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Beatriz Xavier 12ºAno
2015/2016
Romance
Memorial do Convento
José Saramago
Temas
Amor
 Tema central da narrativa.
 É possível encontrar vários tipos de “amor” no romance.
 Ao longo da narração é notória a oposição entre o amor de Baltasar e Blimunda
(amor verdadeiro) e o amor do rei D. João V e da rainha D. Ana (amor contratual).
 Baltasar e Blimunda amam-se verdadeiramente e constroem uma união de plena
partilha e comunhão; completam-se (como os seus cognomes, Sete-Sóis e Sete-
Luas, indicam) facto que será simbolizado na construção da Passarola uma vez que
os dois dividem as tarefas entre si e apenas com a articulação do esforço de ambos
é possível terminar a construção da aeronave.
 D. João V e D. Ana, por contraste, possuem uma união meramente contratual e
institucional na qual o sentimento de amor está ausente.
Sonho
 Tem por base a crença de certas personagens na capacidade do Homem de
ultrapassar as suas limitações e realizar o que antes lhe parecia impossível.
 Por exemplo, a construção da Passarola, começou por ser um sonho censurado por
alguns (Inquisição) e troçado por outros.
 Ao longo da narrativa subjaz a concretização de um outro sonho, maior e utópico,
de transformar a sociedade e de fazer um mundo melhor e mais humano: mas
esse é um projeto mais vasto para o qual contribuem neste romance a apologia do
verdadeiro amor, a celebração do sonho e a valorização do Homem.
Conhecimento
 Tematizado neste romance uma vez que é fundamental para a construção do
sonho e para o progresso da humanidade.
 A ciência, que ilustra a grandeza do Homem, é essencial na construção, tanto do
convento, como da Passarola.
 No entanto, são valorizados outros tipos de saberes e, de facto, tanto a alquimia
(Química da Antiguidade) como os poderes de Blimunda (que lhe permitem ver
“mais longe” e ter um melhor conhecimento da realidade) são necessários na
recolha das vontades humanas e na construção da máquina voadora.
 Ciência e “magia”, racional e irracional deixam de estar em competição para
passarem a coexistir complementando-se.
Injustiça social
 Este romance celebra o esforço dos trabalhadores (epopeia do trabalho), que em
condições muito difíceis e perigosas se empenharam na construção faraónica do
Convento de Mafra.
 Alguns dos trabalhadores morreram, outros ficaram feridos, mas todos foram
reduzidos à condição de “animais”, próximos da escravatura, o seu trabalho foi
explorado e as suas vidas foram consumidas devido aos interesses da Igreja e da
coroa.
 É também injusta a situação em que vive grande parte do povo, que sobrevive no
limiar da pobreza enquanto classes mais altas (rei, nobreza e alto clero) prosperam
num dos períodos mais faustosos da História de Portugal, revelando ostentação,
futilidade e parasitismo.
 Esta injustiça social também se fez sentir nas práticas da Inquisição e da Igreja
Católica.
 Não pode haver justiça enquanto houver opressão (social, religiosa, política ou na
forma de exploração de trabalho), os homens não têm liberdade de expressão ou
de pensamento.
Religião
 São denunciadas as práticas desumanas e a intolerância da Igreja Católica e da
Inquisição, instituições cujo relevo na época era elevado e que se associavam ao
poder político condicionando-o.
 O obscurantismo religioso revela-se também na perseguição e na censura de ideias
inovadoras (como a Passarola) ou apenas diferentes (como a alquimia e a magia).
Ideologia
O romance incita uma visão progressista da sociedade e uma proposta de
transformação do mundo e dos costumes.
Estas ideias têm origem nas crenças de inspiração marxista* de José Saramago.
*Marxismo: sistema ideológico que visa a emancipação humana e a construção de uma sociedade sem
classes e igualitária.
Género, Estrutura e Ação
Como já vimos, em termos de género literário o Memorial do Convento é um romance.
Classificando-o quanto ao subgénero podemos enquadrá-lo como romance histórico,
social e de intervenção.
Em termos de estrutura, a obra é uma narrativa em prosa dividida em 25 capítulos.
 Na estrutura interna os acontecimentos desenrolam-se, maioritariamente,
segundo uma ordem cronológica linear, embora existam várias elipses narrativas,
com algumas alterações na lógica temporal dos acontecimentos (analepses e
prolepses) e com pequenas narrativas encaixadas.
É possível distinguir quatro linhas narrativas no romance:
 Governação de D. João V- ação das instituições e figuras associadas à Coroa e ao
poder político: Igreja, Inquisição, nobres (…). Inclui episódios como a promessa do
rei, o auto-de-fé, a Procissão do Corpo de Deus, etc.
 Baltasar e Blimunda- desde o regresso de Sete-Sóis da guerra e do momento em
que conhece Sete-Luas no auto-de-fé, passando pelo trabalho na construção da
Passarola e a sua estadia em Mafra, e terminando na morte de Baltasar na
fogueira da Inquisição.
 Passarola- todo o processo de planificação, construção e voo da Passarola,
corresponde a outra linha de ação, cujo motor dos acontecimentos é o Padre
Bartolomeu de Gusmão e que se entrelaça na narração do casal Baltasar e
Blimunda.
 Convento de Mafra- diz respeito aos episódios de edificação do monumento. Este
vetor diegético* cruza-se com a Governação de D. João V e a vida de Baltasar e
Blimunda.
*Diegético: relativo à narração
Narrador
O narrador principal de Memorial do Convento é uma entidade heterodiegética:
exterior à narrativa, não participa na ação como personagem. No entanto, em certas
passagens narrativas é invocada a primeira pessoa do plural (nós) de modo a criar
cumplicidade com o narratário.
Permite que se afaste dos factos relatados para os analisar com distanciação e de
forma crítica.
Quanto à focalização o narrador principal é omnisciente, ou seja, tem um
conhecimento global dos factos relatados e das personagens acedendo mesmo à sua
mente. O narrador é contemporâneo ao leitor pelo que a sua visão abrange tanto o
passado como o futuro e o presente, conferindo-lhe uma perspetiva trans-histórica
(por exemplo, no recurso a analepses ou prolepses ou no uso de elementos da nossa
atualidade como o avião).
Quanto à posição o narrador é interventivo, comenta e julga a ação que narra.
Existem também outros narradores homodiegéticos, de perspetiva interna
que nos proporciona uma visão subjetiva e personalizada das vivências das
personagens.
Espaço
Espaço Físico
 Os espaços principais deste romance são:
- Lisboa: Terreiro do Paço, Rossio, S. Sebastião da Pedreira;
- Mafra: Alto da Vela, Ilha da Madeira.
Espaço Social
 O espaço social está associado ao ambiente gerado pela interação das
personagens num dado local, através do qual é possível proceder à caracterização
de um determinado grupo social.
 Através da descrição fornecida do modo de vida da Corte no palácio, no Terreiro
do Paço e das condições em que vive o povo, tanto em Lisboa como em Mafra,
apercebemo-nos de uma acentuada desigualdade entre os privilegiados e os mais
desfavorecidos.
 O povo vive na miséria enquanto D. João V pensa em maneiras de gastar dinheiro
no reino.
 A opressão dos populares é notória, não apenas pela descrição das condições em
que vivem mas também pelo facto de serem as principais vítimas da
megalomania* do rei.
 Outra característica visível da sociedade é a sua hipocrisia: sob a aparência de uma
intensa devoção, um comportamento obrigatório, todos os rituais religiosos são
oportunidades para a prática de sedução ou do adultério.
 Esta sociedade é também marcada pelo gosto pela violência, que parece funcionar
como forma de se libertar dos seus instintos mais agressivos e que é visível, por
exemplo, na autoflagelação que se verifica na procissão dos penitentes da
Quaresma, nas touradas e nos autos-de-fé.
*Megalomania: mania das grandezas.
Espaço psicológico
 O espaço psicológico diz respeito aos momentos da narrativa em que é possível ter
acesso ao mundo interior das personagens, às suas reflexões, sentimentos,
sonhos, etc.
 Este espaço é notório na referência aos sonhos de D. Ana com o infante D.
Francisco, onde é possível perceber a sua atração pelo cunhado.
 Pode destacar-se também o monólogo e Bartolomeu de Gusmão sobre a natureza
de Deus, manifestando dúvidas em relação aos dogmas* da doutrina católica.
*Dogma: base na qual assenta uma crença.
Tempo
Tempo da História
 A narrativa inicia-se em 1711 e termina em 1739.
 É ainda em 1711, quando a rainha D. Ana vai no quinto mês de gravidez que se
desenrola o auto-de-fé em que Baltasar e Blimunda se conhecem.
 A referência cronológica seguinte surge no momento da bênção da primeira pedra
do convento de Mafra. A expressão “sempre são seis anos de casos acontecidos”
mostra que esta cerimónia ocorre em 1717.
 Em dezembro desse ano, após assistirem à cerimónia, Baltasar e Blimunda
regressam a Lisboa, a pedido de Bartolomeu de Gusmão para continuarem a
construção da Passarola.
 Em 1729, a infanta Maria Bárbara casa-se com o príncipe D. Fernando, e o príncipe
D. José casa-se com a infanta espanhola Mariana Vitória.
 No dia 22 de outubro de 1730, data do quadragésimo primeiro aniversário de D.
João V, é feita a sagração do Convento de Mafra.
 A narrativa termina em 1739, nove anos após a sagração do convento (período da
intensa procura de Blimunda por Baltasar) quando Blimunda reconhece Baltasar
num dos condenados ao auto-de-fé, no Rossio.
Tempo do Discurso
 Está relacionado com a forma como o tempo da história é trabalhado na narrativa.
 A narração pode ser feita por ordem cronológica, mas esta pode ser alterada
através de analepses ou prolepses.
Personagens
Baltasar
 Homem do povo, tinha como alcunha de família “Sete-Sóis”.
 Regressou da guerra, onde perdeu a mão esquerda.
 É obrigado a lutar contra a miséria, devido à falta de apoios (crítica À indiferença
dos poderosos por aqueles que lutaram pelas suas causas).
 Quando chega a Lisboa conhece Blimunda e o padre Bartolomeu de Gusmão num
auto-de-fé.
 Apaixona-se por Blimunda e nessa mesma noite consumam a sua paixão.
 Na “Trindade terrestre” representa a força física necessária à construção da
Passarola.
 Após a morte de Bartolomeu, continua a manutenção da Passarola em conjunto
com Blimunda.
