Este documento discute estratégias para o ensino da leitura na sala de aula. Primeiro, aborda a leitura como um processo que vai além da decodificação, considerando aspectos sociais e experiências prévias. Segundo, destaca a importância das interações sociais no processo de alfabetização, de acordo com Vygotsky. Terceiro, defende que as metodologias de ensino devem considerar a curiosidade e capacidade investigativa das crianças, estimulando o aprendizado colaborativo.
1. UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
PÓLO BELÉM – PA 23201
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LEITURA NA SALA DE AULA
BELÉM DO PARÁ
JUNHO, 2015
2. UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
PÓLO BELÉM – PA 23201
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LEITURA NA SALA DE AULA
JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA RA: 387478
Trabalho de Conclusão de Curso apresentando ao
curso de Pedagogia da Universidade Anhanguera-
UNIDERP como requisito parcial à obtenção do
título de Licenciatura em Pedagogia. Sob orientação
da professora-tutora presencial Amanda Pereira
Marques
BELÉM-PA
JUNHO-2015
3. JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA
ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LEITURA NA SALA DE AULA
Belém,_____de ____________de 2015.
Prof.ª Amanda Pereira Marques
Anhanguera Educacional
Tutora Presencial
Israel Wanderley Salomão Coelho
Coordenador Acadêmico
Polo 23201
Examinador (a)
4. Escolas que são asas não amam pássaros
engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o
voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode
ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Rubem Alves
5. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................8
1. A LEITURA COMO UM PROCESSO QUE SUPERA A LEITURA DA ESCRITA .9
2. SOCIOINTERACIONISMOS: ASPECTOS RELEVANTES NO PROCESSO DO
ENSINO DA LEITURA.........................................................................................................10
3. UM NOVO OLHAR SOBRE AS METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LEITURA.......................................................................................12
3.1 As Descobertas Trazidas pela Psicogênese da Escrita ..................................................13
3.2 Algumas Considerações de Adeptos e Críticos a Teoria da Psicogênese da Língua
Escrita......................................................................................................................................16
4. APLICAÇÃO DE MÉTODOS ALFABETIZADORES ................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................222222
6. RESUMO
A escrita na história da humanidade foi um processo que passou por muitas etapas até obter a
forma que a conhecemos hoje. Sendo assim, por que exigir da criança em tão pouco tempo
tamanha perfeição no domínio do código escrito? Considerar e aproveitar a curiosidade, a
vontade de adquirir novos conhecimentos e estimular com diferentes métodos ajudará os
pequenos a não somente na aquisição da leitura, mas tornar este um hábito frequente. Existem
vários métodos que podem ser adotados para ensinar a ler, como o desenvolvido por Emília
Ferreiro Ana Teberosky, mas nenhuma prática será suficiente eficaz se não estiver aliada a
outras existentes.
Palavras-chaves: Criança. Leitura. Método.
7. ABSTRACT
Writing in human history was a process that went through many steps to get the shape that we
know today. So why require the child in such a short time such perfection in the field of
writing code? Consider and taking advantage of the curiosity, the desire to acquire new
knowledge and stimulate with different methods will help small pupils not only in the
acquisition of reading, but make this a regular habit. There are several methods that can be
adopted to teach reading, as developed by Emilia Ferreiro Ana Teberosky, but no practice will
be effective enough if it is not combined with other ones.
Keywords: Child. Reading. Method.
8. 8
ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DA LEITURA NA SALA DE AULA
Javé de Oliveira Silva
INTRODUÇÃO
A leitura é um processo que ocorre diariamente, pois a todo momento há alguém
tentando transmitir uma mensagem. Para que isso ocorra, faz-se necessário o uso de
habilidades mentais diversificadas que perpassam desde a interpretação dos componentes da
mensagem até o conhecimento adquirido de outros meios pelo leitor. Em um anúncio
publicitário, por exemplo, serão analisadas as imagens, as cores, o texto, entre outros
aspectos, perpassando pelo conhecimento prévio do leitor ou receptor.
Porém, quando adentramos especificamente no campo da leitura de textos escritos,
muitos fatores devem ser considerados, pois são mobilizadas habilidades específicas, as quais
surgem desde muito cedo. Numa abordagem construtivista, cabe ressaltar um grande teórico
que ajuda a compreender aspectos utilizados no processo da leitura, Vygotsky defende o
sociointeracionismo como um fator determinante nesse processo, principalmente da aquisição
da leitura. Isso porque “as crianças, desde o nascimento, estão em constante interação com os
adultos, que ativamente procuram incorporá-las às suas relações e à sua cultura” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p.108).
