…fica (do vetor). Por outro lado, a gp63, com sua a€ƒo
        enzim†tica, exerce papel importante na ruptura da matriz e conseqŽente libera€ƒo dos parasitos, antes que o
        bolo alimentar siga seu percurso intestinal. As formas liberadas, tamb•m por a€ƒo do LPG, se ligam, atrav•s
        do flagelo, as microvilosidades intestinais do inseto, garantindo a sua perman‚ncia e desenvolvimento naquele
        local.
    4
OBS : Outra forma de defesa do protozo†rio • a r†pida transforma€ƒo c‡clica das formas promastigotas em
amastigotas dentro do vac‹olo parasit…foro, gerando um novo ciclo.
    5
OBS : Nƒo se sabe ao certo os mecanismos moleculares pelos quais as formas amastigotas interagem com as c•lulas
hospedeiras. Sabe-se, entretanto, que a forma amastigota da L. amazonensis e da L. donovani nƒo produzem LPG e
nem apresentam Gp63 exposto na sua superf‡cie, mas sim, escondido no bolso flagelar.




                                                                                                                       12
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



PATOGENIA E A SPECTOS CL…NICOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR A MERICANA
        A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que acomete o homem e
diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar através de diferentes formas clínicas.
Trata-se de uma doença parasitária da pele e mucosas, causada por protozoários do gênero Leishmania (as esp[ecies
que compõem os complexos L. brasiliensis e L. mexicana). As principais manifestações observadas nos pacientes com
LTA podem ser classificadas de acordo com seus aspectos clínicos, patológicos e imunológicos. As espécies que
provocam doença no homem, particularmente as que ocorrem no Brasil: Leishmania (Viannia) braziliensis; Leishrnania
(Viannia) guyanensis; Leishmania (Viannia) lainsoni; Leishmania (Viannia) shawi; Leishmania (Viannia) naiffi;
Leishmania (Viannia) amazonensis.
        A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; a forma
cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; a forma
disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática e, finalmente, a forma
difusa com lesões nodulares não-ulceradas.
        A lesão inicial ocorre no local da picada do inseto. Entretanto, nem toda lesão originada da picada pode gerar
úlcera: as pápulas pruriginosas e avermelhadas formas depois da picada podem regredir, permanecer em estado
estacionário (úlcera leishmaniótica típica) ou evoluir. A úlcera leishmaniótica típica apresenta uma borda elevada,
bem delimitada e arredondada.
        A LTA pode se manifestar nas seguintes formas: leishmaniose cutânea (presença da úlcera típica isolada),
leishmaniose cutâneo-mucosa (presença de lesões de úlcera tanto na pele quanto nas mucosas), leishmaniose
cutâneo-difusa (manifestação de nódulos não-ulcerativos na pele).

PATOGENIA E ASPECTOS CLÍNICOS
         Além das espécies de Leishmania, o que determina a patogenia das leishmania é o tipo de resposta imune
envolvida no processo. As espécies Leishmania (V.) braziliensis e Leishrnania (V.) guyanensis são os agentes
etiológicos exclusivos para a leishmania tegumentar cutânea-mucosa. A L. (V.) Amazonensis é o agente etiológico da
leishmaniose tegumentar cutâneo-difusa.
         No inicio da infecção, as formas promastígotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do
flebotomineo. As células destruídas pela probóscida do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células
fagocitárias mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Ao serem fagocitadas, as promastígotas
transformam-se em amastígotas e iniciam reprodução por divisões binárias sucessivas; mais macrófagos são atraídos
ao sítio, onde se fixam e são infectados. A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto
principalmente de linfócitos e de macrófagos na derme, estando estes últimos abarrotados de parasitas. Gradualmente
forma-se um infiltrado celular circundando a lesão, consistindo principalmente em pequenos e grandes linfócitos, entre
os quais alguns plasmócitos. Como resultado, forma-se no local uma reação inflamatória do tipo tuberculóide. Ocorre
necrose resultando na desintegração da epiderme e da membrana basal que culmina com a formação de uma lesão
úlcero-crostosa.
         Após a perda da crosta, observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo recoberto
por exsudato seroso ou seropumlento. Esta lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera leishmaniótica que,
por seu aspecto morfológico, pode ser reconhecida imediatamente. Trata-se de uma úlcera de configuração circular,
bordos altos (em moldura), cujo fundo é granuloso, de cor vermelha intensa, recoberto por exsudato seroso ou
seropurulento, dependendo da presença de infecções secundárias.

LEISHMANIOSE CUTÂNEA
        A leishmaniose cutânea é caracterizada pela formação de úlceras únicas (L. braziliensis, que causam a
formação da úlcera de Bauru no homem) ou múltiplas (L. guyanensis) confinadas na derme, com a epiderme
ulcerada. Resultam em úlceras leishmanióticas típicas, ou, então, evoluem para formas vegetantes verrucosas ou
framboesiformes. É causada por todas as espécies do complexo Leishmania braziliensis.
        A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com tendência
a escassez nas úlceras crônicas. A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma cutânea e geralmente
está relacionada com pacientes imunossuprimidos (AIDS).


LEISHMANIOSE CUTÂNEO-MUCOSA
         É causada pelas seguintes espécies:Leishmania (V.) braziliensis e Leishrnania (V.) guyanensis. Esta forma
clínica é conhecida por espúndia e nariz de tapir ou de anta. O curso da infecção nas fases iniciais ocorre como já visto
anteriormente na forma cutânea provocada por este parasito.
         Trata-se de um processo lento, de curso crônico. Estas lesões secundárias podem ocorrer por extensão direta
de uma lesão primária ou então através da disseminação hematogênica. As regiões mais comumente afetadas pela
disseminação metastásica são o nariz, a faringe, a boca e a laringe. O primeiro sinal de comprometimento mucoso



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Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



manifesta-se por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal, resultando em coriza constante e
posteriormente em um processo ulcerativo.
        Estas ulceras culminam em lesões desfigurantes que geram dificuldades na fala, na respiração e na
alimentação. O óbito é conseqüência de infecções secundárias.

LEISHMANIOSE CUTÂNEO-DIFUSA (LCD)
        Caracteriza-se pela formação de lesões não-ulcerativas (difusas com erupções papulares ou nodulares não
ulceradas) por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. É causado pela L. (Leishmania) amazonensis. A
LCD está estritamente associada a uma deficiência imunológica do paciente.

DIAGNÓSTICO DA LTA
         O diagnóstico clínico da LTA pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente apresenta,
associado a anamnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância. Deve ser feito o diagnóstico
diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões semelhantes à LTA e que podem ser
confundidas, como tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos (blastomicose e esporotricose), úlcera
tropical e neoplasmas.
         O diagnóstico laboratorial pode ser feito por meio da pesquisa do protozoário (por exame direto de esfregaços
corados; exame histopatológico; cultura; e inoculo em animais) ou por métodos imunológicos.
      A pesquisa do protozoário pode ser feita por meio da coleta da lesão (Ex: biópsia ou aspirado da borda da
         lesão), encontrando, principalmente, a forma amastigota.
      Os métodos imunológicos são feitos por meio do Teste de Montinegro que avalia a resposta celular mediante
         a ativação dos linfócitos. O teste consiste no inóculo de 0,lml de antígeno intradennicamente na face interna do
         braço. No caso de rações positivas, verifica-se o estabelecimento de uma reação infla matória local formando
         um nódulo ou pápula que atinge o auge em 48-72 horas, regredindo então. Os resultados do exame podem
         ser: reação negativa (ausência de qualquer sinal no local de inoculação) ou reação positiva (presença de
         nódulo com diâmetro variado).
              o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea apresentam geralmente resultados positivos.
              o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea-mucosa apresentam geralmente resultados
                  positivos.
              o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutâneo-difusa, por se tratar de uma resposta Th2, o teste
                  pode fornecer resultado falso negativo, sendo um método limitado para diagnóstico desse tipo de
                  leishmaniose.
      A avaliação da resposta humoral se dá por meio da Reação da Imunofluorescência Indireta (RIFI). Os títulos de
         anticorpos são normalmente baixos em casos com lesão cutânea recente, mas podem estar aumentados nas
         formas crônicas da doença, especialmente em casos de envolvirnento mucoso. Como o teste não é espécie-
         específico, ocorrem reações cruzadas com outros tripanossomatídeos, dificultando o seu uso em áreas
         endêmicas onde ocorrem a doença de Chagas e o calazar.
    6
OBS : Por se tratarem de parasitas de ordem iguais (kinetoplastida), resultados sorológicos positivos podem
apresentar uma margem de erro devido a reações cruzadas com o Trypanossoma cruzi, causador da doença de
Chagas. Por esta razão, o Ministério da Saúde preconiza que sejam feitas mais de uma técnica laboratorial.


L EISHMANIOSE VISCERAL (LV)
         A leishrnaniose visceral é uma doença causada por parasitos do complexo Leishmania donovani na África,
Ásia, Europa e nas Américas. Na India é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana que em sânscrito
significa "doença negra", e febre Dum-Dum. Na América Latina, leishmaniose visceral americana ou calazar
neotropical.
         A doença é crônica, grave, de alta letalidade se não tratada, e apresenta aspectos clínicos e epidemiológicos
diversos e característicos, para cada região onde ocorre. Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença
incluem a desnutrição, o uso de drogas imunossupressoras e a co-infecção com HIV.

PATOGENIA
         A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, caracterizada por
febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia, acompanhada dos sinais
biológicos de anemia, leucopenia, trombocitopenia (a pancitopenia pode ocorrer devido ao acometimento de órgãos
hematopoiéticos), hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. A linfoadenopatia periférica é comum em alguns focos
da doença. O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se
o paciente não for submetido ao tratamento específico.



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Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



         Em resumo, a transmissão da doença é vetorial (por meio da Lutzomya longipalpis), de modo que no local da
lesão surge apenas uma lesão transitória e discreta. O protozoário atinge as vias linfáticas e promove uma
disseminação hematogênica/linfática, chegando aos órgãos linfóides (linfonodos, baço) ou mesmo órgãos ricos em
macrófagos (como o fígado). A febre é o primeiro sinal de presença de amastigotas já disseminaram em vias diversas
e alcançaram as vísceras.
         No hospedeiro vertebrado, as formas amastígotas de L. chagasi são encontradas parasitando células do
sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. É comum encontrar formas amastigotas no
sangue de cães e rapousas com calazar. No homem, entretanto, os parasitas localizam-se em órgãos linfóides, como
medula óssea, baço, figado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. Raramente, as
amastígotas podem ser encontradas no sangue, no interior de leucócitos, íris, placenta e timo. Porém, mesmo sendo
raro, o encontro e a contaminação via sangue de portadores pode acontecer.
         No hospedeiro invertebrado, Lutzomyia longipalpis, são encontradas no intestino médio e anterior nas formas
paramastígota, promastigota e promastígota metacíclica.

RESPOSTA IMUNE
        Um paciente com LV assintomático apresenta um perfil de resposta imunológica Th1. O paciente portador de
LV que apresenta os sinais e sintomas desta doença apresenta um perfil de resposta Th2, uma vez que é por meio da
ativação dos macrófagos (e não por meio de imunoglobulinas, como ocorre na Th1) que o sistema imunológico tenta
responder contra a parasitose.

ASPECTOS CLÍNICOS
        As alterações clínicas e viscerais causadas pelo LV se assemelham muito à esquistossomose, se
diferenciando desta porque há uma proliferação do protozoário nos órgãos acometidos (principalmente o baço e o
fígado), enquanto que na esquistossomose, o Schistossoma mansoni, ao formar um granuloma junto ao complexo
imunológico do indivíduo, gera a obstrução de vasos que passam por órgãos que causaram um quadro semelhante em
ambas as parasitoses.
        O parasita se multiplica mais comumente na medula óssea, no baço, linfonodos, no fígado, pulmão e intestino.
      Alterações esplênicas: é o achado mais importante e frequente da LV. Os fatores determinantes são a
        hiperplasia e hipertrofia das células do sistema fagocitário mononuclear do baço.
      Alterações hepáticas: acometimento das células de Kupffer, que serão densamente parasitadas, causando a
        dilatação dos sinusóides hepáticos (diferentemente dos granulomas formado na esquistossomose). Este fato
        gera hipertensão portal e ascite.
      Alterações no tecido hemocitopoiético: a medula óssea é densamente parasitada (tanto que um dos meios
        de diagnóstico da LV é feito por punção da medula óssea) e ocorre alterações hematológicas importantes:
        pancitopenia, anemia, leucopenia, plaquetopenia, etc.
      Alterações renais: a invasão do parasita nos rins causa glomerulonefrites e albuminúria (em 50% dos
        pacientes).
      Alterações pulmonares: acontecem geralmente devido a infecções bacterianas secundárias que possam
        existir. Geralmente, causam pneumonite e broncopneumonias que podem gerar o óbito.
      Alterações nos linfonodos: hipertrofia dos linfonodos.
      Alterações no tubo digestivo: edema e alongamento das vilosidades, gerando quadros de diarréia.
      Alterações cutâneas: descamação e queda de cabelo, como ocorre com os animais domésticos com calazar.
    7
OBS : Assim como o norte é uma área endêmica para LTA, o nordeste é uma área de grande incidência da LV assim
como da esquistossomose. É preciso, portanto, realizar diagnósticos diferenciais quanto estas duas últimas doenças
por meio do exame de fezes, biopsia retal (pra pesquisar granuloma), teste imunológico (embora este possa resultar
em reação cruzada).

FASE ASSINTOMÁTICA DA LV
        A forma aguda desta fase corresponde ao período inicial da doença. Observam-se febre alta, palidez de
mucosas e epatoesplenomegalia discretas.
        Os indivíduos podem desenvolver sintomatologias pouco específicas, que se manifestam por febre baixa
recorrente tosse seca, diarréia, sudorese, prostração e apresentar cura espontânea ou manter o parasito, sem
nenhuma evolução clínica por toda a vida. O diagnóstico pode ser acidental ou epidemiológico.
        O equilíbrio apresentado por estes indivíduos pode, entretanto, ser rompido pela desnutrição ou por um estado
imunessupressivo, como na AIDS, ou pela infecção por HTV ou decorrente do uso de fármacos pós-transplante.
        Aparentemente esta ruptura é induzida pela quebra da barreira funcional dos linfonodos acompanhada de
aumento da prostaglandina E e baixa na produção de IL-10.




