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Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
PATOLOGIA

                                       REPARO CELULAR (CICATRIZAÇÃO)
                                           (Professor Raimundo Sales)

        Como a destruição tecidual na inflamação crônica envolve as células parenquimatosas e a estrutura do
estroma, a reparação deste tecido não pode ser realizada apenas por meio da regeneração das células do parênquima.
Portanto, a reparação envolve substituição por tecido conjuntivo, que com o tempo, produz fibrose e cicatrização.
        Didaticamente, distinguem-se quatro componentes neste processo:
        Formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese).
        Migração e proliferação de fibroblastos
        Deposição de matriz extracelular (MEC)
        Maturação e reorganização do tecido fibroso, processo conhecido como remodelagem.

        Quatro etapas fundamentam a angiogênese: (1) degradação enzimática da membrana basal do vaso de
origem; (2) migração das células endoteliais; (3) proliferação das células endoteliais; (4) maturação e organização nos
tubos capilares. Pelo menos dois fatores de crescimento são importantes na indução da angiogênese: fator de
crescimento de fibroblastos básico (FCFb), que pode mediar todas as etapas na angiogênese; e fator de
permeabilidade vascular ou fator de crescimento endotelial vascular (FPV, FCEV), que causam angiogênese e
permeabilidade aumentada.
        A migração e proliferação dos fibroblastos (2º mecanismo) também são mediadas por fatores de crescimento,
como o FCDP, FCE, FCF e TGF-β (sendo este um fator crítico no favorecimento da deposição de tecido fibroso). Este
induz a migração e proliferação dos fibroblastos, assim como síntese aumentada e degradação reduzida de colágeno
que será depositado na MEC. Portanto, acredita-se que o TGF-β desempenhe um papel importante na fibrose
inflamatória crônica.


CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
       Dependendo do tipo da lesão, a cicatrização pode se desenvolver das seguintes maneiras

    •   Cicatrização por primeira intenção: A cicatrização de uma incisão cirúrgica limpa aproximada (fenda tecidual
        é mínima) envolve uma sequência cronológica de eventos:
                0 hora. A incisão é inicialmente preenchida por sangue e coagulo (formado pelo sistema da coagulação
                 para garantir a hemostasia). O coagulo inicial é composto por fibrina e fibronectina. O tecido
                 acometido passa a sofrer um processo inflamatório.
                3 a 24 horas. Os neutrófilos que margeiam a lesão infiltram o coagulo. Começam a surgir mitoses nas
                 células basais epiteliais; o fechamento do epitélio ocorre em 24 a 48 horas.
                3º dia. Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (estes recrutam fibroblastos por meio da
                 liberação de interleucinas). Neste período, observa-se a formação de focos de tecido de granulação.
                5º dia. O espaço incisional é preenchido com tecido de granulação (que porventura, é um órgão
                 provisório como a placenta), formado pelas células endoteliais que chegam a região e fibroblastos. A
                 neovascularização é máxima e as fibrilas de colágeno começam a aparecer e agora a proliferação
                 epitelial atinge seu máximo.
                Segunda semana. Ocorre proliferação dos fibroblastos e acúmulo contínuo de colágeno. A inflamação
                 e os vasos recém-formados já desaparecem em grande parte.
                Segundo mês. Agora, a fibrose consiste em tecido conjuntivo sem inflamação, coberto por epiderme
                 intacta.

    •   Cicatrização por segunda intenção: ocorre quando há perda mais extensa de tecido, como infarto, ulceração,
        formação de abscesso e grandes feridas. O tecido de granulação abundante cresce a partir das margens para
        preencher o defeito, mas ao mesmo tempo a ferida contrai, isto é, o defeito é acentuadamente reduzido. Os
        miofibroblastos contribuem para a contração da ferida.

OBS1: O tecido de granulação é tido como um órgão provisório, assim como é classificada a placenta. Este tecido, por
apresentar uma grande concentração de proteoglicanos, fibronectinas e plasmócitos, é muito resistente a infecções.
Por isso que cirurgiões podem realizar suturas nas alças intestinais (mesmo com a grande presença de bactérias na
região) sem nenhum problema, uma vez que a ação protetora do tecido de granulação entra em vigor.


                                                                                                                        1
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



OBS2: Por ser considerado um órgão, o tecido de granulação necessita de toda a irrigação e suprimento nutricional
suficiente para realizar a sua função cicatricial. Por isso que pessoas desnutridas ou com deficiência de vitamina C
apresenta distúrbios no processo de cicatrização.