 Esta transgressão acaba por ser a causa da sua morte na fogueira.
Blimunda
 É batizada pelo padre Bartolomeu de Gusmão como “Sete-Luas”.
 Mulher do povo, filha de Sebastiana de Jesus, que foi acusada de ser blasfema e
herética por ter visões e condenada a ser açoitada em público e a oito anos de
degredo em Angola.
 Blimunda, tal como sua mãe, também tinha um dom, a capacidade de ver o
interior das pessoas.
 Este dom estende-se a toda a sua personalidade, conferindo-lhe uma profunda
inteligência e sabedoria.
 É a dimensão espiritual da “trindade terrestre” formada por ela, Baltasar e
Bartolomeu de Gusmão.
 Será a responsável pela recolha das “vontades dos vivos”, ingrediente fundamental
para a concretização da Passarola.
 O amor que sentia por Baltasar levou-a a procurá-lo por nove anos, e quando o
avista condenado no auto-de-fé quebra a promessa de nunca o “ver por dentro” e
recolhe a sua vontade (indício da sua sabedoria, demonstração de respeito pelo
homem que ama).
o Casal Baltasar/Blimunda:
- Tipifica o amor ideal, aquele que é feito por entrega mútua e espontânea, de
ternura e cumplicidade.
- Sagraram a sua união tanto através da bênção simbólica de o Padre
Bartolomeu Lourenço lhes dá quando Blimunda come com a colher que o
Baltasar utilizara, como através da cruz que Blimunda faz com o seu sangue
sobre o coração de Baltasar na primeira noite que passam juntos.
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
 A personagem é conhecida como o “Voador”, por alimentar o sonho de voar.
 Tal como o casal Blimunda e Baltasar, também o padre foge aos cânones da época,
na medida em que, para concretizar o seu projeto, não hesita em aproximar-se de
Sebastiana de Jesus que foi condenada pela Inquisição por ter visões, e
posteriormente de Blimunda, também suscetível pelos seus poderes a ser
condenada por feitiçaria pelos seus poderes.
 Quebra as regras da Inquisição e prossegue com a concretização do seu projeto, a
máquina voadora.
 Na “trindade terrestre” representa o conhecimento científico, graças ao qual
assume uma postura antidogmática, que o leva a pôr em causa a doutrina da Igreja
provocando nele mesmo uma profunda crise de fé e entra numa angústia e
inquietação, posteriormente agravada pelo facto de começar a ser perseguido pela
Inquisição.
 Após conseguir fugir ao tribunal eclesiástico tenta deitar fogo à Passarola (o que
demonstra a capacidade que a Inquisição possui de deitar abaixo os homens de tal
forma que os leva a destruir os próprios sonhos).
 Desaparece, tendo depois enlouquecido e morrido em Toledo.
Domenico Scarlatti
 Mestre da capela real e professor de cravo* da infanta Maria Bárbara.
 No paço trava conhecimentos com Bartolomeu de Gusmão, tendo este acabado
por partilha com Scarlatti o segredo da construção da Passarola.
 É o quarto elemento da “trindade terrestre” e representa a dimensão artística.
 A arte, neste caso a música, será fundamental para o sucesso da empresa, já que é
graças a ela que Blimunda recupera do estado de esgotamento após a recolhas das
vontades durante um surto de peste.
 Sugere-se que tanto a arte como o conhecimento científico são fundamentais na
concretização dos sonhos do Homem, permitindo-lhe evoluir tanto a nível
espiritual como técnico.
D. João V
 Apesar do interesse que demonstra pelo progresso científico e do facto de
contratar Scarlatti para dar lições de cravo à infanta Maria Bárbara, destacam-se,
sobretudo, os aspetos negativos do rei.
 Decide, com a sua megalomania, contruir o Convento de Mafra que vai
aumentando à custa do tesouro do país e do sofrimento e morte de muitos
homens do povo.
 A indiferença do rei em relação à miséria em que vivem os mais desfavorecidos é
notável também pelo facto de viver num ambiente faustoso no corte que se dedica
inteiramente a cerimónias ocas e de adulação do monarca.
 Outra característica negativa, e bem visível, é a maneira desprezível como encara a
sua relação com a rainha, não se unem por amor, mas sim como dever, para além
da sua infidelidade para com a rainha.
 A sua vivência religiosa é também marcada pela hipocrisia, apesar de parecer
devoto assistindo a cerimónias e a autos-de-fé e prometendo contruir o convento,
é ostensivamente infiel à rainha contando com freiras como suas amantes.
 A vaidade e a megalomania levam-no mesmo a ponderar construir em Portugal
uma réplica da Basílica de São Pedro em Roma.
D. Maria Ana Josefa
 Típica mulher do século XVIII: submissa ao marido, mero instrumento de
procriação, reprimida, recatada e profundamente devota.
 Vive enclausurada no palácio, do qual apenas se ausenta para cumprir as suas
obrigações religiosas.
 A sua relação com o rei não envolve qualquer tipo de afeto, sendo marcada apenas
por dois encontros por semana nos quais as excessivas formalidades privam os reis
de qualquer privacidade.
 A única maneira de se libertar da repressão em que vive é através dos sonhos que
tem com o cunhado. No entanto quando se apercebe que o único desejo de D.
Francisco é o poder perde o interesse.
 Toma consciência da infidelidade do marido vivendo numa grande infelicidade.
o Casal D. João V/ D. Ana:
- Opõe-se ao casal Baltasar/Blimunda.
- Possuem uma relação que põe em causa todas as normas.
- O casamentos entre os reis assemelha-se a um contrato desequilibrado, em
que apenas a figura feminina é obrigada a cumprir os votos de fidelidade.
- Neste tipo de união a mulher é instrumentalizada, servindo como meio para
alcançar descendência.
Povo
 É visto como o verdadeiro responsável pela construção do Convento de Mafra.
 Foi devido ao seu esforço e sofrido que se edificou o monumento.
Símbolos
“Sete-Sóis” /” Sete-Luas”
 A referência ao número sete está associada a um ciclo completo de tempo, à
tonalidade e à perfeição, pode ser uma evidência da plenitude que caracteriza este
casal.
 A oposição Sol/Lua mostra a complementaridade destas personagens.
 Baltasar é associado ao Sol (elemento relacionado com o masculino) pois “vê às
claras”, representa a dimensão apolínea do casal, estando fortemente ligado à
realidade e com o seu pragmatismo e trabalho manual consegue “dar vida” ao
sonho da máquina voadora.
 Blimunda é associada à Lua (elemento relacionado com o feminino) porque “vê às
escuras”, tem poderes que estão associados ao subconsciente e lhe permitem ver
o oculto. A relação entre Blimunda e a Lua está evidenciada pelo facto do seu dom
ser influenciada pelas fases do astro.
 Tal como a Lua está associada ao renascimento, também Blimunda vem trazer
novas vidas às vontades dos vivos que serão fundamentais para a concretização do
sonho do padre Bartolomeu de Gusmão.
Colher
 Representa a aceitação mútua e o facto de que, a partir do momento da partilha
da mesma, Baltasar e Blimunda encontram-se simbolicamente casados.
Passarola
 O facto de que a Passarola apenas pode voar devido às vontades recolhidas
evidencia simbolicamente o poder da vontade humana, graças à qual é possível
realizar todos os sonhos, mesmo que pareçam impossíveis.
 Pode ser também vista como uma fuga à opressão criada pela Inquisição.
 Poderá também opor-se ao peso, sofrimento e dor associados à construção do
Convento de Mafra. Demonstra que a mesma vontade que permitiu à Passarola
voar pode libertar os homens da repressão e da humilhação.
Resumos
Capítulo 1
 Assunção de um forte desejo por parte de D. João V e de D. Maria Ana Josefa de
terem um filho varão que assegure a sucessão.
 A rainha não consegue engravidar, a culpa é da mulher e não do homem uma vez
que o reino se encontra cheio de bastardos do rei e esterilidade não mal dos
homens.
 Floreados desnecessários no encontro entre o rei e a rainha.
 D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, traz consigo um frade velho, frei António de S.
José. Ao falar com o rei dá a notícia de que se o rei prometer levantar um convento
na vila de Mafra Deus lhe daria sucessão.
 Encontro consumado entre rei e a rainha, caricatura do encontro pouco natural
recorrendo ao uso de expressões de linguagem popular e existência de percevejos
que atacam pobres e ricos.
 Exposição do desejo da rainha em relação ao seu cunhado infante D. Francisco.
 D. João V sonha com a edificação do convento que se erguerá devido ao seu sexo.
Capítulo 2
 Caracterização das mentalidades fradescas, muito ligadas à crendice e a favores
divinos em troca de atos de honra e proveito.
 Referência a milagres franciscanos que auguram a promessa real, apresentação de
casos como frei Miguel de Anunciação cujo corpo não foi corrompido após a
morte; ou Santo António que por milagre vigiava altares e capelas “castigando”
que mal lhes quisesse fazer.
 Crítica do narrador face à riqueza excessiva do clero num mundo de extrema
pobreza.
Capítulo 3
 Enquadramento espaciotemporal e respetiva caracterização.
 Descrição da cidade de Lisboa como “pocilga”, cheira mal a podridão.
 Reflexões sobre as condições de vida em Lisboa, e as várias oposições entre quem
tem tudo e quem nada tem.
 Crítica a hábitos religiosos, à procissão da penitência e à Quaresma.
 Mulheres eufóricas com o sofrimento dos homens de uma forma erótica.
 A rainha já se encontra grávida.
 Sonho de D. Maria Ana com o seu cunhado.
Capítulo 4
 Apresentação da personagem Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, e caracterização do
ambiente.
 Baltasar Mateus Sete-Sóis: 26 anos, natural de Mafra, com falta da mão esquerda
devido a um incidente enquanto exercia a sua função de soldado na Batalha de
Jerez de los Caballeros (Espanha).
 Pediu esmola em Évora para poder arranjar dinheiro para comprar o gancho de
ferro que lhe substituiria a mão.
 Percurso até Lisboa, onde vive muitas dificuldades.
 Indecisão de Baltasar: regressar a Mafra ou dirigir-se ao Terreiro do Paço (Lisboa)
e pedir dinheiro pela mutilação na guerra.
 Encontro de Baltasar Sete-Sóis com um amigo, antigo soldado: João Elvas.
 Referências ao crime na cidade lisboeta e ao Limoeiro.
Capítulo 5
 Apresentação de Blimunda.
 Fragilidade de D. Maria Ana, com a gravidez e a morte do seu irmão, José
Imperador da Áustria.
