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E
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 3
abertura
Os que querem ser perdoados, restaurados, salvos do
pecado e da morte, têm de se aproximar de Deus de
bolso vazio, sem defesa, sem desculpa, sem explicação
Entre a carteira recheada e o bolso
vazio, a segunda opção é muito melhor
que a primeira. O pão-durismo
e o consumismo têm muito a ver
com a carteira recheada. A viúva de
bolso vazio depositou no gazofilácio
“duas pequenas moedas de cobre,
de muito pouco valor”. Ela deu tudo
o que possuía para viver. Mas os
de carteira recheada lançaram no
mesmo gazofilácio o que lhes sobrava
(Mc 12.41-44).
A pior marca da carteira recheada é
o estado de espírito acentuadamente
complicado e perigoso que ela
fomenta: a auto-suficiência. A carteira
recheada pode ser um bom passaporte
nesta vida e neste mundo, mas não
abre porta alguma em direção a Deus,
tanto nesta como na outra vida. Só
se chega a Deus de bolsos vazios.
O homem e a mulher de carteiras
recheadas dificilmente bateriam em
seu peito para clamar: “Ó Deus, tem
pena de mim, pois sou pecador!”
(Lc 18.13, NTLH).
Setecentos anos antes de Cristo, a
voz de Deus já falava aos desprovidos:
“Venham, todos vocês que estão
com sede, venham às águas; e vocês
que não possuem dinheiro algum,
venham, comprem e comam! Venham,
comprem vinho e leite sem dinheiro e
sem custo” (Is 55.1). De fato, as boas
novas da salvação são para...
Os sem-água, os sem-dinheiro, os
sem-leite e os sem-pão.
Os sem-perdão de pecados, os sem-
reconciliação com Deus e os sem-paz
de espírito.
Os sem-vez, os sem-valor, os
sem-obras, os sem-razão, os sem-
merecimento, os sem-crédito e os
sem-saldo.
Os que querem ser perdoados,
restaurados, salvos do pecado e da
morte, têm de se aproximar de Deus de
bolso vazio, sem defesa, sem desculpa,
sem explicação, sem pretensão, sem
esmola, sem história de sucesso.
A base da salvação repousa
unicamente na graça de Deus:
“Vocês são salvos pela graça
mediante a fé, e isto não vem
de vocês, é dom de Deus”.
Não é por meio de alguma
obra “para que ninguém se
glorie” (Ef 2.8-9). Pois
“as nossas boas ações,
que pensamos ser um
lindo manto de justiça,
não passam de
trapos imundos”
(Is 64.6, BV).
Martinho
Lutero só teve
consciência do
perdão de seus
pecados depois de se
apresentar de bolsos vazios
diante de Deus.
O reformador declarava que não temos
nenhum recurso próprio, nenhuma
possibilidade de livramento em nós
mesmos porque “não só as nossas
injustiças são imundas, mas também
as nossas justiças” (Martinho Lutero,
Obras Selecionadas, v. 1, p. 357). Ele
chamava graça àquela grande abóbada
debaixo da qual colocava toda a
imundícia que os escribas fariseus
escondiam dentro dos sepulcros
caiados ou que deixavam dentro
do copo. Ele transferia todos os
seus pecados, a sua miséria
moral, o seu sentimento de
culpa, as suas imundas
“justiças”, o seu
desespero, o seu
pavor do inferno e
a ele mesmo por
inteiro para debaixo
daquela enorme
calota que é a graça
de Deus (Conversas com
Lutero, p. 138).
Enquanto os de
carteira recheadas não se
humilharem, tornando-
se iguais aos de bolso
vazio, não haverá salvação
para eles. Daí o apelo do
profeta: “Venham, todos
vocês que estão com sede
(...) e vocês que não
possuem dinheiro algum,
venham comprem e
comam!” (Is 55.1).
De bolso vazio!
stockxpert
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ATENDIMENTO AO LEITOR
Telefones: (31) 3891-3149
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36570-000 · Viçosa, MG
Editora Ultimato
ManuM
ULTIMATO Maio-Junho, 20084
carta ao leitor
Fundada em 1968
ISSN 14153-3165
Revista Ultimato
Ano XLI · NÀ 312
Maio-Junho 2008
Direção e redação
cartas@ultimato.com.br
Elben M. Lenz César (Jornalista responsável)
MTb 13.162 MG
Administração
Klênia Fassoni, Daniela Cabral, Lenira Andrade
Vendas
Lucia Viana, Lucinéa de Campos,
Romilda Oliveira, Tatiana Alves e Vanilda Costa
Editorial e Produção
Marcos Bontempo, Bernadete Ribeiro,
Djanira Momesso César, Fernanda Brandão
Lobato e Roberta Dias
Finanças / Circulação
Emmanuel Bastos, Aline Melo, Aparecida
Peixoto, Edson Ramos, Emílio Gonçalves,
Luís Carlos Gonçalves, Rodrigo Duarte e
Solange dos Santos
Estagiários
Alaila Ribeiro, Bruno Tardin, Daniel Figueiredo,
Fabiano Ramos, Hadassa Alves, Ivny Monteiro,
Larissa Caldeira, Luci Maria da Silva, Macel
Guimarães, Marcela Pimentel e Priscila Rodrigues
Arte - Oliverartelucas
Impressão - Plural
Tiragem - 35.000 exemplares
Łrgão de imprensa evangélico destinado
à evangelização e edificação, sem cor
denominacional, Ultimato relaciona Escritura
com Escritura e acontecimentos com Escritura.
Pretende associar a teoria com a prática, a fé
com as obras, a evangelização com a ação
social, a oração com a ação, a conversão com
a santidade de vida, o suor de hoje com a
glória por vir. Circula nos meses ímpares.
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro
da Associação de Editores Cristãos (AsEC)
Os artigos não assinados são de autoria da
redação. Reprodução permitida. Obrigatório
mencionar a fonte.
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Edições Anteriores - atendimento@ultimato.com.br
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No dia 12 de abril de 2008 saí de
Viçosa, MG, às 5h30 da manhã em
direção a Conceição de Macabu, RJ,
onde deveria pregar na comemoração
dos 100 anos de David Alves, uma
ex-ovelha de cinqüenta anos atrás. Foi
difícil conseguir permissão de minha
esposa e filhas para ir de carro. Eu
queria ver o verde das árvores, o azul do
céu, o amarelo-avermelhado do nascer e
do pôr-do-sol enquanto dirigisse o carro.
No início da viagem, a neblina mal
me deixava enxergar o asfalto. Antes
de começar a ver o verde, o azul e
o amarelo, vi a coisa mais feia deste
mundo: a morte. Logo depois de
uma curva, lá estava em pedaços um
caminhão que batera violentamente
em um barranco, cheio de botijões
de gás. O acidente, ocorrido poucos
minutos antes, fora tão violento que
não era possível localizar a cabine
do caminhão. Vi também outra
coisa muito feia: o dono de um dos
automóveis que lá estavam colocou em
seu carro dois ou três botijões de gás...
Doze horas depois de ver o verde,
o azul, o amarelo e a morte, já em
Conceição de Macabu, eu vi a vida!
Encontrei-me com David Alves,
nascido em 11 de abril de 1908. Ele
nunca tivera câncer nem doenças
cardíacas, nunca fora atingido por
uma bala perdida, nunca sofrera um
acidente fatal, nunca fora vítima de
latrocínio. O ancião tem sete filhos, 51
netos, 79 bisnetos e cinco tetranetos.
São ao todo 142 descendentes diretos,
sem contar os cônjuges.
Por coincidência, eu havia lido na
Bíblia, no dia anterior, o texto de
Jeremias que separa os velhos dos bem
velhos (6.11). Velho seria eu (78) e
bem velho, o centenário David Alves.
Diante daquela multidão de parentes
e amigos dele, li duas passagens das
Escrituras Sagradas. Na primeira, o
salmista descreve o início da vida,
quando o espermatozóide fecunda
o óvulo e aquela “substância ainda
informe” (o embrião) vai sendo
entretecida, de “modo especial
e admirável”, até completar-se e
poder dispensar o ventre materno
(Sl 139.13-18). Na segunda, o apóstolo
Paulo afirma categoricamente que “se
for destruída [pela morte] a temporária
habitação terrena em que vivemos [o
corpo], temos da parte de Deus um
edifício, uma casa eterna nos céus,
não construída por mãos humanas”
(2Co 5.1). A vida futura será, para os
que estão vivos hoje, uma experiência
absolutamente nova, ligeiramente
parecida com a do parto.
A vida não é “o caminho entre o
nascimento e a morte”, como diz o
Dicionário de Psicologia Dorsch. À luz
do cristianismo, a vida é maravilhosa
e infinitamente mais que o mísero
período de tempo espremido entre
as dores do parto e as dores do
sepultamento! Aleluia!
E. César
A morte e a vida
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Incapazes de latir
U
ULTIMATO Maio-Junho, 20086
PastoraisPastorais 56
A missão de latir não
pertence apenas aos
pastores. Ela se estende
a todos aqueles que
têm alguma posição
relevante na sociedade
e são, portanto, co-
responsáveis pela
segurança de todos
Uma vez treinados, os cães servem
para a guarda da casa e de outros
bens de seus donos. São capazes de
proteger lojas e fábricas à noite. Ao
latir e rosnar, amedrontam ladrões
e acordam quem está dormindo, em
caso de fogo. Se esses cães perderem
a capacidade de latir, já não servem
para cães de guarda.
Por serem responsáveis pela
segurança religiosa do povo de
Deus, alguns homens e mulheres
são vocacionados, preparados e
empossados como atalaias, guardas,
líderes, pastores, sentinelas ou vigias
dos fiéis. Com muita freqüência,
esses “cães de guarda” dão mau
testemunho, cometem escândalo,
tornam-se mercenários e abandonam
o rebanho, principalmente na longa
história de Israel. Há muitas queixas
contra eles no Antigo Testamento.
Todas muito severas. Uma delas
encontra-se em Isaías 56.10:
“As sentinelas de Israel estão cegas
e não têm conhecimento; todas elas
são como cães mudos, incapazes
de latir. Deitam-se e sonham; só
querem dormir”.
Isaías 56.9-12 mostra que esses
pastores são incapazes de
enxergar o perigo (“não
têm conhecimento”),
de latir (“são como cães
mudos”), de permanecer
acordados (“só querem
dormir”), de controlar a
gula (“são cães devoradores
insaciáveis”), de se submeterem
ao Senhor (“todos seguem seu
próprio caminho”), de abrir mão
dos seus interesses pessoais
(“cada um procura vantagem
própria”) e incapazes de frear
sua decadência (“bebamos
nossa dose de bebida
fermentada, que amanhã será
como hoje, e até muito melhor”).
O que mais impressiona é a
denúncia de que são “incapazes de
latir”. Tornaram-se cães emudecidos
que não sabem, não podem e já não
conseguem latir ou ladrar. Então,
para que servem? Quando o ladrão
se aproxima, quando o lobo ataca o
rebanho, eles não ladram. O rebanho
fica, dessa forma, perigosamente
desprotegido.
A missão de latir não pertence
apenas aos pastores. Ela se estende
a todos aqueles que têm alguma
posição relevante na sociedade e
são, portanto, co-responsáveis pela
segurança de todos. Entre eles
estão os pensadores, os sociólogos,
os comunicadores, os professores,
os governantes, os legisladores,
os psicólogos, os estatísticos, os
militares, os juízes etc. Se todos
forem incapazes de latir, o caos ético
se instalará de forma alarmante,
globalizada e irreversível.
O pai e a mãe de crianças e
adolescentes têm a obrigação de
“latir” em benefício de seus filhos,
livrando-os de desperdiçar a saúde e
a vida nos caminhos desastrosos da
incredulidade, da secularização, do
crime, do álcool e das drogas e da
promiscuidade sexual. A qualquer
perigo, a qualquer desvio e a qualquer
ameaça, o pai e a mãe, em uníssono,
precisam emitir aqueles “latidos” que
assustam tanto o assaltante como a
vítima.
Talvez fosse bom verificar ao nosso
redor: os “cães de guarda” que nos
rodeiam tornaram-se incapazes de
latir? Nós mesmos nos tornamos cães
mudos, incapazes de latir?
RodolfoClix
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Seções
Capa
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 7
“Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo”
IS 55.6
ABREVIAÇÕES:
BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; EP - Edição Pastoral;
EPC - Edição Pastoral - Catequética; NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas
de indicação foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional.
Reflexão
Robinson Cavalcanti
A mui piedosa esquerda cristã 38
Ricardo Gondim
Desde 1968 40
Redescobrindo a Palavra de Deus
Como será que está a Maria? Será que ela carrega
o vírus da aids no seu corpo?, Valdir Steuernagel 42
História
A integridade do evangelho: uma avaliação do
neopentecostalismo, Alderi Souza de Matos 44
Entrevista
Raimundo César Barreto Júnior
O sucesso da não-violência 47
O caminho do coração
Tudo em comum, Ricardo Barbosa de Sousa 52
Da linha de frente
Orgulho e preconceito, Bráulia Ribeiro 54
Arte e cultura
Caetano e Cristo, Mark Carpenter 58
Ponto final
Salvação que embeleza, Rubem Amorese 66
Doenças não catalogadas pela medicina
que podem e devem ser tratadas 26
O caminho confuso e perigoso da terapia de vidas passadas
Carlos Caldas 28
Você precisa ser curado... 30
Feridas físicas e morais da sola dos pés ao alto da cabeça 32
Abertura 3
Carta ao leitor 4
Pastorais 6
Cartas 8
Quadro de avisos 13
Mais do que notícias 14
Números 20
Nomes 22
Frases 23
Reportagem 24
Em Jesus você pode confiar 31
Novos acordes 53
Deixem que elas mesmas falem 56
Meio ambiente e fé cristã 57
Ação mais que social 60
Vamos ler! 62
Prateleira 63
Agenda 64
Especial
A dança do “quero” e “não quero” 36
stockxpertstockxpert
Leia em www.ultimato.com.br
• Minha vida tem feito diferença? (seção
“Altos papos”), por Jeverton Magrão Ledo
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ULTIMATO Maio-Junho, 20088
Viv Grigg
AorelacionarareflexãoMuibíblicamissãointegral(março/abril
2008,p.38),deRobinsonCavalcanti,comasrespostasdeViv
GriggnaentrevistaOinversodacultura(p.48),dáparaperceber
queformularateologiadamissãointegraléumacoisa,masvivê-
laéalgocompletamentediferente!Anossateologiacalvinistaé
bíblicaeexcelente;oquenosfaltaévivenciá-lanocotidiano.
REV. DEWEL LOMÔNACO BRAGA
Itajubá, MG
Quecoisa!LeionaentrevistacomVivGriggqueasigrejasO
BrasilparaCristo,AssembléiadeDeus,DeuséAmor,entre
tantasoutrasigrejaspentecostais(sempredesprezadase
ridicularizadaspelasco-irmãsclássicasdaReforma),têmfeito
atalmissãointegraldesde1910!Agoraéquevocêsprestaram
atençãonessefato!BenzaaDeus!Nemtudoestáperdido!
PAULO CÉSAR SAMPAIO
Fortaleza, CE
Acabo de ler a entrevista com Viv Grigg. Coincidência ou
não, terminei de ler há pouco o livro A Crucificação de
Felipe Strong, de Charles Sheldon, o mesmo autor de Em
seus Passos o que Jesus Faria? É impressionante como os
temas são próximos. Aguardo ansioso o relançamento de
Servos entre Os Pobres, de Grigg.
GUSTAVO BRANDÃO
Curitiba, PR
Deus é fiel
Tenho o privilégio de acompanhar Ultimato desde a sua
concepção e nascimento. Guardo todos os números. Leio
da primeira à ultima página, de “Pastorais” ao “Ponto
final”. Quanta coisa eu mesma gostaria de ter escrito, e
as vejo tão bem colocadas nas palavras dos articulistas.
É o caso do artigo Deus é fiel... e eu? (março/abril
2008, p. 15). Parece que estava revendo as perguntas
que sempre faço ao ver este adesivo em tantos carros.
Precisamos rever nossa conduta. Estamos sendo fiéis
nos dízimos, nas ofertas, nos cargos que ocupamos na
igreja, no casamento realizado na presença do Senhor,
na educação de nossos filhos para o Senhor? Nestes
quarenta anos, Ultimato tem nos ajudado muito a sermos
fiéis ao Deus que é fiel.
MÁRCIA BROCHADO SEVERINO DA SILVA
Rio de Janeiro, RJ
O Jesus dos Evangelhos
Gostei de ler Ultimato não quer fazer o papelão de deixar
Jesus de lado (março/abril 2008, p. 37). O testemunho da
revista é mesmo cristocêntrico. Nestes dias relativistas,
pluralistas, hedonistas e subjetivistas é muito importante
ler e ouvir coisas que vão contra a correnteza e apontam
para Cristo, o Salvador do mundo. Há aqueles que falam
de Jesus, mas negam as doutrinas básicas da encarnação,
morte, ressurreição e ascensão. Ou simplesmente
usam o nome de Jesus como amuleto, desconhecendo a
profundidade de seu sacrifício.
ALEX ESTEVES DA ROCHA SOUSA
Sete Lagoas, MG
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 9
Verdades contundentes
Aprecio a linha de Ultimato, ora anunciando, ora
denunciando. Gosto mais da denúncia. Sou fã dos audazes,
daqueles que sem medo revelam as falhas, como o profeta
Elias diante do rei Acabe (1Rs 8.15) e João Batista diante
do rei Herodes (Lc 3.19). Os dois possuíam o espírito de
ousadia, aquele espírito que nos livrará da ira divina. Tenho
muita admiração pelas reflexões, em especial as de Ricardo
Gondim, pela sinceridade como encara os fatos, por sua
linguagem clara e objetiva e por sua destreza em revelar
verdades contundentes. Parabéns editores e colaboradores!
MARIA CARMINA SAMPAIO TORRES
Belém, PA
Homossexualidade
Aediçãodejaneiro/fevereirodeUltimatoabordouaquestãoda
homossexualidade.Oassuntoécandenteemuitocomplexo.
Comopsicólogo,tenhoatendidodiversaspessoas,deambos
ossexos,comtendênciashomossexuais.Parecequeanatureza
eavidapregampeçasemalgumaspessoas.Numcorpo
biologicamentemasculinocolocamsentimentosfemininos;
enumcorpobiologicamentefemininocolocamsentimentos
masculinos,criandoumtremendoconflito.Éprecisoesclarecer
queesteéumdostiposdehomossexualidadebastante
freqüentes.Ahomossexualidadetrazmuitosquestionamentos,
porque,viaderegra,osentimentohomossexual,aliás,como
todosentimento,nãodependedavontadedapessoa.Oprimeiro
questionamentoéteológico:porqueJesus,emmomentoalgum,
refere-se,aomenosindiretamente,àhomossexualidade?Em
nenhumdosquatroevangelistasaquestãoéabordada.Não
acreditoqueentreosjudeusnãohouvessehomossexuais.
Osegundoquestionamentoéumaperguntaquemefaço
freqüentemente:temaigrejaodireitodeexigirqueo
homossexualleveumavidacelibatária?Nãotenhorespostas
paraosmeusquestionamentosetalvezporissomesmoelesme
causemcertainquietação.MasagradeçoconstantementeaDeus
pornãoserhomossexualepormeusfilhostambémnãooserem,
porqueéumsofrimentomuitogrande.
CÂNDIDO A. LORENZATO
Porto Alegre, RS
—Jesusnãomencionaahomossexualidade,mascobrauma
condutasexualmaisaltadoquequalqueroutroescritorbíblico:
“Qualquerqueolharparaumamulherparadesejá-la,jácometeu
adultériocomela”(Mt5.27).Separaevitaresseolharfixo
ecalculadoporumamulheralheiapoderiasernecessário
arrancarelançarforaoolhodireito(linguagemfiguradausada
porJesus),oquepensardeumarelaçãosexualcontráriaà
natureza(apráticahomossexual)?SeJesusnãosereferiu,ao
menosindiretamente,àhomossexualidade,seumaisnotável
convertidoeseguidoréquemmaisexplicitamentetratado
assunto.Paulodizqueasmulheres“trocamsuasrelações
sexuaisporoutras,contráriasànatureza”eque,“damesma
forma,oshomenstambémabandonaramasrelaçõesnaturais
comasmulhereseseinflamaramdepaixãounspelosoutros.
Começaramacometeratosindecentes,homenscomhomens,e
receberamemsimesmosocastigomerecidopelasuaperversão”
(Rm1.26-27).(VejaÉparaabandonarahomofobia,masnãoa
condenaçãodapráticahomossexual,p.20)
A morte da morte
Este ano começou para mim de uma forma muito difícil, pois
perdi meu querido irmão e sobrinhos num grave acidente.
Quando estávamos todos abatidos, muitos irmãos entraram
em contato conosco e se compadeceram da nossa dor. No
meio de tantas bênçãos, ganhei também uma assinatura de
Ultimato. Além disso ainda recebi todas as edições de 2007.
Qual não foi a minha surpresa, uma delas falava da morte
da morte, e outra, de Jó. Obrigada por trazerem textos tão
edificantes para a igreja dos nossos dias e por nos tratarem
com tanto amor e carinho nesses momentos difíceis.
MEIREANA DUTRA DE ASSIS SILVA
São Paulo, SP
Que vida boba!
De fato, se não existisse a promessa de Jesus de um novo
céu e uma nova terra, a vida não teria o menor sentido.
Infelizmente muitos só descobrem isso no leito da morte,
quando há tempo, é claro.
ANTONIO PORTO
Itapetininga, SP
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ULTIMATO Maio-Junho, 200810
Missão integral
A missão da igreja está, muitas vezes, soterrada pela
iniqüidade do homem, mas tenho plena fé que Cristo cuida
de sua noiva por meio de palavras de conhecimento e
sabedoria de pessoas como o bispo Robinson Cavalcanti.
Ele consegue refletir de forma profunda a grande missão
que Jesus nos deixou: o “Ide”. Por vezes, a igreja tem
perdido o foco deste itinerário, mas certamente a palavra
ministrada não voltará vazia. É tempo de pensarmos sobre
as peculiaridades da vida de Jesus Cristo, e o quanto ele
mudou a história. Para vivermos conforme essa missão,
precisamos examinar com mais fidelidade o texto bíblico e
resgatar o nosso papel transformador da sociedade. Essa
missão não é fácil, mas nós temos o Espírito Santo que nos
capacita. Certamente, estamos sendo chamados por Cristo
para vivermos de forma prudente neste tempo sombrio para
a cristandade.
CLEVERTON BARROS DE LIMA
Campinas, SP
A realidade do
cristianismo brasileiro
Gostaria de parabenizá-los pela revista Ultimato. Comecei a
lê-la quando eu ainda estava na faculdade, e muitas vezes
me pego lendo e relendo edições antigas. Cada edição é
como um sopro de vida nova para mim, por isso aguardo
ansiosamente a chegada da publicação! Gosto do fato de
que os artigos não são utópicos, revelam a espiritualidade
cotidiana de cada um de nós: as dúvidas, os medos, as
alegrias, a realidade do cristianismo no Brasil. Muito
obrigada. Oro para que Deus continue a inspirar a equipe e
os colunistas!
STEPHANIE PARKER
Porto Alegre, RS
Evangélicos e católicos
Um evangélico, por mais errado que seja, ainda é mais
certo do que qualquer católico, pois não se prosta diante de
uma imagem de escultura para prestar-lhe culto, adorá-la
ou mesmo venerá-la como eles (os católicos) se defendem.
ODAIR ORLANDI
Umuarama, PR
Maria
Estamos estudando em nossa igreja sobre Maria, mãe de
Jesus. Lembro-me de ter lido na revista Ultimato (maio/
junho 1993) os artigos Maria demais e Maria de menos.
Poderia receber uma cópia desses textos por e-mail?
ÁUREA CACHONI M. FERRAZOLI
Ourinhos, SP
Mulheres nunca mais
Quero me manifestar contra a carta Mulheres nunca mais,
de Wesley Chrisley, de Sorocaba, SP. O comentário foi muito
infeliz e ele próprio deve ser tremendamente infeliz por
não valorizar o trabalho maravilhoso que as mulheres estão
fazendo para o Senhor. Se ele visitasse a minha igreja, veria
mulheres resgatando vidas para Cristo, pregando nas praças,
nas empresas, nas cadeias, nas igrejas, e mudaria de idéia.
As mulheres estavam presentes no dia de Pentecostes e
o derramamento do Espírito foi também sobre elas, como
havia sido profetizado pelo profeta Joel: “Sobre os meus
servos e as minhas servas derramarei o meu Espírito”
(At 2.18). Wesley precisa conhecer mais as histórias de
avivamento, como o caso de Sarah Osborn, que fez parte de
um avivamento em Newport, nos anos de 1766-1767. Outra
grande ministra foi Hannah Smith, autora do livro O Segredo
de uma Vida Feliz. Com o afastamento do seu marido do
ministério por motivo de adultério, ela continuou a pregar,
ensinar e escrever. Paulo faz referências elogiosas a várias
mulheres: Febe, Priscila, Maria, Júnia, entre outras.
