SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 68
Baixar para ler offline
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 1
Quem é
cristão?
FECHAMENTOAUTORIZADO.PodeserabertopelosCorreios.
M A R ÇO – A B R I L 2 01 2 • A N O X LV • N º 3 3 5
Rubem Amorese
Tateandonoclaro
Bráulia Ribeiro
religião@eu.com
Especial
Celebrandoa
vidacomarte
(ou não)
2 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 3
Passarinhos fora do ninho
Abertura
A
ninhada de passarinhos mal tinha saído
dos ovos. Era ainda cedo para abandonar a
presença, o calor e a proteção da mãe. Os
pássaros nem sequer tinham aprendido a ciscar. E,
muito menos, a bater as minúsculas asas e alçar os céus.
Contudo, foram embora e nunca mais voltaram.
Esta é a figura de linguagem que o profeta Isaías
usa para se referir aos moabitas, que foram obrigados
a deixar o próprio país por causa da guerra: “Como
passarinhos que foram espantados dos seus ninhos,
assim os moabitas andam de um lado para o outro nas
margens do rio Arnom” (Is 16.2).
Na verdade, toda mulher e todo homem são como
passarinhos fora do ninho. É uma tristeza! Estamos
distantes do lar onde nascemos. Por causa disso,
estamos também confusos, perdidos, sem endereço
certo, agitados, vagando por todos os lados, correndo
atrás do vento. Não sabemos voltar, não conseguimos
voltar e, às vezes, aturdidos e enganados, nem sequer
queremos voltar. É uma situação complicada!
O ninho que deixamos, muito longe de nós e há
muito tempo, está lá em cima. Em vez de voarmos nas
alturas, descemos para a terra. Por isso, como a corça
deseja e procura ansiosamente um riacho para matar
a sede, assim também a nossa alma tem sede de Deus
e quer voltar ao ninho. Enquanto isso não acontece,
estranhas e frequentes ondas de tristeza se abatem
contra nós (Sl 42.1-11).
Fora do ninho, temos uma espécie de saudade
contínua de Deus, de sede contínua, de insatisfação
contínua, de insônia contínua, de vazio contínuo e
vivemos em um corre-corre contínuo. A nossa sede
interior de Deus é como a de uma terra cansada, seca e
sem água há muito tempo. Queremos voltar ao ninho e
nos encontrar com Deus (Sl 63.1-2).
Agostinho, africano que se converteu em Milão,
na Itália, aos 33 anos, é um dos mais conhecidos
passarinhos fora do ninho. A certa altura, ele conta que
percebeu a voz de Deus atrás dele: “Uma voz que me
chamou a voltar, mas [que] mal pude escutá-la por causa
do ruído e da falta de paz”. Depois de finalmente ouvir
a voz de Deus, Agostinho escreve: “Agora, aqui estou
eu! Volto à sua fonte, ardendo de calor e sem respiração.
Ninguém nem coisa alguma pode me proibir de voltar.
Vou beber dessa fonte e por ela encontrar minha vida
autêntica”. De volta ao ninho, o bispo de Hipona
lamenta o tempo perdido fora dele e confessa: “Tarde
te amei, ó tão antiga e tão nova beleza! Tarde demais
eu te amei! Eis que estavas dentro em mim, e eu do
lado de fora te procurava! Comigo estavas, mas eu não
estava contigo […]. Tu me chamaste, e teu grito rompeu
a minha surdez. Fulguraste e brilhaste, e a tua luz
afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância
e, respirando-a, por ti suspirei”. A mais conhecida
confissão de Agostinho a respeito da necessidade interior
de Deus é esta: “Porque nos fizeste, Senhor, para ti,
nosso coração anda sempre inquieto enquanto não se
tranquiliza e descansa em ti!”.
O cardeal inglês John Henry Newman (1801–1890)
exemplifica aqueles que querem o auxílio de Deus para
voltar ao ninho: “Conduze-me, doce voz, pela escuridão
que me cerca, sê tu a me conduzir! A noite é escura e
estou longe de casa [ou do ninho], sê tu a me conduzir!”.
Em muitos casos de depressão precisamos procurar
um profissional de saúde; em outros, precisamos apenas
voltar para o ninho!
MichalZacharzewski
4 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
D
eus, Jesus Cristo e o mundo não são compartimentos estanques.
Ao contrário, eles se relacionam de maneira admirável. Uma única
sentença diz tudo: “Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único
Filho, para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3.16). O sujeito da frase não é o Filho de Deus, mas o Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo. Movido unicamente pelo amor ao ser humano, Deus deu o seu
Filho. Precisamos chegar à mesma conclusão de Paulo: “Agradeçamos a Deus
o presente que ele nos dá, um presente que palavras não podem descrever”
(2Co 9.15). (A maior parte das versões fala em “dom inefável”; outras, em
“dom inexprimível”, “dom indescritível”, “dom extraordinário” e “dom de
inefável grandeza”). Por ter esta característica, ninguém — nem o asceta, nem
o teólogo, nem o artista — consegue medir a largura, o comprimento, a altura
nem a profundidade de tal presente (Ef 3.18).
Nós precisamos desesperadamente dele, mais do que de qualquer outro. A
frase que define tudo já diz que o propósito desse dom é “que todo aquele que
nele crê não morra, mas tenha a vida eterna”.
Esta edição de Ultimato trata desse dom de inefável grandeza. Os que o
conhecem e dele já se apropriaram, precisam contribuir para que outros se
beneficiem dele — embora só Deus possa remover as escamas que fecham
os olhos, a cera que tapa os ouvidos e tornar o dom inefável visível, audível e
aceitável.
Na seção “Ponto final”, você verá que não é só no escuro que precisamos
tatear, mas também no claro (p. 66).
Em uma pequena ou grande discussão entre marido e mulher, a voz de
quem deve prevalecer? A resposta está em “Casamento e família” (p. 45).
À boca miúda fala-se que o pastor de uma congregação pequena ou grande
é maior do que o missionário, que anuncia o evangelho — o dom inefável
— aos não alcançados. A seção “Caminhos da missão” aborda o assunto mais
claramente (p. 57).
Elben César
Carta ao leitor
ISSN 1415-3165
Revista Ultimato – Ano XLV – Nº 335
Março-Abril 2012
www.ultimato.com.br
Publicação evangélica destinada à evangelização e
edificação, não denominacional, Ultimato relaciona
Escritura com Escritura e acontecimentos com
Escrituras. Visa contribuir para criar uma mentalidade
bíblica e estimular a arte de encarar os acontecimentos
sob uma perspectiva cristã. Pretende associar a teoria
com a prática, a fé com as obras, a evangelização com
a ação social, a oração com a ação, a conversão com
santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir.
Circula em meses ímpares
Diretor de redação e jornalista responsável:
Elben M. Lenz César – MTb 13.162 MG
Arte: Liz Valente
Impressão: Plural
Tiragem: 35.000 exemplares
Colunistas: Alderi Matos • Bráulia Ribeiro
Carlos “Catito” Grzybowski • Carlinhos Veiga
Dagmar Fuchs Grzybowski • Ed René Kivitz
Jorge Barro • Lissânder Dias • Marcos Bontempo
Marina Silva • Paul Freston • René Padilla
Ricardo Barbosa de Sousa • Robinson Cavalcanti
Rubem Amorese • Valdir Steuernagel
Participam desta edição: Antônio Carlos de Azeredo
Davi Chang • Klênia Fassoni • Mariana Furst
Whaner Endo
Publicidade: anuncio@ultimato.com.br
Assinaturas e edições anteriores:
atendimento@ultimato.com.br
Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte.
Os artigos não assinados são de autoria da redação.
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro
da Associação de Editores Cristãos (AsEC)
Editora Ultimato
Telefone: (31) 3611-8500
Caixa Postal 43
36570-000 — Viçosa, MG
Administração/Marketing: Klênia Fassoni
Ana Cláudia Nunes • Ariane dos Santos
Ivny Monteiro • Lucas Rolim • Luiza Pacheco
EDITORIAL/PRODUÇÃO/ULTIMATO ONLINE:
Marcos Bontempo • Bernadete Ribeiro
Djanira Momesso César • Lídia Nunes
Lissândes Dias • Mariana Furst • Pabline Félix
FINANÇAS/CIRCULAÇÃO: Emmanuel Bastos
Aline Melo • Ana Paula Fernandes • Cristina Pereira
Daniel César • Edson Ramos • Jair Avillez
Luís Carlos Gonçalves • Rodrigo Duarte
Solange dos Santos
VENDAS: Lúcia Viana • Henife Oliveira
Lucinéia Campos • Marcela Pimentel
Romilda Oliveira • Tatiana Alves • Vanilda Costa
ESTAGIÁRIOS: André Bontempo • Bruno Menezes
Daniela Marçal • Marcos Vinícius Oliveira
Raquel Bastos • Tiago Tardim
fundada em 1968
4 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
O domde inefável grandeza
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 5
6 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
79.
U
ma vez chamado por Deus para ser
profeta, no ano em que o rei Uzias morreu
(cerca de 740 a.C.), Isaías começa a anunciar
primeiro o juízo e, depois, a misericórdia do Senhor
sobre a nação eleita. Durante 40 anos, o profeta fez
ambas as coisas. Logo no início recebeu uma estranha
ordem: “Isaías, faça com que esse povo fique com a
mente fechada, com os ouvidos surdos e com os olhos
cegos, a fim de que não possam ver, nem ouvir, nem
entender ” (Is 6.10). Com essa mensagem, o profeta
realiza a primeira obrigação que tinha: convencer o
povo do pecado e do juízo que cairia sobre a nação. Essa
incapacidade de ver, ouvir e entender tornaria difíceis
— senão impossíveis — a conversão e a cura do povo.
Porém, o profeta deveria clamar continuamente (segundo
a tradição, Isaías é o herói da fé “serrado pelo meio”, do
qual fala a Carta aos Hebreus). O pico do juízo divino
aconteceria mais de 150 anos depois, com a destruição
de Jerusalém e a deportação do povo para a Babilônia
(586 a.C.).
Entretanto, como o ministério do profeta era duplo,
Isaías anuncia também a graça divina: “Os que restarem
[os israelitas não deportados] serão como o toco de
um carvalho que foi cortado” (Is 6.13). Eis o toco da
esperança!
Digamos que esse carvalho tivesse 12 metros de
diâmetro (como um cipreste do México) e 110 metros
de altura (como a sequoia gigante da Califórnia). Ainda
assim ele seria cortado ao rés do chão, perderia o tronco,
os ramos, as folhas e a imponência, mas não as raízes.
Ficaria o toco da esperança e o carvalho cresceria outra
vez. O juízo divino não poupa a árvore e a graça divina
poupa o toco da árvore. Isaías explica: “O toco representa
um novo começo para o povo de Deus” (Is 6.13).
Deus nunca acaba com tudo! Ele sempre deixa o toco
da esperança. Precisamos enxergar os tocos da esperança
que estão nas Escrituras, na história e nos eventos. São
apenas tocos, mas estão enraizados, firmes, cheios de vida
e de potencialidade, que vão nos surpreender. Mesmo com
uma mensagem carregada de guerras, sangue e “barulho
de choro” (Is 15.8), o profeta, não apenas uma vez, mas
várias, aponta para o mais solene e glorioso toco de
esperança, tanto para os judeus como para os não-judeus:
A aflição dos que estiverem sofrendo vai acabar [...]. O povo
que andava na escuridão [sem poder ouvir, ver e entender]
viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas
trevas. Tu, ó Deus, aumentaste esse povo e lhe deste
muita felicidade […]. Tu arrebentaste as suas correntes de
escravos, quebraste o bastão com que eram castigados […].
As botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas
sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo.
Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino
que será o nosso rei. Ele será chamado de “Conselheiro
Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da
Paz”. […] No seu grande amor, o Senhor Todo-Poderoso
fará com que tudo isso aconteça (Is 9.1-7).
A criança, o menino, o rei, o “Príncipe da Paz”, são
uma só pessoa: o Senhor Jesus Cristo. Esse notável toco
de esperança “representa um novo começo para o povo de
Deus” (Is 6.13b). O Apocalipse também nos fala de um
novo começo: “Então vi um novo céu e uma nova terra. O
primeiro céu e a primeira terra desapareceram” (Ap 21.1).
Pastorais
O toco da esperança
FranGambín
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 7
Sumário
3 Abertura
4 Carta ao leitor
6 Pastorais
8 Cartas
12 Frases
12 Números
14 Mais do que notícias
20 Notícias l Lissânder Dias
38 O leitor pergunta l Ed René Kivitz
40 De hoje em diante...
41 Novos acordes l Carlinhos Veiga
42 Altos papos l Davi Chang
54 vamos ler!
56 Caminhos da missão l Antônio Carlos de Azeredo
61 especial
Quem é (ou não)
cristão?
CAPA
Seções
O caminho do coração
32 Separação e contraste
Ricardo Barbosa de Sousa
Da linha de frente
37 religião@eu.com
Bráulia Ribeiro
Meio ambiente e fé cristã
43 O ambiente humano
Marina Silva
Missão integral
44 A missão integral de Jesus
René Padilla
Casamento e família
45 Não vou me deixar controlar!
Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski
Reflexão
46 Profetismo — item esquecido da
missão integral
Robinson Cavalcanti
Redescobrindo a Palavra de Deus
48 O indivíduo, a família e o evangelho
Valdir Steuernagel
História
50 O legado de Constantino
Alderi Souza de Matos
Ética
52 A primavera árabe e os cristãos
(parte 1)
Paul Freston
Cidade em foco
58 Templo urbano: lugar e não lugar
Jorge Henrique Barro
Ponto final
66 Tateando no claro
Rubem Amorese
Colunistas
ABREVIAÇÕES:
AS21 - Almeida Século 21; BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BP - A Bíblia
do Peregrino; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil; CT - Novo Testamento (Comunidade de Taizé); EP - Edição Pastoral; EPC - Edição
Pastoral - Catequética; HR – Tradução de Huberto Rohden; KJ - King James (Nova Tradução
Atualizada dos Quatro Evangelhos); NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB
- Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação foram
retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão
Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional.
“Se você não está atado a Cristo, você
não é cristão.” Quem diz isso não é uma
pessoa qualquer. Não é um exagerado nem
um simplório. Essas palavras, que parecem
radicais, foram pronunciadas pelo médico e
pregador Martyn Lloyd-Jones. E ele tem toda
razão: se você não está atado a Cristo, pela
convicção e pela fé, então você, a rigor, ainda
não é um cristão.
JohnByer
Um ponto de encontro
www.ultimato.com.br
22
8 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Cartas
Culpa e mancha
Surpreendente a matéria de capa Como se
livrar da culpa e da mancha (janeiro/fevereiro
de 2012), que chega em momento oportuno.
Precisamos aprender a usar o único caminho
que nos livra da culpa e da mancha do
pecado. Vale lembrar Provérbios 28.13: “Quem
esconde os seus pecados não prospera, mas
quem os confessa e os abandona encontra
misericórdia”. Que Ultimato continue trazendo
textos como este, para enriquecimento e
advertência de todos os comprometidos com a
verdade de Deus para os homens.
Oraci do Amaral, Jundiaí, SP
Gostei da matéria de capa Como se livrar da
culpa e da mancha, mas as frases “veem-se
cristãos paupérrimos e angustiados devido a
cobranças de dízimos” e “imposição legalista
da cobrança de dízimos nas igrejas” dão a
entender que o dízimo é uma prática opressora.
Antes, o dízimo é uma bênção! Ele proporciona
um importante exercício de gratidão, além de
ser uma forma de afirmar a nossa dependência
de Deus e um dos meios pelos quais temos o
privilégio de investir na obra cristã. Dizimar é
uma prática que a Bíblia ensina e encoraja. O
que considero abusivo é a cobrança de ofertas
que relaciona a quantia ofertada ao tamanho da
fé da pessoa. Em algumas igrejas, os membros
são coagidos a ofertar grandes quantias sob a
acusação de que, se não o fazem, demonstram
que não têm fé. E muitos ofertam com medo de,
se recusarem, não serem abençoados. Esse
é um tipo de “bullying espiritual”, que deve ser
combatido.
Clarice Rinco, Belo Horizonte, MG
Não quero beber mais
É maravilhoso constatar como atua a multiforme
graça divina em sua ação regeneradora. Acolho
esse testemunho (“De hoje em diante”, janeiro/
fevereiro de 2012) como estímulo a nunca
deixar de anunciar o evangelho aos que sofrem
com o alcoolismo. A Palavra de Deus é viva e
eficaz o tempo todo, para todas as pessoas.
Essa bendita e infalível Palavra não retorna a
Deus (sua origem) sem antes produzir os efeitos
para os quais foi liberada.
Elias Fernando, Campo Grande, MS
Usaremos o texto Não quero beber mais (“De
hoje em diante”, janeiro/fevereiro de 2012)
em uma das reuniões para tratamento de
dependência química. Parabéns a Ultimato!
Antonio Carlos Silva Junior, Juiz de Fora,
MG
Li agradecida o artigo da seção “De hoje em
diante” (janeiro/fevereiro de 2012). Há nove anos
encontrei Deus, recuperação e solidariedade em
uma sala de alcoólicos anônimos.
Lucinéa de Campos, Viçosa, MG
Conflitos de símbolos e
mandato cultural
Felizmente, nestes tempos de fé equivocada,
ainda existem pessoas que têm a autenticidade
e a fibra para dizer o que pensam e o que
acham ser o melhor para o povo de Deus.
Quero salientar o artigo de Robinson Cavalcanti
(“Reflexão”, janeiro/fevereiro de 2012), que nos
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 9
traz séria e alarmante realidade: a cegueira dos
que se dizem responsáveis pela evangelização
em não perceber que o cristianismo está sendo
varrido dos ambientes públicos e substituído
pelos adversários históricos, que, como
sempre, sabem usar “uma balança e duas
medidas”. Os responsáveis, que se dizem
encarregados pela divulgação da palavra
do reino, estão cada vez mais acomodados,
mornos e apáticos, deixando as “ovelhas”
à mercê dos lobos sorrateiros, que com
persistência pretendem dispersar todo o
rebanho. Ninguém mais tem coragem de subir
nos telhados e gritar; antes, se escondem no
fundo da despensa, preocupados, talvez, com
seus cargos e com receio de melindrar os
corruptores da obra de Deus.
Abílio Nardelli, Rio do Sul, SC
O leitor pergunta
Vivemos dias de extremos eclesiásticos. A
saúde do povo é tratada por alguns de modo
reducionista: ou espiritualizam os agravos
ou os entregam nas mãos da ciência, para
que resolva os problemas da gestão do
cuidado integral do ser criado à imagem
e semelhança do Criador. Na realidade, o
cuidado, de integral, só tem o nome, pois está
reduzido a atos sociais, psíquicos e físicos,
que desconsideram a espiritualidade do ser.
Conquanto já existam cientistas estudando
neuroteologia ou bioteologia, para entender o
papel da fé na cura de doenças, estamos longe
de aprender sobre saúde integral. Espero que
nosso Deus levante em nosso meio líderes que
se dediquem a interagir com o setor de saúde,
para que a gestão do cuidado se faça coerente
com a visão integral do ser.
Dércio, São João do Meriti, RJ
Abertura de alma
O artigo Abertura de alma (“Especial”, janeiro/
fevereiro de 2012) dispensa defesa. Porém,
em que pese o desafio de Jesus pela unidade
(Jo 17) e a necessidade de busca pela
expansão do reino de Deus na terra, dizer
que se tem inveja ou ciúme de posturas
notoriamente fora das Escrituras não é
legal. Elben César se mostra simpático a um
“cristianismo” hostil aos protestantes, sectarista
e exclusivista. A Igreja de Jesus Cristo será
sempre multifacetada. Contudo, até que Jesus
volte, não é possível aceitar tudo em nome da
unidade.
Antonio Carlos Silva, São Bernardo do
Campo, SP
Precisamos acordar e entender que o reino de
Deus é maior que as denominações. O “vento
sopra onde quer”.
David Livingstone, Guarapuava, PR
Dois pesos e duas medidas
Com cálculos simples verifica-se que houve um
crescimento de 233% no número de mesquitas
no Brasil, de 350% no número de pontos de
oração e de 5.456% no número de muçulmanos
em terras brasileiras — e isto no período de
2000 a 2011, ou seja, apenas 11 anos! É um
crescimento médio anual de 49% no número
de muçulmanos. Enquanto isso, vemos a igreja
cristã no Brasil diminuindo e inundando-se
de vexames e vergonha. É hora de a igreja
brasileira acordar e se unir — este é o segredo.
O Islã cresce cada vez mais devido à união e às
ações missionárias mundo afora.
Vitor Hugo Cid, São Paulo, SP
Boas novas aos pobres
Excelente o artigo Boas novas aos pobres, de
René Padilla (“Missão integral”, janeiro/fevereiro
de 2012). Padilla foi feliz ao chamar o texto
de Lucas 4.18-19 de “manifesto” programático
de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
10 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Cartas
pobres; enviou-me para proclamar libertação
aos cativos e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar
o ano aceitável do Senhor”. Por que não
adotamos este “manifesto” em nossas igrejas e
em nossas vidas, sendo imitadores de Jesus?
Wilson de Oliveira Júnior, Recife, PE
Evangelização por proximidade
Às vezes, leio o sumário de Ultimato e depois
a minha atenção se dirige para a seção “Ponto
final”. Foi o caso com a edição de janeiro/
fevereiro de 2012. Li e reli o excelente artigo
Evangelização por proximidade, de Rubem
Amorese, e deu uma vontade enorme de
novamente meditar no prólogo do Evangelho de
João. Eugene H. Peterson o traduz assim: “A
Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver
perto de nós. Nós vimos a glória com nossos
olhos, uma glória única: o Filho é como o Pai,
sempre generoso, autêntico do início ao fim”.
Eude da Rocha, Bauru, SP
Não quero ser indeciso
A meu ver, um problema ligado ao complexo
ato de decidir (Não quero ser indeciso, “De
hoje em diante”, setembro/outubro de 2011) é
a ausência de discernimento ou a minúscula
quantidade dele. É imprescindível discernir e
decidir. Discernir para decidir. Porém, como
fazê-lo se as mínimas (ou aparentemente
mínimas) coisas da vida se apresentam
envoltas em mistérios diante dos quais o
homem, embora seja a imagem e semelhança
do Criador, confunde-se, hesita, espanta-se?
José Medeiros, Conselheiro Lafaiete, MG
Homossexualismo
A carta de Luciano Silva (“Cartas”, novembro/
dezembro de 2011) deixou-me consternado
pela realidade à qual os homossexuais acabam
sendo submetidos quando frequentam uma
igreja evangélica, tendo que ouvir referências
nada agradáveis a respeito de sua condição.
Fiquei mais consternado ainda pelo fato de
Luciano ter sido induzido à homossexualidade
por um pastor evangélico. Tudo isto nos revela
dois importantes fatos: primeiro, que não temos
tido a sensibilidade desejável para abordarmos
um tema tão delicado; segundo, que também
temos os nossos porões, onde a luz não penetra
e o inominável se esconde. Fiquei esperando
que pelo menos o final da carta fosse feliz, o que
não aconteceu. Seria ótimo se não tivéssemos
que nos preocupar com aquilo que fazemos
ou com o modo como nos comportamos,
bastando pedir a Deus, até mesmo à revelia
da nossa consciência, que todas as nossas
ações contrárias a sua Palavra fossem
miraculosamente lançadas para longe de nós.
Infelizmente, não é assim que funciona. O
ponto de vista de Deus é o que ele externou
nas primeiras páginas das Escrituras. Caim
não havia procedido bem e, por isso, não pôde
contar com a aprovação de Deus, que lhe
disse: “Se procederes bem, não é certo que
serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será
contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn. 4.7).
A Palavra de Deus nos revela o que é pecado,
mas é nossa a responsabilidade de identificá-
lo em todas as suas variantes e lutar para que
ele não crie raízes em nossas vidas.
Christiano da Silva Neto, Belo Horizonte,
MG
Quando o medo de engordar
supera o medo de morrer
Ao ler Ultimato durante o plantão hoje tive
a dádiva de ver o testemunho e a foto da
doutora Cristiane Zambolim (“Especial”,
setembro/outubro de 2011), a qual conheci em
Viçosa, em 1994. A imagem da adolescente
emagrecida e frágil dos meus arquivos
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 11
Fale conosco
Cartas à Redação
•	 cartas@ultimato.com.br
•	 Cartas à Redação, Ultimato,
Caixa Postal 43, 36570-000, Viçosa, MG
Inclua seu nome completo, endereço, e-mail
e número de telefone. As cartas poderão
ser editadas e usadas em mídia impressa e
eletrônica.
Economize Tempo.
Faça pela Internet
Para assinaturas e livros acesse
www.ultimato.com.br
Assinaturas
•	 atendimento@ultimato.com.br
•	 31 3611-8500
•	 Ultimato, Caixa Postal 43, 36570-000,
Viçosa, MG
Edições Anteriores
•	 atendimento@ultimato.com.br
•	 www.ultimato.com.br
cerebrais foi substituída pela de agora: linda,
vitoriosa e segura. É maravilhoso perceber que
acima de toda a avançada (e limitada) medicina
existe um Deus que realiza curas e milagres
impossíveis aos nossos olhos. A Deus toda a
honra e glória!
Marcos Pavione, Aracaju, SE
Cartas da prisão
Tenho 40 anos e estou encarcerado na
Penitenciária 1 de Serra Azul. Apaixonei-me
por Ultimato quando alguns irmãos daqui nos
mostraram a revista. Nunca mais deixei de
lê-la. Na penitenciária, é muito difícil ter paz,
pois a superlotação e os processos esquecidos
nos fóruns deixam-nos quase em depressão.
Tenho dificuldade de conversar com dois de
meus filhos, frutos do primeiro e do segundo
casamentos, uma menina de 18 anos e um
adolescente de 16. Quero evangelizá-los
por meio de Ultimato. Ambos têm tendência
homossexual. Porém, em nome de Jesus,
conseguiremos ajudá-los. Meus outros três
filhos menores estão com minha esposa atual.
Pedro Gonçalves, Serra Azul, SP
São poucos os que se lembram dos
encarcerados, como a Bíblia ordena. Muitos
nos enxergam como o lixo da sociedade.
Porém, alguns estão saindo da prisão e
sendo usados por Deus. Estou aguardando
uma vaga desde o segundo semestre de
2011 para estudar.
Andrey da Silva Borges, Serra Azul, SP
Francamente, não sei como uma revista com
uma tiragem de 35 mil exemplares, com a
qualidade que tem, com os colunistas que
tem, com o preço de assinatura que tem,
consegue abençoar tantos necessitados. Fico
impressionado! Não vou escrever: “Passou
a época da colheita, acabou o verão, e não
estamos salvos” (Jr 8.20). Prefiro escrever:
“Passou a época da colheita, acabou o
verão... e eu fui sustentado pela graça de
Deus e pelo amor de Jesus, e me mantive
como habitação do Espírito Santo”.
Samuel Lourenço Filho, Rio de Janeiro, RJ
— Os seguintes encarcerados gostariam de
receber cartas: William César A. Siqueira
(Raio 3, Cela 139, Penitenciária Casa Branca
— Caixa postal 19, 13700-970 Casa Branca,
SP) e Sílvio Carlos Monteiro Gomides (Cela
1, Anexo 1 — Rua Adolfo Bertodott, 330,
12912-100 Bragança Paulista, SP).
12 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
“Ser reformado hoje não significa
voltarmos a Lutero ou Calvino. Significa,
isso sim, voltar às Escrituras.
Editorial do Brasil Presbiteriano,
novembro de 2011
“Amera aversão [ao homossexualismo]
não constitui, por si só, um crime. O
que não é legítimo é transformar uma aversão
em instrumento de discriminação ou violência.
Não porque isso seja um crime homofóbico.
Mas porque isso é simplesmente um crime.
João Pereira Coutinho, jornalista da
Folha de São Paulo
“Aprendemos
com Jesus
que não podemos
ser um corpo social
estranho ao mundo.
Não temos o
direito de nos
separar socialmente
dos outros
homens e mulheres.
Nossa separação foi moral e espiritual.
Fomos retirados do mundo, purificados de
sua imundícia, fortalecidos pela graça e
devolvidos, inseridos no mundo, para servi-lo
graciosamente pelo testemunho, posição e
ações concretas que beneficiem os homens.
Luiz Fernando dos Santos, pastor da Igreja
Presbiteriana Central de Itapira, SP
“Aapostasia é um comportamento
condenável, a partir do ponto de vista
religioso, mas constitui um tema estritamente
privado sob o ponto de vista dos direitos
humanos. Refere-se unicamente ao homem e à
sua consciência.
Abderrazak Sayadi, professor da Universidade
de Manouba, em Tunis, Tunísia
“Sempre existem tentações ao longo do
caminho percorrido pelo missionário!
Tentação de frivolidade ou de proselitismo,
tentação de confusão da obra missionária com
a busca de interesses políticos, tentação de
inculcar o evangelho sem qualquer respeito pela
liberdade daqueles que são os seus destinatários.
Jean-Marc Aveline, diretor do Instituto Católico
do Mediterrâneo
“Sem dúvida, o islamismo foi
frequentemente usado tanto para
justificar o autoritarismo como para legitimar a
contestação, o que é bastante paradoxal.
Bertrand Badie, professor do Instituto de
Estudos Políticos de Paris
“Acredito que a própria sociedade irá
conduzir a Igreja a uma grande reflexão
e talvez essa situação [do celibato], tão forte
no seio da Igreja Católica, seja um sinal para
que as mudanças ocorram.
José Edson da Silva, padre casado, presidente
do Movimento das Famílias dos Padres Casados
FRASES
”
”
”
”
”
””
”
NÚMEROS
671.000
crianças brasileiras entre 10
e 14 anos ainda não estavam
alfabetizadas em 2010. Dez anos
antes, eram 1,2 milhão
30.000
norte-coreanos cristãos estão
detidos em acampamentos para
presos políticos e 10 mil estão
escondidos na Coreia do Norte.
Quando um norte-coreano se
torna cristão, tem que enfrentar
perseguição, prisão e possivelmente
a morte
396
votos a favor e nove contrários foi
o resultado da votação realizada
na Câmara de Representantes dos
Estados Unidos sobre a permanência
da frase In God we trust há cinquenta
anos gravada nas notas de dólar e
em edifícios públicos
5.000
folhetos da Sociedade Bíblica do
Egito salientando o conselho de
Paulo — “Não se entristeçam como
aqueles que não têm esperança”
(Ts 4.13) — foram distribuídos na
Catedral Copta do Cairo, no dia do
funeral em massa dos cristãos que
foram mortos no segundo domingo
de outubro de 2011
214.000.000
de pessoas vivem longe de seus
países de origem, em busca de
sobrevivência econômica, de
segurança e liberdade política
e religiosa, de desenvolvimento
pessoal e profissional e de uma
melhor qualidade de vida. O
número deve aumentar nas
próximas décadas e já é uma das
megatendências do século 21
12 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
“Jesus é o insondável amor voltado para
o carente, é o Príncipe da Paz para
um mundo beligerante, o Rei dos reis para
uma nação em desgoverno, o impecável justo
para vergonha dos corruptos, a luz do mundo
resplandecente na vereda tenebrosa, a verdade
em antítese à falsidade, a vida radiante para
a morbidez do espírito, o portal da esperança
para o desvalido.
Kléos Magalhães Lenz César, pastor
presbiteriano
UltimatoImagemArquivopessoal
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 13
14 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
N
a República dos
Camarões (na costa
ocidental da África),
um país majoritariamente
cristão, é possível encontrar
mães e outras mulheres da
família que “engomam”
os seios das meninas
quando se tornam moças.
Segundo dados de uma
pesquisa realizada em 2010,
aproximadamente 24%
das adolescentes do país já
passaram por essa experiência.
Não relacionada à fé ou a
questões de ordem religiosa,
esta prática tradicional na
África Ocidental e Central
— chamada pela agência
alemã GTZ de mutilação
feminina — tem o propósito
de esconder os seios das
jovens para protegê-las
de olhares libidinosos,
encontros sexuais prematuros,
ameaças de estupro, gravidez
indesejada e abortos. A
operação consiste em passar
algo quente (pedras, paus de
malhar cereais e até martelo)
nos seios das mulheres,
diariamente, até obter o
resultado desejado.
Para conscientizar os
responsáveis por essa prática,
“Não forcem os seios a aparecer ou desaparecer:
deixem que eles cresçam naturalmente”
+DO QUE NOTíCIAS
um grupo de adolescentes
produziu uma campanha
de televisão que expõe o
problema. Um dos anúncios
diz: “Comprimir os seios
de jovens meninas é muito
perigoso para a saúde. Não
force os seios a aparecer ou
desaparecer: deixem que eles
cresçam naturalmente”.
Apesar da compreensível
preocupação das mães em
proteger as filhas adolescentes
da vida sexual prematura,
da licenciosidade, da
gravidez e do consequente
afastamento das atividades
escolares, a mutilação dos
seios não é justificável.
Além de causar sérios danos
físicos e psicológicos, é uma
ofensa e um desrespeito ao
ser humano, uma prática
criminosa e contrária à
criação.
É lamentável que no
contexto camaronês — e de
alguns outros países da África
Ocidental e Central — os
seios não sejam reconhecidos
como parte do projeto de
Deus para o corpo da mulher
(nem pelos que os mutilam
nem pelos que abusam
sexualmente das meninas
e mulheres). Além de ser
a parte do corpo feminino
que alimenta os bebês, não
se pode negar que eles o
adornam e despertam no
outro sexo amor e paixão.
No Cântico dos Cânticos,
o amado descreve a beleza
física da amada. Ele se
refere aos olhos, aos cabelos
ondulados, aos dentes
brancos e bem alinhados, aos
lábios vermelhos, mas não
deixa de falar dos seios dela:
“Os seus seios parecem duas
crias, crias gêmeas de uma
gazela, pastando entre os
lírios” (Ct 4.5). No poema,
ele volta a elogiá-los mais
adiante (7.3) e acrescenta:
“Os seus seios são para
mim como cachos de uvas”
(7.8). A própria amada diz
desinibidamente: “Eu sou
uma muralha e os meus seios
