1) O documento descreve diferentes tipos de fraturas da maxila e da órbita, classificadas de acordo com Le Fort e seus sintomas e tratamentos. 2) As fraturas da maxila variam de leves a extensas e suas classificações incluem Le Fort I, II e III. 3) As fraturas da órbita incluem "blow-out", das paredes medial, lateral e do teto, e podem causar enoftalmo, diplopia e outros problemas.
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Trauma de Face IV- Fratura de Orbita e Maxila
1. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto
Chefia : Dr. Valdemar Mano Sanches
Dr Brunno Rosique Lara
Trauma de Face
FRATURAS DE MAXILA
A maxila é formada pela junção de dois componentes ósseos, irregulares, em forma de pirâmide.
Contribui para formação do terço médio da face, parte da órbita, nariz, e palato, e no seu interior forma o seio
maxilar. O processo frontal da maxila suporta os ossos e cartilagens nasais.
A maxila consiste emum corpo e quatro processos: frontal, zigomático, palatino, e alveolar.
Os nervos para os
dentes passamatravés da parede
anterior do osso, e o nervo
infra-orbital passa através do
canal infraorbital da maxila para
suprir os tecidos do lábio
superior e porção lateral do
nariz. A mucosa sobre o osso
palatino e a mucosa sobre o
palato mole são inervadas pelos
ramos palatinos da segunda
divisão do nervo trigêmio, que
passa através do canal palatino
entre a maxila e os ossos do
palato.
As fraturas da maxila
são geralmente causadas por
impacto direto, e variam de uma
simples fratura alveolar até
fraturas extensas de todo o terço médio da face.
A contração muscular não provoca deslocamento dos segmentos fraturados da maxila.
Os estudos de Le Fort (1901) determinou as áreas de fraqueza da maxila, e originou a classificação
de Le Fort:
2. Le Fort I (Fraturas transversas) – Fraturas em nível acima do ápice dos dentes, inclui os processos
alveolares, o palato e os processos pterigóides, em um único bloco. Também conhecida como fratura de
Guérin.
Le Fort II (Fratura piramidal) – Ocorre através da porção fina do processo frontal, estendendo-se
lateralmente pelo osso lacrimal, assoalho da órbita, linha de sutura zigomático-maxilar, e placa pterigóide.
Geralmente apresenta deslocamento posterior significativo, podendo estarassociada à lesão do septo e da área
etmoidal.
3. Le Fort III (disjunção craniofacial) – Ocorre quando a fratura estende-se através das suturas
zigomáticofrontal e nasofrontal, atravessando a órbita e efetuando a separação completa das estruturas do
terço médio da face.
Fraturas Verticais
Geralmente atinge apenas um lado da maxila.
Freqüentemente associadas com outras fraturas da
maxila. O deslocamento depende da direção e da
intensidade da força.
4. Diagnóstico
Inspeção: epistaxe, equimoses periorbitais, de conjuntiva e de esclera, edema e hematoma
subcutâneo, são sugestivos de fraturas da área nasal e maxilar. No exame intraoral lacerações de mucosa no
palato e no vestíbulo labial são indicativos de fratura.
Palpação: a palpação simultânea bilateral pode demonstrar um defeito em degrau na sutura
zigomáticomaxilar, indicando fratura do tipo piramidal. A palpação intraoral pode revelar fraturas da porção
anterior da maxila ou de segmentos do osso alveolar. Fraturas na junção da maxila com o zigoma podem ser
detectadas pela palpação digital da rima inferior da órbita.
Rinorréia e Otorréia: indica a presença de fístula liquórica.
Mal-oclusão: com a mandíbula intacta, é altamente sugestiva de fratura da maxila. Em casos de
disjunção craniofacial a oclusão pode estar normal.
Tratamento
Le Fort I e II: nos casos em que existe uma dentição adequada e a mandíbula está integra, essas
fraturas podem ser tratadas com fixação intermaxilar e suspenção com fios de aço fixados internamente na
primeira estrutura sólida imediatamente acima da fratura.
Le Fort II e III: são abordadas através de incisões cutâneas e intraorais comacesso direto ao foco da
fratura e fixação com fios de aço ou miniplacas. Em alguns casos pode ser necessário o acesso intracraniano.
Fraturas em Maxila Desdentada:são menos freqüentes, pois a ausência dos dentes,através dos quais
as forças são transmitidas, funciona como mecanismo de proteção. Dentaduras também dão proteção contra
fraturas, absorvendo as forças traumáticas.
Fraturas com pequeno deslocamento, causando deformidade facial discreta, é tratada de modo
conservador. Uma nova dentadura é confeccionada após três semanas para melhor acomodação.
Em casos de deslocamentos maiores, que resultam em deformidades do terço médio da face, a
fratura deve ser tratada cirurgicamente.
Complicações
5. Precoces: Hemorragia
Obstrução das Vias Aéreas
Infecção
Cegueira
Tardias: Não União
Má União
Obstrução do Sistema Lacrimal
FRATURAS DE ÓRBITA
Fratura “Blow-Out” (Converse e Smith – 1957)
Fratura do assoalho orbitário sem acometimento das margens, causada por um aumento da pressão
intra-orbitária por ação direta de um objeto rombo.
Há escape da gordura orbital para dentro da cavidade sinusal através da ruptura do assoalho e lâmina
orbital do etmóide, diminuindo a pressão e evitando a ruptura do globo ocular.
Indicações de cirurgia:
1- limitação da força de rotação do globo ocular;
2- evidência radiológica;
3- enoftalmo.
6. Fraturas da Parede Medial
Ocorrem usualmente em conjunto a uma fratura do assoalho da órbita ou fratura naso-orbital.
Os principais sintomas são enoftalmo, diplopia horizontal com restrição da abdução, e piora da
enoftalmia durante a abdução.
A associação comfraturas do assoalho da órbita chegama 50% dos casos.
O tratamento depende dos achados clínicos e radiológicos. Quando há indicação cirúrgica realiza-se
a exposição da parede medial da órbita e a liberação do músculo reto medial, quando este se encontra preso na
fratura, e dependendo da severidade da lesão enxerto ósseo primário.
Fraturas da Parede Lateral
A parede lateral é constituída por uma porção anterior formada pela forte rima frontozigomática e
uma posterior formada pelo processo orbital da asa maior do esfenóide.
As fraturas nessa área estão freqüentemente associadas a traumatismos severos da área zigomática,
com disjunção frontozigomática e deslocamento para baixo da porção lateral do assoalho da órbita. O canto
lateral é desviado inferiormente, com ectrópio da pálpebra inferior. Nesses casos, o globo ocular sofre lesões
variáveis, e perda da visão não é infrequente.
Fraturas do Teto da Órbita
La Grange (1918), em sua monografia, mostrou que a fina porção medial do teto da órbita sofre
fratura e deslocamento em sua parte posterior na região da fissura orbital superior e forâmen óptico.
Fraturas nessa localização podemcausar a síndrome da fissura orbitária superior:
1- Ptose palpebral;
2- Proptose do globo
3- Paralisia dos músculos extraoculares;
4- Anestesia do território da primeira divisão do NC V;
As fraturas do teto da órbita usualmente ocorrem em conjunto com as fraturas do osso frontal e da
rima superior. Nesses casos a tróclea pode estar deslocada ocorrendo diplopia.