Miguel Torga escreveu em 1941 o ensaio "Um Reino Maravilhoso" sobre a província de Trás-os-Montes, descrevendo-a como um lugar de grande beleza natural e generosidade das pessoas. O texto descreve a paisagem montanhosa e os vales férteis da região, bem como as tradições e hospitalidade dos seus habitantes.
3. AUTOR
Artur Filipe dos Santos
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• Artur Filipe dos Santos, Doutorado em Comunicação, Publicidade Relações
Públicas e Protocolo, pela Universidade de Vigo, Galiza, Espanha, Professor
Universitário, consultor e investigador em Comunicação Institucional e
Património, Protocolista, Sociólogo.
• Director Académico e Professor Titular na Universidade Sénior Contemporânea,
membro da Direção do OIDECOM-Observatório Iberoamericano de Investigação e
Desenvolvimento em Comunicação, membro da APEP-Associacao Portuguesa de
Estudos de Protocolo.
Membro do ICOMOS (International Counsil on Monuments and Sites), consultor
da UNESCO para o Património Mundial, membro do Grupo de Investigação em
Comunicação (ICOM-X1) da Faculdade de Ciências Sociais e da Comunicação da
Universidade de Vigo, membro do Grupo de Investigação em Turismo e
Comunicação da Universidade de Westminster. Professor convidado da Escola
Superior de Saúde do Instituto Piaget.
Orador e palestrante convidado em várias instituições de ensino superior.
Formador em Networking e Sales Communication no Network Group +Negócio
Portugal.
3
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4. A Universidade Sénior
Contemporânea
Web: www.usc.no.sapo.pt
Email: usc@sapo.pt
Edições online: www.edicoesuscontemporanea.webnode.com
• A Universidade Sénior Contemporânea é uma instituição vocacionada
para a ocupação de tempos livres dos indivíduos que se sintam motivados
para a aprendizagem constante de diversas matérias teóricas e
práticas,adquirindo conhecimentos em múltiplas áreas, como línguas,
ciências sociais, saúde, informática, internet, dança, teatro, entre outras,
tendo ainda a oportunidade de participação em actividades como
o Grupo de Teatro, Coro da USC, USC Web TV, conferências, colóquios,
visitas de estudo. Desenvolve manuais didáticos das próprias cadeiras
lecionadas(23), acessivéis a séniores, estudantes e profissionais através
de livraria online.
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4
5. 5
Artur Filipe dos Santos – www.artursantos.no.sapo.pt
• Miguel Torga, pseudónimo
de Adolfo Correia da Rocha,
(São Martinho de Anta, 12
de Agosto de 1907 —
Coimbra, 17 de Janeiro de
1995) foi um dos mais
influentes poetas e
escritores portugueses do
século XX. Destacou-se
como poeta, contista e
memorialista, mas escreveu
também romances, peças
de teatro e ensaios
6. • A 17 de Janeiro de 2015
celebraram-se os 20
anos da morte de
Miguel Torga, o escritor
que em 1941 proferiu
num congresso sobre
Trás-os-Montes o
profundo ensaio “Um
Reino Maravilhoso”.
6
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7. • Texto sobre a província
de Trás-os-Montes e
que foi editado na
“Portugal”, em 1951 e
novamente editado
num livro póstumo
intitulado “Ensaios e
Discursos”, publicado
em 2001.
7
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8. 8
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• Miguel Torga - Um
Reino Maravilhoso
(Trás-os-Montes)
“Vou falar-lhes dum Reino
Maravilhoso. Embora muitas
pessoas digam que não, sempre
houve e haverá reinos
maravilhosos neste mundo.
9. • O que é preciso, para os
ver, é que os olhos não
percam a virgindade
original diante da
realidade, e o coração,
depois, não hesite.
9
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10. • ra, o que pretendo
mostrar, meu e de
todos os que queiram
merecê-lo, não só
existe, como é dos mais
belos que se possam
imaginar.
10
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11. 11
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• Começa logo porque fica no
cimo de Portugal, como os
ninhos ficam no cimo das
árvores para que a distância
os torne mais impossíveis e
apetecidos. E quem namora
ninhos cá de baixo, se
realmente é rapaz e não
tem medo das alturas,
depois de trepar e atingir a
crista do sonho, contempla
a própria bem-aventurança.
12. • Vê-se primeiro um mar
de pedras. Vagas e
vagas sideradas, hirtas e
hostis, contidas na sua
força desmedida pela
mão inexorável dum
Deus criador e
dominador. Tudo
parado e mudo.
