2. TEMPO HISTÓRICO
Início do século XVIII, reinado de
D. João V.
Período caracterizado pela ostentação e
riqueza propiciada pelo ouro do Brasil que,
apesar de chegar a Portugal em fluxos de
grande abundância, não contribuiu para o
desenvolvimento económico do país, em
grande medida devido ao esbanjamento do rei
e da corte.
3. TEMPO HISTÓRICO
O Absolutismo político e a Inquisição
comandavam com mão de ferro uma
sociedade do espetáculo e repressão em que
os ricos tudo podiam e os pobres apenas
contavam com a miséria.
O romance oferece-nos quadros que
representam a vida na corte, ao autos de fé,
as procissões, as touradas, e Entrudo.
4. Tempo da história narrada e
tempo do discurso
Podemos situar a ação no período que
decorre entre 1711 e 1739, ou seja, a ação
decorre ao longo de 28 anos.
A primeira data é deduzida pelas indicações
que, logo de início, são dadas sobre a idade e
o tempo do casamento do rei.
A segunda data, temos de ter em conta o ano
em que morreu o dramaturgo António José da
Silva, queimado, segundo o romance, no
mesmo auto de fé de Baltasar.
5. Tempo da história narrada e
tempo do discurso
Memorial do Convento é um romance no qual
a passagem do tempo se faz sentir, não
apenas pelo desenvolvimento da intriga, mas
sobretudo através do crescimento e
envelhecimento das personagens.
6. Tempo da história narrada e
tempo do discurso
Muitas datas e outros informantes permitem-nos
acompanhar o desenvolvimento temporal da ação
que, de facto, apresenta uma construção
cronológica.
Apesar desse desenvolvimento cronológico,
verificam-se analepses e prolepses. Estas
últimas estão intimamente relacionadas com a
singularidade do narrador que, por vezes, insinua
saltos no tempo, aproximando a época de D.
João e o presente.
7. Tempo da história narrada e
tempo do discurso
“quando um dia se acabarem palmos e pés
por se terem achado metros de terra, irão
outros homens a tirar outras medidas e
encontrarão sete metros, três metros,
sessenta e quatro centímetros (…) também os
pesos velhos levaram o caminho das medidas
velhas, em vez de duas diremos que o peso
da pedra da varanda da casa a que se
chamará Benedictione é de trinta e um mil e
vinte quilos” (cap. XIX)
8. Tempo da história narrada e
tempo do discurso
Exemplos:
“já vem muito longe, como se observa, este
gosto português pelo verde e pelo encarnado,
que, em vindo a república, dará bandeira.”
“Tem aos seus pés o mar novo e as mortas
eras, o único imperador que tem, deveras, o
globo mundo em sua mão, este tal foi o infante
D. Henrique, consoante o louvará um poeta
por ora ainda não nascido.”
9. ESPAÇO FÍSICO
São muitas as referências ao espaço físico,
sobretudo aos espaços exteriores – as ruas, os
campos, os inúmeros caminhos.
Com o narrador e as personagens, vemos as
ruas imundas de Lisboa setecentista, o Tejo,
caminho aquático de gentes e mercadorias; os
deslumbrantes e temíveis caminhos do ar, os
caminhos convergentes de Mafra, perigosos
para quem transportou a gigantesca pedra;
10. ESPAÇO FÍSICO
Finalmente, os longos e pedregosos caminhos
que calejaram os pés de Blimunda na sua
procura de nove anos de Baltasar.
Note-se que não são muito longas as
descrições, só contendo os elementos
suficientes para enquadrar as ações humanas
às quais o narrador dedica a sua atenção
mais minuciosamente.
11. ESPAÇO FÍSICO
Quanto aos espaços interiores, é gritante o
contraste entre o esplendor barroco de igrejas
e palácios e a pobreza das casas habitadas
pelo povo, ou pior ainda, os barracões
aviltantes da “ilha da Madeira”
12. ESPAÇO PSICOLÓGICO
Os sonhos do rei e da rainha contrastam
radicalmente com os das restantes
personagens pela evidência do desamor: o rei
sonha com a sua própria grandeza e
imortalidade, com a descendência e com o
convento, a rainha sonha com o cunhado
(cap. I).
13. ESPAÇO PSICOLÓGICO
Nos sonhos de Baltasar estão Blimunda, o
trabalho, os animais, a aterra, o ar.
Baltasar e Blimunda têm um sonho comum, o
mesmo que partilham acordados com o Padre
Bartolomeu, a confirmar o profundo
envolvimento de todos naquela obra, ao
contrário da construção do convento,
executada à custa do trabalho de muitos, para
realização do sonho de um só homem – o rei.