PR. ELSON MEDEIROS
Assembléia de Deus de Laranjeiras - Serra, ES
84 anos de vida e 59 de
sacerdócio
Agradeçocomovidamenteassaudaçõeseaugúriosaoensejo
demeunatalício.Ésempremuitogratificantesentirqueoutros
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 11
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MONSENHOR VALDEMIRO CARAM
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trazerapúblicoarealidadedopaíseoferecermaisinformações
àclassemédica.Simpatiaemnadanosajuda!
PATRÍCIA NEME
Palmas, TO
Ultimato na EBF
Desde o início de 2008 nossa classe de escola bíblica
dominical para jovens tem estudado os assuntos de destaque
da revista Ultimato. Os resultados são satisfatórios e
fantásticos. A linguagem simples e objetiva da revista ajuda a
compreensão dos alunos. Agradeço a Deus por vocês.
SORAYA AGUIAR MENEZES
Ipatinga, MG
Juntos até então
Desde meus tempos de estudante no Instituto José Manuel
da Conceição, em Jandira, SP, e do Seminário Presbiteriano
de Campinas, Ultimato tem sido uma bênção para mim e
para meus irmãos na fé. Até aqui estamos juntos! Que a
revista continue sendo o que é!
REV. ELY BARBOSA
Salto de Pirapora, SP
Blog Ultimato
Não sou muito afeito a ler blogs; raros são os que leio, mas
ao ver que Ultimato lançou o seu, não pude resistir e entrei, li
e gostei muito. Ultimato, embora quarentona, está cada vez
mais moderna, antenada e se torna a cada dia um excelente
veículo de transmissão das verdades bíblicas, quebrando
preconceitos e paradigmas, sendo inclusive tema de matéria
em revista católica. Continuem no caminho.
SÉRGIO PRATES LIMA
Rio de Janeiro, RJ
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 13
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ULTIMATO Maio-Junho, 200814
do que
Rebanhos instáveis tanto na seara
protestante como na seara católica
Oproblema de trânsito de uma
igreja para outra não é um
fenômeno exclusivamente protestante.
Nas grandes cidades, diz Dom
Moacyr Grechi, bispo de Porto Velho,
RO, “cresce também o número de
fiéis que escolhe a igreja ou a paróquia
não pela vizinhança ou território, mas
segundo seu gosto e suas afinidades
espirituais”. No caso dos evangélicos,
o trânsito pode ser de uma igreja para
Segundo cálculos do Instituto
de Pesquisas Econômicas
Aplicadas, o governo Luiz Inácio
Lula da Silva gastou, em 2006, com
todos os seus programas sociais,
cerca de 21 bilhões de reais. O
jornalista Clóvis Rossi compara esse
montante com os lucros somados
de quatro entidades financeiras em
2007 (Itaú, Bradesco, Unibanco
e Santander), no valor de 21,777
bilhões de reais. Rossi aponta o
problema da desigualdade social:
enquanto a primeira soma é
distribuída entre 11 milhões de
famílias alcançadas pelo programa
outra da mesma denominação ou de
uma denominação para outra. Nas
últimas décadas, é maior o número
dos que saem das denominações
históricas para as denominações
pentecostais do que o contrário. No
rebanho católico também há a figura
do padre, cuja performance, segundo
a mesma fonte, “é julgada pelas
emoções que suscita ou pela sedução
que exerce”.
O país dos
migrantes é o 5º
mais populoso
Segundo o Fundo das Nações
Unidas para a População
(UNFPA), “se todos os migrantes
regularmente registrados residissem
no mesmo país, representariam o
quinto país do mundo em número de
habitantes”, logo depois da China (1,3
bilhão), Índia (1,1 bilhão), Estados
Unidos (297 milhões) e Indonésia
(222 milhões). O Brasil viria em
seguida (180 milhões). Setenta por
cento de todos os migrantes vivem
em dois países da América do Norte
(Estados Unidos e Canadá) e em cinco
países da Europa (Rússia, Alemanha,
França, Reino Unido e Espanha).
O paredão entre
ricos e pobres
continua de pé
Bolsa-Família, a segunda é
distribuída entre quatro “famílias”
financeiras.
O pesquisador Gabriel Ulysses,
do mesmo instituto do Ministério
do Planejamento, esclarece: “Apenas
10% da população continua se
apropriando de 80% da renda
nacional” (Folha de São Paulo,
17/07/07, A2).
Cresce o número
dos que nunca
ouviram falar das
boas notícias
Aigreja não está dando conta. Não
está suportando a concorrência.
Segundo o Vaticano II, há quarenta
anos, 66% da humanidade “nada ou
muito pouco ouviu do anúncio das
boas notícias”. Hoje, este número, o
dos que quase não ouviram falar do
evangelho, aumentou para 80%. A
consciência missionária precisa, como
nunca, ser acesa. O maior desafio da
Grande Comissão (a ordem explícita
dada por Jesus no momento de sua
ascensão) é alcançar com o evangelho
cada época da história, cada canto
da terra, cada âmbito da sociedade
e cada pessoa dos ajuntamentos
humanos.
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ULTIMATO Maio-Junho, 200816
do que
Filhos e genros de Shimpo e Tamao (da esquerda para a
direita): Arthur e Aki, Luiza e Socei, Alice e Yoshio, Rosa e
Soie, Emília e Zentem, Paulo e Teruko e Olga e Setiro
O
s jovens imigrantes japoneses
Tamao Hashimoto, nascida
na Província de Fukuoka,
e Shimpo Kuniyoshi, nascido na
Província de Okinawa, ambos
descendentes de famílias nobres,
conheceram-se por acaso no centro de
São Paulo em 1919, quando tinham
20 anos. Casaram-se no ano seguinte.
Quando deixou a família no Japão e
veio para o Brasil por decisão própria,
Tamao era uma adolescente de 14
anos. O navio que trouxe essa leva de
imigrantes gastou 60 dias para chegar
ao porto de Santos. Shimpo era um
rapaz de 18 anos quando aportou no
Brasil algum tempo depois daquela que
seria sua esposa.
À altura do casamento, os dois
jovens já haviam fugido das lavouras
de café do interior do Estado de São
Paulo por não agüentarem o trabalho
braçal e por receberem chibatadas dos
capatazes quando o serviço não rendia.
Passaram a trabalhar como empregados
domésticos na capital.
O jovem casal teve oitos filhos. Exceto
o primeiro, que morreu de meningite
aguda aos seis meses de idade, todos
os outros estão vivos: Luiza Kaio (85),
Rosa Kaio (84), Arthur Kuniyoshi
(82), Paulo Kuniyoshi (80), Emília
Sakiyama (77), Alice Sakiyama (75)
e Olga Hayashi (66). Destes, dois já
comemoraram bodas de diamante:
Luiza e Socei Kaio (outubro de 2005) e
Rosa Soie Kaio (março de 2006); e três,
bodas de ouro: Arthur e Aki Kuniyoshi
(julho de 2000), Emília e Newton
Sakiyama (dezembro
de 2000) e Alice e
Yoshio Sakiyama
(setembro de 2003).
A soma da idade dos
sete filhos de Tamao
e Shimpo e de seus
sete cônjuges é igual
a 1.096 anos (a idade
média dos 14 idosos é
de 78 anos).
O primeiro
contato da família
Kuniyoshi com o evangelho foi
através do testemunho de um dos
empregados do sítio que compraram
perto de Cambará, no Paraná. O
rapaz era “muito educado, reverente
e muito bom de serviço”. Mais
tarde, a filha mais velha do casal foi
estudar corte e costura em Cambará
e se hospedou com uma imigrante
japonesa evangélica, que lhe falou
de um certo Jesus, filho de Deus,
que veio salvar o mundo do pecado.
Outra família japonesa também era
crente e procurava evangelizar os
conterrâneos da região. Não tardou
para que um dos filhos dessa família,
que morava em São Paulo, trouxesse a
Cambará pastores japoneses da Igreja
Metodista Livre. O resultado é que
não demorou muito para que Luíza e
Rosa se convertessem ao evangelho e
também se enamorassem dos irmãos
Socei e Soie, da família Kaio, aquela
que havia pregado o evangelho para as
moças. Luíza casou-se com Socei cinco
meses antes do lançamento das bombas
atômicas em Hiroshima e Nagasaki,
que matou cerca de 214 mil japoneses
em agosto de 1945. Rosa casou-se com
Soie onze meses após essa tragédia.
Com o tempo, toda a família
se converteu. O testemunho de
Paulo Kuniyoshi, o quarto filho, é
impressionante. Apesar de freqüentar
a igreja e estudar a Bíblia com
regularidade, ele demorou algum
tempo para ter uma experiência pessoal
de aceitação de Jesus como seu Senhor
e Salvador. Isso aconteceu em Bauru,
SP, em 1977, quando ele tinha 49
anos e já era engenheiro e advogado.
Naturalmente o evangelho colaborou
para que os descendentes de Tamao e
Shimpo tivessem casamentos estáveis e
se mantivessem unidos (todos os anos
os sete casais tiram férias no mesmo
lugar e no mesmo período).
O formidável encontro de Tamao
e Shimpo em 1919 já rendeu noventa
pessoas: sete filhos, 25 netos, 56 bisnetos
e 2 tataranetos! Incluindo os cônjuges, o
número total sobe para 130 pessoas.
A propósito do centenário da imigração
japonesa (1908-2008)
Cinco dos sete filhos dos imigrantes
japoneses do início do século 20 já
fizeram bodas de ouro
Arquivopessoal
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 17
O
s cristãos de fé e conduta
não deveriam se abalar com
a zombaria e oposição dos
cabeças-pensantes, cheios da sabedoria
deste mundo e de arrogância, pois estes
também erram e são obrigados a voltar
atrás, a desdizer o que haviam dito, a
“desprovar” o que haviam provado.
No artigo Samba do cientista louco,
o jornalista Ruy Castro, da Folha de
São Paulo, demonstrou que na área
de nutrição o que os cientistas dizem
hoje contraria por completo o que
diziam ontem. O leite, que hoje é
considerado um veneno para quem tem
úlcera, antes era tomado para aliviá-la;
a manteiga é mais saudável do que a
margarina, mas antes era a vilã para
vários órgãos, inclusive o coração; ovo
faz bem ao coração (antes era o pior
inimigo do colesterol e do coração);
café, que estimula o sistema nervoso
central, o coração, os vasos sangüíneos
e os rins, era uma bebida proibida por
conter cafeína; açúcar é uma beleza,
mas antes ele deveria ser substituído
pelos adoçantes.
Tanto a Rússia quanto a China
estão revendo a política de diminuição
da taxa de natalidade. Para reverter
a situação criada anteriormente pelo
próprio governo, uma das províncias
da Rússia adotou uma providência
inusitada: o governador Sergei
Morozov pediu aos empregadores que
dessem folga a seus funcionários no dia
12 de setembro de 2007, para que eles
tivessem tempo livre para fazer sexo, de
tal modo que, em caso de concepção,
a criança nascesse nove meses depois,
em 12 de junho de 2008, Dia Nacional
da Rússia. As mulheres que derem à
luz nesse dia poderão ganhar, entre
outros prêmios, uma casa nova (FSP,
13/09/07, A14).
A política do filho único, em vigor
na China desde o final dos anos 70,
que teria evitado 400 milhões de
nascimentos, está sendo reconsiderada
para desacelerar o envelhecimento
rápido da população. A vice-ministra
de Planejamento Familiar teria dito
que a China corre o risco de “ficar
velha antes de ficar rica”. No momento,
entre 30% e 40% dos chineses estão
autorizados a ter dois ou mais filhos
(FSP, 29/02/08, A14).
Há menos de dois meses, o escritor
Carlos Heitor Cony comentou que a
própria ciência percorre um caminho
muitas vezes errado: “De 50 em 50
anos, até em ciências exatas, como a
física, as verdades são modificadas”.
Os cristãos precisam suportar com
firmeza a zombaria dos não-crentes sem
se apoquentar nem diminuir a alegria
e a certeza de serem filhos de Deus e
co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). O
zombador, como escreve John Stott,
“é alguém que nega a seriedade do
pecado, da culpa e do juízo, e que não
dá muita importância à necessidade da
reconciliação e do perdão” (A Bíblia
Toda, o Ano Todo, p. 90).
A manteiga é mais saudável
do que a margarina
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ULTIMATO Maio-Junho, 200818
do que
Asituação do cristianismo europeu
não é nada confortável nem no
meio católico nem no meio protestante.
Na Itália, onde 97% da população se
considera católica, apenas 30% dos fiéis
vão à igreja. Na França, denominada
“filha primogênita da igreja”, há cidades
com maior presença de mulçumanos
que de católicos. Sessenta por cento
da população de Marselha, a segunda
maior cidade da França, professa o
islamismo. Enquanto o número de
sacerdotes diocesanos e religiosos
cresce na América Latina, África e
Ásia, decresce na América do Norte, na
Oceania e principalmente na Europa
(18,4% a menos). O número de católicos
aumenta na Ásia e na África, mas
diminui de maneira sensível na Europa.
Quarenta por cento dos britânicos,
tradicionalmente protestantes, declaram
não acreditar em Deus (no Brasil a
porcentagem desses era de 1% na década
de 70 e hoje chega a 7,3%).
Em artigo publicado no jornal
americano Chicago Sun Times,
Adele M. Stan, autora de Debating
Sexual Correctness (Retidão sexual
em debate), diz que o papa Bento
XVI “nunca olhou no espelho para
encontrar a verdadeira razão do
declínio do catolicismo na Europa”.
O papa responsabiliza o modernismo,
o relativismo e o multiculturalismo.
Porém, Stan afirma que “a rejeição da
Europa ao catolicismo tem menos a ver
com a perda de espiritualidade do que
com o autoritarismo de uma instituição
que muitos consideram, na melhor das
hipóteses, moralmente inapta; na pior,
moralmente falida”.
Para a autora do artigo, os campos
imersos em sangue da Primeira
Guerra Mundial provariam serem
campo fértil para o existencialismo e
para seu primo, o niilismo. A Igreja
Católica Romana tem sua parcela de
culpa: ela se aliou ao anti-semitismo
na França, ao ditador Francisco
Franco na Espanha e ao movimento
revolucionário na Croácia.
Consultado a respeito dos
comentários de Adele Stan, o historiador
protestante Alderi Souza de Matos diz
que é difícil avaliar a correção desse
diagnóstico. “O crescente secularismo
da Europa pode ser explicado em
parte por certas situações internas da
Igreja Católica, mas há outros fatores
envolvidos”. Alderi explica que “desde o
iluminismo, no século 18, essa tendência
secularizante tem crescido tanto em
nações católicas como em protestantes”,
e acrescenta: “O problema de muitas
pessoas é a desilusão com a religião
em geral, não só com o catolicismo”.
A religião tem sido identificada com
obscurantismo, moralismo, hipocrisia,
manipulação. Quanto ao crescimento
do islamismo na Europa, o historiador
explica que é principalmente em virtude
da imigração.
Uma boa definição de secularismo
foi dada recentemente pelo cardeal
Paulo Poupard, presidente do Pontífice
Conselho para a Cultura: “Secularismo
não é uma negação explícita da
presença de Deus, mas sim uma
mentalidade vazia em que Deus está
total ou parcialmente ausente da vida e
da consciência dos homens”.
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 19
O
que o alemão João Debeneck
Cochlaeus e o polonês
Ryszard Mozgol têm em
comum? Ambos são católicos. Mas o
que mais os aproxima são as bobagens
que escreveram sobre Martinho Lutero.
Cochlaeus escreveu sobre o reformador
em 1549 e Mozgol, 458 anos depois,
no 490º aniversário da Reforma, em
outubro de 2007.
Cochlaeus foi cônego da Catedral de
Mainz (1526) e, depois, da Catedral
de Breslau, ambas na Alemanha. Já na
velhice, aos 70 anos, escreveu a primeira
biografia de Lutero, morto três anos
antes (1546), intitulada Commentaria
de Actis et Scriptis Martini Luther
(Comentários acerca dos Atos e dos
Escritos de Martinho Lutero). Mozgol,
por sua vez, faz parte do Instituto da
Memória Nacional da Polônia, uma
instituição encarregada dos relatórios
da polícia secreta do país na era pós-
comunista.
Na biografia de Lutero o alemão
Cochlaeus escreveu que a criança
nascida no dia 10 de novembro de
1483 não havia sido gerada pelo
marido de Margaret Lutero nem por
qualquer outro homem. O Diabo em
pessoa havia possuído a pobre mulher
que, de vez em quando, se envolvia em
bruxarias. Assim, o reformador seria
filho ilegítimo de Satanás e, como
Para o polonês Ryszard Mozgol,Para o polonês Ryszard Mozgol,
Lutero ainda é filho do DiaboLutero ainda é filho do Diabo
A
cultura secular, aquela não
influenciada pelo cristianismo
nem a ele sujeita, não educa
o cidadão a negar-se a si mesmo. O
cristianismo, ao contrário, educa
o crente a não satisfazer certas
inclinações, porque elas contrariam o
padrão de vida inserido no Decálogo
ou no Sermão do Monte. Além do
desconforto da consciência, além do
temor do Senhor,
a oposição do
Espírito a
tal, precipitara um número imenso de
almas na ruína e trouxera à Alemanha
e à cristandade a desgraça e a miséria
(Conversas com Lutero, p. 267).
Nos cartazes que o polonês Mozgol
expôs em toda a cidade de Lublin,
na Polônia Oriental, em outubro do
ano passado, havia a figura do Diabo
cochichando ao ouvido do reformador
protestante, mostrando-o como herege
e blasfemo.
Entre as vozes que condenaram esse
movimento — fundado em 1989 por
um grupo radical, com o propósito
de estabelecer um Estado católico
na Polônia —, está a de Mariusz
Maikowski, pastor da Igreja Adventista
do Sétimo Dia em Lublin, leste da
Polônia: “É chocante e inacreditável
que retratos como o de Martinho
Lutero como anticristo ainda apareçam
em pleno século 21”.
qualquer obra da carne leva o fiel a
abrir mão da vontade má. A tentação
em muitos casos acaba passando de
largo.
Mas a própria permissividade
que hoje domina a sociedade não é
absoluta. Tolera-se que o homem seja
infiel à sua mulher e vice-versa, só
porque a preferência sexual dele e dela
é por outra mulher e por outro homem,
respectivamente. Os homossexuais, por
sua vez, devem ser deixados em paz,
pois sentem atração sexual apenas por
pessoas do mesmo sexo.
No entanto, talvez questionando
os limites dessa permissividade, o
escritor Ferreira Gullar faz perguntas
muito sérias: “Se o sujeito nasceu
pedófilo, por que sua preferência
sexual é considerada crime? Por que
punir alguém que apenas obedece a
impulsos inatos que lhe são impostos
pela natureza?” (Folha de São Paulo,
24/02/2008, p. E10).
Deve-se revogar a lei que proíbe a
pedofilia? Deve-se retirar a pedofilia
da relação dos crimes hediondos?
Deve-se deixar o pedófilo à vontade?
Deve-se deixar de “latir” em favor das
crianças? (Veja Incapazes de latir, p. 6.)
Por enquanto essas providências são
inaceitáveis!
A pedofilia vai vingar?
Focalize
Divulgação
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do que
números
400
litros de água é o consumo diário de uma
pessoa em bairros nobres da capital de São
Paulo. A média no Brasil é de 150 litros,
e a ONU diz que os seres humanos não
precisam de mais de 100 litros por dia
800
veículos novos entram em circulação
por dia na cidade de São Paulo. Deve
haver 10 milhões de veículos na Grande
São Paulo
2.600
horas é quanto uma empresa brasileira
gasta, em média, a cada ano, para atender
às exigências governamentais (quase um
terço do ano)
72
horas são suficientes para uma pessoa ler
toda a Bíblia. Se ela fizer isso não de uma
só vez, mas por apenas 15 minutos diários,
terminará em menos de dez meses
450.000.000.000
de dólares é quanto a indústria global de
bebidas alcoólicas movimenta a cada ano.
Um pouco mais que os 330 bilhões de dólares
gerados por drogas ilegais, como cocaína,
heroína e ecstasy
3
mentiras são pregadas a cada dez minutos
de conversa, segundo pesquisa recente do
psicólogo Robert Fellman, da Universidade de
Massachusetts, nos Estados Unidos
ULTIMATO Maio-Junho, 200820
É para abandonar a homofobia, mas não
a condenação à prática homossexual
A
revista Novas de Alegria,
das Assembléias de Deus de
Portugal, abordou a questão
da homossexualidade em duas
edições. Na primeira (janeiro de
2008), o pastor Alexandre Samuel
Lopes, de Lisboa, escreveu que os
homens e as mulheres com tendências
homossexuais devem ser acolhidos
com respeito, compaixão e delicadeza,
sem qualquer atitude de injusta
discriminação. Além de ser cristão,
esse comportamento possibilita uma
mudança, pois “a igreja é a base da
recuperação, é primeira e última
oportunidade”. A aceitação do
homossexual, acrescenta o pastor, “é o
início da sua transformação para uma
vida dentro dos padrões de Deus”.
Na segunda edição (março de 2008),
o pastor Samuel Pinheiro, diretor da
revista, transcreveu o comunicado
assinado pela Federação das Entidades
Evangélicas da Espanha, pela Aliança
Evangélica Espanhola e pelo Conselho
Evangélico da Galiza: “Declaramos
o nosso respeito por qualquer pessoa
que, em uso da sua liberdade de
expressão, defenda as suas práticas e
crenças homossexuais, como também
o pensamento em relação à educação
dos filhos, por radicalmente opostos
que sejam aos mantidos por este
manifesto. Igualmente reprovamos
qualquer manifestação homofóbica
procedente do coletivo ou de uma
pessoa. Mas com mesma firmeza, e
da mesma maneira, reclamamos os
mesmos direitos e respeito para com
a Igreja Cristã Evangélica, no respeito
às práticas, crenças e defesas de uma
conduta heterossexual e o direito de
expressar livremente a nossa concepção
da educação heterossexual dos nossos
filhos”.
Mais adiante, o documento esclarece:
“Por isso reafirmamos o direito a:
1) Proclamar, compartilhar e pregar
toda a mensagem e o ensino do
evangelho; 2) Fazê-lo livremente, sem
impedimento e nos termos que a Bíblia
define; 3) Declarar como pecado diante
de Deus toda conduta e procedimento
das pessoas que transgridem tanto
os princípios morais como éticos e
legais; 4) Proclamar que o evangelho
inclui uma mensagem de esperança de
restauração em Cristo em todas as áreas
da vida; 5) Poder exercer este direito,
com todo respeito, diante de todo
aquele que livremente pretende escutar-
nos, sem por ele sermos tratados como
retrógrados ou etiquetados com insultos
tão fáceis e rentáveis como ‘seitas
perigosas’ ou ‘homófobos’”.
A aceitação da homossexualidade
é tão simples e tão natural que, pelo
menos no meio evangélico espanhol,
já há um esforço organizado para
encorajar os pais a dar continuidade
à educação que valorize e dê
visibilidade à heterossexualidade,
não só no ensino
mas também na
formação de um
ambiente familiar
favorável.
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 21
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ULTIMATO Maio-Junho, 200822
Já ultrapassa a cifra de 1 milhão de
exemplares o livreto de bolso de 20
páginas escrito por Fausto Rocha,
69, professor de comunicação cristã
do Seminário Teológico Nazareno
e de jornalismo na Faculdade
Nazarena do Brasil, ambos na
cidade de Campinas, SP. A Voz do
Povo Não é a Voz de Deus mostra
que o ensino da Bíblia é contrário
aos conceitos a respeito de Deus e
da salvação que estão arraigados
no inconsciente coletivo. O folheto
é resultado do sermão que Fausto
pregou há dez anos em Poá, na
grande São Paulo, por ocasião do
jubileu de ouro da fundação do
município, a convite do conselho de
pastores daquela cidade, famosa por
sua exposição anual de orquídeas.
O advogado e jornalista Fausto
Rocha nasceu em lar evangélico
e foi batizado na adolescência
na Primeira Igreja Batista de
São Paulo. Por 40 anos atuou
como produtor e apresentador
de programas de televisão, entre
eles Diálogos da Capital, nas redes
nacionais Cultura, Excelsior, Tupi
e SBT. Além de ter exercido o
O sermão que gerou 1 milhão de livretos
O primeiro
hinário
evangélico
brasileiro
chama-se
Salmos e
Hinos e foi
publicado
há quase 150
anos no Rio
de Janeiro,
graças ao
trabalho de
Sarah e Robert Kalley e do médico
João Gomes da Rocha, filho adotivo
do casal.
O mais recente hinário não se
denomina hinário, mas “corinário”
(por causa do costume de chamar
de “corinho” os cânticos mais novos,
aqueles que não fazem parte dos
CD’s. Todo o seu tempo livre é gasto
ouvindo e recordando os louvores
que fizeram e fazem parte de seus
momentos de adoração, alguns dos
quais não são mais cantados pelos
cristãos do novo século.
Valdivino Reis de Melo, 45, é
formado em gestão de serviços
executivos e atua há dezoito
anos como diretor executivo na
área sindical patronal de asseio e
conservação e de segurança privada
nos Estados de Goiás e Tocantins.
