Se em tempos remotos algumas leis eram temporais, instituídas para
determinada época e povo, o mesmo não ocorre com as lições legadas por
Jesus. Elas ultrapassaram as barreiras do tempo, transcendendo povos,
voando como verdades incontestáveis pelos séculos. São lições para o
cotidiano da Humanidade, perfeitamente aplicáveis dentro e fora do seio
das religiões. São ensinamentos de grande profundidade e que devem ser
observados, para uma melhor organização da vida em sociedade. Há uma
passagem no Capítulo XXV de O Evangelho Segundo o Espiritismo na
qual o Mestre afirma: Buscai e achareis. Nesta orientação, o Cristo não nos
limita só a busca no sentido espiritual, porque, se o mundo ficasse
estagnado, se não houvesse a necessidade do progresso material, (...)
(...) nós estaríamos, ainda, na Idade da Pedra. Não haveria progresso se a
Humanidade não tivesse buscado conquistas em todos os sentidos, para
que a vida humana adquirisse outras características, nos proporcionando
conforto, conhecimento, comodidade, facilidade, tecnologia, toda essa
jornada evolutiva que o planeta Terra preenche, através dos homens de
bem, de coragem, que lutaram para essas conquistas, nós estaríamos,
ainda, naquela idade bem primitiva. Agora, em que consiste essa busca?
No mundo em que nos encontramos, mundo este de provas e expiações,
são muitas as nossas buscas. Quando nós começamos a nossa vivência
terrena, desde o primeiro momento, buscamos o ar, a respiração; depois,
vamos buscando a alimentação, e as buscas materiais da nossa vida (...)
(...) vão surgindo de maneira automática. Nós, espíritas, que nos reunimos
em torno do Evangelho de Jesus, temos como ponto comum essa busca,
busca dos recursos espirituais. Essa mensagem traz uma notável máxima
que, mesmo após dois mil anos, se aplica tranquilamente ao nosso dia a
dia. É interessante notar que a atividade consiste em busca e pressupõe um
certo esforço. Quem procura alguma coisa movimenta os recursos de que
dispõe para encontrá-la. Buscai e achareis encerra em seu princípio a
convocação para que nós façamos a nossa parte. Seria muito fácil para a
espiritualidade colocar tudo pronto em nossas mãos, mas a iniciativa de
fazer as coisas compete ao homem. É preciso que as pessoas cresçam por
si mesmas.
É o princípio básico da Lei do trabalho e, por consequência, da Lei do
progresso, porque o trabalho deve conduzir e certamente o faz ao
progresso, tanto com respeito ao progresso moral como também ao
progresso intelectual. Trabalho, como ensina a espiritualidade, é toda
ocupação útil. A leitura edificante, o auxílio em obras sociais, o estudo e as
pesquisas, o cuidado que dedicamos ao corpo físico, a conversa fraterna e
edificante, enfim, quando bem empregamos o tempo estamos trabalhando,
melhorando e, consequentemente evoluindo. A promessa do Cristo é que
quem procura, acha. Assim, resta analisar qual é a busca pessoal. Cada ser,
fazendo uso do seu livre-arbítrio, decide o caminho que deseja trilhar.
Caso a criatura se decida pelas ilusões mundanas, terminará por vivê-las,
em alguma medida. O resultado varia conforme os meios de que estiver
disposta a lançar mão e o esforço que despender. Tudo tem um custo na
vida, inclusive a preguiça e a inércia. Quem opta pelo comodismo arca
com o elevado preço das oportunidades desperdiçadas. Considerando a
efemeridade da vida humana, convém refletir bem a respeito do que se
elege por meta. O que realmente compensa buscar com afinco? O que nós
incessantemente buscamos, e com quais objetivos gastamos nossas
energias? Buscai e achareis. Com essas palavras, Jesus exortou à oração e
à confiança em Deus, na certeza de que Ele não deixará, jamais, de atender
às nossas necessidades, (...)
(...) sejam elas coisas materiais ou espirituais, desde que façamos a nossa
parte, diligenciando por obtê-las. Após fazer aquela tríplice referência à
solicitude com que devemos conduzir-nos, para que o céu nos ajude, o
Mestre repete-a, afirmando categoricamente, que todos os que pedem,
recebem; os que buscam, acham; e a quem bate, se abre. Isto é, que nos
mexamos, que trabalhemos, até atingirmos o objetivo colimado.
Os Espíritos executores das obras divinas, mensageiros de Deus junto a
nós, por sua vez, nos dão as forças de que necessitamos; eles nos inspiram;
eles nos dão ideias. O amparo se faz. E nós o recebemos do plano
espiritual na dose certa. A dificuldade em nós está em saber aproveitar.
Em O Livro dos Espíritos nós temos uma questão que nos ajuda a entender
esse princípio, é a de número 479, onde Kardec pergunta aos Espíritos: A
prece é um meio eficaz para curar obsessão? E a resposta obtida foi: A
prece é um poderoso socorro para todos os casos. Mas, crede que não
basta que alguém murmure algumas palavras, para que obtenha o que
deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que se limitam a pedir.
Portanto, cumpre que o obsidiado faça, por sua parte, tudo o que se
torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus
espíritos. Pedi e obtereis; Batei e se vos abrirá, são variações do mesmo
tema que relaciona o querer, o desejar, e o agir para obter.
Quantos de nós pedimos aos Espíritos protetores, a Jesus e a Deus alguma
coisa seguindo esse conselho, principalmente nos momentos de aflição?
Mas por que nem sempre recebemos? Qual é a dificuldade? Onde está o
empecilho? Nós pedimos algo e esse algo não vem, se nos foi dito buscai e
achareis. O Cristo nos deu a rota, nos deu o manual, nos falou da lição,
mas quem tem que executar somos nós. Buscai e achareis, ou seja,
trabalhe. Através do trabalho nós vamos chegar ao progresso. Mas, o que é
que eu vou buscar? Milagres? Vida contemplativa? Benesses de Deus?
Não! O Pai nos dota de todos os recursos para vencermos em todos os
sentidos:
No sentido material, no sentido intelectual, no sentido espiritual. Mas essa
vitória depende exclusivamente de nós.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Em 18 de abril de 1857, o mundo recebia a promessa do Consolador.
O Livro dos Espíritos lançou luzes sobre a escuridão em que se
encontravam os ensinamentos de Jesus.