 Ocorrência de um auto-de-fé que caracteriza as mentalidades rosto da
Inquisição, mas também expõe a insensibilidade do povo que festeja.
 Enumeração de condenados e o motivo das condenações.
 Referência à mãe de Blimunda, Sebastiana Maria de Jesus.
 Introdução do maravilhoso na narrativa através da caracterização de Sebastiana de
Jesus e Blimunda e da atribuição de poderes mágicos.
 Proximidade das personagens Blimunda, Bartolomeu Lourenço e Baltasar durante
o auto-de-fé.
 Casamento de Blimunda e Baltasar abençoado pelo padre Bartolomeu após a
partilha de uma colher de sopa, que simboliza a comunhão. A espontaneidade e
simplicidade deste casamento contrasta com o casamento contratual e encenado
do casal rei/rainha.
 Blimunda promete a Baltasar nunca o olhar “por dentro”.
 A expressividade da linguagem assume particular relevo na crítica à mentalidade
de uma sociedade pouco evoluída e dominada pela Igreja.
Capítulo 6
 Apresentação do espaço onde vai ser construída a Passarola.
 Padre Bartolomeu interessa-se pelo caso de Baltasar e tenta saber junto dos
desembargadores se ele tem direito a uma pensão por ter regressado da guerra
sem uma mão.
 Descrição do padre, nasceu no Brasil, possuidor de grande inteligência e
conhecimento.
 Introdução do sonho da narrativa com a apresentação da Passarola imaginada
pelo padre, a quem já chamam voador pelos ensaios que tem feito com balões.
 O padre e Baltasar visitam, então, a quinta do duque de Aveiro em São Sebastião
da Pedreira, onde el-rei consente os “experimentos” do padre.
 Descrição da Passarola feita a Baltasar através do desenho do padre.
 Baltasar refere-se a Blimunda e ao que nela transcende a sua compreensão, quer
saber o seu segredo.
 O padre convida Baltasar a participar na construção da Passarola e tenta
convencê-lo com o argumento que também Deus é maneta da mão esquerda.
Capítulo 7
 O nascimento do herdeiro da coroa.
 Trabalho de Baltasar no açougue.
 Evolução da gravidez da rainha, infelizmente para o rei era uma menina.
 Descrição da solenidade que envolvem o batismo da princesa, de nome Maria
Xavier Francisca Leonor Bárbara.
 Os luxos da realeza exigem trabalhos redobrados do povo, queixa de Sete-Sóis.
 Morte do frade que formulou a promessa ao rei  fidelidade de D. João V perante
a promessa real.
 Rendição das frotas portuguesas do Brasil aos franceses.
Capítulo 8
 A revelação do segredo de Blimunda. Referência a aspetos circunstanciais da vida
da cidade e das suas gentes. O nascimento do infante D. Pedro.
 Baltasar pede a Blimunda que lhe diga por que motivo come pão antes de abrir os
olhos.
 Após muita relutância, Blimunda satisfaz o pedido de Baltasar e conta o seu
segredo. Baltasar não acredita e pede provas e Blimunda promete dar-lhas. No dia
seguinte, Blimunda cumpre o prometido.
 Caracterização da nobreza e do clero.
 O infante D. Francisco entretém-se a fazer pontaria aos marinheiros empoleirados
nas vergas dos barcos, indiferente às consequências.  vista crítica sobre a
ociosidade da nobreza e o compadrio do governador com os franceses, que
saqueiam tudo o que encontram.
 Relatório caricato do caso do clérigo mulherengo.
 Baltasar não obteve notícias do pedido da sua pensão.
 Breve referência ao nascimento do príncipe D. Pedro e da ida a Mafra de el-rei
escolher “o sítio onde há de ser levantado o convento”.
Capítulo 9
 Contrariedades
 Baltasar e Blimunda vão viver para São Sebastião da Pedreira onde o casal revela a
intimidade e cumplicidade de uma união perfeita.
 A construção da Passarola constitui uma preocupação para:
o O padre  pois reconhece a impossibilidade de a máquina voar sem éter;
o Baltasar que reconhece a inutilidade de todo o seu esforço;
o Blimunda  vendo mais que os outros, verificará a má qualidade do ferro;
 O padre Bartolomeu batiza a Blimunda de “Sete-Luas”.
 Partida do padre para a Holanda em busca do elemento que permitirá à Passarola
voar e de que modo o consegue introduzir nas esferas.
 Contrariedades a nível do quotidiano:
o Manifestação das freiras contra as ordens de el-rei  chamada de atenção
para os costumes dissolutos das ordens religiosas;
o Realização de mais um auto-de-fé;
o Realização de uma tourada  a barbárie contra pessoas e animais perante a
alegria do povo remete-nos para a caracterização “de uma sociedade
dominada por um obscurantismo ferrenho”.
Capítulo 10
 O regresso de Baltasar a Mafra. Uniões reais e plebeias. Funerais reais e plebeus.
 Baltasar é recebido pelos pais. Alegria e aflição no primeiro encontro pois dói à
mãe de Baltasar o facto de o filho ter perdido uma mão na guerra. O pai de
Baltasar dá a notícia de que teve de vender as terras devido à construção do
convento. Blimunda é apresentada à família de Baltasar.
 O sobrinho de Baltasar, filho da sua irmã Inês Antónia e Álvaro Diogo, morre 
estabelece-se a comparação entre o funeral realizado ao infante D. Pedro e o
sobrinho de Baltasar.
 Constatação das diferenças entre o casal Baltasar/Blimunda e Rei/rainha.
 Referência à religiosidade de D. Maria Ana. Fica sozinha em Lisboa a rezar e o
infante D. Francisco reconhece a fraqueza da cunhada e tenta aproveitar-se disso
 D. Maria Ana compreende afinal a origem do interessa que o cunhado mostrava
por ela.
Capítulo 11
 Este capítulo elege o sonho como tema central.
 Após 3 anos, Bartolomeu Lourenço regressa da Holanda, vai a São Sebastião e vai
voltar para Coimbra para adquirir um grau académico.
 Padre explica a Baltasar e Blimunda que o éter é, então, composto pelas vontades
dos vivos. Dados os poderes de Blimunda, é atribuída a esta a função de recolher
as vontades das pessoas colocando-as num frasco de vidro que contém uma
pastilha de âmbar que atrairá as vontades.
 Baltasar construirá a máquina, portanto vai, com Blimunda, para Lisboa.
 A “trindade terrestre” reunir-se-á novamente quando chegar o dia de voar.
Capítulo 12
 El-rei vai a Mafra benzer e lançar a primeira pedra do convento.
 A família de Baltasar reúne-se após a missa. Álvaro Diogo está feliz pois arranjou
trabalho na construção do convento e terá trabalho por muitos anos.
 Blimunda decide ir à missa em jejum. Descobre que o que está dentro da hóstia é
o mesmo que está dentro do Homem  existência de Deus e as bases da religião
são postas em causa.
 Referência, novamente, à união pura entre Baltasar e Blimunda.
 Bênção da pedra principal feita com grande solenidade. Ergueu-se uma igreja de
madeira para celebrar “o ato da bênção e da inauguração”. Saliente-se a grandeza
do espetáculo no dia da inauguração. A hierarquia da Igreja ostenta riqueza e
poder, que a casa real legitima com a sua presença. O povo é relatado como “sujo”
demais para entrar na Igreja.
 Apesar de esmagado pelo trabalho e pela miséria, o povo adere com entusiasmo a
qualquer acontecimento  comportamento que revela a sua incapacidade de
encarar criticamente os factos.
 Após a cerimónia, Baltasar e Blimunda regressam a Lisboa.
Capítulo 13
 A recolha das vontades por Blimunda.
 Quando Baltasar e Blimunda chegam a São Sebastião da Pedreira deparam-se com
a degradação dos materiais da Passarola.
 Decidem esperar pelo padre para ver que solução dariam àquele “esqueleto
metálico”. Blimunda insiste para que Baltasar construa uma forja e um fole. A
desmoralização de Baltasar perante as dificuldades leva Blimunda a afirmar que é
melhor que seja ele a fazer o trabalho.  este pequeno episódio revela a
importância da persistência na concretização dos sonhos, nada se alcança sem
esforço e sem vontade de viver.
 O padre dirige-se a Blimunda e relembra que são necessárias, pelo menos, duas
mil vontades.  este número excessivo revela a grande força de vontade essencial
para fazer a Passarola voar.
 Blimunda vai recolher as vontades na procissão.
 O padre regressa a Coimbra. Baltasar e Blimunda continuam o seu trabalho na
máquina.
 Blimunda perde as suas capacidades visionárias com a chegada da Lua Nova.
Capítulo 14
 A chegada a Portugal de Domenico Scarlatti.
 O narrador perde algum tempo na composição da descrição do padre.
 O casal real, o padre e mais umas trinta pessoas assistem à aula de música da
infanta Maria Bárbara lecionada por Domenico Scarlatti, vindo de Londres á um
ano.
 Ficamos a saber que já onze anos se passaram quando el-rei pergunta pela
Passarola ao padre Bartolomeu.
 O padre e Domenico iniciam uma amizade após o padre ter gostado de o ouvir
tocar. Passados alguns dias, o padre convida o músico a ir a São Sebastião da
Pedreira ver a Passarola.
 Domenico demonstra interesse em juntar-se ao projeto.
 Na génese da máquina estiveram a invenção e a criatividade (o padre), a força do
trabalho (Baltasar), a força de vontade (Blimunda) às quais se juntaria agora a
subtileza da arte representada por Scarlatti.  quatro aparece como símbolo da
totalidade.
 O padre dá mostras de grande ansiedade e perturbação ao ensaiar o seu sermão.
Afligiam-no as verdades da fé.
Capítulo 15
 Scarlatti toca para Blimunda.
 O sermão do padre passou na censura do Santo Ofício.
 Bartolomeu de Gusmão atormenta-se devido às variadas facetas da sua vida. Não
encontra o limite entre cada uma das suas identidades.  verifica-se uma
instabilidade emocional.
 Scarlatti traz um cravo para São Sebastião onde se encontra a Passarola e toca
enquanto o casal trabalha. Confessa que se a máquina voar ele gostava de ir nela.
 Aparecimento de uma epidemia de peste em Lisboa. Devido à morte de muitas
pessoas, o padre considera que seria uma boa oportunidade para Blimunda ir
recolher as vontades, mas avisa-a dos perigos que corre. Assim sendo, Baltasar e
Blimunda partem para Lisboa, durante cerca de um mês, a recolher vontades.