MECANISMOS ENVOLVIDOS NA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA
     Três mecanismos são importantes por influenciar no reparo das feridas:
     Fatores de crescimento (FCDP, FCF, TGF-β)
     Interações entre células e entre células e matriz
     Síntese de MEC (colágeno), degradação e remodelagem

SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE COLÁGENO E RESISTÊNCIA DA FERIDA
        As fibras de colágeno são, em grande parte, responsáveis pela resistência da ferida. Os colágenos são
divididos em 15 tipos (sendo os tipos I, II e III conhecidos como os colágenos intersticiais ou de fibrila). O colágeno
depositado no início do tecido de granulação é do tipo III, que é substituído por colágeno do tipo I.
        Primeiramente, a síntese de colágeno é estimulada por fatores de crescimento e por citocinas secretadas pelos
leucócitos e pelos fibroblastos na cicatrização das feridas.
        O acúmulo final de colágeno não depende apenas da síntese do mesmo, mas também da degradação (que é
realizada por uma família de metaloproteínas dependentes do zinco). A secreção de metaloproteínas por fibroblastos e
leucócitos é induzida por fatores de crescimento e citocinas, e inibida pelo TGF-β.
        A resistência da ferida ao final da primeira semana é de cerca de 10% do normal (depende em grande parte da
sutura cirúrgica/adesão tecidual). A recuperação progressiva da força elástica a 70 a 80% do normal no 3º mês está
associada, em primeiro lugar, à síntese aumentada de colágeno, excedendo a degradação do mesmo e
subsequentemente de ligação cruzada, e ao aumento do tamanho das fibras de colágenos.

OBS3: A cicatrização das feridas envolve, portanto, eventos da inflamação precoce, seguida por um estágio de
fibroplasia caracterizada por tecido de granulação, seguida por deposição de matriz extracelular, remodelagem tecidual
e fibrose.




                                                                                                                        2
Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1



OBS4: O processo da remodelagem consiste em um mecanismo equilibrado de síntese e degradação do colágeno.
Quando há uma síntese excessiva de colágeno, a cicatriz apresenta-se fenotipicamente defeituosa. Isso acontece em
dois casos bastante conhecidos: quelóide (mais relacionado com a etnia) e a cicatriz hipertrófica.


FATORES QUE MODIFICAM A QUALIDADE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA-REPARATIVA
        Vários fatores sistêmicos e locais modificam a intensidade da resposta inflamatória e a qualidade do reparo. As
principais influências são:
        A adequação do suprimento sanguíneo;
        O estado nutricional do hospedeiro, por exemplo, ingesta de proteínas e de vitamina C;
        Existência ou ausência de infecção;
        Existência ou ausência de diabetes melito;
        Terapia intercorrente com glicocorticóides, que impede o processo inflamatório-reparador;
        Níveis adequados de leucócitos circulantes;
        Local da lesão;
        Deficiências vasculares periféricas: varizes, aterosclerose, etc.

OBS5: Regeneração ≠ Cicatrização. O termo regeneração tecidual está restrito a casos como, por exemplo,
escoriações, em que os queratinócitos, ao produzirem a sua matriz extracelular (a membrana basal), fornecem uma
espécie de base para fixação das células que vão recobrir novamente aquela região lesada superficialmente.




                                                                                                                         3

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Patologia 05 reparo celular - med resumos - arlindo netto