Nascido em Caldas Novas, GO, e
convertido aos 18 anos, Valdivino logo
foi eleito presbítero da Terceira Igreja
Presbiteriana Renovada de Goiânia,
onde reside. A mais recente edição do
corinário Vem Cantar foi publicada
pela Casa do Livro, em Goiânia, em
2005 (casadolivro@pop.com.br).
hinários tradicionais). Além de ser o
mais recente, o corinário Vem Cantar
é o que tem o maior número de hinos
— a coleção toda conta com 1.234
títulos, quase o dobro dos cânticos de
Salmos e Hinos (608), Cantor Cristão
(579) e Harpa Cristã (640). Inclui
melodias antigas e mais recentes. Por
coincidência, o primeiro cântico fala
sobre a alegria que está no coração de
quem conhece a Jesus, e o último é um
convite para voltar para Jesus aquele
cujo coração está sem alegria.
O autor dessa façanha não é
ministro de louvor, não é músico nem
toca instrumento musical algum. É
um apaixonado por música sacra.
Seu acervo musical é fabuloso: tem
mais de 40 mil cânticos catalogados,
distribuídos em mais de 2 mil vinis,
mais de 2 mil cassetes e mais de mil
O homem do corinário de 1.234 cânticos
Arquivopessoal
Arquivopessoal
mandato de
deputado
estadual
(duas vezes) e
de deputado
federal (duas
vezes),
Fausto
Rocha foi assessor de
comunicação de dois prefeitos de
São Paulo (Miguel Colassuono e
Paulo Egydio Martins). É também
autor de Como Falar de Jesus no
Evangelismo, Rádio, TV e Escola
Dominical.
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Frases
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 23
Sou emigrante de um
país que ainda não vi,
mas para o qual quero
ir. Sou forasteira numa
sociedade que cada vez
me empurra mais contra
a parede e me intimida
a ser o contrário daquilo
que Deus deseja que
eu seja. É um desafio
constante ser cristão
autêntico no meio de um
mundo cada vez mais
anticristão.
Ana Ramalho,
da Assembléia de Deus
em Caldas da Rainha,
Portugal
Minha vida está se
esvaindo. Não sei se
vou chorando ou sorrindo.
Sorrindo, pondo fim a uma
agonia que não agüento
mais. Chorando por deixar
para trás pessoas que amo
demais.
Leide Moreira,
59, vítima de esclerose
lateral amiotrófica, desde
2004, a mesma doença de
Stephen Hawkins
Os ricos, poderosos e
famosos também morrem
de drogas. Some a eles uma
legião de drogados anônimos
e desassistidos e começará a
ter uma idéia do tamanho do
problema.
Ruy Castro,
jornalista
Aleitura da Bíblia ajuda
muito na recuperação
de pessoas que enfrentam
problemas de saúde física,
psicológica e espiritual,
porque ela traz esperança
ao desesperado, orientação
ao perdido e conforto ao
entristecido.
Erní Walter Seibert,
editor de A Bíblia no Brasil
Sintoquemeusfilhoslevam
umavidaemsuspenso
naexpectativadaminha
libertação,eoseusofrimento
diário,odetodoomundo,faz
comqueamortemepareça
umaopçãoamena.
Ingrid Betancourt, política
franco-colombiana mantida
há seis anos na selva
colombiana como refém pelas
FARC
Jesusnuncateveumprograma
detelevisão.Nuncaescreveu
livros.Nuncafundouuma
megaigreja.Muitodoseu
trabalhofoipessoal.E,mesmo
assim,elemudouomundo.
Loren Seibold,
pastor adventista em Ohio,
Estados Unidos
Ousodeanimais
na ciência é
absolutamente
necessário. Ciência é
questão de soberania
nacional. Não se trata de
procedimento obsoleto.
Nossa segurança estaria
maiscomprometida
casonãopudéssemos
antestestaresses
medicamentosem
animais de laboratórios.
Analgésicos,
antiinflamatórios,
vacinas,antibióticos,
hormônios emsuas
versões mais modernas,
dependeram tanto da
experimentaçãoanimal
como nós dependemos
do ar para respirar e
viver.
Luiz Eugênio Araújo
de Moraes Mello,
professor de fisiologia
e presidente
da Federação
de Sociedades
de Biologia
Experimental
Ultimamenteestá-se
minimizandoaquestão
dopecado.Quer-seuma
religiãonaqualaspessoas
nãosejamchamadasao
arrependimento,masse
sintambem,assimcomosão.
Poressarazão,ocultotorna-
setãovariadooualternativo,
evisasimplesmenteatingir
osentimento.Ecadaumtem
odireitodetersuaopinião
própria.
Horst R. Kuchenbecker,
pastor emérito da Igreja
Evangélica Luterana do
Brasil
Quando somos
assediados por uma
quantidade de anúncios
em favor de uma vida
distanciada do evangelho,
a voz do sino se antepõe
ao que nos separa de
Deus. Trata-se, portanto,
do válido instrumento da
evangelização, também em
nossos dias.
Dom Eugênio
de Araújo Sales,
arcebispo emérito do Rio
de Janeiro, referindo-se aos
sinos das igrejas cristãs
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ULTIMATO Maio-Junho, 200824
E
ram 25 moças e rapazes, todos
universitários. Eles saíram de
Viçosa, MG, e viajaram 2.030
quilômetros, até chegar à cidade de
Coronel José Dias, um dos municípios
mais carentes do Brasil, na região
sudeste do Piauí, onde fica o Parque
Nacional da Serra da Capivara. Nos
dez dias passados nos povoados de
São Pedro e Santa Luzia, os jovens
distribuíram entre os habitantes (42%
deles, analfabetos) brinquedos, kits com
pastas, escovas de dente e sabonetes,
utensílios domésticos, roupas e calçados.
Se a notícia se limitasse ao
parágrafo anterior, os leitores mais
críticos se indignariam com tamanho
assistencialismo, tão comum em
muitas obras sociais. Porém, a
caravana universitária fez muito mais
do que isso. Além de distribuir livros
didáticos, revistas e livros de conteúdo
cristão, folhetos evangélicos, Novos
Testamentos e Bíblias, o grupo de
estudantes, o médico e a técnica em
enfermagem que os acompanharam
desenvolveram um amplo trabalho,
dentro da estratégia chamada missão
integral. Eles fizeram atendimentos
médicos, pequenas cirurgias, palestras
nas escolas públicas sobre variados
assuntos (saúde bucal, aleitamento
materno, o meio ambiente, e até sobre
relacionamento familiar), cortes de
cabelo, medições de pressão arterial
e ofereceram diversas oficinas (como
construir caixas d’água com ferro e
cimento, como fazer irrigação por
gotejamento, como pintar casas com
tinta de
argila,
como
reciclar
papéis, como produzir mel de abelha e
como fazer artesanato).
Se a notícia terminasse aqui, os
leitores mais apaixonados pelo anúncio
das boas novas da salvação ficariam
decepcionados. Porém, por meio da
música, do teatro, de fantoches, de
palestras, de projeção de filmes e de
visitação, os jovens evangélicos da
Universidade Federal de Viçosa falaram
de Jesus. Para melhor integração com
a comunidade local, fizeram várias
visitas aos lares e não menos que 334
pessoas assistiram às duas projeções do
filme Jesus que fizeram.
Tudo isso foi feito durante a viagem
do Projeto Água Viva (PROAV) ao
município de Coronel José Dias. Esta
não foi a primeira nem será a última
viagem do projeto. Fundado em 2002,
o PROAV já realizou seis viagens
missionárias ao Nordeste, duas ao
Sergipe e quatro ao Piauí, totalizando
quinze municípios e comunidades
alcançados. Antes da viagem cada
equipe recebe um treinamento que
dura em média quatro meses. Os
participantes são alunos de diferentes
cursos da Universidade Federal de
Viçosa e membros de diferentes
denominações evangélicas. Diversos
voluntários contribuem para o preparo
das equipes. Já foram treinados 150
universitários. O trabalho não é feito
de maneira isolada, mas de comum
acordo com alguma denominação
que já opera na região a ser alcançada
ou nas proximidades dela. Nas duas
primeiras viagens, o PROAV trabalhou
em parceria com os presbiterianos, e
nas demais, com a Missão Suíça, que
tem doze missionários nos estados do
Maranhão, Piauí e Pará. A missão, por
sua vez, tem parceria com a Associação
Sopa, sabã
reportagem
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 25
das Igrejas Cristãs Evangélicas do
Brasil (AICEB). Algumas igrejas têm
sido plantadas como resultado desse
ministério. Pinturas de templos e
casas pastorais, projetos arquitetônicos
de templos e pelo menos o início da
construção deles, são outros feitos desse
esforço missionário. No povoado de
Curralinho, SE, o PROAV chegou a
elaborar o projeto e a construção de
uma praça pública, graças a uma ajuda
substanciosa do Projeto Sertão.
O PROAV foi organizado pelo
casal Elíbia e João Tinoco, ex-alunos
do Centro Evangélico de Missões
(CEM), em Viçosa, MG. Tinoco, 57,
é professor de Engenharia Sanitária e
Ambiental da Universidade Federal
de Viçosa. Convertido ao evangelho
em 1998, sentiu-se vocacionado
para o ministério. Fez o curso de
especialização em teologia para
graduados no Seminário Presbiteriano
de Campinas, foi licenciado pelo
Presbitério Zona da Mata Norte,
ordenado ao ministério pelo Presbitério
Centenário de
Belo Horizonte
e nomeado
pastor auxiliar
da Terceira Igreja
Presbiteriana de
Belo Horizonte.
Por ser maranhense
e conhecer muito
bem a carência material
e espiritual do Nordeste, Tinoco
criou o PROAV, tendo em vista a
evangelização desta região brasileira.
Elíbia Maria vem de uma tradicional
família presbiteriana de Pancas, ES, e
é uma das primeiras missionárias a se
formar no CEM.
(Para mais informações, acesse
<www.projetoaguaviva.com.br>)
Nota
*Expressão que define o ministério do Exército
de Salvação, fundado por William Booth
na Inglaterra em 1865, uma das primeiras
manifestações da missão integral (os miseráveis
dos cortiços de Londres precisavam de comida,
saúde e perdão de pecados).
bão e salvação*
MarcosGysim—PROAV
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RodolfoClix
ULTIMATO Maio-Junho, 200826
capa
A
preocupação com a saúde e com
a duração da vida é a maior e
a mais insistente de todas as
preocupações do ser humano, desde a
vida intra-uterina à parada irreversível
das funções cerebrais, o que de fato
caracteriza a morte.
Isso explica o exército quase
incontável de homens e mulheres
de avental branco, cuja profissão é
prevenir, diagnosticar e curar uma
enorme quantidade de doenças.
Além dos médicos, outros milhares e
milhares de pessoas participam dessa
guerra incessante contra a doença e a
morte — enfermeiros, laboratoristas,
farmacêuticos e engenheiros (que
desenham e constroem aparelhos
médicos cada vez mais numerosos
e sofisticados). Por causa dessa
preocupação, que os animais não
têm, somos obrigados a construir
inúmeros ambulatórios, centros de
saúde, clínicas e hospitais; criamos
Doenças não
catalogadas pela
medicina que
podem e devem
ser tratadas
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Não há relato de que
Jesus tenha realizado
alguma cura de
ordem médica entre
os apóstolos, porém
ele curou a segurança
demasiada de Pedro,
a incredulidade de
Tomé e a violência de
Tiago e João
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 27
poderosas e multinacionais indústrias
farmacêuticas; abrimos uma farmácia
a cada esquina e organizamos
diversos planos de saúde. Talvez a
metade da população mundial ficasse
desempregada se a doença e a morte
fossem debeladas de uma vez por todas.
O ministério de Jesus era holístico.
Ele se preocupava com a alma e com o
corpo, com a saúde e com a salvação,
com a ética e com o perdão de pecados,
com as ovelhas de dentro e com as
de fora do aprisco. Jesus ensinava nas
sinagogas judaicas, proclamava as boas
novas da salvação e curava “toda sorte
de doenças e enfermidades entre o
povo” (Mt 4.23; 9.35), não uma vez
só nem em um só lugar. Curava as
doenças mais simples, como a febre da
sogra de Pedro, e as mais graves, como
a mulher por doze anos hemorrágica,
a mulher por dezoito anos encurvada e
o homem por 38 anos paraplégico. Em
muitos casos, Jesus curava não porque
o doente ou seus familiares e amigos
o procuravam, mas porque ele mesmo
enxergava o sofrimento alheio e tomava
a iniciativa de operar a cura. Em duas
ocasiões, Jesus atrasou-se: para curar
a filha de Jairo e o irmão de Maria e
Marta. Mesmo já tendo passado pela
tal morte somatopsíquica, a menina de
12 anos, cujo corpo ainda não estava
enrijecido, e Lázaro, cujo corpo já havia
sido sepultado, foram trazidos à vida,
o que também aconteceu com o filho
único da viúva de Naum.
Nesse afã necessário de oferecer
resistência às doenças e à morte,
temos nos esquecido de que somos
portadores de outras doenças que não
estão arroladas nos melhores catálogos
médicos. São doenças e complicações
sem conta, menos palpáveis e mais
independentes do corpo, embora
provoquem danos à saúde física. Nesse
sentido, é bom ler a resposta de Jesus
aos que o criticavam por entrar e comer
em casa de cobradores de impostos e
de outras pessoas de má fama: “São
os doentes que precisam de médico,
não aqueles que têm boa saúde. Meu
propósito é convidar os pecadores a
se arrependerem dos seus pecados, e
não gastar meu tempo com aqueles
que acham que já são gente muito
boa” (Lc 5.31, BV). Nessa passagem,
a doença e a cura a que Jesus se refere
não são as doenças do corpo e da
mente, mas as muitas complicações
comportamentais relacionadas, em
última análise, ao evento histórico que
os teólogos denominam a “queda do
homem”.
É preciso acordar para o fato de
que o mesmo Deus que pode curar a
cegueira, a surdez, as doenças de pele,
a hemorragia, as deficiências físicas, e
até reimplantar uma orelha decepada
(o que aconteceu com Malco), é
o mesmo Deus que pode curar a
incredulidade, a cegueira espiritual,
a paixão pelo dinheiro, o egoísmo, a
sem-vergonhice, a falta de cortesia,
a gula, o egocentrismo, a lascívia, a
infidelidade conjugal, o secularismo,
o consumismo, a arrogância e muitos
outros defeitos de caráter que não
estão em nenhum compêndio médico.
Esses desacertos podem aparecer nos
dicionários e em algum livro sobre
ética, mas de forma meramente
especulatória e acadêmica.
Prometemos cura de distúrbios físicos
e não falamos nada sobre a cura de
distúrbios de caráter. Oramos muito
pela cura de uma doença terminal que
vai nos levar para o mundo dos mortos,
mas oramos pouco (quando oramos)
pela cura de uma doença moral que vai
nos levar para o inferno. Fazemos um
alarde enorme quando o paralítico volta
a andar, o cego volta a ver, o paciente sai
do Centro de Tratamento Intensivo e
recebe alta hospitalar, mas não é comum
comemorarmos a volta da ovelha
perdida, a transformação daquelas três
mulheres sem nome envolvidas em
relacionamentos sexuais equivocados (a
mulher samaritana, a mulher adúltera e
a mulher pecadora), a mudança daquele
homem sovina e desonesto e de baixa
estatura (corporal e moral).
Não há relato de que Jesus tenha
realizado alguma cura de ordem
médica entre os doze apóstolos, porém,
o Senhor curou a segurança demasiada
de Pedro, a incredulidade de Tomé e a
violência de Tiago e João (os “filhos do
trovão”).
Precisamos de uma revolução
no cenário cristão, que equilibre o
desejo da saúde física com o da saúde
espiritual. Seria um erro desprezar a
preocupação com a saúde e a doença
da vida temporal, mas é preciso abrir
as Escrituras e reler a advertência
de Paulo: “O exercício corporal é
bom, porém o exercício espiritual
é muito mais importante, e é um
revigorante para tudo o que você faz”
(1Tm 4.8, BV)!
Jesus se preocupava
com a alma e com o
corpo, com a saúde e
com a salvação, com a
ética e com o perdão
de pecados, com as
ovelhas de dentro e
com as de fora do
aprisco
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ULTIMATO Maio-Junho, 200828
capa
A
edição número 2.003 da
revista Isto É (20/03/2008)
trouxe como matéria de capa
um tema, no mínimo, curioso e
instigante: “terapia de vidas passadas”
(doravante, TVP). Este assunto é de
especial interesse no Brasil, apontado
por estudiosos do fenômeno religioso
como o maior país espírita do mundo.
A reportagem apresenta vários relatos
de supostas curas de traumas e dores
que só aconteceram depois que os
pacientes se submeteram ao polêmico
tratamento. Tratamento?
Profissionais
da área psi
(psiquiatras,
psicólogos,
psicoterapeutas e
psicanalistas) em
geral discordam
veementemente
de tal
possibilidade.
Todavia, alguns
psicólogos dizem
ser possível
uma pessoa
ter hoje um
problema cuja causa esteja em uma
suposta vida anterior. Seguindo esta
linha de raciocínio, a cura só será
possível se a pessoa descobrir o que
aconteceu no seu passado, anterior à
sua vida consciente hoje. A Sociedade
Brasileira de Terapia de Vidas Passadas
realiza congressos sobre a temática.
No entanto, há que se destacar que
o Conselho Federal de Psicologia,
órgão oficial de reconhecimento de
atividades na área, não reconhece a
técnica. De fato, não há evidência
científica segura que comprove a
suposta eficiência da chamada TVP.
É compreensível que pessoas em
sofrimento apelem para tratamentos
alternativos em busca de solução
para seus problemas e dilemas. O
problema é apelar para algo que
poderá complicar ainda mais a
situação. É o caso de quem recorre à
TVP.
Segundo os testemunhos de
supostas curas, as sessões de TVP
são emocionalmente muito intensas.
A pessoa é total ou parcialmente
hipnotizada, de acordo com técnicas
especiais de hipnose. Em estado
inconsciente,
poderá chorar,
rir ou gritar.
Invariavelmente,
volta à
consciência
com relatos
surpreendentes
de uma
outra vida
supostamente
vivida no
passado.
Mesmo que tais
relatos sejam
detalhados, isso não prova de maneira
conclusiva que a pessoa tenha vivido
aquela outra vida.
Por mais que os defensores da TVP
queiram alegar neutralidade religiosa,
dizendo que se trata de procedimento
meramente científico, não há como
separá-lo da crença religiosa espírita.
O espiritismo kardecista e algumas
das grandes tradições religiosas
orientais, como o hinduísmo e setores
do budismo, são reencarnacionistas,
ou seja, acreditam na idéia de
reencarnação. A TVP caminha
nessa direção. Este é um caminho
perigoso para quem quer resolver seus
problemas, taras ou traumas; em vez
de curar, pode complicar ainda mais
a situação. Não é difícil entender a
razão: imaginemos o senhor X. Se
ele é uma pessoa que acredita na tese
reencarnacionista, ele não é ele mesmo,
mas sim alguém que teria vivido
antes. Digamos
que o senhor X
de hoje já foi
na verdade o
senhor Y ontem.
Hoje X vai ser
recompensado
ou castigado
conforme o bem
ou o mal que Y
teria praticado
em uma vida
anterior. Só que
Y por sua vez é
a reencarnação
de alguém que
teria vivido em
um período
ainda mais
remoto, digamos,
a senhora Z.
Mas Z também
não é Z... E
assim vamos
retrocedendo
cada vez mais
no tempo, ad
infinitum. Como
X vai se curar
de um trauma
recorrendo a um
tratamento na
base da
É
O caminho confuso e perigoso daO caminho confuso e perigoso d
A terapia de vidas
passadas é um caminho
perigoso para quem
quer resolver seus
problemas, taras ou
traumas; em vez de
curar, pode complicar
ainda mais a situação
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Carlos Caldas
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 29
TVP, se Y, de quem ele supostamente
seria reencarnação, também tinha
seus problemas dos quais precisava
se tratar? A conclusão é inevitável: a
crença na tese da reencarnação tem o
potencial de criar confusões mentais
que podem gerar graves problemas
de natureza psicológica e emocional.
Não é sem razão que
Machado de Assis,
com o brilhantismo
que lhe era tão
característico,
tenha escrito por
cerca de trinta
anos (1865–
1896) diversas
crônicas com
críticas pesadas
ao espiritismo,
que começava
a se inserir na
sociedade carioca
de então. No livro
Parapsicologia,
Espiritismo e
Psicopatologia, o
psiquiatra Ronald
Scott Bruno
defende a idéia de
que o espiritismo,
por alguns motivos
já mencionados,
é fator
potencialmente
gerador de
psicopatologias,
isto é, transtornos
e disfunções
mentais. As ciências psi serão muito
mais úteis se ajudarem as pessoas a
descobrirem as verdadeiras causas dos
seus traumas, fobias e esquisitices, com
sobriedade, sem apelar para elementos
fantásticos como a TVP. Aqui vale a
pena reproduzir um trecho da citada
reportagem da revista Isto É:
Na opinião do presidente do
Conselho Federal de Psicologia,
Humberto Verona, a cura acontece
devido à sensação de conforto pelo
fato de o paciente se identificar com
o terapeuta.
“Elas apenas
encontraram no
psicólogo uma
compatibilidade
de crenças
que facilitou
o processo
terapêutico”,
afirma. A
psiquiatra Marli
Piva acrescenta:
“A pessoa já se sente aliviada só de
achar uma explicação para o seu
problema”, diz ela.
Para Gildo Angelotti, diretor-
executivo do Instituto de
Neurociência e Comportamento,
de São Paulo, as vivências relatadas
pelos pacientes surgem de memórias
inativas que registram imagens de
filmes, sons, histórias de livros e tudo
que é percebido pelo indivíduo ao
longo da vida. “É como um sonho.
Quando a pessoa está dormindo,
os sentidos são pouco requisitados
e sobra mais espaço para o resgate
destes registros históricos. Mas a
reunião destes elementos vem da
mente do próprio indivíduo,
não de outras vidas.” Na opinião
dele, a TVP chega a ser arriscada
aos pacientes psicóticos ou
esquizofrênicos, que podem ter uma
reação violenta a partir das revelações
ou ficarem obcecados em encontrar
nesta vida as pessoas do passado.
Como se vê, não há evidência
científica que aponte para a
possibilidade de se tratar de uma
vida passada. E a teologia cristã,
como vê a questão? O cristianismo,
herdeiro do judaísmo, rejeita a idéia
de reencarnação.
As Escrituras
Sagradas não
dão base para
se pensar
assim. Uma
antropologia
que admite as
possibilidades
de reencarnação
e de tratamento
de problemas
supostamente acontecidos em uma
vida pregressa é, no mínimo, confusa.
Afinal, ninguém é ninguém. Não há
idéia de personalidade. Não é possível
se falar de identidade.
A antropologia bíblica, em
contraste, aponta para outra direção,
totalmente diferente: o ser humano,
“imagem e semelhança de Deus”
(Gn 1.26- 27), é único e, portanto,
tem valor inestimável. A Bíblia diz
que “aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo, depois
disto, o juízo” (Hb 9.27). Há quem
veja a mensagem deste versículo como
amedrontadora, pois fala de juízo.
Mas a força do texto não está em ser
assustador. Antes, indica de modo
Carlos Caldas
so da terapia de vidas passadaso da terapia de vidas passadas
Na antropologia que
admite a possibilidade
de reencarnação,
ninguém é ninguém.
Não é possível se falar
de identidade
stockxpert
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capa
Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências
da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em
São Paulo.
ULTIMATO Maio-Junho, 200830
D
e suae sua ansiedadeansiedade, aquela, aquela
preocupação demasiadapreocupação demasiada
com o dia de amanhã,com o dia de amanhã,
com a subsistência,com a subsistência,
com a segurança, com o peso, com acom a segurança, com o peso, com a
beleza, com as coisas a fazer, com abeleza, com as coisas a fazer, com a
mudança de tempo, com as coisas emudança de tempo, com as coisas e
com outros.com outros.
De seuDe seu ciúmeciúme doentio, aqueladoentio, aquela
insegurança que faz você imaginarinsegurança que faz você imaginar
mil coisas que ainda não estãomil coisas que ainda não estão
acontecendo mas que poderãoacontecendo mas que poderão
acontecer por sua própria culpa.acontecer por sua própria culpa.
De seuDe seu desânimo,desânimo, aquela faltaaquela falta
de coragem crônica para enfrentarde coragem crônica para enfrentar
os dias difíceis, as circunstânciasos dias difíceis, as circunstâncias
difíceis, os empreendimentos difíceisdifíceis, os empreendimentos difíceis
e as pessoas difíceis.e as pessoas difíceis.
De seuDe seu desespero sexualdesespero sexual, aquela, aquela
fome e sede de sexo como se estefome e sede de sexo como se este
fosse o único prazer da vida, quefosse o único prazer da vida, que
provoca uma corrida vã a qualquerprovoca uma corrida vã a qualquer
tipo de relacionamento, comtipo de relacionamento, com
qualquer pessoa e em qualquerqualquer pessoa e em qualquer
tempo e lugar.tempo e lugar.
De seuDe seu egocentrismoegocentrismo, aquela, aquela
aberração de amar excessivamenteaberração de amar excessivamente
a si mesmo e de ocupar sozinho oa si mesmo e de ocupar sozinho o
lugar que deveria ser repartido comlugar que deveria ser repartido com
os outros.os outros.