 Blimunda adoece e foi a música de Domenico Scarlatti que a curou  mais uma
vez, aparecimento da vertente mágica na narração, a música é a arte de atingir a
perfeição.
 Baltasar e Blimunda dão pela falta do padre e vão a sua casa dar-lhe a notícia de
que a Passarola está pronta, mas encontram-no em mau estado. As suas dúvidas e
desconfianças persistem.
Capítulo 16
 O voo da Passarola.
 Inicia-se com uma reflexão sobre a (in)justiça, os julgamentos do Santo Ofício e a
falta de isenção na perseguição das vítimas.  passagem marcada pela ironia.
 A coroa perdeu a demanda em que andava com o duque de Aveiro, e assim el-rei
tem de devolver os seus bens, incluindo a quinta de São Sebastião da Pedreira.
 Baltasar e Blimunda interpelam o padre sobre o seu futuro. Estranham a
inquietação do padre.
 O Santo Ofício anda à procura do padre e este decide fugir na Passarola, levando
consigo Baltasar e Blimunda. Entram os três na Passarola para tentarem a grande
aventura. Em terra, Scarlatti viu-os descolar na máquina e dirigiu-se à abegoaria,
mas apenas encontrou destroços da partida. Apercebeu-se do perigo que corria se
ali deixasse o seu cravo então atirou-o a um poço.
Capítulo 17
 Dificuldades na construção do convento. A morte do padre Bartolomeu Lourenço
de Gusmão.
 Em Mafra, Baltasar pede a Álvaro Diogo que lhe arranje emprego. (a mãe de
Baltasar já tinha morrido). Baltasar é aceite para trabalhar no convento e conhece
a “Ilha da Madeira” onde os trabalhadores pernoitam sem quaisquer condições.
 Referência às duras dificuldades na construção do convento. Distrações patéticas
dos trabalhadores que vão escorregando no lamaçal devido à chuva intensa que
tem caído em Mafra.
 Baltasar visita Monte Junto para melhor esconder a Passarola.
 Blimunda vai ao encontro de Baltasar e diz que Scarlatti está em Mafra.
 Encontro de Blimunda e Scarlatti, em que este se mostra preocupado com ela e
Baltasar lhe diz que o padre Bartolomeu morreu louco em Toledo.
Capítulo 18
 A construção do convento.
 Inicia-se com a referência ao poema “Infante”, de Fernando Pessoa.  prolepse
em “por ora ainda não nascido”
 Enumeração das riquezas que vêm das colónias.
 Crítica aos “toscos artífices” que nada entendem de arte. Daí D. João V requerer
somente pedra, tijolo e lenha de Portugal. Numa demonstração de vaidade e
poder, todos os adornos vêm do estrangeiro.
 Oito anos se passam desde o inicio da construção, 20000 homens trabalham no
convento.
 Inauguração da capela precedida de uma missa.
 Apresentação de diversas personagens que trabalham no convento: Francisco
Marques, José Pequeno, Joaquim Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau-
Tempo. Lamentos dos mesmos que estão há já muito tempo longe da família.
 Baltasar já com 40 anos conta a sua história de vida.
 O sino da Igreja toca as trindades e os homens regressam à “Ilha da Madeira” e
rezam.
Capítulo 19
 O transporte da pedra Benedictione.
 Narração dos trabalhos árduos, de força bruta, que os homens exercem
forçosamente.
 Baltasar passa a trabalhar com uma junta de bois e sabe-se que os homens têm de
ir a Pêro Pinheiro buscar uma pedra gigantesca chamada Benedictione.
 Enumeração dos trabalhadores de A a Z para os imortalizar, não pela beleza do
corpo ou do semblante, mas pelo esforço dispendioso no meio do desconforto de
condições indignas.
 Grandes dificuldades, não só na colocação da pedra em cima do carro que a
transportaria, mas também no percurso, que era íngreme e sinuoso. Referência ao
esforço heroico dos trabalhadores.  segundo o narrador, são as vaidades e os
“tolos orgulhosos” que levam a esquecer a brutalidade do esforço exigido ao povo
e a atribuir a D. João a construção do convento de Mafra.
 Para tornar o quadro mais dolorosamente verosímil, ainda são referidos os dramas
humanos que envolveram a morte de Francisco Marques, esmagado debaixo do
carro e o caso de um outro que ficou sem um pé num acidente.  surge a
comparação entre estes acontecimentos e um campo de batalha, com “os seus
mortos e feridos”.
Capítulo 20
 Blimunda e Baltasar mantêm vivo o sonho.
 Três anos passaram desde que a Passarola desceu em Monte Junto. Durante esse
tempo, Baltasar regressou ao local para tentar remediar os estragos mais
evidentes.
 Baltasar e Blimunda vão os dois ver a Passarola. Pelo facto de apenas estas
personagens acreditarem no sonho, o narrador descreve o longo caminho entre
Mafra e Monte Junto como “sonho”, tranquilo. Quando chegaram deparam-se
com nítidos sinais de abandono. Regressam a Mafra.
 Descrição em pormenor das condições em que vivem os operários.
Capítulo 21
 D. João V manda aumentar o convento.
 Brincadeira entre D. João e os seus filhos a construir uma maquete da Basílica de
São Pedro em Roma resulta na manifestação de um desejo megalómano, o de
querer construir uma basílica igual na sua corte. Mandou chamar Ludovice a fim de
lhe propor o seu desejo, ao qual Ludovice apresenta a impossibilidade de tal
desejo.
 El-rei decide aumentar o convento de Mafra para este albergar trezentos frades.
 Este capítulo é dedicado ao rei e ao modo como este geria pessoas e bens. É
leviano nas decisões e insensato, déspota pela forma como manda recrutar novos
trabalhadores (de forma abrupta), era também repressivo e ambicioso. 
enquadra-se neste contexto a paráfrase d’ Os Lusíadas aqui proferida por um
ancião “Ó glória, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça.”
Capítulo 22
 Acordos pré-nupciais.
 Infanta Maria Bárbara está prometida a Fernando de Espanha e Mariana Vitória
contrairá matrimónio com D. José, futuro rei de Portugal.
 Acompanhamos os reis e príncipes até Badajoz onde se encontrarão com os seus
prometidos.
 Descrição pormenorizada as peripécias da viagem. As dificuldades impostas pelo
clima da época são motivo de chamada de atenção para o esforço dos homens
que, devidos às circunstâncias, alternavam com os animais.
 Maria Bárbara pede a um oficial que vá saber quem eram os homens atados uns
aos outros na beira da estrada, este esclarece que são os homens que vão
trabalhar para Mafra.
 A infanta indigna-se com o facto de nunca ter ido a Mafra. Está envolvida no voto
que deu origem ao convento, mas confessa que nunca a tinham levado lá a vê-lo.
 Além de desencantada, a rainha é uma mulher amargurada. Não viveu o amor
experienciado por Blimunda e Baltasar. Chegou a refugiar-se no sonho e ver em D.
Francisco uma figura redentora até que descobriu o que o movia. A prática
religiosa, as rezas e as missam são o seu porto de abrigo de uma vida sem sentido.
 Sabemos que os sentimentos, geralmente, não são tidos em conta nas uniões
entre realeza. No entanto, o narrador realça, com humor, o aspeto de simples
troca de pessoas e bens.
Capítulo 23
 O desaparecimento de Baltasar.
 Enumeração dos dezoito santos provenientes de Itália, sendo português apenas
São João de Deus. Baltasar é o boieiro que leva este santo.
 Ironia na afirmação de que os santos de mármore parecem homens comuns.
 Baltasar admite sentir-se velho. É caracterizado pelo narrador tendo a barba cheia
de brancas, testa carregada de rugas, pescoço encorreado e ombros descaídos.
 Baltasar e Blimunda vão ver as estátuas e Baltasar avisa que no dia seguinte iria ver
da Passarola visto que já tinham passado seis meses desde a última vez.
 É feita a apreciação dos trabalhos do convento que já contam com treze anos.
“Parece pouco e é muito, se não demasiado.”
 O trabalho do homem é comparado com o de um gigante pois era este que devia
ter construído o convento  realce para a heroicidade do povo.
 Baltasar e Blimunda regressam a casa e entram numa barraca que existe no
quintal, onde fazem amor. Um amor já envelhecido.
 Na manhã seguinte o casal despede-se. Baltasar parte “com o coração apertado” e
chega à tarde “às primeiras elevações da serra do Barregudo.”
 Baltasar reconhece que a Passarola necessita de grandes reparações. Entra nela,
mas, de repente, o sol bate nas esferas e a máquina levantou voo.
Capítulo 24
 Tentativa de violação de Blimunda por um frade.
 Blimunda fica preocupada por Baltasar não aparecer e decide ir à sua procura.
 Ao longo do caminho, Blimunda vai reconhecendo alguns locais por onde ela e
Baltasar passaram.
 Para sua frustração, chega a Monte junto e vê que Baltasar não lá estava. Mas
Blimunda não desiste e persiste na busca pelo Sete-Sóis.
 Encontra-se depois com um frade dominicano a quem pergunta por Baltasar e este
aconselha-a a ir-se embora.  o aviso é um prenúncio do perigo que o próprio
frade vai personificar.
 Blimunda aproxima-se do convento e entra numas ruínas que ficavam ao lado,
estava tão cansada que acaba por adormecer. Acorda, de repente, com um som
“um pisar cauteloso, quase inaudível, mas próximo” e apercebe-se que é o frade
com que se tinha deparado e quais as suas intenções. Quando o frade a tenta
violar Blimunda ela mata-o com o espigão de Baltasar.  mesmo não estando
fisicamente presente é Baltasar que continua a proteger Blimunda.
 Blimunda continua a sua busca incessante por Baltasar.
 Entretanto, regressa a Mafra e depara-se com festejos e alegria do povo pela
inauguração do convento, era 22 de outubro de 1730.
 Descrição da festa e da procissão que demonstram a opulência da cerimónia.
Blimunda, alheia de toda a festa, decide procurar o marido fora de Mafra.  a
determinação em percorrer caminhos árduos e perigosos enaltece o seu amor por
Baltasar.
Capítulo 25
 Blimunda reencontra Baltasar.
 “Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar.”
 Breve descrição das condições climatéricas com que Blimunda se deparou na sua
busca.  novamente, o seu amor por Baltasar leva-a a superar as dificuldades.