12
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13. • Apenas se move e se faz
ouvir o coração no
peito, inquieto, a
anunciar o começo
duma grande hora. De
repente, rasga a crosta
do silêncio uma voz de
franqueza
desembainhada:- Para
cá do Marão, mandam
os que cá estão!...
13
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14. 14
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• Sente-se um calafrio. A vista
alarga-se de ânsia e de
assombro. Que penedo
falou? Que terror
respeitoso se apodera de
nós?
Mas de nada vale interrogar
o grande oceano megalítico,
porque o nume invisível
ordena:
- Entre!
15. • A gente entra, e já está
no Reino Maravilhoso.
A autoridade emana da
força interior que cada
qual traz do berço. Dum
berço que oficialmente
vai de Vila Real a
Chaves, de Chaves a
Bragança, de Bragança a
Miranda, de Miranda a
Régua.
15
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16. • Um mundo! Um nunca
acabar de terra grossa,
fragosa, bravia, que
tanto se levanta a pino
num ímpeto de subir ao
céu, como se afunda
nuns abismos de
angústia, não se sabe
por que telúrica
contrição.
16
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17. 17
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• Terra-Quente e Terra-
Fria. Léguas e léguas de
chão raivoso,
contorcido, queimado
por um sol de fogo ou
por um frio de neve.
Serras sobrepostas a
serras. Montanhas
paralelas a montanhas.
18. • Nos intervalos, apertados
entre os rios de água
cristalina, cantantes, a
matar a sede de tanta
angústia. E de quando em
quando, oásis da
inquietação que fez tais
rugas geológicas, um vale
imenso, dum húmus puro,
onde a vista descansa da
agressão das penedias.
18
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19. • Mas novamente o
granito protesta.
Novamente nos acorda
para a força medular de
tudo. E são outra vez
serras, até perder de
vista.
Não se vê por que
maneira este solo é
capaz de dar pão e
vinho. Mas dá.
19
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20. 20
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• Nas margens de um rio de
oiro, crucificado entre o
calor do céu que de cima
o bebe e a sede do leito
que de baixo o seca,
erguem-se os muros do
milagre. Em íngremes
socalcos, varandins que
nenhum palácio aveza,
crescem as cepas como
os manjericos às janelas.
21. • No Setembro, os
homens deixam as eiras
da Terra-Fria e descem,
em rogas, a escadaria
do lagar de xisto.
Cantam, dançam e
trabalham. Depois
sobem. E daí a pouco há
sol engarrafado a
embebedar os quatro
cantos do mundo.
21
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Terra Fria é o nome que se dá a um território
situado no Nordeste Transmontano, por
oposição a outro, a "Terra Quente".
A metade oriental de Trás-os-Montes,
correspondente ao Distrito de Bragança, está
dividida em dois territórios distintos: a Terra
Fria Transmontana e a Terra Quente
Trasmontana. Os concelhos da Terra Fria
incluem os concelhos raianos de Vinhais,
Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e
Mogadouro.
22. • A terra é a própria
generosidade ao
natural. Como num
paraíso, basta estender
a mão.
Bata-se a uma porta,
rica ou pobre, e sempre
a mesma voz confiada
nos responde:
22
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23. 23
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• - Entre quem é! Sem
ninguém perguntar mais
nada, sem ninguém vir à
janela espreitar,
escancara-se a intimidade
duma família inteira. O
que é preciso agora é
merecer a magnificência
da dádiva.
Nos códigos e no
catecismo o pecado de
orgulho é dos piores.
24. • Talvez que os códigos e
o catecismo tenham
razão. Resta saber se
haverá coisa mais bela
nesta vida do que o
puro dom de se olhar
um estranho como se
ele fosse um irmão
bem-vindo, embora o
preço da desilusão seja
às vezes uma facada.
24
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25. • Dentro ou fora do seu
dólmen (maneira que eu
tenho de chamar aos
buracos onde vive a
maioria) estes homens
não têm medo senão da
pequenez. Medo de
ficarem aquém do estalão
por onde, desde que o
mundo é mundo, se mede
à hora da morte o
tamanho de uma criatura.
25
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26. 26
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• Acossados pela
necessidade e pelo
amor da aventura
emigram. Metem toda a
quimera numa saca de
retalhos, e lá vão eles.
Os que ficam, cavam a
vida inteira.