De seuDe seu estilo consumistaestilo consumista, aquele, aquele
prazer incontido de comprar o útilprazer incontido de comprar o útil
e o inútil, o que não tem e o quee o inútil, o que não tem e o que
tem, aquela concepção errônea etem, aquela concepção errônea e
desastrosa de que a felicidade giradesastrosa de que a felicidade gira
em torno do ter, e não do ser, aquelaem torno do ter, e não do ser, aquela
simplicidade frente aosimplicidade frente ao marketingmarketing.
De seuDe seu gênio explosivogênio explosivo, aquele, aquele
temperamento sempre briguento,temperamento sempre briguento,
impetuoso, amargo, quase sempreimpetuoso, amargo, quase sempre
desprovido de razão, que provoca odesprovido de razão, que provoca o
afastamento de parentes, amigos eafastamento de parentes, amigos e
conhecidos.conhecidos.
De suaDe sua hesitaçãohesitação, aquela atitude, aquela atitude
que não leva a nada, não o colocaque não leva a nada, não o coloca
em marcha, não movimenta suasem marcha, não movimenta suas
mãos nem seus pés e ainda impedemãos nem seus pés e ainda impede
que você fale alguma coisa.que você fale alguma coisa.
De suaDe sua hipocondriahipocondria, aquela, aquela
obsessão com a saúde que promoveobsessão com a saúde que promove
uma corrida constante ao médico euma corrida constante ao médico e
à farmácia e que até contribui paraà farmácia e que até contribui para
você adoecer.você adoecer.
De suaDe sua hipocrisiahipocrisia, aquela arte de, aquela arte de
enganar os outros, aquele esforçoenganar os outros, aquele esforço
de esconder a verdadeira identidadede esconder a verdadeira identidade
simulando outra que não existe,simulando outra que não existe,
aquele pecado de lavar apenas oaquele pecado de lavar apenas o
exterior do copo.exterior do copo.
De suaDe sua incredulidadeincredulidade, aquela, aquela
indisposição para crer naindisposição para crer na
proximidade e na provisão de Deus,proximidade e na provisão de Deus,
que o afasta dele e o impede deque o afasta dele e o impede de
enxergar seu amor, seu poder e suaenxergar seu amor, seu poder e sua
glória.glória.
De seu sentimento deDe seu sentimento de
inferioridadeinferioridade, aquela, aquela
impressão forte, ou atéimpressão forte, ou até
mesmo a certeza, de quemesmo a certeza, de que
você está sendo superadovocê está sendo superado
Você
precisa
ser
curado...
maravilhoso o valor da existência
humana. Biblicamente, cada pessoa
tem direito a uma identidade. A
pessoa é quem é, não a reencarnação
de alguém que viveu no passado,
que por sua vez é a reencarnação de
alguém que viveu ainda antes.
A vida apresenta situações difíceis
para todos, provenientes da injustiça
que os homens cometem contra seus
semelhantes (C. S. Lewis, em O
Problema do Sofrimento, afirma que
80% do sofrimento do ser humano é
provocado pelo próprio ser humano)
e de fatores que são conseqüência
do pecado — afastamento de Deus.
Bem afirmou o sábio do passado,
ao observar como as pessoas vivem:
“Eis o que tão-somente achei: que
Deus fez o homem reto, mas ele se
meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).
Em vista disso, é importante
procurar soluções para as crises, mas
por meios de seriedade científica
comprovada. Como cristãos, cremos
que o progresso da ciência é dom
de Deus para a humanidade. É o
que a tradição teológica reformada
chama de “graça comum” — bênçãos
da parte do Deus, que faz com
que o sol nasça sobre maus e bons
e que a chuva caia sobre justos e
injustos (cf. Mt 5.45). Não é este
o caso da TVP. Quem se submete
a este tipo de tratamento pode,
conforme apontado por alguns
psicólogos, encontrar, na melhor
das hipóteses, alívio temporário e
ilusório. Felizmente, há esforços
sérios na área da psicologia que
conjugam técnicas e conhecimentos
cientificamente comprovados com a
mensagem bíblica da graça, do amor
e da misericórdia de Deus. O Corpo
de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos
(CPPC) que o diga!
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 31
pelos outros, principalmentepelos outros, principalmente
pelas pessoas mais próximas,pelas pessoas mais próximas,
provocado por sua auto-avaliaçãoprovocado por sua auto-avaliação
exageradamente negativa.exageradamente negativa.
De suaDe sua intolerânciaintolerância, aquele apego, aquele apego
demasiado às suas próprias idéias edemasiado às suas próprias idéias e
às suas próprias crenças, associadoàs suas próprias crenças, associado
com certa dose de soberba e despidocom certa dose de soberba e despido
de qualquer dose de amor.de qualquer dose de amor.
De suaDe sua invejainveja, aquele desgosto, aquele desgosto
e pesar pelo sucesso ou felicidadee pesar pelo sucesso ou felicidade
dos outros, que provoca o desejodos outros, que provoca o desejo
violento de possuir o que o próximoviolento de possuir o que o próximo
tem, e que rouba sua paz de espírito.tem, e que rouba sua paz de espírito.
De suaDe sua mania demania de
perseguiçãoperseguição,,
aquela certezaaquela certeza
infundada deinfundada de
que alguémque alguém
desejadeseja
o seu mal e está trabalhandoo seu mal e está trabalhando
incansavelmente nesse sentido.incansavelmente nesse sentido.
De seuDe seu medomedo, aquele estado de, aquele estado de
espírito que aumenta e exagera aespírito que aumenta e exagera a
sensação de perigo, sufocando asensação de perigo, sufocando a
vontade e a disposição de fazer algo.vontade e a disposição de fazer algo.
De suaDe sua preguiçapreguiça, aquela, aquela
continuada aversão ao trabalho,continuada aversão ao trabalho,
ou a morosidade com a qual vocêou a morosidade com a qual você
o realiza, justificando-a com milo realiza, justificando-a com mil
desculpas sem a menor procedência.desculpas sem a menor procedência.
De suaDe sua procrastinaçãoprocrastinação, aquela, aquela
tendência a adiar indefinidamentetendência a adiar indefinidamente
e sem razão justificável o que devee sem razão justificável o que deve
ser feito hoje, com o risco de perderser feito hoje, com o risco de perder
para sempre as oportunidades quepara sempre as oportunidades que
passam e não voltam.passam e não voltam.
De suaDe sua rabugicerabugice, aquele mau, aquele mau
humor permanente, que faz mal ahumor permanente, que faz mal a
você e aos que o cercam.você e aos que o cercam.
De seu sentimento deDe seu sentimento de
superioridadesuperioridade, aquela impressão, aquela impressão
forte ou até mesmo certeza de queforte ou até mesmo certeza de que
você é o máximo, provocado porvocê é o máximo, provocado por
uma auto-avaliação exageradamenteuma auto-avaliação exageradamente
positiva.positiva.
De suaDe sua timideztimidez, aquela qualidade, aquela qualidade
negativa que mistura o temor, onegativa que mistura o temor, o
acanhamento e a fraqueza, e que oacanhamento e a fraqueza, e que o
leva a evitar novos encontros e novasleva a evitar novos encontros e novas
experiências.experiências.
De seusDe seus queixumesqueixumes, aquele hábito, aquele hábito
de não enxergar beleza em pessoade não enxergar beleza em pessoa
alguma e em lugar algum, dealguma e em lugar algum, de
colecionar somente as coisas ruinscolecionar somente as coisas ruins
da vida e de reclamar contra elas oda vida e de reclamar contra elas o
tempo todo.tempo todo.
De suaDe sua tristezatristeza, aquela entrega, aquela entrega
sinistra e passiva aos problemas reais,sinistra e passiva aos problemas reais,
aos problemas de gravidade exageradaaos problemas de gravidade exagerada
e aos problemas inexistentes, umae aos problemas inexistentes, uma
estranha aversão à alegria.estranha aversão à alegria.
Quando os cobradores do
imposto para a manutenção do
templo em Jerusalém perguntaram a
Pedro se Jesus pagava aquela taxa, o
apóstolo respondeu de pronto: “Paga,
sim!” De fato, era uma obrigação
imposta a qualquer israelita acima
de 20 anos (Êx 30.12-14). Porque
“todas as coisas foram criadas por
ele e para ele” (Cl 1.16) e porque
Jesus era “maior do que o templo”
(Mt 12.6), o Senhor deixa claro a
Pedro que ele não era obrigado a
pagar o referido imposto das duas
dracmas (valor equivalente ao salário
pago ao trabalhador braçal por dois
dias de serviço). Todavia, para não
escandalizar os cobradores, Jesus
desembolsou quatro dracmas para
pagar a cota dele e a de Pedro.
Desembolsar significa tirar da bolsa
ou do bolso. Logo o verbo não é o mais
apropriado. Nem Jesus nem Pedro
tinham aquele dinheiro no bolso. Mas
os cobradores continuavam em pé ao
lado deles aguardando o pagamento do
imposto. Então, Jesus ordenou a Pedro
que fosse ao mar e jogasse nele o anzol,
na certeza de que na boca do primeiro
peixe fisgado ele encontraria um
estáter, moeda que valia exatamente
quatro dracmas (Mt 17.24-27).
Por não ter havido troco, Jesus e
Pedro continuaram sem dinheiro no
bolso, mas livres do compromisso
daquele dia. Isso combina com
o ensino de Jesus no Sermão da
Montanha: “Não fiquem preocupados
com o dia de amanhã” (Mt 6.34).
Em Jesus
você pode
confiar
MarcGarridoiPuig
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capa
32 ULTIMATO Maio-Junho, 2008
A
primeira doença do ser
humano não foi física, mas
espiritual. Ele desobedeceu
e comeu do fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal.
Por essa única razão, foi proibido de
comer do fruto da árvore da vida,
ficando assim, sujeito à enfermidade
física e à morte do corpo. A doença
espiritual perturba para sempre o seu
relacionamento com Deus. Ele fica
desconsertado diante do Criador,
teme-o e esconde-se dele. A doença
espiritual destrói ainda a naturalidade
do homem em todos os sentidos e em
todas as frentes (Gn 3). A partir daí,
todos perdemos tanto a saúde espiritual
como a saúde física.
Essa situação doentia do caráter
humano vem à tona no livro de Isaías:
“E nos tornamos todos como seres
impuros, e toda nossa (aparente)
integridade parecia como roupas
poluídas; e nós nos desvanecemos
como folhas transparentes, e nossas
iniqüidades nos carregam como o
vento” (Is 64.5, BH). O profeta já
havia falado sobre esse assunto no
início do livro: “Da sola dos pés ao
topo da vossa cabeça nada permanece
são, cobertos que estais de feridas,
equimoses e chagas putrefatas. Elas
não foram tratadas, não receberam
ataduras nem foram suavizadas com
óleo” (Is 1.6, BH). Se no caso de
Jó, “as feridas terríveis da sola dos
pés ao alto da cabeça” (Jó 2.7) eram
causadas por uma enfermidade física
extremamente grave, no que diz
respeito aos contemporâneos de Isaías,
as chagas putrefatas eram causadas por
uma enfermidade moral extremamente
grave.
Deus não se compadece apenas dos
que são portadores de doenças físicas,
mas também daqueles acometidos
por doenças morais. O profeta Isaías
descreve essa disposição terapêutica de
Deus de maneira poética e elegante.
Apesar de Alto e Sublime, apesar de
habitar um lugar alto e santo, Deus
habita também com o arrependido,
para elevar o seu espírito e vivificar
o seu coração, para dar novas forças
aos desanimados e vontade de viver
aos que estão tristes e abatidos por
causa de seus pecados. Deus mesmo
se expressa: “Por causa do pecado e da
cobiça do meu povo, eu fiquei irado
com eles e os castigarei. Na minha ira,
eu me afastei deles, mas mesmo assim
eles continuaram teimosos e seguiram
o seu próprio caminho. Tenho visto
como eles agem, mas eu os curarei e os
guiarei; eu os consolarei. Nos lábios
dos que choram, colocarei palavras de
louvor. A todos ofereço a paz, paz aos
que estão perto e aos que estão longe;
eu os curarei” (Is 57.17-19, NTLH).
Para que não haja a menor dúvida,
é bom lembrar a história de Davi e
Ezequias, reis de Israel. Os dois eram
portadores de doenças terminais e
ambos clamaram dramaticamente
ao Senhor por cura, e ele os curou.
Davi ia morrer porque havia pecado
contra Deus (2Sm 12.13) e Ezequias ia
morrer porque estava com uma úlcera,
provavelmente maligna (2Rs 20.7). A
doença de um era moral, a do outro,
física. Davi queria muito que Deus o
lavasse de sua culpa, o purificasse de
seu pecado e apagasse todas as suas
iniqüidades, o adultério com Bate-
Seba e o assassinato de Urias (Sl 51).
Ezequias queria muito que Deus não o
fizesse passar pelas portas da sepultura
no vigor de sua vida (Is 38). A pesada
mão de Deus se retirou da cabeça
de Davi e suas transgressões foram
perdoadas (Sl 32). A sentença de morte
foi retirada de Ezequias e o rei teve
mais 15 anos de vida.
Feridas físicas e
morais da sola
dos pés ao alto
da cabeça
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ULTIMATO Maio-Junho, 200836
Esp lEspecialEspecial
A dança do “quero” e “não quero”
Uma das coisas mais divertidas
na seção de Cartas é a dança do
“quero” e “não quero”. Os que não
querem receber a revista expressam
seu sentimento com ardor. O mesmo
acontece com os que querem. Alguns
dos que querem pedem para ocupar a
“vaga” dos que não querem. Da parte
dos que não querem, há cartas muito
educadas e outras nem tanto.
Em março enviei correspondência
na qual cancelava a assinatura de
Ultimato. Continuei a receber a
publicação. Venho, pois, renovar o
pedido de cancelamento.
Padre Astôr Backes
Santa Cruz do Sul, RS, Agosto de 1986
Solicito uma assinatura de Ultimato.
Faço-o em nome da comunidade de
estudantes de filosofia e teologia de
Vacaria que residem e estudam no
Instituto de Teologia e Pastoral de
Passo Fundo.
Padre Odalberto Domingos Casonatto
Passo Fundo, RS, Agosto de 1986
Recuso categoricamente o envio a
mim da revista Ultimato, presente de
grego, a saber, cavalo de Tróia.
Witold Skwara
Recife, PE, Janeiro de 2004
Sinto muito, mas não quero mais
receber Ultimato. A assinatura é
muito cara. Fiz uma assinatura do
jornal Mundo Jovem, muito mais
abrangente, por Cz$ 100,00. Sou
um jovem estudante de psicologia,
de religião católica. Também sou
muito crítico e, mediante minha
análise crítica, optei por um jornal
de cultura mais elevada. Quando
terminar psicologia, farei teologia e,
com fé, serei um sacerdote exemplar.
Agora faço uma pergunta: quem
é mais preparado: um pastor que
estuda só quatro anos para se formar
ou um padre que passa 12 anos no
seminário para se ordenar? É lógico
que é o padre.
Francisco de Assis da Silva*
João Pessoa, PB, Outubro de 1987
Favor cancelar a remessa de
Ultimato, pois não é lida aqui
por ninguém.
Iva Tonelli
Paróquia N. S. Auxiliadora
Juiz de Fora, MG, Julho de 1987
Gosto muito de ler Ultimato.
Quero receber a revista, que leio
quando encontro números perdidos
aqui. Informo que Dom Frederico
faleceu e que a Paróquia Santa
Teresa não tem padre. Um desses
números, se vocês aprovarem, pode
ser meu.
Padre Fernando
Rio Grande, RS, Setembro de 1994
Resolvi não mais assinar Ultimato,
pois me causou revolta ver o sr. Paulo
Romeiro e companhia limitada
usar a revista para falar mal de
servos ungidos do Senhor. No meu
entender, Ultimato está pactuando
com eles.
Irene Mesquita Rodrigues
Sorocaba, SP, Novembro de 1994
Tenho recebido com freqüência a
revista Ultimato. Faço questão de
registrar meu interesse em continuar
recebendo e dizer o quanto tem me
ajudado em meu pastoreio.
Padre Danilo Mamedes
Rodrigues, Belo Horizonte,
MG, Setembro de 1995
Agradeço a remessa graciosa de
Ultimato e peço que continuem a me
enviar a preciosa revista para meu novo
endereço. Que meu sucessor, Dom
Ricardo, da Diocese de Caetité, BA,
não seja esquecido.
Dom Antonio Alberto G. Rezende
Uberaba, MG, Março de 2003
Nunca pedi esta revista Ultimato.
Nunca autorizei meu endereço e
nunca a li! Por favor, não percam
tempo em me enviá-la. Enviem o
dinheiro que estão gastando na
postagem da revista para o Fome
Zero. Lá, com certeza, farão melhor
uso.
Padre Manuel Messias Vilela, Fazenda
Rio Grande, PR, Março de 2004
* Francisco de Assis da Silva, 42,
foi ordenado padre em janeiro de
1997. Hoje está à frente da Paróquia
Nossa Senhora de Fátima, em
Cajazeiras, PB.
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Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 37
Albânia: não há Deus
A Albânia acaba de se declarar “o
primeiro Estado ateu no mundo”. O
país é pouco menor que o estado de
Alagoas e tem 2 milhões de habitantes.
O movimento ateísta dos seis últimos
meses apresenta o seguinte balanço:
2.169 igrejas, mesquitas e conventos
foram fechados e em sua maioria
transformados em centros culturais
para a mocidade.
Estados Unidos: algo pior do que
a bomba atômica
O secretário de Estado Dean Rusk
declarou que o mundo dispõe de
pouco mais que uma geração para
vencer a fome e o desemprego e
menos de 10 anos para evitar um
cataclisma. Segundo Rusk, a explosão
demográfica por volta do ano 2000
poderá representar perigo maior do que
a bomba atômica.
vestíbulo de uma universidade até
um escritório de trabalho”. O celibato
será observado em grande escala pelos
padres, mas o casamento será permitido,
cabendo a cada um fazer a sua opção.
Israel: o vale de ossos secos
A crise atual, em face da secularização da
vida num mundo dominado pela ciência
e pelo materialismo, atingiu também o
judaísmo. Por esta razão, reuniram-se,
em Jerusalém, mais de 1.500 rabinos da
Europa e do Mediterrâneo para estudar a
forma de apresentar a fé aos fiéis de hoje.
O Congresso reafirmou a necessidade da
volta à ortodoxia e o estreitamento dos
laços com Israel como dever religioso.
Recomendou a imigração para a nova
Canaã e a criação de escolas hebraicas
nas comunidades judaicas do mundo.
(Fonte: Ultimato, edições de janeiro a
maio de 1968)
Notícias de 40 anos atrás
No mundo inteiro a guerra está
sendo travada a cada dia, a cada
hora, a cada minuto. É uma guerra
diferente. Nela não há bombas,
nem metralhadoras, nem armas
atômicas. As armas são outras.
São as letras do alfabeto colocadas
em ordem, formando palavras,
expressando idéias, procurando
conquistar o pensamento dos
homens.
Walter Kaschel, diretor da Associação
Brasileira de Evangelização
Pronunciamentos de 40 anos atrás
Japão: o vazio que a técnica
não enche
Cerca de 200 mil japoneses tiveram a
oportunidade de ouvir as pregações do
evangelista americano Billy Graham,
50 anos, durante dez dias em Tóquio.
Mais de 15 mil pessoas fizeram
sua decisão de aceitar Cristo como
Salvador. Na última reunião, Graham
declarou: “Temos percebido que há
um grande vazio espiritual neste país.
Os japoneses estão percebendo que o
desenvolvimento da tecnologia não
satisfaz os desejos íntimos do coração”.
França: a igreja no ano 2000
O teólogo leigo Jean Marie Paupert,
acaba de lançar em Paris um livro
de conjecturas sobre a igreja no ano
2000. Segundo o autor, a eucaristia
“se transformará num memorial
comunitário celebrado por pequenos
grupos em qualquer lugar, desde o
Faço as minhas orações especialmente
pela manhã, mas oro também quando
estou num avião, ou enquanto guio o
automóvel, ou espero um ônibus. Meu
colóquio com Deus é muito simples:
não lhe peço muita coisa, suplico-
lhe apenas que me ajude a prosseguir
em meu trabalho do melhor modo
possível. Depois, rogo-lhe que proteja
os meus filhos, minha mulher e toda a
minha família.
Dr. Christian N. Barnad, o cirurgião
que fez o primeiro transplante de coração
Uma das razões por que o ateísmo
vem crescendo no mundo inteiro
se deve ao fato de os cristãos não
viverem como deveriam, dando
por conseguinte uma idéia falsa do
cristianismo.
Cardeal Franjo Seper, da
Iugoslávia, recentemente nomeado
pró-prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé
(Fonte: Ultimato, edições de janeiro a
maio de 1968)
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ULTIMATO Maio-Junho, 200838
O
s cristãos se movem na
história pela memória da
civilização que emergiria
do jardim do Éden, sem
o pecado original, e pela antevisão do
que teremos na Nova Jerusalém, quando
os efeitos da queda forem erradicados.
Já na revelação os crentes não podem
deixar de atentar para a mensagem do
Antigo Testamento, tendo Israel como
povo de Deus: o Ano Sabático e o Ano
do Jubileu, a proibição da escravidão, o
amparo à viúva, ao órfão e ao estrangeiro,
a terra como sendo de Deus, proibida
a sua propriedade perpétua, tida como
instrumento de produção para o alimento
de todos. O pecado não era só individual,
mas das nações, famílias e governantes.
O reino de justiça e de paz tem o
seu “já” na história e o seu “ainda
não” após o juízo final. O primeiro
fruto do Espírito Santo é o amor.
Não somos salvos por obras, mas para
elas, pois sem elas a fé seria morta. A
igreja primitiva foi uma comunidade
de partilha de bens e mordomia do
que Deus nos confia. O critério de
julgamento será pelas evidências éticas
sociais: “tive fome”, “tive sede”.
Na história da igreja esses valores
foram cultivados. Entre os Pais
da Igreja, Basílio, Ambrósio, João
Crisóstomo, Gregório de Nazianzo,
Gregório de Nissa e Agostinho de
Hipona advogaram a justiça social e
o bem comum. Em seu texto Naboth
e o Pobre, Ambrósio escreveu: “Não é
teu o bem que distribuis aos pobres,
apenas restituis o que é dele. Porque
tu és o único a usurpar o que é dado a
todos para o uso de todos”. A Reforma
Protestante veio com o nacionalismo
europeu, defendendo os interesses
de cada povo
contra a opressão
dos poderes
supranacionais:
o papado e o
sacro-império.
A doutrina da
vocação em
Lutero, ou da
dignidade do
trabalho em
Calvino — e do valor da educação
para ambos — tiveram um impacto
na civilização, com o capitalismo
superando o modo de produção
feudal, abrindo caminho para a
democracia liberal e sendo criticado
por movimentos como os Niveladores
(1647-1650), socialistas (parlamento,
cidadania, sufrágio universal, contra
os monopólios), e sua dissidência,
os Cavadores, comunistas, liderados
por Gerrard Winstanley, autor da
Lei da Liberdade. No século 17, esses
evangélicos, defensores de um pós-
capitalismo, acreditavam que, no que
concerne aos meios de produção, “a
propriedade privada, em si mesma,
constituía a principal causa do mal e de
todas as formas de abusos e corrupção
social”.
O reavivamento
inglês, a partir de
Wesley, incluindo
o abolicionismo e o
reformismo social
de Wilberforce e da
Paróquia Anglicana
de Claphan, são
marcas de uma
visão integral
do pecado, do
evangelho e da missão, cujo legado
seria dilacerado pelo que David
Moberg denominou de “A Grande
Reversão” — os evangélicos, reagindo
ao “evangelho social”, universalista
e de teologia liberal, foram para o
outro extremo com um “evangelho
individual” descarnado e insensível,
A igreja primitiva foi
uma comunidade
de partilha de bens
e mordomia do que
Deus nos confia
A mui piedosa esquerda
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Robinson Cavalcanti
Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese
do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política
– teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o
Mundo – desafios a uma fé engajada.
<www.dar.org.br>
Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 39
ambos antibíblicos. Enquanto isso
surgiu uma esquerda cristã na Igreja
de Roma, com os padres Lammenais e
Lacordaire. A própria instituição, com a
encíclica Rerum Novarum, abandonaria
os seus vínculos com o absolutismo
e assumiria os novos desafios sociais.
Entre os protestantes, os movimentos
do socialismo religioso e do socialismo
cristão foram corajosas propostas. Na
Igreja de Roma, pensadores como
Jacques Maritain, Emmanuel Mounier
e Gabriel Marcel lançaram as bases do
pensamento humanista cristão e do
solidarismo, com grande influência no
Brasil do pós-Segunda Guerra aos anos
60, agora resgatados pelos estudos de
Michel Lowi.
Os termos direita e esquerda
surgiram na Assembléia Nacional
francesa pós-revolucionária (1789)
para designar os defensores e os
opositores do antigo regime ou do
novo regime. Naquele contexto, a
então esquerda seria direita hoje. O
marxismo estava longe de existir, e
a ditadura do (sobre o) proletariado
perseguiria o pensamento de esquerda
existente antes, em separado, e depois
dele, particularmente os religiosos.