são as suas torres” (8.10).
Naturalmente, essa
intimidade não pode ser
profanada ou prostituída,
como se vê claramente em
outro livro atribuído ao
mesmo autor dos Cânticos:
“Beba das águas da sua
cisterna, das águas que
brotam do seu próprio poço
[...]. Seja bendita a sua fonte!
Alegre-se com a esposa
da sua juventude. Gazela
amorosa, corça graciosa;
que os seios de sua esposa
sempre o fartem de prazer,
e sempre o embriaguem os
carinhos dela. Por que, meu
filho, ser desencaminhado
pela mulher imoral? Por
que abraçar o seio de uma
leviana [ou, “os encantos da
mulher de outro homem”]?”
(Pv 5.15-20).
Não se alcança um
comportamento sexual
responsável e correto
(monogâmico e hétero) com
providências desequilibradas,
como mutilação, castração,
cinto de castidade, celibato
obrigatório e fuga para o
deserto. Na esfera pessoal,
isso depende de uma
decisão constantemente
reafirmada de negar-se
a si mesmo, quando se
trata de comportamento
ilícito. No âmbito social,
depende de iniciativas de
famílias e sociedade que
criem condições favoráveis
à prática saudável do sexo, o
que incluiria esforços contra
o abuso e a mutilação.
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 15
16 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
+DO QUE NOTíCIAS
A propósito de “minha casa, minha vida”
N
a primeira metade
do século 8 antes
de Cristo, o profeta
Amós, falando em nome de
Deus, deu uma má notícia
aos ricos perdulários de
Israel: “Destruirei as casas
de inverno e as casas de
verão, as casas luxuosas, as
casas enfeitadas de marfim,
todas elas serão destruídas”
(Am 3.15). A profecia se
cumpriu poucos anos depois,
quando a Assíria invadiu o
país no ano 722 antes de
Cristo, sob o comando de
Salmaneser V (2Rs 17.3-6).
Hoje, a má distribuição
da riqueza continua em
várias partes do mundo,
sobretudo no Brasil. Nos
Estados Unidos há americanos
comprando abotoaduras de
500 dólares e, no Brasil, há
mulheres comprando colares
de dezoito voltas e 100
diamantes por 85 mil reais.
Com o valor de cada colar
daria para se construir seis
casas de padrão popular de 56
metros quadrados (sala, dois
quartos, banheiro, cozinha e
área de serviço) para alguns
dos milhões de brasileiros
que vivem abaixo da linha de
pobreza, sem acesso a casa,
terra, saneamento básico,
trabalho, educação e saúde
pública. Com 2 milhões de
dólares que uma socialite
brasileira gastou para decorar
um quarto na mansão que
construiu na Riviera Francesa,
daria para construir 1.600
quartos de casal ou erguer
uma vila de 266 casas para
abrigar mais de mil pessoas
que perderam suas moradias
com as chuvas de janeiro deste
ano. Com os 57 milhões de
dólares que um cantor inglês
despendeu em dois anos, daria
para se construir uma cidade
de 7.600 casas populares para
30.400 habitantes, o que
corresponderia a uma cidade
trinta vezes mais populosa que
Borá, município brasileiro
com o menor número de
habitantes, no interior de São
Paulo. Amós não foi o único
a condenar a autoindulgência
dos ricos. Depois dele, na
segunda metade do século
8, o profeta Isaías avisou:
“Ai de vocês que compram
casas e mais casas, que se
tornam donos de mais e mais
terrenos! Daqui a pouco
não haverá mais lugar para
os outros morarem e vocês
serão os únicos moradores do
país. [...] As grandes e belas
mansões serão destruídas,
e ninguém ficará morando
nelas” (Is 5.8-9).
N
o topo de uma
coluna na Piazza
di Spagna, em
Roma, há uma estátua de
Maria, inspirada na mulher
do Apocalipse, “vestida do
sol, com a lua debaixo dos
seus pés e uma coroa de
doze estrelas sobre a cabeça”
(Ap 12.1). Bento XVI estava
nesta praça no dia
anterior ao 157°
aniversário da
promulgação
da imaculada
concepção de
Maria (8 de
dezembro de
2011). O papa
não economizou
palavras para descrever
a importância da mãe de
Jesus. Para ele, Maria supera a
morte e a mortalidade porque
é a “plenitude associada à
vitória de Cristo, seu Filho,
sobre o pecado e a morte”.
A intercessão de Maria,
afirmou o papa, é essencial,
“especialmente neste
momento difícil para a Itália,
para a Europa e para várias
partes do mundo”.
No dia seguinte ao
da comemoração, 9 de
dezembro, não em Roma,
mas em Lyon, na França, nas
janelas de muitas casas havia
uma vela acesa e grandes
cartazes ostentavam duas
palavras apenas: “Obrigado,
Maria”. Nesse Festival de
Luzes, como é chamado o
evento, celebrado ano após
ano, o bispo auxiliar da
Diocese de Lyon, explicou:
“A salvação vem de Cristo,
único Salvador de todos”,
portanto, “a graça da
Imaculada Conceição vem de
Cristo por antecipação”.
Essas festividades
relembram a bula Ineffabilis
Deus, definida por Pio IX no
dia 8 de dezembro de 1854,
segundo a qual “a santíssima
Virgem Maria, no primeiro
instante da sua concepção
[…] foi preservada imune
de toda mancha do pecado
original”.
Se estivesse naqueles dias
em Roma e Lyon, Maria teria
pedido a palavra para declarar
pública e modestamente,
como Paulo e Barnabé
fizeram em Derbe, na Ásia
Menor: “Por que vocês
estão fazendo isso? Não me
divinizem! Eu sou apenas um
ser humano, como vocês”
(At 14.15). Ou falaria como
o anjo que disse a João
quando este caiu aos seus pés
para adorá-lo: “Não faça isso!
Sou servo como você e como
os seus irmãos que se mantêm
fiéis ao testemunho de Jesus.
Adore a Deus!” (Ap 19.10).
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 17
18 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
S
omente na Espanha,
no decorrer de
2010, 314 crianças
foram retiradas do ventre
materno a cada dia. Foram
113.031 abortos provocados
durante o ano, segundo
o ministério da saúde
daquele país. Em números
absolutos, houve um
aumento de 1.550 abortos
em relação ao ano anterior.
Para contrabalançar essa
epidemia, a americana Abby
Johnson, ex-diretora de uma
clínica de abortos no Texas,
lançou o livro Sin Planificar,
na Universidade CEU San
Pablo, em Madri, cinco dias
antes do último Natal.
Depois de trabalhar
durante anos em uma
clínica especializada em
abortos, Johnson mudou
de opinião e de profissão
de uma hora para outra e
declarou que o aborto se
converteu em um vírus
que está se infiltrando na
sociedade. Para ela, os que
financiam ou trabalham
em centros que praticam
o aborto deveriam se dar
conta da humanidade da
criança destruída.
Em seu livro, Abby
Johnson explica que mudou
de lado definitivamente
porque, ao realizar
um aborto, percebeu
pela ultrassonografia
que o feto de treze
semanas reagia contra o
processo, retorcendo-se
violentamente. A criança
+DO QUE NOTíCIAS
queria permanecer
onde estava.
Isso aconteceu
em setembro de
2008, quando
ela estava com
28 anos. Não é
apenas a pessoa
que está sendo
formada na
barriga da mãe
(Sl 139.13)
que sofre:
“Normalmente,
o aborto deixa
a mulher com
sequelas de dor,
culpa e sobrecarga
emocional que,
em muitos casos,
podem durar
a vida inteira”.
Johnson
acrescenta que o “efeito
dominó” não termina aí.
De algum modo, toda
a família e as pessoas
próximas também sofrem
com o aborto. Casada com
um ex-luterano e mãe de
uma menina de 6 anos,
Johnson trabalha hoje com
a organização americana
Unidos pela Vida.
A recente experiência
de Abby Johnson coincide
com a experiência mais
remota de outra americana
que também mudou de
ideia e fechou a clínica de
abortos fundada em Jackson,
no Mississipi. Trata-se
de Beverly A. McMillan,
médica especializada em
ginecologia e obstetrícia.
Em seu período de
residência na Clínica
Mayo, em Chicago, em
1969, McMillan teve que
tratar de mulheres com
febre, sangramento, úteros
inchados e sensíveis, vítimas
de abortos clandestinos, o
que a tornou aborcionista
por convicção. Ela recebeu
com alegria a decisão
da Suprema Corte que
legalizou o aborto em 22 de
janeiro de 1973. À época,
a médica era agnóstica e
tinha tudo o que desejava
(casamento estável, três
filhos saudáveis, uma carreira
médica promissora, roupas
à vontade, uma boa casa,
um carro novo). Contudo,
sentia-se deprimida e chegou
a pensar em suicídio. Depois
de ler o livro O Poder do
Pensamento Positivo, de N.
V. Peale, McMillan comprou
uma Bíblia e leu em
pouco tempo todo o Novo
Testamento. “À medida
que lia a Bíblia nos meses
seguintes, me sentia cada vez
mais desconfortável em fazer
abortos”, afirmou a médica.
Por causa disso, ela deixou a
prática, embora continuasse
como diretora da clínica
até 1978. Por ter crescido
na fé e se tornado membro
de uma igreja evangélica,
McMillan desligou-se de
qualquer atividade ligada
ao aborto. Ela mesma
explica: “Quando entendi a
santidade da vida humana
antes do nascimento, mudei
de ideia sobre o aborto”.
A humanidade da criança
(não nascida) destruída
HerbCollingridge
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 19
20 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
ocasião da conferência: a primeira
são cartões postais (Ore&Envie) com
pedidos de oração e uma mensagem
para autoridades governamentais; a
segunda é o Carbon Fast, que consiste
em orar e realizar ações diárias em
favor do meio ambiente durante as seis
semanas que antecedem o domingo de
Páscoa.
Este mesmo grupo realizou palestras
sobre cristianismo e meio ambiente
durante o Fórum Social Temático na
última semana de janeiro em Porto
Alegre, RS.
NOTíCIAS
por Lissânder Dias
Dois mil jovens
africanos celebram
a obra missionária
Mais de 2 mil jovens africanos se
reuniram na virada do ano no Quênia
para a Conferência Missionária
Commission, que acontece a cada
três anos e é promovida pela Aliança
Bíblica Universitária do país. A maior
parte dos participantes era formada
por universitários e recém-graduados
quenianos. O tema foi “Assim como o
Pai me enviou, eu envio vocês”.
“Tivemos muitos testemunhos
(bem escolhidos e desafiadores),
excelente ensino bíblico baseado no
livro de Daniel, palestras e ensino
voltado para o desafio missionário.
Havia muito louvor: um grupo já
Evangélicos se
mobilizam para
Rio+20
Mais de dezesseis organizações
evangélicas se preparam para participar
da Rio+20, a conferência das Nações
Unidas sobre desenvolvimento
sustentável que acontece de 20 a 22 de
junho no Rio de Janeiro, RJ. Tearfund,
A Rocha Brasil e Rede FALE estão
à frente do processo. No final de
março acontece a segunda reunião de
preparação.
As organizações estão trabalhando
para lançar duas campanhas por
formado, um coral que se formou
ali mesmo e que crescia a cada
dia e grupos musicais dos países
representados. Foi uma alegria
contagiante”, conta a brasileira e
professora de missiologia Antonia
Leonora van der Meer (Tonica), única
mulher que pregou na plenária do
evento. O livro de Atos foi a base
para os estudos bíblicos em pequenos
grupos de doze pessoas.
Segundo o diretor do Commission,
Simon Kande, 1.663 pessoas
assinaram o compromisso de se
envolver com missões. Na última
noite houve um apelo para que
aqueles que quisessem consagrar
suas vidas à obra missionária se
apresentassem. A princípio foram dez,
depois mais de trinta, até que pelo
menos 2 mil jovens se levantaram.
Missões com os
pés latinos
Novecentos participantes de mais de
trinta países. Estes são os números
esperados pela Fraternidade
Teológica Latino-Americana (FTL)
para o 5º Congresso Latino-
Americano de Evangelização
(CLADE 5), que acontece de 9 a
13 de julho em San Jose, na Costa
Rica. Os CLADE’s fazem parte da
caminhada histórica de reflexão
sobre a missão integral na América
Latina e pretendem refletir sobre o
papel dos cristãos no contexto do
continente. “Esperamos chamar
a atenção da Igreja na América
Latina para a nossa realidade,
nossos problemas atuais e para o
modo como estamos respondendo
a eles. Devemos nos confrontar
em meio a esta sociedade de morte
e refletir sobre a maneira como
estamos levando a mensagem de
vida pregada por Jesus”, afirma Juan
Carlos Morales Serrano, gerente
operacional do evento.
Desde setembro de 2011,
núcleos da FTL, igrejas,
movimentos e grupos de amigos
estão sendo encorajados a estudar o
Caderno de Participação, um livreto
com estudos bíblicos sobre o tema
do evento: “Sigamos a Jesus Cristo
em seu reino de vida! Guia-nos,
Espírito Santo!”. Espera-se formar
pelo menos trinta grupos de estudo
em diversos países do continente.
AntoniaLeonoravanderMeer
CatiuskaPerez
Jovens africanos estudam
o livro de Atos em
pequenos grupos
Diretores da FTL trabalham
nos preparativos do CLADE V
Notícias sobre a Rio+20, no portal
ultimato.com.br
Notícias sobre o Clade 5, no portal
ultimato.com.br
+ +
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 21
Dez mil Bíblias em
áudio no Nordeste
Feira internacional
vai reunir livreiros
cristãos
De 2 a 6 de maio
acontece em São
Paulo, SP, a 1ª Feira
Literária Internacio-
nal Cristã (FLIC),
que espera reunir cerca
de 5 mil pessoas por dia. A iniciativa é
da Associação de Editores Cristãos do
Brasil (ASEC), que reúne 36 editoras
Os ateus liderados pelo filósofo
Alan de Botton querem construir
um “templo para ateus” no centro
financeiro de Londres, Inglaterra.
O projeto prevê a construção
de uma torre de 46 metros de
altura para representar, segundo o
filósofo, os milhares de anos de vida
humana na terra e para celebrar o
“novo ateísmo”, um contraponto à
abordagem mais “agressiva” de ateus
como Richard Dawkins (o polêmico
autor do livro Deus, Um Delírio). A
parte exterior do templo será marcada
por um código binário que denota a
sequência do genoma humano. De
Botton acredita que os templos são
uma boa ideia para fortalecer nas
pessoas o senso da vida. “Você pode
construir um templo para tudo o que
é positivo e bom”, afirmou ao jornal
britânico The Guardian. O templo
começará a ser construído no final
de 2013, caso seja aprovado pela
prefeitura.
Dawkins critica a ideia e diz que
é mau uso de dinheiro. Para ele, um
templo para ateus é uma contradição.
“Não precisamos de templos”, diz.
Curiosamente, o reverendo anglicano
George Pitcher celebrou a ideia. “Este
templo mostra que há um sentido de
transcendência humana, que existe
algo maior do que a nossa existência
visceral”, disse.
Ateus querem
construir templo
evangélicas brasileiras. Com discurso
otimista, a ASEC acredita no aqueci-
mento deste segmento do mercado de
livros (um aumento de 14,4%
nas vendas em 2012) e aposta
na realização da feira como
um excelente balcão de
negócios entre editoras,
livrarias e consumidores.
A associação quer tam-
bém promover na FLIC uma discussão
de alto nível sobre a literatura cristã e o
cristianismo no Brasil. Para isso, have-
rá bate-papos com autores, encenação
de contos e histórias, sarau literário,
congressos e cursos em geral nas áreas
de teologia, família, liderança, mulhe-
res, infantil e infanto-juvenil, juventu-
de, missões, artes, ação social etc.
Pela primeira vez o público poderá
votar no Prêmio Arete, uma premiação
que elege as melhores publicações
do universo editorial evangélico
brasileiro. Os vencedores serão
anunciados durante o evento.
A Sociedade Bíblica do Brasil
(SBB) quer doar 10 mil Novos
Testamentos em áudio para apoiar
as ações evangelizadoras dos
obreiros que atuam em lugarejos
com alto índice de analfabetismo
no Sertão Nordestino. Para
isso, lançou uma campanha de
arrecadação. O alvo é arrecadar 100
mil reais. Até janeiro a SBB havia
conseguido pouco menos de 10
mil.
Para o pastor Eude Martins,
coordenador da campanha, há um
grande índice de analfabetismo na
região e a população gosta muito
de rádio e de ouvir CD. Segundo
ele, “mesmo faltando televisão
em algumas residências, não falta
aparelho de rádio com CD player
acoplado”. A ideia é formar grupos
de audição nos lares ou nas igrejas.
no blog do Guilherme de Carvalho
ultimato.com.br/blogs
Notícias sobre a FLIC, no portal
ultimato.com.br
+
+
22 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
“
“
Q
uem diz isso não é uma pessoa
qualquer. Não é um exagerado nem
um simplório. Essas palavras, que
parecem radicais, foram pronunciadas
pelo médico e pregador Martyn Lloyd-Jones, do
púlpito da Capela de Westminster, no centro de
Londres, na primeira metade do século 20.
Como se verá nesta matéria de capa,
Lloyd-Jones tem toda razão: se você ainda não
está atado a Cristo, pela convicção e pela fé, então
você, a rigor, ainda não é um cristão. É necessário
que você admita isso, humilde e honestamente,
tendo ou não rótulo de cristão, sendo católico,
protestante, carismático ou neopentecostal. Pode
ser que você esteja atado apenas ao Cristo do
evangelho da prosperidade, do evangelho social e
da teologia liberal, mas não ao Verbo feito carne.
[Capa][Capa]
Sevocê
não está atado	
a Cristo, você
não é Cristão
O Jesus que tomou sobre si os nossos pecados e
nos trouxe perdão, que morreu e ressuscitou, que
está sentado à direita do Pai, que colocou debaixo
dos pés os estragos da queda e do pecado e que
voltará em poder e muita glória — esse é o único
Jesus. Não há outro. Fora do Jesus do Antigo e do
Novo Testamentos, qualquer outro seria vulgar e
mesmo desnecessário.
A cristologia bíblica é fantástica, coerente,
convidativa, redentora e gloriosa. Agarre-se a esse
Jesus e não a outro.
Só é possível conhecer Jesus Cristo como ele
de fato é, removendo as escamas que estão nos
olhos e o véu que se interpõe entre nós e ele. Essa
operação vem de cima (de Deus) e não de baixo
(do ser humano). Ela desce e não sobe. É graça
pura, que pode ser suplicada!
MarcinKrawczyk
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 23
O nome acima de
qualquer outro nome
P
aulo não diz que o nome de Jesus será o
mais importante de todos os nomes. Ele já
é o nome mais exaltado desde a ressurreição
e a ascensão. Mesmo antes da plenitude da
salvação. Muitos fatos são responsáveis por isso.
Para datar os acontecimentos anteriores ao
nascimento de Jesus, os historiadores escrevem o ano
acompanhado da sigla “a.C.” (antes de Cristo). Para
datar os acontecimentos imediatamente posteriores,
usam “d.C.” (depois de Cristo). Para fornecer qualquer
documento, os escrivães colocam o ano seguido da
expressão “da era cristã”.
Por chamarmos de domingo (o dia do Senhor) o
primeiro dia da semana, quer saibamos ou não, quer
creiamos ou não, relembramos de sete em sete dias um
dos pilares do cristianismo: a ressurreição de Jesus.
Mesmo desconhecendo o solene significado da cruz,
ela é o símbolo religioso mais exposto. Mais do que
a estrela de Davi, do judaísmo, o crescente lunar, do
islamismo, a palavra OM, em sânscrito, do hinduísmo,
a roda viva, do budismo, e o torii, dos xintoístas. A
cruz está em todo lugar — nas igrejas, nos cemitérios,
no alto dos morros, nos nichos, nos monumentos, nas
pinturas, nos adornos, nas tatuagens.
Mais da metade do credo dos apóstolos refere-se
a Jesus Cristo. A declaração “creio em Jesus” é a mais
antiga, a mais conhecida e a mais repetida de todas as
confissões de fé da igreja cristã por quase dois milênios.
As Escrituras Sagradas são o mais antigo, o mais
traduzido, o mais vendido e o mais lido best-seller, que
testifica de Jesus tanto no Antigo Testamento como no
Novo.
A maior de todas as declarações de amor, a mais
divulgada e a mais decorada em qualquer lugar onde
haja pelo menos um cristão, diz respeito a Jesus:
“Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu
único Filho, para que todo aquele que nele crer não
morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
O Natal (que aponta para o fato de que o Verbo se
fez carne) e a Sexta-feira da Paixão (que aponta para a
ruptura do véu que separava o Criador da criatura) são
os feriados mais consagrados e mais internacionais do
calendário ocidental.
A cerimônia religiosa mais repetida em todos os
círculos cristãos desde que foi instituída (na véspera
da crucificação) — celebrada por alguns todos os dias
e, por outros, todos os domingos, todos os meses ou
todos os anos — rememora a pessoa de Jesus Cristo
e seu sacrifício vicário (“Façam isso em memória de
mim”). Chama-se Santa Ceia, Eucaristia ou o partir do
pão.
Jesus é o filme mais traduzido — para mais de 1.060
línguas e dialetos —, mais projetado e mais visto —
por mais de 200 milhões de pessoas — da história.
O que ainda não aconteceu é o momento em que
todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos
mortos vão cair de joelhos e declarar abertamente que
Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11).
24 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
A imagem visível do
E
nquanto o Evangelho de
Mateus e o Evangelho de
Lucas começam a história
de Jesus contando o seu
nascimento, as primeiras palavras do
Evangelho de João são bem resumidas:
“No princípio [o mais remoto de
todos os princípios] era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus e o Verbo era
Deus” (Jo 1.1).
Com apenas dezessete palavras (no
original grego) o apóstolo nos leva às
alturas e nos faz viajar no tempo. De
acordo com esse prólogo, entendemos
a declaração de Jesus que deixou os
fariseus enraivecidos: “Eu lhes afirmo
que antes de Abraão nascer, Eu sou!”
(Jo 8.58).
A
mais antiga promessa a
respeito de Jesus foi feita
pelo próprio Deus, pouco
depois da criação dos
céus e da terra que agora existem,
e imediatamente após a queda do
ser humano: “De agora em diante,
você [a serpente] e a mulher [a mãe
de todos os seres humanos] serão
inimigas. O mesmo ocorrerá entre
a sua descendência [as potestades
do ar] e a descendência dela [Jesus].
O descendente da mulher [Jesus]
esmagará a sua cabeça [a cabeça
da serpente], e você [serpente]
ferirá o calcanhar dele [de Jesus]”
(Gn 3.15).
Essa curta e enfática promessa
é conhecida como “o germe
da promessa messiânica”, “o
primeiro clarão da salvação”, “o
protoevangelho”.
Entre os muitos descendentes
da mulher, apenas um se encaixa
perfeitamente na primeira profecia
da história da religião. Ele descende
só da mulher, sem a participação de
homem algum, e recebeu o nome
de Jesus, que quer dizer: “O Senhor
é a salvação”.
O primeiro clarão da salvação
João assimila de tal modo a
eternidade de Jesus que acrescenta,
sem pestanejar, mais duas informações
solenes: “Todas as coisas foram feitas
por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez” (Jo 1.3) e “o
Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade, e vimos a
sua glória, glória como do unigênito
do Pai” (Jo 1.14).
Jesus é o único cuja história não
tem início no dia do nascimento nem
no dia da concepção. Quando se fez
carne, ele entrou no tempo e tornou-se
visível, audível e palpável. O propósito
da descida de Jesus do nível mais alto
para o nível mais baixo é fazer-nos
subir deste para aquele.
É inegável que desde então e ao
longo da história tem havido entre
a serpente e a humanidade, entre o
bem e o mal, entre o justo e o injusto,
inimizade, hostilidade, antagonismo,
incompatibilidade, rivalidade, atrito
e repulsa mútua. Daquele dia em
diante o clima é de guerra e não de
paz. De guerra total, pois ninguém
está de fora apenas assistindo,
acompanhando, filmando. De guerra
cósmica, pois envolve extraterrestres
(anjos e demônios). Não há outro
pronunciamento tão explicativo para a
nossa conturbada história como esse.
Quando o Verbo se fez carne, ele
somou a natureza humana à natureza
divina e tornou-se tanto “Filho de
Deus” como “Filho do homem”. Ele
não deixa de ser Deus quando toma a
forma humana (Fp 2.1-8) nem deixa de
ser homem quando ressuscita dentre os
mortos (Lc 24.39-43; Jo 20.27). Por
sua natureza divina, Jesus está acima
das leis cósmicas e não debaixo delas.
Assim, realiza muitas coisas impossíveis
ao homem. Por sua natureza humana,
experimenta coisas que não combinam
com a sua divindade, tais como ter
fome, sede, sono e se sentir cansado.
Ao se fazer carne, Jesus passou a ser
“a imagem visível do Deus invisível”
(Cl 1.15)!
Deus invisível
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 25
andou sobre o mar?
com uma só ordem fez parar
o vento, os relâmpagos, os
trovões e a tempestade do mar?
com uma só palavra fez secar
uma figueira?
transformou 600 litros de água
em vinho da melhor qualidade?
multiplicou cinco pães e dois
peixes para satisfazer mais de
5 mil estômagos e ainda fez
sobrar doze cestos?
cura toda sorte de doenças,
desde uma simples febre até
um paralítico de nascença?
é capaz de reimplantar, fora
de um centro cirúrgico, uma
orelha decepada?
consegue parar um cortejo
fúnebre e ordenar ao morto
que saia do caixão?
tem poder para fazer viver
outra vez um morto já
sepultado e em estado de
putrefação?
no tempo e no espaço torna a
viver, por seu próprio poder, e
abandona o túmulo por conta
própria?
Porém, a unicidade de Jesus vai
além disso. Quem mais...
amou como ele amou?
falou com tanta autoridade
como ele?
perdoou como ele?
sofreu como ele?
se deu aos outros como ele?
suportou desafios, escárnios e
injustiça como ele?
deu a vida como oferta pelo
pecado como ele?
é imatável como ele?
derramou voluntariamente a
alma na morte como ele?
proferiu palavras tão duras sem
pecar como ele?
não se apegou aos seus direitos
como ele?
se esvaziou como ele?
se humilhou sendo obediente
até a morte e morte de cruz?
A unicidade de Jesus continua.
Quem afinal é...
o pão da vida?
a luz do mundo?
o bom pastor?
a ressurreição e a vida?
o caminho, a verdade e a vida?
a videira verdadeira?
o único mediador entre Deus e
os homens?
o nosso intercessor junto ao Pai
em caso de pecado e culpa?
a propiciação pelos nossos
pecados?
São até aqui 32 interrogações
a respeito da unicidade de
Jesus. Outras poderiam ser
formuladas. O que importa é
que todas têm uma só resposta:
Jesus Cristo!
Jesus é o único a
fazer o que fez
N
a noite em que foi traído e instituiu a Santa Ceia, em
uma reunião reservada, em certo cenáculo de Jerusalém,
Jesus se abriu com os discípulos: “Se eu não tivesse
realizado obras que ninguém mais fez, [aqueles que
me viram ou ouviram] não seriam considerados culpados. Mas
agora, eles as viram, e mesmo assim odeiam a mim e ao meu Pai”
(Jo 15.24). Ele é o único a fazer o que fez. Além dele, quem mais...MichaelFaes
26 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Em Cristo não somos caloteiros
E
m poucas palavras, o teólogo brasileiro Alfredo
Borges Teixeira (1878–1975) explica o sacrifício
vicário do Filho unigênito de Deus: “A Jesus foram
imputados os pecados dos homens e aos homens
foi imputada a justiça de Jesus”.
Há uma dupla transferência: a culpa pelos nossos pecados
do passado, do presente e do futuro passa para Jesus e a
justiça dele é transmitida a nós. Há uma substituição: Jesus
recebe em nosso lugar
a justa retribuição que
nossos pecados merecem.
O resultado é a eliminação
definitiva e irrevogável
da nossa culpa pelo
cumprimento da punição
que ela merece. Esse gesto
de maravilhosa graça
proporciona a libertação da
culpa do pecado. Quando
o pecador conhece e aceita
a oferta de salvação, é salvo
e deixa de ser réu.
O livramento, embora
planejado antes da
fundação do mundo
(1Pe 1.20) e da queda
do homem e anunciado
progressivamente no
Antigo Testamento, se
concretiza na Sexta-Feira
da Paixão, entre o meio-
dia e as três horas da tarde,
em uma colina fora dos muros de Jerusalém, chamada de
Lugar da Caveira, Calvário ou Gólgota (em aramaico). Entre
os acontecimentos misteriosos e aterrorizantes que se deram
durante ou logo após a crucificação de Jesus (escuridão,
tremor de terra e abertura de túmulos, dos quais saíram
alguns mortos), o mais significativo foi o rompimento do
véu do templo, que se rasgou de cima a baixo (Mt 27.51).
Este sinal demonstra o sucesso do sacrifício expiatório de
Jesus e confirma todos os seus sete “Eu sou”, notadamente, o
“Eu sou a porta” (Jo 10.7), “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.14)
e “Eu sou o caminho” (Jo 14.6).
Por causa da morte vicária, João Batista apresenta Jesus
como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(Jo 1.29); o apóstolo João assevera que “o sangue de Jesus,
o seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.7); e Paulo
garante que Deus perdoou todos os pecados e “riscou essa
condenação que pesava sobre as nossas cabeças, anulando-a
completamente e pregando-a na cruz sobre a sua própria
cabeça” (Cl 2.14).
O fato é que para livrar o pecador da culpa, da dívida,
da vergonha, do fardo — o Cordeiro de Deus assumiu
consciente e voluntariamente a culpa, a dívida, a vergonha e
o fardo do pecador contrito e sofreu o castigo que era dele.
O complicado
cerimonial provisório
do Antigo Testamento
perdeu o valor por
um sacrifício melhor,
perfeito e único.
Porque o sangue de
touros e bodes não
pôde, de modo algum,
tirar os pecados de
ninguém. Jesus, ao
entrar na história,
declara: “Estou aqui, ó
Deus, para fazer a tua
vontade”. E porque
Jesus Cristo fez o que
Deus quis, nós somos
purificados do pecado,
por meio da oferta de
seu corpo uma vez por
todas (Hb 10.5-14).
Para ser salvo sem
a obra vicária de
Cristo, o ser humano
precisaria obedecer à lei de Deus sem nem um deslize
sequer, o que nunca aconteceria. Ou, então, pagar a dívida
contraída pela desobediência, o que ninguém conseguiria
nem nesta vida nem nas chamadas reencarnações. Deus
não aceita boas obras como pagamento da dívida. A única
solução está na obediência ativa e passiva à lei divina, que
Cristo realizou no lugar do pecador. Alfredo Borges Teixeira
explica que a obediência ativa de Cristo consiste no fato de
ele nunca ter pecado e a obediência passiva de Cristo consiste
no fato de Jesus ter sido obediente até a morte vicária, por
meio da qual a cortina que separava o absolutamente santo
do absolutamente pecador se rasgou. Essa obediência é o
cobertor da salvação, ou o manto da justiça, com o qual
fomos eficazmente cobertos. Em Cristo não somos mais
caloteiros!
ShiYali
o Cordeiro de Deus assumiu consciente
e voluntariamente a culpa, a dívida, a
vergonha e o fardo do pecador contrito
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 27
Jesus no “Livro das Coisas Melhores”
A cruz
cravejada
de notas
de débito
A
Epístola aos Hebreus, escrita antes da destruição
de Jerusalém, no ano 70, é endereçada não a uma
igreja ou a uma pessoa, mas “aos hebreus”, cristãos
de origem judaica da diáspora.
Foi escrita por alguém que conhecia bem o Antigo
Testamento, talvez Paulo, Barnabé ou Apolo. Outros nomes
cotados seriam Lucas, Priscila, Silas e Epafras.
Essa epístola, a terceira maior das 21 epístolas (junto com
a de 2 Coríntios), “podia ser chamada o ‘Livro das Coisas
Melhores’, visto que as duas palavras gregas traduzidas por
‘melhor’ e ‘superior’ ocorrem quinze vezes na carta”.1
Fala-se
em uma melhor aliança, em um melhor santuário e em um
melhor sacrifício.
O tema é a total supremacia e suficiência de Cristo. O autor
tinha em vista dois sérios perigos: o retorno dos hebreus ao
judaísmo ou a tentativa deles de judaizarem o evangelho. O
capítulo mais conhecido (talvez o único) é o capítulo onze,
que enumera os heróis da fé.
Logo no início, no primeiro capítulo, há algumas
referências à proeminência de Jesus. A NTLH (Nova Tradução
na Linguagem de Hoje) chama-o de Filho por sete vezes.
Jesus é o porta-voz de Deus: “Antigamente, por meio dos
profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos
nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou
por meio do seu Filho” (v. 2).
Jesus é o dono de tudo: “Foi ele quem Deus escolheu para
possuir todas as coisas” (v. 2 ).
Jesus é o criador do universo: “Foi por meio dele que Deus
criou o universo” (v. 2).
Jesus é o próprio Deus: “O Filho é a perfeita semelhança do
próprio Deus” [a expressão exata de seu ser] (v. 3).
Jesus é o sustentador de tudo: “Ele sustenta o universo com a
sua palavra poderosa” (v. 3).
Jesus é o purificador do pecado: “Depois de ter purificado os
seres humanos de seus pecados, sentou-se no céu, do lado
direito de Deus, o Todo-poderoso” (v. 3).
Jesus é superior aos anjos: “Deus fez com que o Filho fosse
superior aos anjos e lhe deu um nome que é superior ao
nome deles” (v. 4).
Jesus é o enviado de Deus: “Quando Deus enviou ao mundo
o seu primeiro Filho, ele disse: ‘Que todos os anjos o
adorem’” (v. 6).
Jesus é o soberano Senhor: “Sente-se do meu lado direito, até
que eu ponha os seus inimigos como estrado dos seus pés”
(v. 13).
Nota
1. Bíblia de Estudo NVI
O que Deus perdoou?
Todos os nossos pecados
Todas as nossas falhas
Todos os nossos deslizes
O que Deus fez?
Aboliu, anulou, apagou
Cancelou, deixou de lado, destruiu
Eliminou, fez desaparecer, reduziu a nada
Removeu, riscou, suprimiu
O que Deus cancelou?
O documento contrário a nós
A condenação que pesava sobre nós
O título da dívida que havia contra nós
O documento manuscrito que era contra nós
O comprovante da nossa dívida
Que fim Deus deu ao título de dívida?
Depois de anular