                                                                                                                      15
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1




FASE SINTOMÁTICA DA LV
        Forma de evolução prolongada caracterizada por febre irregular e associada ao contínuo agravamento dos
sintomas. O emagrecimento é progressivo e conduz o paciente para desnutrição proéico-calórica, caqueixa acentuada,
mesmo com apetite preservado.
        A hepatoesplenomegalia, associada à ascite determinam o aumento do abdome. É comum edema
generalizado, dispinéia, cefaléia, dores musculares, perturbações digestivas, epistaxes e retardos da puberdade.
        Uma vez que o calazar é uma doença de caráter debilitante e imunodepressivo, as infecções bacterianas são
especialmente importantes na determinação do óbito: São infecções comuns: pneumonia, broncopneumonia,
tuberculose, diarréia, otite média, estomatite, infecções concomitantes por Plasmodium ou Schistosoma. A LV é
considerada infecção oportunista para indivíduos com AIDS e em portadores de HIV.

DIAGNÓSTICO DA LV
       A rotina do diagnóstico da leishmaniose visceral baseia-se nos sinais e sintomas clínicos, em parâmetros
epidemiológicos, e na grande produção de anticorpos.
     Diagnóstico clínico: baseia-se nos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes associados a história de
       residência em área endêmica. Em particular, nos pacientes com AIDS, os sintomas mais relatados são as
       lesões de pele, manifestações hemorrágicas gastrointestinais e respiratórias, por vezes, na completa ausência
       de febre e esplenomegalia. É necessário, por muitas vezes (principalmente na região Nordeste), realizar
       diagnóstico diferencial com esquistossomose.
     Diagnóstico laboratorial:
         Pesquisa do parasito: baseia-se na observação direta do parasito em preparações de material obtido de
            aspirado de medula óssea, baço, fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de vidro, corados
            pelo Giemsa, inoculados em meio de cultura NNN ou em animais de laboratório. A punção de medula
            óssea é a técnica mais simples e representa menos risco para o paciente. No adulto, é realizada na
            medula do estemo, no nível do segundo espaço intercostal e em crianças, na crista ilíaca. A biópsia
            hepática oferece resultados questionáveis, em virtude da menor expressão do parasitismo do figado. A
            punção do baço apresenta riscos, podendo levar a ruptura do órgão e a hemorragias fatais.
         Métodos imunológicos: uma característica clínica imunológica marcante do calazar é a
            hipergamaglobulinemia, decorrente da expansão policlonal de linfócito B, que caracteriza a resposta
            especifica, através da produção de irnunoglobulinas G (IgG e IgM), com grande produção de proteínas
            inespecíficas. Outras técnicas são: RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta), ELISA (Ensaio
            Imunoenzimático) e a Reação de Fixação do Complemento.

TRATAMENTO
                                                                                                                5+
        O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes (Sb )
antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®) e o estibogliconato sódico (Pentostam®) são, na maioria dos países, a
primeira opção terapêutica. O tártaro emético é o primeiro fármaco de escolha. No Brasil, a droga de escolha é o
Glucantimea, que é de distribuição gratuita na rede de saúde pública.
                                                               5+
        O Ministério da Saúde recomenda a dose de 20mg de Sb kg/dia por via endovenosa ou intramuscular, durante
20 dias e, no máximo, por 40 dias.


EPIDEMIOLOGIA
        Ao estudar LTA e LV, observa-se que há um ciclo silvestre que, gradativamente, atingiu as residências
humanas, formando um novo ciclo doméstico. O panorama da leishmaniose está relacionada com áreas de
desmatamento e invasão humana, em que a opção do vetor foi migrar para as residências e, por incidente, gerar um
ciclo domestico envolvendo o homem.
        A LTA tem uma prevalência considerável na faixa que vai desde o Sul dos EUA até a Argentina, apresentando
hospedeiros vertebrados como gambás, tamanduás, roedores, etc. No Brasil, acomete todos os Estados, sendo mais
prevalente na região norte. Os principais agentes etiológicos e seus respectivos vetores são:
      Leishmania (V.) braziliensis: Lutzomyia whitmanni, Lutzomya Wllcomei, Lutzomyia intermedia
      Leishmania (V.) amazonensis: Lutzomyia Flaviscutellata (hábito noturno e pouco antropofílico)

        A LV, no Brasil, tem uma distribuição mais localizada no Nordeste, sendo uma parasitose tipicamente rural. O
principal reservatório doméstico da LV é o cão, que desenvolve alopercia, ulcerações, crescimento desordenado das
unhas, emagrecimento. É comum a co-infecção da leishmania com HIV. A espécie mais prevalente para este tipo de
doença e seu vetor é:
     Leishmania (L.) chagasi: Lutzomyia longipalpis

                                                                                                                     16
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1




PROFILAXIA

       Leishmaniose Tegumentar Americana                                  Leishmaniose Visceral
- Proteção individual: utilização de repelentes e      Tríade:
mosqueteiros                                           - Diagnóstico e tratamento dos doentes
- Construção de casas a uma distância de 500m da       - Eliminação dos cães com sorologia positiva
mata                                                   - Combate às formas adultas do inseto vetor
- Prevenção da infecção em engenheiros, topógrafos,
geólogos, militares quando eles se expõem ao contato
em áreas endêmicas




                                                                                                                    17
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1




MED RESUMOS 2009
NETTO, Arlindo Ugulino.
PARASITOLOGIA

                                                     GIARDÍASE
                                             (Professora Aganeide Castro)

         O gênero Giardia inclui flagelados parasitos do intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, tendo
sido, possivelmente, o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido. A primeira descrição do trofozoíto tem
sido atribuída a Anton van Leeuwenhoek (1681).
         As denominações Giardia lamblia, Giardia duodenalis e Giardia intestinalis têm sido empregadas como
sinonímia, particularmente para isolados de origem humana.
         Em países em desenvolvimento, a giardíase é uma das causas mais comuns de diarréia entre crianças, que
em conseqüência da infecção, muitas vezes, apresentam problemas de má nutrição e retardo no desenvolvimento.


M ORFOLOGIA
       O gênero Giardia apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto.

MORFOLOGIA DO TROFOZOÍTO
        O trofozoíto tem formato de pêra, com simetria bilateral e mede 20µm de comprimento por
10µm de largura. É binucleado (diferentemente do cisto, que apresenta quatro núcleos). A face
dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura
semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou
suctorial. Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a presença de uma ou duas
formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos medianos.
        O trofozoíto possui ainda quatro pares de flagelos que se originam de blefaroplastos ou
corpos basais situados nos pólos anteriores dos dois núcleos, a saber: um par de flagelos
anteriores, um par de flagelos ventrais, um par de flagelos posteriores e um par de flagelos caudais.
        Abaixo da membrana citoplasmática do trofozoíto existem numerosos vacúolos que,
acredita-se, tenham papel na pinocitose de partículas alimentares.
        Uma das hipóteses que explicava a adesão dos trofozoítos sobre as microvilosidades da
mucosa era de que os batimentos dos flagelos ventrais seriam responsáveis pelo aparecimento de
uma força de pressão negativa abaixo do disco, provocando sua adesão, que seria auxiliada pela
franja ventrolateral. A observação da presença de proteínas contráteis no disco ventral sugeriu
outra hipótese alternativa ou auxiliar para explicar tal adesão: essas proteínas estariam envolvidas
na modulação da forma e do diâmetro do disco que, através de movimentos de contração e
descontração, permitiria a adesão e o desprendimento dos trofozoítos na mucosa.

MORFOLOGIA DO CISTO
        O cisto é oval ou elipsóide, medindo cerca de 12µm de comprimento por 8µm de largura.
No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de
flagelos) e os corpos escuros com forma de meia-lua e situados no pólo oposto aos núcleos.


                                            CICLO BIOL•GICO
                                                    G. lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico dueto. A via
                                            normal de infecção do homem é a ingestão de cistos (um pequeno número
                                            já é o bastante para debelar a infecção).
                                                    Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio
                                            ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a
                                            colonização do intestino delgado pelos trofozoítos.
                                                    Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal: após
                                            a nucleotomia (divisão nuclear) e duplicação das organelas, ocorre a
                                            plasmotomia (divisão do citoplasma), resultando assim dois trofozoítos
                                            binucleados. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua
                                            eliminação para o meio exterior. Tal processo pode se iniciar no baixo íleo,
                                            mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento.




                                                                                                                        18
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



OBS: Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver, pelo menos,
dois meses no meio ambiente. Quando o trânsito intestinal está acelerado, é possivel encontrar trofozoítos nas fezes.
OBS²: Em fezes diarréicas (em que o transito intestinal é rápido), é possível encontrar cistos e trofozoítos nas mesmas.
Em caso de fezes formadas (em que o transito intestinal é nromal), é encontrado apenas cistos (o que é usual).


T RANSMISSƒO
        Como já dissemos, a via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, que podem ser
transmitidos por um dos seguintes mecanismos:
      ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas (apenas cloro);
      alimentos contaminados (verduras cruas e frutas mal lavadas);
      esses alimentos também podem ser contaminados por cistos veiculados por moscas e baratas;
      de pessoa a pessoa, por meio das mãos contaminadas, em locais de aglomeração humana (creches,
         orfanatos etc.);
      de pessoa a pessoa entre membros de uma família ou em creches, quando se tem algum indivíduo infectado;
      através de contatos homossexuais e por contato com animais domésticos infectados com Giardia de
         morfologia semelhante à humana.


IMUNIDADE
         Observações epidemiológicas, clínicas e experimentais têm demonstrado evidências de desenvolvimento de
imunidade protetora na giardíase.
         Apesar de uma imunidade protetora ainda não ter sido demonstrada de forma conclusiva nas infecções
humanas por Giardia, o desenvolvimento de resposta imune tem sido sugerido a partir de evidências, como: (1) a
natureza autolimitante da infecção; (2) a detecção de anticorpos específicos anti-Giardia nos soros de indivíduos
infectados; (3) a participação de monócitos citotóxicos na modulação da resposta imune; (4) a maior suscetibilidade de
indivíduos imunocomprometidos à infecção, principalmente os que apresentam hipogamaglobulinemia; (5) a menor
suscetibilidade dos indivíduos de áreas endêmicas à infecção, quando comparados com os visitantes; (6) a ocorrência
de infecção crônica em modelos animais atímicos ou tratados com drogas que deprimem a resposta humoral.
         Anticorpos IgG, IgM e IgA anti-Giardia têm sido detectados no soro de indivíduos com giardíase, em diferentes
regiões do mundo. Além dos anticorpos circulantes, estudos têm relacionado a participação de IgA secretória na
imunidade local a nível de mucosa intestinal.
         Algumas observações em experimentos com modelos animais sugerem a participação de mecanismos T-
dependentes: (1) estudos com camundongos atímicos, infectados com Giardia, demonstraram que apenas aqueles
capazes de desenvolver resposta linfoproliferativa, evoluíram para a cura e (2) a ocorrência de aumento na relação de
linfócitos T auxiliares/supressores na lâmina própria do jejuno em camundongos durante a fase de cura.
         Além disso, tem-se observado a capacidade de monócitos, macrófagos e granulócitos em participar da
destruição de trofozoítos, em reações de citotoxicidade anticorpo-dependentes (ADCC).


SINTOMATOLOGIA
         A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos assintomáticos até pacientes
sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarréia aguda e autolimitante, ou um quadro de diarréia persistente,
com evidência de má-absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao tratamento específico, mesmo em
indivíduos imunocompetentes.
         Aparentemente, essa variabilidade é multifatorial, e tem sido atribuída a fatores associados ao parasito (cepa,
número de cistos ingeridos) e ao hospedeiro (resposta imune, estado nutricional, pH do suco gástrico, associação com
a microbita intestinal).
         A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crianças, que muitas vezes
podem eliminar cistos nas fezes por um período de até seis meses (portadores assintomáticos).
         Geralmente, em indivíduos não-imunes, isto é, na primoinfecção, a ingestão de um elevado número de cistos é
capaz de provocar diarréia do tipo aquosa, explosiva, de odor fétido, acompanhada de gases com distensão e dores
abdominais. Muco e sangue aparecem raramente nas fezes. Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas
iniciais podem ser confundidos com aqueles das diarréias dos tipos viral e bacteriano. Essa forma é muito comum entre
viajantes originários de áreas de baixa endemicidade que visitam áreas endêmicas.
         As principais complicações da giardíase crônica estão associadas à má absorção de gordura e de nutrientes,
como vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12, ferro, xilose e lactose.




                                                                                                                        19
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



PATOGENIA
          Os mecanismos pelos quais a Giardia causa diarréia e má absorção intestinal não são bem conhecidos. Observa-se,
entretanto, que podem ocorrer mudanças na arquitetura da mucosa. Ela pode se apresentar completamente normal ou com atrofia
parcial ou total das vilosidades.
          Empregando microscopia eletrônica, observa-se que os trofozoítos de Giardia aderidos ao epitélio intestinal podem romper
e distorcer as microvilosidades do lado que o disco adesivo entra em contato com a membrana da célula. Além disso, há evidências
sugerindo que o parasita produz, e possivelmente libera, substâncias citopáticas na luz intestinal.
          A explicação mais plausível para a alteração morfológica e funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos
inflamatórios aí desencadeados pelo parasito, devido à reação imune do hospedeiro. A resposta imune local e a degranulação de
mastócitos gera uma reação anafilática local (reação de hipersensibilidade), que provoca edema da mucosa e contração de seus
músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, o que poderia explicar o aumento da renovação dos enterócitos.
          Além dos aspectos associados às alterações morfológicas do intestino, outros fatores têm sido aventados para explicar o
aparecimento de diarréia e má absorção em alguns indivíduos, como, por exemplo, o atapetamento da mucosa por um grande
numero de trofozoítos impedindo a absorção de alimentos.
          As prostaglandinas liberadas pelos enterócitos e pelos parasitas são outra forma de explicar o aumento da motilidade e a
diarréria.


DIAGN•STICO
      O diagnóstico pode ser clínico ou laboratorial:
    Diagnóstico clínico: a sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarréia com esteatorréia, imtabilidade, insônia,
       náuseas e vômitos, perda de apetite (acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal.
    Diagnóstico laboratorial:
           o Exame parasitológico: deve-se fazer o exame de fezes nos pacientes para a identificação de cistos ou
               trofozoítos nas fezes. Os cistos são encontrados nas fezes da maioria dos indivíduos com giardíase, enquanto o
               encontro de trofozoítos é menos frequente, e está, geralmente, associado às infecções sintomáticas. Com isto, a
               observação do aspecto e consistência das fezes fornece informações sobre a forma evolutiva a ser pesquisada,
               uma vez que em fezes formadas e fezes diarréicas predominam cistos e trofozoítos, respectivamente.
           o Exame imunológico: uma variedade de métodos imunológicos tem sido proposta. Isto foi possível devido ao
               desenvolvimento de culturas axênicas (culturas puras) de Giardia, que tem possibilitado a obtenção de antígenos
               puros. Os métodos imunológicos mais empregados são a imunofluorescência indireta e o método ELISA.