Harold Laski afirmou: “Democracia
sem socialismo não é democracia;
socialismo sem democracia socialismo
não é”. Diante do aparente triunfo
do pensamento único, Norberto
Bobbio afirma que sempre haverá uma
esquerda, formada pelos inconformados
com as desigualdades não-naturais.
A inconformação com os males do
presente século, o compromisso com os
valores do reino de Deus, a promoção
da liberdade responsável, da democracia
representativa e participativa, da justiça
social e da soberania dos povos diante
dos impérios políticos e econômicos, e
de um modo de produção não baseado
em um darwinismo social — com a
sobrevivência dos mais fortes e mais
aptos —, mas na solidariedade — com
todo o capital nas mãos de todos os
trabalhadores, e não do Estado ou
de outros seres —, continuam a ser
o ideário de milhares de nascidos
de novo, piedosos e ortodoxos, no
exercício responsável da cidadania,
orando “seja feita a tua vontade, assim
na terra como no céu”.
da cristã
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  • 1. ultimato 312.indd 1ultimato 312.indd 1 2/5/2008 20:16:532/5/2008 20:16:53
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  • 3. E Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 3 abertura Os que querem ser perdoados, restaurados, salvos do pecado e da morte, têm de se aproximar de Deus de bolso vazio, sem defesa, sem desculpa, sem explicação Entre a carteira recheada e o bolso vazio, a segunda opção é muito melhor que a primeira. O pão-durismo e o consumismo têm muito a ver com a carteira recheada. A viúva de bolso vazio depositou no gazofilácio “duas pequenas moedas de cobre, de muito pouco valor”. Ela deu tudo o que possuía para viver. Mas os de carteira recheada lançaram no mesmo gazofilácio o que lhes sobrava (Mc 12.41-44). A pior marca da carteira recheada é o estado de espírito acentuadamente complicado e perigoso que ela fomenta: a auto-suficiência. A carteira recheada pode ser um bom passaporte nesta vida e neste mundo, mas não abre porta alguma em direção a Deus, tanto nesta como na outra vida. Só se chega a Deus de bolsos vazios. O homem e a mulher de carteiras recheadas dificilmente bateriam em seu peito para clamar: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” (Lc 18.13, NTLH). Setecentos anos antes de Cristo, a voz de Deus já falava aos desprovidos: “Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo” (Is 55.1). De fato, as boas novas da salvação são para... Os sem-água, os sem-dinheiro, os sem-leite e os sem-pão. Os sem-perdão de pecados, os sem- reconciliação com Deus e os sem-paz de espírito. Os sem-vez, os sem-valor, os sem-obras, os sem-razão, os sem- merecimento, os sem-crédito e os sem-saldo. Os que querem ser perdoados, restaurados, salvos do pecado e da morte, têm de se aproximar de Deus de bolso vazio, sem defesa, sem desculpa, sem explicação, sem pretensão, sem esmola, sem história de sucesso. A base da salvação repousa unicamente na graça de Deus: “Vocês são salvos pela graça mediante a fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus”. Não é por meio de alguma obra “para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Pois “as nossas boas ações, que pensamos ser um lindo manto de justiça, não passam de trapos imundos” (Is 64.6, BV). Martinho Lutero só teve consciência do perdão de seus pecados depois de se apresentar de bolsos vazios diante de Deus. O reformador declarava que não temos nenhum recurso próprio, nenhuma possibilidade de livramento em nós mesmos porque “não só as nossas injustiças são imundas, mas também as nossas justiças” (Martinho Lutero, Obras Selecionadas, v. 1, p. 357). Ele chamava graça àquela grande abóbada debaixo da qual colocava toda a imundícia que os escribas fariseus escondiam dentro dos sepulcros caiados ou que deixavam dentro do copo. Ele transferia todos os seus pecados, a sua miséria moral, o seu sentimento de culpa, as suas imundas “justiças”, o seu desespero, o seu pavor do inferno e a ele mesmo por inteiro para debaixo daquela enorme calota que é a graça de Deus (Conversas com Lutero, p. 138). Enquanto os de carteira recheadas não se humilharem, tornando- se iguais aos de bolso vazio, não haverá salvação para eles. Daí o apelo do profeta: “Venham, todos vocês que estão com sede (...) e vocês que não possuem dinheiro algum, venham comprem e comam!” (Is 55.1). De bolso vazio! stockxpert ultimato 312.indd 3ultimato 312.indd 3 2/5/2008 11:52:392/5/2008 11:52:39
  • 4. ATENDIMENTO AO LEITOR Telefones: (31) 3891-3149 0300 313 1660 Fax: (31) 3891-1557 E-mail: atendimento@ultimato.com.br www.ultimato.com.br Caixa Postal 43 36570-000 · Viçosa, MG Editora Ultimato ManuM ULTIMATO Maio-Junho, 20084 carta ao leitor Fundada em 1968 ISSN 14153-3165 Revista Ultimato Ano XLI · NÀ 312 Maio-Junho 2008 Direção e redação cartas@ultimato.com.br Elben M. Lenz César (Jornalista responsável) MTb 13.162 MG Administração Klênia Fassoni, Daniela Cabral, Lenira Andrade Vendas Lucia Viana, Lucinéa de Campos, Romilda Oliveira, Tatiana Alves e Vanilda Costa Editorial e Produção Marcos Bontempo, Bernadete Ribeiro, Djanira Momesso César, Fernanda Brandão Lobato e Roberta Dias Finanças / Circulação Emmanuel Bastos, Aline Melo, Aparecida Peixoto, Edson Ramos, Emílio Gonçalves, Luís Carlos Gonçalves, Rodrigo Duarte e Solange dos Santos Estagiários Alaila Ribeiro, Bruno Tardin, Daniel Figueiredo, Fabiano Ramos, Hadassa Alves, Ivny Monteiro, Larissa Caldeira, Luci Maria da Silva, Macel Guimarães, Marcela Pimentel e Priscila Rodrigues Arte - Oliverartelucas Impressão - Plural Tiragem - 35.000 exemplares Łrgão de imprensa evangélico destinado à evangelização e edificação, sem cor denominacional, Ultimato relaciona Escritura com Escritura e acontecimentos com Escritura. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com a santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir. Circula nos meses ímpares. Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro da Associação de Editores Cristãos (AsEC) Os artigos não assinados são de autoria da redação. Reprodução permitida. Obrigatório mencionar a fonte. Assinatura Individual - R$ 55,00 Assinatura Coletiva - desconto de 50% sobre o preço da assinatura individual para cada assinante (mínimo de 10) Assinatura Exterior - R$ 97,00 Edições Anteriores - atendimento@ultimato.com.br Anúncios anuncio@ultimato.com.br No dia 12 de abril de 2008 saí de Viçosa, MG, às 5h30 da manhã em direção a Conceição de Macabu, RJ, onde deveria pregar na comemoração dos 100 anos de David Alves, uma ex-ovelha de cinqüenta anos atrás. Foi difícil conseguir permissão de minha esposa e filhas para ir de carro. Eu queria ver o verde das árvores, o azul do céu, o amarelo-avermelhado do nascer e do pôr-do-sol enquanto dirigisse o carro. No início da viagem, a neblina mal me deixava enxergar o asfalto. Antes de começar a ver o verde, o azul e o amarelo, vi a coisa mais feia deste mundo: a morte. Logo depois de uma curva, lá estava em pedaços um caminhão que batera violentamente em um barranco, cheio de botijões de gás. O acidente, ocorrido poucos minutos antes, fora tão violento que não era possível localizar a cabine do caminhão. Vi também outra coisa muito feia: o dono de um dos automóveis que lá estavam colocou em seu carro dois ou três botijões de gás... Doze horas depois de ver o verde, o azul, o amarelo e a morte, já em Conceição de Macabu, eu vi a vida! Encontrei-me com David Alves, nascido em 11 de abril de 1908. Ele nunca tivera câncer nem doenças cardíacas, nunca fora atingido por uma bala perdida, nunca sofrera um acidente fatal, nunca fora vítima de latrocínio. O ancião tem sete filhos, 51 netos, 79 bisnetos e cinco tetranetos. São ao todo 142 descendentes diretos, sem contar os cônjuges. Por coincidência, eu havia lido na Bíblia, no dia anterior, o texto de Jeremias que separa os velhos dos bem velhos (6.11). Velho seria eu (78) e bem velho, o centenário David Alves. Diante daquela multidão de parentes e amigos dele, li duas passagens das Escrituras Sagradas. Na primeira, o salmista descreve o início da vida, quando o espermatozóide fecunda o óvulo e aquela “substância ainda informe” (o embrião) vai sendo entretecida, de “modo especial e admirável”, até completar-se e poder dispensar o ventre materno (Sl 139.13-18). Na segunda, o apóstolo Paulo afirma categoricamente que “se for destruída [pela morte] a temporária habitação terrena em que vivemos [o corpo], temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus, não construída por mãos humanas” (2Co 5.1). A vida futura será, para os que estão vivos hoje, uma experiência absolutamente nova, ligeiramente parecida com a do parto. A vida não é “o caminho entre o nascimento e a morte”, como diz o Dicionário de Psicologia Dorsch. À luz do cristianismo, a vida é maravilhosa e infinitamente mais que o mísero período de tempo espremido entre as dores do parto e as dores do sepultamento! Aleluia! E. César A morte e a vida ultimato 312.indd 4ultimato 312.indd 4 2/5/2008 11:52:502/5/2008 11:52:50
  • 5. ultimato 312.indd 5ultimato 312.indd 5 4/5/2008 12:31:514/5/2008 12:31:51
  • 6. Incapazes de latir U ULTIMATO Maio-Junho, 20086 PastoraisPastorais 56 A missão de latir não pertence apenas aos pastores. Ela se estende a todos aqueles que têm alguma posição relevante na sociedade e são, portanto, co- responsáveis pela segurança de todos Uma vez treinados, os cães servem para a guarda da casa e de outros bens de seus donos. São capazes de proteger lojas e fábricas à noite. Ao latir e rosnar, amedrontam ladrões e acordam quem está dormindo, em caso de fogo. Se esses cães perderem a capacidade de latir, já não servem para cães de guarda. Por serem responsáveis pela segurança religiosa do povo de Deus, alguns homens e mulheres são vocacionados, preparados e empossados como atalaias, guardas, líderes, pastores, sentinelas ou vigias dos fiéis. Com muita freqüência, esses “cães de guarda” dão mau testemunho, cometem escândalo, tornam-se mercenários e abandonam o rebanho, principalmente na longa história de Israel. Há muitas queixas contra eles no Antigo Testamento. Todas muito severas. Uma delas encontra-se em Isaías 56.10: “As sentinelas de Israel estão cegas e não têm conhecimento; todas elas são como cães mudos, incapazes de latir. Deitam-se e sonham; só querem dormir”. Isaías 56.9-12 mostra que esses pastores são incapazes de enxergar o perigo (“não têm conhecimento”), de latir (“são como cães mudos”), de permanecer acordados (“só querem dormir”), de controlar a gula (“são cães devoradores insaciáveis”), de se submeterem ao Senhor (“todos seguem seu próprio caminho”), de abrir mão dos seus interesses pessoais (“cada um procura vantagem própria”) e incapazes de frear sua decadência (“bebamos nossa dose de bebida fermentada, que amanhã será como hoje, e até muito melhor”). O que mais impressiona é a denúncia de que são “incapazes de latir”. Tornaram-se cães emudecidos que não sabem, não podem e já não conseguem latir ou ladrar. Então, para que servem? Quando o ladrão se aproxima, quando o lobo ataca o rebanho, eles não ladram. O rebanho fica, dessa forma, perigosamente desprotegido. A missão de latir não pertence apenas aos pastores. Ela se estende a todos aqueles que têm alguma posição relevante na sociedade e são, portanto, co-responsáveis pela segurança de todos. Entre eles estão os pensadores, os sociólogos, os comunicadores, os professores, os governantes, os legisladores, os psicólogos, os estatísticos, os militares, os juízes etc. Se todos forem incapazes de latir, o caos ético se instalará de forma alarmante, globalizada e irreversível. O pai e a mãe de crianças e adolescentes têm a obrigação de “latir” em benefício de seus filhos, livrando-os de desperdiçar a saúde e a vida nos caminhos desastrosos da incredulidade, da secularização, do crime, do álcool e das drogas e da promiscuidade sexual. A qualquer perigo, a qualquer desvio e a qualquer ameaça, o pai e a mãe, em uníssono, precisam emitir aqueles “latidos” que assustam tanto o assaltante como a vítima. Talvez fosse bom verificar ao nosso redor: os “cães de guarda” que nos rodeiam tornaram-se incapazes de latir? Nós mesmos nos tornamos cães mudos, incapazes de latir? RodolfoClix ultimato 312.indd 6ultimato 312.indd 6 2/5/2008 11:53:272/5/2008 11:53:27
  • 7. Seções Capa Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 7 “Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo” IS 55.6 ABREVIAÇÕES: BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; EP - Edição Pastoral; EPC - Edição Pastoral - Catequética; NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional. Reflexão Robinson Cavalcanti A mui piedosa esquerda cristã 38 Ricardo Gondim Desde 1968 40 Redescobrindo a Palavra de Deus Como será que está a Maria? Será que ela carrega o vírus da aids no seu corpo?, Valdir Steuernagel 42 História A integridade do evangelho: uma avaliação do neopentecostalismo, Alderi Souza de Matos 44 Entrevista Raimundo César Barreto Júnior O sucesso da não-violência 47 O caminho do coração Tudo em comum, Ricardo Barbosa de Sousa 52 Da linha de frente Orgulho e preconceito, Bráulia Ribeiro 54 Arte e cultura Caetano e Cristo, Mark Carpenter 58 Ponto final Salvação que embeleza, Rubem Amorese 66 Doenças não catalogadas pela medicina que podem e devem ser tratadas 26 O caminho confuso e perigoso da terapia de vidas passadas Carlos Caldas 28 Você precisa ser curado... 30 Feridas físicas e morais da sola dos pés ao alto da cabeça 32 Abertura 3 Carta ao leitor 4 Pastorais 6 Cartas 8 Quadro de avisos 13 Mais do que notícias 14 Números 20 Nomes 22 Frases 23 Reportagem 24 Em Jesus você pode confiar 31 Novos acordes 53 Deixem que elas mesmas falem 56 Meio ambiente e fé cristã 57 Ação mais que social 60 Vamos ler! 62 Prateleira 63 Agenda 64 Especial A dança do “quero” e “não quero” 36 stockxpertstockxpert Leia em www.ultimato.com.br • Minha vida tem feito diferença? (seção “Altos papos”), por Jeverton Magrão Ledo ultimato 312.indd 7ultimato 312.indd 7 2/5/2008 20:20:452/5/2008 20:20:45
  • 8. ULTIMATO Maio-Junho, 20088 Viv Grigg AorelacionarareflexãoMuibíblicamissãointegral(março/abril 2008,p.38),deRobinsonCavalcanti,comasrespostasdeViv GriggnaentrevistaOinversodacultura(p.48),dáparaperceber queformularateologiadamissãointegraléumacoisa,masvivê- laéalgocompletamentediferente!Anossateologiacalvinistaé bíblicaeexcelente;oquenosfaltaévivenciá-lanocotidiano. REV. DEWEL LOMÔNACO BRAGA Itajubá, MG Quecoisa!LeionaentrevistacomVivGriggqueasigrejasO BrasilparaCristo,AssembléiadeDeus,DeuséAmor,entre tantasoutrasigrejaspentecostais(sempredesprezadase ridicularizadaspelasco-irmãsclássicasdaReforma),têmfeito atalmissãointegraldesde1910!Agoraéquevocêsprestaram atençãonessefato!BenzaaDeus!Nemtudoestáperdido! PAULO CÉSAR SAMPAIO Fortaleza, CE Acabo de ler a entrevista com Viv Grigg. Coincidência ou não, terminei de ler há pouco o livro A Crucificação de Felipe Strong, de Charles Sheldon, o mesmo autor de Em seus Passos o que Jesus Faria? É impressionante como os temas são próximos. Aguardo ansioso o relançamento de Servos entre Os Pobres, de Grigg. GUSTAVO BRANDÃO Curitiba, PR Deus é fiel Tenho o privilégio de acompanhar Ultimato desde a sua concepção e nascimento. Guardo todos os números. Leio da primeira à ultima página, de “Pastorais” ao “Ponto final”. Quanta coisa eu mesma gostaria de ter escrito, e as vejo tão bem colocadas nas palavras dos articulistas. É o caso do artigo Deus é fiel... e eu? (março/abril 2008, p. 15). Parece que estava revendo as perguntas que sempre faço ao ver este adesivo em tantos carros. Precisamos rever nossa conduta. Estamos sendo fiéis nos dízimos, nas ofertas, nos cargos que ocupamos na igreja, no casamento realizado na presença do Senhor, na educação de nossos filhos para o Senhor? Nestes quarenta anos, Ultimato tem nos ajudado muito a sermos fiéis ao Deus que é fiel. MÁRCIA BROCHADO SEVERINO DA SILVA Rio de Janeiro, RJ O Jesus dos Evangelhos Gostei de ler Ultimato não quer fazer o papelão de deixar Jesus de lado (março/abril 2008, p. 37). O testemunho da revista é mesmo cristocêntrico. Nestes dias relativistas, pluralistas, hedonistas e subjetivistas é muito importante ler e ouvir coisas que vão contra a correnteza e apontam para Cristo, o Salvador do mundo. Há aqueles que falam de Jesus, mas negam as doutrinas básicas da encarnação, morte, ressurreição e ascensão. Ou simplesmente usam o nome de Jesus como amuleto, desconhecendo a profundidade de seu sacrifício. ALEX ESTEVES DA ROCHA SOUSA Sete Lagoas, MG ultimato 312.indd 8ultimato 312.indd 8 2/5/2008 11:53:382/5/2008 11:53:38
  • 9. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 9 Verdades contundentes Aprecio a linha de Ultimato, ora anunciando, ora denunciando. Gosto mais da denúncia. Sou fã dos audazes, daqueles que sem medo revelam as falhas, como o profeta Elias diante do rei Acabe (1Rs 8.15) e João Batista diante do rei Herodes (Lc 3.19). Os dois possuíam o espírito de ousadia, aquele espírito que nos livrará da ira divina. Tenho muita admiração pelas reflexões, em especial as de Ricardo Gondim, pela sinceridade como encara os fatos, por sua linguagem clara e objetiva e por sua destreza em revelar verdades contundentes. Parabéns editores e colaboradores! MARIA CARMINA SAMPAIO TORRES Belém, PA Homossexualidade Aediçãodejaneiro/fevereirodeUltimatoabordouaquestãoda homossexualidade.Oassuntoécandenteemuitocomplexo. Comopsicólogo,tenhoatendidodiversaspessoas,deambos ossexos,comtendênciashomossexuais.Parecequeanatureza eavidapregampeçasemalgumaspessoas.Numcorpo biologicamentemasculinocolocamsentimentosfemininos; enumcorpobiologicamentefemininocolocamsentimentos masculinos,criandoumtremendoconflito.Éprecisoesclarecer queesteéumdostiposdehomossexualidadebastante freqüentes.Ahomossexualidadetrazmuitosquestionamentos, porque,viaderegra,osentimentohomossexual,aliás,como todosentimento,nãodependedavontadedapessoa.Oprimeiro questionamentoéteológico:porqueJesus,emmomentoalgum, refere-se,aomenosindiretamente,àhomossexualidade?Em nenhumdosquatroevangelistasaquestãoéabordada.Não acreditoqueentreosjudeusnãohouvessehomossexuais. Osegundoquestionamentoéumaperguntaquemefaço freqüentemente:temaigrejaodireitodeexigirqueo homossexualleveumavidacelibatária?Nãotenhorespostas paraosmeusquestionamentosetalvezporissomesmoelesme causemcertainquietação.MasagradeçoconstantementeaDeus pornãoserhomossexualepormeusfilhostambémnãooserem, porqueéumsofrimentomuitogrande. CÂNDIDO A. LORENZATO Porto Alegre, RS —Jesusnãomencionaahomossexualidade,mascobrauma condutasexualmaisaltadoquequalqueroutroescritorbíblico: “Qualquerqueolharparaumamulherparadesejá-la,jácometeu adultériocomela”(Mt5.27).Separaevitaresseolharfixo ecalculadoporumamulheralheiapoderiasernecessário arrancarelançarforaoolhodireito(linguagemfiguradausada porJesus),oquepensardeumarelaçãosexualcontráriaà natureza(apráticahomossexual)?SeJesusnãosereferiu,ao menosindiretamente,àhomossexualidade,seumaisnotável convertidoeseguidoréquemmaisexplicitamentetratado assunto.Paulodizqueasmulheres“trocamsuasrelações sexuaisporoutras,contráriasànatureza”eque,“damesma forma,oshomenstambémabandonaramasrelaçõesnaturais comasmulhereseseinflamaramdepaixãounspelosoutros. Começaramacometeratosindecentes,homenscomhomens,e receberamemsimesmosocastigomerecidopelasuaperversão” (Rm1.26-27).(VejaÉparaabandonarahomofobia,masnãoa condenaçãodapráticahomossexual,p.20) A morte da morte Este ano começou para mim de uma forma muito difícil, pois perdi meu querido irmão e sobrinhos num grave acidente. Quando estávamos todos abatidos, muitos irmãos entraram em contato conosco e se compadeceram da nossa dor. No meio de tantas bênçãos, ganhei também uma assinatura de Ultimato. Além disso ainda recebi todas as edições de 2007. Qual não foi a minha surpresa, uma delas falava da morte da morte, e outra, de Jó. Obrigada por trazerem textos tão edificantes para a igreja dos nossos dias e por nos tratarem com tanto amor e carinho nesses momentos difíceis. MEIREANA DUTRA DE ASSIS SILVA São Paulo, SP Que vida boba! De fato, se não existisse a promessa de Jesus de um novo céu e uma nova terra, a vida não teria o menor sentido. Infelizmente muitos só descobrem isso no leito da morte, quando há tempo, é claro. ANTONIO PORTO Itapetininga, SP ultimato 312.indd 9ultimato 312.indd 9 2/5/2008 11:53:482/5/2008 11:53:48
  • 10. ULTIMATO Maio-Junho, 200810 Missão integral A missão da igreja está, muitas vezes, soterrada pela iniqüidade do homem, mas tenho plena fé que Cristo cuida de sua noiva por meio de palavras de conhecimento e sabedoria de pessoas como o bispo Robinson Cavalcanti. Ele consegue refletir de forma profunda a grande missão que Jesus nos deixou: o “Ide”. Por vezes, a igreja tem perdido o foco deste itinerário, mas certamente a palavra ministrada não voltará vazia. É tempo de pensarmos sobre as peculiaridades da vida de Jesus Cristo, e o quanto ele mudou a história. Para vivermos conforme essa missão, precisamos examinar com mais fidelidade o texto bíblico e resgatar o nosso papel transformador da sociedade. Essa missão não é fácil, mas nós temos o Espírito Santo que nos capacita. Certamente, estamos sendo chamados por Cristo para vivermos de forma prudente neste tempo sombrio para a cristandade. CLEVERTON BARROS DE LIMA Campinas, SP A realidade do cristianismo brasileiro Gostaria de parabenizá-los pela revista Ultimato. Comecei a lê-la quando eu ainda estava na faculdade, e muitas vezes me pego lendo e relendo edições antigas. Cada edição é como um sopro de vida nova para mim, por isso aguardo ansiosamente a chegada da publicação! Gosto do fato de que os artigos não são utópicos, revelam a espiritualidade cotidiana de cada um de nós: as dúvidas, os medos, as alegrias, a realidade do cristianismo no Brasil. Muito obrigada. Oro para que Deus continue a inspirar a equipe e os colunistas! STEPHANIE PARKER Porto Alegre, RS Evangélicos e católicos Um evangélico, por mais errado que seja, ainda é mais certo do que qualquer católico, pois não se prosta diante de uma imagem de escultura para prestar-lhe culto, adorá-la ou mesmo venerá-la como eles (os católicos) se defendem. ODAIR ORLANDI Umuarama, PR Maria Estamos estudando em nossa igreja sobre Maria, mãe de Jesus. Lembro-me de ter lido na revista Ultimato (maio/ junho 1993) os artigos Maria demais e Maria de menos. Poderia receber uma cópia desses textos por e-mail? ÁUREA CACHONI M. FERRAZOLI Ourinhos, SP Mulheres nunca mais Quero me manifestar contra a carta Mulheres nunca mais, de Wesley Chrisley, de Sorocaba, SP. O comentário foi muito infeliz e ele próprio deve ser tremendamente infeliz por não valorizar o trabalho maravilhoso que as mulheres estão fazendo para o Senhor. Se ele visitasse a minha igreja, veria mulheres resgatando vidas para Cristo, pregando nas praças, nas empresas, nas cadeias, nas igrejas, e mudaria de idéia. As mulheres estavam presentes no dia de Pentecostes e o derramamento do Espírito foi também sobre elas, como havia sido profetizado pelo profeta Joel: “Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei o meu Espírito” (At 2.18). Wesley precisa conhecer mais as histórias de avivamento, como o caso de Sarah Osborn, que fez parte de um avivamento em Newport, nos anos de 1766-1767. Outra grande ministra foi Hannah Smith, autora do livro O Segredo de uma Vida Feliz. Com o afastamento do seu marido do ministério por motivo de adultério, ela continuou a pregar, ensinar e escrever. Paulo faz referências elogiosas a várias mulheres: Febe, Priscila, Maria, Júnia, entre outras. PR. ELSON MEDEIROS Assembléia de Deus de Laranjeiras - Serra, ES 84 anos de vida e 59 de sacerdócio Agradeçocomovidamenteassaudaçõeseaugúriosaoensejo demeunatalício.Ésempremuitogratificantesentirqueoutros ultimato 312.indd 10ultimato 312.indd 10 2/5/2008 11:53:562/5/2008 11:53:56