 Blimunda ia perguntando às pessoas se alguém tinha visto Baltasar.
 Voltou a Mafra e soube pela cunhada da morte de Álvaro Diogo.
 Blimunda começa a confundir o espaço e o tempo. Percorre léguas e léguas entre
Portugal e Espanha.
 Volta a passar por Lisboa, vai em direção ao Rossio. 28 anos se passaram desde
que conheceu Baltasar.
 “Havia procissão em S. Domingos” e no meio dos onze supliciados encontra
Baltasar quase moribundo.
 Acaba por quebrar a sua promessa e retira a vontade a Baltasar pois “à terra
pertencia e Blimunda”  podemos afirmar que Baltasar morre apenas fisicamente
porque parte dele fica com Blimunda, é como se o sonho de libertação de ambos
permanecesse vivo na figura feminina.

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Memorial do convento

  • 2. Temas Amor  Tema central da narrativa.  É possível encontrar vários tipos de “amor” no romance.  Ao longo da narração é notória a oposição entre o amor de Baltasar e Blimunda (amor verdadeiro) e o amor do rei D. João V e da rainha D. Ana (amor contratual).  Baltasar e Blimunda amam-se verdadeiramente e constroem uma união de plena partilha e comunhão; completam-se (como os seus cognomes, Sete-Sóis e Sete- Luas, indicam) facto que será simbolizado na construção da Passarola uma vez que os dois dividem as tarefas entre si e apenas com a articulação do esforço de ambos é possível terminar a construção da aeronave.  D. João V e D. Ana, por contraste, possuem uma união meramente contratual e institucional na qual o sentimento de amor está ausente. Sonho  Tem por base a crença de certas personagens na capacidade do Homem de ultrapassar as suas limitações e realizar o que antes lhe parecia impossível.  Por exemplo, a construção da Passarola, começou por ser um sonho censurado por alguns (Inquisição) e troçado por outros.  Ao longo da narrativa subjaz a concretização de um outro sonho, maior e utópico, de transformar a sociedade e de fazer um mundo melhor e mais humano: mas esse é um projeto mais vasto para o qual contribuem neste romance a apologia do verdadeiro amor, a celebração do sonho e a valorização do Homem. Conhecimento  Tematizado neste romance uma vez que é fundamental para a construção do sonho e para o progresso da humanidade.  A ciência, que ilustra a grandeza do Homem, é essencial na construção, tanto do convento, como da Passarola.  No entanto, são valorizados outros tipos de saberes e, de facto, tanto a alquimia (Química da Antiguidade) como os poderes de Blimunda (que lhe permitem ver “mais longe” e ter um melhor conhecimento da realidade) são necessários na recolha das vontades humanas e na construção da máquina voadora.  Ciência e “magia”, racional e irracional deixam de estar em competição para passarem a coexistir complementando-se.
  • 3. Injustiça social  Este romance celebra o esforço dos trabalhadores (epopeia do trabalho), que em condições muito difíceis e perigosas se empenharam na construção faraónica do Convento de Mafra.  Alguns dos trabalhadores morreram, outros ficaram feridos, mas todos foram reduzidos à condição de “animais”, próximos da escravatura, o seu trabalho foi explorado e as suas vidas foram consumidas devido aos interesses da Igreja e da coroa.  É também injusta a situação em que vive grande parte do povo, que sobrevive no limiar da pobreza enquanto classes mais altas (rei, nobreza e alto clero) prosperam num dos períodos mais faustosos da História de Portugal, revelando ostentação, futilidade e parasitismo.  Esta injustiça social também se fez sentir nas práticas da Inquisição e da Igreja Católica.  Não pode haver justiça enquanto houver opressão (social, religiosa, política ou na forma de exploração de trabalho), os homens não têm liberdade de expressão ou de pensamento. Religião  São denunciadas as práticas desumanas e a intolerância da Igreja Católica e da Inquisição, instituições cujo relevo na época era elevado e que se associavam ao poder político condicionando-o.  O obscurantismo religioso revela-se também na perseguição e na censura de ideias inovadoras (como a Passarola) ou apenas diferentes (como a alquimia e a magia). Ideologia O romance incita uma visão progressista da sociedade e uma proposta de transformação do mundo e dos costumes. Estas ideias têm origem nas crenças de inspiração marxista* de José Saramago. *Marxismo: sistema ideológico que visa a emancipação humana e a construção de uma sociedade sem classes e igualitária.
  • 4. Género, Estrutura e Ação Como já vimos, em termos de género literário o Memorial do Convento é um romance. Classificando-o quanto ao subgénero podemos enquadrá-lo como romance histórico, social e de intervenção. Em termos de estrutura, a obra é uma narrativa em prosa dividida em 25 capítulos.  Na estrutura interna os acontecimentos desenrolam-se, maioritariamente, segundo uma ordem cronológica linear, embora existam várias elipses narrativas, com algumas alterações na lógica temporal dos acontecimentos (analepses e prolepses) e com pequenas narrativas encaixadas. É possível distinguir quatro linhas narrativas no romance:  Governação de D. João V- ação das instituições e figuras associadas à Coroa e ao poder político: Igreja, Inquisição, nobres (…). Inclui episódios como a promessa do rei, o auto-de-fé, a Procissão do Corpo de Deus, etc.  Baltasar e Blimunda- desde o regresso de Sete-Sóis da guerra e do momento em que conhece Sete-Luas no auto-de-fé, passando pelo trabalho na construção da Passarola e a sua estadia em Mafra, e terminando na morte de Baltasar na fogueira da Inquisição.  Passarola- todo o processo de planificação, construção e voo da Passarola, corresponde a outra linha de ação, cujo motor dos acontecimentos é o Padre Bartolomeu de Gusmão e que se entrelaça na narração do casal Baltasar e Blimunda.  Convento de Mafra- diz respeito aos episódios de edificação do monumento. Este vetor diegético* cruza-se com a Governação de D. João V e a vida de Baltasar e Blimunda. *Diegético: relativo à narração Narrador O narrador principal de Memorial do Convento é uma entidade heterodiegética: exterior à narrativa, não participa na ação como personagem. No entanto, em certas passagens narrativas é invocada a primeira pessoa do plural (nós) de modo a criar cumplicidade com o narratário. Permite que se afaste dos factos relatados para os analisar com distanciação e de forma crítica. Quanto à focalização o narrador principal é omnisciente, ou seja, tem um conhecimento global dos factos relatados e das personagens acedendo mesmo à sua mente. O narrador é contemporâneo ao leitor pelo que a sua visão abrange tanto o passado como o futuro e o presente, conferindo-lhe uma perspetiva trans-histórica (por exemplo, no recurso a analepses ou prolepses ou no uso de elementos da nossa atualidade como o avião). Quanto à posição o narrador é interventivo, comenta e julga a ação que narra.
  • 5. Existem também outros narradores homodiegéticos, de perspetiva interna que nos proporciona uma visão subjetiva e personalizada das vivências das personagens. Espaço Espaço Físico  Os espaços principais deste romance são: - Lisboa: Terreiro do Paço, Rossio, S. Sebastião da Pedreira; - Mafra: Alto da Vela, Ilha da Madeira. Espaço Social  O espaço social está associado ao ambiente gerado pela interação das personagens num dado local, através do qual é possível proceder à caracterização de um determinado grupo social.  Através da descrição fornecida do modo de vida da Corte no palácio, no Terreiro do Paço e das condições em que vive o povo, tanto em Lisboa como em Mafra, apercebemo-nos de uma acentuada desigualdade entre os privilegiados e os mais desfavorecidos.  O povo vive na miséria enquanto D. João V pensa em maneiras de gastar dinheiro no reino.  A opressão dos populares é notória, não apenas pela descrição das condições em que vivem mas também pelo facto de serem as principais vítimas da megalomania* do rei.  Outra característica visível da sociedade é a sua hipocrisia: sob a aparência de uma intensa devoção, um comportamento obrigatório, todos os rituais religiosos são oportunidades para a prática de sedução ou do adultério.  Esta sociedade é também marcada pelo gosto pela violência, que parece funcionar como forma de se libertar dos seus instintos mais agressivos e que é visível, por exemplo, na autoflagelação que se verifica na procissão dos penitentes da Quaresma, nas touradas e nos autos-de-fé. *Megalomania: mania das grandezas.
  • 6. Espaço psicológico  O espaço psicológico diz respeito aos momentos da narrativa em que é possível ter acesso ao mundo interior das personagens, às suas reflexões, sentimentos, sonhos, etc.  Este espaço é notório na referência aos sonhos de D. Ana com o infante D. Francisco, onde é possível perceber a sua atração pelo cunhado.  Pode destacar-se também o monólogo e Bartolomeu de Gusmão sobre a natureza de Deus, manifestando dúvidas em relação aos dogmas* da doutrina católica. *Dogma: base na qual assenta uma crença. Tempo Tempo da História  A narrativa inicia-se em 1711 e termina em 1739.  É ainda em 1711, quando a rainha D. Ana vai no quinto mês de gravidez que se desenrola o auto-de-fé em que Baltasar e Blimunda se conhecem.  A referência cronológica seguinte surge no momento da bênção da primeira pedra do convento de Mafra. A expressão “sempre são seis anos de casos acontecidos” mostra que esta cerimónia ocorre em 1717.  Em dezembro desse ano, após assistirem à cerimónia, Baltasar e Blimunda regressam a Lisboa, a pedido de Bartolomeu de Gusmão para continuarem a construção da Passarola.  Em 1729, a infanta Maria Bárbara casa-se com o príncipe D. Fernando, e o príncipe D. José casa-se com a infanta espanhola Mariana Vitória.  No dia 22 de outubro de 1730, data do quadragésimo primeiro aniversário de D. João V, é feita a sagração do Convento de Mafra.  A narrativa termina em 1739, nove anos após a sagração do convento (período da intensa procura de Blimunda por Baltasar) quando Blimunda reconhece Baltasar num dos condenados ao auto-de-fé, no Rossio. Tempo do Discurso  Está relacionado com a forma como o tempo da história é trabalhado na narrativa.  A narração pode ser feita por ordem cronológica, mas esta pode ser alterada através de analepses ou prolepses.