Depois de cancelar
Depois de remover
Depois de riscar
Deus encravou tudo na cruz!
Fonte: Colossenses 2.14 em diferentes versões
AmondoSzegi
Jesus na edição 271, no portal
ultimato.com.br/revista/271
+
28 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
J
esus estava com Deus desde
o princípio e que o mundo
foi feito por ele;
Maria tenha engravidado
sem ter relações sexuais com o
carpinteiro ou com outro homem;
Jesus era Deus e homem ao mesmo
tempo ou alternadamente. Ele não era
um ser humanizado nem divinizado.
Era simplesmente um ser humano,
igual a nós: nasceu, viveu e morreu;
Jesus era o Cordeiro de Deus que
tira o pecado. Nem mesmo creio em
pecado. Pode haver equívocos, erros,
falhas e insucessos, mas nunca pecado.
Pecado é uma palavra inventada pelo
cristianismo para meter medo;
Jesus é imatável. Essa palavra nem
sequer existe. Ele não foi jogado
precipício abaixo em Nazaré nem
apedrejado em Jerusalém, porque em
ambas ocasiões ele apenas fugiu com
ajuda dos discípulos;
A água tenha sido transformada em
vinho e que os pães e peixes tenham
sido multiplicados. Pode ter havido
algum truque ou coisa inventada para
promover o Nazareno e enfraquecer o
poder do Império Romano;
Jesus tenha dado vista aos cegos,
audição aos surdos, fala aos mudos,
cura aos doentes; Uma mulher
permaneceu menstruada por doze
anos nem que Jesus estancou o
sangue dela. Se houve uma ou outra
cura de doenças mais leves foi por
causa do aparato armado por Jesus
e os discípulos. Foi uma questão
psicológica;
Jesus tenha ressuscitado a filha
de Jairo, o filho da viúva de Naim
e o irmão de Maria e Marta. Além
de impossíveis, essas coisas nunca
aconteceram;
eu Não creioNão creio
que...
Jesus tenha patinado sobre a
superfície líquida do mar da Galileia.
Creria se houvesse inverno rigoroso
naquela região e naquela época do
ano capaz de congelar a água do lago.
A tempestade estava passando e ele
aproveitou para dar a impressão de
que era maior do que as forças da
natureza;
Jesus tenha tornado a viver três dias
depois de sua morte e sepultamento
nem que tenha aparecido em vários
lugares por um espaço de quarenta
dias. A guarda inventou o drama da
ressurreição, tendo em vista a grande
soma de dinheiro que receberia do
Sinédrio. A mentira dos guardas foi a
notícia da ressurreição e não a notícia
de que o corpo de Jesus teria sido
levado para um lugar ignorado pelos
discípulos. Jesus foi enterrado em uma
cova rasa e permaneceu para todo
sempre no mundo dos mortos (que os
judeus chamam de Hades);
Jesus foi assunto aos céus e que
uma nuvem o tenha encoberto, nem
que ele tenha se assentado à direita de
Deus para então arrumar os estragos
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 29
Em português
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor, o qual foi concebido por obra
do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria;
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi
crucificado, morto e sepultado; desceu ao
Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
subiu aos céus; está assentado à mão direita
de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de
vir para julgar os vivos e os mortos.
Em latim
Credo in Iesum Christum, Filium Eius
unicum
Em espanhol
Creo en Jesucristo, su único Hijo, Nuestro
Señor
Em inglês
I believe in Jesus Christ, his only Son, our
Lord
Em francês
Je crois en Jésus Christ, son Fils unique,
notre Seigneur
Em alemão
Ich glaube Und an Jesus Christus, seinen
eingeborenen Sohn
Em coreano
그 외아들 우리 주 예수 그리스도를
믿사오니,
Em japonês
我はその独り子、我らの主、イエス・キ
リストを信ず。
* Uma declaração de fé usada pelos cristãos
desde meados do segundo século e repetida
até hoje por todos os cristãos (católico-
romanos, grego-ortodoxos e protestantes).
eu creio O credo dos
apóstolos*
(Apenas o parágrafo que se
refere a Jesus Cristo)
LizValente
provocados pela chamada queda
do homem nem, ainda, que há de
voltar “em poder e muita glória”
para julgar. Nada disso aconteceu
nem vai acontecer. Não existe
esperança em um morto que a
morte levou irreversivelmente
Não há Apocalipse. Se a
humanidade não evoluir por
conta própria, as coisas vão
continuar perenemente como
estão. A realidade é muito melhor
do que a fantasia!
Pode ser difícil achar alguém
que verbalize todas essas
negações. Talvez, para a maioria
dos descrentes, uma ou duas delas
bastem para não levar a sério as
afirmações da fé cristã. Ainda
bem que o testemunho do cristão
pode balançar a dificuldade de
crer do não cristão, contribuindo
para levá-lo à fé. Afinal, os
seguidores de Jesus são (ou
deveriam ser) o sal da terra e a luz
do mundo, para que os demais
vejam as suas boas obras e estas
glorifiquem a Deus (Mt 5.16).
30 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
É
tudo muito
simples. O
primeiro clarão
da salvação está
em Gênesis, o primeiro
livro da Bíblia. O segundo
está em Apocalipse, o
último livro da Bíblia.
O primeiro clarão é uma
promessa anunciada; o
segundo, uma promessa
cumprida. O primeiro
clarão vem depois da
criação do céu e da terra;
o segundo culmina com
a criação de novos céus
e nova terra. O primeiro
clarão fornece uma
pálida imagem de Jesus
(diz-se apenas que ele é “o
descendente da mulher”);
T
alvez a mais solene das
profecias messiânicas de
Isaías seja esta: “[Porque]
vocês estão confiando
em mentiras e pensam que a
desonestidade os protegerá [da terrível
desgraça], o Senhor Deus diz: ‘Estou
colocando em Sião uma pedra, uma
pedra preciosa que eu escolhi, para
ser a pedra principal do alicerce’.
Nela está escrito
isto: ‘Quem tem fé
não tem medo’” (Is
28.16).
A pedra à qual o
texto se refere não é
qualquer pedra. As
diferentes versões
usam uma grande
quantidade de
sinônimos e dizem
que se trata de
uma pedra angular,
básica, escolhida,
estabelecida, experimentada, firme,
fundamental, preciosa, principal,
provada, segura, sólida, testada e
valiosa. É uma pedra de granito (BJ),
um bloco escolhido (EPC), “uma
pedra para ser a principal pedra do
alicerce firme e precioso sobre o qual
se pode construir em segurança”
(NBV), uma pedra “para alicerce
seguro” (NVI).
Em qualquer tempo, lugar e
circunstância, quem levar essa pedra
a sério, quem nela crer, nela confiar,
nela se apoiar, jamais terá medo,
será abalado, ficará desiludido ou
vacilará. Porém, quem não conhecer
ou levar em consideração esse bloco
Uma pedra de granito
no alicerce para
prevenir desabamentos
de granito, verá implacavelmente o
deslizamento, o desmoronamento,
a destruição de toda esperança, de
todo o conteúdo da fé religiosa. É
por isso que essa pedra é também
chamada “pedra de tropeço” (Is 8.14;
Rm 9.32; 1Pe 2.8). Ela pode nos fazer
tropeçar ou mesmo cair na escalada da
salvação, sem que haja possibilidade
de retrocesso.
Resta saber quem
é a pedra angular,
a primeira pedra, a
pedra de absoluta
confiança que sustenta
todo o edifício da
salvação. A resposta
é óbvia: “A pedra
fundamental desse
edifício [a igreja] é o
próprio Jesus Cristo”
(Ef 2.20).
Pedro estava
absolutamente certo
disso quando, cheio do Espírito
Santo, declarou ao Sinédrio judaico:
“Jesus é aquele de quem as Escrituras
Sagradas dizem: ‘A pedra que vocês,
os construtores, rejeitaram veio a ser
a mais importante de todas’, [pois] a
salvação só pode ser conseguida por
meio dele” (At 4.11-12).
Em vez de ser a tremenda pedra de
salvação, Jesus pode ser a tremenda
pedra de tropeço para os descrentes,
os de dura cerviz, os guias religiosos
vazios e irresponsáveis, os teólogos
liberais, os reencarnacionistas e os
cristãos apenas de nome.
Nota: Sobre as versões da Bíblia citadas, ver pág. 7.
Em qualquer
tempo, quem
levar essa
pedra a sério,
jamais terá
medo ou será
abalado
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 31
O último clarão da salvação
o segundo fornece uma gloriosa imagem de Jesus (ele é o
Rei dos reis, o Senhor dos senhores). O primeiro clarão
é como o momento da concepção; o segundo, como o
momento do parto. Apertados entre um momento e outro
estão o desenvolvimento e a história da salvação, que nem
todos enxergam. No primeiro clarão a serpente é ameaçada
(o descendente da mulher esmagará a cabeça da serpente);
no segundo, o diabo, a antiga serpente, é jogado no lago de
fogo e enxofre para ser atormentado para todo o sempre, de
dia e de noite (Ap 20.10).
No Apocalipse, isto é, na “revelação de Jesus Cristo”
(Ap 1.1), ou no levantar da cortina (desvelamento da
imagem de Jesus), começa o último ato da história da
salvação. O Jesus do Apocalipse não é o desfigurado,
o desprezado e rejeitado, o varão de dores, o oprimido
e afligido, o Cordeiro levado para o matadouro, o
crucificado, o transpassado, o ensanguentado, não é
simplesmente o rei dos judeus, não tem uma coroa de
espinhos na cabeça nem uma cana seca na mão!
No Apocalipse, Jesus é o primeiro a se levantar da morte
para não morrer mais; é mais importante do que qualquer
rei da terra (1.5); é o que vem com as nuvens (1.7); é o
Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas; o
Senhor Todo-Poderoso (1.8); é o vivente que morreu, mas
que agora está vivo para sempre; o que tem as chaves da
morte e do inferno (1.18; 2.8); é o santo e verdadeiro, que
tem a chave de Davi para abrir o que ninguém pode fechar
e fechar o que ninguém pode abrir (3.7); é a fonte primitiva
da criação de Deus (3.14); é aquele que permanece à
porta e que está batendo sempre (3.20); é o Leão da tribo
de Judá, que venceu e se mostrou digno de abrir o livro
e quebrar os sete selos que empurravam a história para
frente (5.5); é aquele que é digno de receber o poder, e
a riqueza, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória e
o louvor (5.12); é aquele de quem vem a nossa salvação
(7.10); é aquele que enxuga toda lágrima dos olhos de suas
ovelhas (7.17); é o Rei de todos os reis e Senhor de todos os
senhores (17.14); é a candeia que ilumina a nova Jerusalém
(21.23); é a brilhante Estrela da Manhã (22.16).
Esse último ato de salvação nunca termina, o último
clarão da salvação nunca se apaga, pois Jesus nunca se retira
do palco da salvação!
32 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
daqueles dias, diz o Senhor: Na mente,
lhes imprimirei as minhas leis, também
no coração lhas inscreverei; eu serei
o seu Deus, e eles serão o meu povo”
(Jr 31.33). O apóstolo Pedro faz coro,
dizendo: “Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim
de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para sua
maravilhosa luz; vós, sim, que, antes,
não éreis povo, mas, agora, sois povo
de Deus, que não tínheis alcançado
misericórdia, mas, agora, alcançastes
misericórdia” (1Pe 2.9-10).
Conversão significa responder ao
chamado de Cristo em obediência e fé,
renunciar o mundo e viver como povo
santo de Deus. Isto requer separação
e contraste. É por esta razão que Jesus
disse aos discípulos que, se eles fossem
do mundo, o mundo os amaria; porém,
como eles foram chamados do mundo
para Cristo, o mundo os odeia como
também o odiou (Jo 15.18-19). Viver
como Cristo viveu implica participar
do mesmo sofrimento e das mesmas
alegrias. Jesus afirmou: “O servo não é
maior que o seu Senhor”.
A esperança para o mundo repousa
neste povo separado por Deus. Um
povo cuja vida, relacionamentos,
conduta, ética, moral, expõem
o contraste entre a humanidade
pretendida por Deus e revelada em
Jesus Cristo e a forma como o mundo
e a cultura se estruturam sem Deus.
Este contraste traz esperança para
alguns, tensões para outros e, inclusive,
incompreensão e perseguição.
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do
Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília.
É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.
que importa. O discurso cristão não é
mais contracultural. O mundo e a carne
deixam de ser inimigos. Ser cristão
significa sentir-se bem e ajustado com a
cultura secularizada.
Contudo, o chamado para sermos
santos permanece central para a vida
cristã. Mesmo que nossa compreensão
seja limitada ou condicionada por
modelos culturais, a identidade cristã
repousa sobre o fato de que Deus é
santo e, porque ele é santo, somos
chamados a ser santos como ele. E o
que isso quer dizer?
O reverendo J. I. Packer afirma que a
santidade envolve separação e contraste.
A vida de Jesus ilustra bem isto. Por
um lado, ele afirma que seu reino não é
deste mundo (separação). Por outro, a
forma como vive representa um enorme
contraste com a cultura da época.
Ser santo é ser separado do mundo.
Não uma separação alienada ou
esquizofrênica, mas sim uma separação
que intensifica o contraste entre o
mundo e o reino de Deus.
Tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, Deus chama e separa um
povo para ser seu, um povo sobre o qual
ele reina e governa. O profeta Jeremias
reafirma o significado da aliança,
dizendo: “Porque esta é a aliança que
firmarei com a casa de Israel, depois
O CAMINHO DO CORAçãO Ricardo Barbosa
Conversão significa
responder ao chamado
de Cristo, renunciar o
mundo e viver como
povo santo de Deus
S
ou de uma geração que
ouviu falar muito sobre
santidade. Na minha
juventude havia uma
preocupação sincera
com a necessidade de se viver uma vida
santa. Livros como Em Seus Passos o
Que Faria Jesus? e a constante pergunta
se Jesus faria o mesmo no meu lugar
funcionavam como uma forma de freio
moral. A luta contra os três grandes
inimigos da santidade — o diabo, o
mundo e a carne — era levada a sério.
A vontade de resistir-lhes era grande. A
luta era incansável.
A busca pela santidade trouxe, para
muitos, um tipo de paranoia, uma
preocupação com a “perfeição” moral
que negava o prazer. Isto levou alguns
a abandonarem a fé, a fim de preservar
a sanidade. Outros, sem abandoná-
la, tornaram-se cínicos em relação ao
discurso moralista cristão. As mudanças
sociais dos anos 60 e 70 questionaram
a herança cristã vitoriana, promovendo
uma mudança de paradigmas.
A partir dos anos 80, o tema da
santidade perdeu força e interesse.
Em seu lugar, entrou a preocupação
com a “saúde espiritual”. Cresceu a
busca por uma espiritualidade mais
humana, centrada no bem-estar pessoal
e no reconhecimento do prazer como
expressão saudável da fé. Se o velho
modelo era fundamentado na renúncia
e no sacrifício, o novo foi construído
sob o alicerce do prazer e da aceitação.
Entramos no século 21 e percebemos
que “saúde espiritual” tornou-se
sinônimo de “saúde emocional” e
substituto para a salvação por meio do
arrependimento e da fé. Sentir-se bem
e ter saúde emocional e espiritual é o
Separação e contraste
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 33
34 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 35
36 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 37
irrelevante, incapaz de dialogar com a
sociedade.
Se nos sábados à noite vamos à
casa do Zé para beber vinho, fumar
charutos e discutir questões bíblicas,
esta é a nossa igreja. Fumar charutos e
beber vinho passam a ser nossas práticas
religiosas. A casa do Zé ou da Maria
se institucionaliza e se torna nosso
“templo”. Assim é o ser humano, assim
se forma a cultura. É arrogante pensar
que essa pseudo não forma é melhor do
que uma proposta atual ou histórica.
Quando entendemos a verdadeira
natureza do evangelho, percebemos que
a religião cristã não é a grande inimiga.
Antes, o vazio dela o é. Jesus não pregou
a rejeição às formas culturais da religião,
mas a encheu de graça e significado. Ao
fazê-lo, virou o establishment religioso
de cabeça para baixo. Não porque os
odiasse, mas porque os amava. Quando
entendemos este amor, passamos a
colecionar as graças mais diversas
encontradas por toda parte e em todas
as formas religiosas. Passamos a nos
compadecer dos homens que tentam
reproduzir o sublime tanto nas igrejas-
garagens como nas catedrais.
A graça se torna história coletiva e
toma a forma da casinha de madeira
que hospedou a primeira Assembleia
de Deus fundada no Brasil ou da
catedral Metodista, de concreto cinza,
ainda imponente, e que diz ao bairro
Liberdade, em São Paulo: “Ele se
importa”. A graça se torna memória
nos hinos antigos e coletiva quando sai
de mim e é formalizada no plural, no
serviço religioso. Negar a importância
dos símbolos, dos cheiros, dos sons da
mensagem sublime de Deus, manifesta
na religião, é negar a nossa condição
humana.
O Verbo se fez carne. Para que
continue se fazendo carne hoje, ele nos
chama como somos: seres culturais.
Seres que sinalizam a mensagem divina
por meiox de ideias, rituais, hábitos,
projetos arquitetônicos, propostas de
ressocialização, conversas, pregações,
músicas, pinturas, esculturas. Tudo o
que faz parte da vida humana pode ser
transformado em mensagem divina.
Este processo de divinização coletivizada
se chama religião.
É preferível, então, se ter religião a
ser religioso. O religioso é aquele que
faz da forma o seu deus. Pergunto-me se
não é isto que muitos dos que protestam
contra a religião estão fazendo. O
Deus que advogam é tão pequeno que
não pode se misturar à história e à
sociedade humana e sair incólume. Jesus
é diferente. Senta-se humildemente na
igreja-garagem ou levanta-se com voz
impostada para pregar nas catedrais,
sempre ocupado em tocar vidas.
Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta
anos. Hoje mora em Kailua-Kona, no Havaí, com sua
família e está envolvida em projetos internacionais de
desenvolvimento na Ásia. É autora de Chamado Radical.
braulia_ribeiro@yahoo.com
religião@eu.com
Bráulia Ribeiro DA LINHA DE FRENTE
R
idicularizar a religião é
hoje esporte popular. O
irônico é que até pastores
e profissionais religiosos se
especializam em maldizê-
la. Não sem razão, pois o estado atual
do evangelicalismo brasileiro provoca
náuseas. Porém, a onda de revolta contra
a religião não é apenas nossa. O debate,
que tem ar virtuoso, circula o Ocidente
e é alimentado por vídeos virais e pelas
mídias sociais. O jovem que aparece em
um vídeo no youtube, em uma praça,
dizendo que odeia a religião, mas ama
Jesus tem jeito de herói.
Pergunto-me se existe mesmo virtude
nessa conversa. Haveria a possibilidade
de dar alguma resposta a Jesus e ao
seu amor sem que ela tomasse uma
forma social? O debate é, no mínimo,
inócuo. Não conduz a nenhuma atitude
transformadora, mas a um orgulho
excludente.
O Brasil de hoje precisa levar a
sério a religião. Os protestantes atuais,
dados à iconoclastia e à difamação
indiscriminada uns dos outros, odeiam
esta palavra e tudo o que se relaciona
com ela. A verdadeira espiritualidade
vem sendo proclamada como uma
abstração de tudo. Abstrai-se o viver
em comunidade, pois a forma igreja já
não corresponde ao ideal; assim como
se abstrai o servir, o adorar, a mensagem
da salvação e a Bíblia. Só eu e você não
somos abstraídos. Aliás, continuamos
humanos e cheios de necessidades não
abstratas.
Temos de entender que a não forma
é uma forma. Pregar um evangelho sem
forma cultural alguma, sem nenhuma
proposta institucional, é torná-lo vazio,
Negar a importância dos
símbolos, dos cheiros, dos
sons da mensagem sublime
de Deus, manifesta na
religião, é negar a nossa
condição humana
38 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Você é a favor do sexo antes do casamento? Queria
saber se posso fazer sexo com minha namorada.
— Lucas, 19 anos
Lucas, a primeira coisa que me ocorre dizer é que quem
pergunta se pode, não pode. É isso que ensino para os jovens
na igreja onde sou pastor. A primeira referência ao assunto
na Bíblia está em Gênesis 2.24. “Deixar pai e mãe” implica
autonomia, isto é, tornar-se adulto, plenamente responsável
por suas ações e respectivas consequências. “Unir-se à
sua mulher” (ou cônjuge) indica um relacionamento
integral, com implicações não apenas físicas, mas também
psicoemocionais, espirituais e sociais, que envolvem
inclusive questões econômicas. “Tornar-se uma só carne”
indica a prática do sexo, não apenas relacionado ao prazer
lúdico do amor, mas também à perspectiva de gerar filhos.
O sexo é para pessoas adultas, emancipadas, responsáveis e
que se assumem integralmente para uma vida comum. Isso
chamamos de casamento. A relação entre um homem e uma
mulher deve caminhar para a integralidade. Há muita gente
casada no cartório que ainda não abandonou pai e mãe, não
se entregou totalmente ao outro e muito menos assumiu
o outro em termos integrais. São dois estranhos vivendo
sob o mesmo teto e dormindo na mesma cama, mas com
vidas paralelas. Vivem em pecado, distantes do propósito
de Deus para o caminho entre um homem e uma mulher.
Há também muita gente praticando sexo, mas vivendo
aquém do propósito de Deus. São apenas dois corpos que
se encontram, mas sem qualquer implicação ou perspectiva
de intimidade e afetividade nas dimensões psicoemocional
e espiritual, as quais denominamos amor. Sexo sem amor é
caminho de dissolução, que leva os praticantes a um estado
de incapacidade de amor denso e à vivência de “amores
aguados”, sem possibilidade de vinculação profunda e
entrega completa. O ideal cristão implica o desafio constante
de integrar sexo, amor e casamento.
O leitor
pergunta
Ed René Kivitz
Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia www.edrenekivitz.com
O pastor da igreja que frequento quer
fazer um congresso sobre prosperidade.
O que devo fazer?
O que fazer quando a igreja não atende
mais às expectativas, necessidades ou
critérios bíblicos e teológicos mínimos
considerados indispensáveis por você? São
pelo menos três as opções: 1. A maioria
das igrejas tem donos, quer sejam pastores
que a sustentam com seu carisma pessoal
e personalista, ou famílias fundadoras
que geralmente constituem o núcleo de
liderança em modelo feudal. A substituição
da liderança comunitária é um processo
lento, que pode levar anos, e até depender
da mudança de gerações. Há basicamente
dois motivos que justificam a substituição
de uma liderança eclesiástica: falta de
integridade (pecados varridos para debaixo
do tapete) e heresias (desvios doutrinários
de acordo com o consenso da comunidade);
2. Mudar de igreja nem sempre é a solução.
Até mesmo pela falta de opção. É o famoso
“trocar seis por meia dúzia”; 3. Cair em
uma espécie de clandestinidade dentro
da própria comunidade em questão, sem
afrontar ou se rebelar contra a liderança
instituída: desenvolver relações de serviço
mútuo e engajamento em ações diaconais
informais. Longe de ser o ideal, é um
mal menor. Em casos extremos, nada a
fazer senão buscar outro ambiente para a
experiência coletiva da fé. Triste cenário.
Extraordinário desafio esse (inegociável) de
viver em comunidade.
edrenekivitz@ultimato.com.br
Envie sua pergunta para:
Sexo Prosperidade
LizValente
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 39
40 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Não vou tomar o
nome de Deus em vão
S
e eu jurar por Deus que
a partir de hoje não
tomarei o santo nome
dele em vão, já estarei
fazendo o que não devo.
Jesus ampliou o terceiro mandamento
da lei de Deus proibindo qualquer
tipo de juramento, seja pelo céu, que
é o trono de Deus, pela terra, que é
o estrado onde ele descansa os pés,
ou por Jerusalém, que é a cidade do
grande rei. De acordo com o ensino
do Mestre, devo dizer simplesmente:
“Sim, eu farei” ou “não, eu não farei”
(Mt 5.34-37). Sendo assim, devo
apenas afirmar cuidadosamente:
“De hoje em diante, com o auxílio
de Deus, não vou usar o nome dele
aventureiramente”.
Reconheço que pronunciar o
nome de Deus não é brincadeira.
Ele não é para ser mencionado a
torto e a direito nem é para ser
repetido mecanicamente; não é uma
interjeição, nem panaceia, nem
talismã. Estou ciente de que não devo
DE HOJE EM DIANTE...
“tomar carona” no nome de Deus para
prometer alguma coisa, receber algo,
me valorizar ou ser ouvido. Tomarei
cuidado com certas expressões, como
“Deus me falou”, “Deus me mostrou”,
“Deus me enviou”.
Ao meu redor quase todos
mencionam o nome de Deus sem o
menor respeito, em novelas, programas
humorísticos, anedotas, brincadeiras,
piadas, pornochanchadas, charges,
mentiras etc. O nome mais alto, mais
santo, mais solene aparece de maneira
totalmente profana na televisão, no
rádio, no teatro, na música e nas
rodas de bebedores. Eu não posso
agir dessa maneira em casa ou no
templo, antes ou depois de orar: “Pai
Nosso, que estás nos céus, santificado
[e não profanado] seja o teu nome”
(Mt 6.9).
Preciso levar em consideração que
esse mandamento foi escrito pelo dedo
do próprio Deus — não no fino pó
que cobre as calçadas, nem em uma
cerâmica ou tabuleta de madeira, mas
em duas tábuas de pedra (Êx 31.18).
Frente a esse mandamento, não me
permitirei usar expressões rotineiras
que tomam o nome de Deus em vão,
como “Valha-me Deus”, “Deus me
livre”, “Deus me acuda”, “Deus me é
testemunha” etc.
Embora quebrassem outros
mandamentos, os judeus eram tão
ciosos dessa terceira obrigação que
só falavam o nome de Deus uma vez
por ano, no grande Dia da Expiação.
Contudo, somente uma pessoa podia
pronunciá-lo (o sumo sacerdote).
Não, de hoje em diante “trancarei”
a minha língua para não usar de forma
leviana e fútil o majestoso nome de
Deus. Essa decisão inclui a citação
de seu nome em orações formais e
adoração hipócrita. Antes de me chegar
aos lábios, o nome de Deus estará de
fato no meu coração (Is 29.13).
Ademais, não posso me esquecer
da cláusula que diz: “O Senhor não
deixará impune quem pronunciar o seu
santo nome em falso” (Êx 20.7).
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 41
Fontes da vida
Ramon Goulart
Ramon havia desistido
de gravar, depois de
lançar quatro trabalhos
autorais. É sempre
assim. O artista
independente é um eterno incompreendido.
Porém, movido por sonhos, recomeçou a compor
e sentiu-se desafiado a gravar algo novo. E aí está
um CD eletro soul. Para os arranjos, ele bebeu
nas fontes de Ed Mota, George Benson, Stevie
Wonder e outros “monstros”. A banda tem uma
“pegada” black soul consistente, semelhante à
dos anos 80, mesclada com uma parafernália
tecnológica atualíssima. Ramon adverte os que
ainda ouvirão o trabalho a não comparar Fontes
da vida com nada: “Apenas ouçam, leiam os textos
bíblicos relacionados e ouçam Deus falando com
vocês”. A produção do CD é do próprio Ramon,
que também fez os arranjos. Saiba mais pelo site
www.ramongoulart.com.br
Brasileirar
Sérgio Carvalho
Nos anos 80 e 90, Sérgio
Carvalho participou
de vários festivais na
região de onde vem — o
Centro-Oeste brasileiro
—, algo muito comum à época. Quase 30 anos
depois, ele reúne algumas composições e lança seu
primeiro CD. As canções descrevem momentos
especiais na vida do autor e da nação. A faixa
título, “Brasileirar”, é inspirada no movimento
dos caras pintadas, do começo dos anos 90, que
pediu o impeachment presidencial: “Um novo
quadro surgirá! Com muita fé e esperança, que
são os novos tons: Brasileirar!”. Destaque ainda
para as canções “Segredo de caminhar” e “Tens”.
Gravado e mixado no Estúdio Melodia, em
Brasília, o CD contou com a produção de Ronan
Barros. A arte gráfica é de Rodrigo Paiva e as
fotos, de Karina Viveiros. Contatos pelo e-mail
sergiocarvalho2001@gmail.com
Felipe Silveira
Felipe Silveira
Finalmente saiu o
aguardado trabalho
de Felipe Silveira.
Esperamos que
seja o primeiro de
muitos. Com arranjos na medida certa, o CD é
sonoramente limpo. Os competentes Osmário
Marinho (bateria), Sidiel Vieira (baixo acústico)
e João Alexandre (violão) — pai de Felipe —
somaram-se ao piano do rapaz, que revela grande
maturidade e sensibilidade nas composições
e arranjos. Há canções em parceria com Jorge
Camargo, Stênio Marcius, João Alexandre e
Diego Venâncio. Ademir Júnior (sax) e Bruno
Mangueira (guitarra) fazem participações mais
que especiais. Um CD que precisa ser ouvido,
necessariamente, com tempo e dedicação, na
quietude. Como toda boa arte, não é para ser
consumido, mas fruído. A produção é de Davi
Heller, do Toca de Barro Produções.
Melodia
Rapha Sousas
Rapha Sousas integra
a Vila do Louvor,
ministério da JOCUM
voltado para as artes,
estabelecido em
Piratininga e Pompéia, SP. É um movimento
artístico interessante. Já passaram por lá os
conhecidos Beto Tavares, Raphael Costa
(grande guitarrista), Danni Distler, entre outros.
Rapha é compositor e cantor pop. Este é o seu
primeiro trabalho. Ele define melodia como
“a arte de construir caminhos imaginários na
vida, na esperança de traduzir o futuro em
sons presentes”. É isso que deseja levar com sua
música. Com um total de sete faixas, o CD traz
composições próprias, duas em parceria e uma
canção de Marcela Fernandes, que também
faz participação especial. Produção de Amauri
Muniz e do próprio Sousas. Ouça esse som em
myspace.com/raphaelsousas
NOVOS ACORdESCarlinhos Veiga
YucelTellici
42 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
Davi Chang
Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 43
O ambiente humano
MEIO AMBIENTE E fé cristãMarina Silva
cuidar dele (Gn 2.15).
Fez-nos corpo e espírito
(Gn 2.7), portanto, com
capacidade criativa, que nos
permite criar sobre e com
a criação. Assim, temos no
planeta o ambiente natural
e aquele que brotou dos
artifícios humanos. Estes
os cientistas chamam de
cultura material. Quanto
a eles, temos a seguinte
recomendação: “Quando
edificares uma casa nova,
farás um parapeito, no
eirado, para que não ponhas
culpa de sangue na tua casa,
se alguém de algum modo
cair dela” (Dt 22.8).
Os primeiros escombros revelam
nosso pouco cuidado com o ambiente
que produzimos, com as normas
técnicas, com a segurança, com a
durabilidade do que fazemos. Os
segundos, denunciam o pouco cuidado
com as pessoas, com seus direitos, com
sua felicidade. Falhamos na ética do
cuidado na criação de nosso ambiente
humano.
Foi um mau começo para o país que
vai sediar no Rio de Janeiro, entre 13 e
24 de junho de 2012, a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, apelidada de “Rio + 20”.
Esse será um grande evento para se falar
sobre o cuidado com o planeta, com
os recursos naturais e com as pessoas,
e para o qual se espera a participação
do governo de mais de 100 países,
além de membros da sociedade civil.
Serão debatidos temas ambientais,
como segurança climática, segurança
O
Brasil passou a última
semana de janeiro
vendo escombros em
reportagens televisivas
sobre o resgate das
vítimas do desabamento dos três
prédios no centro da cidade do Rio
de Janeiro. Além de sofrermos com
as famílias e torcermos por um final
feliz para cada espera, perguntamos,
em escala nacional, qual seria a causa
da tragédia. Aos poucos a causa foi
ficando clara, pois nenhum fenômeno
natural estava em sua raiz. Não
foi desabamento por chuvas nem
movimento de terras subterrâneas. O
colapso da estrutura de um dos prédios,
provocado por falha humana, era a
explicação.
No mesmo período vimos outras
imagens de escombros. Dessa vez, nas
notícias sobre a ação do governo do
estado de São Paulo na desocupação
de áreas pertencentes à massa falida
da empresa do Grupo Naji Nahas, em
Pinheirinho, São José dos Campos.
Seis mil pessoas foram desalojadas pela
polícia. Máquinas destruíram casas sem
que seus moradores pudessem retirar
delas um garfo sequer, deixando atrás
de si destruição, desolamento, pedaços
estraçalhados de bens. De novo a causa
não foi ventania, furacão ou outra razão
natural, mas a atuação de instituições
oficiais.
De tais escombros se eleva
uma mensagem, uma reflexão. O
Salmo 115.16 diz que Deus nos
deu este planeta. No-lo deu pleno
de vida (Gn 1.22) e de recursos
para satisfazer nossas necessidades
(Gn 1.29-30) e encarregou-nos de
energética, biodiversidade, cidades,
água e oceanos. E também temas de
natureza técnico-econômica, tais como
desenvolvimento sustentável, produção
e consumo sustentável, inovação
tecnológica para sustentabilidade. O
cuidado com as pessoas será expresso
em temas como, segurança alimentar,
migrações, trabalho decente e
erradicação da pobreza.
A ONU se move por valores da
civilização humana, por princípios
erigidos na convivência laica. Qual não
será a responsabilidade dos cristãos,
que têm como guia a Bíblia, na qual
passagens inteiras nos admoestam e
educam quanto ao cuidado? Tomemos
esta como exemplo: “Acaso não vos
basta pastar os bons pastos, senão que
pisais o resto de vossos pastos aos vossos
pés? E não vos basta beber as águas
claras, senão que sujais o resto com os
vossos pés?” (Ez 34.18).
Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC.
Os cristãos, que têm como guia a
Bíblia, são admoestados e educados
quanto ao cuidado com o planeta
BijuJoshi
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança
O toco da esperança

