O documento discute fraturas de maxila, incluindo sua história, anatomia, classificação, sinais e sintomas, exames, tratamento e complicações. Aborda os diferentes tipos de fraturas de acordo com a classificação de Le Fort e descreve métodos de fixação como bloqueio maxilomandibular, fixação interna com fios de aço, placas e parafusos.
1. Cirurgia Plástica
Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da
Santa Casa de Misericórdia de
São José do Rio Preto
Regente : Dr Valdemar Mano Sanches
3. Introdução
O trauma facial é considerado uma das agressões mais
devastadoras encontradas em centros de trauma
devido às conseqüências emocionais e à possibilidade
de deformidade e também ao impacto econômico que
tais traumas causam em um sistema de saúde.
Abrangência multidisciplinar
4. Histórico
• O Papiro de Smith, 1600 aC,
contém as primeiras
informações conhecidas sobre
o uso de ataduras feitas de
fibras especiais, de linho, no
tratamento de fraturas, porém
desaconselha qualquer
tentativa de tratamento de
fraturas expostas da
mandíbula, indicando-a como
"uma doença que não tem
tratamento".
5. Histórico
• Os etruscos supõe-se que
usavam fiação monomaxilar de
ouro para tratar fraturas da
mandíbula.
Na Grécia, Hipócrates também
se refere ao tratamento de fratura
de mandíbula, usando bandagem
na forma de tiras de couro e de
uma pomada para induzir a
adesão à pele
6. Histórico
• Ataduras de Linho de Celso
• Guglielmo Salicetti, (1474),
ligaduras dos dentes da
mandíbula aos dentes
correspondentes do maxilar
8. Histórico
• Aparelho de Rutenick ,1799
• Ligadura circular de Jean-Baptiste
Baudens ,1840
• Amarria direta dos fragmentos
ósseos em fraturas mandibulares
relatado por Gurdon Buck Jr. ,
1846,
9. Histórico
• Renee Le Fort (1901) ,
cirurgião frânces, estudou e
classificou as fraturas
maxilares .
• Ele estudou 35 crânios
descrevendo as grandes linhas
de fraqueza após submeter os
cadáveres a um impacto
traumático em árvores
10. Histórico
• Thomas L. Gilmer (1887) fixação
intermaxilar por amarria
• William Milton ADAMS (1905-1957),
fixação interna com fios metálicos.
• Greene Vardiman BLACK (1836-
1915), Pai da Odontologia Moderna,
reduções de fraturas da mandíbula por
meio de ligaduras
11. Histórico
• John Bernhardt ERICH (1907- ), livro :Traumatic
Injuries of the Facial Bones
• Placas autocompressivas,1968
• Lag Screw,1971
• Miniplacas e parafusos,1973
• Miniplacas Absorvíveis ,1989
12. Epidemiologia
• Sexo mais acometido é o masculino (78%)
• A violência interpessoal foi a etiologia mais comum em
ambos os sexos (masculino=46,1%; feminino=58,3%),
perfazendo um total de 48,8%
• Três décadas atrás, os acidentes por veículos automotores
eram a principal causa de fratura facial (65%)
• Leis rigorosas de controle de velocidade, uso obrigatório de
cinto de segurança e uso de air bag, diminuiram os traumas
13. Epidemiologia
• A associação entre consumo de álcool e fraturas faciais
é bem documentada existe uma relação de até 45% dos
casos
• Uma legislação rigorosa de controle e punição para
motoristas embriagados e um maior alerta social das
morbidades relacionadas ao álcool podem ajudar a
reduzir quaisquer traumas decorrentes de seu uso.
• TCE = 55%
14. Epidemiologia
• 0-19a: Quedas e violência
• 20-39a: Violência interpessoal
• 40-...: Quedas
• Lacerações and abrasões 75%
• Lesão Ortopédica 51%
• Outras fraturas de face 42%
• Pulmonar 13%,
• Abdominal 5.7%,
• Cardíaca 3.8%
16. Anatomia
• Análise tridimensional
• Tecido ósseo compacto em meio ao laminar
• Resistência com proteção às estruturas nobres :
parênquima cerebral e ocular.
17.
18. Anatomia
• Retículo tridimensional cuja finalidade é a dispersão e
centrifugação dos impactos.