Reconhecer e valorizar este aspecto ajuda o professor ao adotar métodos que
facilitarão o ensino da leitura, sobretudo quando buscamos superar os antigos métodos de
alfabetização baseados exclusivamente nas cartilhas do ABC, as quais eram ou são embasadas
na visão empirista/associacionista de aprendizagem. Porém, este cenário educacional
brasileiro começa mudar, por volta dos 1980, quando surge a teoria da “psicogênese da
escrita”, criada por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, as quais defendem que “a tarefa do
alfabetizando não é aprender um código, mas, sim, se apropriar de sistema notacional”
(MORAIS, 2012, p. 48). Esta apropriação deve ocorrer de uma forma prazerosa, uma vez que
no processo da aquisição da leitura é preciso unir a prática do reconhecimento do signo, isto é,
ler e marcar o signo, ou seja, escrevê-los.
A investigação sobre estratégias para o ensino da leitura apresenta uma quantidade
razoável de caminhos que podem ser percorridos uma vez que há o risco de seguir os métodos
Graduando em Pedagogia pela Universidade Anhanguera – UNIDERP. Contato: jave.silva@hotmail.com
9. 9
tradicionais baseados nas cartilhas ou prender-se apenas exclusivamente na decodificação,
contudo alguns fatores chamam atenção: a necessidade de utilizar ao máximo a capacidade
investigativa da criança, estimulando a descoberta em conjunto, assim como proporcionando a
formulação de hipóteses para solucionar os problemas propostos.
Para analisar estes aspectos, o presente artigo, tem como foco principal a
investigação do problema por meio da pesquisa que terá a abordagem qualitativa, tendo como
base a pesquisa bibliográfica e para alcançar aos objetivos pretendidos, de tal modo observar e
investigar a reação das crianças mediante a aplicação de métodos diferenciados para
alfabetização, assim analisar os resultados obtidos com tal aplicação, a pesquisa terá a
característica de pesquisa-ação.
Nestes princípios norteadores será construída a investigação sobre as estratégias para
o ensino da leitura na sala de aula demonstrando a necessidade da superação da visão que
escola possui do aluno, conforme diz Cagliari (1989, p. 14), pois a instituição comumente
parte do princípio de que as crianças “não tiveram um passado, não acumularam
conhecimentos e habilidades. É como se todas essas crianças estivessem no mesmo nível,
nada soubessem e precisassem aprender tudo e da mesma maneira”. Tomar consciência sobre
estes pontos ajudará o professor a procurar novos horizontes ao adotar qualquer método ou
estratégia para facilitar a aquisição da leitura.
1. A LEITURA COMO UM PROCESSO QUE SUPERA A LEITURA DAESCRITA
A aquisição do conhecimento ocorre como um processo inerente à natureza humana
por meio de análises, investigações, interpretações, dentre outros aspectos. Chegamos a
adquirir ciência de inúmeros fatores que nos cercam. Para isso, diversas habilidades
cognitivas são mobilizadas superando assim procedimentos que foram estipulados como
padrões para a aquisição do conhecimento.
Apropriar-se do conhecimento é uma tarefa constante do homem sendo possível por
intermédio de diversas perspectivas como a mitologia, a religião, a filosofia, o senso comum,
entre outras. Todas essas formas de compreensão da realidade entrelaçam-se, por exemplo,
“uma pessoa religiosa aproxima-se de Deus pela fé, mas busca na filosofia a justificação
racional da existência de Deus” (ARANHA, 2006 p. 18). Todas estas formas de olhar/ler o
mundo estão sempre ligadas, geralmente, a uma época ou a um lugar.
Fazer uma leitura do mundo sobre o olhar do mito, como na tradição tribal, consiste
atribuir aos deuses ou aos seres mitológicos o fim último das ações e fenômenos ocorridos,
10. 10
como a vitória em uma batalha ou a colheita bem sucedida. Numa abordagem semelhante, o
senso comum é o mais utilizado atualmente, o qual deriva das experiências, da vivência e
observação do mundo.
Contudo, é bastante relevante considerar as experiências de vida como um fator
primordial no domínio da aprendizagem científica, ou melhor, na obtenção dos
conhecimentos oferecidos nas escolas e academias, porque por intermédio dela chega-se a
grandes descobertas. Neste sentido, na obra Pedagogia da Autonomia, Freire defende que a
leitura do mundo “precede sempre a leitura da palavra” (2011, p. 79).
Para exemplificar, uma propaganda bem elaborada garante o sucesso da marca
anunciada, como é o caso da Coca-Cola, uma empresa de porte mundial que investe pesado
para tornar a marcar conhecida e influenciar na escolha do consumidor ao comprar um
refrigerante. Toda publicidade da marca está sempre associada ao conceito de felicidade, pois
ser feliz é um desejo constante do ser humano, uma busca feita diariamente em suas
experiências e forma de viver.