EPIDEMIOLOGIA
         Existe em todo o mundo ,o protozoário da Giardíase, que parasita as pessoas com más respostas infecciosas. Na Europa
as taxas de infecção são de menos de 5%, mas nos países em desenvolvimento, particularmente tropicais, podem chegar aos 50%
da população. Os grupos de risco, como todas as infecções de transmissão oral-anal, incluem pessoas que vivem em más
condições de higiene e crianças pequenas.
         As giárdias infectam indistintamente seres humanos, cães, gatos e gado. A transmissão pode ser de um animal para outro
da mesma espécie ou de espécies diferentes. São geralmente necessários cerca de 20 cistos ingeridos para se estabelecer a
infecção.


PROFILAXIA
        Conforme visto na epidemiologia, a transmissão de giardíase ocorre pela contaminação ambiental e de
alimentos pelos cistos do parasito. Além disso, a transmissão direta de pessoa a pessoa é importante em aglomerados
humanos.
        Dessa forma, são recomendadas medidas de higiene pessoal (lavar as mãos), destino correto das fezes
(fossas, rede de esgoto), proteção dos alimentos e tratamento da água. Com relação a este último aspecto, pesquisas
recentes sobre Giardia mostram evidências de que os filtros de areia e de terra de diatomáceas são capazes de
remover os cistos de G. lamblia.

T RATAMENTO
     Metronidazol (Flagil®): 15 a 20mgfkg durante sete a dez dias consecutivos, para crianças, via oral. A dose
       para adultos e de 250mg, duas vezes ao dia;
     Tinidazol (Fasigyn®): dose única de 2g para adulto e 1g para crianças, sob a forma líquida, este produto
       também é apresentado sob a forma de supositórios, com bons resultados; deve-se repetir a dose uma semana
       depois;
     Furazolidona (Giarlam®): 8 a 10mg por kg de peso por dia (máximo de 400mgldia) durante sete dias, para
       crianças. Para adultos, a dose e de 400mg em 24 horas, em duas ou quatro vezes por dia, durante sete dias;
     Secnidazol (Secnidazol®): a dose para adultos é de 2g (dose única); para crianças com menos de 5 anos,
       125mg, duas vezes em 24 horas, por cinco dias.




                                                                                                                              20
Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1




MED RESUMOS 2009
NETTO, Arlindo Ugulino.
PARASITOLOGIA

                                                 TRICOMONÍASE

        O gênero Trichomonas abrange espécies que parasitam o homem como Trichomonas vaginalis, Trichomonas
tenax e Pentatrichomonas hominis. As espécies incluídas neste capítulo são membros da família Trichomonadidae, da
subfamília Trichomonadinae, da ordem Trichomonadida, da classe Zoomastigophorea, e do filo Sarcomastigophora.
        Entretanto, das espécies apresentadas anteriormente, apenas a primeira, ou seja, o Trichomonas vaginalis é
patogênico, sendo ele responsável pela tricomoníase, doença sexualmente transmissível (DST) não-viral mais comum
no mundo.
     A espécie T. vaginalis, patogênica, foi descrita pela primeira vez em 1836, por Donné, que a isolou de uma
        mulher com vaginite. É comumente encontrado no trato genital e urinário tanto da mulher como do homem. Por
        ser a única espécie patogênica do gênero Trichomonas, este capítulo será exclusivo para seu estudo.
     O T. tenax, não-patogênico, vive na cavidade bucal humana e também de chipanzés e macacos. É
        morfologicamente semelhante ao T. vaginalis, sendo bem menor.
     O T. hominis, não-patogênico, habita o trato intestinal humano. É morfologicamente semelhante ao T. vaginalis,
        apresentando, entretanto, 5 flagelos anterior, ao invés de 4.
     O T. fecalis foi encontrado em um único paciente, não existindo certeza se o homem seria seu hospedeiro
        primário.

        A transmissão do T. vaginalis se dá, majoritariamente, por contato sexual, embora seja descrito na literatura
sua transmissão via objetos íntimos como toalhas, roupas, vasos sanitários. Entretanto, estes mecanismos de
transmissão são muito questionados uma vez que este protozoário não apresenta forma cística, ou seja, apresenta
apenas trofozoíto, o qual não apresenta tanta resistência no meio adverso como a forma cística apresenta. ´
        A investigação laboratorial é essencial na diagnose dessa patogenia, permitindo também diferenciá-la de
outras doenças sexualmente transmissíveis. O diagnóstico laboratorial é indispensável e é feito por meio de amostras
coletadas das mucosas e observadas por microscópio. É importante saber também que as espécies de Trichomonas
são morfologicamente idênticas, e para diferenciar uma da outra, é necessário tomar conhecimento da procedência do
material: material do trato genital (T. vaginalis), da mucosa oral (T. tenax) e da mucosa intestinal (T. hominis).


M ORFOLOGIA DO T RICHOMONAS VAGINALIS
         O Trichomonas vaginalis é um protozoário unicelular polimorfo que, quando vivo, é elipsóide ou oval e,
algumas vezes, esférico. O protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar pseudópodes, os quais são
usados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas.
         Como todos os tricomonadídeos, não possui a forma cística, somente a
trofozoítica.
         As principais estruturas morfológicas que caracterizam o T. vaginalis
são:
      Quatro flagelos anteriores livres, de tamanhos desiguais;
      Uma membrana ondulante e a costa que nascem do complexo granular
         basal. A margem livre da membrana consiste em um filamento acessório
         fixado ao flagelo recorrente;
      Um axóstilo, estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro
         do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior;
      Possui um aparelho parabasal que consiste num corpo em forma de "V",
         associado a dois filamentos parabasais, onde se dispõe o aparelho de
         Golgi composto por vesículas paralelas achatadas;
      O blefaroplasto que está situado antes do axóstilo, sobre o qual se
         inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos.
      É desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos
         em fileiras. Estes hidrogenossomos apresentam enzimas responsáveis pela síntese de ATP.


BIOLOGIA
    Local de infecção: o T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção
       e não sobrevive fora do sistema urogenital.


