1) O documento discute as principais tendências pedagógicas como empirismo, apriorismo e interacionismo e como elas se relacionam com a prática docente do autor e a educação a distância.
2) Na educação a distância, o interacionismo é a abordagem mais adequada pois enfatiza a aprendizagem cooperativa, a ligação entre teoria e prática e a construção do conhecimento.
3) O autor conclui que as concepções pedagógicas surgem em resposta aos contextos históricos e culturais
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
Concepções pedagógicas na educação à distância
1. VALOR 6,0
NOTA 6,0
Concepções Pedagógicas e a Educação à distância
Aline Rodrigues Totti, Pedagogia Digital, Docência no Ensino à Distância
Introdução
Esta produção textual pretende fazer uma reflexão a cerca das principais tendências
pedagógicas, bem como relacioná-las a própria práxis da autora, à suas vivências enquanto
aluna e discutir como estas concepções podem contribuir na modalidade de ensino à
distância.
Os principais eixos epistemológicos: empirismo, apriorismo e interacionismo
Primeiramente, a epistemologia é o estudo das teorias do conhecimento, um estudo
reflexivo e crítico relacionado à crença e ao conhecimento. É um ramo da filosofia ligado à
educação e à psicologia que procura entender questões relativas ao conhecimento e de que
forma se dá o desenvolvimento, aprendizagem e o ensino.
O apriorismo, também chamado racionalismo ou inatismo, usa uma pedagogia não-
diretiva focada no aluno. Acredita que sujeito que possui idéias inatas, e que cabe ao
professor apenas despertar o conhecimento pré-existente, o aluno aprende por si só. Procura
raciocinar a partir da natureza, da hereditariedade, das raças, dos dons, dos instintos o que
pode levar a um preconceito perigoso.
Já o empirismo toma por base uma pedagogia diretiva centrada no professor, onde o
aluno é o sujeito, visto como a “tabula rasa”, fita vazia, folha em branco ou receptáculo,
que nada sabe. Não há diálogo, há monólogo (do professor). Acredita-se que apenas pelo
treino e repetição de exercícios organizados em seqüências e etapas bem definidas o aluno
pode aprender. O professor é autoritário, há muito silencio em sala de aula e a figura do
aluno é passiva, apenas escuta. Não há interação.
Interacionismo é visto como uma alternativa, uma resposta às deficiências dos
anteriores: empirismo muito focado no professor e apriorismo muito focado no aluno. Na
pedagogia relacional o sujeito e objeto são elementos inseparáveis que se complementam e
interagem.O professor leva o aluno a agir e a problematizar a ação. A aprendizagem se dá
não só pela fala do professor e nem só pelo esforço do aluno, mas pela interação das partes:
aluno, professor e conteúdo. O professor é um mediador entre o aluno e o objeto
(conteúdo). Há situações problematizadas e estímulo às pesquisas.
Primeiramente relacionando essas concepções à minha própria prática docente,
fiquei bem satisfeita, ao refletir sobre isso pela primeira vez, visto que este é meu primeiro
contato com termos como: pedagogia, metodologia, espistemologia, plano de ensino, práxis
pedagogia entre outros. Considerando que o processo de ensino-aprendizagem é composto
por três partes básicas: o professor, o aluno e o conteúdo, vou assumir um risco ao dizer
que há momento para tudo. Reconheço que trabalho com conteúdos que muitas vezes são
absolutamente técnicos criando alguns monólogos, meus. Porém, há conteúdos que
favorecem um ambiente mais interativo de discussões, pesquisas e descobertas, de
participação ativa e interessada dos alunos, ambiente este tão almejado por nós professores.