• As chamadas barras ósseas de sustentação foram bem
elucidadas pelo trabalho de Sturla em 1980
• Resistência e Complacência
• O maxilar é um osso duplo, formado pela junção das duas
maxilas na linha média
19. Anatomia
• As maxilas são responsáveis pela dimensão vertical do
terço médio da face e são constituídas de um corpo e
quatro processos, formando as paredes laterais da
cavidade nasal e a maior parte do assoalho da órbita.
• A face anterior apresenta o forame infra-orbital que dá
passagem à artéria e nervo infra-orbitais, cerca de 1 cm
abaixo do rebordo orbitário inferior.
• Os processos da maxila são o zigomático, frontal,
palatino e o alveolar.
20.
21.
22.
23.
24. • A presença do seio maxilar confere uma característica
peculiar ao terço médio da face pela possível
comunicação mucosa por traços de fraturas que se
estendam até o corpo maxilar.
• Os dentes superiores estão situados nos processos
alveolares das maxilas e as bordas verticais correspondem
à projeção de suas raízes.
• As movimentações dos processos alveolares são
importantes para que se mantenha condições de uma
oclusão adequada.
Anatomia
25. Anatomia
• A vascularização da
maxila é feita
predominantemente
pela artéria maxilar,
que é um ramo terminal
da carótida externa (
maior)
• O suprimento
sanguíneo é feito então
pelos ramos terminais
da artéria maxilar,
sendo a mais
importante a artéria
esfeno palatal
26. Anatomia
• Na região do septo nasal
anterior encontra-se a zona
hemorrágica de
Kiesserlbach, onde uma rica
rede anastomótica comunica
a carótida externa, através de
ramos terminais da artéria
maxilar, com a carótida
interna, através de ramos
etmoidais anterior e
posterior da artéria
oftálmica.
27. Anatomia
• A . maxilar :
1ª Parte Mandibular
A . Auricular Profunda
A . Timpânica Anterior
A . Meníngea Média
A . Meníngea Acessória
A . Alveolar Inferior
28. Anatomia
• A . maxilar :
2ª Parte Pterigóidea
A . Massetérica
A . Temporal Profunda
Anterior e Posterior
A . Pterigóidea
A . Bucal ( bucinadora)
29. Anatomia
• A . maxilar :
3ª Parte Pterigopalatina
A . Alveolar Superior
Posterior
A . Infra-Orbital
A . Palatina Descendente
A . do Canal Pterigóideo
A . Faríngea
A . Esfenopalatina
30. Anatomia
• Antigamente, o termo artéria maxilar externa foi
usada para descrever o que é agora conhecido como
a artéria facial
• Atualmente, o termo artéria maxilar externa é
menos comumente usada, e as condições artéria
maxilar interna e artéria maxilar são equivalentes.
31. Anatomia
• A inervação da maxila é feita pelo ramo maxilar do nervo
trigêmeo (NC V).
• Exterioriza-se do crânio pelo forame redondo, atravessa a
fissura orbitária inferior e corre por um curto canal na
borda orbitária inferior, saindo deste canal pelo forame
infra-orbitário.
32.
33. Classificação
• Le Fort
• Os estudos de Le Fort
(1901) determinaram as
áreas de fraqueza da
maxila, e originaram essa
classificação
34. Classificação
●Fratura Transversa
Baixa (Le Fort I,
Guerin, Duchange):
●Atribui-se a Guerin a
primeira descrição
desta fratura em 1866.
● Nesse tipo de
fratura, mais
conhecida como Le
Fort I, descrita em
1901, observa-se o
traço de fratura que
tangencia a margem
inferior do seio
piriforme,
35.
36. Classificação
●Fratura Piramidal (Le Fort II):
●Caracteriza-se por linha de
fratura que se inicia na região
nasofrontal, desce pela apófise
frontal da maxila, correndo
lateralmente através dos ossos
lacrimais e assoalho da órbita.
Nos casos mais graves pode
ocorrer deslocamento posterior
severo do segmento, com lesão
associada da área etmoidal,
septo nasal, ducto lacrimal e
alargamento do espaço
interorbital.
37.
38. Classificação
●Fratura de Disjunção
Craniofacial (Le Fort III):
●Linha de fratura que se inicia
na sutura nasofrontal,
estendendo-se lateralmente
através das paredes medial e
inferior da órbita,
atravessando as suturas
zigomático-frontal e arco
zigomático, terminando,
posteriormente, atingindo o
processo pterigóide.