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

MIL SERMÕES BÍBLICOS
MIL SERMÕES BÍBLICOSMIL SERMÕES BÍBLICOS
MIL SERMÕES BÍBLICOSGILMAR CARDOSO
 
2021 1º trimestre jovens lição 07
2021 1º trimestre jovens lição 072021 1º trimestre jovens lição 07
2021 1º trimestre jovens lição 07Joel Silva
 
Lição 10 - Há um milagre em sua casa
Lição 10 - Há um milagre em sua casaLição 10 - Há um milagre em sua casa
Lição 10 - Há um milagre em sua casaDaniel Viana
 
Há um milagre em sua casa
Há um milagre em sua casaHá um milagre em sua casa
Há um milagre em sua casaMoisés Sampaio
 
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguração
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguraçãoAno 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguração
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguraçãojoaquim2010_2011
 
Livro irresistivel a Deus - Steve Gallagher
Livro irresistivel a Deus - Steve GallagherLivro irresistivel a Deus - Steve Gallagher
Livro irresistivel a Deus - Steve GallagherROSA SARMENTO
 
7296943 john-bevere-a-uncao-profetica
7296943 john-bevere-a-uncao-profetica7296943 john-bevere-a-uncao-profetica
7296943 john-bevere-a-uncao-profeticaantonio ferreira
 
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEM
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEMLição 07 PAGAREI O MAL COM O BEM
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEMMarcus Wagner
 
Quebrando as cadeias da intimidação
Quebrando as cadeias da intimidaçãoQuebrando as cadeias da intimidação
Quebrando as cadeias da intimidaçãoEdevaldoCMonteiro
 
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casaNatalino das Neves Neves
 
Pensamientos Para Horas Tranquilas
Pensamientos Para Horas TranquilasPensamientos Para Horas Tranquilas
Pensamientos Para Horas Tranquilasevangeliocompletohn
 
A outra face dos milagres
A outra face dos milagresA outra face dos milagres
A outra face dos milagresEDUARDO MOURA
 
O homem que orava
O homem que oravaO homem que orava
O homem que oravaMauro RS
 
Jornal Agape nº12 - setembro 2011
Jornal Agape nº12 - setembro 2011Jornal Agape nº12 - setembro 2011
Jornal Agape nº12 - setembro 2011jornalagape
 
Semelhantes a jó.
Semelhantes a jó.Semelhantes a jó.
Semelhantes a jó.Eid Marques
 

Mais procurados (20)

MIL SERMÕES BÍBLICOS
MIL SERMÕES BÍBLICOSMIL SERMÕES BÍBLICOS
MIL SERMÕES BÍBLICOS
 
2021 1º trimestre jovens lição 07
2021 1º trimestre jovens lição 072021 1º trimestre jovens lição 07
2021 1º trimestre jovens lição 07
 
Lição 10 - Há um milagre em sua casa
Lição 10 - Há um milagre em sua casaLição 10 - Há um milagre em sua casa
Lição 10 - Há um milagre em sua casa
 
Há um milagre em sua casa
Há um milagre em sua casaHá um milagre em sua casa
Há um milagre em sua casa
 
12 02 12
12 02 1212 02 12
12 02 12
 
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguração
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguraçãoAno 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguração
Ano 2 boletim informativo 8_agosto 2011_edição especial inauguração
 
24 12 11
24 12 1124 12 11
24 12 11
 
Livro irresistivel a Deus - Steve Gallagher
Livro irresistivel a Deus - Steve GallagherLivro irresistivel a Deus - Steve Gallagher
Livro irresistivel a Deus - Steve Gallagher
 
7296943 john-bevere-a-uncao-profetica
7296943 john-bevere-a-uncao-profetica7296943 john-bevere-a-uncao-profetica
7296943 john-bevere-a-uncao-profetica
 
Desespero
DesesperoDesespero
Desespero
 
04 03 12
04 03 1204 03 12
04 03 12
 
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEM
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEMLição 07 PAGAREI O MAL COM O BEM
Lição 07 PAGAREI O MAL COM O BEM
 
Quebrando as cadeias da intimidação
Quebrando as cadeias da intimidaçãoQuebrando as cadeias da intimidação
Quebrando as cadeias da intimidação
 
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa
2013 1o tri lição 10_há um milagre em sua casa
 
Pensamientos Para Horas Tranquilas
Pensamientos Para Horas TranquilasPensamientos Para Horas Tranquilas
Pensamientos Para Horas Tranquilas
 
A outra face dos milagres
A outra face dos milagresA outra face dos milagres
A outra face dos milagres
 
Boletim 211
Boletim 211 Boletim 211
Boletim 211
 
O homem que orava
O homem que oravaO homem que orava
O homem que orava
 
Jornal Agape nº12 - setembro 2011
Jornal Agape nº12 - setembro 2011Jornal Agape nº12 - setembro 2011
Jornal Agape nº12 - setembro 2011
 
Semelhantes a jó.
Semelhantes a jó.Semelhantes a jó.
Semelhantes a jó.
 