Assim, a leitura torna-se um processo dinâmico e alicerçado na interação homem-
mundo-homem, reflexo do intercâmbio advindo da reação dos sentidos com a emoção, ou
seja, quando se vê ou se ouve os símbolos gráficos e o comportamento despertado como o
concordar e discordar, o apreciar e rejeitar a ideia expressa nos símbolos. Estas são práticas
que não possuem ou possuem pouca ligação com as possíveis habilidades pretendidas
alcançar com o sistema formal de ensino, considerando que as habilidades interacionais são
desenvolvidas dia a dia, fora de um sistema pré-moldado de educação, capaz até de privar e
adormecer a capacidade reflexiva de seus alunos.
2. SOCIOINTERACIONISMOS: ASPECTOS RELEVANTES NO PROCESSO DO
ENSINO DA LEITURA
Voltando o olhar para o campo da leitura como decodificação dos signos escritos e
os aspectos relevantes para que ocorra a aprendizagem do sistema notacional, cabe ressaltar o
conceito defendido por Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934), por apresentar uma
concepção de homem que é resultado de sua relação social. Considerando este aspecto o
professor torna-se um mediador, pois a criança não é uma folha de papel em branco, onde
serão introduzidas as normas e técnicas desalienadas das experiências trazidas do convívio
familiar.
11. 11
A desvalorização das experiências socializantes foi observada há bastante tempo,
como é possível notar no relato de Santo Agostinho (354-430 d.C.) sobre suas experiências na
infância com a educação formal:
O fato é que gostávamos de nos divertir, e o mesmo faziam, é verdade, aqueles que
nos castigavam. [...] Poderia um juiz reto aprovar os castigos que me davam, porque
eu, em pequeno, jogava bola, e o jogo era obstáculo ao rápido aproveitamento nos
estudos, que mais tarde serviriam para folguedos bem menos inocentes? Agia por
ventura de modo diferente aquele que me batia? Se vencido por um colega de
magistério em alguma discussão fútil, era roído pela raiva e pela inveja, mas do que
eu quando derrotado por um companheiro num jogo de bola. (AGOSTINHO, p. 32
2002)
Para vencer esta desvalorização, Vygotsky constrói sua teoria, apresentando sua
“nova” concepção de homem, considerando o ser humano como ser ativo por causa da
capacidade de se relacionar e agir sobre o mundo. Esta mesma capacidade apresenta a criança
e por isso deve ser valorizada nos métodos de aprendizagem, contudo o processo necessita da
mediação do adulto. Por intermédio desta intervenção a criança é ajudada, segundo Piletti e
Rossato, a avançar “qualitativamente na formação e desenvolvimento de suas funções
superiores” (2013, p. 94), ou seja, as funções mentais, como a memória, a percepção, atenção
voluntária e pensamento, que evidenciam o comportamento consciente do homem. Dentre os
fenômenos agrupados no processo de desenvolvimento cultural e do pensamento ressalta-se: o
desenho, a linguagem, o cálculo e a escrita.
Assim sendo, Vygotsky (1984) considera que “o uso da linguagem se constitui na
condição mais importante do desenvolvimento das estruturas psicológicas superiores (a
consciência) da criança” (apud SOUZA, 2012, p.125), porque a experiência com o social é
também refletida na comunicação verbal.
Estar atento às experiências que os alunos trazem de casa ou estimular a utilização de
seus limitados conhecimentos de mundo, ajudará o professor a desenvolver técnicas capazes
de tornar prazerosa a aquisição da leitura, por isso não adianta forçar a criança a ficar sentada
todo o período de aula, como meros receptáculos de informações que o professor considera
novas para as crianças. Contudo, quando o docente torna-se um orientador, os aprendizes são
estimulados a solucionar problemas, sendo possível alcançar êxito na aprendizagem e no
desenvolvimento da criança.
12. 12
3. UM NOVO OLHAR SOBRE AS METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LEITURA
A análise do ponto de vista da teoria de Vygotsky ajuda a compreender que aprender
e ensinar não nascem prontos, considerando que o ser humano não é passivo, mas é dotado de
interação com o meio e as pessoas que o cercam. Compreendendo este fator, a prática
educativa de alfabetização começou a superar métodos que tornam a leitura um simples
processo de decodificação do signo escrito, como o método desenvolvido por Emília Ferreiro
e Ana Teberosky.
Nos primórdios do sistema da escrita foi construída a seguinte noção de ser
alfabetizado é “saber ler o que aqueles símbolos significavam e ser capaz de escrevê-los,
repetindo um modelo mais ou menos padronizado, mesmo porque o que se escrevia era
apenas um tipo de documento ou texto” (CAGLIARI, 1998, p.14). Esta mesma noção
perpassou os séculos e ainda está presente em muitas salas de aula, principalmente por
aqueles docentes que se contentam em apenas cumprir sua carga-horária.