● Resulta, portanto, na
completa separação da face
do crânio.
42. Classificação
●Fratura de Walthers (em
quatro fragmentos):
●Eventualmente pode ocorrer,
além da fratura mediana da
maxila, um traço de fratura
transverso no palato,
freqüentemente na sutura
maxilopalatal, próximo ao
primeiro e segundo pré-
molares, configurando quatro
fragmentos ósseos.
●No tratamento desse tipo de
fratura encontra-se dificuldade
para a estabilização dos
fragmentos posteriores.
43. Classificação
●Fratura da Borda Alveolar:
●Geralmente conseqüência do impacto localizado nos
dentes, com báscula do dente e fratura da parede
contraria do alvéolo dentário, causa lesão dos
elementos dentários e na estrutura óssea alveolar da
maxila.
44. Classificação
●Fraturas Complexas da Maxila:
●Como fraturas complexas podemos considerar aquelas em
que há uma combinação dos tipos de fratura descritos ou,
também, envolvimento de outras estruturas do esqueleto
craniofacial.
51. Tratamento
●Alguns cirurgiões preferem operar o paciente na ocasião
do diagnostico da fratura, porem outros preferem esperar a
regressão do edema para melhor avaliação das
deformidades e operar o paciente entre 7 e 10 dias após o
trauma.
● A realização de higiene oral rigorosa, assim como a
tricotomia de barba e bigode, é um aspecto pré-operatório
importante.
52. Tratamento
● Vias de Acesso para
Maxila:
● O acesso intra-oral
mais utilizado é através
do sulco gengivobucal
(Cadwell Luc).
● Zigomaticomaxilar
53.
54. Tratamento
● Vias de Acesso para
Maxila:
● Acesso através da
Pálpebra Inferior:
●O acesso pela pálpebra
inferior pode ser
transcutâneo ou
transconjuntival
●Transcutâneo:
Infraciliar ,palpebral e
orbital
55.
56. Tratamento
● Vias de Acesso para
Maxila:
● Acesso pela Pálpebra
Superior:
●O acesso através do sulco
palpebral superior permite
boa exposição da sutura
frontozigomática.
●Realiza-se uma incisão
da porção mediopupilar
até a lateral palpebral,
podendo ser estendida no
sentido das rugas
periorbitais.
57. Tratamento
● Vias de Acesso
para Maxila:
● Acesso Coronal:
●A incisão coronal
com descolamento
subgaleal e
subperiosteal no
arco zigomático
permite boa
exposição do crânio
e de toda a porção
superior da face.
60. Tratamento
●MÉTODOS DE FIXAÇÃO:
•Bloqueio Maxilomandibular:
●Pode ser a forma de tratamento nos casos de fraturas
alinhadas e estáveis, permanecendo por 4 a 6 semanas, ou
pode ser utilizado como tratamento temporário até que se
realize o tratamento definitivo.
61.
62. Tratamento
●MÉTODOS DE FIXAÇÃO:
●Fixação Interna com Fios de Aço,
Parafusos e Placas:
●A exposição adequada dos
fragmentos fraturados e sua
fixação com fios de aço, placas e
parafusos propiciam os melhores
resultados.
●
66. Tratamento
●MÉTODOS DE FIXAÇÃO:
●Fraturas Alveolares:
●As fraturas alveolares simples podem ser digitalmente
reduzidas e estabilizadas através de odontossínteses ou arcos
vestibulares, os quais são mantidos por 4 a 12 semanas, ou
até que seja observada clinicamente uma estabilidade
adequada.
●As fraturas complexas devem ser tratadas com
imobilizações com fios de aço ou placas e parafusos.
67. Complicações
● As complicações precoces mais comuns seriam hemorragia,
edema e obstrução das vias aéreas.
● Fistula liquórica e amaurose são complicações precoces
menos comuns, no entanto, podem ocorrer nas fraturas graves
tipo Le Fort II e III.
•Dentre as complicações tardias, podem ocorrer a exposição
dos meios de fixação, enoftalmo, alterações nas dimensões
verticais e horizontais da face, diplopia, lesões do nervo
infra-orbital, má oclusão e lesões dentarias.