  • 11. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 11 FALE CONOSCO Cartas à Redação cartas@ultimato.com.br Cartas à Redação, Ultimato, Caixa postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Inclua seu nome completo, endereço, e-mail e número de telefone. As cartas poderão ser editadas e usadas em mídia impressa e eletrônica. Economize Tempo Faça pela Internet Para assinaturas e livros, acesse www.ultimato.com.br Assinaturas atendimento@ultimato.com.br 31 3891-3149 Ultimato, Caixa postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Edições Anteriores atendimento@ultimato.com.br www.ultimato.com.br irmãosserejubilamcomoinestimáveldomdavidacomqueo Senhornosbrinda.Jámepesamnosombros84anosdevidae59 desacerdócio.Valho-medestefelizensejoparafelicitartodos aquelesquecolaboramparaasediçõesdeUltimato,periódico queleiocomprazeremuitoproveito.Édegentequemergulhae nãoperpassapelasuperfície.Parabéns,equeoSenhorcontinue iluminandosemcessarasmentesquepropagamsuasanta Palavra.Rezempormim,querezoporvocês. MONSENHOR VALDEMIRO CARAM Campinas, SP Hanseníase OBrasilocupahojeosegundolugaremnúmerodeportadores dehanseníase.Vivemosumestadodeepidemianãodivulgado pelogoverno.Assim,hápoucainformaçãosobreadoença, mesmonomeiomédico,oqueretardaotratamentoegera seqüelasirrecuperáveis,principalmentequandooportadornão apresentalesõescutâneas.Comoportadoradessaenfermidade, etambémpadecendointensamentecomasreaçõescolaterais dapoliquimioterapia,possoafirmarqueanecessidademaioré trazerapúblicoarealidadedopaíseoferecermaisinformações àclassemédica.Simpatiaemnadanosajuda! PATRÍCIA NEME Palmas, TO Ultimato na EBF Desde o início de 2008 nossa classe de escola bíblica dominical para jovens tem estudado os assuntos de destaque da revista Ultimato. Os resultados são satisfatórios e fantásticos. A linguagem simples e objetiva da revista ajuda a compreensão dos alunos. Agradeço a Deus por vocês. SORAYA AGUIAR MENEZES Ipatinga, MG Juntos até então Desde meus tempos de estudante no Instituto José Manuel da Conceição, em Jandira, SP, e do Seminário Presbiteriano de Campinas, Ultimato tem sido uma bênção para mim e para meus irmãos na fé. Até aqui estamos juntos! Que a revista continue sendo o que é! REV. ELY BARBOSA Salto de Pirapora, SP Blog Ultimato Não sou muito afeito a ler blogs; raros são os que leio, mas ao ver que Ultimato lançou o seu, não pude resistir e entrei, li e gostei muito. Ultimato, embora quarentona, está cada vez mais moderna, antenada e se torna a cada dia um excelente veículo de transmissão das verdades bíblicas, quebrando preconceitos e paradigmas, sendo inclusive tema de matéria em revista católica. Continuem no caminho. SÉRGIO PRATES LIMA Rio de Janeiro, RJ ultimato 312.indd 11ultimato 312.indd 11 2/5/2008 11:54:192/5/2008 11:54:19
  • 12. ultimato 312.indd 12ultimato 312.indd 12 2/5/2008 20:39:392/5/2008 20:39:39
  • 13. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 13 ultimato 312.indd 13ultimato 312.indd 13 2/5/2008 11:54:372/5/2008 11:54:37
  • 14. ULTIMATO Maio-Junho, 200814 do que Rebanhos instáveis tanto na seara protestante como na seara católica Oproblema de trânsito de uma igreja para outra não é um fenômeno exclusivamente protestante. Nas grandes cidades, diz Dom Moacyr Grechi, bispo de Porto Velho, RO, “cresce também o número de fiéis que escolhe a igreja ou a paróquia não pela vizinhança ou território, mas segundo seu gosto e suas afinidades espirituais”. No caso dos evangélicos, o trânsito pode ser de uma igreja para Segundo cálculos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o governo Luiz Inácio Lula da Silva gastou, em 2006, com todos os seus programas sociais, cerca de 21 bilhões de reais. O jornalista Clóvis Rossi compara esse montante com os lucros somados de quatro entidades financeiras em 2007 (Itaú, Bradesco, Unibanco e Santander), no valor de 21,777 bilhões de reais. Rossi aponta o problema da desigualdade social: enquanto a primeira soma é distribuída entre 11 milhões de famílias alcançadas pelo programa outra da mesma denominação ou de uma denominação para outra. Nas últimas décadas, é maior o número dos que saem das denominações históricas para as denominações pentecostais do que o contrário. No rebanho católico também há a figura do padre, cuja performance, segundo a mesma fonte, “é julgada pelas emoções que suscita ou pela sedução que exerce”. O país dos migrantes é o 5º mais populoso Segundo o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), “se todos os migrantes regularmente registrados residissem no mesmo país, representariam o quinto país do mundo em número de habitantes”, logo depois da China (1,3 bilhão), Índia (1,1 bilhão), Estados Unidos (297 milhões) e Indonésia (222 milhões). O Brasil viria em seguida (180 milhões). Setenta por cento de todos os migrantes vivem em dois países da América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e em cinco países da Europa (Rússia, Alemanha, França, Reino Unido e Espanha). O paredão entre ricos e pobres continua de pé Bolsa-Família, a segunda é distribuída entre quatro “famílias” financeiras. O pesquisador Gabriel Ulysses, do mesmo instituto do Ministério do Planejamento, esclarece: “Apenas 10% da população continua se apropriando de 80% da renda nacional” (Folha de São Paulo, 17/07/07, A2). Cresce o número dos que nunca ouviram falar das boas notícias Aigreja não está dando conta. Não está suportando a concorrência. Segundo o Vaticano II, há quarenta anos, 66% da humanidade “nada ou muito pouco ouviu do anúncio das boas notícias”. Hoje, este número, o dos que quase não ouviram falar do evangelho, aumentou para 80%. A consciência missionária precisa, como nunca, ser acesa. O maior desafio da Grande Comissão (a ordem explícita dada por Jesus no momento de sua ascensão) é alcançar com o evangelho cada época da história, cada canto da terra, cada âmbito da sociedade e cada pessoa dos ajuntamentos humanos. ultimato 312.indd 14ultimato 312.indd 14 2/5/2008 11:54:552/5/2008 11:54:55
  • 15. ultimato 312.indd 15ultimato 312.indd 15 2/5/2008 11:55:202/5/2008 11:55:20
  • 16. ULTIMATO Maio-Junho, 200816 do que Filhos e genros de Shimpo e Tamao (da esquerda para a direita): Arthur e Aki, Luiza e Socei, Alice e Yoshio, Rosa e Soie, Emília e Zentem, Paulo e Teruko e Olga e Setiro O s jovens imigrantes japoneses Tamao Hashimoto, nascida na Província de Fukuoka, e Shimpo Kuniyoshi, nascido na Província de Okinawa, ambos descendentes de famílias nobres, conheceram-se por acaso no centro de São Paulo em 1919, quando tinham 20 anos. Casaram-se no ano seguinte. Quando deixou a família no Japão e veio para o Brasil por decisão própria, Tamao era uma adolescente de 14 anos. O navio que trouxe essa leva de imigrantes gastou 60 dias para chegar ao porto de Santos. Shimpo era um rapaz de 18 anos quando aportou no Brasil algum tempo depois daquela que seria sua esposa. À altura do casamento, os dois jovens já haviam fugido das lavouras de café do interior do Estado de São Paulo por não agüentarem o trabalho braçal e por receberem chibatadas dos capatazes quando o serviço não rendia. Passaram a trabalhar como empregados domésticos na capital. O jovem casal teve oitos filhos. Exceto o primeiro, que morreu de meningite aguda aos seis meses de idade, todos os outros estão vivos: Luiza Kaio (85), Rosa Kaio (84), Arthur Kuniyoshi (82), Paulo Kuniyoshi (80), Emília Sakiyama (77), Alice Sakiyama (75) e Olga Hayashi (66). Destes, dois já comemoraram bodas de diamante: Luiza e Socei Kaio (outubro de 2005) e Rosa Soie Kaio (março de 2006); e três, bodas de ouro: Arthur e Aki Kuniyoshi (julho de 2000), Emília e Newton Sakiyama (dezembro de 2000) e Alice e Yoshio Sakiyama (setembro de 2003). A soma da idade dos sete filhos de Tamao e Shimpo e de seus sete cônjuges é igual a 1.096 anos (a idade média dos 14 idosos é de 78 anos). O primeiro contato da família Kuniyoshi com o evangelho foi através do testemunho de um dos empregados do sítio que compraram perto de Cambará, no Paraná. O rapaz era “muito educado, reverente e muito bom de serviço”. Mais tarde, a filha mais velha do casal foi estudar corte e costura em Cambará e se hospedou com uma imigrante japonesa evangélica, que lhe falou de um certo Jesus, filho de Deus, que veio salvar o mundo do pecado. Outra família japonesa também era crente e procurava evangelizar os conterrâneos da região. Não tardou para que um dos filhos dessa família, que morava em São Paulo, trouxesse a Cambará pastores japoneses da Igreja Metodista Livre. O resultado é que não demorou muito para que Luíza e Rosa se convertessem ao evangelho e também se enamorassem dos irmãos Socei e Soie, da família Kaio, aquela que havia pregado o evangelho para as moças. Luíza casou-se com Socei cinco meses antes do lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que matou cerca de 214 mil japoneses em agosto de 1945. Rosa casou-se com Soie onze meses após essa tragédia. Com o tempo, toda a família se converteu. O testemunho de Paulo Kuniyoshi, o quarto filho, é impressionante. Apesar de freqüentar a igreja e estudar a Bíblia com regularidade, ele demorou algum tempo para ter uma experiência pessoal de aceitação de Jesus como seu Senhor e Salvador. Isso aconteceu em Bauru, SP, em 1977, quando ele tinha 49 anos e já era engenheiro e advogado. Naturalmente o evangelho colaborou para que os descendentes de Tamao e Shimpo tivessem casamentos estáveis e se mantivessem unidos (todos os anos os sete casais tiram férias no mesmo lugar e no mesmo período). O formidável encontro de Tamao e Shimpo em 1919 já rendeu noventa pessoas: sete filhos, 25 netos, 56 bisnetos e 2 tataranetos! Incluindo os cônjuges, o número total sobe para 130 pessoas. A propósito do centenário da imigração japonesa (1908-2008) Cinco dos sete filhos dos imigrantes japoneses do início do século 20 já fizeram bodas de ouro Arquivopessoal ultimato 312.indd 16ultimato 312.indd 16 2/5/2008 11:55:352/5/2008 11:55:35
  • 17. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 17 O s cristãos de fé e conduta não deveriam se abalar com a zombaria e oposição dos cabeças-pensantes, cheios da sabedoria deste mundo e de arrogância, pois estes também erram e são obrigados a voltar atrás, a desdizer o que haviam dito, a “desprovar” o que haviam provado. No artigo Samba do cientista louco, o jornalista Ruy Castro, da Folha de São Paulo, demonstrou que na área de nutrição o que os cientistas dizem hoje contraria por completo o que diziam ontem. O leite, que hoje é considerado um veneno para quem tem úlcera, antes era tomado para aliviá-la; a manteiga é mais saudável do que a margarina, mas antes era a vilã para vários órgãos, inclusive o coração; ovo faz bem ao coração (antes era o pior inimigo do colesterol e do coração); café, que estimula o sistema nervoso central, o coração, os vasos sangüíneos e os rins, era uma bebida proibida por conter cafeína; açúcar é uma beleza, mas antes ele deveria ser substituído pelos adoçantes. Tanto a Rússia quanto a China estão revendo a política de diminuição da taxa de natalidade. Para reverter a situação criada anteriormente pelo próprio governo, uma das províncias da Rússia adotou uma providência inusitada: o governador Sergei Morozov pediu aos empregadores que dessem folga a seus funcionários no dia 12 de setembro de 2007, para que eles tivessem tempo livre para fazer sexo, de tal modo que, em caso de concepção, a criança nascesse nove meses depois, em 12 de junho de 2008, Dia Nacional da Rússia. As mulheres que derem à luz nesse dia poderão ganhar, entre outros prêmios, uma casa nova (FSP, 13/09/07, A14). A política do filho único, em vigor na China desde o final dos anos 70, que teria evitado 400 milhões de nascimentos, está sendo reconsiderada para desacelerar o envelhecimento rápido da população. A vice-ministra de Planejamento Familiar teria dito que a China corre o risco de “ficar velha antes de ficar rica”. No momento, entre 30% e 40% dos chineses estão autorizados a ter dois ou mais filhos (FSP, 29/02/08, A14). Há menos de dois meses, o escritor Carlos Heitor Cony comentou que a própria ciência percorre um caminho muitas vezes errado: “De 50 em 50 anos, até em ciências exatas, como a física, as verdades são modificadas”. Os cristãos precisam suportar com firmeza a zombaria dos não-crentes sem se apoquentar nem diminuir a alegria e a certeza de serem filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). O zombador, como escreve John Stott, “é alguém que nega a seriedade do pecado, da culpa e do juízo, e que não dá muita importância à necessidade da reconciliação e do perdão” (A Bíblia Toda, o Ano Todo, p. 90). A manteiga é mais saudável do que a margarina stockxpert ultimato 312.indd 17ultimato 312.indd 17 2/5/2008 11:55:442/5/2008 11:55:44
  • 18. ULTIMATO Maio-Junho, 200818 do que Asituação do cristianismo europeu não é nada confortável nem no meio católico nem no meio protestante. Na Itália, onde 97% da população se considera católica, apenas 30% dos fiéis vão à igreja. Na França, denominada “filha primogênita da igreja”, há cidades com maior presença de mulçumanos que de católicos. Sessenta por cento da população de Marselha, a segunda maior cidade da França, professa o islamismo. Enquanto o número de sacerdotes diocesanos e religiosos cresce na América Latina, África e Ásia, decresce na América do Norte, na Oceania e principalmente na Europa (18,4% a menos). O número de católicos aumenta na Ásia e na África, mas diminui de maneira sensível na Europa. Quarenta por cento dos britânicos, tradicionalmente protestantes, declaram não acreditar em Deus (no Brasil a porcentagem desses era de 1% na década de 70 e hoje chega a 7,3%). Em artigo publicado no jornal americano Chicago Sun Times, Adele M. Stan, autora de Debating Sexual Correctness (Retidão sexual em debate), diz que o papa Bento XVI “nunca olhou no espelho para encontrar a verdadeira razão do declínio do catolicismo na Europa”. O papa responsabiliza o modernismo, o relativismo e o multiculturalismo. Porém, Stan afirma que “a rejeição da Europa ao catolicismo tem menos a ver com a perda de espiritualidade do que com o autoritarismo de uma instituição que muitos consideram, na melhor das hipóteses, moralmente inapta; na pior, moralmente falida”. Para a autora do artigo, os campos imersos em sangue da Primeira Guerra Mundial provariam serem campo fértil para o existencialismo e para seu primo, o niilismo. A Igreja Católica Romana tem sua parcela de culpa: ela se aliou ao anti-semitismo na França, ao ditador Francisco Franco na Espanha e ao movimento revolucionário na Croácia. Consultado a respeito dos comentários de Adele Stan, o historiador protestante Alderi Souza de Matos diz que é difícil avaliar a correção desse diagnóstico. “O crescente secularismo da Europa pode ser explicado em parte por certas situações internas da Igreja Católica, mas há outros fatores envolvidos”. Alderi explica que “desde o iluminismo, no século 18, essa tendência secularizante tem crescido tanto em nações católicas como em protestantes”, e acrescenta: “O problema de muitas pessoas é a desilusão com a religião em geral, não só com o catolicismo”. A religião tem sido identificada com obscurantismo, moralismo, hipocrisia, manipulação. Quanto ao crescimento do islamismo na Europa, o historiador explica que é principalmente em virtude da imigração. Uma boa definição de secularismo foi dada recentemente pelo cardeal Paulo Poupard, presidente do Pontífice Conselho para a Cultura: “Secularismo não é uma negação explícita da presença de Deus, mas sim uma mentalidade vazia em que Deus está total ou parcialmente ausente da vida e da consciência dos homens”. ultimato 312.indd 18ultimato 312.indd 18 2/5/2008 15:23:072/5/2008 15:23:07
  • 19. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 19 O que o alemão João Debeneck Cochlaeus e o polonês Ryszard Mozgol têm em comum? Ambos são católicos. Mas o que mais os aproxima são as bobagens que escreveram sobre Martinho Lutero. Cochlaeus escreveu sobre o reformador em 1549 e Mozgol, 458 anos depois, no 490º aniversário da Reforma, em outubro de 2007. Cochlaeus foi cônego da Catedral de Mainz (1526) e, depois, da Catedral de Breslau, ambas na Alemanha. Já na velhice, aos 70 anos, escreveu a primeira biografia de Lutero, morto três anos antes (1546), intitulada Commentaria de Actis et Scriptis Martini Luther (Comentários acerca dos Atos e dos Escritos de Martinho Lutero). Mozgol, por sua vez, faz parte do Instituto da Memória Nacional da Polônia, uma instituição encarregada dos relatórios da polícia secreta do país na era pós- comunista. Na biografia de Lutero o alemão Cochlaeus escreveu que a criança nascida no dia 10 de novembro de 1483 não havia sido gerada pelo marido de Margaret Lutero nem por qualquer outro homem. O Diabo em pessoa havia possuído a pobre mulher que, de vez em quando, se envolvia em bruxarias. Assim, o reformador seria filho ilegítimo de Satanás e, como Para o polonês Ryszard Mozgol,Para o polonês Ryszard Mozgol, Lutero ainda é filho do DiaboLutero ainda é filho do Diabo A cultura secular, aquela não influenciada pelo cristianismo nem a ele sujeita, não educa o cidadão a negar-se a si mesmo. O cristianismo, ao contrário, educa o crente a não satisfazer certas inclinações, porque elas contrariam o padrão de vida inserido no Decálogo ou no Sermão do Monte. Além do desconforto da consciência, além do temor do Senhor, a oposição do Espírito a tal, precipitara um número imenso de almas na ruína e trouxera à Alemanha e à cristandade a desgraça e a miséria (Conversas com Lutero, p. 267). Nos cartazes que o polonês Mozgol expôs em toda a cidade de Lublin, na Polônia Oriental, em outubro do ano passado, havia a figura do Diabo cochichando ao ouvido do reformador protestante, mostrando-o como herege e blasfemo. Entre as vozes que condenaram esse movimento — fundado em 1989 por um grupo radical, com o propósito de estabelecer um Estado católico na Polônia —, está a de Mariusz Maikowski, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Lublin, leste da Polônia: “É chocante e inacreditável que retratos como o de Martinho Lutero como anticristo ainda apareçam em pleno século 21”. qualquer obra da carne leva o fiel a abrir mão da vontade má. A tentação em muitos casos acaba passando de largo. Mas a própria permissividade que hoje domina a sociedade não é absoluta. Tolera-se que o homem seja infiel à sua mulher e vice-versa, só porque a preferência sexual dele e dela é por outra mulher e por outro homem, respectivamente. Os homossexuais, por sua vez, devem ser deixados em paz, pois sentem atração sexual apenas por pessoas do mesmo sexo. No entanto, talvez questionando os limites dessa permissividade, o escritor Ferreira Gullar faz perguntas muito sérias: “Se o sujeito nasceu pedófilo, por que sua preferência sexual é considerada crime? Por que punir alguém que apenas obedece a impulsos inatos que lhe são impostos pela natureza?” (Folha de São Paulo, 24/02/2008, p. E10). Deve-se revogar a lei que proíbe a pedofilia? Deve-se retirar a pedofilia da relação dos crimes hediondos? Deve-se deixar o pedófilo à vontade? Deve-se deixar de “latir” em favor das crianças? (Veja Incapazes de latir, p. 6.) Por enquanto essas providências são inaceitáveis! A pedofilia vai vingar? Focalize Divulgação ultimato 312.indd 19ultimato 312.indd 19 2/5/2008 11:55:572/5/2008 11:55:57
  • 20. do que números 400 litros de água é o consumo diário de uma pessoa em bairros nobres da capital de São Paulo. A média no Brasil é de 150 litros, e a ONU diz que os seres humanos não precisam de mais de 100 litros por dia 800 veículos novos entram em circulação por dia na cidade de São Paulo. Deve haver 10 milhões de veículos na Grande São Paulo 2.600 horas é quanto uma empresa brasileira gasta, em média, a cada ano, para atender às exigências governamentais (quase um terço do ano) 72 horas são suficientes para uma pessoa ler toda a Bíblia. Se ela fizer isso não de uma só vez, mas por apenas 15 minutos diários, terminará em menos de dez meses 450.000.000.000 de dólares é quanto a indústria global de bebidas alcoólicas movimenta a cada ano. Um pouco mais que os 330 bilhões de dólares gerados por drogas ilegais, como cocaína, heroína e ecstasy 3 mentiras são pregadas a cada dez minutos de conversa, segundo pesquisa recente do psicólogo Robert Fellman, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos ULTIMATO Maio-Junho, 200820 É para abandonar a homofobia, mas não a condenação à prática homossexual A revista Novas de Alegria, das Assembléias de Deus de Portugal, abordou a questão da homossexualidade em duas edições. Na primeira (janeiro de 2008), o pastor Alexandre Samuel Lopes, de Lisboa, escreveu que os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza, sem qualquer atitude de injusta discriminação. Além de ser cristão, esse comportamento possibilita uma mudança, pois “a igreja é a base da recuperação, é primeira e última oportunidade”. A aceitação do homossexual, acrescenta o pastor, “é o início da sua transformação para uma vida dentro dos padrões de Deus”. Na segunda edição (março de 2008), o pastor Samuel Pinheiro, diretor da revista, transcreveu o comunicado assinado pela Federação das Entidades Evangélicas da Espanha, pela Aliança Evangélica Espanhola e pelo Conselho Evangélico da Galiza: “Declaramos o nosso respeito por qualquer pessoa que, em uso da sua liberdade de expressão, defenda as suas práticas e crenças homossexuais, como também o pensamento em relação à educação dos filhos, por radicalmente opostos que sejam aos mantidos por este manifesto. Igualmente reprovamos qualquer manifestação homofóbica procedente do coletivo ou de uma pessoa. Mas com mesma firmeza, e da mesma maneira, reclamamos os mesmos direitos e respeito para com a Igreja Cristã Evangélica, no respeito às práticas, crenças e defesas de uma conduta heterossexual e o direito de expressar livremente a nossa concepção da educação heterossexual dos nossos filhos”. Mais adiante, o documento esclarece: “Por isso reafirmamos o direito a: 1) Proclamar, compartilhar e pregar toda a mensagem e o ensino do evangelho; 2) Fazê-lo livremente, sem impedimento e nos termos que a Bíblia define; 3) Declarar como pecado diante de Deus toda conduta e procedimento das pessoas que transgridem tanto os princípios morais como éticos e legais; 4) Proclamar que o evangelho inclui uma mensagem de esperança de restauração em Cristo em todas as áreas da vida; 5) Poder exercer este direito, com todo respeito, diante de todo aquele que livremente pretende escutar- nos, sem por ele sermos tratados como retrógrados ou etiquetados com insultos tão fáceis e rentáveis como ‘seitas perigosas’ ou ‘homófobos’”. A aceitação da homossexualidade é tão simples e tão natural que, pelo menos no meio evangélico espanhol, já há um esforço organizado para encorajar os pais a dar continuidade à educação que valorize e dê visibilidade à heterossexualidade, não só no ensino mas também na formação de um ambiente familiar favorável. ultimato 312.indd 20ultimato 312.indd 20 2/5/2008 11:56:102/5/2008 11:56:10
  • 21. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 21 ultimato 312.indd 21ultimato 312.indd 21 2/5/2008 11:56:182/5/2008 11:56:18
  • 22. ULTIMATO Maio-Junho, 200822 Já ultrapassa a cifra de 1 milhão de exemplares o livreto de bolso de 20 páginas escrito por Fausto Rocha, 69, professor de comunicação cristã do Seminário Teológico Nazareno e de jornalismo na Faculdade Nazarena do Brasil, ambos na cidade de Campinas, SP. A Voz do Povo Não é a Voz de Deus mostra que o ensino da Bíblia é contrário aos conceitos a respeito de Deus e da salvação que estão arraigados no inconsciente coletivo. O folheto é resultado do sermão que Fausto pregou há dez anos em Poá, na grande São Paulo, por ocasião do jubileu de ouro da fundação do município, a convite do conselho de pastores daquela cidade, famosa por sua exposição anual de orquídeas. O advogado e jornalista Fausto Rocha nasceu em lar evangélico e foi batizado na adolescência na Primeira Igreja Batista de São Paulo. Por 40 anos atuou como produtor e apresentador de programas de televisão, entre eles Diálogos da Capital, nas redes nacionais Cultura, Excelsior, Tupi e SBT. Além de ter exercido o O sermão que gerou 1 milhão de livretos O primeiro hinário evangélico brasileiro chama-se Salmos e Hinos e foi publicado há quase 150 anos no Rio de Janeiro, graças ao trabalho de Sarah e Robert Kalley e do médico João Gomes da Rocha, filho adotivo do casal. O mais recente hinário não se denomina hinário, mas “corinário” (por causa do costume de chamar de “corinho” os cânticos mais novos, aqueles que não fazem parte dos CD’s. Todo o seu tempo livre é gasto ouvindo e recordando os louvores que fizeram e fazem parte de seus momentos de adoração, alguns dos quais não são mais cantados pelos cristãos do novo século. Valdivino Reis de Melo, 45, é formado em gestão de serviços executivos e atua há dezoito anos como diretor executivo na área sindical patronal de asseio e conservação e de segurança privada nos Estados de Goiás e Tocantins. Nascido em Caldas Novas, GO, e convertido aos 18 anos, Valdivino logo foi eleito presbítero da Terceira Igreja Presbiteriana Renovada de Goiânia, onde reside. A mais recente edição do corinário Vem Cantar foi publicada pela Casa do Livro, em Goiânia, em 2005 (casadolivro@pop.com.br). hinários tradicionais). Além de ser o mais recente, o corinário Vem Cantar é o que tem o maior número de hinos — a coleção toda conta com 1.234 títulos, quase o dobro dos cânticos de Salmos e Hinos (608), Cantor Cristão (579) e Harpa Cristã (640). Inclui melodias antigas e mais recentes. Por coincidência, o primeiro cântico fala sobre a alegria que está no coração de quem conhece a Jesus, e o último é um convite para voltar para Jesus aquele cujo coração está sem alegria. O autor dessa façanha não é ministro de louvor, não é músico nem toca instrumento musical algum. É um apaixonado por música sacra. Seu acervo musical é fabuloso: tem mais de 40 mil cânticos catalogados, distribuídos em mais de 2 mil vinis, mais de 2 mil cassetes e mais de mil O homem do corinário de 1.234 cânticos Arquivopessoal Arquivopessoal mandato de deputado estadual (duas vezes) e de deputado federal (duas vezes), Fausto Rocha foi assessor de comunicação de dois prefeitos de São Paulo (Miguel Colassuono e Paulo Egydio Martins). É também autor de Como Falar de Jesus no Evangelismo, Rádio, TV e Escola Dominical. ultimato 312.indd 22ultimato 312.indd 22 2/5/2008 11:56:312/5/2008 11:56:31