Até meados da década de 1990, o método mais conhecido nas escolas brasileiras era
baseado exclusivamente nas cartilhas, um método surgido na Europa entre os séculos XV e
XVI e introduzido no Brasil por Antônio Feliciano de Castilho, denominado “Methodo
Portuguêz de Castilho”, em 1850, a convite de D. Pedro II. Várias cartilhas foram surgindo no
Brasil, desde o método de Antônio F. de Castilho, porém elas sofreram grande influência da
Cartilha Maternal, formulada por João de Deus, a qual segue o método Sintético.
Quatro estratégias de alfabetização ganharam destaque ao longo do tempo, assim os
métodos podem ser classificados em:
Sintético: parte da aprendizagem do alfabeto para a soletração e silabação, sempre
levando em consideração, desde as letras até o texto, a ordem crescente de dificuldades;
Analítico: considera mais importante o aprendizado primeiramente das palavras
para em seguida serem ensinada as sílabas;
Sintético analítico ou Misto: considera como primordial a leitura primeiro das
palavras e não as sílabas, iniciada por uma leitura coletiva, depois individual e posteriormente
os exercícios da escrita;
Construtivista: leva em consideração que aprendizagem da escrita antecede a
ensinada na escola, por este motivo o desenvolvimento do aprendizado da lecto-escrita se dá
“a partir do sujeito que aprende, ou seja, a partir de sua competência linguística e capacidade
13. 13
cognitiva” (PILETTI; ROSSATO, 2013, p. 135), assim sendo, a prática educativa, não fica
presa apenas numa linha de ensino, mas utiliza diversas estratégias para o ensino aprendizado.
Sobre as cartilhas, Morais ressalta:
“Os autores dos velhos métodos tradicionais vendem suas cartilhas como fórmulas
salvadoras e esperam que os professores, obedientemente e sem ousar criar nada,
sigam à risca, de fevereiro a dezembro, o que as cartilhas propõem, fazendo todas –
e somente – aquelas atividades que são prescritas em cada lição”. (MORAIS, 2012,
p.37)
O Construtivismo trouxe novas esperanças para mudar a triste realidade brasileira
constituída por um índice elevado de analfabetismo. Demonstrou-se como eficaz para reverter
o atual quadro, por isso em 1996, com a instituição, pelo Ministério da Educação, dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), especificamente o de Língua Portuguesa, da
primeira à quarta série. A corrente construtivista que alicerça a Teoria da Psicogênese da
Escrita, Criada por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, norteia este PCN.
3.1 – As Descobertas Trazidas pela Psicogênese da Escrita
O surgimento da relevante concepção da teoria sobre o aprendizado da língua dar-se-
á entre 1974 e 1976, quando Emília Ferreiro, Ana Teberosky e colaboradores partem do
princípio da superação dos tradicionais métodos de alfabetização até a aplicação do
construtivismo, considerando este não como um método, mas um caminho a ser trilhado para
ajudar a criança a ser introduzida no mundo letrado.
Que principio levou à pesquisa e descoberta de um método capaz de superar as
tradicionais formas de alfabetizar, baseado exclusivamente nas cartilhas? O fio condutor era o
fato das crianças serem consideradas como sem o mínimo ou “nenhum prévio conhecimento
notável sobre sua língua materna, levando-se a acreditar que o aprendizado da criança se dava
por imitação e reforço seletivo (advindo do meio)” (PILETTI; ROSSATO, 2013, p. 139).
Como se o aprendizado da língua escrita fosse totalmente diferente da língua falada, os pais
ficam totalmente “bobos” quando a criança balbucia suas primeiras palavras e principalmente
quando pronuncia com perfeição a palavra “mamãe” e/ou “papai”, contudo não toleram
quando a mesma criança com a idade um pouco mais avançada, na tentativa de reproduzir no
papel os sons da fala a fazem em forma de rabiscos imperfeitos, concluindo-se que não
possuem a mínima possibilidade de representar o som da fala, como se estas duas formas de
aprendizagem fossem semelhantes.
As mesmas considerações eram levadas em conta pelos métodos até então adotados
para aprendizagem da língua escrita, isto é, “o aprendizado da língua escrita se dava da
14. 14
mesma forma que o da língua falada, concebendo que a aprendizagem da língua escrita
passava por uma (re) aprendizagem da língua oral” (PILETTI; ROSSATO, 2013, p. 140), e
também “como se a escrita devesse começar diretamente com as letras convencionais bem
traçadas” (FERREIRO, 1993, p. 68).