                                                                                                                      21
Parasitologia ii   completo
Parasitologia ii   completo
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  • 1. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 MED RESUMOS 2009 NETTO, Arlindo Ugulino. PARASITOLOGIA DOENÇA DE CHAGAS (Professora Caliandra Luna) A tripanossomose americana ou doen€a de chagas • uma zoonose do continente americano com forte incid‚ncia no Brasil. Acredita-se que esta zoonose nƒo tinha afetado o homem at• a coloniza€ƒo europ•ia, quando novas rela€„es de produ€ƒo, ocupa€ƒo da terra e novos modos de morar (casas de pau-a-pique e casebres de palha). Nessas habita€„es, criaram-se ec…topos favor†veis para a vida e de esp•cies como de triatom‡oneos, conhecidos popularmente como “chupan€a” ou “barbeiro”. O Trypanosoma cruzi • um protozo†rio agente etiol…gico da doen€a de Chagas (tripanossomiase americana, ou esquizotripanose) que constitui uma antropozoonose frequente nas Am•ricas, principalmente na Am•rica Latina. O T. cruzi apresenta v†rias formas morfol…gicas que serƒo aqui abordadas. A principal delas, a forma tripomastigota, • aquela encontrada no sangue dos indiv‡duos parasitados. No dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma crian€a febril, de 2 anos de idade, de nome Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozo†rio encontrado nos barbeiros e nas diversas esp•cies de animais examinados. A mƒe da crian€a informou-o que a menina havia sido sugada por barbeiro e quais sintomas havia apresentado. A sintomatologia coincidia com aquela observada nos animais de laborat…rio experimentalmente infectados. Atualmente nƒo existe um tratamento espec‡fico preventivo ou curativo para a doen€a de Chagas crŠnica, sendo os medicamentos atuais ‹teis somente na fase aguda. HIST•RICO A doen€a de Chagas tamb•m • conhecida como tripanossomose americana por ser epidemiologicamente mais prevalente no continente Americano. Trata-se de uma antropozoonose por ser uma doen€a que teve sua origem em animais silvestres mas que, gradativamente, ganhou o homem como hospedeiro. Este protozoario e a doen€a foram descobertos e descritos pelo cientista Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas. Foi ele quem descobriu e estudou a fundo esta doen€a, determinando o seu ciclo biol…gico, principais formas de manifesta€ƒo e poss‡veis hospedeiros vertebrados e invertebrados. Rec•m-formado em medicina, com uma tese sobre o controle de mal†ria, integrou-se desde logo a equipe de Oswaldo Cruz, tendo sido encarregado de chefiar os trabalhos de combate a mal†ria em Minas Gerais, onde estava sendo constm‡da a Estrada de Ferro Central do Brasil. Entre 1907 e 1909, mudou-se para Lassance, pr…ximo de Corinto, utilizando um vagƒo de trem como moradia, laborat…rio e consult…rio. Como bom cientista, sua curiosidade levou-o a examinar animais e pessoas, buscando informa€„es sobre as principais patologias da regiƒo. Carlos Chagas, ao examinar micos da regiƒo, encontrou um hemoflagelado, denominando-o Trypanosoma minasensi (esp•cie exclusiva de micos e considerada apatog‚nica). Em "chup„es" ou "barbeiros”, insetos hemat…fagos comuns nas cafuas da regiƒo, encontrou outro tripanosoma, diferente do anterior, com cinetoplasto grande e movimenta€ƒo intensa. A partir da‡, Carlos Chagas procurou incessantemente aquele protozoario no sangue de pessoas e animais residentes em casas infestadas por barbeiros. Foi assim que no dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma crian€a febril, de 2 anos de idade, de nome Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozo†rio encontrado nos barbeiros e nas diversas esp•cies de animais examinados. Naquela ocasiƒo, o grande cientista estudou ainda a morfologia e a biologia do parasito no hospedeiro vertebrado e denominou-o Trypanosoma cruzi. Carlos Chagas conseguiu naquele •poca descobrir o agente etiol…gico, T cruzi, sua biologia no hospedeiro vertebrado e invertebrado, seus reservat…rios e diversos aspectos da patogenia e sintomatologia pertinentes a fase aguda da doen€a. Berenice morreu no dia 11 de setembro de 1982, com 75 anos de idade e 73 anos de infec€ƒo pelo I: cmzi. Nƒo foi poss‡vel a realiza€ƒo de necr…psia, mas pelas investiga€„es realizadas, sua causa mortis nƒo poderia ser atribu‡da a infec€ƒo pelo T. cruzi. CLASSIFICA‚ƒO  Filo: Sarcomastigophora  Subfilo: Mastigophora  Ordem: Kinetoplastida  Fam‡lia: Trypanosomatidae  G‚nero: Trypanossoma  Esp•cie: T. cruzi 1
  • 2. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 OBS: A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela chamada cinetoplasto (ou k-DNA). Esta ordem é representada principalmente pelo T. cruzi e a leishmania. Todo protozoário da ordem kinetoplastida apresenta uma única e longa mitocondria que percorre quase todo o citoplasma de sua única célula. No entanto, há uma região peculiar em que cerca de 15 a 20% de todo material genético do protozoário se concentra. Esta região recebe o nome de cinetoplasto. M ORFOLOGIA A doença de Chagas é, portanto, causada por um protozoário flagelado da ordem Kinetoplastida da família Trypanosomatidae e gênero Trypanosoma. A morfologia do Trypanosoma cruzi é diversa conforme a fase evolutiva e hospedeiro (vertebrado e invertebrado). A forma intracelular no hospedeiro vertebrado é a amastigota podendo ser encontrada também formas epimastigotas nos líquidos intersticiais. No sangue circulante a forma encontrada é a tripomastigota sanguícola. Os tripomastigotas do sangue ingeridos pelo inseto se transformam rapidamente em seu estômago do inseto em organismos arredondados "esferomastigotas" que apresentam uma tendência a se parear ou formar massas de parasitas. Também existe a peculiar forma evolutiva "esferomastigota" organismo arredondado com flagelo circundando o corpo. No intestino médio processa-se a multiplicação do parasita sob a forma de "epimastigota", sendo essa fase do ciclo aparentemente a responsável pela manutenção da infecção no vetor. Na parte terminal de seu intestino (reto) ocorre a diferenciação de formas epimastigotas em "tripomastigotas metacíclicas", que se acumulam na ampola retal e são eliminadas nas fezes juntamente com as formas epimastigotas não transformadas. As "tripomastigotas metacíclicas" são as formas infectantes. Em resumo, o T. cruzi apresenta três fases morfológicas que participam de seu ciclo biológico: Forma Amastigota Forma Epimastigota Forma Tripomastigota - Forma esferoidal ou oval, com membrana - Forma um pouco mais alongada - Forma geralmente mais alongada única que a forma amastigota dentre as três - Núcleo grande e excêntrico - Cinetoplasto em posição anterior - Apresenta flagelo longo que, - Flagelo oculto, presente na chamada ao núcleo geralmente, se inicia na região bolsa flagelar - Flagelo mais iminente que se posterior e parte para a região - É a forma que se multiplica nas células inicia no terço médio da célula anterior do hospedeiro vertebrado quando se - Se multiplica no hospedeiro - Flagelo fixo na membrana encontra infectado. Se multiplica por invertebrado (vetor transmissor), ondulante divisão binária e, ao eclodir as células do por esta razão, não serve para - Cinetoplasto posterior ao núcleo hospedeiro vertebrado, diferencia-se em testes diagnósticos no hospedeiro - Não tem capacidade de se tripomastigota (forma sanguínea). vertebrado. multiplicar - Cinetoplasto apresenta-se em forma de - Diferencia-se em tripomastigota - Apresenta duas formas: sanguínea bastão, estando localizado entre o núcleo metacíclica (nesta forma, é (encontrada nos exames e a bolsa flagelar liberado pelo vetor via fezes ou parasitológicos de sangue) e urina) metacíclica (forma infectante presente nas fezes ou urina do barbeiro, o vetor). OBS: A forma esferomastigota (não descrita neste quadro) trata-se de uma fase esferoidal flagelada (flagelo curto) intermediária entre as fases epimastigotas e tripomastigotas metacíclicas durante o desenvolvimento do protozoário no vetor transmissor. OBS²: Por convenção, a região anterior do protozoário flagelado corresponde à porção livre do flagelo. OBS³: O flagelo quase sempre tem sua origem próxima ao cinetoplasto. Isso ocorre porque, junto ao cinetoplasto, há uma pequena organela chamada blefaropasto de onde parte o flagelo. 4 OBS : A forma tripomastigota apresenta as seguintes formas: 2
  • 3. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1  Forma sanguínea: presente no sangue do hospedeiro infectado. É morfologicamente semelhante à forma metacíclica, diferenciando-se apenas pelo tamanho de seu flagelo: é maior. Quando a forma amastigota presente nas células (macrófagos, geralmente) do hospedeiro vertebrado se multiplicam e eclodem as mesmas, elas se diferenciam em tripomastigotas sanguíneas e passam a circular livremente pela corrente (que inclusive, podem infectar novamente o barbeiro que faz replasto sanguíneo em indivíduos com esta forma). A forma sanguínea apresenta ainda os seguintes tipos morfológicos:  Tripomastigota sanguínea fina: movimentam-se rapidamente no campo do microscópio. Desaparecem rapidamente da circulação do hospedeiro infectado, ou seja, é uma forma encontrada no sangue de hospedeiros recentemente infectados. Pacientes em fase crônica da doença não apresentam tais formas, isso porque são formas mais sensíveis ao sistema imune, sendo elas facilmente degradadas. No trato digestivo do vetor, se desenvolvem muito pouco. Apresentam tropismo por macrófagos.  Tripomastigota sanguínea larga: movimentam-se lentamente e persistem por muito mais tempo no sangue do hospedeiro. Desenvolvem-se melhor no trato digestivo do vetor (quando o vetor faz replasto sanguíneo em hospedeiros infectados e adquirem esta forma, as chances de o vetor desenvolver novamente as formas metacíclicas são muito maiores). Apresentam tropismo por células musculares.  Forma metacíclica: presente nas fezes do barbeiro infectado sendo, portanto, a forma infectante. Apresenta um flagelo menor que a forma sanguínea (1/3 do tamanho desta). CICLO BIOL•GICO O ciclo biológico do T. cruzi é do tipo heteroxênico, passando o parasito por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado (homem e mamíferos pertencentes a sete ordens diferentes: cachorros, gatos, macacos) e extracelular no inseto vetor (triatomíneos). O Ciclo do T. cruzi é o seguinte: 1) o vetor infectado, ao fazer seu repasto sanguíneo, defeca e lança na pele lesada a forma tripomastigota metacíclica; 2) As formas tripomastigotas metacíclias penetram e envadem células do hospedeiro; 3) A forma tripomastigota se convete a amastigota, que se multiplica intensamente por divisão binária dentro da célula; 4) O rompimento da célula parasitada causa a liberação de tripomastigotas sanguíneas; 5) A forma tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula (retornando ao passo 1) ou ser ingerida pelo triatomlneo (passando para o passo 6); 6) forma tripomastlgota sanguínea chega estômago do triatomíneo; transformação da forma tripomastigota em epimastigota no intestino posterior do inseto; 7) forma epimastigota em multiplicação por divisão binária; 8) forma epimastigota transforma-se em forma tripomastlgota metaciclica no reto do inseto; passa para as fezes do triatomlneo e torna-se apta a penetrar em células do hospedeiro mamiferom e reiniciar o ciclo. 3
  • 4. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 CILCO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO Presença importante das formas tripomastigodas e amastigotas. As formas amastígotas, epimastígotas e tripomastígotas interagem com células do hospedeiro vertebrado. Entretanto, as epimastígotas não são capazes de nelas se desenvolver e multiplicar. Já a forma amastigota só se desenvolve em macrófagos, e não em células como as cardíacas, nervosas ou do TGI. Considerando o mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastígotas metacíclicos eliminados nas fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetram pelo local da picada (pele íntegra não serve como porta de entrada para os tripomastigotas metacíclicos) e interagem com células do sistema mononuclear fagocítico da pele ou mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastígotas em amastígotas, que aí se multiplicam por divisão binária simples. A seguir, ocorre a diferenciação dos amastígotas em tripomastígotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício. No início da infecção do vertebrado (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do hospedeiro. Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a se cronificar. Na fase crônica, o número de parasitas é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos especiais (xenodiagnóstico, hemocultura e inoculação em camundongos). A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases sucessivas:  Adesão celular: quando ambos se reconhecem e o contato membrana-membrana ocorre;  Interiorização: quando ocorre a formação de pseudópodes e a conseqüente formação do vacúolo fagocitário.  Fenômenos intracelulares: quando as formas epimastígotas são destruídas dentro do vacúolo fagocitário (fagolisossoma) e os tripomastígotas sobrevivem resistindo as ações das enzimas lisossômicas e desenvolvendo-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em arnastígotas (três horas após a interiorização). CILCLO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO Presença importante das formas epimastigotas e tripomastigotas metacílicas. Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as formas, tripomastígotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo. No estômago do inseto eles se transformam em formas arredondadas (esferomastigotas) e epirnastígotas. No intestino médio, os epimastígotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo, portanto, responsáveis pela manutenção da infecção no vetor. No reto, porção terminal do tubo digestivo, os epimastígotas se diferenciam em tripomastígotas metacíclicos (infectantes para os vertebrados e encontrados nos xenodiagnósticos), sendo eliminados nas fezes ou na urina. Esta é a descrição clássica adotada para o ciclo do T. cruzi no invertebrado. 5 OBS : A presença da glicoproteína GP-83 na superfície das formas tripomastigotas faz com que este protozoário tenha tropismo pelas células do sistema cardíaco, digestivo e nervoso. 6 OBS : A presença do TcTox neste protozoário faz com que ele seja capaz de formar poros e escapar do vacúolo fagocítico dos macrófagos e de suas enzimas. 7 OBS : Os medicamentos até hoje desenvolvidos só agem na forma tripomastigota sanguínea. Porém, como a doença de Chagas é geralmente diagnosticada na sua fase crônica, os medicamentos não são eficazes contra forma sanguínea larga (presente na fase crônica) ou contra a fase metacíclica. 8 OBS : A reprodução assexuada do T. cruzi se dá por multiplicação binária, em que os eventos celulares, em ordem cronológica, são os que seguem: multiplicação do cinetoplasto e blefaloplasto  divisão do flagelo  Divisão do núcleo  divisão das organelas por completo. T RANSMISSƒO  Transmissão pelo vetor: este mecanismo de transmissão é o que tem maior importância epidemiológica. A infecção ocorre pela penetração de tripomastígotas metacíclicos (eliminados nas fezes ou na urina de triatomíneos, durante o hematofagismo) em solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra. 4
