Este documento resume um caso clínico de um paciente de 45 anos diagnosticado com hipertensão arterial grave (estágio 3). O paciente apresenta vários fatores de risco cardiovascular como histórico familiar, tabagismo, sedentarismo e obesidade. Exames complementares mostraram lesão de órgão-alvo no coração. Dada a gravidade da hipertensão, o tratamento indicado é medicamentoso associado a não medicamentoso.
2. CASO CLÍNICO
• IDENTIFICAÇÃO: J.V.M.; Idade: 45 anos; Sexo: masculino;
Profissão: motorista de ônibus coletivo; Estado civil: desquitado
e casado pela segunda vez; Raça: branca.
• HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA): Paciente rastreado como
suspeito de ser hipertenso durante a visita do agente
comunitário de saúde; embora fosse totalmente assintomático,
foi agendado para uma consulta.
Na consulta, informou que, eventualmente, sentia um pouco de
tontura, mas não valorizava este fato já que também bebia e
pensava que era alguma coisa relacionada com o “fígado”.
3. • ANTECEDENTES PESSOAIS: Fumante de 20 cigarros/dia (está
querendo abandonar o vício). Faz uso moderado de bebida
alcoólica. Sedentário no momento, mas até 6 meses atrás
caminhava 2 x na semana. Não sabe se é diabético, mas informa
que já teve colesterol alto.
• ANTECEDENTES FAMILIARES: Pai diabético e hipertenso
(falecido de AVC). Mãe morreu de infarto aos 76 anos. Tem um
irmão de 20 anos com problemas no coração.
4. EXAME FÍSICO
Peso: 86kg Altura: 1,65cm; Circunferência da cintura: 102cm
Pulso: 82bpm (cheio e irregular)
PA: 180 x 110mmHg (média de 3 medidas)
Mucosas: normocoradas
Exame dos pulsos periféricos:
• Palpados nos 4 membros, simétricos e de amplitude semelhante.
O pulso era irregular e a freqüência estava em torno de 96 bpm.
Ausculta cardíaca:
• Na ausculta do coração foi observado que o ritmo era irregular
em 2 tempos e que a segunda bulha estava aumentada no foco
aórtico às custas do A2. Sopro sistólico do tipo ejetivo audível em
foco aórtico e irradiado aos vasos do pescoço. Sopro sistólico do
tipo regurgitação, em foco mitral e irradiado à axila esquerda.
10. VAMOS PENSAR!
1- Quanto ao caso clínico, podemos afirmar:
a) Estamos diante de um hipertenso leve.
b) Estamos diante de um indivíduo com hipertensão arterial grave (estágio III).
c) Estamos diante de um indivíduo apresentando hipertensão arterial (estágio II).
d) Estamos diante de um indivíduo apresentando hipertensão arterial sistólica
isolada.
e) Trata-se de um caso típico de hipertensão do avental branco.
11. JVM- Média de 3 medidas = 180 x 110 mmHg
Clas sificação da pressão arterial (adultos > 18 anos )
P
) AD
mmHg
<80
<85
85 - 89
Clas s ificação
Ótima
Normal
Limítrofe
Estágio 1 (leve)
Estágio 2 (moderada)
Estágio 3 (severa)
Sistólica isolada
e
e
e
ou
ou
ou
e
90 - 99
100 - 109
>110
<90
PAS
mmHg
<120
<130
130 - 139
Hipertens ão
140 - 159
160 - 179
>180
>140
Fonte: V DiretrizesBrasileirasde HipertensãoArterial, 2006
RESPOSTA:
13. 3º PASSO: Confirmação da Hipertensão
Auto-Medida da Pressão Arterial
(AMPA)
• Denomina-se de auto-medida da pressão
arterial, aquela realizada pelo paciente ou
familiar, em casa ou no trabalho, de forma
livre (sem obedecer a um protocolo pré-
estabelecido), utilizando equipamentos
automáticos validados clinicamente.
• AMPA é um método baseado em realizar um
maior número de medidas da PA (pressão
arterial), sendo a média das medidas a mais
representativa em termos de importância.
14. 3º PASSO: Confirmação da Hipertensão
Monitorização Residencial da Pressão Arterial
(MRPA)
• A MRPA é o registro da pressão arterial por método
indireto, com três medidas pela manhã e três à
noite, durante cinco dias, realizado pelo paciente
ou outra pessoa treinada, durante a vigília, no
domicílio ou no trabalho, com aparelhos validados.
• A MRPA permite a obtenção de grande número de
medidas de pressão arterial de modo simples, eficaz
e pouco dispendioso, contribuindo para o
diagnóstico e o seguimento da hipertensão arterial.
15. 3º PASSO: Confirmação da Hipertensão
Monitorização Ambulatorial da Pressão
Arterial (MAPA)
• A M.A.P.A. é o exame que mede a pressão arterial
a cada 20 minutos, durante 24 horas, para a
obtenção do registro da pressão arterial durante a
vigília e o sono.
• Tem como objetivo analisar o comportamento da
pressão arterial não somente durante a vigília e o
sono, como também durante eventuais sintomas
como tontura, dor no peito e desmaio. Além disso,
possibilita a avaliação da eficácia do tratamento
anti-hipertensivo.