O posicionamento adotado sobre o conhecimento da criança ressaltava a grande
importância de levar em consideração os conhecimentos e habilidades já adquiridos na
relação com os adultos e o meio que os cerca, principalmente porque o discente é capaz de
diferenciar fonemicamente “pão” de “mão”, por exemplo. Morais considera que “a tarefa do
alfabetizado não é aprender um código, mas, sim, se apropriar de um sistema notacional”
(2012, p. 48), entendido como o “processo de representação do símbolo (ou notação)” (Ibid.,
p. 50). Segundo Piletti e Rossato (op. cit. p.141), os princípios básicos da Psicogênese da
Língua Escrita são:
a) Não identificar ler como decodificar – segundo esse princípio, ler não se trata
de decodificar as grafias (letras) e sons (fonemas) já que a escrita trata-se da
construção de um sistema de representação da realidade e não um código de
transcrição gráfica das unidades sonoras.
b) Não identificar a escrita com cópia de um modelo – quando se concebe a lecto-
escrita como a aquisição de um sistema de representação do mundo, a alfabetização
não mais é vista como a aquisição de uma técnica voltada à reprodução gráfica da
língua falada, passando a ser vista enquanto a apropriação de um novo objeto de
conhecimento, ou seja, trata-se de uma tarefa de ordem conceitual. Nesse caso, a
ênfase alfabetizadora recai nos significados e não sobre os significantes (formas das
letras), ou seja, recai sobre o conteúdo ou ideia da realidade/objeto apresentado. [...]
c) Não identifica progresso na conceitualização com avanços no decifrado ou na
exatidão da cópia – [...] a aquisição da lecto-escrita não avança paralelamente à
aquisição técnica da linguagem, mediante a decifração ou diferenciação de sons
(fonemas) ou a cópia dos traçados gráficos (grafia).
Seguindo estes princípios, a teoria da Psicogênese considera quatro etapas na
aprendizagem da língua escrita e toda criança passa por elas até que esteja alfabetizada:
a) Pré-silábica: nesta fase as crianças pequenas não diferenciam desenho e escrita,
por isso se for pedido para a criança escrever a palavra casa, geralmente ela irá fazer o
desenho de uma casa. Mas quando há a noção inicial de que a escrita representa um objeto,
são produzidos rabiscos, semelhantes às letras, e utilizando a grande capacidade inventiva,
novas formas são dadas para as letras, como “E” com mais traços laterais. Neste momento
inicial são formuladas duas hipóteses pelos pequenos: a de que as palavras precisam ser
compostas ao menos por três letras (hipótese de quantidade mínima) e que as letras se forem
todas iguais numa mesma sequência esta não pode ser lida ou são palavras sem significados,
por exemplo, se for pedido à menina Vitória para escrever “SORVETE” ela provavelmente
15. 15
irá utilizar as mesmas letras que compunha seu nome, podendo ficar assim “ARAIAIARIA”
(hipótese de variedade).
b) Silábica: Nesta fase a criança já possui a consciência de que as letras representam
o som da fala. Por isso busca fazer a correspondência das letras com as sílabas que
pronunciam e geralmente usa uma única letra para representar a sílaba, pensando que um
pequeno número de letras é capaz de formar uma palavra, por exemplo, a palavra
“TOMATE” pode ser escrita por “OAE”. Neste período, é vivido o seguinte conflito: qual a
quantidade mínima de letras necessárias para se escrever? Mas é usada espontaneamente a
seguinte habilidade: analise dos fonemas vocálicos que aparecem no interior de cada sílaba da
palavra que escreve (cf. MORAIS, 2012, p. 62).
c) Silábico-alfabética: Este é o período considerado transitório, onde as habilidades
adquiridas nas fases anteriores são utilizadas, sendo um momento de “grande aprendizado das
correspondências grafema-fonema” (ibid., p. 63). Um avanço perceptível nesta etapa é a
combinação de vogais e consoantes com a finalidade de combinar sons, neste sentido na
tentativa de escrever “CABELO”, pode ser escrito “KBLO”, compreendendo que a escrita
representa o som da fala. Nesta fase, a criança se pergunta: por que separar as palavras
quando vou escrever, se na fala não acontece isso? Assim é capacidade de reflexão sobre a
composição da palavra ainda é mais exigida, pois precisa notar os pequenos sons que
compunha a palavra.
d) Alfabética: Sendo a última etapa do processo de apropriação do sistema de escrita
alfabética, a criança já consegue obedecer às regras estabelecidas para a escrita, ou seja, já
sabe ler e manifestar graficamente o que pensa ou que fala, porém ainda não domina com
perfeição as regras gramaticais. Dentre as situações conflitantes que surgem neste estágio está
o questionamento: por que escrevemos de uma forma e falamos de outra?
O domínio da escrita alfabética, portanto, implica não só o conhecimento e o uso
“cuidadoso” dos valores sonoros que cada letra pode assumir, no processo de
notação, mas o desenvolvimento de automatismo e agilidades nos processos de
“tradução do oral em escrito” (no ato de escrever) e de “tradução do escrito em oral”
(no ato de ler). (MORAIS, 2012, p. 66).