  • 7. Personagens Baltasar  Homem do povo, tinha como alcunha de família “Sete-Sóis”.  Regressou da guerra, onde perdeu a mão esquerda.  É obrigado a lutar contra a miséria, devido à falta de apoios (crítica À indiferença dos poderosos por aqueles que lutaram pelas suas causas).  Quando chega a Lisboa conhece Blimunda e o padre Bartolomeu de Gusmão num auto-de-fé.  Apaixona-se por Blimunda e nessa mesma noite consumam a sua paixão.  Na “Trindade terrestre” representa a força física necessária à construção da Passarola.  Após a morte de Bartolomeu, continua a manutenção da Passarola em conjunto com Blimunda.  Esta transgressão acaba por ser a causa da sua morte na fogueira. Blimunda  É batizada pelo padre Bartolomeu de Gusmão como “Sete-Luas”.  Mulher do povo, filha de Sebastiana de Jesus, que foi acusada de ser blasfema e herética por ter visões e condenada a ser açoitada em público e a oito anos de degredo em Angola.  Blimunda, tal como sua mãe, também tinha um dom, a capacidade de ver o interior das pessoas.  Este dom estende-se a toda a sua personalidade, conferindo-lhe uma profunda inteligência e sabedoria.  É a dimensão espiritual da “trindade terrestre” formada por ela, Baltasar e Bartolomeu de Gusmão.  Será a responsável pela recolha das “vontades dos vivos”, ingrediente fundamental para a concretização da Passarola.  O amor que sentia por Baltasar levou-a a procurá-lo por nove anos, e quando o avista condenado no auto-de-fé quebra a promessa de nunca o “ver por dentro” e recolhe a sua vontade (indício da sua sabedoria, demonstração de respeito pelo homem que ama).
  • 8. o Casal Baltasar/Blimunda: - Tipifica o amor ideal, aquele que é feito por entrega mútua e espontânea, de ternura e cumplicidade. - Sagraram a sua união tanto através da bênção simbólica de o Padre Bartolomeu Lourenço lhes dá quando Blimunda come com a colher que o Baltasar utilizara, como através da cruz que Blimunda faz com o seu sangue sobre o coração de Baltasar na primeira noite que passam juntos. Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão  A personagem é conhecida como o “Voador”, por alimentar o sonho de voar.  Tal como o casal Blimunda e Baltasar, também o padre foge aos cânones da época, na medida em que, para concretizar o seu projeto, não hesita em aproximar-se de Sebastiana de Jesus que foi condenada pela Inquisição por ter visões, e posteriormente de Blimunda, também suscetível pelos seus poderes a ser condenada por feitiçaria pelos seus poderes.  Quebra as regras da Inquisição e prossegue com a concretização do seu projeto, a máquina voadora.  Na “trindade terrestre” representa o conhecimento científico, graças ao qual assume uma postura antidogmática, que o leva a pôr em causa a doutrina da Igreja provocando nele mesmo uma profunda crise de fé e entra numa angústia e inquietação, posteriormente agravada pelo facto de começar a ser perseguido pela Inquisição.  Após conseguir fugir ao tribunal eclesiástico tenta deitar fogo à Passarola (o que demonstra a capacidade que a Inquisição possui de deitar abaixo os homens de tal forma que os leva a destruir os próprios sonhos).  Desaparece, tendo depois enlouquecido e morrido em Toledo. Domenico Scarlatti  Mestre da capela real e professor de cravo* da infanta Maria Bárbara.  No paço trava conhecimentos com Bartolomeu de Gusmão, tendo este acabado por partilha com Scarlatti o segredo da construção da Passarola.  É o quarto elemento da “trindade terrestre” e representa a dimensão artística.  A arte, neste caso a música, será fundamental para o sucesso da empresa, já que é graças a ela que Blimunda recupera do estado de esgotamento após a recolhas das vontades durante um surto de peste.  Sugere-se que tanto a arte como o conhecimento científico são fundamentais na concretização dos sonhos do Homem, permitindo-lhe evoluir tanto a nível espiritual como técnico.
  • 9. D. João V  Apesar do interesse que demonstra pelo progresso científico e do facto de contratar Scarlatti para dar lições de cravo à infanta Maria Bárbara, destacam-se, sobretudo, os aspetos negativos do rei.  Decide, com a sua megalomania, contruir o Convento de Mafra que vai aumentando à custa do tesouro do país e do sofrimento e morte de muitos homens do povo.  A indiferença do rei em relação à miséria em que vivem os mais desfavorecidos é notável também pelo facto de viver num ambiente faustoso no corte que se dedica inteiramente a cerimónias ocas e de adulação do monarca.  Outra característica negativa, e bem visível, é a maneira desprezível como encara a sua relação com a rainha, não se unem por amor, mas sim como dever, para além da sua infidelidade para com a rainha.  A sua vivência religiosa é também marcada pela hipocrisia, apesar de parecer devoto assistindo a cerimónias e a autos-de-fé e prometendo contruir o convento, é ostensivamente infiel à rainha contando com freiras como suas amantes.  A vaidade e a megalomania levam-no mesmo a ponderar construir em Portugal uma réplica da Basílica de São Pedro em Roma. D. Maria Ana Josefa  Típica mulher do século XVIII: submissa ao marido, mero instrumento de procriação, reprimida, recatada e profundamente devota.  Vive enclausurada no palácio, do qual apenas se ausenta para cumprir as suas obrigações religiosas.  A sua relação com o rei não envolve qualquer tipo de afeto, sendo marcada apenas por dois encontros por semana nos quais as excessivas formalidades privam os reis de qualquer privacidade.  A única maneira de se libertar da repressão em que vive é através dos sonhos que tem com o cunhado. No entanto quando se apercebe que o único desejo de D. Francisco é o poder perde o interesse.  Toma consciência da infidelidade do marido vivendo numa grande infelicidade. o Casal D. João V/ D. Ana: - Opõe-se ao casal Baltasar/Blimunda. - Possuem uma relação que põe em causa todas as normas. - O casamentos entre os reis assemelha-se a um contrato desequilibrado, em que apenas a figura feminina é obrigada a cumprir os votos de fidelidade. - Neste tipo de união a mulher é instrumentalizada, servindo como meio para alcançar descendência.
  • 10. Povo  É visto como o verdadeiro responsável pela construção do Convento de Mafra.  Foi devido ao seu esforço e sofrido que se edificou o monumento. Símbolos “Sete-Sóis” /” Sete-Luas”  A referência ao número sete está associada a um ciclo completo de tempo, à tonalidade e à perfeição, pode ser uma evidência da plenitude que caracteriza este casal.  A oposição Sol/Lua mostra a complementaridade destas personagens.  Baltasar é associado ao Sol (elemento relacionado com o masculino) pois “vê às claras”, representa a dimensão apolínea do casal, estando fortemente ligado à realidade e com o seu pragmatismo e trabalho manual consegue “dar vida” ao sonho da máquina voadora.  Blimunda é associada à Lua (elemento relacionado com o feminino) porque “vê às escuras”, tem poderes que estão associados ao subconsciente e lhe permitem ver o oculto. A relação entre Blimunda e a Lua está evidenciada pelo facto do seu dom ser influenciada pelas fases do astro.  Tal como a Lua está associada ao renascimento, também Blimunda vem trazer novas vidas às vontades dos vivos que serão fundamentais para a concretização do sonho do padre Bartolomeu de Gusmão. Colher  Representa a aceitação mútua e o facto de que, a partir do momento da partilha da mesma, Baltasar e Blimunda encontram-se simbolicamente casados. Passarola  O facto de que a Passarola apenas pode voar devido às vontades recolhidas evidencia simbolicamente o poder da vontade humana, graças à qual é possível realizar todos os sonhos, mesmo que pareçam impossíveis.  Pode ser também vista como uma fuga à opressão criada pela Inquisição.  Poderá também opor-se ao peso, sofrimento e dor associados à construção do Convento de Mafra. Demonstra que a mesma vontade que permitiu à Passarola voar pode libertar os homens da repressão e da humilhação.
  • 11. Resumos Capítulo 1  Assunção de um forte desejo por parte de D. João V e de D. Maria Ana Josefa de terem um filho varão que assegure a sucessão.  A rainha não consegue engravidar, a culpa é da mulher e não do homem uma vez que o reino se encontra cheio de bastardos do rei e esterilidade não mal dos homens.  Floreados desnecessários no encontro entre o rei e a rainha.  D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, traz consigo um frade velho, frei António de S. José. Ao falar com o rei dá a notícia de que se o rei prometer levantar um convento na vila de Mafra Deus lhe daria sucessão.  Encontro consumado entre rei e a rainha, caricatura do encontro pouco natural recorrendo ao uso de expressões de linguagem popular e existência de percevejos que atacam pobres e ricos.  Exposição do desejo da rainha em relação ao seu cunhado infante D. Francisco.  D. João V sonha com a edificação do convento que se erguerá devido ao seu sexo. Capítulo 2  Caracterização das mentalidades fradescas, muito ligadas à crendice e a favores divinos em troca de atos de honra e proveito.  Referência a milagres franciscanos que auguram a promessa real, apresentação de casos como frei Miguel de Anunciação cujo corpo não foi corrompido após a morte; ou Santo António que por milagre vigiava altares e capelas “castigando” que mal lhes quisesse fazer.  Crítica do narrador face à riqueza excessiva do clero num mundo de extrema pobreza. Capítulo 3  Enquadramento espaciotemporal e respetiva caracterização.  Descrição da cidade de Lisboa como “pocilga”, cheira mal a podridão.  Reflexões sobre as condições de vida em Lisboa, e as várias oposições entre quem tem tudo e quem nada tem.  Crítica a hábitos religiosos, à procissão da penitência e à Quaresma.  Mulheres eufóricas com o sofrimento dos homens de uma forma erótica.  A rainha já se encontra grávida.  Sonho de D. Maria Ana com o seu cunhado. Capítulo 4  Apresentação da personagem Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, e caracterização do ambiente.  Baltasar Mateus Sete-Sóis: 26 anos, natural de Mafra, com falta da mão esquerda devido a um incidente enquanto exercia a sua função de soldado na Batalha de Jerez de los Caballeros (Espanha).  Pediu esmola em Évora para poder arranjar dinheiro para comprar o gancho de ferro que lhe substituiria a mão.  Percurso até Lisboa, onde vive muitas dificuldades.  Indecisão de Baltasar: regressar a Mafra ou dirigir-se ao Terreiro do Paço (Lisboa) e pedir dinheiro pela mutilação na guerra.  Encontro de Baltasar Sete-Sóis com um amigo, antigo soldado: João Elvas.  Referências ao crime na cidade lisboeta e ao Limoeiro.