Destaque (17)

Ult332
Ult332Ult332
Ult332
 
Ult 311-completa-reduzido
Ult 311-completa-reduzidoUlt 311-completa-reduzido
Ult 311-completa-reduzido
 
Ult328 m
Ult328 mUlt328 m
Ult328 m
 
Ult+325
Ult+325Ult+325
Ult+325
 
314+completo reduzido
314+completo reduzido314+completo reduzido
314+completo reduzido
 
Ult 312-completa-reduzido
Ult 312-completa-reduzidoUlt 312-completa-reduzido
Ult 312-completa-reduzido
 
Ult331
Ult331Ult331
Ult331
 
Ult334
Ult334Ult334
Ult334
 
Ult+324
Ult+324Ult+324
Ult+324
 
Ult333
Ult333Ult333
Ult333
 
Ult330
Ult330Ult330
Ult330
 
Ult+326
Ult+326Ult+326
Ult+326
 
Ult338 estudos biblicos
Ult338 estudos biblicosUlt338 estudos biblicos
Ult338 estudos biblicos
 
Aborto: questões éticas
Aborto: questões éticasAborto: questões éticas
Aborto: questões éticas
 
Aborto slides
Aborto slidesAborto slides
Aborto slides
 
Apresentação aborto
Apresentação abortoApresentação aborto
Apresentação aborto
 
ABORTO
ABORTOABORTO
ABORTO
 

Semelhante a O toco da esperança

Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdf
Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdfAdoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdf
Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdfCultagriLda
 
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02Raquel Carvalho
 
Derramamento do espírito hernandes dias lopes
Derramamento do espírito   hernandes dias lopesDerramamento do espírito   hernandes dias lopes
Derramamento do espírito hernandes dias lopesAristoteles Rocha
 
Por que Caem os Valentes? - José Gonçalves
Por que Caem os Valentes? - José GonçalvesPor que Caem os Valentes? - José Gonçalves
Por que Caem os Valentes? - José GonçalvesTsushya marco
 
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.doc
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.docEsforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.doc
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.docIldemarCarvalho
 
13 07 14 c1415 o semeador
13  07   14    c1415 o semeador13  07   14    c1415 o semeador
13 07 14 c1415 o semeadorAdemar Santos
 
Lição 13 A morte de eliseu
Lição 13 A morte de eliseuLição 13 A morte de eliseu
Lição 13 A morte de eliseuDaniel Viana
 
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristoNatalino das Neves Neves
 
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)Deusdete Soares
 
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdf
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdflivro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdf
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdfValcenildoDias
 
Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21
 Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21 Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21
Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21C.E. Allan Kardec - STI/PR
 
A palavra de deus não volta vazia 10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...
A palavra de deus não volta vazia   10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...A palavra de deus não volta vazia   10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...
A palavra de deus não volta vazia 10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...Paulo Dias Nogueira
 
15 de outubro de 2010
15 de outubro de 201015 de outubro de 2010
15 de outubro de 2010medjugorje21
 
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum ano c
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum  ano cRoteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum  ano c
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum ano cJosé Luiz Silva Pinto
 
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013Anderson Santos
 

Semelhante a O toco da esperança (20)

Como orar pelos perdidos
Como orar pelos perdidosComo orar pelos perdidos
Como orar pelos perdidos
 
Evangelismo 2023.pptx
Evangelismo 2023.pptxEvangelismo 2023.pptx
Evangelismo 2023.pptx
 
Arrebatando almas do fogo
Arrebatando almas do fogoArrebatando almas do fogo
Arrebatando almas do fogo
 
Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdf
Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdfAdoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdf
Adoracao-Ao-Santissimo-Para-Grupo-Jovens.pdf
 
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02
Porquecaemosvalentes josgoncalves-131005113406-phpapp02
 
Derramamento do espírito hernandes dias lopes
Derramamento do espírito   hernandes dias lopesDerramamento do espírito   hernandes dias lopes
Derramamento do espírito hernandes dias lopes
 
Por que Caem os Valentes? - José Gonçalves
Por que Caem os Valentes? - José GonçalvesPor que Caem os Valentes? - José Gonçalves
Por que Caem os Valentes? - José Gonçalves
 
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.doc
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.docEsforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.doc
Esforca_te_para_ganhar_almas_Orlando_Boy.doc
 
Boletim 040513
Boletim   040513Boletim   040513
Boletim 040513
 
13 07 14 c1415 o semeador
13  07   14    c1415 o semeador13  07   14    c1415 o semeador
13 07 14 c1415 o semeador
 
Lição 13 A morte de eliseu
Lição 13 A morte de eliseuLição 13 A morte de eliseu
Lição 13 A morte de eliseu
 
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo
2013 3 tri lição 5 - as virtudes dos salvos em cristo
 
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)
Antologia de poesia cristã em língua portuguesa (sammis reachers)
 
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdf
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdflivro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdf
livro-ebook-como-conduzir-uma-pessoa-a-cristo.pdf
 
Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21
 Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21 Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21
Jesus sob o olhar de amélia rodrigues_Proposta de Trabalho_ 17set21
 
A palavra de deus não volta vazia 10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...
A palavra de deus não volta vazia   10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...A palavra de deus não volta vazia   10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...
A palavra de deus não volta vazia 10 07 2005 - 15 dom. tempo comum - culto ...
 
15 de outubro de 2010
15 de outubro de 201015 de outubro de 2010
15 de outubro de 2010
 
Regiões de Cativeiro
Regiões de Cativeiro Regiões de Cativeiro
Regiões de Cativeiro
 
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum ano c
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum  ano cRoteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum  ano c
Roteiro homilético do 4.º domingo do tempo comum ano c
 
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013
Seminário Paulo e Estevão 5 de maio 2013
 

Mais de Francisco Sá

DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdf
DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdfDCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdf
DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdfFrancisco Sá
 
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfBNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfFrancisco Sá
 
bncc-2versao.revista.pdf
bncc-2versao.revista.pdfbncc-2versao.revista.pdf
bncc-2versao.revista.pdfFrancisco Sá
 
DCRC_2019_OFICIAL.pdf
DCRC_2019_OFICIAL.pdfDCRC_2019_OFICIAL.pdf
DCRC_2019_OFICIAL.pdfFrancisco Sá
 
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdf
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdfBNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdf
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdfFrancisco Sá
 
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdfFrancisco Sá
 
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdfFrancisco Sá
 
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdfFrancisco Sá
 
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdfFrancisco Sá
 
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdfFrancisco Sá
 
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdfFrancisco Sá
 
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdfFrancisco Sá
 
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdfFrancisco Sá
 
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdfFrancisco Sá
 
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdf
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdfAgenda Lives BNCC - Moderna.pdf
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdfFrancisco Sá
 
Ult 310-completa-reduzido
Ult 310-completa-reduzidoUlt 310-completa-reduzido
Ult 310-completa-reduzidoFrancisco Sá
 

Mais de Francisco Sá (18)

DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdf
DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdfDCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdf
DCR-Versão-Provisoria-de-Lançamento.pdf
 
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfBNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
 
DCRC.pdf
DCRC.pdfDCRC.pdf
DCRC.pdf
 
bncc-2versao.revista.pdf
bncc-2versao.revista.pdfbncc-2versao.revista.pdf
bncc-2versao.revista.pdf
 
DCRC_2019_OFICIAL.pdf
DCRC_2019_OFICIAL.pdfDCRC_2019_OFICIAL.pdf
DCRC_2019_OFICIAL.pdf
 
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdf
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdfBNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdf
BNCC O QUE VOCÊ PRECISA SABER.pdf
 
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf
23.-Resumo-03-Competência-3_-Repertório-Cultural.pdf
 
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf
25.-Resumo-05-Competência-5_-Cultura-Digital-1.pdf
 
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf
24.-Resumo-04-Competência-4_-Comunicação.pdf
 
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf
21.-Resumo-01-Competência-1_-Conhecimento-.pdf
 
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf
1579633068e-book_modelo_de_planejamento_1.pdf
 
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf
1556901640Modelo_Planejamento_BNCC_-_EF.pdf
 
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf
1556901470Modelo_Planejamento_BNCC_-_EI.pdf
 
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-Linguagens.pdf
 
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf
7-dicas-para-planejar-a-aula-a-partir-do-livro-didatico-M.pdf
 
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdf
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdfAgenda Lives BNCC - Moderna.pdf
Agenda Lives BNCC - Moderna.pdf
 
Ult 310-completa-reduzido
Ult 310-completa-reduzidoUlt 310-completa-reduzido
Ult 310-completa-reduzido
 
Ult+327
Ult+327Ult+327
Ult+327
 

Último

Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfAgnaldo Fernandes
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...MiltonCesarAquino1
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.LucySouza16
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfmhribas
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 

Último (17)

Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 

O toco da esperança

  • 1. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 1 Quem é cristão? FECHAMENTOAUTORIZADO.PodeserabertopelosCorreios. M A R ÇO – A B R I L 2 01 2 • A N O X LV • N º 3 3 5 Rubem Amorese Tateandonoclaro Bráulia Ribeiro religião@eu.com Especial Celebrandoa vidacomarte (ou não)
  • 2. 2 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
  • 3. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 3 Passarinhos fora do ninho Abertura A ninhada de passarinhos mal tinha saído dos ovos. Era ainda cedo para abandonar a presença, o calor e a proteção da mãe. Os pássaros nem sequer tinham aprendido a ciscar. E, muito menos, a bater as minúsculas asas e alçar os céus. Contudo, foram embora e nunca mais voltaram. Esta é a figura de linguagem que o profeta Isaías usa para se referir aos moabitas, que foram obrigados a deixar o próprio país por causa da guerra: “Como passarinhos que foram espantados dos seus ninhos, assim os moabitas andam de um lado para o outro nas margens do rio Arnom” (Is 16.2). Na verdade, toda mulher e todo homem são como passarinhos fora do ninho. É uma tristeza! Estamos distantes do lar onde nascemos. Por causa disso, estamos também confusos, perdidos, sem endereço certo, agitados, vagando por todos os lados, correndo atrás do vento. Não sabemos voltar, não conseguimos voltar e, às vezes, aturdidos e enganados, nem sequer queremos voltar. É uma situação complicada! O ninho que deixamos, muito longe de nós e há muito tempo, está lá em cima. Em vez de voarmos nas alturas, descemos para a terra. Por isso, como a corça deseja e procura ansiosamente um riacho para matar a sede, assim também a nossa alma tem sede de Deus e quer voltar ao ninho. Enquanto isso não acontece, estranhas e frequentes ondas de tristeza se abatem contra nós (Sl 42.1-11). Fora do ninho, temos uma espécie de saudade contínua de Deus, de sede contínua, de insatisfação contínua, de insônia contínua, de vazio contínuo e vivemos em um corre-corre contínuo. A nossa sede interior de Deus é como a de uma terra cansada, seca e sem água há muito tempo. Queremos voltar ao ninho e nos encontrar com Deus (Sl 63.1-2). Agostinho, africano que se converteu em Milão, na Itália, aos 33 anos, é um dos mais conhecidos passarinhos fora do ninho. A certa altura, ele conta que percebeu a voz de Deus atrás dele: “Uma voz que me chamou a voltar, mas [que] mal pude escutá-la por causa do ruído e da falta de paz”. Depois de finalmente ouvir a voz de Deus, Agostinho escreve: “Agora, aqui estou eu! Volto à sua fonte, ardendo de calor e sem respiração. Ninguém nem coisa alguma pode me proibir de voltar. Vou beber dessa fonte e por ela encontrar minha vida autêntica”. De volta ao ninho, o bispo de Hipona lamenta o tempo perdido fora dele e confessa: “Tarde te amei, ó tão antiga e tão nova beleza! Tarde demais eu te amei! Eis que estavas dentro em mim, e eu do lado de fora te procurava! Comigo estavas, mas eu não estava contigo […]. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste, e a tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, por ti suspirei”. A mais conhecida confissão de Agostinho a respeito da necessidade interior de Deus é esta: “Porque nos fizeste, Senhor, para ti, nosso coração anda sempre inquieto enquanto não se tranquiliza e descansa em ti!”. O cardeal inglês John Henry Newman (1801–1890) exemplifica aqueles que querem o auxílio de Deus para voltar ao ninho: “Conduze-me, doce voz, pela escuridão que me cerca, sê tu a me conduzir! A noite é escura e estou longe de casa [ou do ninho], sê tu a me conduzir!”. Em muitos casos de depressão precisamos procurar um profissional de saúde; em outros, precisamos apenas voltar para o ninho! MichalZacharzewski
  • 4. 4 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 D eus, Jesus Cristo e o mundo não são compartimentos estanques. Ao contrário, eles se relacionam de maneira admirável. Uma única sentença diz tudo: “Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O sujeito da frase não é o Filho de Deus, mas o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Movido unicamente pelo amor ao ser humano, Deus deu o seu Filho. Precisamos chegar à mesma conclusão de Paulo: “Agradeçamos a Deus o presente que ele nos dá, um presente que palavras não podem descrever” (2Co 9.15). (A maior parte das versões fala em “dom inefável”; outras, em “dom inexprimível”, “dom indescritível”, “dom extraordinário” e “dom de inefável grandeza”). Por ter esta característica, ninguém — nem o asceta, nem o teólogo, nem o artista — consegue medir a largura, o comprimento, a altura nem a profundidade de tal presente (Ef 3.18). Nós precisamos desesperadamente dele, mais do que de qualquer outro. A frase que define tudo já diz que o propósito desse dom é “que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna”. Esta edição de Ultimato trata desse dom de inefável grandeza. Os que o conhecem e dele já se apropriaram, precisam contribuir para que outros se beneficiem dele — embora só Deus possa remover as escamas que fecham os olhos, a cera que tapa os ouvidos e tornar o dom inefável visível, audível e aceitável. Na seção “Ponto final”, você verá que não é só no escuro que precisamos tatear, mas também no claro (p. 66). Em uma pequena ou grande discussão entre marido e mulher, a voz de quem deve prevalecer? A resposta está em “Casamento e família” (p. 45). À boca miúda fala-se que o pastor de uma congregação pequena ou grande é maior do que o missionário, que anuncia o evangelho — o dom inefável — aos não alcançados. A seção “Caminhos da missão” aborda o assunto mais claramente (p. 57). Elben César Carta ao leitor ISSN 1415-3165 Revista Ultimato – Ano XLV – Nº 335 Março-Abril 2012 www.ultimato.com.br Publicação evangélica destinada à evangelização e edificação, não denominacional, Ultimato relaciona Escritura com Escritura e acontecimentos com Escrituras. Visa contribuir para criar uma mentalidade bíblica e estimular a arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva cristã. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir. Circula em meses ímpares Diretor de redação e jornalista responsável: Elben M. Lenz César – MTb 13.162 MG Arte: Liz Valente Impressão: Plural Tiragem: 35.000 exemplares Colunistas: Alderi Matos • Bráulia Ribeiro Carlos “Catito” Grzybowski • Carlinhos Veiga Dagmar Fuchs Grzybowski • Ed René Kivitz Jorge Barro • Lissânder Dias • Marcos Bontempo Marina Silva • Paul Freston • René Padilla Ricardo Barbosa de Sousa • Robinson Cavalcanti Rubem Amorese • Valdir Steuernagel Participam desta edição: Antônio Carlos de Azeredo Davi Chang • Klênia Fassoni • Mariana Furst Whaner Endo Publicidade: anuncio@ultimato.com.br Assinaturas e edições anteriores: atendimento@ultimato.com.br Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte. Os artigos não assinados são de autoria da redação. Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro da Associação de Editores Cristãos (AsEC) Editora Ultimato Telefone: (31) 3611-8500 Caixa Postal 43 36570-000 — Viçosa, MG Administração/Marketing: Klênia Fassoni Ana Cláudia Nunes • Ariane dos Santos Ivny Monteiro • Lucas Rolim • Luiza Pacheco EDITORIAL/PRODUÇÃO/ULTIMATO ONLINE: Marcos Bontempo • Bernadete Ribeiro Djanira Momesso César • Lídia Nunes Lissândes Dias • Mariana Furst • Pabline Félix FINANÇAS/CIRCULAÇÃO: Emmanuel Bastos Aline Melo • Ana Paula Fernandes • Cristina Pereira Daniel César • Edson Ramos • Jair Avillez Luís Carlos Gonçalves • Rodrigo Duarte Solange dos Santos VENDAS: Lúcia Viana • Henife Oliveira Lucinéia Campos • Marcela Pimentel Romilda Oliveira • Tatiana Alves • Vanilda Costa ESTAGIÁRIOS: André Bontempo • Bruno Menezes Daniela Marçal • Marcos Vinícius Oliveira Raquel Bastos • Tiago Tardim fundada em 1968 4 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 O domde inefável grandeza
  • 5. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 5
  • 6. 6 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 79. U ma vez chamado por Deus para ser profeta, no ano em que o rei Uzias morreu (cerca de 740 a.C.), Isaías começa a anunciar primeiro o juízo e, depois, a misericórdia do Senhor sobre a nação eleita. Durante 40 anos, o profeta fez ambas as coisas. Logo no início recebeu uma estranha ordem: “Isaías, faça com que esse povo fique com a mente fechada, com os ouvidos surdos e com os olhos cegos, a fim de que não possam ver, nem ouvir, nem entender ” (Is 6.10). Com essa mensagem, o profeta realiza a primeira obrigação que tinha: convencer o povo do pecado e do juízo que cairia sobre a nação. Essa incapacidade de ver, ouvir e entender tornaria difíceis — senão impossíveis — a conversão e a cura do povo. Porém, o profeta deveria clamar continuamente (segundo a tradição, Isaías é o herói da fé “serrado pelo meio”, do qual fala a Carta aos Hebreus). O pico do juízo divino aconteceria mais de 150 anos depois, com a destruição de Jerusalém e a deportação do povo para a Babilônia (586 a.C.). Entretanto, como o ministério do profeta era duplo, Isaías anuncia também a graça divina: “Os que restarem [os israelitas não deportados] serão como o toco de um carvalho que foi cortado” (Is 6.13). Eis o toco da esperança! Digamos que esse carvalho tivesse 12 metros de diâmetro (como um cipreste do México) e 110 metros de altura (como a sequoia gigante da Califórnia). Ainda assim ele seria cortado ao rés do chão, perderia o tronco, os ramos, as folhas e a imponência, mas não as raízes. Ficaria o toco da esperança e o carvalho cresceria outra vez. O juízo divino não poupa a árvore e a graça divina poupa o toco da árvore. Isaías explica: “O toco representa um novo começo para o povo de Deus” (Is 6.13). Deus nunca acaba com tudo! Ele sempre deixa o toco da esperança. Precisamos enxergar os tocos da esperança que estão nas Escrituras, na história e nos eventos. São apenas tocos, mas estão enraizados, firmes, cheios de vida e de potencialidade, que vão nos surpreender. Mesmo com uma mensagem carregada de guerras, sangue e “barulho de choro” (Is 15.8), o profeta, não apenas uma vez, mas várias, aponta para o mais solene e glorioso toco de esperança, tanto para os judeus como para os não-judeus: A aflição dos que estiverem sofrendo vai acabar [...]. O povo que andava na escuridão [sem poder ouvir, ver e entender] viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas. Tu, ó Deus, aumentaste esse povo e lhe deste muita felicidade […]. Tu arrebentaste as suas correntes de escravos, quebraste o bastão com que eram castigados […]. As botas barulhentas dos soldados e todas as suas roupas sujas de sangue serão completamente destruídas pelo fogo. Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei. Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”. […] No seu grande amor, o Senhor Todo-Poderoso fará com que tudo isso aconteça (Is 9.1-7). A criança, o menino, o rei, o “Príncipe da Paz”, são uma só pessoa: o Senhor Jesus Cristo. Esse notável toco de esperança “representa um novo começo para o povo de Deus” (Is 6.13b). O Apocalipse também nos fala de um novo começo: “Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram” (Ap 21.1). Pastorais O toco da esperança FranGambín
  • 7. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 7 Sumário 3 Abertura 4 Carta ao leitor 6 Pastorais 8 Cartas 12 Frases 12 Números 14 Mais do que notícias 20 Notícias l Lissânder Dias 38 O leitor pergunta l Ed René Kivitz 40 De hoje em diante... 41 Novos acordes l Carlinhos Veiga 42 Altos papos l Davi Chang 54 vamos ler! 56 Caminhos da missão l Antônio Carlos de Azeredo 61 especial Quem é (ou não) cristão? CAPA Seções O caminho do coração 32 Separação e contraste Ricardo Barbosa de Sousa Da linha de frente 37 religião@eu.com Bráulia Ribeiro Meio ambiente e fé cristã 43 O ambiente humano Marina Silva Missão integral 44 A missão integral de Jesus René Padilla Casamento e família 45 Não vou me deixar controlar! Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski Reflexão 46 Profetismo — item esquecido da missão integral Robinson Cavalcanti Redescobrindo a Palavra de Deus 48 O indivíduo, a família e o evangelho Valdir Steuernagel História 50 O legado de Constantino Alderi Souza de Matos Ética 52 A primavera árabe e os cristãos (parte 1) Paul Freston Cidade em foco 58 Templo urbano: lugar e não lugar Jorge Henrique Barro Ponto final 66 Tateando no claro Rubem Amorese Colunistas ABREVIAÇÕES: AS21 - Almeida Século 21; BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BP - A Bíblia do Peregrino; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; CT - Novo Testamento (Comunidade de Taizé); EP - Edição Pastoral; EPC - Edição Pastoral - Catequética; HR – Tradução de Huberto Rohden; KJ - King James (Nova Tradução Atualizada dos Quatro Evangelhos); NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional. “Se você não está atado a Cristo, você não é cristão.” Quem diz isso não é uma pessoa qualquer. Não é um exagerado nem um simplório. Essas palavras, que parecem radicais, foram pronunciadas pelo médico e pregador Martyn Lloyd-Jones. E ele tem toda razão: se você não está atado a Cristo, pela convicção e pela fé, então você, a rigor, ainda não é um cristão. JohnByer Um ponto de encontro www.ultimato.com.br 22
  • 8. 8 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Cartas Culpa e mancha Surpreendente a matéria de capa Como se livrar da culpa e da mancha (janeiro/fevereiro de 2012), que chega em momento oportuno. Precisamos aprender a usar o único caminho que nos livra da culpa e da mancha do pecado. Vale lembrar Provérbios 28.13: “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia”. Que Ultimato continue trazendo textos como este, para enriquecimento e advertência de todos os comprometidos com a verdade de Deus para os homens. Oraci do Amaral, Jundiaí, SP Gostei da matéria de capa Como se livrar da culpa e da mancha, mas as frases “veem-se cristãos paupérrimos e angustiados devido a cobranças de dízimos” e “imposição legalista da cobrança de dízimos nas igrejas” dão a entender que o dízimo é uma prática opressora. Antes, o dízimo é uma bênção! Ele proporciona um importante exercício de gratidão, além de ser uma forma de afirmar a nossa dependência de Deus e um dos meios pelos quais temos o privilégio de investir na obra cristã. Dizimar é uma prática que a Bíblia ensina e encoraja. O que considero abusivo é a cobrança de ofertas que relaciona a quantia ofertada ao tamanho da fé da pessoa. Em algumas igrejas, os membros são coagidos a ofertar grandes quantias sob a acusação de que, se não o fazem, demonstram que não têm fé. E muitos ofertam com medo de, se recusarem, não serem abençoados. Esse é um tipo de “bullying espiritual”, que deve ser combatido. Clarice Rinco, Belo Horizonte, MG Não quero beber mais É maravilhoso constatar como atua a multiforme graça divina em sua ação regeneradora. Acolho esse testemunho (“De hoje em diante”, janeiro/ fevereiro de 2012) como estímulo a nunca deixar de anunciar o evangelho aos que sofrem com o alcoolismo. A Palavra de Deus é viva e eficaz o tempo todo, para todas as pessoas. Essa bendita e infalível Palavra não retorna a Deus (sua origem) sem antes produzir os efeitos para os quais foi liberada. Elias Fernando, Campo Grande, MS Usaremos o texto Não quero beber mais (“De hoje em diante”, janeiro/fevereiro de 2012) em uma das reuniões para tratamento de dependência química. Parabéns a Ultimato! Antonio Carlos Silva Junior, Juiz de Fora, MG Li agradecida o artigo da seção “De hoje em diante” (janeiro/fevereiro de 2012). Há nove anos encontrei Deus, recuperação e solidariedade em uma sala de alcoólicos anônimos. Lucinéa de Campos, Viçosa, MG Conflitos de símbolos e mandato cultural Felizmente, nestes tempos de fé equivocada, ainda existem pessoas que têm a autenticidade e a fibra para dizer o que pensam e o que acham ser o melhor para o povo de Deus. Quero salientar o artigo de Robinson Cavalcanti (“Reflexão”, janeiro/fevereiro de 2012), que nos
  • 9. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 9 traz séria e alarmante realidade: a cegueira dos que se dizem responsáveis pela evangelização em não perceber que o cristianismo está sendo varrido dos ambientes públicos e substituído pelos adversários históricos, que, como sempre, sabem usar “uma balança e duas medidas”. Os responsáveis, que se dizem encarregados pela divulgação da palavra do reino, estão cada vez mais acomodados, mornos e apáticos, deixando as “ovelhas” à mercê dos lobos sorrateiros, que com persistência pretendem dispersar todo o rebanho. Ninguém mais tem coragem de subir nos telhados e gritar; antes, se escondem no fundo da despensa, preocupados, talvez, com seus cargos e com receio de melindrar os corruptores da obra de Deus. Abílio Nardelli, Rio do Sul, SC O leitor pergunta Vivemos dias de extremos eclesiásticos. A saúde do povo é tratada por alguns de modo reducionista: ou espiritualizam os agravos ou os entregam nas mãos da ciência, para que resolva os problemas da gestão do cuidado integral do ser criado à imagem e semelhança do Criador. Na realidade, o cuidado, de integral, só tem o nome, pois está reduzido a atos sociais, psíquicos e físicos, que desconsideram a espiritualidade do ser. Conquanto já existam cientistas estudando neuroteologia ou bioteologia, para entender o papel da fé na cura de doenças, estamos longe de aprender sobre saúde integral. Espero que nosso Deus levante em nosso meio líderes que se dediquem a interagir com o setor de saúde, para que a gestão do cuidado se faça coerente com a visão integral do ser. Dércio, São João do Meriti, RJ Abertura de alma O artigo Abertura de alma (“Especial”, janeiro/ fevereiro de 2012) dispensa defesa. Porém, em que pese o desafio de Jesus pela unidade (Jo 17) e a necessidade de busca pela expansão do reino de Deus na terra, dizer que se tem inveja ou ciúme de posturas notoriamente fora das Escrituras não é legal. Elben César se mostra simpático a um “cristianismo” hostil aos protestantes, sectarista e exclusivista. A Igreja de Jesus Cristo será sempre multifacetada. Contudo, até que Jesus volte, não é possível aceitar tudo em nome da unidade. Antonio Carlos Silva, São Bernardo do Campo, SP Precisamos acordar e entender que o reino de Deus é maior que as denominações. O “vento sopra onde quer”. David Livingstone, Guarapuava, PR Dois pesos e duas medidas Com cálculos simples verifica-se que houve um crescimento de 233% no número de mesquitas no Brasil, de 350% no número de pontos de oração e de 5.456% no número de muçulmanos em terras brasileiras — e isto no período de 2000 a 2011, ou seja, apenas 11 anos! É um crescimento médio anual de 49% no número de muçulmanos. Enquanto isso, vemos a igreja cristã no Brasil diminuindo e inundando-se de vexames e vergonha. É hora de a igreja brasileira acordar e se unir — este é o segredo. O Islã cresce cada vez mais devido à união e às ações missionárias mundo afora. Vitor Hugo Cid, São Paulo, SP Boas novas aos pobres Excelente o artigo Boas novas aos pobres, de René Padilla (“Missão integral”, janeiro/fevereiro de 2012). Padilla foi feliz ao chamar o texto de Lucas 4.18-19 de “manifesto” programático de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
  • 10. 10 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Cartas pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Por que não adotamos este “manifesto” em nossas igrejas e em nossas vidas, sendo imitadores de Jesus? Wilson de Oliveira Júnior, Recife, PE Evangelização por proximidade Às vezes, leio o sumário de Ultimato e depois a minha atenção se dirige para a seção “Ponto final”. Foi o caso com a edição de janeiro/ fevereiro de 2012. Li e reli o excelente artigo Evangelização por proximidade, de Rubem Amorese, e deu uma vontade enorme de novamente meditar no prólogo do Evangelho de João. Eugene H. Peterson o traduz assim: “A Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver perto de nós. Nós vimos a glória com nossos olhos, uma glória única: o Filho é como o Pai, sempre generoso, autêntico do início ao fim”. Eude da Rocha, Bauru, SP Não quero ser indeciso A meu ver, um problema ligado ao complexo ato de decidir (Não quero ser indeciso, “De hoje em diante”, setembro/outubro de 2011) é a ausência de discernimento ou a minúscula quantidade dele. É imprescindível discernir e decidir. Discernir para decidir. Porém, como fazê-lo se as mínimas (ou aparentemente mínimas) coisas da vida se apresentam envoltas em mistérios diante dos quais o homem, embora seja a imagem e semelhança do Criador, confunde-se, hesita, espanta-se? José Medeiros, Conselheiro Lafaiete, MG Homossexualismo A carta de Luciano Silva (“Cartas”, novembro/ dezembro de 2011) deixou-me consternado pela realidade à qual os homossexuais acabam sendo submetidos quando frequentam uma igreja evangélica, tendo que ouvir referências nada agradáveis a respeito de sua condição. Fiquei mais consternado ainda pelo fato de Luciano ter sido induzido à homossexualidade por um pastor evangélico. Tudo isto nos revela dois importantes fatos: primeiro, que não temos tido a sensibilidade desejável para abordarmos um tema tão delicado; segundo, que também temos os nossos porões, onde a luz não penetra e o inominável se esconde. Fiquei esperando que pelo menos o final da carta fosse feliz, o que não aconteceu. Seria ótimo se não tivéssemos que nos preocupar com aquilo que fazemos ou com o modo como nos comportamos, bastando pedir a Deus, até mesmo à revelia da nossa consciência, que todas as nossas ações contrárias a sua Palavra fossem miraculosamente lançadas para longe de nós. Infelizmente, não é assim que funciona. O ponto de vista de Deus é o que ele externou nas primeiras páginas das Escrituras. Caim não havia procedido bem e, por isso, não pôde contar com a aprovação de Deus, que lhe disse: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn. 4.7). A Palavra de Deus nos revela o que é pecado, mas é nossa a responsabilidade de identificá- lo em todas as suas variantes e lutar para que ele não crie raízes em nossas vidas. Christiano da Silva Neto, Belo Horizonte, MG Quando o medo de engordar supera o medo de morrer Ao ler Ultimato durante o plantão hoje tive a dádiva de ver o testemunho e a foto da doutora Cristiane Zambolim (“Especial”, setembro/outubro de 2011), a qual conheci em Viçosa, em 1994. A imagem da adolescente emagrecida e frágil dos meus arquivos
  • 11. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 11 Fale conosco Cartas à Redação • cartas@ultimato.com.br • Cartas à Redação, Ultimato, Caixa Postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Inclua seu nome completo, endereço, e-mail e número de telefone. As cartas poderão ser editadas e usadas em mídia impressa e eletrônica. Economize Tempo. Faça pela Internet Para assinaturas e livros acesse www.ultimato.com.br Assinaturas • atendimento@ultimato.com.br • 31 3611-8500 • Ultimato, Caixa Postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Edições Anteriores • atendimento@ultimato.com.br • www.ultimato.com.br cerebrais foi substituída pela de agora: linda, vitoriosa e segura. É maravilhoso perceber que acima de toda a avançada (e limitada) medicina existe um Deus que realiza curas e milagres impossíveis aos nossos olhos. A Deus toda a honra e glória! Marcos Pavione, Aracaju, SE Cartas da prisão Tenho 40 anos e estou encarcerado na Penitenciária 1 de Serra Azul. Apaixonei-me por Ultimato quando alguns irmãos daqui nos mostraram a revista. Nunca mais deixei de lê-la. Na penitenciária, é muito difícil ter paz, pois a superlotação e os processos esquecidos nos fóruns deixam-nos quase em depressão. Tenho dificuldade de conversar com dois de meus filhos, frutos do primeiro e do segundo casamentos, uma menina de 18 anos e um adolescente de 16. Quero evangelizá-los por meio de Ultimato. Ambos têm tendência homossexual. Porém, em nome de Jesus, conseguiremos ajudá-los. Meus outros três filhos menores estão com minha esposa atual. Pedro Gonçalves, Serra Azul, SP São poucos os que se lembram dos encarcerados, como a Bíblia ordena. Muitos nos enxergam como o lixo da sociedade. Porém, alguns estão saindo da prisão e sendo usados por Deus. Estou aguardando uma vaga desde o segundo semestre de 2011 para estudar. Andrey da Silva Borges, Serra Azul, SP Francamente, não sei como uma revista com uma tiragem de 35 mil exemplares, com a qualidade que tem, com os colunistas que tem, com o preço de assinatura que tem, consegue abençoar tantos necessitados. Fico impressionado! Não vou escrever: “Passou a época da colheita, acabou o verão, e não estamos salvos” (Jr 8.20). Prefiro escrever: “Passou a época da colheita, acabou o verão... e eu fui sustentado pela graça de Deus e pelo amor de Jesus, e me mantive como habitação do Espírito Santo”. Samuel Lourenço Filho, Rio de Janeiro, RJ — Os seguintes encarcerados gostariam de receber cartas: William César A. Siqueira (Raio 3, Cela 139, Penitenciária Casa Branca — Caixa postal 19, 13700-970 Casa Branca, SP) e Sílvio Carlos Monteiro Gomides (Cela 1, Anexo 1 — Rua Adolfo Bertodott, 330, 12912-100 Bragança Paulista, SP).
  • 12. 12 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 “Ser reformado hoje não significa voltarmos a Lutero ou Calvino. Significa, isso sim, voltar às Escrituras. Editorial do Brasil Presbiteriano, novembro de 2011 “Amera aversão [ao homossexualismo] não constitui, por si só, um crime. O que não é legítimo é transformar uma aversão em instrumento de discriminação ou violência. Não porque isso seja um crime homofóbico. Mas porque isso é simplesmente um crime. João Pereira Coutinho, jornalista da Folha de São Paulo “Aprendemos com Jesus que não podemos ser um corpo social estranho ao mundo. Não temos o direito de nos separar socialmente dos outros homens e mulheres. Nossa separação foi moral e espiritual. Fomos retirados do mundo, purificados de sua imundícia, fortalecidos pela graça e devolvidos, inseridos no mundo, para servi-lo graciosamente pelo testemunho, posição e ações concretas que beneficiem os homens. Luiz Fernando dos Santos, pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira, SP “Aapostasia é um comportamento condenável, a partir do ponto de vista religioso, mas constitui um tema estritamente privado sob o ponto de vista dos direitos humanos. Refere-se unicamente ao homem e à sua consciência. Abderrazak Sayadi, professor da Universidade de Manouba, em Tunis, Tunísia “Sempre existem tentações ao longo do caminho percorrido pelo missionário! Tentação de frivolidade ou de proselitismo, tentação de confusão da obra missionária com a busca de interesses políticos, tentação de inculcar o evangelho sem qualquer respeito pela liberdade daqueles que são os seus destinatários. Jean-Marc Aveline, diretor do Instituto Católico do Mediterrâneo “Sem dúvida, o islamismo foi frequentemente usado tanto para justificar o autoritarismo como para legitimar a contestação, o que é bastante paradoxal. Bertrand Badie, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris “Acredito que a própria sociedade irá conduzir a Igreja a uma grande reflexão e talvez essa situação [do celibato], tão forte no seio da Igreja Católica, seja um sinal para que as mudanças ocorram. José Edson da Silva, padre casado, presidente do Movimento das Famílias dos Padres Casados FRASES ” ” ” ” ” ”” ” NÚMEROS 671.000 crianças brasileiras entre 10 e 14 anos ainda não estavam alfabetizadas em 2010. Dez anos antes, eram 1,2 milhão 30.000 norte-coreanos cristãos estão detidos em acampamentos para presos políticos e 10 mil estão escondidos na Coreia do Norte. Quando um norte-coreano se torna cristão, tem que enfrentar perseguição, prisão e possivelmente a morte 396 votos a favor e nove contrários foi o resultado da votação realizada na Câmara de Representantes dos Estados Unidos sobre a permanência da frase In God we trust há cinquenta anos gravada nas notas de dólar e em edifícios públicos 5.000 folhetos da Sociedade Bíblica do Egito salientando o conselho de Paulo — “Não se entristeçam como aqueles que não têm esperança” (Ts 4.13) — foram distribuídos na Catedral Copta do Cairo, no dia do funeral em massa dos cristãos que foram mortos no segundo domingo de outubro de 2011 214.000.000 de pessoas vivem longe de seus países de origem, em busca de sobrevivência econômica, de segurança e liberdade política e religiosa, de desenvolvimento pessoal e profissional e de uma melhor qualidade de vida. O número deve aumentar nas próximas décadas e já é uma das megatendências do século 21 12 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 “Jesus é o insondável amor voltado para o carente, é o Príncipe da Paz para um mundo beligerante, o Rei dos reis para uma nação em desgoverno, o impecável justo para vergonha dos corruptos, a luz do mundo resplandecente na vereda tenebrosa, a verdade em antítese à falsidade, a vida radiante para a morbidez do espírito, o portal da esperança para o desvalido. Kléos Magalhães Lenz César, pastor presbiteriano UltimatoImagemArquivopessoal
  • 13. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 13
  • 14. 14 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 N a República dos Camarões (na costa ocidental da África), um país majoritariamente cristão, é possível encontrar mães e outras mulheres da família que “engomam” os seios das meninas quando se tornam moças. Segundo dados de uma pesquisa realizada em 2010, aproximadamente 24% das adolescentes do país já passaram por essa experiência. Não relacionada à fé ou a questões de ordem religiosa, esta prática tradicional na África Ocidental e Central — chamada pela agência alemã GTZ de mutilação feminina — tem o propósito de esconder os seios das jovens para protegê-las de olhares libidinosos, encontros sexuais prematuros, ameaças de estupro, gravidez indesejada e abortos. A operação consiste em passar algo quente (pedras, paus de malhar cereais e até martelo) nos seios das mulheres, diariamente, até obter o resultado desejado. Para conscientizar os responsáveis por essa prática, “Não forcem os seios a aparecer ou desaparecer: deixem que eles cresçam naturalmente” +DO QUE NOTíCIAS um grupo de adolescentes produziu uma campanha de televisão que expõe o problema. Um dos anúncios diz: “Comprimir os seios de jovens meninas é muito perigoso para a saúde. Não force os seios a aparecer ou desaparecer: deixem que eles cresçam naturalmente”. Apesar da compreensível preocupação das mães em proteger as filhas adolescentes da vida sexual prematura, da licenciosidade, da gravidez e do consequente afastamento das atividades escolares, a mutilação dos seios não é justificável. Além de causar sérios danos físicos e psicológicos, é uma ofensa e um desrespeito ao ser humano, uma prática criminosa e contrária à criação. É lamentável que no contexto camaronês — e de alguns outros países da África Ocidental e Central — os seios não sejam reconhecidos como parte do projeto de Deus para o corpo da mulher (nem pelos que os mutilam nem pelos que abusam sexualmente das meninas e mulheres). Além de ser a parte do corpo feminino que alimenta os bebês, não se pode negar que eles o adornam e despertam no outro sexo amor e paixão. No Cântico dos Cânticos, o amado descreve a beleza física da amada. Ele se refere aos olhos, aos cabelos ondulados, aos dentes brancos e bem alinhados, aos lábios vermelhos, mas não deixa de falar dos seios dela: “Os seus seios parecem duas crias, crias gêmeas de uma gazela, pastando entre os lírios” (Ct 4.5). No poema, ele volta a elogiá-los mais adiante (7.3) e acrescenta: “Os seus seios são para mim como cachos de uvas” (7.8). A própria amada diz desinibidamente: “Eu sou uma muralha e os meus seios são as suas torres” (8.10). Naturalmente, essa intimidade não pode ser profanada ou prostituída, como se vê claramente em outro livro atribuído ao mesmo autor dos Cânticos: “Beba das águas da sua cisterna, das águas que brotam do seu próprio poço [...]. Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela. Por que, meu filho, ser desencaminhado pela mulher imoral? Por que abraçar o seio de uma leviana [ou, “os encantos da mulher de outro homem”]?” (Pv 5.15-20). Não se alcança um comportamento sexual responsável e correto (monogâmico e hétero) com providências desequilibradas, como mutilação, castração, cinto de castidade, celibato obrigatório e fuga para o deserto. Na esfera pessoal, isso depende de uma decisão constantemente reafirmada de negar-se a si mesmo, quando se trata de comportamento ilícito. No âmbito social, depende de iniciativas de famílias e sociedade que criem condições favoráveis à prática saudável do sexo, o que incluiria esforços contra o abuso e a mutilação.