  • 23. Frases Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 23 Sou emigrante de um país que ainda não vi, mas para o qual quero ir. Sou forasteira numa sociedade que cada vez me empurra mais contra a parede e me intimida a ser o contrário daquilo que Deus deseja que eu seja. É um desafio constante ser cristão autêntico no meio de um mundo cada vez mais anticristão. Ana Ramalho, da Assembléia de Deus em Caldas da Rainha, Portugal Minha vida está se esvaindo. Não sei se vou chorando ou sorrindo. Sorrindo, pondo fim a uma agonia que não agüento mais. Chorando por deixar para trás pessoas que amo demais. Leide Moreira, 59, vítima de esclerose lateral amiotrófica, desde 2004, a mesma doença de Stephen Hawkins Os ricos, poderosos e famosos também morrem de drogas. Some a eles uma legião de drogados anônimos e desassistidos e começará a ter uma idéia do tamanho do problema. Ruy Castro, jornalista Aleitura da Bíblia ajuda muito na recuperação de pessoas que enfrentam problemas de saúde física, psicológica e espiritual, porque ela traz esperança ao desesperado, orientação ao perdido e conforto ao entristecido. Erní Walter Seibert, editor de A Bíblia no Brasil Sintoquemeusfilhoslevam umavidaemsuspenso naexpectativadaminha libertação,eoseusofrimento diário,odetodoomundo,faz comqueamortemepareça umaopçãoamena. Ingrid Betancourt, política franco-colombiana mantida há seis anos na selva colombiana como refém pelas FARC Jesusnuncateveumprograma detelevisão.Nuncaescreveu livros.Nuncafundouuma megaigreja.Muitodoseu trabalhofoipessoal.E,mesmo assim,elemudouomundo. Loren Seibold, pastor adventista em Ohio, Estados Unidos Ousodeanimais na ciência é absolutamente necessário. Ciência é questão de soberania nacional. Não se trata de procedimento obsoleto. Nossa segurança estaria maiscomprometida casonãopudéssemos antestestaresses medicamentosem animais de laboratórios. Analgésicos, antiinflamatórios, vacinas,antibióticos, hormônios emsuas versões mais modernas, dependeram tanto da experimentaçãoanimal como nós dependemos do ar para respirar e viver. Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello, professor de fisiologia e presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental Ultimamenteestá-se minimizandoaquestão dopecado.Quer-seuma religiãonaqualaspessoas nãosejamchamadasao arrependimento,masse sintambem,assimcomosão. Poressarazão,ocultotorna- setãovariadooualternativo, evisasimplesmenteatingir osentimento.Ecadaumtem odireitodetersuaopinião própria. Horst R. Kuchenbecker, pastor emérito da Igreja Evangélica Luterana do Brasil Quando somos assediados por uma quantidade de anúncios em favor de uma vida distanciada do evangelho, a voz do sino se antepõe ao que nos separa de Deus. Trata-se, portanto, do válido instrumento da evangelização, também em nossos dias. Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, referindo-se aos sinos das igrejas cristãs ultimato 312.indd 23ultimato 312.indd 23 2/5/2008 11:56:422/5/2008 11:56:42
  • 24. ULTIMATO Maio-Junho, 200824 E ram 25 moças e rapazes, todos universitários. Eles saíram de Viçosa, MG, e viajaram 2.030 quilômetros, até chegar à cidade de Coronel José Dias, um dos municípios mais carentes do Brasil, na região sudeste do Piauí, onde fica o Parque Nacional da Serra da Capivara. Nos dez dias passados nos povoados de São Pedro e Santa Luzia, os jovens distribuíram entre os habitantes (42% deles, analfabetos) brinquedos, kits com pastas, escovas de dente e sabonetes, utensílios domésticos, roupas e calçados. Se a notícia se limitasse ao parágrafo anterior, os leitores mais críticos se indignariam com tamanho assistencialismo, tão comum em muitas obras sociais. Porém, a caravana universitária fez muito mais do que isso. Além de distribuir livros didáticos, revistas e livros de conteúdo cristão, folhetos evangélicos, Novos Testamentos e Bíblias, o grupo de estudantes, o médico e a técnica em enfermagem que os acompanharam desenvolveram um amplo trabalho, dentro da estratégia chamada missão integral. Eles fizeram atendimentos médicos, pequenas cirurgias, palestras nas escolas públicas sobre variados assuntos (saúde bucal, aleitamento materno, o meio ambiente, e até sobre relacionamento familiar), cortes de cabelo, medições de pressão arterial e ofereceram diversas oficinas (como construir caixas d’água com ferro e cimento, como fazer irrigação por gotejamento, como pintar casas com tinta de argila, como reciclar papéis, como produzir mel de abelha e como fazer artesanato). Se a notícia terminasse aqui, os leitores mais apaixonados pelo anúncio das boas novas da salvação ficariam decepcionados. Porém, por meio da música, do teatro, de fantoches, de palestras, de projeção de filmes e de visitação, os jovens evangélicos da Universidade Federal de Viçosa falaram de Jesus. Para melhor integração com a comunidade local, fizeram várias visitas aos lares e não menos que 334 pessoas assistiram às duas projeções do filme Jesus que fizeram. Tudo isso foi feito durante a viagem do Projeto Água Viva (PROAV) ao município de Coronel José Dias. Esta não foi a primeira nem será a última viagem do projeto. Fundado em 2002, o PROAV já realizou seis viagens missionárias ao Nordeste, duas ao Sergipe e quatro ao Piauí, totalizando quinze municípios e comunidades alcançados. Antes da viagem cada equipe recebe um treinamento que dura em média quatro meses. Os participantes são alunos de diferentes cursos da Universidade Federal de Viçosa e membros de diferentes denominações evangélicas. Diversos voluntários contribuem para o preparo das equipes. Já foram treinados 150 universitários. O trabalho não é feito de maneira isolada, mas de comum acordo com alguma denominação que já opera na região a ser alcançada ou nas proximidades dela. Nas duas primeiras viagens, o PROAV trabalhou em parceria com os presbiterianos, e nas demais, com a Missão Suíça, que tem doze missionários nos estados do Maranhão, Piauí e Pará. A missão, por sua vez, tem parceria com a Associação Sopa, sabã reportagem ultimato 312.indd 24ultimato 312.indd 24 2/5/2008 11:56:502/5/2008 11:56:50
  • 25. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 25 das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil (AICEB). Algumas igrejas têm sido plantadas como resultado desse ministério. Pinturas de templos e casas pastorais, projetos arquitetônicos de templos e pelo menos o início da construção deles, são outros feitos desse esforço missionário. No povoado de Curralinho, SE, o PROAV chegou a elaborar o projeto e a construção de uma praça pública, graças a uma ajuda substanciosa do Projeto Sertão. O PROAV foi organizado pelo casal Elíbia e João Tinoco, ex-alunos do Centro Evangélico de Missões (CEM), em Viçosa, MG. Tinoco, 57, é professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa. Convertido ao evangelho em 1998, sentiu-se vocacionado para o ministério. Fez o curso de especialização em teologia para graduados no Seminário Presbiteriano de Campinas, foi licenciado pelo Presbitério Zona da Mata Norte, ordenado ao ministério pelo Presbitério Centenário de Belo Horizonte e nomeado pastor auxiliar da Terceira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Por ser maranhense e conhecer muito bem a carência material e espiritual do Nordeste, Tinoco criou o PROAV, tendo em vista a evangelização desta região brasileira. Elíbia Maria vem de uma tradicional família presbiteriana de Pancas, ES, e é uma das primeiras missionárias a se formar no CEM. (Para mais informações, acesse <www.projetoaguaviva.com.br>) Nota *Expressão que define o ministério do Exército de Salvação, fundado por William Booth na Inglaterra em 1865, uma das primeiras manifestações da missão integral (os miseráveis dos cortiços de Londres precisavam de comida, saúde e perdão de pecados). bão e salvação* MarcosGysim—PROAV ultimato 312.indd 25ultimato 312.indd 25 2/5/2008 11:56:572/5/2008 11:56:57
  • 26. RodolfoClix ULTIMATO Maio-Junho, 200826 capa A preocupação com a saúde e com a duração da vida é a maior e a mais insistente de todas as preocupações do ser humano, desde a vida intra-uterina à parada irreversível das funções cerebrais, o que de fato caracteriza a morte. Isso explica o exército quase incontável de homens e mulheres de avental branco, cuja profissão é prevenir, diagnosticar e curar uma enorme quantidade de doenças. Além dos médicos, outros milhares e milhares de pessoas participam dessa guerra incessante contra a doença e a morte — enfermeiros, laboratoristas, farmacêuticos e engenheiros (que desenham e constroem aparelhos médicos cada vez mais numerosos e sofisticados). Por causa dessa preocupação, que os animais não têm, somos obrigados a construir inúmeros ambulatórios, centros de saúde, clínicas e hospitais; criamos Doenças não catalogadas pela medicina que podem e devem ser tratadas ultimato 312.indd 26ultimato 312.indd 26 2/5/2008 18:22:562/5/2008 18:22:56
  • 27. Não há relato de que Jesus tenha realizado alguma cura de ordem médica entre os apóstolos, porém ele curou a segurança demasiada de Pedro, a incredulidade de Tomé e a violência de Tiago e João Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 27 poderosas e multinacionais indústrias farmacêuticas; abrimos uma farmácia a cada esquina e organizamos diversos planos de saúde. Talvez a metade da população mundial ficasse desempregada se a doença e a morte fossem debeladas de uma vez por todas. O ministério de Jesus era holístico. Ele se preocupava com a alma e com o corpo, com a saúde e com a salvação, com a ética e com o perdão de pecados, com as ovelhas de dentro e com as de fora do aprisco. Jesus ensinava nas sinagogas judaicas, proclamava as boas novas da salvação e curava “toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23; 9.35), não uma vez só nem em um só lugar. Curava as doenças mais simples, como a febre da sogra de Pedro, e as mais graves, como a mulher por doze anos hemorrágica, a mulher por dezoito anos encurvada e o homem por 38 anos paraplégico. Em muitos casos, Jesus curava não porque o doente ou seus familiares e amigos o procuravam, mas porque ele mesmo enxergava o sofrimento alheio e tomava a iniciativa de operar a cura. Em duas ocasiões, Jesus atrasou-se: para curar a filha de Jairo e o irmão de Maria e Marta. Mesmo já tendo passado pela tal morte somatopsíquica, a menina de 12 anos, cujo corpo ainda não estava enrijecido, e Lázaro, cujo corpo já havia sido sepultado, foram trazidos à vida, o que também aconteceu com o filho único da viúva de Naum. Nesse afã necessário de oferecer resistência às doenças e à morte, temos nos esquecido de que somos portadores de outras doenças que não estão arroladas nos melhores catálogos médicos. São doenças e complicações sem conta, menos palpáveis e mais independentes do corpo, embora provoquem danos à saúde física. Nesse sentido, é bom ler a resposta de Jesus aos que o criticavam por entrar e comer em casa de cobradores de impostos e de outras pessoas de má fama: “São os doentes que precisam de médico, não aqueles que têm boa saúde. Meu propósito é convidar os pecadores a se arrependerem dos seus pecados, e não gastar meu tempo com aqueles que acham que já são gente muito boa” (Lc 5.31, BV). Nessa passagem, a doença e a cura a que Jesus se refere não são as doenças do corpo e da mente, mas as muitas complicações comportamentais relacionadas, em última análise, ao evento histórico que os teólogos denominam a “queda do homem”. É preciso acordar para o fato de que o mesmo Deus que pode curar a cegueira, a surdez, as doenças de pele, a hemorragia, as deficiências físicas, e até reimplantar uma orelha decepada (o que aconteceu com Malco), é o mesmo Deus que pode curar a incredulidade, a cegueira espiritual, a paixão pelo dinheiro, o egoísmo, a sem-vergonhice, a falta de cortesia, a gula, o egocentrismo, a lascívia, a infidelidade conjugal, o secularismo, o consumismo, a arrogância e muitos outros defeitos de caráter que não estão em nenhum compêndio médico. Esses desacertos podem aparecer nos dicionários e em algum livro sobre ética, mas de forma meramente especulatória e acadêmica. Prometemos cura de distúrbios físicos e não falamos nada sobre a cura de distúrbios de caráter. Oramos muito pela cura de uma doença terminal que vai nos levar para o mundo dos mortos, mas oramos pouco (quando oramos) pela cura de uma doença moral que vai nos levar para o inferno. Fazemos um alarde enorme quando o paralítico volta a andar, o cego volta a ver, o paciente sai do Centro de Tratamento Intensivo e recebe alta hospitalar, mas não é comum comemorarmos a volta da ovelha perdida, a transformação daquelas três mulheres sem nome envolvidas em relacionamentos sexuais equivocados (a mulher samaritana, a mulher adúltera e a mulher pecadora), a mudança daquele homem sovina e desonesto e de baixa estatura (corporal e moral). Não há relato de que Jesus tenha realizado alguma cura de ordem médica entre os doze apóstolos, porém, o Senhor curou a segurança demasiada de Pedro, a incredulidade de Tomé e a violência de Tiago e João (os “filhos do trovão”). Precisamos de uma revolução no cenário cristão, que equilibre o desejo da saúde física com o da saúde espiritual. Seria um erro desprezar a preocupação com a saúde e a doença da vida temporal, mas é preciso abrir as Escrituras e reler a advertência de Paulo: “O exercício corporal é bom, porém o exercício espiritual é muito mais importante, e é um revigorante para tudo o que você faz” (1Tm 4.8, BV)! Jesus se preocupava com a alma e com o corpo, com a saúde e com a salvação, com a ética e com o perdão de pecados, com as ovelhas de dentro e com as de fora do aprisco ultimato 312.indd 27ultimato 312.indd 27 2/5/2008 11:58:382/5/2008 11:58:38
  • 28. ULTIMATO Maio-Junho, 200828 capa A edição número 2.003 da revista Isto É (20/03/2008) trouxe como matéria de capa um tema, no mínimo, curioso e instigante: “terapia de vidas passadas” (doravante, TVP). Este assunto é de especial interesse no Brasil, apontado por estudiosos do fenômeno religioso como o maior país espírita do mundo. A reportagem apresenta vários relatos de supostas curas de traumas e dores que só aconteceram depois que os pacientes se submeteram ao polêmico tratamento. Tratamento? Profissionais da área psi (psiquiatras, psicólogos, psicoterapeutas e psicanalistas) em geral discordam veementemente de tal possibilidade. Todavia, alguns psicólogos dizem ser possível uma pessoa ter hoje um problema cuja causa esteja em uma suposta vida anterior. Seguindo esta linha de raciocínio, a cura só será possível se a pessoa descobrir o que aconteceu no seu passado, anterior à sua vida consciente hoje. A Sociedade Brasileira de Terapia de Vidas Passadas realiza congressos sobre a temática. No entanto, há que se destacar que o Conselho Federal de Psicologia, órgão oficial de reconhecimento de atividades na área, não reconhece a técnica. De fato, não há evidência científica segura que comprove a suposta eficiência da chamada TVP. É compreensível que pessoas em sofrimento apelem para tratamentos alternativos em busca de solução para seus problemas e dilemas. O problema é apelar para algo que poderá complicar ainda mais a situação. É o caso de quem recorre à TVP. Segundo os testemunhos de supostas curas, as sessões de TVP são emocionalmente muito intensas. A pessoa é total ou parcialmente hipnotizada, de acordo com técnicas especiais de hipnose. Em estado inconsciente, poderá chorar, rir ou gritar. Invariavelmente, volta à consciência com relatos surpreendentes de uma outra vida supostamente vivida no passado. Mesmo que tais relatos sejam detalhados, isso não prova de maneira conclusiva que a pessoa tenha vivido aquela outra vida. Por mais que os defensores da TVP queiram alegar neutralidade religiosa, dizendo que se trata de procedimento meramente científico, não há como separá-lo da crença religiosa espírita. O espiritismo kardecista e algumas das grandes tradições religiosas orientais, como o hinduísmo e setores do budismo, são reencarnacionistas, ou seja, acreditam na idéia de reencarnação. A TVP caminha nessa direção. Este é um caminho perigoso para quem quer resolver seus problemas, taras ou traumas; em vez de curar, pode complicar ainda mais a situação. Não é difícil entender a razão: imaginemos o senhor X. Se ele é uma pessoa que acredita na tese reencarnacionista, ele não é ele mesmo, mas sim alguém que teria vivido antes. Digamos que o senhor X de hoje já foi na verdade o senhor Y ontem. Hoje X vai ser recompensado ou castigado conforme o bem ou o mal que Y teria praticado em uma vida anterior. Só que Y por sua vez é a reencarnação de alguém que teria vivido em um período ainda mais remoto, digamos, a senhora Z. Mas Z também não é Z... E assim vamos retrocedendo cada vez mais no tempo, ad infinitum. Como X vai se curar de um trauma recorrendo a um tratamento na base da É O caminho confuso e perigoso daO caminho confuso e perigoso d A terapia de vidas passadas é um caminho perigoso para quem quer resolver seus problemas, taras ou traumas; em vez de curar, pode complicar ainda mais a situação ultimato 312.indd 28ultimato 312.indd 28 2/5/2008 11:59:202/5/2008 11:59:20
  • 29. Carlos Caldas Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 29 TVP, se Y, de quem ele supostamente seria reencarnação, também tinha seus problemas dos quais precisava se tratar? A conclusão é inevitável: a crença na tese da reencarnação tem o potencial de criar confusões mentais que podem gerar graves problemas de natureza psicológica e emocional. Não é sem razão que Machado de Assis, com o brilhantismo que lhe era tão característico, tenha escrito por cerca de trinta anos (1865– 1896) diversas crônicas com críticas pesadas ao espiritismo, que começava a se inserir na sociedade carioca de então. No livro Parapsicologia, Espiritismo e Psicopatologia, o psiquiatra Ronald Scott Bruno defende a idéia de que o espiritismo, por alguns motivos já mencionados, é fator potencialmente gerador de psicopatologias, isto é, transtornos e disfunções mentais. As ciências psi serão muito mais úteis se ajudarem as pessoas a descobrirem as verdadeiras causas dos seus traumas, fobias e esquisitices, com sobriedade, sem apelar para elementos fantásticos como a TVP. Aqui vale a pena reproduzir um trecho da citada reportagem da revista Isto É: Na opinião do presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, a cura acontece devido à sensação de conforto pelo fato de o paciente se identificar com o terapeuta. “Elas apenas encontraram no psicólogo uma compatibilidade de crenças que facilitou o processo terapêutico”, afirma. A psiquiatra Marli Piva acrescenta: “A pessoa já se sente aliviada só de achar uma explicação para o seu problema”, diz ela. Para Gildo Angelotti, diretor- executivo do Instituto de Neurociência e Comportamento, de São Paulo, as vivências relatadas pelos pacientes surgem de memórias inativas que registram imagens de filmes, sons, histórias de livros e tudo que é percebido pelo indivíduo ao longo da vida. “É como um sonho. Quando a pessoa está dormindo, os sentidos são pouco requisitados e sobra mais espaço para o resgate destes registros históricos. Mas a reunião destes elementos vem da mente do próprio indivíduo, não de outras vidas.” Na opinião dele, a TVP chega a ser arriscada aos pacientes psicóticos ou esquizofrênicos, que podem ter uma reação violenta a partir das revelações ou ficarem obcecados em encontrar nesta vida as pessoas do passado. Como se vê, não há evidência científica que aponte para a possibilidade de se tratar de uma vida passada. E a teologia cristã, como vê a questão? O cristianismo, herdeiro do judaísmo, rejeita a idéia de reencarnação. As Escrituras Sagradas não dão base para se pensar assim. Uma antropologia que admite as possibilidades de reencarnação e de tratamento de problemas supostamente acontecidos em uma vida pregressa é, no mínimo, confusa. Afinal, ninguém é ninguém. Não há idéia de personalidade. Não é possível se falar de identidade. A antropologia bíblica, em contraste, aponta para outra direção, totalmente diferente: o ser humano, “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1.26- 27), é único e, portanto, tem valor inestimável. A Bíblia diz que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Há quem veja a mensagem deste versículo como amedrontadora, pois fala de juízo. Mas a força do texto não está em ser assustador. Antes, indica de modo Carlos Caldas so da terapia de vidas passadaso da terapia de vidas passadas Na antropologia que admite a possibilidade de reencarnação, ninguém é ninguém. Não é possível se falar de identidade stockxpert ultimato 312.indd 29ultimato 312.indd 29 2/5/2008 11:59:282/5/2008 11:59:28