16. VAMOS PENSAR!
2- Que seguimento deve ser dado pelo médico depois do atendimento?
a) Confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial e como se trata de uma
urgência hipertensiva (PA de 180 x 110mmgHg), encaminhar para uma
unidade
de atendimento secundário ou para o hospital mais próximo.
b)Solicitar exame para confirmação da hipertensão arterial e agendar retorno
para 1 mês.
c) Orientar que o paciente retorne para casa e permaneça em repouso até a data
do retorno que deve ser agendado no período máximo de dois meses.
d) Solicitar exame para confirmação da hipertensão arterial e agendar retorno
para uma semana.
e) Não realizar intervenção medicamentosa imediata.
17. RESPOSTA:
DATA HORA PA
CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
MRPA
Obs.: Verificar a pressão arterial 3 vezes pela manhã e
3 vezes à noite durante 5 dias.
Paciente: J.V.M.
Data: / _ / _ .
Médico: Francisco Robson da Costa Lima
Paciente com PS maior ou igual a
180 mmHg ou PD maior ou igual a
110 mmHg deve ser reavaliado em
uma semana para confirmação da
hipertensão ou medicado
imediatamente. Nesse caso, o
médico optou por solicitar MRPA
(Medida Residencial da Pressão
Arterial) e a rotina mínima para o
paciente portador de hipertensão.
20. VAMOS PENSAR!
3- Assinale os fatores de risco cardiovascular identificados durante a consulta:
( ) História familiar de hipertensão arterial (pai), inclusive com complicação
vascular.
( ) Mãe teve IAM aos 76 anos.
( ) Irmão com problemas de coração aos 20 anos.
( ) Tabagismo.
( ) Alcoolismo.
( ) Sedentarismo.
( ) Obesidade.
( ) Estresse.
( ) Hábitos alimentares, como consumo de sal.
( ) Dislipidemia.
( ) Raça branca.
21. RESPOSTA:
Fatores de risco identificados durante a consulta:
( X ) História familiar de hipertensão arterial (pai), inclusive com complicação
vascular.
( X ) Mãe teve IAM aos 76 anos (?)
( X ) Irmão com problemas de coração aos 20 anos (?)
( X ) Tabagismo.
( X ) Alcoolismo.
( X ) Sedentarismo.
( X ) Obesidade
( X ) Estresse.
( X ) Hábitos alimentares, como consumo de sal (?)
( X ) Dislipidemia.
( ) Raça branca.
22. VAMOS PENSAR!
4- Sabemos que a obesidade é um fator de risco para doença cardiovascular.
Nesse caso, o médico classificou o estado nutricional do paciente como:
a) obeso grau 1, tipo andróide.
b) obeso grau 2, tipo ginóide.
c) obeso grau 3, tipo andróide.
d) obeso grau 1, tipo ginóide.
e) obeso grau 2, tipo andróide .
23. Classificação da obesidade pelo IMC, segundo a
Organização Mundial de Saúde (1998)
IMC = IMC =
peso (kg) 86 kg
altura2(m) 1,652(m)
Clas s ificação
Variação normal
Sobrepeso
Obeso grau I
Obeso grau II
Obeso grau III
IMC (kg/m2
)
18,5 - 24,9
25,0 - 29,9
30,0 - 34,9
35,0 - 39,9
40,0
Ris co de
Co-morbidade
Médio
Aumentado
Moderado
Grave
Muito Grave
RESPOSTA:
26. Exames laboratoriais apresentados pelo paciente:
1. Glicemia – 118 mg/dl.
2. Colesterol total – 256 mg/dl.
3. HDL colesterol – 35 mg/dl.
4. Triglicérides – 250 mg/dl.
5. LDL = CT – HDL – T/5 = 171 mg/dl.
6. Creatinina – 1,0 mg/dl (normal entre 0,3 e 1,3 mg/dl).
7. Potássio – 4,1 mEq/l (normal entre 3,5 e 5,5 mEq/l).
8. Sumário da urina – sem alterações.
27. Valores de referência dos lipídeos para pessoas
acima 20 anos de idade:
Colesterol Total
Ótimo
< 100
Baixo
< 40
Ótimo
< 150
Limítrofe
200 - 239
Limítrofe
130 - 159
Alto
> 60
Alto
240
Muito alto
190
Limítrofe Alto
150 - 199 200 - 499
Categoria
Valores (mg/dl)
LDL-Colesterol
Categoria
Valores (mg/dl)
HDL-Colesterol
Categoria
Valores (mg/dl)
Triglicérides
Categoria
Valores (mg/dl)
Desejável
100 - 129
Alto
160 - 189
Muito Alto
>500
Ótimo
< 200
28. ECG apresentado pelo paciente:
Características eletrocardiográficas da fibrilação atrial
a) Ausência de onda P
b) Intervalo R-R irregular
f f
R R R
29. ECG apresentado pelo
paciente:
R
S
Índice de Sokolow e Lyon para avaliação de
hipertrofia ventricular esquerda (HVE).