  • 5. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1  Transfusão sanguínea: este constitui o segundo mecanismo de importŒncia epidemiol…gica na transmissƒo da doen€a de Chagas.  Transmissão congênita: A transmissƒo ocorre quando existem ninhos de amast‡gotas na placenta, que liberariam tipomast‡gotas que chegariam • circula€ƒo fetal. O diagn…stico diferencial • feito pelo encontro do T. cruzi na placenta ou pesquisa de anticorpos IgM anti-T. cruzi no soro do rec•m-nascido pela RIFI ou ELISA.  Acidentes de laboratório: pode ocorrer entre pesquisadores e t•cnicos que trabalham com o parasito, seja no sangue de animais, pessoas infectadas, meios de cultura ou vetor. A contamina€ƒo pode se dar por contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou auto-inocula€ƒo.  Transmissão oral: pode acontecer em v†rias situa€„es, como na amamenta€ƒo, pois o T. cruzi j† foi encontrado em leite materno na fase aguda da infec€ƒo; animais ingerindo triatom‡neos infectados; canibalismo entre diferentes esp•cies de animais; pessoas ingerindo alimentos contaminados com fezes ou urina de triatom‡neos infectados. A penetra€ƒo do parasito, em todos estes casos, pode ocorrer pela mucosa da boca ‡ntegra ou lesada.  Transplantes: este mecanismo de transmissƒo pode desencadear fase aguda grave, pois o indiv‡duo que recebe um …rgƒo transplantado infectado, toma drogas imunossupressoras e, conseqŽentemente, toma-se menos resistente a infec€ƒo. PATOGENIA Sempre que a c•lula hospedeira se rompe, h† a libera€ƒo de formas morfol…gicas do parasito e restos celulares na corrente sangu‡nea. Este processo • respons†vel por desencadear uma resposta inflamat…ria que,inicialmente, • considerada pequena. Com a repeti€ƒo deste ciclo de invasƒo e destrui€ƒo celular, o processo inflamat…rio intensifica-se cada vez mais, podendo gerar fibrose e perda de fun€ƒo (principalmente no tecido digestivo, card‡aco e nos sistemas nervosos simp†tico e parassimp†tico). • por esta razƒo que a Doen€a de Chagas nƒo • de cunho curativo: por ser uma doen€a diagnosticada geralmente em sua fase crŠnica, o protozo†rio j† teria chegado em n‡vel tecidual e acometidos tecidos espec‡ficos causando as respectivas les„es, enquanto que os medicamentos s… agem em n‡vel sangu‡neo. Na fase aguda, quando existe sintomas, estes aparecem 5 a 15 dias ap…s a picada do vetor. Durante este per‡odo, devido a cont‡nua repeti€ƒo do ciclo, h† um aumento dos focos inflamat…rios. Por transfusƒo sangu‡nea, o per‡odo varia de 30 a 40 dias. J† na fase crŠnica, as formas se manifestam mais de 10 anos ap…s a infec€ƒo. Nesta fase, o ciclo biol…gico acontece com baixa intensidade e a parasitemia (presen€a de parasitas no sangue) encontra-se baixa principalmente devido a a€ƒo dos medicamentos. 10 OBS : Saber o desenvolvimento do parasita em ambas as fases • importante para cunhos diagn…sticos: a pesquisa do parasita no sangue s… seria adequada e eficaz para a fase aguda da doen€a (ou mesmo para raras cepas de T. cruzi que ainda insistem na corrente sangu‡nea, mesmo durante a fase crŠnica). FASE AGUDA Pode ser sintom†tica (aparente) ou assintom†tica (inaparente). Esta • mais freqŽente. Arnbas estƒo relacionadas com o estado imunol…gico do hospedeiro. H† predom‡nio da forma aguda sintom†tica na primeira infŒncia, levando a morte em cerca de 10% dos casos devido principalmente a meningoencefalite e mais raramente a fal‚ncia card‡aca devido a miocardite aguda difusa, uma das mais violentas que se tem noticia. A fase aguda inicia-se atrav•s das manifesta€„es locais, quando o T. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romaña: rea€ƒo inflamat…ria acompanhada de conjuntivite e edema bipalpebral, geralmente unilateral, que impede a abertura do olho correspondente, produzido pela hipersensibilidade • secre€ƒo salivar dos teratom‡neos) ou na pele (chagoma de inoculação: caracterizado pela forma€ƒo de uma tumora€ƒo cutŒnea, com hiperemia e ligeiro dolorimento local). Estas les„es aparecem em 50% dos casos agudos dentro de 4-10 dias ap…s a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois meses. Concomitantemente os linfonodos-sat•lites sƒo comprometidos e no conjunto forma-se o complexo cutŒneo elou conjuntivo-linfonodal. As manifesta€„es gerais sƒo representadas por febre, edema localizado e generalizado, poliadenia, hepatomegalia, esplenomeglia e, •s vezes, insufici‚ncia card‡aca e perturba€„es neurol…gicas. No sangue, a parasitemia provoca uma hipoprote‡nemia com redu€ƒo da soro-albumina e aumento das globulinas α, β e γ. O hemograma ainda pode apresentar uma ligeira leucocitose, com linf…citos, mas h† tend‚ncia • leucopenia, podendo levar a uma anemia grave. 5
  • 6. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 FASE CRÔNCA ASSINTOMÁTICA (INDETERMINADA) Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos). Nesta fase, o indivíduo está parasitado mas não apresenta nenhum sintoma evidente. Ao se realizar exames parasitológicos pode ou não ser positivo (pois a parasitemia está reduzida), ao passo em que o imunológico sempre será positivo. Esta fase é chamada de forma indeterminada (latente) e caracterizada pelos seguintes parâmetros:  positividade de exames sorológicos elou parasitológicos;  ausência de sintomas e/ou sinais da doença;  eletrocardiograma convencional normal, e  coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Cerca de 50% dos pacientes chagásicos que tiveram a fase aguda apresentam esta forma da doença e casos que tiveram morte súbita elou que foram autopsiados devido a outras causas (morte violenta, atropelamentos, etc.), do ponto de vista anatomopatológico, mostram lesões muito semelhantes às da fase aguda. Há diferença, no entanto, quanto à intensidade das lesões. A cardite é muito discreta, na maioria dos casos, mas já se observa intensa denervação do SNA. FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA Certo número de chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, com o correr do tempo apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório (forma cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou ambos (forma cardiodigestiva ou mista). Isto devido ao fato de mudar inteiramente a fisionomia anatômica do miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente). Observa-se reativação intensa do processo inflamatório, com dano destes órgãos, nem sempre relacionada com o parasito, que se encontra extremamente escasso nesta fase.  Forma cardíaca: O coração é o órgão afetado com maior frequência. Os parasitos formam ninhos de amastigotas, grandes e de formato alongado ao se multiplicarem no interior das fibras musculares. Depois disso, as fibras apresentam-se parcialmente dissociadas devido ao edema intersticial. O comprometimento do sistema autônomo regulador das contrações cardíacas (nódulo sinusal, nódulo atrioventricular e feixe de Hiss) traz como conseqüência uma grande variedade de perturbações, tanto na formação dos estímulos (anitmia, extra-sistoles) como na sua propagação (bloqueio atrioventriculares de grau variável, bloqueio do ramo direito do feixe de Hiss, esta última alteração considerada patognomônica da doença de Chagas). Quando os mecanismos de compensação cardíacos tornam-se incapazes de superar as deficiências de sua força de contração, surge o quadro de ICC, que se traduz clinicamente por dispnéia de esforço, insônia, congestão visceral e edema dos membros inferiores evoluindo em dispnéia continua, anasarca e morte. Pacientes com este quadro apresentam cardiomegalia intensa.  Forma Digestiva: as manifestações digestivas são representadas pelos megas, onde aparecem alterações morfológicas e funcionais importantes, como, por exemplo, a incoordenação motora (aperistalse, discinesia) caracterizando o megaesôfago e o megacólon. O megaesôfago pode surgir em qualquer idade, desde a infância até a velhice. A maioria dos casos, no entanto, é observada entre 20 e 40 anos. Aparece mais no sexo masculino do que no feminino e é mais freqüente na zona rural endêmica. Os sintomas principais são: disfagia, odinofagia, dor retroestemal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose. O megacólon compreende as dilatações dos cólons (sigmóide e reto) e são mais freqüentes depois da do esôfago. O diagnóstico é feito mais tardiamente porque a obstipação, o sintoma mais frequente do megacólon, é encontrado em outras patias digestivas. As complicações mais graves do megacólon são a formação de fecaloma, obstrução intestinal e a perfuração, esta levando à peritonite.  Forma Nervosa: o mecanismo patogênico básico nesta forma clínica seria a denervação, contestada por alguns autores por consistir em agregados de células gliais e linfóides sem encontro de parasitas. Admite-se, todavia, que na fase crônica da doença a perda ou diminuição dos neurônios possa ser conseqüência da isquemia devido a ICC e arritmias cardíacas, bem como de processos auto-imunes, já discutidos anteriormente. DIAGN•STICO Para o diagnóstico, deve-se lembrar do caráter da parasitemia durante as fases aguda e crônica:  Durante a fase aguda, a parasitemia está elevada, sendo possível o diagnóstico tanto por meio da pesquisa do protozoário como por meio de técnicas imunológicas. 6
  • 7. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1  Durante a fase crônica, a parasitemia é baixa ou é nula. Portanto, é inviável a pesquisa do protozoário devido a este não se encontrar no sangue. O diagnóstico, entretanto, por ser feito por meio de técnicas imunológicas. DIAGNÓSTICO CLÍNICO A origem do paciente, a presença dos sinais de porta de entrada (sinal de Romana elou Chagoma de inoculação) acompanhadas de febre irregular ou ausente, adenopatia-satélite ou generalizada, hepatoesplenomegalia, taquicardia, edema generalizado ou dos pés fazem suspeitar de fase aguda de doença de Chagas. As alterações cardíacas acompanhados de sinais de insuficiência cardíaca confirmadas pelo eletrocardiograma e as alterações digestivas e do esôfago e do cólon (reveladas pelos raios X) fazem suspeitar de fase crônica da doença. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Os exames realizados para diagnóstico na fase aguda são:  Exames parasitológicos: utilizado no intuito de encontrar a forma tripomastigota do tipo sanguíneo no sangue do hospedeiro. o Método direto: Exame de sangue a fresco com gota de sangue colocada entre lâmina e larnínula. o Exame de sangue em gota espessa. Este método tem mais chances de detectar o parasito do que o método anterior, por concentrar maior quantidade de sangue em um mesmo espaço. o Esfregaço sangüíneo corado pelo Giemsa. Este método oferece vantagem por permitir observar a morfologia do parasito, mas só será possível em casos de parasitemia muito elevada. o Xenodiagnóstico e a hemocultura são métodos muito sensíveis na fase aguda. Baseia-se na coleta do sangue do hospedeiro com as formas tripomastigotas sanguíneas por meio do replasto sanguíneo do próprio barbeiro: por meio de uma tela contendo estes triatomíneos, aplica-se sobre o membro do paciente e permite o replasto deste artrópode. Cerca de 30 dias depois, faz-se a pesquisa parasitológica das fezes do barbeiro, no intuito de encontrar tripomastigotas metacíclicas. A desvantagem é a demora dos resultados.  Exames Sorológicos (imunológicos): o Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Apresenta alta sensibilidade a partir do 15º dia de infecção, detectando anticorpos da classe IgM, que raramente ocorrem na fase crônica da doença, mas que são constantes na fase aguda, com títulos elevados. o Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA). Esta técnica também detecta classes específicas de anticorpos e, portanto, é indicada para o diagnóstico de fase aguda da doença, utilizando-se conjugado anti- IgM. Na fase crônica, são realizados os seguintes meios para diagnóstico:  Exames parasitológicos: o Xenodiagnóstico: Em geral, realiza-se nos pacientes o xenodiagnóstico natural, colocando-se os triatomíneos para sugar o braço do paciente. Para que o xenodiagnóstico dê bons resultados, há necessidade de se empregar espécies de triatomíneos bem adaptados as cepas locais do T. cruzi. Em geral, as espécies de barbeiros que apresentam melhor susceptibilidade são: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. braziliensis e T. pseudomaculata. o Hemocultura: este método, quando realizado em paralelo com o xenodiagnóstico, pode apresentar maior sensibilidade, dependendo da técnica utilizada.  Exames sorológicos (imunológico) o Reação de hemaglutinação indireta (RHA) o Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) o Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA) 11 OBS : Testes imunológicos positivos podem indicar ainda uma reação cruzada com a Leishmania. VETOR O vetor da doença de Chagas é conhecido como barbeiro (em outras regiões, também é conhecido como chupança, bicho-barbeiro, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, fincão, percevejão, procotó, vunvum), insetos hemípteros, reduviídeos, triatomíneos. Hematófagos, têm hábitos noturnos. São encontrados em vários países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No Brasil, são conhecidas acima de 30 espécies transmissoras da doença de Chagas. As principais são: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. braziliensis e T. pseudomaculata. 7
  • 8. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 EPIDEMIOLOGIA Segundo dados recentes da OMS doença de Chagas atinge 16 a 1 8 milhões de habitantes de 18 países, causando 21.000 mortes anuais e uma incidência de 300.000 novos casos por ano. No Brasil, cerca de 6 milhões de habitantes são infectados. Ela se distribui em duas zonas ecológicas distintas: Cone Sul, onde os insetos vetores vivem em habitações humanas, e o outro, constituído pelo sul da América do Norte, América Central e México, onde o vetor vive em ambos os ambientes, dentro e fora do domicílio. Estudando a distribuição geográfica e o comportamento da doença de Chagas hoje, podemos inferir que ela era uma doença exclusivamente de animais e triatomíneos silvestres. Posteriormente passou para os humanos, na medida em que este modificaram ou destmíram o ciclo silvestre natural e construíram a cafua na zona rural. Nessa cafua, alguns triatomíneos adaptaram-se e colonizaram-se. A doença de Chagas tomou-se então uma zoonose típica. Vimos então que os principais elos da cadeia epidemiológica são: mamíferos silvestres, ninhos, triatomíneos silvestres, T. cruzi; cafua, mamíferos domésticos, triatomíneos dorniciliados, humanos.  Ciclo silvestre: barbeiro  Tatu, gambás e roedores  barbeiro  Ciclo doméstico: barbeiro  homem ou cachorros  barbeiro Com a vinda do europeu e a devastação das florestas, fez com que o babeiro fosse expulso de seu habitat natural e se desenvolve-se em locais recém-construídos como casas de pau-a-pique ou de barro. Essa domiciliação de barbeiros (e, às vezes, de roedores e gambás) representam um exemplo típico de sinantropia, isto é, adaptação de um animal ao domicílio humano após a alteração do meio ambiente. No sul dos EUA, a doença é unicamente silvestre. Os humanos entraram nessa região, modificaram o ambiente natural, mas não construíram a choupana de pau-a-pique e barro. Construíram casas onde o barbeiro não encontrou abrigos propícios para sua adaptação e colonização. Dessa forma, o T. cruzi ainda permanece no seu ambiente natural, circulando entre mamíferos e triatomíneos silvestres. Na Amazônia, como a biocenose silvestre ainda não foi totalmente destruída, o T. cruzi circula preferentemente nesse ambiente, entre animais e triatomíneos silvestres. Estes, por não terem o hábitat primitivo destruído, não migraram para as tabas dos índios ou cafuas locais. PROFILAXIA  Melhoria das habitações rurais  Controle do doador de sangue  Combate ao barbeiro com: organização de campanha (uso de inseticidas)  Levantamento das espécies implicadas  Controle da transmissão congênita T RATAMENTO  Nifurtimox: age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. É administrado via oral, sob a forma de comprimido na dose 8 a 12mg/kg por dia, até 90 dias. Os efeitos colaterais (que aumentam com doses mais prolongadas) são anorexia, emagrecimento, náuseas, vòmitos, alergia cutânea, parestesias irreversíveis, polineuropatia. Esta droga foi recentemente retirada do mercado.  Benzonidazol: possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas. Deve ser empregado em comprimidos, por via oral, na dose de 5 a 8mg/kg por dia, durante até 60 dias. Os efeitos colaterais observados são: anorexia, perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaléia, sonolência e dores abdominais, hiperexcitabilidade, depressão medular, polineuropatia (mais frequente em idosos e de efeito cumulativo). 8