A teoria da Psicogênese da Escrita considera os dois atores principais deste processo
como sujeitos ativos, assim valoriza-se o conhecimento prévio do aluno e o professor torna-se
um mediador da aquisição da leitura, pois necessita desenvolver atividades que ajudam o
aluno a descobrir a funcionalidade da linguagem escrita, substituindo a visão da escrita como
somente uma mera transcrição dos signos da fala e leitura ser apenas a mera decodificação
dos signos escritos.
16. 16
3.2. Algumas Considerações de Adeptos e Críticos da Teoria da Psicogênese da Língua
Escrita
As diversas pesquisas sobre a educação ao longo dos anos, como a Pisa (Pesquisa
Internacional de Avaliação do Estudante), sempre retratam a realidade gritante do Brasil,
como o resulta da pesquisa de 2012 mostram que ao se tratar de leitura o país ocupa o 55a
posição no ranking os 65 países pesquisados, este resultado mostra um retrocesso aos
resultados de anos anteriores.
Estatísticas como estas levaram à adoção do método da Psicogênese para solucionar
este problema educacional. Desde sua implantação, muitos pedagogos, psicopedagogos,
psicólogos, enfim profissionais ligados à área da educação demonstraram seu apoio e há
aqueles que se posicionaram de forma crítica a respeito do método adotado pelo Ministério da
Educação.
Em entrevista à revista Nova Escola, Telma Weisz, especialista em educação,
tornou-se adepta a teoria de Ferreiro e Teberosky ao perceber que “não se pode subestimar a
capacidade intelectual de nenhuma criança” (ANDRADE, 2015), por isso é necessário criar
condições e situações para a aprendizagem na tentativa de desconstruir o imagem do professor
como aquele que sabe tudo ou aquele que sabe mais, pois todos em sala de aula estão num
processo de elaboração de ideias e construção do conhecimento.
Neste sentido cabe ao professor estar atento às situações que ocorrem diariamente e
como se desenvolve cada aluno com o intuito de oferecer uma informação ou ajuda ao aluno
de forma criteriosa para que seja aproveitada e não utilizada de forma equivocada. Como
quando o aluno pergunta “como se escreve [za]” e a resposta do professor seja “Z com A”,
logo em seguida o aluno apresenta a palavra “meza”. O professor pode oferecer uma gama de
informações, mas se não houver critérios conduzirá o aprendiz ao erro. Weisz (2012) também
fala que a teoria ajuda a compreender e superar situações em que os “professores estavam
muito acostumados a achar que as crianças não prestavam atenção suficiente, não ouviam
bem a letra que faltava por isso que elas escreviam (errado) ou não sabiam todas as letras” e
julgam que ocorre um problema perceptivo quando as escritas apresentam falta/omissão de
letras, deixando mais claro o processo do acréscimo de letras na escrita.
Seguindo esta mesma perspectiva, Artur G. de Morais, professor e mestre em
psicologia cognitiva, adepto a Psicogênese da Escrita defende que a alfabetização é a
17. 17
apropriação do sistema notacional1
e não a aprendizagem de um código, definição apresentada
pela visão associacionista/empirista, visivelmente presente nas antigas cartilhas. Assim,
Morais defende a necessidade de ajudar e estimular a criança a entender, a compreender que
as palavras são compostas por unidades menores chamadas de sílabas, as sílabas são formadas
também por unidades menores denominadas de fonemas e os fonemas são formados pelas
letras.
Esta compreensão denomina-se de consciência fonológica, portanto Morais (2012),
contrapondo-se aos métodos fônicos, defende que ler e escrever são dominar o sistema de
escrita alfabética, por isso é necessário inserir a criança no mundo da linguagem que se
escreve, no mundo dos vários gêneros textuais. A escrita alfabética deve ser ensinada
sistematicamente, tratando a escrita alfabética com um objeto de conhecimento e o aluno
precisa ser ajudado a descobri-lo, reconstruí-lo, dele se apropriar. O aluno precisa
compreender o sistema e memorizar suas convenções.
As visões descritas acima são de adeptas à teoria de Ferreiro e Teberosky, mas há
outros que se opõem ferrenhamente às autoras, como é o caso do psicólogo Fernando
Capovilla, pois ele acredita que ler é decodificar e em entrevista a Menezes (2013), da Folha
de São Paulo, fala que os métodos baseados no construtivismo são "obras-primas de burrice
pré-científica", acreditando que o melhor método para ensinar a ler é o método fonético ou
fônico onde são primeiro ensinado os sons de cada letra, passando a construir a mistura destes
sons será possível à pronúncia completa da palavra, desta forma alcançará a leitura de todas as
palavras.
Em busca de comparar o desempenho de bons e maus leitores, Fernando Capovilla,
em sua pesquisa com crianças da 1a
série do ensino fundamental, chegou à seguinte
conclusão: “Os resultados sugerem que os processos cognitivos envolvidos na leitura e na
escrita estão relacionados fortemente ao processamento fonológico, incluindo consciência
fonológica e memória fonológica”. (CAPOVILLA, 2004, p. 456).