No ECG do paciente, S em V1 = 19 e R em V5 = 21;
total de 40 mm indicando HVE.
33. VAMOS PENSAR!
5- Confirmado o diagnóstico de hipertensão arterial e analisados os dados do
exame clínico e dos exames complementares, a melhor conduta nesse caso
deve ser:
a) Iniciar imediatamente o tratamento medicamentoso associado ao tratamento
não medicamentoso.
b)Considerar inicialmente o tratamento não medicamentoso, e somente depois
de algum tempo iniciar o tratamento medicamentoso.
c) Só iniciar o tratamento medicamentoso após afastar uma causa secundária
de hipertensão.
d) Encaminhar para uma unidade de referência secundária.
34. RESPOSTA:
O paciente apresenta classificação pressórica de
hipertensão estágio 3 e estratificação de risco muito alto,
por apresentar mais de três fatores de risco e lesão de
orgão-alvo (hipertrofia ventricular esquerda). Portanto,
o tratamento medicamentoso associado ao não
medicamentoso deve ser a decisão terapêutica para esse
paciente.
42. VAMOS PENSAR!
6- Qual a melhor opção terapêutica neste caso?
a) Diurético em baixa dose.
b) Betabloqueador em baixa dose.
c) Diurético + betabloqueador.
d) Inibidor da enzima de conversão da angiotensina.
e) Alfametildopa.
43. RESPOSTA:
Como o paciente apresenta hipertensão arterial estágio
3, deve-se iniciar o seu tratamento com a associação de
dois fármacos. Entre as citadas, a melhor opção é um
anti-hipertensivo e antiarrítmico (betabloqueador) como
o propranolol associado a um diurético como a
hidroclorotiazida.
44. VAMOS PENSAR!
7- O paciente em questão apresentou algum indício de hipertensão arterial
secundária? Em caso afirmativo, assinale-o:
( ) Início de hipertensão antes dos 30 ou depois dos 50 anos.
( ) Hipertensão arterial grave (estágio 3) e/ou resistente à terapia.
( ) Tríade do feocromocitoma: palpitações, sudorese e cefaléia.
( ) Uso de medicamentos e drogas que podem elevar a pressão arterial.
( ) Fácies ou biotipo de doença que cursa com hipertensão: doença renal,
hipertireoidismo, acromegalia, síndrome de Cushing.
( ) Presença de massas e sopros abdominais.
( ) Diminuição ou assimetria de pulsos.
( ) Aumento da creatinina sérica.
( ) Hipopotassemia espontânea (<3,0mEq/l).
( ) Exame de urina anormal (proteinúria ou hematúria).
45. RESPOSTA:
7- O paciente em questão apresentou algum indício de hipertensão arterial
secundária? Em caso afirmativo, assinale-o:
( ) Início de hipertensão antes dos 30 ou depois dos 50 anos.
( X ) Hipertensão arterial grave (estágio 3) e/ou resistente à terapia.
( ) Tríade do feocromocitoma: palpitações, sudorese e cefaléia.
( ) Uso de medicamentos e drogas que podem elevar a pressão arterial.
( ) Fácies ou biotipo de doença que cursa com hipertensão: doença renal,
hipertireoidismo, acromegalia, síndrome de Cushing.
( ) Presença de massas e sopros abdominais.
( ) Diminuição ou assimetria de pulsos.
( ) Aumento da creatinina sérica.
( ) Hipopotassemia espontânea (<3,0mEq/l).
( ) Exame de urina anormal (proteinúria ou hematúria).
46. VAMOS PENSAR!
8- Ao térmico da consulta o médico fez uma lista dos problemas crônicos
e atuais do paciente e elaborou um plano terapêutico para cada um. Assinale
os agravos identificados após a avaliação clínico-laboratorial:
( ) Hipertensão primária
( ) Intolerância à glicose
( ) Obesidade abdominal
( ) Dislipidemia mista
( ) Alcoolismo
( ) Arritmia (fibrilação atrial)
( ) Renitopatia hipertensiva
( ) Insuficiência renal
( ) Insuficiência cardíaca por hipertrofia do ventrículo esquerdo
( ) Hipertensão secundária
47. RESPOSTA:
8- Ao térmico da consulta o médico fez uma lista dos problemas crônicos
e atuais do paciente e elaborou um plano terapêutico para cada um. Assinale
os agravos identificados após a avaliação clínico-laboratorial:
( X ) Hipertensão primária
( X ) Intolerância à glicose
( X ) Obesidade abdominal
( X ) Dislipidemia mista
( X ) Alcoolismo
( X ) Arritmia (fibrilação atrial)
( ) Renitopatia hipertensiva
( ) Insuficiência renal
( ) Insuficiência cardíaca por hipertrofia do ventrículo esquerdo
( ) Hipertensão secundária
50. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde. Informações de Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade.
Brasília, DF: MS, 2018. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br. Acesso em: 29
abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019:
vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas. Brasília, DF: MS,
2020a. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/
April/27/vigitel-brasil-2019-vigilancia-fatores-risco.pdf. Acesso em: 28 maio 2021.