  • 15. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 15
  • 16. 16 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 +DO QUE NOTíCIAS A propósito de “minha casa, minha vida” N a primeira metade do século 8 antes de Cristo, o profeta Amós, falando em nome de Deus, deu uma má notícia aos ricos perdulários de Israel: “Destruirei as casas de inverno e as casas de verão, as casas luxuosas, as casas enfeitadas de marfim, todas elas serão destruídas” (Am 3.15). A profecia se cumpriu poucos anos depois, quando a Assíria invadiu o país no ano 722 antes de Cristo, sob o comando de Salmaneser V (2Rs 17.3-6). Hoje, a má distribuição da riqueza continua em várias partes do mundo, sobretudo no Brasil. Nos Estados Unidos há americanos comprando abotoaduras de 500 dólares e, no Brasil, há mulheres comprando colares de dezoito voltas e 100 diamantes por 85 mil reais. Com o valor de cada colar daria para se construir seis casas de padrão popular de 56 metros quadrados (sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço) para alguns dos milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, sem acesso a casa, terra, saneamento básico, trabalho, educação e saúde pública. Com 2 milhões de dólares que uma socialite brasileira gastou para decorar um quarto na mansão que construiu na Riviera Francesa, daria para construir 1.600 quartos de casal ou erguer uma vila de 266 casas para abrigar mais de mil pessoas que perderam suas moradias com as chuvas de janeiro deste ano. Com os 57 milhões de dólares que um cantor inglês despendeu em dois anos, daria para se construir uma cidade de 7.600 casas populares para 30.400 habitantes, o que corresponderia a uma cidade trinta vezes mais populosa que Borá, município brasileiro com o menor número de habitantes, no interior de São Paulo. Amós não foi o único a condenar a autoindulgência dos ricos. Depois dele, na segunda metade do século 8, o profeta Isaías avisou: “Ai de vocês que compram casas e mais casas, que se tornam donos de mais e mais terrenos! Daqui a pouco não haverá mais lugar para os outros morarem e vocês serão os únicos moradores do país. [...] As grandes e belas mansões serão destruídas, e ninguém ficará morando nelas” (Is 5.8-9). N o topo de uma coluna na Piazza di Spagna, em Roma, há uma estátua de Maria, inspirada na mulher do Apocalipse, “vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça” (Ap 12.1). Bento XVI estava nesta praça no dia anterior ao 157° aniversário da promulgação da imaculada concepção de Maria (8 de dezembro de 2011). O papa não economizou palavras para descrever a importância da mãe de Jesus. Para ele, Maria supera a morte e a mortalidade porque é a “plenitude associada à vitória de Cristo, seu Filho, sobre o pecado e a morte”. A intercessão de Maria, afirmou o papa, é essencial, “especialmente neste momento difícil para a Itália, para a Europa e para várias partes do mundo”. No dia seguinte ao da comemoração, 9 de dezembro, não em Roma, mas em Lyon, na França, nas janelas de muitas casas havia uma vela acesa e grandes cartazes ostentavam duas palavras apenas: “Obrigado, Maria”. Nesse Festival de Luzes, como é chamado o evento, celebrado ano após ano, o bispo auxiliar da Diocese de Lyon, explicou: “A salvação vem de Cristo, único Salvador de todos”, portanto, “a graça da Imaculada Conceição vem de Cristo por antecipação”. Essas festividades relembram a bula Ineffabilis Deus, definida por Pio IX no dia 8 de dezembro de 1854, segundo a qual “a santíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção […] foi preservada imune de toda mancha do pecado original”. Se estivesse naqueles dias em Roma e Lyon, Maria teria pedido a palavra para declarar pública e modestamente, como Paulo e Barnabé fizeram em Derbe, na Ásia Menor: “Por que vocês estão fazendo isso? Não me divinizem! Eu sou apenas um ser humano, como vocês” (At 14.15). Ou falaria como o anjo que disse a João quando este caiu aos seus pés para adorá-lo: “Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus!” (Ap 19.10).
  • 17. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 17
  • 18. 18 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 S omente na Espanha, no decorrer de 2010, 314 crianças foram retiradas do ventre materno a cada dia. Foram 113.031 abortos provocados durante o ano, segundo o ministério da saúde daquele país. Em números absolutos, houve um aumento de 1.550 abortos em relação ao ano anterior. Para contrabalançar essa epidemia, a americana Abby Johnson, ex-diretora de uma clínica de abortos no Texas, lançou o livro Sin Planificar, na Universidade CEU San Pablo, em Madri, cinco dias antes do último Natal. Depois de trabalhar durante anos em uma clínica especializada em abortos, Johnson mudou de opinião e de profissão de uma hora para outra e declarou que o aborto se converteu em um vírus que está se infiltrando na sociedade. Para ela, os que financiam ou trabalham em centros que praticam o aborto deveriam se dar conta da humanidade da criança destruída. Em seu livro, Abby Johnson explica que mudou de lado definitivamente porque, ao realizar um aborto, percebeu pela ultrassonografia que o feto de treze semanas reagia contra o processo, retorcendo-se violentamente. A criança +DO QUE NOTíCIAS queria permanecer onde estava. Isso aconteceu em setembro de 2008, quando ela estava com 28 anos. Não é apenas a pessoa que está sendo formada na barriga da mãe (Sl 139.13) que sofre: “Normalmente, o aborto deixa a mulher com sequelas de dor, culpa e sobrecarga emocional que, em muitos casos, podem durar a vida inteira”. Johnson acrescenta que o “efeito dominó” não termina aí. De algum modo, toda a família e as pessoas próximas também sofrem com o aborto. Casada com um ex-luterano e mãe de uma menina de 6 anos, Johnson trabalha hoje com a organização americana Unidos pela Vida. A recente experiência de Abby Johnson coincide com a experiência mais remota de outra americana que também mudou de ideia e fechou a clínica de abortos fundada em Jackson, no Mississipi. Trata-se de Beverly A. McMillan, médica especializada em ginecologia e obstetrícia. Em seu período de residência na Clínica Mayo, em Chicago, em 1969, McMillan teve que tratar de mulheres com febre, sangramento, úteros inchados e sensíveis, vítimas de abortos clandestinos, o que a tornou aborcionista por convicção. Ela recebeu com alegria a decisão da Suprema Corte que legalizou o aborto em 22 de janeiro de 1973. À época, a médica era agnóstica e tinha tudo o que desejava (casamento estável, três filhos saudáveis, uma carreira médica promissora, roupas à vontade, uma boa casa, um carro novo). Contudo, sentia-se deprimida e chegou a pensar em suicídio. Depois de ler o livro O Poder do Pensamento Positivo, de N. V. Peale, McMillan comprou uma Bíblia e leu em pouco tempo todo o Novo Testamento. “À medida que lia a Bíblia nos meses seguintes, me sentia cada vez mais desconfortável em fazer abortos”, afirmou a médica. Por causa disso, ela deixou a prática, embora continuasse como diretora da clínica até 1978. Por ter crescido na fé e se tornado membro de uma igreja evangélica, McMillan desligou-se de qualquer atividade ligada ao aborto. Ela mesma explica: “Quando entendi a santidade da vida humana antes do nascimento, mudei de ideia sobre o aborto”. A humanidade da criança (não nascida) destruída HerbCollingridge
  • 19. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 19
  • 20. 20 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 ocasião da conferência: a primeira são cartões postais (Ore&Envie) com pedidos de oração e uma mensagem para autoridades governamentais; a segunda é o Carbon Fast, que consiste em orar e realizar ações diárias em favor do meio ambiente durante as seis semanas que antecedem o domingo de Páscoa. Este mesmo grupo realizou palestras sobre cristianismo e meio ambiente durante o Fórum Social Temático na última semana de janeiro em Porto Alegre, RS. NOTíCIAS por Lissânder Dias Dois mil jovens africanos celebram a obra missionária Mais de 2 mil jovens africanos se reuniram na virada do ano no Quênia para a Conferência Missionária Commission, que acontece a cada três anos e é promovida pela Aliança Bíblica Universitária do país. A maior parte dos participantes era formada por universitários e recém-graduados quenianos. O tema foi “Assim como o Pai me enviou, eu envio vocês”. “Tivemos muitos testemunhos (bem escolhidos e desafiadores), excelente ensino bíblico baseado no livro de Daniel, palestras e ensino voltado para o desafio missionário. Havia muito louvor: um grupo já Evangélicos se mobilizam para Rio+20 Mais de dezesseis organizações evangélicas se preparam para participar da Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que acontece de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, RJ. Tearfund, A Rocha Brasil e Rede FALE estão à frente do processo. No final de março acontece a segunda reunião de preparação. As organizações estão trabalhando para lançar duas campanhas por formado, um coral que se formou ali mesmo e que crescia a cada dia e grupos musicais dos países representados. Foi uma alegria contagiante”, conta a brasileira e professora de missiologia Antonia Leonora van der Meer (Tonica), única mulher que pregou na plenária do evento. O livro de Atos foi a base para os estudos bíblicos em pequenos grupos de doze pessoas. Segundo o diretor do Commission, Simon Kande, 1.663 pessoas assinaram o compromisso de se envolver com missões. Na última noite houve um apelo para que aqueles que quisessem consagrar suas vidas à obra missionária se apresentassem. A princípio foram dez, depois mais de trinta, até que pelo menos 2 mil jovens se levantaram. Missões com os pés latinos Novecentos participantes de mais de trinta países. Estes são os números esperados pela Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) para o 5º Congresso Latino- Americano de Evangelização (CLADE 5), que acontece de 9 a 13 de julho em San Jose, na Costa Rica. Os CLADE’s fazem parte da caminhada histórica de reflexão sobre a missão integral na América Latina e pretendem refletir sobre o papel dos cristãos no contexto do continente. “Esperamos chamar a atenção da Igreja na América Latina para a nossa realidade, nossos problemas atuais e para o modo como estamos respondendo a eles. Devemos nos confrontar em meio a esta sociedade de morte e refletir sobre a maneira como estamos levando a mensagem de vida pregada por Jesus”, afirma Juan Carlos Morales Serrano, gerente operacional do evento. Desde setembro de 2011, núcleos da FTL, igrejas, movimentos e grupos de amigos estão sendo encorajados a estudar o Caderno de Participação, um livreto com estudos bíblicos sobre o tema do evento: “Sigamos a Jesus Cristo em seu reino de vida! Guia-nos, Espírito Santo!”. Espera-se formar pelo menos trinta grupos de estudo em diversos países do continente. AntoniaLeonoravanderMeer CatiuskaPerez Jovens africanos estudam o livro de Atos em pequenos grupos Diretores da FTL trabalham nos preparativos do CLADE V Notícias sobre a Rio+20, no portal ultimato.com.br Notícias sobre o Clade 5, no portal ultimato.com.br + +
  • 21. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 21 Dez mil Bíblias em áudio no Nordeste Feira internacional vai reunir livreiros cristãos De 2 a 6 de maio acontece em São Paulo, SP, a 1ª Feira Literária Internacio- nal Cristã (FLIC), que espera reunir cerca de 5 mil pessoas por dia. A iniciativa é da Associação de Editores Cristãos do Brasil (ASEC), que reúne 36 editoras Os ateus liderados pelo filósofo Alan de Botton querem construir um “templo para ateus” no centro financeiro de Londres, Inglaterra. O projeto prevê a construção de uma torre de 46 metros de altura para representar, segundo o filósofo, os milhares de anos de vida humana na terra e para celebrar o “novo ateísmo”, um contraponto à abordagem mais “agressiva” de ateus como Richard Dawkins (o polêmico autor do livro Deus, Um Delírio). A parte exterior do templo será marcada por um código binário que denota a sequência do genoma humano. De Botton acredita que os templos são uma boa ideia para fortalecer nas pessoas o senso da vida. “Você pode construir um templo para tudo o que é positivo e bom”, afirmou ao jornal britânico The Guardian. O templo começará a ser construído no final de 2013, caso seja aprovado pela prefeitura. Dawkins critica a ideia e diz que é mau uso de dinheiro. Para ele, um templo para ateus é uma contradição. “Não precisamos de templos”, diz. Curiosamente, o reverendo anglicano George Pitcher celebrou a ideia. “Este templo mostra que há um sentido de transcendência humana, que existe algo maior do que a nossa existência visceral”, disse. Ateus querem construir templo evangélicas brasileiras. Com discurso otimista, a ASEC acredita no aqueci- mento deste segmento do mercado de livros (um aumento de 14,4% nas vendas em 2012) e aposta na realização da feira como um excelente balcão de negócios entre editoras, livrarias e consumidores. A associação quer tam- bém promover na FLIC uma discussão de alto nível sobre a literatura cristã e o cristianismo no Brasil. Para isso, have- rá bate-papos com autores, encenação de contos e histórias, sarau literário, congressos e cursos em geral nas áreas de teologia, família, liderança, mulhe- res, infantil e infanto-juvenil, juventu- de, missões, artes, ação social etc. Pela primeira vez o público poderá votar no Prêmio Arete, uma premiação que elege as melhores publicações do universo editorial evangélico brasileiro. Os vencedores serão anunciados durante o evento. A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) quer doar 10 mil Novos Testamentos em áudio para apoiar as ações evangelizadoras dos obreiros que atuam em lugarejos com alto índice de analfabetismo no Sertão Nordestino. Para isso, lançou uma campanha de arrecadação. O alvo é arrecadar 100 mil reais. Até janeiro a SBB havia conseguido pouco menos de 10 mil. Para o pastor Eude Martins, coordenador da campanha, há um grande índice de analfabetismo na região e a população gosta muito de rádio e de ouvir CD. Segundo ele, “mesmo faltando televisão em algumas residências, não falta aparelho de rádio com CD player acoplado”. A ideia é formar grupos de audição nos lares ou nas igrejas. no blog do Guilherme de Carvalho ultimato.com.br/blogs Notícias sobre a FLIC, no portal ultimato.com.br + +
  • 22. 22 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 “ “ Q uem diz isso não é uma pessoa qualquer. Não é um exagerado nem um simplório. Essas palavras, que parecem radicais, foram pronunciadas pelo médico e pregador Martyn Lloyd-Jones, do púlpito da Capela de Westminster, no centro de Londres, na primeira metade do século 20. Como se verá nesta matéria de capa, Lloyd-Jones tem toda razão: se você ainda não está atado a Cristo, pela convicção e pela fé, então você, a rigor, ainda não é um cristão. É necessário que você admita isso, humilde e honestamente, tendo ou não rótulo de cristão, sendo católico, protestante, carismático ou neopentecostal. Pode ser que você esteja atado apenas ao Cristo do evangelho da prosperidade, do evangelho social e da teologia liberal, mas não ao Verbo feito carne. [Capa][Capa] Sevocê não está atado a Cristo, você não é Cristão O Jesus que tomou sobre si os nossos pecados e nos trouxe perdão, que morreu e ressuscitou, que está sentado à direita do Pai, que colocou debaixo dos pés os estragos da queda e do pecado e que voltará em poder e muita glória — esse é o único Jesus. Não há outro. Fora do Jesus do Antigo e do Novo Testamentos, qualquer outro seria vulgar e mesmo desnecessário. A cristologia bíblica é fantástica, coerente, convidativa, redentora e gloriosa. Agarre-se a esse Jesus e não a outro. Só é possível conhecer Jesus Cristo como ele de fato é, removendo as escamas que estão nos olhos e o véu que se interpõe entre nós e ele. Essa operação vem de cima (de Deus) e não de baixo (do ser humano). Ela desce e não sobe. É graça pura, que pode ser suplicada! MarcinKrawczyk
  • 23. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 23 O nome acima de qualquer outro nome P aulo não diz que o nome de Jesus será o mais importante de todos os nomes. Ele já é o nome mais exaltado desde a ressurreição e a ascensão. Mesmo antes da plenitude da salvação. Muitos fatos são responsáveis por isso. Para datar os acontecimentos anteriores ao nascimento de Jesus, os historiadores escrevem o ano acompanhado da sigla “a.C.” (antes de Cristo). Para datar os acontecimentos imediatamente posteriores, usam “d.C.” (depois de Cristo). Para fornecer qualquer documento, os escrivães colocam o ano seguido da expressão “da era cristã”. Por chamarmos de domingo (o dia do Senhor) o primeiro dia da semana, quer saibamos ou não, quer creiamos ou não, relembramos de sete em sete dias um dos pilares do cristianismo: a ressurreição de Jesus. Mesmo desconhecendo o solene significado da cruz, ela é o símbolo religioso mais exposto. Mais do que a estrela de Davi, do judaísmo, o crescente lunar, do islamismo, a palavra OM, em sânscrito, do hinduísmo, a roda viva, do budismo, e o torii, dos xintoístas. A cruz está em todo lugar — nas igrejas, nos cemitérios, no alto dos morros, nos nichos, nos monumentos, nas pinturas, nos adornos, nas tatuagens. Mais da metade do credo dos apóstolos refere-se a Jesus Cristo. A declaração “creio em Jesus” é a mais antiga, a mais conhecida e a mais repetida de todas as confissões de fé da igreja cristã por quase dois milênios. As Escrituras Sagradas são o mais antigo, o mais traduzido, o mais vendido e o mais lido best-seller, que testifica de Jesus tanto no Antigo Testamento como no Novo. A maior de todas as declarações de amor, a mais divulgada e a mais decorada em qualquer lugar onde haja pelo menos um cristão, diz respeito a Jesus: “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O Natal (que aponta para o fato de que o Verbo se fez carne) e a Sexta-feira da Paixão (que aponta para a ruptura do véu que separava o Criador da criatura) são os feriados mais consagrados e mais internacionais do calendário ocidental. A cerimônia religiosa mais repetida em todos os círculos cristãos desde que foi instituída (na véspera da crucificação) — celebrada por alguns todos os dias e, por outros, todos os domingos, todos os meses ou todos os anos — rememora a pessoa de Jesus Cristo e seu sacrifício vicário (“Façam isso em memória de mim”). Chama-se Santa Ceia, Eucaristia ou o partir do pão. Jesus é o filme mais traduzido — para mais de 1.060 línguas e dialetos —, mais projetado e mais visto — por mais de 200 milhões de pessoas — da história. O que ainda não aconteceu é o momento em que todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos vão cair de joelhos e declarar abertamente que Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10-11).
  • 24. 24 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 A imagem visível do E nquanto o Evangelho de Mateus e o Evangelho de Lucas começam a história de Jesus contando o seu nascimento, as primeiras palavras do Evangelho de João são bem resumidas: “No princípio [o mais remoto de todos os princípios] era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Com apenas dezessete palavras (no original grego) o apóstolo nos leva às alturas e nos faz viajar no tempo. De acordo com esse prólogo, entendemos a declaração de Jesus que deixou os fariseus enraivecidos: “Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu sou!” (Jo 8.58). A mais antiga promessa a respeito de Jesus foi feita pelo próprio Deus, pouco depois da criação dos céus e da terra que agora existem, e imediatamente após a queda do ser humano: “De agora em diante, você [a serpente] e a mulher [a mãe de todos os seres humanos] serão inimigas. O mesmo ocorrerá entre a sua descendência [as potestades do ar] e a descendência dela [Jesus]. O descendente da mulher [Jesus] esmagará a sua cabeça [a cabeça da serpente], e você [serpente] ferirá o calcanhar dele [de Jesus]” (Gn 3.15). Essa curta e enfática promessa é conhecida como “o germe da promessa messiânica”, “o primeiro clarão da salvação”, “o protoevangelho”. Entre os muitos descendentes da mulher, apenas um se encaixa perfeitamente na primeira profecia da história da religião. Ele descende só da mulher, sem a participação de homem algum, e recebeu o nome de Jesus, que quer dizer: “O Senhor é a salvação”. O primeiro clarão da salvação João assimila de tal modo a eternidade de Jesus que acrescenta, sem pestanejar, mais duas informações solenes: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3) e “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Jesus é o único cuja história não tem início no dia do nascimento nem no dia da concepção. Quando se fez carne, ele entrou no tempo e tornou-se visível, audível e palpável. O propósito da descida de Jesus do nível mais alto para o nível mais baixo é fazer-nos subir deste para aquele. É inegável que desde então e ao longo da história tem havido entre a serpente e a humanidade, entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto, inimizade, hostilidade, antagonismo, incompatibilidade, rivalidade, atrito e repulsa mútua. Daquele dia em diante o clima é de guerra e não de paz. De guerra total, pois ninguém está de fora apenas assistindo, acompanhando, filmando. De guerra cósmica, pois envolve extraterrestres (anjos e demônios). Não há outro pronunciamento tão explicativo para a nossa conturbada história como esse. Quando o Verbo se fez carne, ele somou a natureza humana à natureza divina e tornou-se tanto “Filho de Deus” como “Filho do homem”. Ele não deixa de ser Deus quando toma a forma humana (Fp 2.1-8) nem deixa de ser homem quando ressuscita dentre os mortos (Lc 24.39-43; Jo 20.27). Por sua natureza divina, Jesus está acima das leis cósmicas e não debaixo delas. Assim, realiza muitas coisas impossíveis ao homem. Por sua natureza humana, experimenta coisas que não combinam com a sua divindade, tais como ter fome, sede, sono e se sentir cansado. Ao se fazer carne, Jesus passou a ser “a imagem visível do Deus invisível” (Cl 1.15)! Deus invisível
  • 25. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 25 andou sobre o mar? com uma só ordem fez parar o vento, os relâmpagos, os trovões e a tempestade do mar? com uma só palavra fez secar uma figueira? transformou 600 litros de água em vinho da melhor qualidade? multiplicou cinco pães e dois peixes para satisfazer mais de 5 mil estômagos e ainda fez sobrar doze cestos? cura toda sorte de doenças, desde uma simples febre até um paralítico de nascença? é capaz de reimplantar, fora de um centro cirúrgico, uma orelha decepada? consegue parar um cortejo fúnebre e ordenar ao morto que saia do caixão? tem poder para fazer viver outra vez um morto já sepultado e em estado de putrefação? no tempo e no espaço torna a viver, por seu próprio poder, e abandona o túmulo por conta própria? Porém, a unicidade de Jesus vai além disso. Quem mais... amou como ele amou? falou com tanta autoridade como ele? perdoou como ele? sofreu como ele? se deu aos outros como ele? suportou desafios, escárnios e injustiça como ele? deu a vida como oferta pelo pecado como ele? é imatável como ele? derramou voluntariamente a alma na morte como ele? proferiu palavras tão duras sem pecar como ele? não se apegou aos seus direitos como ele? se esvaziou como ele? se humilhou sendo obediente até a morte e morte de cruz? A unicidade de Jesus continua. Quem afinal é... o pão da vida? a luz do mundo? o bom pastor? a ressurreição e a vida? o caminho, a verdade e a vida? a videira verdadeira? o único mediador entre Deus e os homens? o nosso intercessor junto ao Pai em caso de pecado e culpa? a propiciação pelos nossos pecados? São até aqui 32 interrogações a respeito da unicidade de Jesus. Outras poderiam ser formuladas. O que importa é que todas têm uma só resposta: Jesus Cristo! Jesus é o único a fazer o que fez N a noite em que foi traído e instituiu a Santa Ceia, em uma reunião reservada, em certo cenáculo de Jerusalém, Jesus se abriu com os discípulos: “Se eu não tivesse realizado obras que ninguém mais fez, [aqueles que me viram ou ouviram] não seriam considerados culpados. Mas agora, eles as viram, e mesmo assim odeiam a mim e ao meu Pai” (Jo 15.24). Ele é o único a fazer o que fez. Além dele, quem mais...MichaelFaes
  • 26. 26 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Em Cristo não somos caloteiros E m poucas palavras, o teólogo brasileiro Alfredo Borges Teixeira (1878–1975) explica o sacrifício vicário do Filho unigênito de Deus: “A Jesus foram imputados os pecados dos homens e aos homens foi imputada a justiça de Jesus”. Há uma dupla transferência: a culpa pelos nossos pecados do passado, do presente e do futuro passa para Jesus e a justiça dele é transmitida a nós. Há uma substituição: Jesus recebe em nosso lugar a justa retribuição que nossos pecados merecem. O resultado é a eliminação definitiva e irrevogável da nossa culpa pelo cumprimento da punição que ela merece. Esse gesto de maravilhosa graça proporciona a libertação da culpa do pecado. Quando o pecador conhece e aceita a oferta de salvação, é salvo e deixa de ser réu. O livramento, embora planejado antes da fundação do mundo (1Pe 1.20) e da queda do homem e anunciado progressivamente no Antigo Testamento, se concretiza na Sexta-Feira da Paixão, entre o meio- dia e as três horas da tarde, em uma colina fora dos muros de Jerusalém, chamada de Lugar da Caveira, Calvário ou Gólgota (em aramaico). Entre os acontecimentos misteriosos e aterrorizantes que se deram durante ou logo após a crucificação de Jesus (escuridão, tremor de terra e abertura de túmulos, dos quais saíram alguns mortos), o mais significativo foi o rompimento do véu do templo, que se rasgou de cima a baixo (Mt 27.51). Este sinal demonstra o sucesso do sacrifício expiatório de Jesus e confirma todos os seus sete “Eu sou”, notadamente, o “Eu sou a porta” (Jo 10.7), “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.14) e “Eu sou o caminho” (Jo 14.6). Por causa da morte vicária, João Batista apresenta Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29); o apóstolo João assevera que “o sangue de Jesus, o seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.7); e Paulo garante que Deus perdoou todos os pecados e “riscou essa condenação que pesava sobre as nossas cabeças, anulando-a completamente e pregando-a na cruz sobre a sua própria cabeça” (Cl 2.14). O fato é que para livrar o pecador da culpa, da dívida, da vergonha, do fardo — o Cordeiro de Deus assumiu consciente e voluntariamente a culpa, a dívida, a vergonha e o fardo do pecador contrito e sofreu o castigo que era dele. O complicado cerimonial provisório do Antigo Testamento perdeu o valor por um sacrifício melhor, perfeito e único. Porque o sangue de touros e bodes não pôde, de modo algum, tirar os pecados de ninguém. Jesus, ao entrar na história, declara: “Estou aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade”. E porque Jesus Cristo fez o que Deus quis, nós somos purificados do pecado, por meio da oferta de seu corpo uma vez por todas (Hb 10.5-14). Para ser salvo sem a obra vicária de Cristo, o ser humano precisaria obedecer à lei de Deus sem nem um deslize sequer, o que nunca aconteceria. Ou, então, pagar a dívida contraída pela desobediência, o que ninguém conseguiria nem nesta vida nem nas chamadas reencarnações. Deus não aceita boas obras como pagamento da dívida. A única solução está na obediência ativa e passiva à lei divina, que Cristo realizou no lugar do pecador. Alfredo Borges Teixeira explica que a obediência ativa de Cristo consiste no fato de ele nunca ter pecado e a obediência passiva de Cristo consiste no fato de Jesus ter sido obediente até a morte vicária, por meio da qual a cortina que separava o absolutamente santo do absolutamente pecador se rasgou. Essa obediência é o cobertor da salvação, ou o manto da justiça, com o qual fomos eficazmente cobertos. Em Cristo não somos mais caloteiros! ShiYali o Cordeiro de Deus assumiu consciente e voluntariamente a culpa, a dívida, a vergonha e o fardo do pecador contrito
  • 27. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 27 Jesus no “Livro das Coisas Melhores” A cruz cravejada de notas de débito A Epístola aos Hebreus, escrita antes da destruição de Jerusalém, no ano 70, é endereçada não a uma igreja ou a uma pessoa, mas “aos hebreus”, cristãos de origem judaica da diáspora. Foi escrita por alguém que conhecia bem o Antigo Testamento, talvez Paulo, Barnabé ou Apolo. Outros nomes cotados seriam Lucas, Priscila, Silas e Epafras. Essa epístola, a terceira maior das 21 epístolas (junto com a de 2 Coríntios), “podia ser chamada o ‘Livro das Coisas Melhores’, visto que as duas palavras gregas traduzidas por ‘melhor’ e ‘superior’ ocorrem quinze vezes na carta”.1 Fala-se em uma melhor aliança, em um melhor santuário e em um melhor sacrifício. O tema é a total supremacia e suficiência de Cristo. O autor tinha em vista dois sérios perigos: o retorno dos hebreus ao judaísmo ou a tentativa deles de judaizarem o evangelho. O capítulo mais conhecido (talvez o único) é o capítulo onze, que enumera os heróis da fé. Logo no início, no primeiro capítulo, há algumas referências à proeminência de Jesus. A NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) chama-o de Filho por sete vezes. Jesus é o porta-voz de Deus: “Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho” (v. 2). Jesus é o dono de tudo: “Foi ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas” (v. 2 ). Jesus é o criador do universo: “Foi por meio dele que Deus criou o universo” (v. 2). Jesus é o próprio Deus: “O Filho é a perfeita semelhança do próprio Deus” [a expressão exata de seu ser] (v. 3). Jesus é o sustentador de tudo: “Ele sustenta o universo com a sua palavra poderosa” (v. 3). Jesus é o purificador do pecado: “Depois de ter purificado os seres humanos de seus pecados, sentou-se no céu, do lado direito de Deus, o Todo-poderoso” (v. 3). Jesus é superior aos anjos: “Deus fez com que o Filho fosse superior aos anjos e lhe deu um nome que é superior ao nome deles” (v. 4). Jesus é o enviado de Deus: “Quando Deus enviou ao mundo o seu primeiro Filho, ele disse: ‘Que todos os anjos o adorem’” (v. 6). Jesus é o soberano Senhor: “Sente-se do meu lado direito, até que eu ponha os seus inimigos como estrado dos seus pés” (v. 13). Nota 1. Bíblia de Estudo NVI O que Deus perdoou? Todos os nossos pecados Todas as nossas falhas Todos os nossos deslizes O que Deus fez? Aboliu, anulou, apagou Cancelou, deixou de lado, destruiu Eliminou, fez desaparecer, reduziu a nada Removeu, riscou, suprimiu O que Deus cancelou? O documento contrário a nós A condenação que pesava sobre nós O título da dívida que havia contra nós O documento manuscrito que era contra nós O comprovante da nossa dívida Que fim Deus deu ao título de dívida? Depois de anular Depois de cancelar Depois de remover Depois de riscar Deus encravou tudo na cruz! Fonte: Colossenses 2.14 em diferentes versões AmondoSzegi Jesus na edição 271, no portal ultimato.com.br/revista/271 +
