A primeira aula apresenta o gênero apólogo de forma descontraída, dividindo um texto em partes e pedindo que os alunos o remontem. Em seguida, assistem a um trecho de filme para notar semelhanças com o gênero. O objetivo é familiarizar os alunos com as características dos apólogos, sem avaliações.
1. SEQUÊNCIA DIDÁTICA:
GÊNERO APÓLOGO
Sequência produzida pelas alunas do 6º período do curso de Letras da UTFPR – Pato
Branco, na disciplina de Docência em língua portuguesa.
Acadêmicas:
Adriani Maculan
Alice L. Neto
Claudia D Pereira
Fabiana S. Beltrame.
Vanessa B. Machado.
2. • Turma: 8º Ano.
• Tema: Os objetos também têm sentimentos.
• Campo de conhecimento do Gênero escolhido: Artístico-Literário.
• Conteúdos: Gênero Apólogo e Coesão sequencial e referencial.
• Sumário da Sequência:
Aula 1 - Uma dinâmica - Quebra- cabeça de um apólogo.
Aula 2 - Estrutura do gênero Apólogo.
Aula 3 - Coesão Textual: referencial.
Aula 4 - Coesão textual: coesão referencial.
Aula 5 - Atividades relacionadas ao gênero e coesão textual.
Aula 6 - Criação de personagem.
Aula 7 - Retomada de conteúdo e criação de um apólogo.
Aula 8 - Continuação da escrita do Apólogo.
Aula 9 - Reescrita do Apólogo.
3. HABILIDADES DA BNCC DESENVOLVIDAS:
(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma
dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da
humanidade. (BRASIL, 2018, p. 95)
(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e reescrita,
tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da
situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc.– e
considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário. (BNCC, 2018, p. 157)
(EF08LP14) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão sequencial (articuladores) e referencial (léxica e
pronominal), construções passivas e impessoais, discurso direto e indireto e outros recursos expressivos
adequados ao gênero textual. (BRASIL, 2018, p. 191)
4. AULA 1: UMA DINÂMICA - QUEBRA-CABEÇA DE UM APÓLOGO.
Objetivo: Apresentar o gênero “apólogo”, aos alunos, de uma maneira descontraída, para que eles se
familiarizem com o estilo do texto; verificar o conhecimento prévio deles sobre o gênero.
Busca-se saber se os alunos conhecem o gênero “apólogo” e quais são as suas características. Sugere-se que,
nesta primeira aula, não sejam feitas explicações aprofundadas para deixar a aula mais descontraída.
• A aula inicia-se com a professor(a) explicando que, nesse dia, será realizada uma atividade diferente. Será
solicitado que os alunos se dividam em 5 grupos.
• Após essa divisão de grupos, a professor(a) vai dividir o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis, em cinco
partes e cada parte será distribuída para cada grupo.
• No próximo slide apresentamos os fragmentos do texto entregue aos alunos:
5. Um apólogo - Machado de Assis
PARTE 1:
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa
de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do
pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos
de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
PARTE 2:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se
importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa
como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava
resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-
plic plic-plic da agulha no pano.
6. PARTE 3:
Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no
quarto acabou a obra, e ficou esperando o
baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no
corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou
outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
PARTE 4:
— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância?
Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir
para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à
pobre agulha:
7. PARTE 5:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na
caixinha de costura. Fazes como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho
servido de agulha a muita linha ordinária!
8. • Será realizada, em voz alta, a leitura de cada trecho. Em um primeiro momento não será levada em
consideração a ordem correta do texto original. A leitura será feita de forma aleatória.
• Após a leitura inicial, o (a) professor (a) irá solicitar que os alunos organizem o texto da maneira como acharem
correta. O(a) professor(a) poderá orientá-los com perguntas como: ”Qual parte do texto é o começo? O meio? e o
fim? A primeira parte do texto está com qual grupo? 1, 2, 3, 4 ou 5? E a segunda?... Essa organização pode ser
escrita no quadro para que seja observada por todos. Por exemplo:
• Parte 1 do texto - Grupo 3
Parte 2 do texto - Grupo 1...
• Após o texto ser organizado da maneira que os alunos julgarem correto, será feita uma nova leitura em voz
alta, na ordem em que eles acreditam fazer sentido.
• Logo após essa leitura, o (a) professor (a) irá entregar uma cópia do texto original para cada equipe, e será
possível verificar se a organização deles estava correta ou não.
• Após essa dinâmica, o professor vai fazer as seguintes perguntas, oralmente, para a turma:
1 - Qual parte do texto chamou mais atenção?
2 - Nesse texto, há alguma característica que parece diferente de outros textos que vocês já conhecem?
9. Professor(a)! O objetivo dessas perguntas é estimular e intensificar a reflexão sobre notar
que os personagens são seres e/ou objetos inanimados, mas com características
humanas. Essa aula não é avaliativa, ou seja, não há uma avaliação sobre respostas
certas ou erradas, o principal é possibilitar um diálogo com os alunos e uma aproximação
com o gênero apólogo.
10. • Após essa primeira atividade, será projetado um trecho do filme “A Bela e a Fera”
Link do vídeo disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=s371wxPkGJY
• Após assistir, o professor vai fazer as seguintes perguntas oralmente para a turma:
1 - Qual parte do vídeo chamou mais atenção?
2 - Há alguma semelhança entre o vídeo e o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis?
Ao final da aula, o (a) professor (a) vai pedir para os alunos que guardem o texto e explica que será
trabalhado com o mesmo material na próxima aula.
11. BIBLIOGRAFIA:
ARRUDA, Janaína. Sabe o que é coesão sequencial e coesão referencial? (2016). Disponível em:
<https://jcconcursos.uol.com.br/noticia/concursos/coesao-sequencial-coesao-referencial-66611>. Acesso em: 06 abr. 2020.
ASSIS, Machado. Um Apólogo. Biblioteca Virtual. Coleção Prestígio: Contos consagrados: Ediouro. Disponível em:
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/MachadodeAssis/umapologo.htm. Acesso em: 05 abr.
2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2020.
COSTA, Marta Morais da. Metodologia do ensino da literatura infantil. Curitiba: Intersaberes, 2013.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. – 22. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo, Editora Brasiliense/Editora Pallotti, 1994.
“O Carvalho e o Junco”. Fábula de Jean de La Fontaine. In: As Mais Belas Fábulas de La Fontaine; Ilustrações de Gauthier
Dosimont. São Paulo: Impala, 1998, pp. 16-21. Impresso na Itália. Citado aqui no Dia das Crianças 2012. Disponível em:
<https://institutopoimenica.com/2012/10/12/o-carvalho-e-o-junco-jean-de-la-fontaine/>. Acesso em: 06 abr. 2020.
“O Foguete Notável”. Oscar Wilde. Nefasto. Disponível em: <https://nefasto.com.br/o-foguete-notavel-oscar-wilde/>. Acesso em: 20
abr. 2021.