  • 9. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 MED RESUMOS 2009 NETTO, Arlindo Ugulino. PARASITOLOGIA LEISHMANIOSE A leishmaniose ou leishmaníase é a doença provocada pelos protozoários do gênero Leishmania, transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos (Ordem Diptera; Família Psychodidae; Sub-Família Phlebotominae), também chamados de mosquito palha ou birigui. Trata-se de uma doença que acompanha o homem desde tempos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, sob diferentes perfis epidemiológicos. O gênero Leishmania (Ross, 1903) pertence a ordem Kinetoplastida, à família Trypanossomatidae e agrupa espécies de protozoários unicelulares, digenéticos (heteroxenos), encontradas nas formas promastígota e paramastigota, flageladas livres ou aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros invertebrados, e amastigota, sem flagelo livre, parasito intracelular. A reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos os hospedeiros. A leishmaniose pode ser basicamente dividida em nos seguintes tipos:  Leishmaniose tegumentar americana (LTA): caracterizada por alterações na pele e nas mucosas. Manifesta- se nas formas: leishmaniose tegumentar cutânea (ulcerações na pele), leishmaniose tegumentar cutânea- mucosa (pacientes com comprometimento cutâneo e, posteriormente, acomete mucosas como a respiratória), leishmaniose tegumentar cutânea-difusa (não forma ulceras típicas, mas forma lesões tegumentares tipo nódulos não-ulcerativos).  Leishmaniose tegumentar do velho mundo: não existe no Brasil.  Leishmaniose visceral (LV; calazar): acomete os aparelhos viscerais. CLASSIFICA‚ƒO Em 1972, Lainson e Shaw classificaram a leishmania em três grandes complexos com relação aos seus aspectos clínicos, epidemiológicos e biológicos: Complexo Leishmania braziliensis, Complexo Leishmania mexicana e Complexo Leishmania donovani. Entretanto, em 1987, após extensa revisão, Lainson e Shaw propuseram uma nova classificação em dois subgêneros: subgênero Leishmania (L.) e subgênero Viannia (V.). A divisão em complexos ainda é utilizada, mas a adoção dos subgêneros é recomendada.  Filo: Sarcomastigota o Subfilo: Mastigophora  Ordem: Kinetoplastida  Família: Trypanosomatidae  Gênero: Leishmania. São protozoários flagelados, parasitas intracelulares obrigatórios e unicelulares. De acordo com as características de seu desenvolvimento no vetor, são classificados nos seguintes subgêneros: o Subgênero Leishmania: parasitos do homem e de outros mamíferos, com o desenvolvimento nos insetos vetores limitados ao intestino nas regiões média e anterior. o Subgênero Viannia: parasitos do homem e de outros mamíferos, apresentando nos insetos vetores as formas paramastigotas e promastigota. As paramastígotas encontram-se aderidas as paredes do intestino (piloro e/ou íleo) pelo flagelo, através de hemidesmossomos, e as promastígotas, formas livres, que migram do intestino posterior para as regiões média e anterior.  Espécies: L. (Viannia) braziliensis, L. (V.) guyanensis, L. (V.) shavi, L. (V.) naiffi, L. (V.) lainsoni, L. (Leishmania) amazonensis, L. (L.) chagasi, L. (L.) donovani, etc. Complexo Espécies Características - L. (Viannia) braziliensis* - Não têm tropismo visceral Leishmania - L. (Viannia) guyanensis* - Todas estas espécies causam leishmaniose cutânea braziliensis - L. (Viannia) shavi - *As espécies L. (V.) braziliensis e L. (V.) guyanensis - L. (Viannia) naiffi (raramente) causam leishmaniose cutânea-mucosa - L. (Viannia) lainsoni Leishmania - L. (Leishmania) - Não tem tropismo visceral mexicana amazonensis - Causa Leishmania cutâneo-difusa (casos raros) Leishmania - L. (Leishmania) chagasi - Apresentam tropismo visceral donovani - L. (Leishmania) - Causam Leishmaniose visceral donovani 9
  • 10. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 M ORFOLOGIA Enquanto que o Trypanossoma cruzi apresenta como formas morfológicas as seguintes: amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas; a leishmania vai se apresentar nas seguintes formas morfológicas: amastigota, promastigota e paramastigota.  Forma amastigota: aparecem a microscopia óptica como organismos ovais, esféricos ou fusiformes. No citoplasma, corado em azul-claro, são encontrados: núcleo grande e arredondado, ocupando as vezes um terço do corpo do parasito, e cinetoplasto em forma de um pequeno bastonete, ambos corados em vermelho- púrpura, além de vacúolos que podem ou não ser visualizados. Não há flagelo livre, e a sua porção intracitoplasmática raramente é observada. Os limites micrométricos de seus diâmetros são de aproximadamente 1,5 a 3,0 de comprimento por 3,0 a 6,5 µm. Nas diferentes espécies de Leishmania, a membrana apresenta uma invaginação na região anterior do corpo do parasito formando a bolsa flagelar, onde se localiza o flagelo. Aí não são encontrados microtúbulos subpeliculares e são grandes as atividades de excreção e de pinocitose. O cinetoplasto se mostra como uma estrutura mitocondrial ligado a única mitocôndria existente na célula, localizando-se anteriormente ao núcleo. No seu interior encontram-se estruturas filamentosas, circulares, formadas por ácido desoxirribonucléico, denominadas k-DNA. O blefaroplasto ou corpúsculo basal aparece como a continuação do flagelo.  Paramastigotas: são pequenas e arredondadas ou ovais. O flagelo é curto, exterioriza se na região anterior do corpo. O núcleo mantém-se na posição mediana do parasito e o cinetoplasto é paralelo ou ligeiramente posterior ao núcleo. Os diâmetros das paramastígotas variam de 5,0 a 10,0 x 4,0-6,0 µm. São caracterizadas por se encontrarem aderidas no trato digestivo do vetor.  Forma promastigota: são encontradas no trato digestivo do hospedeiro invertebrado. São alongadas, com um flagelo, livre e longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. O cinetoplasto, em forma de bastão, localiza-se na porção mediana entre a extremidade anterior e o núcleo (localiza-se anteriormente ao núcleo). O flagelo apresenta sempre medidas iguais ou superiores ao maior diâmetro do corpo. As promastigotas apresentam uma variabilidade muito grande nas medidas do corpo, cujos diâmetros podem ser observados entre 10,0-40,0 x 1,5-3,0 µm. A forma promastigota, em cortes histológicos, geralmente se aglomera em uma mesma região formando uma estrutura denominada roseta devido à sua semelhança a uma flor. As promastígotas metacíclicos são as formas infectantes para os hospedeiros vertebrados, possuem os diâmetros do corpo nos menores limites apresentados pelos promastígotas e o flagelo muito longo, cerca de duas vezes o comprimento do corpo. Possuem mobilidade intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do trato digestivo do inseto. Nunca foram encontradas em divisão. OBS: Para diferenciar os epimastigotas (T. cruzi) da forma promastigota da leishmania não pode ser pela posição do cinetoplasto (em ambas as formas, estão anteriormente ao núcleo). A diferenciação se dá pelo tamanho do flagelo: no caso das epimastigotas, encontramos flagelos mais encurtados e contidos à membrana ondulante. Já a forma promastigota, encontramos um flagelo maior e mais livre. OBS²: A multiplicação, por divisão binária simples, é iniciada pela duplicação do cinetoplasto, um dos quais mantém o flagelo remanescente, enquanto o outro promove a reprodução da estrutura flagelar. A seguir, o núcleo se divide e, em seqüência, o corpo do parasito se fende no sentido antero-posterior. OBS³: As formas flageladas expressam, entre outras moléculas, um complexo lipofosfoglicano, o LPG. Dentre as proteínas, uma metaloprotease, a gp63, é encontrada em ambas as formas. Na Leishmaniose, a forma morfológica que parasita o hospedeiro vertebrado é a amastigota. As formas que são encontradas no hospedeiro invertebrado (vetor: Lutzomya sp.) são as formas paramastigotas, promastigota e promastigota metacíclica. ASPECTOS BIOL•GICOS Assim como ocorre como T. cruzi, o ciclo da leishmaniose ocorre tanto por ciclo silvestre quanto por ciclo doméstico. O hospedeiro invertebrado é representado, principalmente, pela fêmea do mosquito palha. Quando se trata de LV, o principal hospedeiro vertebrado silvestre é a raposa. No caso da LTA, os hospedeiros vertebrados silvestres 10
  • 11. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 sƒo, principalmente: marsupiais (gamb†), endetados (tatu, tamandu†) e roedores. O cachorro nada mais • que um reservat…rio dom•stico da doen€a (nƒo h† registros na literatura em que contato com o cachorro tenha transmitido a doen€a; apenas via vetor que eventualmente tenha se infectado por este reservat…rio). VETOR (HOSPEDEIRO INVERTEBRADO) Os principais hospedeiros invertebrados transmissores da LTA sƒo: Lutzomyia whitmani, L. wellcomei, L. intermedia, L. umbratillis, L. flaviscutellata, L. pessoal. Os principais vetores da LV sƒo: Lutzomyia longipalpis, L. cruzi (apontado como poss‡vel transmissor da LV no Mato Grosso do Sul). Os vetores da leishmaniose sƒo flebotom‡neos do g‚nero Lutzomyia, conhecidos popularmente como “mosquito palha”. Estes mosquitos (que podem atingir at• 4mm) apresentam uma sobrevida que varia de 2 a 4 semanas, com um ciclo de forma€ƒo de at• 3 meses. Este mosquito • caracterizado por praticar vŠos curtos e baixos. Os adultos vivem em ambientes sombreados, com alta umidade, temperaturas variantes entre 25 e 30“, com h†bitos noturnos ou diurnos (dependendo da esp•cie). CICLO BIOL•GICO A transmissƒo da leishmaniose se d† principalmente por via vetorial. O ciclo • heter…xeno, apresentando um hospedeiro invertebrado e vertebrado. Os hospedeiros vertebrados sƒo infectados quando formas promast‡gotas metac‡clicas sƒo inoculadas pelas f‚meas dos insetos vetores, durante o repasto sangu‡neo. Estes insetos possuem o aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do hospedeiro, formando condi€„es para obter o sangue durante a alimenta€ƒo. Sabe-se que fatores presentes na saliva de flebotom‡neos t‚m a€ƒo quimiot†tica para mon…citos e imunorregulador, com capacidade de interagir com os macr…fagos, aumentando sua prolifera€ƒo e impedindo a a€ƒo efetora destas c•lulas na destrui€ƒo dos parasitos. As formas promastígotas metacíclicas sƒo resistentes a lise pelo complemento. Um dos mecanismos desta resist‚ncia • devido, em parte, a modifica€„es estruturais no LPG (impede a liga€ƒo dos componentes C3 e C3b do + sistema complemento ao parasita). A gp63 ainda causa a clivagem das fra€„es C3b e C3bi . Durante o processo de endocitose do parasito, por causas fisiol…gicas, a c•lula hospedeira aumenta intensamente a sua atividade respirat…ria. Os produtos liberados deste processo, com a forma€ƒo de …xido n‡trico, dos radicais livres …xidos, hidroxilas, hidr…xidos e super…xidos, sƒo conhecidos por serem altamente lesivos para as membranas celulares. Os parasitos necessitam da utiliza€ƒo de mecanismos de escape a este ataque como a LPG e a gp63. Al•m disto, a saliva do inseto, presente neste ambiente, exerce a€ƒo inibidora da estimula€ƒo dos macr…fago (inibindo a produ€ƒo de oxido n‡trico). A internaliza€ƒo de Leishmania se faz atrav•s da endocitose mediada por receptores na superf‡cie do macr…fago. Ap…s a internaliza€ƒo, o promastigota metac‡clico • encontrado dentro do vac‹olo parasit…foro. A promast‡gota transforma-se em amast‡gota, capaz de desenvolver e multiplicar no meio †cido encontrado no vac‹olo digestivo. Nestas condi€„es, a gp63, protease, atua degradando as enzimas lisossomais. Mantendo o controle das condi€„es ambientais internas do vac‹olo, a amast‡gota inicia o processo de sucessivas multiplica€„es. Na aus‚ncia do controle parasit†rio pela c•lula hospedeira, esta se rompe e as amast‡gotas liberadas serƒo, por mecanismo semelhante, internalizadas por outros macr…fagos. Este ciclo (multiplica€ƒo da forma asmastigota dentro do macr…fago) acontece tanto na LTA quanto na LV. A diferen€a • a seguinte:  LTA: o ciclo ocorre nos macr…fagos residentes na pele e/ou mucosas.  LV: o ciclo ocorre em …rgƒos linf…ides (medula …ssea, ba€o, linfonodos) e nas v‡sceras. A infec€ƒo para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestƒo, no momento do repasto sangu‡neo em indiv‡duo ou animal infectado, das formas amast‡gotas que acompanham o sangue e/ou a linfa intersticial. A 11
  • 12. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 coloniza€ƒo de Leishmania, para algumas esp•cies do vetor, • restrita a por€ƒo m•dia e anterior do intestino. As esp•cies do subg‚nero Viannia se multiplicam na regiƒo do estŠmago e do intestino do vetor; as esp•cies do subg‚nero Leishmania se multiplicam apenas no estŠmago. Em todas as esp•cies, os parasitos migram para as por€„es anteriores do aparelho digestivo do inseto comprometendo a v†lvula estomadeu, seguida da invasƒo da faringe, cib†rio e prob…cide. As formas de flagelo curto que se fixa nas c•lulas do trato digestivo do vetor sƒo as formas paramastigotas. Estas constituem formas intermedi†rias entre amastigotas obtidas durante o repasto sangu‡neo e as promastigotas metac‡clicas infectantes. REPRODUÇÃO A reprodu€ƒo assexuada da Leishmania se d† por meio da divisƒo bin†ria: os amastigotas se multiplicam dentro dos macr…fagos do hospedeiro vertebrado; os promastigotas, no trato digestivo do vetor; os paramastigotas nunca foram encontrados em divisƒo. T RANSMISSƒO O principal meio de transmissƒo • vetorial, por meio da picada do vetor Lutzomyia sp., que inocula as formas promastigotas no hospedeiro vertebrado. Entretanto, outros mecanismos sƒo registrados na literatura:  Compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas;  Transfus„es sangu‡neas;  Transmissƒo cong‚nita e acidente de laborat…rio. INTERA‚ƒO P ARASITO- C„LULA HOSPEDEIRA A principal c•lula hospedeira da leishmania • o macr…fago (sistema fagocit†rio mononuclear – SFM). A intera€ƒo entre a forma promastigota e esta c•lula hospedeira, como vimos a prop…sito do estudo do ciclo biol…gico, se d† por meio dos seguintes fatores:  A saliva do vetor: a saliva do inseto • inoculada neste ambiente e exerce papel importante como anticoagulante, vasodilatadora e antiagrega€ƒo de plaquetas, favorecendo o fluxo de sangue e a linfa intersticial para o alimento. Al•m destes efeitos, sabe-se que fatores presentes na saliva de flebotom‡neos t‚m a€ƒo quimiot†tica para mon…citos e imunorregulador, com capacidade de interagir com os macr…fagos, aumentando sua prolifera€ƒo e impedindo a a€ƒo efetora destas c•lulas na destrui€ƒo dos parasitos. A saliva de Lutzomyia longipalpis cont•m o mais potente vasodilatador conhecido, o maxidilan, que al•m desta a€ƒo parece ser respons†vel pela maioria dos efeitos imunomodulat…rios da saliva deste inseto sobre a c•lula hospedeira, durante a transmissƒo de Leishmania.  O sistema complemento do hospedeiro vertebrado: as promat‡gotas metac‡clicas utilizam a opsoniza€ƒo com C3b e C3bi para se ligarem a CR1 e CR3 no macr…fago e assim, serem internalizadas. Estes receptores promovem a fagocitose, sem estimular o aumento da atividade respirat…ria da c•lula e a conseqŽente gera€ƒo de radicais livres. Al•m disso, a leishmania • capaz de promover a ativa€ƒo do complemento, mas nƒo permite a forma€ƒo do complexo de ataque a membrana (MAC) por meio das fra€„es do complemento. Esta propriedade do protozo†rio se d† por meio da gp63 e da LPG.  Mol•culas de superf‡cie do protozo†rio como a Gp63 e a LPG: o LPG reveste o parasito de forma a proteg‚-lo da a€ƒo enzim†tica digestiva no interior da matriz peritr…fica (do vetor). Por outro lado, a gp63, com sua a€ƒo enzim†tica, exerce papel importante na ruptura da matriz e conseqŽente libera€ƒo dos parasitos, antes que o bolo alimentar siga seu percurso intestinal. As formas liberadas, tamb•m por a€ƒo do LPG, se ligam, atrav•s do flagelo, as microvilosidades intestinais do inseto, garantindo a sua perman‚ncia e desenvolvimento naquele local. 4 OBS : Outra forma de defesa do protozo†rio • a r†pida transforma€ƒo c‡clica das formas promastigotas em amastigotas dentro do vac‹olo parasit…foro, gerando um novo ciclo. 5 OBS : Nƒo se sabe ao certo os mecanismos moleculares pelos quais as formas amastigotas interagem com as c•lulas hospedeiras. Sabe-se, entretanto, que a forma amastigota da L. amazonensis e da L. donovani nƒo produzem LPG e nem apresentam Gp63 exposto na sua superf‡cie, mas sim, escondido no bolso flagelar. 12