  • 28. 28 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 J esus estava com Deus desde o princípio e que o mundo foi feito por ele; Maria tenha engravidado sem ter relações sexuais com o carpinteiro ou com outro homem; Jesus era Deus e homem ao mesmo tempo ou alternadamente. Ele não era um ser humanizado nem divinizado. Era simplesmente um ser humano, igual a nós: nasceu, viveu e morreu; Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado. Nem mesmo creio em pecado. Pode haver equívocos, erros, falhas e insucessos, mas nunca pecado. Pecado é uma palavra inventada pelo cristianismo para meter medo; Jesus é imatável. Essa palavra nem sequer existe. Ele não foi jogado precipício abaixo em Nazaré nem apedrejado em Jerusalém, porque em ambas ocasiões ele apenas fugiu com ajuda dos discípulos; A água tenha sido transformada em vinho e que os pães e peixes tenham sido multiplicados. Pode ter havido algum truque ou coisa inventada para promover o Nazareno e enfraquecer o poder do Império Romano; Jesus tenha dado vista aos cegos, audição aos surdos, fala aos mudos, cura aos doentes; Uma mulher permaneceu menstruada por doze anos nem que Jesus estancou o sangue dela. Se houve uma ou outra cura de doenças mais leves foi por causa do aparato armado por Jesus e os discípulos. Foi uma questão psicológica; Jesus tenha ressuscitado a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o irmão de Maria e Marta. Além de impossíveis, essas coisas nunca aconteceram; eu Não creioNão creio que... Jesus tenha patinado sobre a superfície líquida do mar da Galileia. Creria se houvesse inverno rigoroso naquela região e naquela época do ano capaz de congelar a água do lago. A tempestade estava passando e ele aproveitou para dar a impressão de que era maior do que as forças da natureza; Jesus tenha tornado a viver três dias depois de sua morte e sepultamento nem que tenha aparecido em vários lugares por um espaço de quarenta dias. A guarda inventou o drama da ressurreição, tendo em vista a grande soma de dinheiro que receberia do Sinédrio. A mentira dos guardas foi a notícia da ressurreição e não a notícia de que o corpo de Jesus teria sido levado para um lugar ignorado pelos discípulos. Jesus foi enterrado em uma cova rasa e permaneceu para todo sempre no mundo dos mortos (que os judeus chamam de Hades); Jesus foi assunto aos céus e que uma nuvem o tenha encoberto, nem que ele tenha se assentado à direita de Deus para então arrumar os estragos
  • 29. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 29 Em português Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu aos céus; está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. Em latim Credo in Iesum Christum, Filium Eius unicum Em espanhol Creo en Jesucristo, su único Hijo, Nuestro Señor Em inglês I believe in Jesus Christ, his only Son, our Lord Em francês Je crois en Jésus Christ, son Fils unique, notre Seigneur Em alemão Ich glaube Und an Jesus Christus, seinen eingeborenen Sohn Em coreano 그 외아들 우리 주 예수 그리스도를 믿사오니, Em japonês 我はその独り子、我らの主、イエス・キ リストを信ず。 * Uma declaração de fé usada pelos cristãos desde meados do segundo século e repetida até hoje por todos os cristãos (católico- romanos, grego-ortodoxos e protestantes). eu creio O credo dos apóstolos* (Apenas o parágrafo que se refere a Jesus Cristo) LizValente provocados pela chamada queda do homem nem, ainda, que há de voltar “em poder e muita glória” para julgar. Nada disso aconteceu nem vai acontecer. Não existe esperança em um morto que a morte levou irreversivelmente Não há Apocalipse. Se a humanidade não evoluir por conta própria, as coisas vão continuar perenemente como estão. A realidade é muito melhor do que a fantasia! Pode ser difícil achar alguém que verbalize todas essas negações. Talvez, para a maioria dos descrentes, uma ou duas delas bastem para não levar a sério as afirmações da fé cristã. Ainda bem que o testemunho do cristão pode balançar a dificuldade de crer do não cristão, contribuindo para levá-lo à fé. Afinal, os seguidores de Jesus são (ou deveriam ser) o sal da terra e a luz do mundo, para que os demais vejam as suas boas obras e estas glorifiquem a Deus (Mt 5.16).
  • 30. 30 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 É tudo muito simples. O primeiro clarão da salvação está em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. O segundo está em Apocalipse, o último livro da Bíblia. O primeiro clarão é uma promessa anunciada; o segundo, uma promessa cumprida. O primeiro clarão vem depois da criação do céu e da terra; o segundo culmina com a criação de novos céus e nova terra. O primeiro clarão fornece uma pálida imagem de Jesus (diz-se apenas que ele é “o descendente da mulher”); T alvez a mais solene das profecias messiânicas de Isaías seja esta: “[Porque] vocês estão confiando em mentiras e pensam que a desonestidade os protegerá [da terrível desgraça], o Senhor Deus diz: ‘Estou colocando em Sião uma pedra, uma pedra preciosa que eu escolhi, para ser a pedra principal do alicerce’. Nela está escrito isto: ‘Quem tem fé não tem medo’” (Is 28.16). A pedra à qual o texto se refere não é qualquer pedra. As diferentes versões usam uma grande quantidade de sinônimos e dizem que se trata de uma pedra angular, básica, escolhida, estabelecida, experimentada, firme, fundamental, preciosa, principal, provada, segura, sólida, testada e valiosa. É uma pedra de granito (BJ), um bloco escolhido (EPC), “uma pedra para ser a principal pedra do alicerce firme e precioso sobre o qual se pode construir em segurança” (NBV), uma pedra “para alicerce seguro” (NVI). Em qualquer tempo, lugar e circunstância, quem levar essa pedra a sério, quem nela crer, nela confiar, nela se apoiar, jamais terá medo, será abalado, ficará desiludido ou vacilará. Porém, quem não conhecer ou levar em consideração esse bloco Uma pedra de granito no alicerce para prevenir desabamentos de granito, verá implacavelmente o deslizamento, o desmoronamento, a destruição de toda esperança, de todo o conteúdo da fé religiosa. É por isso que essa pedra é também chamada “pedra de tropeço” (Is 8.14; Rm 9.32; 1Pe 2.8). Ela pode nos fazer tropeçar ou mesmo cair na escalada da salvação, sem que haja possibilidade de retrocesso. Resta saber quem é a pedra angular, a primeira pedra, a pedra de absoluta confiança que sustenta todo o edifício da salvação. A resposta é óbvia: “A pedra fundamental desse edifício [a igreja] é o próprio Jesus Cristo” (Ef 2.20). Pedro estava absolutamente certo disso quando, cheio do Espírito Santo, declarou ao Sinédrio judaico: “Jesus é aquele de quem as Escrituras Sagradas dizem: ‘A pedra que vocês, os construtores, rejeitaram veio a ser a mais importante de todas’, [pois] a salvação só pode ser conseguida por meio dele” (At 4.11-12). Em vez de ser a tremenda pedra de salvação, Jesus pode ser a tremenda pedra de tropeço para os descrentes, os de dura cerviz, os guias religiosos vazios e irresponsáveis, os teólogos liberais, os reencarnacionistas e os cristãos apenas de nome. Nota: Sobre as versões da Bíblia citadas, ver pág. 7. Em qualquer tempo, quem levar essa pedra a sério, jamais terá medo ou será abalado
  • 31. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 31 O último clarão da salvação o segundo fornece uma gloriosa imagem de Jesus (ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores). O primeiro clarão é como o momento da concepção; o segundo, como o momento do parto. Apertados entre um momento e outro estão o desenvolvimento e a história da salvação, que nem todos enxergam. No primeiro clarão a serpente é ameaçada (o descendente da mulher esmagará a cabeça da serpente); no segundo, o diabo, a antiga serpente, é jogado no lago de fogo e enxofre para ser atormentado para todo o sempre, de dia e de noite (Ap 20.10). No Apocalipse, isto é, na “revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1), ou no levantar da cortina (desvelamento da imagem de Jesus), começa o último ato da história da salvação. O Jesus do Apocalipse não é o desfigurado, o desprezado e rejeitado, o varão de dores, o oprimido e afligido, o Cordeiro levado para o matadouro, o crucificado, o transpassado, o ensanguentado, não é simplesmente o rei dos judeus, não tem uma coroa de espinhos na cabeça nem uma cana seca na mão! No Apocalipse, Jesus é o primeiro a se levantar da morte para não morrer mais; é mais importante do que qualquer rei da terra (1.5); é o que vem com as nuvens (1.7); é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas; o Senhor Todo-Poderoso (1.8); é o vivente que morreu, mas que agora está vivo para sempre; o que tem as chaves da morte e do inferno (1.18; 2.8); é o santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi para abrir o que ninguém pode fechar e fechar o que ninguém pode abrir (3.7); é a fonte primitiva da criação de Deus (3.14); é aquele que permanece à porta e que está batendo sempre (3.20); é o Leão da tribo de Judá, que venceu e se mostrou digno de abrir o livro e quebrar os sete selos que empurravam a história para frente (5.5); é aquele que é digno de receber o poder, e a riqueza, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória e o louvor (5.12); é aquele de quem vem a nossa salvação (7.10); é aquele que enxuga toda lágrima dos olhos de suas ovelhas (7.17); é o Rei de todos os reis e Senhor de todos os senhores (17.14); é a candeia que ilumina a nova Jerusalém (21.23); é a brilhante Estrela da Manhã (22.16). Esse último ato de salvação nunca termina, o último clarão da salvação nunca se apaga, pois Jesus nunca se retira do palco da salvação!
  • 32. 32 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33). O apóstolo Pedro faz coro, dizendo: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1Pe 2.9-10). Conversão significa responder ao chamado de Cristo em obediência e fé, renunciar o mundo e viver como povo santo de Deus. Isto requer separação e contraste. É por esta razão que Jesus disse aos discípulos que, se eles fossem do mundo, o mundo os amaria; porém, como eles foram chamados do mundo para Cristo, o mundo os odeia como também o odiou (Jo 15.18-19). Viver como Cristo viveu implica participar do mesmo sofrimento e das mesmas alegrias. Jesus afirmou: “O servo não é maior que o seu Senhor”. A esperança para o mundo repousa neste povo separado por Deus. Um povo cuja vida, relacionamentos, conduta, ética, moral, expõem o contraste entre a humanidade pretendida por Deus e revelada em Jesus Cristo e a forma como o mundo e a cultura se estruturam sem Deus. Este contraste traz esperança para alguns, tensões para outros e, inclusive, incompreensão e perseguição. Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração. que importa. O discurso cristão não é mais contracultural. O mundo e a carne deixam de ser inimigos. Ser cristão significa sentir-se bem e ajustado com a cultura secularizada. Contudo, o chamado para sermos santos permanece central para a vida cristã. Mesmo que nossa compreensão seja limitada ou condicionada por modelos culturais, a identidade cristã repousa sobre o fato de que Deus é santo e, porque ele é santo, somos chamados a ser santos como ele. E o que isso quer dizer? O reverendo J. I. Packer afirma que a santidade envolve separação e contraste. A vida de Jesus ilustra bem isto. Por um lado, ele afirma que seu reino não é deste mundo (separação). Por outro, a forma como vive representa um enorme contraste com a cultura da época. Ser santo é ser separado do mundo. Não uma separação alienada ou esquizofrênica, mas sim uma separação que intensifica o contraste entre o mundo e o reino de Deus. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, Deus chama e separa um povo para ser seu, um povo sobre o qual ele reina e governa. O profeta Jeremias reafirma o significado da aliança, dizendo: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois O CAMINHO DO CORAçãO Ricardo Barbosa Conversão significa responder ao chamado de Cristo, renunciar o mundo e viver como povo santo de Deus S ou de uma geração que ouviu falar muito sobre santidade. Na minha juventude havia uma preocupação sincera com a necessidade de se viver uma vida santa. Livros como Em Seus Passos o Que Faria Jesus? e a constante pergunta se Jesus faria o mesmo no meu lugar funcionavam como uma forma de freio moral. A luta contra os três grandes inimigos da santidade — o diabo, o mundo e a carne — era levada a sério. A vontade de resistir-lhes era grande. A luta era incansável. A busca pela santidade trouxe, para muitos, um tipo de paranoia, uma preocupação com a “perfeição” moral que negava o prazer. Isto levou alguns a abandonarem a fé, a fim de preservar a sanidade. Outros, sem abandoná- la, tornaram-se cínicos em relação ao discurso moralista cristão. As mudanças sociais dos anos 60 e 70 questionaram a herança cristã vitoriana, promovendo uma mudança de paradigmas. A partir dos anos 80, o tema da santidade perdeu força e interesse. Em seu lugar, entrou a preocupação com a “saúde espiritual”. Cresceu a busca por uma espiritualidade mais humana, centrada no bem-estar pessoal e no reconhecimento do prazer como expressão saudável da fé. Se o velho modelo era fundamentado na renúncia e no sacrifício, o novo foi construído sob o alicerce do prazer e da aceitação. Entramos no século 21 e percebemos que “saúde espiritual” tornou-se sinônimo de “saúde emocional” e substituto para a salvação por meio do arrependimento e da fé. Sentir-se bem e ter saúde emocional e espiritual é o Separação e contraste
  • 33. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 33
  • 34. 34 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
  • 35. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 35
  • 36. 36 ULTIMATO I Março-Abril, 2012
  • 37. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 37 irrelevante, incapaz de dialogar com a sociedade. Se nos sábados à noite vamos à casa do Zé para beber vinho, fumar charutos e discutir questões bíblicas, esta é a nossa igreja. Fumar charutos e beber vinho passam a ser nossas práticas religiosas. A casa do Zé ou da Maria se institucionaliza e se torna nosso “templo”. Assim é o ser humano, assim se forma a cultura. É arrogante pensar que essa pseudo não forma é melhor do que uma proposta atual ou histórica. Quando entendemos a verdadeira natureza do evangelho, percebemos que a religião cristã não é a grande inimiga. Antes, o vazio dela o é. Jesus não pregou a rejeição às formas culturais da religião, mas a encheu de graça e significado. Ao fazê-lo, virou o establishment religioso de cabeça para baixo. Não porque os odiasse, mas porque os amava. Quando entendemos este amor, passamos a colecionar as graças mais diversas encontradas por toda parte e em todas as formas religiosas. Passamos a nos compadecer dos homens que tentam reproduzir o sublime tanto nas igrejas- garagens como nas catedrais. A graça se torna história coletiva e toma a forma da casinha de madeira que hospedou a primeira Assembleia de Deus fundada no Brasil ou da catedral Metodista, de concreto cinza, ainda imponente, e que diz ao bairro Liberdade, em São Paulo: “Ele se importa”. A graça se torna memória nos hinos antigos e coletiva quando sai de mim e é formalizada no plural, no serviço religioso. Negar a importância dos símbolos, dos cheiros, dos sons da mensagem sublime de Deus, manifesta na religião, é negar a nossa condição humana. O Verbo se fez carne. Para que continue se fazendo carne hoje, ele nos chama como somos: seres culturais. Seres que sinalizam a mensagem divina por meiox de ideias, rituais, hábitos, projetos arquitetônicos, propostas de ressocialização, conversas, pregações, músicas, pinturas, esculturas. Tudo o que faz parte da vida humana pode ser transformado em mensagem divina. Este processo de divinização coletivizada se chama religião. É preferível, então, se ter religião a ser religioso. O religioso é aquele que faz da forma o seu deus. Pergunto-me se não é isto que muitos dos que protestam contra a religião estão fazendo. O Deus que advogam é tão pequeno que não pode se misturar à história e à sociedade humana e sair incólume. Jesus é diferente. Senta-se humildemente na igreja-garagem ou levanta-se com voz impostada para pregar nas catedrais, sempre ocupado em tocar vidas. Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta anos. Hoje mora em Kailua-Kona, no Havaí, com sua família e está envolvida em projetos internacionais de desenvolvimento na Ásia. É autora de Chamado Radical. braulia_ribeiro@yahoo.com religião@eu.com Bráulia Ribeiro DA LINHA DE FRENTE R idicularizar a religião é hoje esporte popular. O irônico é que até pastores e profissionais religiosos se especializam em maldizê- la. Não sem razão, pois o estado atual do evangelicalismo brasileiro provoca náuseas. Porém, a onda de revolta contra a religião não é apenas nossa. O debate, que tem ar virtuoso, circula o Ocidente e é alimentado por vídeos virais e pelas mídias sociais. O jovem que aparece em um vídeo no youtube, em uma praça, dizendo que odeia a religião, mas ama Jesus tem jeito de herói. Pergunto-me se existe mesmo virtude nessa conversa. Haveria a possibilidade de dar alguma resposta a Jesus e ao seu amor sem que ela tomasse uma forma social? O debate é, no mínimo, inócuo. Não conduz a nenhuma atitude transformadora, mas a um orgulho excludente. O Brasil de hoje precisa levar a sério a religião. Os protestantes atuais, dados à iconoclastia e à difamação indiscriminada uns dos outros, odeiam esta palavra e tudo o que se relaciona com ela. A verdadeira espiritualidade vem sendo proclamada como uma abstração de tudo. Abstrai-se o viver em comunidade, pois a forma igreja já não corresponde ao ideal; assim como se abstrai o servir, o adorar, a mensagem da salvação e a Bíblia. Só eu e você não somos abstraídos. Aliás, continuamos humanos e cheios de necessidades não abstratas. Temos de entender que a não forma é uma forma. Pregar um evangelho sem forma cultural alguma, sem nenhuma proposta institucional, é torná-lo vazio, Negar a importância dos símbolos, dos cheiros, dos sons da mensagem sublime de Deus, manifesta na religião, é negar a nossa condição humana
  • 38. 38 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Você é a favor do sexo antes do casamento? Queria saber se posso fazer sexo com minha namorada. — Lucas, 19 anos Lucas, a primeira coisa que me ocorre dizer é que quem pergunta se pode, não pode. É isso que ensino para os jovens na igreja onde sou pastor. A primeira referência ao assunto na Bíblia está em Gênesis 2.24. “Deixar pai e mãe” implica autonomia, isto é, tornar-se adulto, plenamente responsável por suas ações e respectivas consequências. “Unir-se à sua mulher” (ou cônjuge) indica um relacionamento integral, com implicações não apenas físicas, mas também psicoemocionais, espirituais e sociais, que envolvem inclusive questões econômicas. “Tornar-se uma só carne” indica a prática do sexo, não apenas relacionado ao prazer lúdico do amor, mas também à perspectiva de gerar filhos. O sexo é para pessoas adultas, emancipadas, responsáveis e que se assumem integralmente para uma vida comum. Isso chamamos de casamento. A relação entre um homem e uma mulher deve caminhar para a integralidade. Há muita gente casada no cartório que ainda não abandonou pai e mãe, não se entregou totalmente ao outro e muito menos assumiu o outro em termos integrais. São dois estranhos vivendo sob o mesmo teto e dormindo na mesma cama, mas com vidas paralelas. Vivem em pecado, distantes do propósito de Deus para o caminho entre um homem e uma mulher. Há também muita gente praticando sexo, mas vivendo aquém do propósito de Deus. São apenas dois corpos que se encontram, mas sem qualquer implicação ou perspectiva de intimidade e afetividade nas dimensões psicoemocional e espiritual, as quais denominamos amor. Sexo sem amor é caminho de dissolução, que leva os praticantes a um estado de incapacidade de amor denso e à vivência de “amores aguados”, sem possibilidade de vinculação profunda e entrega completa. O ideal cristão implica o desafio constante de integrar sexo, amor e casamento. O leitor pergunta Ed René Kivitz Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia www.edrenekivitz.com O pastor da igreja que frequento quer fazer um congresso sobre prosperidade. O que devo fazer? O que fazer quando a igreja não atende mais às expectativas, necessidades ou critérios bíblicos e teológicos mínimos considerados indispensáveis por você? São pelo menos três as opções: 1. A maioria das igrejas tem donos, quer sejam pastores que a sustentam com seu carisma pessoal e personalista, ou famílias fundadoras que geralmente constituem o núcleo de liderança em modelo feudal. A substituição da liderança comunitária é um processo lento, que pode levar anos, e até depender da mudança de gerações. Há basicamente dois motivos que justificam a substituição de uma liderança eclesiástica: falta de integridade (pecados varridos para debaixo do tapete) e heresias (desvios doutrinários de acordo com o consenso da comunidade); 2. Mudar de igreja nem sempre é a solução. Até mesmo pela falta de opção. É o famoso “trocar seis por meia dúzia”; 3. Cair em uma espécie de clandestinidade dentro da própria comunidade em questão, sem afrontar ou se rebelar contra a liderança instituída: desenvolver relações de serviço mútuo e engajamento em ações diaconais informais. Longe de ser o ideal, é um mal menor. Em casos extremos, nada a fazer senão buscar outro ambiente para a experiência coletiva da fé. Triste cenário. Extraordinário desafio esse (inegociável) de viver em comunidade. edrenekivitz@ultimato.com.br Envie sua pergunta para: Sexo Prosperidade LizValente
  • 39. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 39
  • 40. 40 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Não vou tomar o nome de Deus em vão S e eu jurar por Deus que a partir de hoje não tomarei o santo nome dele em vão, já estarei fazendo o que não devo. Jesus ampliou o terceiro mandamento da lei de Deus proibindo qualquer tipo de juramento, seja pelo céu, que é o trono de Deus, pela terra, que é o estrado onde ele descansa os pés, ou por Jerusalém, que é a cidade do grande rei. De acordo com o ensino do Mestre, devo dizer simplesmente: “Sim, eu farei” ou “não, eu não farei” (Mt 5.34-37). Sendo assim, devo apenas afirmar cuidadosamente: “De hoje em diante, com o auxílio de Deus, não vou usar o nome dele aventureiramente”. Reconheço que pronunciar o nome de Deus não é brincadeira. Ele não é para ser mencionado a torto e a direito nem é para ser repetido mecanicamente; não é uma interjeição, nem panaceia, nem talismã. Estou ciente de que não devo DE HOJE EM DIANTE... “tomar carona” no nome de Deus para prometer alguma coisa, receber algo, me valorizar ou ser ouvido. Tomarei cuidado com certas expressões, como “Deus me falou”, “Deus me mostrou”, “Deus me enviou”. Ao meu redor quase todos mencionam o nome de Deus sem o menor respeito, em novelas, programas humorísticos, anedotas, brincadeiras, piadas, pornochanchadas, charges, mentiras etc. O nome mais alto, mais santo, mais solene aparece de maneira totalmente profana na televisão, no rádio, no teatro, na música e nas rodas de bebedores. Eu não posso agir dessa maneira em casa ou no templo, antes ou depois de orar: “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado [e não profanado] seja o teu nome” (Mt 6.9). Preciso levar em consideração que esse mandamento foi escrito pelo dedo do próprio Deus — não no fino pó que cobre as calçadas, nem em uma cerâmica ou tabuleta de madeira, mas em duas tábuas de pedra (Êx 31.18). Frente a esse mandamento, não me permitirei usar expressões rotineiras que tomam o nome de Deus em vão, como “Valha-me Deus”, “Deus me livre”, “Deus me acuda”, “Deus me é testemunha” etc. Embora quebrassem outros mandamentos, os judeus eram tão ciosos dessa terceira obrigação que só falavam o nome de Deus uma vez por ano, no grande Dia da Expiação. Contudo, somente uma pessoa podia pronunciá-lo (o sumo sacerdote). Não, de hoje em diante “trancarei” a minha língua para não usar de forma leviana e fútil o majestoso nome de Deus. Essa decisão inclui a citação de seu nome em orações formais e adoração hipócrita. Antes de me chegar aos lábios, o nome de Deus estará de fato no meu coração (Is 29.13). Ademais, não posso me esquecer da cláusula que diz: “O Senhor não deixará impune quem pronunciar o seu santo nome em falso” (Êx 20.7).
  • 41. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 41 Fontes da vida Ramon Goulart Ramon havia desistido de gravar, depois de lançar quatro trabalhos autorais. É sempre assim. O artista independente é um eterno incompreendido. Porém, movido por sonhos, recomeçou a compor e sentiu-se desafiado a gravar algo novo. E aí está um CD eletro soul. Para os arranjos, ele bebeu nas fontes de Ed Mota, George Benson, Stevie Wonder e outros “monstros”. A banda tem uma “pegada” black soul consistente, semelhante à dos anos 80, mesclada com uma parafernália tecnológica atualíssima. Ramon adverte os que ainda ouvirão o trabalho a não comparar Fontes da vida com nada: “Apenas ouçam, leiam os textos bíblicos relacionados e ouçam Deus falando com vocês”. A produção do CD é do próprio Ramon, que também fez os arranjos. Saiba mais pelo site www.ramongoulart.com.br Brasileirar Sérgio Carvalho Nos anos 80 e 90, Sérgio Carvalho participou de vários festivais na região de onde vem — o Centro-Oeste brasileiro —, algo muito comum à época. Quase 30 anos depois, ele reúne algumas composições e lança seu primeiro CD. As canções descrevem momentos especiais na vida do autor e da nação. A faixa título, “Brasileirar”, é inspirada no movimento dos caras pintadas, do começo dos anos 90, que pediu o impeachment presidencial: “Um novo quadro surgirá! Com muita fé e esperança, que são os novos tons: Brasileirar!”. Destaque ainda para as canções “Segredo de caminhar” e “Tens”. Gravado e mixado no Estúdio Melodia, em Brasília, o CD contou com a produção de Ronan Barros. A arte gráfica é de Rodrigo Paiva e as fotos, de Karina Viveiros. Contatos pelo e-mail sergiocarvalho2001@gmail.com Felipe Silveira Felipe Silveira Finalmente saiu o aguardado trabalho de Felipe Silveira. Esperamos que seja o primeiro de muitos. Com arranjos na medida certa, o CD é sonoramente limpo. Os competentes Osmário Marinho (bateria), Sidiel Vieira (baixo acústico) e João Alexandre (violão) — pai de Felipe — somaram-se ao piano do rapaz, que revela grande maturidade e sensibilidade nas composições e arranjos. Há canções em parceria com Jorge Camargo, Stênio Marcius, João Alexandre e Diego Venâncio. Ademir Júnior (sax) e Bruno Mangueira (guitarra) fazem participações mais que especiais. Um CD que precisa ser ouvido, necessariamente, com tempo e dedicação, na quietude. Como toda boa arte, não é para ser consumido, mas fruído. A produção é de Davi Heller, do Toca de Barro Produções. Melodia Rapha Sousas Rapha Sousas integra a Vila do Louvor, ministério da JOCUM voltado para as artes, estabelecido em Piratininga e Pompéia, SP. É um movimento artístico interessante. Já passaram por lá os conhecidos Beto Tavares, Raphael Costa (grande guitarrista), Danni Distler, entre outros. Rapha é compositor e cantor pop. Este é o seu primeiro trabalho. Ele define melodia como “a arte de construir caminhos imaginários na vida, na esperança de traduzir o futuro em sons presentes”. É isso que deseja levar com sua música. Com um total de sete faixas, o CD traz composições próprias, duas em parceria e uma canção de Marcela Fernandes, que também faz participação especial. Produção de Amauri Muniz e do próprio Sousas. Ouça esse som em myspace.com/raphaelsousas NOVOS ACORdESCarlinhos Veiga YucelTellici
  • 42. 42 ULTIMATO I Março-Abril, 2012 Davi Chang
  • 43. Março-Abril, 2012 I ULTIMATO 43 O ambiente humano MEIO AMBIENTE E fé cristãMarina Silva cuidar dele (Gn 2.15). Fez-nos corpo e espírito (Gn 2.7), portanto, com capacidade criativa, que nos permite criar sobre e com a criação. Assim, temos no planeta o ambiente natural e aquele que brotou dos artifícios humanos. Estes os cientistas chamam de cultura material. Quanto a eles, temos a seguinte recomendação: “Quando edificares uma casa nova, farás um parapeito, no eirado, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de algum modo cair dela” (Dt 22.8). Os primeiros escombros revelam nosso pouco cuidado com o ambiente que produzimos, com as normas técnicas, com a segurança, com a durabilidade do que fazemos. Os segundos, denunciam o pouco cuidado com as pessoas, com seus direitos, com sua felicidade. Falhamos na ética do cuidado na criação de nosso ambiente humano. Foi um mau começo para o país que vai sediar no Rio de Janeiro, entre 13 e 24 de junho de 2012, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, apelidada de “Rio + 20”. Esse será um grande evento para se falar sobre o cuidado com o planeta, com os recursos naturais e com as pessoas, e para o qual se espera a participação do governo de mais de 100 países, além de membros da sociedade civil. Serão debatidos temas ambientais, como segurança climática, segurança O Brasil passou a última semana de janeiro vendo escombros em reportagens televisivas sobre o resgate das vítimas do desabamento dos três prédios no centro da cidade do Rio de Janeiro. Além de sofrermos com as famílias e torcermos por um final feliz para cada espera, perguntamos, em escala nacional, qual seria a causa da tragédia. Aos poucos a causa foi ficando clara, pois nenhum fenômeno natural estava em sua raiz. Não foi desabamento por chuvas nem movimento de terras subterrâneas. O colapso da estrutura de um dos prédios, provocado por falha humana, era a explicação. No mesmo período vimos outras imagens de escombros. Dessa vez, nas notícias sobre a ação do governo do estado de São Paulo na desocupação de áreas pertencentes à massa falida da empresa do Grupo Naji Nahas, em Pinheirinho, São José dos Campos. Seis mil pessoas foram desalojadas pela polícia. Máquinas destruíram casas sem que seus moradores pudessem retirar delas um garfo sequer, deixando atrás de si destruição, desolamento, pedaços estraçalhados de bens. De novo a causa não foi ventania, furacão ou outra razão natural, mas a atuação de instituições oficiais. De tais escombros se eleva uma mensagem, uma reflexão. O Salmo 115.16 diz que Deus nos deu este planeta. No-lo deu pleno de vida (Gn 1.22) e de recursos para satisfazer nossas necessidades (Gn 1.29-30) e encarregou-nos de energética, biodiversidade, cidades, água e oceanos. E também temas de natureza técnico-econômica, tais como desenvolvimento sustentável, produção e consumo sustentável, inovação tecnológica para sustentabilidade. O cuidado com as pessoas será expresso em temas como, segurança alimentar, migrações, trabalho decente e erradicação da pobreza. A ONU se move por valores da civilização humana, por princípios erigidos na convivência laica. Qual não será a responsabilidade dos cristãos, que têm como guia a Bíblia, na qual passagens inteiras nos admoestam e educam quanto ao cuidado? Tomemos esta como exemplo: “Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que sujais o resto com os vossos pés?” (Ez 34.18). Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC. Os cristãos, que têm como guia a Bíblia, são admoestados e educados quanto ao cuidado com o planeta BijuJoshi