  • 12. Capítulo 5  Apresentação de Blimunda.  Fragilidade de D. Maria Ana, com a gravidez e a morte do seu irmão, José Imperador da Áustria.  Ocorrência de um auto-de-fé que caracteriza as mentalidades rosto da Inquisição, mas também expõe a insensibilidade do povo que festeja.  Enumeração de condenados e o motivo das condenações.  Referência à mãe de Blimunda, Sebastiana Maria de Jesus.  Introdução do maravilhoso na narrativa através da caracterização de Sebastiana de Jesus e Blimunda e da atribuição de poderes mágicos.  Proximidade das personagens Blimunda, Bartolomeu Lourenço e Baltasar durante o auto-de-fé.  Casamento de Blimunda e Baltasar abençoado pelo padre Bartolomeu após a partilha de uma colher de sopa, que simboliza a comunhão. A espontaneidade e simplicidade deste casamento contrasta com o casamento contratual e encenado do casal rei/rainha.  Blimunda promete a Baltasar nunca o olhar “por dentro”.  A expressividade da linguagem assume particular relevo na crítica à mentalidade de uma sociedade pouco evoluída e dominada pela Igreja. Capítulo 6  Apresentação do espaço onde vai ser construída a Passarola.  Padre Bartolomeu interessa-se pelo caso de Baltasar e tenta saber junto dos desembargadores se ele tem direito a uma pensão por ter regressado da guerra sem uma mão.  Descrição do padre, nasceu no Brasil, possuidor de grande inteligência e conhecimento.  Introdução do sonho da narrativa com a apresentação da Passarola imaginada pelo padre, a quem já chamam voador pelos ensaios que tem feito com balões.  O padre e Baltasar visitam, então, a quinta do duque de Aveiro em São Sebastião da Pedreira, onde el-rei consente os “experimentos” do padre.  Descrição da Passarola feita a Baltasar através do desenho do padre.  Baltasar refere-se a Blimunda e ao que nela transcende a sua compreensão, quer saber o seu segredo.  O padre convida Baltasar a participar na construção da Passarola e tenta convencê-lo com o argumento que também Deus é maneta da mão esquerda. Capítulo 7  O nascimento do herdeiro da coroa.  Trabalho de Baltasar no açougue.  Evolução da gravidez da rainha, infelizmente para o rei era uma menina.  Descrição da solenidade que envolvem o batismo da princesa, de nome Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara.  Os luxos da realeza exigem trabalhos redobrados do povo, queixa de Sete-Sóis.  Morte do frade que formulou a promessa ao rei  fidelidade de D. João V perante a promessa real.  Rendição das frotas portuguesas do Brasil aos franceses.
  • 13. Capítulo 8  A revelação do segredo de Blimunda. Referência a aspetos circunstanciais da vida da cidade e das suas gentes. O nascimento do infante D. Pedro.  Baltasar pede a Blimunda que lhe diga por que motivo come pão antes de abrir os olhos.  Após muita relutância, Blimunda satisfaz o pedido de Baltasar e conta o seu segredo. Baltasar não acredita e pede provas e Blimunda promete dar-lhas. No dia seguinte, Blimunda cumpre o prometido.  Caracterização da nobreza e do clero.  O infante D. Francisco entretém-se a fazer pontaria aos marinheiros empoleirados nas vergas dos barcos, indiferente às consequências.  vista crítica sobre a ociosidade da nobreza e o compadrio do governador com os franceses, que saqueiam tudo o que encontram.  Relatório caricato do caso do clérigo mulherengo.  Baltasar não obteve notícias do pedido da sua pensão.  Breve referência ao nascimento do príncipe D. Pedro e da ida a Mafra de el-rei escolher “o sítio onde há de ser levantado o convento”. Capítulo 9  Contrariedades  Baltasar e Blimunda vão viver para São Sebastião da Pedreira onde o casal revela a intimidade e cumplicidade de uma união perfeita.  A construção da Passarola constitui uma preocupação para: o O padre  pois reconhece a impossibilidade de a máquina voar sem éter; o Baltasar que reconhece a inutilidade de todo o seu esforço; o Blimunda  vendo mais que os outros, verificará a má qualidade do ferro;  O padre Bartolomeu batiza a Blimunda de “Sete-Luas”.  Partida do padre para a Holanda em busca do elemento que permitirá à Passarola voar e de que modo o consegue introduzir nas esferas.  Contrariedades a nível do quotidiano: o Manifestação das freiras contra as ordens de el-rei  chamada de atenção para os costumes dissolutos das ordens religiosas; o Realização de mais um auto-de-fé; o Realização de uma tourada  a barbárie contra pessoas e animais perante a alegria do povo remete-nos para a caracterização “de uma sociedade dominada por um obscurantismo ferrenho”.
  • 14. Capítulo 10  O regresso de Baltasar a Mafra. Uniões reais e plebeias. Funerais reais e plebeus.  Baltasar é recebido pelos pais. Alegria e aflição no primeiro encontro pois dói à mãe de Baltasar o facto de o filho ter perdido uma mão na guerra. O pai de Baltasar dá a notícia de que teve de vender as terras devido à construção do convento. Blimunda é apresentada à família de Baltasar.  O sobrinho de Baltasar, filho da sua irmã Inês Antónia e Álvaro Diogo, morre  estabelece-se a comparação entre o funeral realizado ao infante D. Pedro e o sobrinho de Baltasar.  Constatação das diferenças entre o casal Baltasar/Blimunda e Rei/rainha.  Referência à religiosidade de D. Maria Ana. Fica sozinha em Lisboa a rezar e o infante D. Francisco reconhece a fraqueza da cunhada e tenta aproveitar-se disso  D. Maria Ana compreende afinal a origem do interessa que o cunhado mostrava por ela. Capítulo 11  Este capítulo elege o sonho como tema central.  Após 3 anos, Bartolomeu Lourenço regressa da Holanda, vai a São Sebastião e vai voltar para Coimbra para adquirir um grau académico.  Padre explica a Baltasar e Blimunda que o éter é, então, composto pelas vontades dos vivos. Dados os poderes de Blimunda, é atribuída a esta a função de recolher as vontades das pessoas colocando-as num frasco de vidro que contém uma pastilha de âmbar que atrairá as vontades.  Baltasar construirá a máquina, portanto vai, com Blimunda, para Lisboa.  A “trindade terrestre” reunir-se-á novamente quando chegar o dia de voar. Capítulo 12  El-rei vai a Mafra benzer e lançar a primeira pedra do convento.  A família de Baltasar reúne-se após a missa. Álvaro Diogo está feliz pois arranjou trabalho na construção do convento e terá trabalho por muitos anos.  Blimunda decide ir à missa em jejum. Descobre que o que está dentro da hóstia é o mesmo que está dentro do Homem  existência de Deus e as bases da religião são postas em causa.  Referência, novamente, à união pura entre Baltasar e Blimunda.  Bênção da pedra principal feita com grande solenidade. Ergueu-se uma igreja de madeira para celebrar “o ato da bênção e da inauguração”. Saliente-se a grandeza do espetáculo no dia da inauguração. A hierarquia da Igreja ostenta riqueza e poder, que a casa real legitima com a sua presença. O povo é relatado como “sujo” demais para entrar na Igreja.  Apesar de esmagado pelo trabalho e pela miséria, o povo adere com entusiasmo a qualquer acontecimento  comportamento que revela a sua incapacidade de encarar criticamente os factos.  Após a cerimónia, Baltasar e Blimunda regressam a Lisboa.
  • 15. Capítulo 13  A recolha das vontades por Blimunda.  Quando Baltasar e Blimunda chegam a São Sebastião da Pedreira deparam-se com a degradação dos materiais da Passarola.  Decidem esperar pelo padre para ver que solução dariam àquele “esqueleto metálico”. Blimunda insiste para que Baltasar construa uma forja e um fole. A desmoralização de Baltasar perante as dificuldades leva Blimunda a afirmar que é melhor que seja ele a fazer o trabalho.  este pequeno episódio revela a importância da persistência na concretização dos sonhos, nada se alcança sem esforço e sem vontade de viver.  O padre dirige-se a Blimunda e relembra que são necessárias, pelo menos, duas mil vontades.  este número excessivo revela a grande força de vontade essencial para fazer a Passarola voar.  Blimunda vai recolher as vontades na procissão.  O padre regressa a Coimbra. Baltasar e Blimunda continuam o seu trabalho na máquina.  Blimunda perde as suas capacidades visionárias com a chegada da Lua Nova. Capítulo 14  A chegada a Portugal de Domenico Scarlatti.  O narrador perde algum tempo na composição da descrição do padre.  O casal real, o padre e mais umas trinta pessoas assistem à aula de música da infanta Maria Bárbara lecionada por Domenico Scarlatti, vindo de Londres á um ano.  Ficamos a saber que já onze anos se passaram quando el-rei pergunta pela Passarola ao padre Bartolomeu.  O padre e Domenico iniciam uma amizade após o padre ter gostado de o ouvir tocar. Passados alguns dias, o padre convida o músico a ir a São Sebastião da Pedreira ver a Passarola.  Domenico demonstra interesse em juntar-se ao projeto.  Na génese da máquina estiveram a invenção e a criatividade (o padre), a força do trabalho (Baltasar), a força de vontade (Blimunda) às quais se juntaria agora a subtileza da arte representada por Scarlatti.  quatro aparece como símbolo da totalidade.  O padre dá mostras de grande ansiedade e perturbação ao ensaiar o seu sermão. Afligiam-no as verdades da fé.