Vale também ressaltar as críticas que Magda Soares faz à Psicogênese da Escrita,
pois autora defende que a alfabetização é um aprendizado de uma técnica e o
desenvolvimento de práticas para o uso da técnica, porque:
Aprender a ler e a escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com
grafemas, para codificar ou para decodificar. Envolve, também, aprender a segurar
um lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para a direita;
enfim, envolve uma série de aspectos que chamo de técnicos. (2003, p. 15)
1
Está é a forma que o autor usa para definir o alfabeto, denominando também de Sistema de Escrita Alfabética
(ou de forma abreviada, SEA), de “sistema de notação alfabética”, “sistema alfabético” ou “escrita alfabética”,
sem distinção de uma expressão para outra.
18. 18
Ela também acrescenta que não adianta aprender uma técnica e não saber usá-la.
Aprender uma técnica e saber usá-la são duas vias diferentes, sendo a segunda consequência
da anterior. A principal crítica ao método da Psicogênese funda-se no princípio de que o
construtivismo criou a ideia da não necessidade de haver métodos de alfabetização, por
defender que aprendemos qualquer coisa interagindo com o objeto e “por equívoco se por
inferências falsas, passou-se a ignorar ou a menosprezara especificidade da aquisição da
técnica da escrita” (Ibidem, p. 17).
Levando em consideração as perspectivas apresentadas, surge o questionamento:
qual ou quais métodos podem ser utilizados para facilitar na criança a aquisição da leitura?
Pois em muitas escolas é alto o índice de alunos no terceiro ano do ensino fundamental que
leem com dificuldade e até mesmo não sabem ler, por isso vale observar em sala como está
ocorrendo o processo de alfabetização: se o processo não está estagnado em apenas uma
técnica e se as crianças são estimuladas a refletir sobre o sistema da escrita. Por fim,
alfabetizar é uma tarefa que exige muito mais que seguir fielmente um roteiro estabelecido.
4. APLICAÇÃO DE MÉTODOS ALFABETIZADORES
Há diversos métodos que podem ser aplicados para facilitar a aquisição da leitura.
No intuito de investigar qual método pode ser aplicado em sala de aula que facilite o processo
de leitura, no dia 06 março de 2015 a 06 de maio de 2015, foi desenvolvida no Centro
Comunitário Paulo Roberto, a pesquisa de campo de abordagem qualitativa, com
característica de pesquisa-ação. Fizeram parte desta pesquisa a turma de alunos da educação
infantil, jardim II, na faixa etária de 5 anos. A pesquisa foi realizada pelo turno da tarde, fora
do horário de aula, de segunda a sexta-feira, duas horas por dia, onde participavam geralmente
de 6 a 10 crianças.
As atividades ocorriam no mesmo espaço onde são realizadas as aulas regulares,
surgindo assim o primeiro desafio, desconstruir o espaço onde todos ficam sentados na
cadeira de braço, enfileirados individualmente, um atrás do outro, e por isso passaram a sentar
em círculo, para facilitar a interação, a socialização, a ajuda mútua, assim como facilitar a
locomoção dentro da sala. A sala deve ser e é um ambiente de interação e “para Vigotski, a
aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do indivíduo com o mundo
está sempre mediada pelo outro” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p.124), daí uma das
celebres frases de Vygotsky “Na ausência do outro, o homem não se constrói” (Apud.
RODRIGUES, 2015). Outras formas de organização também foram exploradas como sentar
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em dupla, sentados no chão, em círculos para a contação de histórias. Esta mudança de
ambiente e organização da sala ajuda a criar ideia de que o conhecimento não é estático e
aprender é uma atividade prazerosa.
No primeiro contato com a turma foi feito a averiguação da coordenação motora,
bem como da habilidade de escrever o próprio nome. Com esta atividade foi possível observar
o desenvolvimento da escrita e conhecimento das letras, mesmo que seja apenas do/no próprio
nome, considerando as etapas de desenvolvimento segundo a Psicogênese. Vejamos:
É interessante o observar como é misto o conhecimento do grupo, mesmo analisando
somente esta produção de escrita. Usar o nome como referência para desenvolver diversas
habilidades é muito importante. Foi o que observou a professora Kelliane Roque Martins de
Carvalho em entrevista à revista Guia Prático para Professores da Educação Infantil:
“Com a apropriação do nome, ela terá informações sobre a forma da escrita das letras, do
valor sonoro convencional de cada uma, além de precisar pensar em quantidade de letras
necessárias para a escrita do nome, posição e ordem das letras” (INFANTIL p.8).