27. • E, quando se cansam,
deitam-se no caixão
com a serenidade de
quem chega
honradamente ao fim
dum longo e trabalhoso
dia.
27
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28. • O nome de
Trasmontano, que quer
dizer filho de Trás-os-
Montes, pois assim se
chama o Reino
Maravilhoso de que vos
falei.”
28
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29. 29
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• Miguel Torga nasceu na
localidade de São
Martinho de Anta, em
Vila Real a 12 de Agosto
de 1907.Oriundo de
uma família humilde de
Sabrosa, era filho de
Francisco Correia Rocha
e Maria da Conceição
Barros.
30. • Em 1917, aos dez anos, foi
para uma casa apalaçada do
Porto, habitada por
parentes. Fardado de
branco, servia de porteiro,
moço de recados, regava o
jardim, limpava o pó, polia
os metais da escadaria
nobre e atendia
campainhas. Foi despedido
um ano depois, devido à
constante insubmissão.
30
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31. • Em 1918 foi mandado
para o seminário de
Lamego, onde viveu um
dos anos cruciais da sua
vida. Estudou Português,
Geografia e História,
aprendeu latim e ganhou
familiaridade com os
textos sagrados. Pouco
depois comunicou ao pai
que não seria padre.
31
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32. 32
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• Emigrou para o Brasil em
19202 , ainda com treze
anos, para trabalhar na
fazenda do tio, proprietário
de uma fazenda de café em
Minas Gerais.5 Ao fim de
quatro anos, o tio apercebe-
se da sua inteligência e
patrocina-lhe os estudos
liceais no Ginásio
Leopoldinense, em
Leopoldina (Estado de
Minas Gerais).
33. • Distingue-se como um
aluno dotado. Em 1925,
convicto de que ele viria
a ser doutor em
Coimbra, o tio propôs-
se pagar-lhe os estudos
como recompensa dos
cinco anos de serviço, o
que o levou a regressar
a Portugal e concluir os
estudos liceais.
33
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34. • Carreira profissional e
literária
Em 1928, entra para a
Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra
e publica o seu primeiro
livro de poemas,
Ansiedade.2 5 Em 1929,
com vinte e dois anos,
deu início à colaboração
na revista Presença, folha
de arte e crítica, com o
poema Altitudes
34
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35. 35
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• A obra de Torga traduz sua
rebeldia contra as injustiças e seu
inconformismo diante dos abusos
de poder. Reflete sua origem
aldeã, a experiência médica em
contato com a gente pobre e
ainda os cinco anos que passou
no Brasil (dos 13 aos 18 anos de
idade), período que deixou
impresso em Traço de União
(impressões de viagem, 1955) e
em um personagem que lhe
servia de alter-ego em A criação
do mundo, obra de ficção em
vários volumes, publicada entre
1937 e 1939.
36. • A obra de Torga traduz sua
rebeldia contra as injustiças e seu
inconformismo diante dos abusos
de poder. Reflete sua origem
aldeã, a experiência médica em
contato com a gente pobre e
ainda os cinco anos que passou
no Brasil (dos 13 aos 18 anos de
idade), período que deixou
impresso em Traço de União
(impressões de viagem, 1955) e
em um personagem que lhe
servia de alter-ego em A criação
do mundo, obra de ficção em
vários volumes, publicada entre
1937 e 1939.
36
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37. • As críticas que fez aí ao
franquismo resultaram em sua
prisão (1940). Publica os livros A
Terceira Voz em 1934, aonde pela
primeira vez empregou o seu
pseudónimo, Bichos em 1940,
Contos da Montanha em 1941,
Rua em 1942, O Sr. Ventura e
Lamentação em 1943, Novos
Contos da Montanha e Libertação
em 1944, Vindima em 1945,
Sinfonia em 1947, Nihil Sibi em
1948, Cântico do Homem em
1950, Pedras Lavradas em 1951,
Poemas Ibéricos em 1952, e
Orfeu Rebelde em 1958.
37
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38. 38
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• Após a Revolução dos
Cravos que derrubou o
Estado Novo em 1974,
Torga surge na política
para apoiar a candidatura
de Ramalho Eanes à
presidência da República
(1979). Era, porém,
avesso à agitação e à
publicidade e manteve-se
distante de movimentos
políticos e literários.
39. • Autor prolífico, publicou
mais de cinquenta livros
ao longo de seis
décadas e foi várias
vezes indicado para o
Prémio Nobel da
Literatura.