  • 13. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 PATOGENIA E A SPECTOS CL…NICOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR A MERICANA A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar através de diferentes formas clínicas. Trata-se de uma doença parasitária da pele e mucosas, causada por protozoários do gênero Leishmania (as esp[ecies que compõem os complexos L. brasiliensis e L. mexicana). As principais manifestações observadas nos pacientes com LTA podem ser classificadas de acordo com seus aspectos clínicos, patológicos e imunológicos. As espécies que provocam doença no homem, particularmente as que ocorrem no Brasil: Leishmania (Viannia) braziliensis; Leishrnania (Viannia) guyanensis; Leishmania (Viannia) lainsoni; Leishmania (Viannia) shawi; Leishmania (Viannia) naiffi; Leishmania (Viannia) amazonensis. A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; a forma disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática e, finalmente, a forma difusa com lesões nodulares não-ulceradas. A lesão inicial ocorre no local da picada do inseto. Entretanto, nem toda lesão originada da picada pode gerar úlcera: as pápulas pruriginosas e avermelhadas formas depois da picada podem regredir, permanecer em estado estacionário (úlcera leishmaniótica típica) ou evoluir. A úlcera leishmaniótica típica apresenta uma borda elevada, bem delimitada e arredondada. A LTA pode se manifestar nas seguintes formas: leishmaniose cutânea (presença da úlcera típica isolada), leishmaniose cutâneo-mucosa (presença de lesões de úlcera tanto na pele quanto nas mucosas), leishmaniose cutâneo-difusa (manifestação de nódulos não-ulcerativos na pele). PATOGENIA E ASPECTOS CLÍNICOS Além das espécies de Leishmania, o que determina a patogenia das leishmania é o tipo de resposta imune envolvida no processo. As espécies Leishmania (V.) braziliensis e Leishrnania (V.) guyanensis são os agentes etiológicos exclusivos para a leishmania tegumentar cutânea-mucosa. A L. (V.) Amazonensis é o agente etiológico da leishmaniose tegumentar cutâneo-difusa. No inicio da infecção, as formas promastígotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flebotomineo. As células destruídas pela probóscida do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células fagocitárias mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Ao serem fagocitadas, as promastígotas transformam-se em amastígotas e iniciam reprodução por divisões binárias sucessivas; mais macrófagos são atraídos ao sítio, onde se fixam e são infectados. A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de linfócitos e de macrófagos na derme, estando estes últimos abarrotados de parasitas. Gradualmente forma-se um infiltrado celular circundando a lesão, consistindo principalmente em pequenos e grandes linfócitos, entre os quais alguns plasmócitos. Como resultado, forma-se no local uma reação inflamatória do tipo tuberculóide. Ocorre necrose resultando na desintegração da epiderme e da membrana basal que culmina com a formação de uma lesão úlcero-crostosa. Após a perda da crosta, observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo recoberto por exsudato seroso ou seropumlento. Esta lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera leishmaniótica que, por seu aspecto morfológico, pode ser reconhecida imediatamente. Trata-se de uma úlcera de configuração circular, bordos altos (em moldura), cujo fundo é granuloso, de cor vermelha intensa, recoberto por exsudato seroso ou seropurulento, dependendo da presença de infecções secundárias. LEISHMANIOSE CUTÂNEA A leishmaniose cutânea é caracterizada pela formação de úlceras únicas (L. braziliensis, que causam a formação da úlcera de Bauru no homem) ou múltiplas (L. guyanensis) confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. Resultam em úlceras leishmanióticas típicas, ou, então, evoluem para formas vegetantes verrucosas ou framboesiformes. É causada por todas as espécies do complexo Leishmania braziliensis. A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com tendência a escassez nas úlceras crônicas. A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma cutânea e geralmente está relacionada com pacientes imunossuprimidos (AIDS). LEISHMANIOSE CUTÂNEO-MUCOSA É causada pelas seguintes espécies:Leishmania (V.) braziliensis e Leishrnania (V.) guyanensis. Esta forma clínica é conhecida por espúndia e nariz de tapir ou de anta. O curso da infecção nas fases iniciais ocorre como já visto anteriormente na forma cutânea provocada por este parasito. Trata-se de um processo lento, de curso crônico. Estas lesões secundárias podem ocorrer por extensão direta de uma lesão primária ou então através da disseminação hematogênica. As regiões mais comumente afetadas pela disseminação metastásica são o nariz, a faringe, a boca e a laringe. O primeiro sinal de comprometimento mucoso 13
  • 14. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 manifesta-se por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal, resultando em coriza constante e posteriormente em um processo ulcerativo. Estas ulceras culminam em lesões desfigurantes que geram dificuldades na fala, na respiração e na alimentação. O óbito é conseqüência de infecções secundárias. LEISHMANIOSE CUTÂNEO-DIFUSA (LCD) Caracteriza-se pela formação de lesões não-ulcerativas (difusas com erupções papulares ou nodulares não ulceradas) por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. É causado pela L. (Leishmania) amazonensis. A LCD está estritamente associada a uma deficiência imunológica do paciente. DIAGNÓSTICO DA LTA O diagnóstico clínico da LTA pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente apresenta, associado a anamnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância. Deve ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões semelhantes à LTA e que podem ser confundidas, como tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos (blastomicose e esporotricose), úlcera tropical e neoplasmas. O diagnóstico laboratorial pode ser feito por meio da pesquisa do protozoário (por exame direto de esfregaços corados; exame histopatológico; cultura; e inoculo em animais) ou por métodos imunológicos.  A pesquisa do protozoário pode ser feita por meio da coleta da lesão (Ex: biópsia ou aspirado da borda da lesão), encontrando, principalmente, a forma amastigota.  Os métodos imunológicos são feitos por meio do Teste de Montinegro que avalia a resposta celular mediante a ativação dos linfócitos. O teste consiste no inóculo de 0,lml de antígeno intradennicamente na face interna do braço. No caso de rações positivas, verifica-se o estabelecimento de uma reação infla matória local formando um nódulo ou pápula que atinge o auge em 48-72 horas, regredindo então. Os resultados do exame podem ser: reação negativa (ausência de qualquer sinal no local de inoculação) ou reação positiva (presença de nódulo com diâmetro variado). o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea apresentam geralmente resultados positivos. o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutânea-mucosa apresentam geralmente resultados positivos. o Pacientes com Leishmaniose tegumentar cutâneo-difusa, por se tratar de uma resposta Th2, o teste pode fornecer resultado falso negativo, sendo um método limitado para diagnóstico desse tipo de leishmaniose.  A avaliação da resposta humoral se dá por meio da Reação da Imunofluorescência Indireta (RIFI). Os títulos de anticorpos são normalmente baixos em casos com lesão cutânea recente, mas podem estar aumentados nas formas crônicas da doença, especialmente em casos de envolvirnento mucoso. Como o teste não é espécie- específico, ocorrem reações cruzadas com outros tripanossomatídeos, dificultando o seu uso em áreas endêmicas onde ocorrem a doença de Chagas e o calazar. 6 OBS : Por se tratarem de parasitas de ordem iguais (kinetoplastida), resultados sorológicos positivos podem apresentar uma margem de erro devido a reações cruzadas com o Trypanossoma cruzi, causador da doença de Chagas. Por esta razão, o Ministério da Saúde preconiza que sejam feitas mais de uma técnica laboratorial. L EISHMANIOSE VISCERAL (LV) A leishrnaniose visceral é uma doença causada por parasitos do complexo Leishmania donovani na África, Ásia, Europa e nas Américas. Na India é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana que em sânscrito significa "doença negra", e febre Dum-Dum. Na América Latina, leishmaniose visceral americana ou calazar neotropical. A doença é crônica, grave, de alta letalidade se não tratada, e apresenta aspectos clínicos e epidemiológicos diversos e característicos, para cada região onde ocorre. Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença incluem a desnutrição, o uso de drogas imunossupressoras e a co-infecção com HIV. PATOGENIA A leishmaniose visceral ou calazar é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, caracterizada por febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia, acompanhada dos sinais biológicos de anemia, leucopenia, trombocitopenia (a pancitopenia pode ocorrer devido ao acometimento de órgãos hematopoiéticos), hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. A linfoadenopatia periférica é comum em alguns focos da doença. O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se o paciente não for submetido ao tratamento específico. 14
  • 15. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 Em resumo, a transmissão da doença é vetorial (por meio da Lutzomya longipalpis), de modo que no local da lesão surge apenas uma lesão transitória e discreta. O protozoário atinge as vias linfáticas e promove uma disseminação hematogênica/linfática, chegando aos órgãos linfóides (linfonodos, baço) ou mesmo órgãos ricos em macrófagos (como o fígado). A febre é o primeiro sinal de presença de amastigotas já disseminaram em vias diversas e alcançaram as vísceras. No hospedeiro vertebrado, as formas amastígotas de L. chagasi são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. É comum encontrar formas amastigotas no sangue de cães e rapousas com calazar. No homem, entretanto, os parasitas localizam-se em órgãos linfóides, como medula óssea, baço, figado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. Raramente, as amastígotas podem ser encontradas no sangue, no interior de leucócitos, íris, placenta e timo. Porém, mesmo sendo raro, o encontro e a contaminação via sangue de portadores pode acontecer. No hospedeiro invertebrado, Lutzomyia longipalpis, são encontradas no intestino médio e anterior nas formas paramastígota, promastigota e promastígota metacíclica. RESPOSTA IMUNE Um paciente com LV assintomático apresenta um perfil de resposta imunológica Th1. O paciente portador de LV que apresenta os sinais e sintomas desta doença apresenta um perfil de resposta Th2, uma vez que é por meio da ativação dos macrófagos (e não por meio de imunoglobulinas, como ocorre na Th1) que o sistema imunológico tenta responder contra a parasitose. ASPECTOS CLÍNICOS As alterações clínicas e viscerais causadas pelo LV se assemelham muito à esquistossomose, se diferenciando desta porque há uma proliferação do protozoário nos órgãos acometidos (principalmente o baço e o fígado), enquanto que na esquistossomose, o Schistossoma mansoni, ao formar um granuloma junto ao complexo imunológico do indivíduo, gera a obstrução de vasos que passam por órgãos que causaram um quadro semelhante em ambas as parasitoses. O parasita se multiplica mais comumente na medula óssea, no baço, linfonodos, no fígado, pulmão e intestino.  Alterações esplênicas: é o achado mais importante e frequente da LV. Os fatores determinantes são a hiperplasia e hipertrofia das células do sistema fagocitário mononuclear do baço.  Alterações hepáticas: acometimento das células de Kupffer, que serão densamente parasitadas, causando a dilatação dos sinusóides hepáticos (diferentemente dos granulomas formado na esquistossomose). Este fato gera hipertensão portal e ascite.  Alterações no tecido hemocitopoiético: a medula óssea é densamente parasitada (tanto que um dos meios de diagnóstico da LV é feito por punção da medula óssea) e ocorre alterações hematológicas importantes: pancitopenia, anemia, leucopenia, plaquetopenia, etc.  Alterações renais: a invasão do parasita nos rins causa glomerulonefrites e albuminúria (em 50% dos pacientes).  Alterações pulmonares: acontecem geralmente devido a infecções bacterianas secundárias que possam existir. Geralmente, causam pneumonite e broncopneumonias que podem gerar o óbito.  Alterações nos linfonodos: hipertrofia dos linfonodos.  Alterações no tubo digestivo: edema e alongamento das vilosidades, gerando quadros de diarréia.  Alterações cutâneas: descamação e queda de cabelo, como ocorre com os animais domésticos com calazar. 7 OBS : Assim como o norte é uma área endêmica para LTA, o nordeste é uma área de grande incidência da LV assim como da esquistossomose. É preciso, portanto, realizar diagnósticos diferenciais quanto estas duas últimas doenças por meio do exame de fezes, biopsia retal (pra pesquisar granuloma), teste imunológico (embora este possa resultar em reação cruzada). FASE ASSINTOMÁTICA DA LV A forma aguda desta fase corresponde ao período inicial da doença. Observam-se febre alta, palidez de mucosas e epatoesplenomegalia discretas. Os indivíduos podem desenvolver sintomatologias pouco específicas, que se manifestam por febre baixa recorrente tosse seca, diarréia, sudorese, prostração e apresentar cura espontânea ou manter o parasito, sem nenhuma evolução clínica por toda a vida. O diagnóstico pode ser acidental ou epidemiológico. O equilíbrio apresentado por estes indivíduos pode, entretanto, ser rompido pela desnutrição ou por um estado imunessupressivo, como na AIDS, ou pela infecção por HTV ou decorrente do uso de fármacos pós-transplante. Aparentemente esta ruptura é induzida pela quebra da barreira funcional dos linfonodos acompanhada de aumento da prostaglandina E e baixa na produção de IL-10. 15
  • 16. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 FASE SINTOMÁTICA DA LV Forma de evolução prolongada caracterizada por febre irregular e associada ao contínuo agravamento dos sintomas. O emagrecimento é progressivo e conduz o paciente para desnutrição proéico-calórica, caqueixa acentuada, mesmo com apetite preservado. A hepatoesplenomegalia, associada à ascite determinam o aumento do abdome. É comum edema generalizado, dispinéia, cefaléia, dores musculares, perturbações digestivas, epistaxes e retardos da puberdade. Uma vez que o calazar é uma doença de caráter debilitante e imunodepressivo, as infecções bacterianas são especialmente importantes na determinação do óbito: São infecções comuns: pneumonia, broncopneumonia, tuberculose, diarréia, otite média, estomatite, infecções concomitantes por Plasmodium ou Schistosoma. A LV é considerada infecção oportunista para indivíduos com AIDS e em portadores de HIV. DIAGNÓSTICO DA LV A rotina do diagnóstico da leishmaniose visceral baseia-se nos sinais e sintomas clínicos, em parâmetros epidemiológicos, e na grande produção de anticorpos.  Diagnóstico clínico: baseia-se nos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes associados a história de residência em área endêmica. Em particular, nos pacientes com AIDS, os sintomas mais relatados são as lesões de pele, manifestações hemorrágicas gastrointestinais e respiratórias, por vezes, na completa ausência de febre e esplenomegalia. É necessário, por muitas vezes (principalmente na região Nordeste), realizar diagnóstico diferencial com esquistossomose.  Diagnóstico laboratorial:  Pesquisa do parasito: baseia-se na observação direta do parasito em preparações de material obtido de aspirado de medula óssea, baço, fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de vidro, corados pelo Giemsa, inoculados em meio de cultura NNN ou em animais de laboratório. A punção de medula óssea é a técnica mais simples e representa menos risco para o paciente. No adulto, é realizada na medula do estemo, no nível do segundo espaço intercostal e em crianças, na crista ilíaca. A biópsia hepática oferece resultados questionáveis, em virtude da menor expressão do parasitismo do figado. A punção do baço apresenta riscos, podendo levar a ruptura do órgão e a hemorragias fatais.  Métodos imunológicos: uma característica clínica imunológica marcante do calazar é a hipergamaglobulinemia, decorrente da expansão policlonal de linfócito B, que caracteriza a resposta especifica, através da produção de irnunoglobulinas G (IgG e IgM), com grande produção de proteínas inespecíficas. Outras técnicas são: RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta), ELISA (Ensaio Imunoenzimático) e a Reação de Fixação do Complemento. TRATAMENTO 5+ O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes (Sb ) antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®) e o estibogliconato sódico (Pentostam®) são, na maioria dos países, a primeira opção terapêutica. O tártaro emético é o primeiro fármaco de escolha. No Brasil, a droga de escolha é o Glucantimea, que é de distribuição gratuita na rede de saúde pública. 5+ O Ministério da Saúde recomenda a dose de 20mg de Sb kg/dia por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias. EPIDEMIOLOGIA Ao estudar LTA e LV, observa-se que há um ciclo silvestre que, gradativamente, atingiu as residências humanas, formando um novo ciclo doméstico. O panorama da leishmaniose está relacionada com áreas de desmatamento e invasão humana, em que a opção do vetor foi migrar para as residências e, por incidente, gerar um ciclo domestico envolvendo o homem. A LTA tem uma prevalência considerável na faixa que vai desde o Sul dos EUA até a Argentina, apresentando hospedeiros vertebrados como gambás, tamanduás, roedores, etc. No Brasil, acomete todos os Estados, sendo mais prevalente na região norte. Os principais agentes etiológicos e seus respectivos vetores são:  Leishmania (V.) braziliensis: Lutzomyia whitmanni, Lutzomya Wllcomei, Lutzomyia intermedia  Leishmania (V.) amazonensis: Lutzomyia Flaviscutellata (hábito noturno e pouco antropofílico) A LV, no Brasil, tem uma distribuição mais localizada no Nordeste, sendo uma parasitose tipicamente rural. O principal reservatório doméstico da LV é o cão, que desenvolve alopercia, ulcerações, crescimento desordenado das unhas, emagrecimento. É comum a co-infecção da leishmania com HIV. A espécie mais prevalente para este tipo de doença e seu vetor é:  Leishmania (L.) chagasi: Lutzomyia longipalpis 16