A partir do trabalho com nome das crianças foi possível diagnosticar que muitas não
conheciam todas as letras do alfabeto, pois ao pedir para nomearem cada letra do seu nome as
mesma não conseguiam defini-las, porém conseguiam identificá-las em outras palavras. Deste
momento em diante as atividades voltaram-se para o (re) conhecimento do alfabeto, visto que
esta habilidade é primordial, porque segundo Solé:
Ler não é decodificar, mas para ler é preciso saber decodificar [...], aprender a
decodificar pressupõe aprender as correspondência que existe entre os sons da
linguagem e os signos ou os conjuntos dos signos gráficos – as letras e conjuntos de
letras – que os representam. (1998, p.52).
Marcelli
(Hipótese pré-silábica)
Davi
(hipótese silábica-alfabética)
Fabianne
(hipótese alfabética)
Thaissa
(hipótese silábica)
Myller
(Hipótese pré-silábica)
Fernanda
(hipótese alfabética)
Emerson
(hipótese alfabética)
Carlos
(Hipótese pré-silábica)
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Seguindo este pressuposto, foram desenvolvidas atividades como o recorte e colagem
das letras do alfabeto seguindo a ordem das mesmas; contação da “História a Magia do
Alfabeto” 2
, onde com ajuda de uma fantoche (fada) e as letras coladas em varetas foi sendo
contada a história; Para ajudar na coordenação motora, com a massa de modelar, foi formada
a primeira letra de seu nome.
Os jogos, outro recurso utilizado, ajudaram bastante, foram desenvolvidos jogos de:
a) localizar e encaixar a vogal no “tapete tatame alfabeto EVA, grande”, onde as letras
espalhadas pelo chão era localizada e encaixada no tapete; b) localizar os nomes espalhados
pela sala que iniciam com a letra aponta pelo articulador da brincadeira; c) bingo do alfabeto,
as crianças recebiam uma cartela com nove letras, na primeira rodada eram gritadas e
apontadas as letras nas cartelas, na segunda elas localizavam sozinhas em suas cartelas,
geralmente o colega do lado ajudava; d) foi escrito no quadro o nome do aluno e com a ajuda
do alfabeto móvel cada criança tinha que montar o seu nome; e) bingo com as sílabas, como
no das letras, a diferença era que a necessidade de marcação das cartelas dava-se com a escrita
da sílaba se esta estivesse presente na cartela, logo abaixo da pedra cantada. Nestas atividades
as crianças mostraram-se bastante interessadas em participar e foram executadas com quase
100% de perfeição as tarefas solicitadas.
Também foram realizados exercícios de coordenação motora e caligrafia, mas esta
era atividade que as crianças faziam com menos prazer, conclusão chegada após conversar
com a professora titular é que eles estavam trabalhando direto com a escrita. Uma
preocupação durante todas as atividades desenvolvidas era diversificar os tipos de letras
(imprensa e a cursiva, maiúscula e minúscula), pois vivemos no mundo letrado, muito comum
o uso das letras de imprensa, mas também necessitam conhecer as cursivas, as quais
utilizamos para escrever a punho.
2
Fonte: http://www.scribd.com/doc/19715151/Historia-a-Magia-do-Alfabeto. Acesso em: 30 de mar. 2015.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aquisição da leitura é um processo que envolve muitos fatores e aspectos como o
desenvolvimento social do educando devem ser levados em consideração, conforme defende
Vygotsky, pois a interação proporciona prazer ao aprender e alia estes fatores a práticas já
construídas. Neste modelo de dinâmica da aprendizagem, o professor também precisa colocar-
se como aprendiz para diversificar as formas de ensinar e acima de tudo ser ponte que
conduzirá as crianças na aquisição da leitura.
Fazer uso de um método exclusivo pode não ser o suficiente para assegurar o sucesso
do ensino, porque as crianças possuem uma grande capacidade de aprender e explorar esta
capacidade deve ser o propósito de qualquer método, daí a importância de se trabalhar com
colagem, contação de histórias, jogos e múltiplas abordagens. Estes formas de trabalhar
devem estar associadas às descobertas advindas do trabalho docente desenvolvido por
décadas. Soares (2003) relata a possibilidade da volta do método fônico, ou seja, do método
que a letra de um lado casava com a letra do outro lado, mas esclarece que a volta não se dará
como em anos passados, mas na orientação das crianças na construção das relações fonemas
grafemas, pois as crianças aprendem com facilidade quando se estabelece sistematicamente
esta relação.
Muitos avanços ocorreram no processo de alfabetização com as descobertas e
aplicação de novas teorias, o desenvolvimento de materiais educativos, mas é necessário olhar
as práticas adotadas anteriormente e refletir sobre o sucesso que proporcionaram e porque
deixaram de ser eficientes na perspectiva de avançar e o avanço não significa abandonar por
completo o que já foi construído, mas significa aprender com a prática anterior e aprimorá-la.
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