  • 1. Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 FAMENE NETTO, Arlindo Ugulino. PATOLOGIA REPARO CELULAR (CICATRIZAÇÃO) (Professor Raimundo Sales) Como a destruição tecidual na inflamação crônica envolve as células parenquimatosas e a estrutura do estroma, a reparação deste tecido não pode ser realizada apenas por meio da regeneração das células do parênquima. Portanto, a reparação envolve substituição por tecido conjuntivo, que com o tempo, produz fibrose e cicatrização. Didaticamente, distinguem-se quatro componentes neste processo: Formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese). Migração e proliferação de fibroblastos Deposição de matriz extracelular (MEC) Maturação e reorganização do tecido fibroso, processo conhecido como remodelagem. Quatro etapas fundamentam a angiogênese: (1) degradação enzimática da membrana basal do vaso de origem; (2) migração das células endoteliais; (3) proliferação das células endoteliais; (4) maturação e organização nos tubos capilares. Pelo menos dois fatores de crescimento são importantes na indução da angiogênese: fator de crescimento de fibroblastos básico (FCFb), que pode mediar todas as etapas na angiogênese; e fator de permeabilidade vascular ou fator de crescimento endotelial vascular (FPV, FCEV), que causam angiogênese e permeabilidade aumentada. A migração e proliferação dos fibroblastos (2º mecanismo) também são mediadas por fatores de crescimento, como o FCDP, FCE, FCF e TGF-β (sendo este um fator crítico no favorecimento da deposição de tecido fibroso). Este induz a migração e proliferação dos fibroblastos, assim como síntese aumentada e degradação reduzida de colágeno que será depositado na MEC. Portanto, acredita-se que o TGF-β desempenhe um papel importante na fibrose inflamatória crônica. CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS Dependendo do tipo da lesão, a cicatrização pode se desenvolver das seguintes maneiras • Cicatrização por primeira intenção: A cicatrização de uma incisão cirúrgica limpa aproximada (fenda tecidual é mínima) envolve uma sequência cronológica de eventos: 0 hora. A incisão é inicialmente preenchida por sangue e coagulo (formado pelo sistema da coagulação para garantir a hemostasia). O coagulo inicial é composto por fibrina e fibronectina. O tecido acometido passa a sofrer um processo inflamatório. 3 a 24 horas. Os neutrófilos que margeiam a lesão infiltram o coagulo. Começam a surgir mitoses nas células basais epiteliais; o fechamento do epitélio ocorre em 24 a 48 horas. 3º dia. Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (estes recrutam fibroblastos por meio da liberação de interleucinas). Neste período, observa-se a formação de focos de tecido de granulação. 5º dia. O espaço incisional é preenchido com tecido de granulação (que porventura, é um órgão provisório como a placenta), formado pelas células endoteliais que chegam a região e fibroblastos. A neovascularização é máxima e as fibrilas de colágeno começam a aparecer e agora a proliferação epitelial atinge seu máximo. Segunda semana. Ocorre proliferação dos fibroblastos e acúmulo contínuo de colágeno. A inflamação e os vasos recém-formados já desaparecem em grande parte. Segundo mês. Agora, a fibrose consiste em tecido conjuntivo sem inflamação, coberto por epiderme intacta. • Cicatrização por segunda intenção: ocorre quando há perda mais extensa de tecido, como infarto, ulceração, formação de abscesso e grandes feridas. O tecido de granulação abundante cresce a partir das margens para preencher o defeito, mas ao mesmo tempo a ferida contrai, isto é, o defeito é acentuadamente reduzido. Os miofibroblastos contribuem para a contração da ferida. OBS1: O tecido de granulação é tido como um órgão provisório, assim como é classificada a placenta. Este tecido, por apresentar uma grande concentração de proteoglicanos, fibronectinas e plasmócitos, é muito resistente a infecções. Por isso que cirurgiões podem realizar suturas nas alças intestinais (mesmo com a grande presença de bactérias na região) sem nenhum problema, uma vez que a ação protetora do tecido de granulação entra em vigor. 1
  • 2. Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 OBS2: Por ser considerado um órgão, o tecido de granulação necessita de toda a irrigação e suprimento nutricional suficiente para realizar a sua função cicatricial. Por isso que pessoas desnutridas ou com deficiência de vitamina C apresenta distúrbios no processo de cicatrização. MECANISMOS ENVOLVIDOS NA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA Três mecanismos são importantes por influenciar no reparo das feridas: Fatores de crescimento (FCDP, FCF, TGF-β) Interações entre células e entre células e matriz Síntese de MEC (colágeno), degradação e remodelagem SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE COLÁGENO E RESISTÊNCIA DA FERIDA As fibras de colágeno são, em grande parte, responsáveis pela resistência da ferida. Os colágenos são divididos em 15 tipos (sendo os tipos I, II e III conhecidos como os colágenos intersticiais ou de fibrila). O colágeno depositado no início do tecido de granulação é do tipo III, que é substituído por colágeno do tipo I. Primeiramente, a síntese de colágeno é estimulada por fatores de crescimento e por citocinas secretadas pelos leucócitos e pelos fibroblastos na cicatrização das feridas. O acúmulo final de colágeno não depende apenas da síntese do mesmo, mas também da degradação (que é realizada por uma família de metaloproteínas dependentes do zinco). A secreção de metaloproteínas por fibroblastos e leucócitos é induzida por fatores de crescimento e citocinas, e inibida pelo TGF-β. A resistência da ferida ao final da primeira semana é de cerca de 10% do normal (depende em grande parte da sutura cirúrgica/adesão tecidual). A recuperação progressiva da força elástica a 70 a 80% do normal no 3º mês está associada, em primeiro lugar, à síntese aumentada de colágeno, excedendo a degradação do mesmo e subsequentemente de ligação cruzada, e ao aumento do tamanho das fibras de colágenos. OBS3: A cicatrização das feridas envolve, portanto, eventos da inflamação precoce, seguida por um estágio de fibroplasia caracterizada por tecido de granulação, seguida por deposição de matriz extracelular, remodelagem tecidual e fibrose. 2
  • 3. Arlindo Ugulino Netto – PATOLOGIA – MEDICINA P4 – 2009.1 OBS4: O processo da remodelagem consiste em um mecanismo equilibrado de síntese e degradação do colágeno. Quando há uma síntese excessiva de colágeno, a cicatriz apresenta-se fenotipicamente defeituosa. Isso acontece em dois casos bastante conhecidos: quelóide (mais relacionado com a etnia) e a cicatriz hipertrófica. FATORES QUE MODIFICAM A QUALIDADE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA-REPARATIVA Vários fatores sistêmicos e locais modificam a intensidade da resposta inflamatória e a qualidade do reparo. As principais influências são: A adequação do suprimento sanguíneo; O estado nutricional do hospedeiro, por exemplo, ingesta de proteínas e de vitamina C; Existência ou ausência de infecção; Existência ou ausência de diabetes melito; Terapia intercorrente com glicocorticóides, que impede o processo inflamatório-reparador; Níveis adequados de leucócitos circulantes; Local da lesão; Deficiências vasculares periféricas: varizes, aterosclerose, etc. OBS5: Regeneração ≠ Cicatrização. O termo regeneração tecidual está restrito a casos como, por exemplo, escoriações, em que os queratinócitos, ao produzirem a sua matriz extracelular (a membrana basal), fornecem uma espécie de base para fixação das células que vão recobrir novamente aquela região lesada superficialmente. 3