  • 30. capa Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. ULTIMATO Maio-Junho, 200830 D e suae sua ansiedadeansiedade, aquela, aquela preocupação demasiadapreocupação demasiada com o dia de amanhã,com o dia de amanhã, com a subsistência,com a subsistência, com a segurança, com o peso, com acom a segurança, com o peso, com a beleza, com as coisas a fazer, com abeleza, com as coisas a fazer, com a mudança de tempo, com as coisas emudança de tempo, com as coisas e com outros.com outros. De seuDe seu ciúmeciúme doentio, aqueladoentio, aquela insegurança que faz você imaginarinsegurança que faz você imaginar mil coisas que ainda não estãomil coisas que ainda não estão acontecendo mas que poderãoacontecendo mas que poderão acontecer por sua própria culpa.acontecer por sua própria culpa. De seuDe seu desânimo,desânimo, aquela faltaaquela falta de coragem crônica para enfrentarde coragem crônica para enfrentar os dias difíceis, as circunstânciasos dias difíceis, as circunstâncias difíceis, os empreendimentos difíceisdifíceis, os empreendimentos difíceis e as pessoas difíceis.e as pessoas difíceis. De seuDe seu desespero sexualdesespero sexual, aquela, aquela fome e sede de sexo como se estefome e sede de sexo como se este fosse o único prazer da vida, quefosse o único prazer da vida, que provoca uma corrida vã a qualquerprovoca uma corrida vã a qualquer tipo de relacionamento, comtipo de relacionamento, com qualquer pessoa e em qualquerqualquer pessoa e em qualquer tempo e lugar.tempo e lugar. De seuDe seu egocentrismoegocentrismo, aquela, aquela aberração de amar excessivamenteaberração de amar excessivamente a si mesmo e de ocupar sozinho oa si mesmo e de ocupar sozinho o lugar que deveria ser repartido comlugar que deveria ser repartido com os outros.os outros. De seuDe seu estilo consumistaestilo consumista, aquele, aquele prazer incontido de comprar o útilprazer incontido de comprar o útil e o inútil, o que não tem e o quee o inútil, o que não tem e o que tem, aquela concepção errônea etem, aquela concepção errônea e desastrosa de que a felicidade giradesastrosa de que a felicidade gira em torno do ter, e não do ser, aquelaem torno do ter, e não do ser, aquela simplicidade frente aosimplicidade frente ao marketingmarketing. De seuDe seu gênio explosivogênio explosivo, aquele, aquele temperamento sempre briguento,temperamento sempre briguento, impetuoso, amargo, quase sempreimpetuoso, amargo, quase sempre desprovido de razão, que provoca odesprovido de razão, que provoca o afastamento de parentes, amigos eafastamento de parentes, amigos e conhecidos.conhecidos. De suaDe sua hesitaçãohesitação, aquela atitude, aquela atitude que não leva a nada, não o colocaque não leva a nada, não o coloca em marcha, não movimenta suasem marcha, não movimenta suas mãos nem seus pés e ainda impedemãos nem seus pés e ainda impede que você fale alguma coisa.que você fale alguma coisa. De suaDe sua hipocondriahipocondria, aquela, aquela obsessão com a saúde que promoveobsessão com a saúde que promove uma corrida constante ao médico euma corrida constante ao médico e à farmácia e que até contribui paraà farmácia e que até contribui para você adoecer.você adoecer. De suaDe sua hipocrisiahipocrisia, aquela arte de, aquela arte de enganar os outros, aquele esforçoenganar os outros, aquele esforço de esconder a verdadeira identidadede esconder a verdadeira identidade simulando outra que não existe,simulando outra que não existe, aquele pecado de lavar apenas oaquele pecado de lavar apenas o exterior do copo.exterior do copo. De suaDe sua incredulidadeincredulidade, aquela, aquela indisposição para crer naindisposição para crer na proximidade e na provisão de Deus,proximidade e na provisão de Deus, que o afasta dele e o impede deque o afasta dele e o impede de enxergar seu amor, seu poder e suaenxergar seu amor, seu poder e sua glória.glória. De seu sentimento deDe seu sentimento de inferioridadeinferioridade, aquela, aquela impressão forte, ou atéimpressão forte, ou até mesmo a certeza, de quemesmo a certeza, de que você está sendo superadovocê está sendo superado Você precisa ser curado... maravilhoso o valor da existência humana. Biblicamente, cada pessoa tem direito a uma identidade. A pessoa é quem é, não a reencarnação de alguém que viveu no passado, que por sua vez é a reencarnação de alguém que viveu ainda antes. A vida apresenta situações difíceis para todos, provenientes da injustiça que os homens cometem contra seus semelhantes (C. S. Lewis, em O Problema do Sofrimento, afirma que 80% do sofrimento do ser humano é provocado pelo próprio ser humano) e de fatores que são conseqüência do pecado — afastamento de Deus. Bem afirmou o sábio do passado, ao observar como as pessoas vivem: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29). Em vista disso, é importante procurar soluções para as crises, mas por meios de seriedade científica comprovada. Como cristãos, cremos que o progresso da ciência é dom de Deus para a humanidade. É o que a tradição teológica reformada chama de “graça comum” — bênçãos da parte do Deus, que faz com que o sol nasça sobre maus e bons e que a chuva caia sobre justos e injustos (cf. Mt 5.45). Não é este o caso da TVP. Quem se submete a este tipo de tratamento pode, conforme apontado por alguns psicólogos, encontrar, na melhor das hipóteses, alívio temporário e ilusório. Felizmente, há esforços sérios na área da psicologia que conjugam técnicas e conhecimentos cientificamente comprovados com a mensagem bíblica da graça, do amor e da misericórdia de Deus. O Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC) que o diga! ultimato 312.indd 30ultimato 312.indd 30 2/5/2008 12:34:212/5/2008 12:34:21
  • 31. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 31 pelos outros, principalmentepelos outros, principalmente pelas pessoas mais próximas,pelas pessoas mais próximas, provocado por sua auto-avaliaçãoprovocado por sua auto-avaliação exageradamente negativa.exageradamente negativa. De suaDe sua intolerânciaintolerância, aquele apego, aquele apego demasiado às suas próprias idéias edemasiado às suas próprias idéias e às suas próprias crenças, associadoàs suas próprias crenças, associado com certa dose de soberba e despidocom certa dose de soberba e despido de qualquer dose de amor.de qualquer dose de amor. De suaDe sua invejainveja, aquele desgosto, aquele desgosto e pesar pelo sucesso ou felicidadee pesar pelo sucesso ou felicidade dos outros, que provoca o desejodos outros, que provoca o desejo violento de possuir o que o próximoviolento de possuir o que o próximo tem, e que rouba sua paz de espírito.tem, e que rouba sua paz de espírito. De suaDe sua mania demania de perseguiçãoperseguição,, aquela certezaaquela certeza infundada deinfundada de que alguémque alguém desejadeseja o seu mal e está trabalhandoo seu mal e está trabalhando incansavelmente nesse sentido.incansavelmente nesse sentido. De seuDe seu medomedo, aquele estado de, aquele estado de espírito que aumenta e exagera aespírito que aumenta e exagera a sensação de perigo, sufocando asensação de perigo, sufocando a vontade e a disposição de fazer algo.vontade e a disposição de fazer algo. De suaDe sua preguiçapreguiça, aquela, aquela continuada aversão ao trabalho,continuada aversão ao trabalho, ou a morosidade com a qual vocêou a morosidade com a qual você o realiza, justificando-a com milo realiza, justificando-a com mil desculpas sem a menor procedência.desculpas sem a menor procedência. De suaDe sua procrastinaçãoprocrastinação, aquela, aquela tendência a adiar indefinidamentetendência a adiar indefinidamente e sem razão justificável o que devee sem razão justificável o que deve ser feito hoje, com o risco de perderser feito hoje, com o risco de perder para sempre as oportunidades quepara sempre as oportunidades que passam e não voltam.passam e não voltam. De suaDe sua rabugicerabugice, aquele mau, aquele mau humor permanente, que faz mal ahumor permanente, que faz mal a você e aos que o cercam.você e aos que o cercam. De seu sentimento deDe seu sentimento de superioridadesuperioridade, aquela impressão, aquela impressão forte ou até mesmo certeza de queforte ou até mesmo certeza de que você é o máximo, provocado porvocê é o máximo, provocado por uma auto-avaliação exageradamenteuma auto-avaliação exageradamente positiva.positiva. De suaDe sua timideztimidez, aquela qualidade, aquela qualidade negativa que mistura o temor, onegativa que mistura o temor, o acanhamento e a fraqueza, e que oacanhamento e a fraqueza, e que o leva a evitar novos encontros e novasleva a evitar novos encontros e novas experiências.experiências. De seusDe seus queixumesqueixumes, aquele hábito, aquele hábito de não enxergar beleza em pessoade não enxergar beleza em pessoa alguma e em lugar algum, dealguma e em lugar algum, de colecionar somente as coisas ruinscolecionar somente as coisas ruins da vida e de reclamar contra elas oda vida e de reclamar contra elas o tempo todo.tempo todo. De suaDe sua tristezatristeza, aquela entrega, aquela entrega sinistra e passiva aos problemas reais,sinistra e passiva aos problemas reais, aos problemas de gravidade exageradaaos problemas de gravidade exagerada e aos problemas inexistentes, umae aos problemas inexistentes, uma estranha aversão à alegria.estranha aversão à alegria. Quando os cobradores do imposto para a manutenção do templo em Jerusalém perguntaram a Pedro se Jesus pagava aquela taxa, o apóstolo respondeu de pronto: “Paga, sim!” De fato, era uma obrigação imposta a qualquer israelita acima de 20 anos (Êx 30.12-14). Porque “todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16) e porque Jesus era “maior do que o templo” (Mt 12.6), o Senhor deixa claro a Pedro que ele não era obrigado a pagar o referido imposto das duas dracmas (valor equivalente ao salário pago ao trabalhador braçal por dois dias de serviço). Todavia, para não escandalizar os cobradores, Jesus desembolsou quatro dracmas para pagar a cota dele e a de Pedro. Desembolsar significa tirar da bolsa ou do bolso. Logo o verbo não é o mais apropriado. Nem Jesus nem Pedro tinham aquele dinheiro no bolso. Mas os cobradores continuavam em pé ao lado deles aguardando o pagamento do imposto. Então, Jesus ordenou a Pedro que fosse ao mar e jogasse nele o anzol, na certeza de que na boca do primeiro peixe fisgado ele encontraria um estáter, moeda que valia exatamente quatro dracmas (Mt 17.24-27). Por não ter havido troco, Jesus e Pedro continuaram sem dinheiro no bolso, mas livres do compromisso daquele dia. Isso combina com o ensino de Jesus no Sermão da Montanha: “Não fiquem preocupados com o dia de amanhã” (Mt 6.34). Em Jesus você pode confiar MarcGarridoiPuig ultimato 312.indd 31ultimato 312.indd 31 2/5/2008 12:34:562/5/2008 12:34:56
  • 32. capa 32 ULTIMATO Maio-Junho, 2008 A primeira doença do ser humano não foi física, mas espiritual. Ele desobedeceu e comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Por essa única razão, foi proibido de comer do fruto da árvore da vida, ficando assim, sujeito à enfermidade física e à morte do corpo. A doença espiritual perturba para sempre o seu relacionamento com Deus. Ele fica desconsertado diante do Criador, teme-o e esconde-se dele. A doença espiritual destrói ainda a naturalidade do homem em todos os sentidos e em todas as frentes (Gn 3). A partir daí, todos perdemos tanto a saúde espiritual como a saúde física. Essa situação doentia do caráter humano vem à tona no livro de Isaías: “E nos tornamos todos como seres impuros, e toda nossa (aparente) integridade parecia como roupas poluídas; e nós nos desvanecemos como folhas transparentes, e nossas iniqüidades nos carregam como o vento” (Is 64.5, BH). O profeta já havia falado sobre esse assunto no início do livro: “Da sola dos pés ao topo da vossa cabeça nada permanece são, cobertos que estais de feridas, equimoses e chagas putrefatas. Elas não foram tratadas, não receberam ataduras nem foram suavizadas com óleo” (Is 1.6, BH). Se no caso de Jó, “as feridas terríveis da sola dos pés ao alto da cabeça” (Jó 2.7) eram causadas por uma enfermidade física extremamente grave, no que diz respeito aos contemporâneos de Isaías, as chagas putrefatas eram causadas por uma enfermidade moral extremamente grave. Deus não se compadece apenas dos que são portadores de doenças físicas, mas também daqueles acometidos por doenças morais. O profeta Isaías descreve essa disposição terapêutica de Deus de maneira poética e elegante. Apesar de Alto e Sublime, apesar de habitar um lugar alto e santo, Deus habita também com o arrependido, para elevar o seu espírito e vivificar o seu coração, para dar novas forças aos desanimados e vontade de viver aos que estão tristes e abatidos por causa de seus pecados. Deus mesmo se expressa: “Por causa do pecado e da cobiça do meu povo, eu fiquei irado com eles e os castigarei. Na minha ira, eu me afastei deles, mas mesmo assim eles continuaram teimosos e seguiram o seu próprio caminho. Tenho visto como eles agem, mas eu os curarei e os guiarei; eu os consolarei. Nos lábios dos que choram, colocarei palavras de louvor. A todos ofereço a paz, paz aos que estão perto e aos que estão longe; eu os curarei” (Is 57.17-19, NTLH). Para que não haja a menor dúvida, é bom lembrar a história de Davi e Ezequias, reis de Israel. Os dois eram portadores de doenças terminais e ambos clamaram dramaticamente ao Senhor por cura, e ele os curou. Davi ia morrer porque havia pecado contra Deus (2Sm 12.13) e Ezequias ia morrer porque estava com uma úlcera, provavelmente maligna (2Rs 20.7). A doença de um era moral, a do outro, física. Davi queria muito que Deus o lavasse de sua culpa, o purificasse de seu pecado e apagasse todas as suas iniqüidades, o adultério com Bate- Seba e o assassinato de Urias (Sl 51). Ezequias queria muito que Deus não o fizesse passar pelas portas da sepultura no vigor de sua vida (Is 38). A pesada mão de Deus se retirou da cabeça de Davi e suas transgressões foram perdoadas (Sl 32). A sentença de morte foi retirada de Ezequias e o rei teve mais 15 anos de vida. Feridas físicas e morais da sola dos pés ao alto da cabeça stockxpert ultimato 312.indd 32ultimato 312.indd 32 2/5/2008 12:03:052/5/2008 12:03:05
  • 33. ultimato 312.indd 33ultimato 312.indd 33 2/5/2008 12:03:222/5/2008 12:03:22
  • 34. Informe ultimato 312.indd 34ultimato 312.indd 34 2/5/2008 12:03:482/5/2008 12:03:48
  • 35. ultimato 312.indd 35ultimato 312.indd 35 2/5/2008 12:05:142/5/2008 12:05:14
  • 36. ULTIMATO Maio-Junho, 200836 Esp lEspecialEspecial A dança do “quero” e “não quero” Uma das coisas mais divertidas na seção de Cartas é a dança do “quero” e “não quero”. Os que não querem receber a revista expressam seu sentimento com ardor. O mesmo acontece com os que querem. Alguns dos que querem pedem para ocupar a “vaga” dos que não querem. Da parte dos que não querem, há cartas muito educadas e outras nem tanto. Em março enviei correspondência na qual cancelava a assinatura de Ultimato. Continuei a receber a publicação. Venho, pois, renovar o pedido de cancelamento. Padre Astôr Backes Santa Cruz do Sul, RS, Agosto de 1986 Solicito uma assinatura de Ultimato. Faço-o em nome da comunidade de estudantes de filosofia e teologia de Vacaria que residem e estudam no Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo. Padre Odalberto Domingos Casonatto Passo Fundo, RS, Agosto de 1986 Recuso categoricamente o envio a mim da revista Ultimato, presente de grego, a saber, cavalo de Tróia. Witold Skwara Recife, PE, Janeiro de 2004 Sinto muito, mas não quero mais receber Ultimato. A assinatura é muito cara. Fiz uma assinatura do jornal Mundo Jovem, muito mais abrangente, por Cz$ 100,00. Sou um jovem estudante de psicologia, de religião católica. Também sou muito crítico e, mediante minha análise crítica, optei por um jornal de cultura mais elevada. Quando terminar psicologia, farei teologia e, com fé, serei um sacerdote exemplar. Agora faço uma pergunta: quem é mais preparado: um pastor que estuda só quatro anos para se formar ou um padre que passa 12 anos no seminário para se ordenar? É lógico que é o padre. Francisco de Assis da Silva* João Pessoa, PB, Outubro de 1987 Favor cancelar a remessa de Ultimato, pois não é lida aqui por ninguém. Iva Tonelli Paróquia N. S. Auxiliadora Juiz de Fora, MG, Julho de 1987 Gosto muito de ler Ultimato. Quero receber a revista, que leio quando encontro números perdidos aqui. Informo que Dom Frederico faleceu e que a Paróquia Santa Teresa não tem padre. Um desses números, se vocês aprovarem, pode ser meu. Padre Fernando Rio Grande, RS, Setembro de 1994 Resolvi não mais assinar Ultimato, pois me causou revolta ver o sr. Paulo Romeiro e companhia limitada usar a revista para falar mal de servos ungidos do Senhor. No meu entender, Ultimato está pactuando com eles. Irene Mesquita Rodrigues Sorocaba, SP, Novembro de 1994 Tenho recebido com freqüência a revista Ultimato. Faço questão de registrar meu interesse em continuar recebendo e dizer o quanto tem me ajudado em meu pastoreio. Padre Danilo Mamedes Rodrigues, Belo Horizonte, MG, Setembro de 1995 Agradeço a remessa graciosa de Ultimato e peço que continuem a me enviar a preciosa revista para meu novo endereço. Que meu sucessor, Dom Ricardo, da Diocese de Caetité, BA, não seja esquecido. Dom Antonio Alberto G. Rezende Uberaba, MG, Março de 2003 Nunca pedi esta revista Ultimato. Nunca autorizei meu endereço e nunca a li! Por favor, não percam tempo em me enviá-la. Enviem o dinheiro que estão gastando na postagem da revista para o Fome Zero. Lá, com certeza, farão melhor uso. Padre Manuel Messias Vilela, Fazenda Rio Grande, PR, Março de 2004 * Francisco de Assis da Silva, 42, foi ordenado padre em janeiro de 1997. Hoje está à frente da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Cajazeiras, PB. ultimato 312.indd 36ultimato 312.indd 36 4/5/2008 12:34:554/5/2008 12:34:55
  • 37. Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 37 Albânia: não há Deus A Albânia acaba de se declarar “o primeiro Estado ateu no mundo”. O país é pouco menor que o estado de Alagoas e tem 2 milhões de habitantes. O movimento ateísta dos seis últimos meses apresenta o seguinte balanço: 2.169 igrejas, mesquitas e conventos foram fechados e em sua maioria transformados em centros culturais para a mocidade. Estados Unidos: algo pior do que a bomba atômica O secretário de Estado Dean Rusk declarou que o mundo dispõe de pouco mais que uma geração para vencer a fome e o desemprego e menos de 10 anos para evitar um cataclisma. Segundo Rusk, a explosão demográfica por volta do ano 2000 poderá representar perigo maior do que a bomba atômica. vestíbulo de uma universidade até um escritório de trabalho”. O celibato será observado em grande escala pelos padres, mas o casamento será permitido, cabendo a cada um fazer a sua opção. Israel: o vale de ossos secos A crise atual, em face da secularização da vida num mundo dominado pela ciência e pelo materialismo, atingiu também o judaísmo. Por esta razão, reuniram-se, em Jerusalém, mais de 1.500 rabinos da Europa e do Mediterrâneo para estudar a forma de apresentar a fé aos fiéis de hoje. O Congresso reafirmou a necessidade da volta à ortodoxia e o estreitamento dos laços com Israel como dever religioso. Recomendou a imigração para a nova Canaã e a criação de escolas hebraicas nas comunidades judaicas do mundo. (Fonte: Ultimato, edições de janeiro a maio de 1968) Notícias de 40 anos atrás No mundo inteiro a guerra está sendo travada a cada dia, a cada hora, a cada minuto. É uma guerra diferente. Nela não há bombas, nem metralhadoras, nem armas atômicas. As armas são outras. São as letras do alfabeto colocadas em ordem, formando palavras, expressando idéias, procurando conquistar o pensamento dos homens. Walter Kaschel, diretor da Associação Brasileira de Evangelização Pronunciamentos de 40 anos atrás Japão: o vazio que a técnica não enche Cerca de 200 mil japoneses tiveram a oportunidade de ouvir as pregações do evangelista americano Billy Graham, 50 anos, durante dez dias em Tóquio. Mais de 15 mil pessoas fizeram sua decisão de aceitar Cristo como Salvador. Na última reunião, Graham declarou: “Temos percebido que há um grande vazio espiritual neste país. Os japoneses estão percebendo que o desenvolvimento da tecnologia não satisfaz os desejos íntimos do coração”. França: a igreja no ano 2000 O teólogo leigo Jean Marie Paupert, acaba de lançar em Paris um livro de conjecturas sobre a igreja no ano 2000. Segundo o autor, a eucaristia “se transformará num memorial comunitário celebrado por pequenos grupos em qualquer lugar, desde o Faço as minhas orações especialmente pela manhã, mas oro também quando estou num avião, ou enquanto guio o automóvel, ou espero um ônibus. Meu colóquio com Deus é muito simples: não lhe peço muita coisa, suplico- lhe apenas que me ajude a prosseguir em meu trabalho do melhor modo possível. Depois, rogo-lhe que proteja os meus filhos, minha mulher e toda a minha família. Dr. Christian N. Barnad, o cirurgião que fez o primeiro transplante de coração Uma das razões por que o ateísmo vem crescendo no mundo inteiro se deve ao fato de os cristãos não viverem como deveriam, dando por conseguinte uma idéia falsa do cristianismo. Cardeal Franjo Seper, da Iugoslávia, recentemente nomeado pró-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (Fonte: Ultimato, edições de janeiro a maio de 1968) ultimato 312.indd 37ultimato 312.indd 37 4/5/2008 12:35:054/5/2008 12:35:05
  • 38. ULTIMATO Maio-Junho, 200838 O s cristãos se movem na história pela memória da civilização que emergiria do jardim do Éden, sem o pecado original, e pela antevisão do que teremos na Nova Jerusalém, quando os efeitos da queda forem erradicados. Já na revelação os crentes não podem deixar de atentar para a mensagem do Antigo Testamento, tendo Israel como povo de Deus: o Ano Sabático e o Ano do Jubileu, a proibição da escravidão, o amparo à viúva, ao órfão e ao estrangeiro, a terra como sendo de Deus, proibida a sua propriedade perpétua, tida como instrumento de produção para o alimento de todos. O pecado não era só individual, mas das nações, famílias e governantes. O reino de justiça e de paz tem o seu “já” na história e o seu “ainda não” após o juízo final. O primeiro fruto do Espírito Santo é o amor. Não somos salvos por obras, mas para elas, pois sem elas a fé seria morta. A igreja primitiva foi uma comunidade de partilha de bens e mordomia do que Deus nos confia. O critério de julgamento será pelas evidências éticas sociais: “tive fome”, “tive sede”. Na história da igreja esses valores foram cultivados. Entre os Pais da Igreja, Basílio, Ambrósio, João Crisóstomo, Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa e Agostinho de Hipona advogaram a justiça social e o bem comum. Em seu texto Naboth e o Pobre, Ambrósio escreveu: “Não é teu o bem que distribuis aos pobres, apenas restituis o que é dele. Porque tu és o único a usurpar o que é dado a todos para o uso de todos”. A Reforma Protestante veio com o nacionalismo europeu, defendendo os interesses de cada povo contra a opressão dos poderes supranacionais: o papado e o sacro-império. A doutrina da vocação em Lutero, ou da dignidade do trabalho em Calvino — e do valor da educação para ambos — tiveram um impacto na civilização, com o capitalismo superando o modo de produção feudal, abrindo caminho para a democracia liberal e sendo criticado por movimentos como os Niveladores (1647-1650), socialistas (parlamento, cidadania, sufrágio universal, contra os monopólios), e sua dissidência, os Cavadores, comunistas, liderados por Gerrard Winstanley, autor da Lei da Liberdade. No século 17, esses evangélicos, defensores de um pós- capitalismo, acreditavam que, no que concerne aos meios de produção, “a propriedade privada, em si mesma, constituía a principal causa do mal e de todas as formas de abusos e corrupção social”. O reavivamento inglês, a partir de Wesley, incluindo o abolicionismo e o reformismo social de Wilberforce e da Paróquia Anglicana de Claphan, são marcas de uma visão integral do pecado, do evangelho e da missão, cujo legado seria dilacerado pelo que David Moberg denominou de “A Grande Reversão” — os evangélicos, reagindo ao “evangelho social”, universalista e de teologia liberal, foram para o outro extremo com um “evangelho individual” descarnado e insensível, A igreja primitiva foi uma comunidade de partilha de bens e mordomia do que Deus nos confia A mui piedosa esquerda ultimato 312.indd 38ultimato 312.indd 38 2/5/2008 12:05:362/5/2008 12:05:36
  • 39. stockxpert Robinson Cavalcanti Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política – teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo – desafios a uma fé engajada. <www.dar.org.br> Maio-Junho, 2008 ULTIMATO 39 ambos antibíblicos. Enquanto isso surgiu uma esquerda cristã na Igreja de Roma, com os padres Lammenais e Lacordaire. A própria instituição, com a encíclica Rerum Novarum, abandonaria os seus vínculos com o absolutismo e assumiria os novos desafios sociais. Entre os protestantes, os movimentos do socialismo religioso e do socialismo cristão foram corajosas propostas. Na Igreja de Roma, pensadores como Jacques Maritain, Emmanuel Mounier e Gabriel Marcel lançaram as bases do pensamento humanista cristão e do solidarismo, com grande influência no Brasil do pós-Segunda Guerra aos anos 60, agora resgatados pelos estudos de Michel Lowi. Os termos direita e esquerda surgiram na Assembléia Nacional francesa pós-revolucionária (1789) para designar os defensores e os opositores do antigo regime ou do novo regime. Naquele contexto, a então esquerda seria direita hoje. O marxismo estava longe de existir, e a ditadura do (sobre o) proletariado perseguiria o pensamento de esquerda existente antes, em separado, e depois dele, particularmente os religiosos. Harold Laski afirmou: “Democracia sem socialismo não é democracia; socialismo sem democracia socialismo não é”. Diante do aparente triunfo do pensamento único, Norberto Bobbio afirma que sempre haverá uma esquerda, formada pelos inconformados com as desigualdades não-naturais. A inconformação com os males do presente século, o compromisso com os valores do reino de Deus, a promoção da liberdade responsável, da democracia representativa e participativa, da justiça social e da soberania dos povos diante dos impérios políticos e econômicos, e de um modo de produção não baseado em um darwinismo social — com a sobrevivência dos mais fortes e mais aptos —, mas na solidariedade — com todo o capital nas mãos de todos os trabalhadores, e não do Estado ou de outros seres —, continuam a ser o ideário de milhares de nascidos de novo, piedosos e ortodoxos, no exercício responsável da cidadania, orando “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. da cristã ultimato 312.indd 39ultimato 312.indd 39 2/5/2008 12:05:582/5/2008 12:05:58