2. Mas há que se considerar que em certas ocasiões, determinadas turmas ou grupos de alunos,
ainda não atingiram um amadurecimento necessário a este tipo de prática mais
interacionista. Pensando nisto, prefiro deixar estes momentos de maior interatividade para
depois de um contato maior com a turma, é preciso preparar os alunos para este tipo de
prática. Num primeiro momento gosto de ouvir suas expectativas, suas experiências,
vivências e conhecimentos e trabalhar com isso. O conhecimento pré-existente é
importante. Como disse a professora Gleicione Souza em seu guia: “Não existe uma única
teoria, que sozinha responda a todas as questões. Nenhuma teoria sozinha poderá dar
respostas à diversidade de questões que se apresentam no ato de educar.” (SOUZA, 2010)
Num segundo momento, relacionando essas concepções à prática docente dos
professores, em geral, nos diversos níveis de ensino. Analisando isso na minha visão de
aluna, relembrando os momentos vivenciados em minha vida acadêmica, noto que a
concepção adotada na prática educacional da maioria de meus professores foi
essencialmente empirista até o ensino médio e principalmente nele. Há um memorável
professor de biologia no ensino fundamental, temido por todos, com aulas absolutamente
silenciosas, que nos fez decorar todos os ossos do corpo que são mais de 100, dos quais eu
devo me recordar de cinco, no máximo. No ensino médio, listas intermináveis de exercícios
extremamente repetitivos como um treino para o tão temido vestibular, com raras exceções
de divertidas aulas no laboratório de química. Já no ensino superior, ainda havia um temido
professor de física, mas de um modo geral pude vivenciar como aluna práticas mais
interacionistas com estimulo às pesquisas, à busca pelo conhecimento, à formação do
pensamento científico, à formação de um olhar crítico para a tecnologia, um ambiente
muito mais agradável de aprendizado, com pouquíssimas exceções.
Conclusão
Na modalidade de educação à distância que é o foco desta disciplina e deste curso,
algumas concepções podem trazer mais contribuições ao professor, ao aluno e ao ensino-
aprendizagem do que outras. Atividades e ferramentas que favoreçam uma prática mais
interacionista devem ser privilegiadas. Na modalidade à distância o aluno ganha uma
autonomia maior e uma grande liberdade de pesquisa. Neste sentido é primordial o papel de
mediador do professor entre o aluno e o conteúdo, para que o aluno conduza suas pesquisas
de maneira acertada dentro dos objetivos propostos e esperados pelo professor. O
interacionismo se apresenta como a tendência que mais atende às propostas do ensino à
distancia, que se confundem com as propostas do próprio interacionismo, como:
Aprendizagem cooperativa, a pesquisa do meio, a ligação entre teoria e prática e a
construção e produção do conhecimento em detrimento à reprodução do conhecimento. Na
educação à distância o aprender a aprender se torna gritante, visto que o aluno terá
múltiplas vias de comunicação e novas ferramentas que deverão ser dominadas em favor da
sua própria aprendizagem.
As concepções pedagógicas surgem em resposta ao momento histórico-cultural pelo
qual passa a sociedade e o interacionisto parece responder bem ao momento atual. Este
momento atual é a chamada pós-modernidade onde nada é estático, onde o novo surge a
todo instante e as possibilidades de busca por informações são praticamente inesgotáveis,
assim não cabe mais neste momento uma postura empirista onde o professor abarca todo
conhecimento, pois o conhecimento agora é plural, heterogêneo e está em constante
mudança. Também não há espaço para um posicionamento totalmente apriorista, já que, se
o professor não pode mais abarcar todo conhecimento, logo o aluno também não o
consegue. “As formas tradicionais de ensinar e aprender não se mostram eficazes em um
3. mundo que cada vez mais acumula informação e conhecimentos em um número gigantesco,
se comparado com épocas predecessoras. Onde dificilmente, pessoas ou livros,
individualmente, poderão abarcar todo o conhecimento em uma só área da
ciência”(GOMES,2010)
Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda Amaral. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo:
Moderna, 1996. 254 p.
MOREIRA, Simone de Paula Teodoro. Guia de Estudo – Pós-Graduação em
Docência na Educação a Distância (EaD) – Pedagogia Digital – Varginha:
GEaDUNIS/ MG, 2006.
Referências bibliográficas
SOUZA, Gleicione Aparecida Dias Bagne de. Guia de Estudo – Didática e Metodologia no
Ensino Superior. Varginha: GEaD-Unis-MG, 2010.
GOMES, Celso Augusto dos Santos. Guia de Estudo – Tecnologia e Educação – Celso
Augusto dos Santos Gomes. Varginha: GEPÓS-UNIS/MG, 2010. 122p.