39
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40. • Torga, sofrendo de
cancro, publicou o seu
último trabalho em
1993, vindo a falecer
em Janeiro de 1995. A
sua campa rasa em São
Martinho de Anta tem
uma torga plantada a
seu lado, em honra ao
poeta.
40
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41. 41
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• A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos,
Adolfo Correia Rocha cria
o pseudónimo "Miguel" e
"Torga". Miguel, em
homenagem a dois
grandes vultos da cultura
ibérica: Miguel de
Cervantes e Miguel de
Unamuno.
42. • Já Torga é uma planta
brava da montanha,
que deita raízes fortes
sob a aridez da rocha,
de flor branca,
arroxeada ou cor de
vinho, com um caule
incrivelmente rectilíneo.
42
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43. • Afinal, que Reino
Maravilhoso é esse que
Miguel Torga nos fala?
43
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44. 44
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• Trás-os-Montes e Alto
Douro é uma província de
Portugal, com limites e
atribuições, que foram
variando ao longo da
história, mas que de
grosso modo
correspondem aos atuais
distritos de Vila Real e
Bragança. A sua capital é
a cidade de Vila Real.
45. • Foi também uma das
regiões administrativas
da proposta de
regionalização rejeitada
em Referendo em 1998.
45
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46. • É uma das províncias de
Portugal com maior
número de emigrantes
e uma das que mais
sofrem com o
despovoamento.
46
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47. 47
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• O seu isolamento
secular permitiu porém
a sobrevivência de
tradições culturais que
marcam a identidade
portuguesa.
48. História
• Trás-os-Montes era uma
das seis grandes
divisões administrativas
em que se encontrava
dividido o território de
Portugal, desde o
século XV.
48
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49. • A divisão foi conhecida
por Comarca até ao
século XVI, passando, a
partir daí, a ser
conhecida por
província.
49
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51. 51
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• Tradicionalmente, o
território de Trás-os-
Montes é limitado a
norte pela Galiza, a
leste por Leão, a oeste
pelo rio Tâmega e a sul,
pelo rio Douro. Estes
limites, variaram,
ligeiramente, ao longo
dos tempos.
52. • Até ao século XVII a Província
de Trás-os-Montes constituía
uma correição, administrada
por um corregedor —
magistrado com funções
judiciais e administrativas.
Paralelamente, em caso de
guerra, a província também
constituía a área de actuação
de um fronteiro-mor,
comandante militar a quem
era atribuído o comando
operacional das tropas da
província em campanha.
52
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53. • A partir do século XVII, a
província passou a ser
dividida em várias
correições (também
chamadas comarcas),
cada uma com o seu
corregedor. A província
passou, então, a ser
apenas uma unidade
estatística e uma região
militar comandada por
um governador das
armas.
53
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54. 54
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• No início do século XIX,
Trás-os-Montes incluía as
comarcas de Bragança,
Miranda, Torre de
Moncorvo, Vila Real. No
interior do seu território
estava encravado o couto
de Ervededo que
dependia da comarca de
Braga (província de Entre-
Douro-e-Minho).
55. • A província de Trás-os-
Montes manteve-se na
divisão administrativa de
1832. Nessa altura passou a
dispor de um prefeito —
magistrado que
representava o governo
central — e de uma junta
geral de província — órgão
autárquico, eleito
localmente. A província
passou a estar dividida nas
comarcas de Bragança,
Chaves, Torre de Moncorvo
e Vila Real.
55
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56. • A província, agora com a designação de Trás-os-
Montes e Alto Douro e englobando alguns concelhos
na margem esquerda do Douro, foi reinstituída pela
reforma administrativa de 1936, em conformidade
com a Constituição de 1933 (Estado Novo).
56
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57. 57
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• As novas províncias,
foram criadas, com base
num estudo geográfico
que identificava 13
"regiões naturais" no
território de Portugal
Continental. A região
natural de Trás-os-
Montes e a região natural
do Alto Douro, foram
agrupadas na província
de Trás-os-Montes e Alto
Douro.
58. • No entanto, as províncias
nunca tiveram qualquer
atribuição prática, e
desapareceram do
cenário administrativo
(ainda que não do
vocabulário quotidiano
dos portugueses) com a
revisão constitucional de
1959, não sendo
recuperadas pela
Constituição de 1976.