  • 16. Capítulo 15  Scarlatti toca para Blimunda.  O sermão do padre passou na censura do Santo Ofício.  Bartolomeu de Gusmão atormenta-se devido às variadas facetas da sua vida. Não encontra o limite entre cada uma das suas identidades.  verifica-se uma instabilidade emocional.  Scarlatti traz um cravo para São Sebastião onde se encontra a Passarola e toca enquanto o casal trabalha. Confessa que se a máquina voar ele gostava de ir nela.  Aparecimento de uma epidemia de peste em Lisboa. Devido à morte de muitas pessoas, o padre considera que seria uma boa oportunidade para Blimunda ir recolher as vontades, mas avisa-a dos perigos que corre. Assim sendo, Baltasar e Blimunda partem para Lisboa, durante cerca de um mês, a recolher vontades.  Blimunda adoece e foi a música de Domenico Scarlatti que a curou  mais uma vez, aparecimento da vertente mágica na narração, a música é a arte de atingir a perfeição.  Baltasar e Blimunda dão pela falta do padre e vão a sua casa dar-lhe a notícia de que a Passarola está pronta, mas encontram-no em mau estado. As suas dúvidas e desconfianças persistem. Capítulo 16  O voo da Passarola.  Inicia-se com uma reflexão sobre a (in)justiça, os julgamentos do Santo Ofício e a falta de isenção na perseguição das vítimas.  passagem marcada pela ironia.  A coroa perdeu a demanda em que andava com o duque de Aveiro, e assim el-rei tem de devolver os seus bens, incluindo a quinta de São Sebastião da Pedreira.  Baltasar e Blimunda interpelam o padre sobre o seu futuro. Estranham a inquietação do padre.  O Santo Ofício anda à procura do padre e este decide fugir na Passarola, levando consigo Baltasar e Blimunda. Entram os três na Passarola para tentarem a grande aventura. Em terra, Scarlatti viu-os descolar na máquina e dirigiu-se à abegoaria, mas apenas encontrou destroços da partida. Apercebeu-se do perigo que corria se ali deixasse o seu cravo então atirou-o a um poço. Capítulo 17  Dificuldades na construção do convento. A morte do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão.  Em Mafra, Baltasar pede a Álvaro Diogo que lhe arranje emprego. (a mãe de Baltasar já tinha morrido). Baltasar é aceite para trabalhar no convento e conhece a “Ilha da Madeira” onde os trabalhadores pernoitam sem quaisquer condições.  Referência às duras dificuldades na construção do convento. Distrações patéticas dos trabalhadores que vão escorregando no lamaçal devido à chuva intensa que tem caído em Mafra.  Baltasar visita Monte Junto para melhor esconder a Passarola.  Blimunda vai ao encontro de Baltasar e diz que Scarlatti está em Mafra.  Encontro de Blimunda e Scarlatti, em que este se mostra preocupado com ela e Baltasar lhe diz que o padre Bartolomeu morreu louco em Toledo.
  • 17. Capítulo 18  A construção do convento.  Inicia-se com a referência ao poema “Infante”, de Fernando Pessoa.  prolepse em “por ora ainda não nascido”  Enumeração das riquezas que vêm das colónias.  Crítica aos “toscos artífices” que nada entendem de arte. Daí D. João V requerer somente pedra, tijolo e lenha de Portugal. Numa demonstração de vaidade e poder, todos os adornos vêm do estrangeiro.  Oito anos se passam desde o inicio da construção, 20000 homens trabalham no convento.  Inauguração da capela precedida de uma missa.  Apresentação de diversas personagens que trabalham no convento: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim Rocha, Manuel Milho, João Anes, Julião Mau- Tempo. Lamentos dos mesmos que estão há já muito tempo longe da família.  Baltasar já com 40 anos conta a sua história de vida.  O sino da Igreja toca as trindades e os homens regressam à “Ilha da Madeira” e rezam. Capítulo 19  O transporte da pedra Benedictione.  Narração dos trabalhos árduos, de força bruta, que os homens exercem forçosamente.  Baltasar passa a trabalhar com uma junta de bois e sabe-se que os homens têm de ir a Pêro Pinheiro buscar uma pedra gigantesca chamada Benedictione.  Enumeração dos trabalhadores de A a Z para os imortalizar, não pela beleza do corpo ou do semblante, mas pelo esforço dispendioso no meio do desconforto de condições indignas.  Grandes dificuldades, não só na colocação da pedra em cima do carro que a transportaria, mas também no percurso, que era íngreme e sinuoso. Referência ao esforço heroico dos trabalhadores.  segundo o narrador, são as vaidades e os “tolos orgulhosos” que levam a esquecer a brutalidade do esforço exigido ao povo e a atribuir a D. João a construção do convento de Mafra.  Para tornar o quadro mais dolorosamente verosímil, ainda são referidos os dramas humanos que envolveram a morte de Francisco Marques, esmagado debaixo do carro e o caso de um outro que ficou sem um pé num acidente.  surge a comparação entre estes acontecimentos e um campo de batalha, com “os seus mortos e feridos”. Capítulo 20  Blimunda e Baltasar mantêm vivo o sonho.  Três anos passaram desde que a Passarola desceu em Monte Junto. Durante esse tempo, Baltasar regressou ao local para tentar remediar os estragos mais evidentes.  Baltasar e Blimunda vão os dois ver a Passarola. Pelo facto de apenas estas personagens acreditarem no sonho, o narrador descreve o longo caminho entre Mafra e Monte Junto como “sonho”, tranquilo. Quando chegaram deparam-se com nítidos sinais de abandono. Regressam a Mafra.  Descrição em pormenor das condições em que vivem os operários.
  • 18. Capítulo 21  D. João V manda aumentar o convento.  Brincadeira entre D. João e os seus filhos a construir uma maquete da Basílica de São Pedro em Roma resulta na manifestação de um desejo megalómano, o de querer construir uma basílica igual na sua corte. Mandou chamar Ludovice a fim de lhe propor o seu desejo, ao qual Ludovice apresenta a impossibilidade de tal desejo.  El-rei decide aumentar o convento de Mafra para este albergar trezentos frades.  Este capítulo é dedicado ao rei e ao modo como este geria pessoas e bens. É leviano nas decisões e insensato, déspota pela forma como manda recrutar novos trabalhadores (de forma abrupta), era também repressivo e ambicioso.  enquadra-se neste contexto a paráfrase d’ Os Lusíadas aqui proferida por um ancião “Ó glória, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça.” Capítulo 22  Acordos pré-nupciais.  Infanta Maria Bárbara está prometida a Fernando de Espanha e Mariana Vitória contrairá matrimónio com D. José, futuro rei de Portugal.  Acompanhamos os reis e príncipes até Badajoz onde se encontrarão com os seus prometidos.  Descrição pormenorizada as peripécias da viagem. As dificuldades impostas pelo clima da época são motivo de chamada de atenção para o esforço dos homens que, devidos às circunstâncias, alternavam com os animais.  Maria Bárbara pede a um oficial que vá saber quem eram os homens atados uns aos outros na beira da estrada, este esclarece que são os homens que vão trabalhar para Mafra.  A infanta indigna-se com o facto de nunca ter ido a Mafra. Está envolvida no voto que deu origem ao convento, mas confessa que nunca a tinham levado lá a vê-lo.  Além de desencantada, a rainha é uma mulher amargurada. Não viveu o amor experienciado por Blimunda e Baltasar. Chegou a refugiar-se no sonho e ver em D. Francisco uma figura redentora até que descobriu o que o movia. A prática religiosa, as rezas e as missam são o seu porto de abrigo de uma vida sem sentido.  Sabemos que os sentimentos, geralmente, não são tidos em conta nas uniões entre realeza. No entanto, o narrador realça, com humor, o aspeto de simples troca de pessoas e bens.
  • 19. Capítulo 23  O desaparecimento de Baltasar.  Enumeração dos dezoito santos provenientes de Itália, sendo português apenas São João de Deus. Baltasar é o boieiro que leva este santo.  Ironia na afirmação de que os santos de mármore parecem homens comuns.  Baltasar admite sentir-se velho. É caracterizado pelo narrador tendo a barba cheia de brancas, testa carregada de rugas, pescoço encorreado e ombros descaídos.  Baltasar e Blimunda vão ver as estátuas e Baltasar avisa que no dia seguinte iria ver da Passarola visto que já tinham passado seis meses desde a última vez.  É feita a apreciação dos trabalhos do convento que já contam com treze anos. “Parece pouco e é muito, se não demasiado.”  O trabalho do homem é comparado com o de um gigante pois era este que devia ter construído o convento  realce para a heroicidade do povo.  Baltasar e Blimunda regressam a casa e entram numa barraca que existe no quintal, onde fazem amor. Um amor já envelhecido.  Na manhã seguinte o casal despede-se. Baltasar parte “com o coração apertado” e chega à tarde “às primeiras elevações da serra do Barregudo.”  Baltasar reconhece que a Passarola necessita de grandes reparações. Entra nela, mas, de repente, o sol bate nas esferas e a máquina levantou voo. Capítulo 24  Tentativa de violação de Blimunda por um frade.  Blimunda fica preocupada por Baltasar não aparecer e decide ir à sua procura.  Ao longo do caminho, Blimunda vai reconhecendo alguns locais por onde ela e Baltasar passaram.  Para sua frustração, chega a Monte junto e vê que Baltasar não lá estava. Mas Blimunda não desiste e persiste na busca pelo Sete-Sóis.  Encontra-se depois com um frade dominicano a quem pergunta por Baltasar e este aconselha-a a ir-se embora.  o aviso é um prenúncio do perigo que o próprio frade vai personificar.  Blimunda aproxima-se do convento e entra numas ruínas que ficavam ao lado, estava tão cansada que acaba por adormecer. Acorda, de repente, com um som “um pisar cauteloso, quase inaudível, mas próximo” e apercebe-se que é o frade com que se tinha deparado e quais as suas intenções. Quando o frade a tenta violar Blimunda ela mata-o com o espigão de Baltasar.  mesmo não estando fisicamente presente é Baltasar que continua a proteger Blimunda.  Blimunda continua a sua busca incessante por Baltasar.  Entretanto, regressa a Mafra e depara-se com festejos e alegria do povo pela inauguração do convento, era 22 de outubro de 1730.  Descrição da festa e da procissão que demonstram a opulência da cerimónia. Blimunda, alheia de toda a festa, decide procurar o marido fora de Mafra.  a determinação em percorrer caminhos árduos e perigosos enaltece o seu amor por Baltasar.
  • 20. Capítulo 25  Blimunda reencontra Baltasar.  “Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar.”  Breve descrição das condições climatéricas com que Blimunda se deparou na sua busca.  novamente, o seu amor por Baltasar leva-a a superar as dificuldades.  Blimunda ia perguntando às pessoas se alguém tinha visto Baltasar.  Voltou a Mafra e soube pela cunhada da morte de Álvaro Diogo.  Blimunda começa a confundir o espaço e o tempo. Percorre léguas e léguas entre Portugal e Espanha.  Volta a passar por Lisboa, vai em direção ao Rossio. 28 anos se passaram desde que conheceu Baltasar.  “Havia procissão em S. Domingos” e no meio dos onze supliciados encontra Baltasar quase moribundo.  Acaba por quebrar a sua promessa e retira a vontade a Baltasar pois “à terra pertencia e Blimunda”  podemos afirmar que Baltasar morre apenas fisicamente porque parte dele fica com Blimunda, é como se o sonho de libertação de ambos permanecesse vivo na figura feminina.