  • 17. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 PROFILAXIA Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral - Proteção individual: utilização de repelentes e Tríade: mosqueteiros - Diagnóstico e tratamento dos doentes - Construção de casas a uma distância de 500m da - Eliminação dos cães com sorologia positiva mata - Combate às formas adultas do inseto vetor - Prevenção da infecção em engenheiros, topógrafos, geólogos, militares quando eles se expõem ao contato em áreas endêmicas 17
  • 18. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 MED RESUMOS 2009 NETTO, Arlindo Ugulino. PARASITOLOGIA GIARDÍASE (Professora Aganeide Castro) O gênero Giardia inclui flagelados parasitos do intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, tendo sido, possivelmente, o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido. A primeira descrição do trofozoíto tem sido atribuída a Anton van Leeuwenhoek (1681). As denominações Giardia lamblia, Giardia duodenalis e Giardia intestinalis têm sido empregadas como sinonímia, particularmente para isolados de origem humana. Em países em desenvolvimento, a giardíase é uma das causas mais comuns de diarréia entre crianças, que em conseqüência da infecção, muitas vezes, apresentam problemas de má nutrição e retardo no desenvolvimento. M ORFOLOGIA O gênero Giardia apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. MORFOLOGIA DO TROFOZOÍTO O trofozoíto tem formato de pêra, com simetria bilateral e mede 20µm de comprimento por 10µm de largura. É binucleado (diferentemente do cisto, que apresenta quatro núcleos). A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou suctorial. Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a presença de uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos medianos. O trofozoíto possui ainda quatro pares de flagelos que se originam de blefaroplastos ou corpos basais situados nos pólos anteriores dos dois núcleos, a saber: um par de flagelos anteriores, um par de flagelos ventrais, um par de flagelos posteriores e um par de flagelos caudais. Abaixo da membrana citoplasmática do trofozoíto existem numerosos vacúolos que, acredita-se, tenham papel na pinocitose de partículas alimentares. Uma das hipóteses que explicava a adesão dos trofozoítos sobre as microvilosidades da mucosa era de que os batimentos dos flagelos ventrais seriam responsáveis pelo aparecimento de uma força de pressão negativa abaixo do disco, provocando sua adesão, que seria auxiliada pela franja ventrolateral. A observação da presença de proteínas contráteis no disco ventral sugeriu outra hipótese alternativa ou auxiliar para explicar tal adesão: essas proteínas estariam envolvidas na modulação da forma e do diâmetro do disco que, através de movimentos de contração e descontração, permitiria a adesão e o desprendimento dos trofozoítos na mucosa. MORFOLOGIA DO CISTO O cisto é oval ou elipsóide, medindo cerca de 12µm de comprimento por 8µm de largura. No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de flagelos) e os corpos escuros com forma de meia-lua e situados no pólo oposto aos núcleos. CICLO BIOL•GICO G. lamblia é um parasito monoxeno de ciclo biológico dueto. A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos (um pequeno número já é o bastante para debelar a infecção). Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos trofozoítos. Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal: após a nucleotomia (divisão nuclear) e duplicação das organelas, ocorre a plasmotomia (divisão do citoplasma), resultando assim dois trofozoítos binucleados. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Tal processo pode se iniciar no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento. 18
  • 19. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 OBS: Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem sobreviver, pelo menos, dois meses no meio ambiente. Quando o trânsito intestinal está acelerado, é possivel encontrar trofozoítos nas fezes. OBS²: Em fezes diarréicas (em que o transito intestinal é rápido), é possível encontrar cistos e trofozoítos nas mesmas. Em caso de fezes formadas (em que o transito intestinal é nromal), é encontrado apenas cistos (o que é usual). T RANSMISSƒO Como já dissemos, a via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros, que podem ser transmitidos por um dos seguintes mecanismos:  ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas (apenas cloro);  alimentos contaminados (verduras cruas e frutas mal lavadas);  esses alimentos também podem ser contaminados por cistos veiculados por moscas e baratas;  de pessoa a pessoa, por meio das mãos contaminadas, em locais de aglomeração humana (creches, orfanatos etc.);  de pessoa a pessoa entre membros de uma família ou em creches, quando se tem algum indivíduo infectado;  através de contatos homossexuais e por contato com animais domésticos infectados com Giardia de morfologia semelhante à humana. IMUNIDADE Observações epidemiológicas, clínicas e experimentais têm demonstrado evidências de desenvolvimento de imunidade protetora na giardíase. Apesar de uma imunidade protetora ainda não ter sido demonstrada de forma conclusiva nas infecções humanas por Giardia, o desenvolvimento de resposta imune tem sido sugerido a partir de evidências, como: (1) a natureza autolimitante da infecção; (2) a detecção de anticorpos específicos anti-Giardia nos soros de indivíduos infectados; (3) a participação de monócitos citotóxicos na modulação da resposta imune; (4) a maior suscetibilidade de indivíduos imunocomprometidos à infecção, principalmente os que apresentam hipogamaglobulinemia; (5) a menor suscetibilidade dos indivíduos de áreas endêmicas à infecção, quando comparados com os visitantes; (6) a ocorrência de infecção crônica em modelos animais atímicos ou tratados com drogas que deprimem a resposta humoral. Anticorpos IgG, IgM e IgA anti-Giardia têm sido detectados no soro de indivíduos com giardíase, em diferentes regiões do mundo. Além dos anticorpos circulantes, estudos têm relacionado a participação de IgA secretória na imunidade local a nível de mucosa intestinal. Algumas observações em experimentos com modelos animais sugerem a participação de mecanismos T- dependentes: (1) estudos com camundongos atímicos, infectados com Giardia, demonstraram que apenas aqueles capazes de desenvolver resposta linfoproliferativa, evoluíram para a cura e (2) a ocorrência de aumento na relação de linfócitos T auxiliares/supressores na lâmina própria do jejuno em camundongos durante a fase de cura. Além disso, tem-se observado a capacidade de monócitos, macrófagos e granulócitos em participar da destruição de trofozoítos, em reações de citotoxicidade anticorpo-dependentes (ADCC). SINTOMATOLOGIA A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos assintomáticos até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarréia aguda e autolimitante, ou um quadro de diarréia persistente, com evidência de má-absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao tratamento específico, mesmo em indivíduos imunocompetentes. Aparentemente, essa variabilidade é multifatorial, e tem sido atribuída a fatores associados ao parasito (cepa, número de cistos ingeridos) e ao hospedeiro (resposta imune, estado nutricional, pH do suco gástrico, associação com a microbita intestinal). A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crianças, que muitas vezes podem eliminar cistos nas fezes por um período de até seis meses (portadores assintomáticos). Geralmente, em indivíduos não-imunes, isto é, na primoinfecção, a ingestão de um elevado número de cistos é capaz de provocar diarréia do tipo aquosa, explosiva, de odor fétido, acompanhada de gases com distensão e dores abdominais. Muco e sangue aparecem raramente nas fezes. Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem ser confundidos com aqueles das diarréias dos tipos viral e bacteriano. Essa forma é muito comum entre viajantes originários de áreas de baixa endemicidade que visitam áreas endêmicas. As principais complicações da giardíase crônica estão associadas à má absorção de gordura e de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12, ferro, xilose e lactose. 19
  • 20. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 PATOGENIA Os mecanismos pelos quais a Giardia causa diarréia e má absorção intestinal não são bem conhecidos. Observa-se, entretanto, que podem ocorrer mudanças na arquitetura da mucosa. Ela pode se apresentar completamente normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades. Empregando microscopia eletrônica, observa-se que os trofozoítos de Giardia aderidos ao epitélio intestinal podem romper e distorcer as microvilosidades do lado que o disco adesivo entra em contato com a membrana da célula. Além disso, há evidências sugerindo que o parasita produz, e possivelmente libera, substâncias citopáticas na luz intestinal. A explicação mais plausível para a alteração morfológica e funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos inflamatórios aí desencadeados pelo parasito, devido à reação imune do hospedeiro. A resposta imune local e a degranulação de mastócitos gera uma reação anafilática local (reação de hipersensibilidade), que provoca edema da mucosa e contração de seus músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, o que poderia explicar o aumento da renovação dos enterócitos. Além dos aspectos associados às alterações morfológicas do intestino, outros fatores têm sido aventados para explicar o aparecimento de diarréia e má absorção em alguns indivíduos, como, por exemplo, o atapetamento da mucosa por um grande numero de trofozoítos impedindo a absorção de alimentos. As prostaglandinas liberadas pelos enterócitos e pelos parasitas são outra forma de explicar o aumento da motilidade e a diarréria. DIAGN•STICO O diagnóstico pode ser clínico ou laboratorial:  Diagnóstico clínico: a sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarréia com esteatorréia, imtabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite (acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal.  Diagnóstico laboratorial: o Exame parasitológico: deve-se fazer o exame de fezes nos pacientes para a identificação de cistos ou trofozoítos nas fezes. Os cistos são encontrados nas fezes da maioria dos indivíduos com giardíase, enquanto o encontro de trofozoítos é menos frequente, e está, geralmente, associado às infecções sintomáticas. Com isto, a observação do aspecto e consistência das fezes fornece informações sobre a forma evolutiva a ser pesquisada, uma vez que em fezes formadas e fezes diarréicas predominam cistos e trofozoítos, respectivamente. o Exame imunológico: uma variedade de métodos imunológicos tem sido proposta. Isto foi possível devido ao desenvolvimento de culturas axênicas (culturas puras) de Giardia, que tem possibilitado a obtenção de antígenos puros. Os métodos imunológicos mais empregados são a imunofluorescência indireta e o método ELISA. EPIDEMIOLOGIA Existe em todo o mundo ,o protozoário da Giardíase, que parasita as pessoas com más respostas infecciosas. Na Europa as taxas de infecção são de menos de 5%, mas nos países em desenvolvimento, particularmente tropicais, podem chegar aos 50% da população. Os grupos de risco, como todas as infecções de transmissão oral-anal, incluem pessoas que vivem em más condições de higiene e crianças pequenas. As giárdias infectam indistintamente seres humanos, cães, gatos e gado. A transmissão pode ser de um animal para outro da mesma espécie ou de espécies diferentes. São geralmente necessários cerca de 20 cistos ingeridos para se estabelecer a infecção. PROFILAXIA Conforme visto na epidemiologia, a transmissão de giardíase ocorre pela contaminação ambiental e de alimentos pelos cistos do parasito. Além disso, a transmissão direta de pessoa a pessoa é importante em aglomerados humanos. Dessa forma, são recomendadas medidas de higiene pessoal (lavar as mãos), destino correto das fezes (fossas, rede de esgoto), proteção dos alimentos e tratamento da água. Com relação a este último aspecto, pesquisas recentes sobre Giardia mostram evidências de que os filtros de areia e de terra de diatomáceas são capazes de remover os cistos de G. lamblia. T RATAMENTO  Metronidazol (Flagil®): 15 a 20mgfkg durante sete a dez dias consecutivos, para crianças, via oral. A dose para adultos e de 250mg, duas vezes ao dia;  Tinidazol (Fasigyn®): dose única de 2g para adulto e 1g para crianças, sob a forma líquida, este produto também é apresentado sob a forma de supositórios, com bons resultados; deve-se repetir a dose uma semana depois;  Furazolidona (Giarlam®): 8 a 10mg por kg de peso por dia (máximo de 400mgldia) durante sete dias, para crianças. Para adultos, a dose e de 400mg em 24 horas, em duas ou quatro vezes por dia, durante sete dias;  Secnidazol (Secnidazol®): a dose para adultos é de 2g (dose única); para crianças com menos de 5 anos, 125mg, duas vezes em 24 horas, por cinco dias. 20
  • 21. Arlindo Ugulino Netto – PARASITOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 MED RESUMOS 2009 NETTO, Arlindo Ugulino. PARASITOLOGIA TRICOMONÍASE O gênero Trichomonas abrange espécies que parasitam o homem como Trichomonas vaginalis, Trichomonas tenax e Pentatrichomonas hominis. As espécies incluídas neste capítulo são membros da família Trichomonadidae, da subfamília Trichomonadinae, da ordem Trichomonadida, da classe Zoomastigophorea, e do filo Sarcomastigophora. Entretanto, das espécies apresentadas anteriormente, apenas a primeira, ou seja, o Trichomonas vaginalis é patogênico, sendo ele responsável pela tricomoníase, doença sexualmente transmissível (DST) não-viral mais comum no mundo.  A espécie T. vaginalis, patogênica, foi descrita pela primeira vez em 1836, por Donné, que a isolou de uma mulher com vaginite. É comumente encontrado no trato genital e urinário tanto da mulher como do homem. Por ser a única espécie patogênica do gênero Trichomonas, este capítulo será exclusivo para seu estudo.  O T. tenax, não-patogênico, vive na cavidade bucal humana e também de chipanzés e macacos. É morfologicamente semelhante ao T. vaginalis, sendo bem menor.  O T. hominis, não-patogênico, habita o trato intestinal humano. É morfologicamente semelhante ao T. vaginalis, apresentando, entretanto, 5 flagelos anterior, ao invés de 4.  O T. fecalis foi encontrado em um único paciente, não existindo certeza se o homem seria seu hospedeiro primário. A transmissão do T. vaginalis se dá, majoritariamente, por contato sexual, embora seja descrito na literatura sua transmissão via objetos íntimos como toalhas, roupas, vasos sanitários. Entretanto, estes mecanismos de transmissão são muito questionados uma vez que este protozoário não apresenta forma cística, ou seja, apresenta apenas trofozoíto, o qual não apresenta tanta resistência no meio adverso como a forma cística apresenta. ´ A investigação laboratorial é essencial na diagnose dessa patogenia, permitindo também diferenciá-la de outras doenças sexualmente transmissíveis. O diagnóstico laboratorial é indispensável e é feito por meio de amostras coletadas das mucosas e observadas por microscópio. É importante saber também que as espécies de Trichomonas são morfologicamente idênticas, e para diferenciar uma da outra, é necessário tomar conhecimento da procedência do material: material do trato genital (T. vaginalis), da mucosa oral (T. tenax) e da mucosa intestinal (T. hominis). M ORFOLOGIA DO T RICHOMONAS VAGINALIS O Trichomonas vaginalis é um protozoário unicelular polimorfo que, quando vivo, é elipsóide ou oval e, algumas vezes, esférico. O protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar pseudópodes, os quais são usados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas. Como todos os tricomonadídeos, não possui a forma cística, somente a trofozoítica. As principais estruturas morfológicas que caracterizam o T. vaginalis são:  Quatro flagelos anteriores livres, de tamanhos desiguais;  Uma membrana ondulante e a costa que nascem do complexo granular basal. A margem livre da membrana consiste em um filamento acessório fixado ao flagelo recorrente;  Um axóstilo, estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior;  Possui um aparelho parabasal que consiste num corpo em forma de "V", associado a dois filamentos parabasais, onde se dispõe o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas achatadas;  O blefaroplasto que está situado antes do axóstilo, sobre o qual se inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos.  É desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos em fileiras. Estes hidrogenossomos apresentam enzimas responsáveis pela síntese de ATP. BIOLOGIA  Local de infecção: o T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. 21