58
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59. • Território
A província de 1936
limitava a Norte e a
Leste com a Espanha
(províncias de Ourense,
na Galiza, e Zamora e
Salamanca na Região de
Leão), a Sul com a Beira
Alta, e a Oeste com o
Minho e Douro Litoral
59
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60. 60
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• Era então constituída
por 31 concelhos,
integrando a totalidade
do Distrito de Bragança
e do Distrito de Vila
Real, englobando ainda
4 concelhos do Distrito
de Viseu e um concelho
do Distrito da Guarda.
61. • Distrito de Bragança
(todos os 12 concelhos):
Alfândega da Fé,
Bragança, Carrazeda de
Ansiães, Freixo de
Espada à Cinta, Macedo
de Cavaleiros, Miranda
do Douro, Mirandela,
Mogadouro, Torre de
Moncorvo, Vila Flor,
Vimioso, Vinhais.
61
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62. • Distrito de Vila Real
(todos os 14 concelhos):
Alijó, Boticas, Chaves,
Mesão Frio, Mondim de
Basto, Montalegre,
Murça, Peso da Régua,
Ribeira de Pena,
Sabrosa, Santa Marta
de Penaguião, Valpaços,
Vila Pouca de Aguiar,
Vila Real.
62
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63. 63
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• Distrito de Viseu (4 de
24 concelhos):
Armamar, Lamego, São
João da Pesqueira,
Tabuaço.
• Distrito da Guarda (1 de
14 concelhos): Vila
Nova de Foz Côa.
64. • Geógrafos houve que
preferiram considerar os
concelhos a sul do Douro,
isto é, aqueles que se
integram nos distritos da
Guarda e de Viseu, como
fazendo parte de uma
Beira Trasmontana, com
capital em Lamego, tese
que acabou por não
vingar.
64
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65. • Actualmente, o território da
antiga província encontra-se
repartido pelas sub-regiões
estatísticas do Alto Trás-os-
Montes (totalidade), Douro
(a maior parte, exceptuados
os concelhos de Moimenta
da Beira, Penedono,
Sernancelhe e Tarouca) e
ainda parte do Tâmega
(concelhos de Mondim de
Basto e Ribeira de Pena).
65
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66. 66
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• O relevo desta região é
formado por um conjunto
de altas plataformas
onduladas cortadas por
vales e bacias muito
profundas. O seu clima é
mediterrânico com
influência continental,
mais agreste e frio nas
áreas planálticas, mais
quente nas áreas
profundas encaixadas do
Douro.
67. • Além da vinha - em
especial a vinha da
Região Demarcada do
vinho do Porto, onde a
paisagem se
individualiza com as
suas imensas encostas e
quintas -, produz
culturas como o
centeio, a cevada e a
batata.
67
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68. • Esta região apresenta, nos
seus principais pratos
típicos, o pão e as bolas;
bacalhau, alheiras,
presunto, cabrito e vitela,
com destaque para a
posta mirandesa; peixes
de rio, como a truta;
grelos, feijão, cogumelos
e castanhas; folares,
queijadas e bolos de mel,
entre outros.
68
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69. 69
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• Trás-os-Montes e Alto
Douro foi desde muito
cedo objeto de
explorações mineiras. O
ouro foi o primeiro metal
a ser explorado, depois o
estanho e o chumbo.
Deficientemente servida
por vias de comunicação,
esta zona não tem sido
um polo atrativo para a
implantação de
indústrias.
70. • A região de Trás-os-
Montes é uma das mais
ricas em achados
arqueológicos de toda a
ordem e de todas as
épocas. São de assinalar
as estações do paleolítico
da serra do Brunheiró e
Bóbeda, bem como
dólmenes e povoados do
período Neo-eneolítico.
70
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71. • A famosa ponte de
Trajano, por seu turno,
é um dos melhores
exemplares da
arquitetura romana em
Portugal.
71
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72. • Esta região possui um
folclore muito rico,
patente, por exemplo,
nos seus dialetos
(sendinês, mirandês,
guadramilês e
riodonorês). A música
tradicional é uma das
mais relevantes do
país.
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73. • São de um lirismo
extremamente sóbrio e
penetrante, quer os
hinos sagrados e
cânticos de trabalho,
quer os poemas de
amor e de morte em
que se expande a alma
do povo duriense e
transmontano.
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74. • Trás-os-Montes e Alto
Douro tem sido cenário e
temática, berço e musa
inspiradora de algumas
individualidades notáveis,
como, por exemplo,
Guerra Junqueiro, Miguel
Torga, Trindade Coelho e
Camilo Castelo Branco,
entre outros.
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