1. Curso “Ler e escrever textos nas séries iniciais do ensino fundamental”.
Profa. Stela Miller
2013
Informações complementares à sessão de Relato de Experiência (18/09/2013)
1- São várias as situações em sala de aula em que leitura e escrita podem ser
processos vivenciados pelos alunos. Todos os conteúdos do currículo dependem, para
sua apropriação por parte do aluno, de sua capacidade de ler e escrever. É por isso que o
professor aproveita todas as oportunidades que surgem em sala de aula para promover
aprendizagens em que a leitura e a escrita sejam utilizadas como instrumentos para o
estudo e sistematização do que foi aprendido pelos alunos. Assim é que, em uma aula de
História ou de Geografia, o aluno lerá, por exemplo, textos expositivos, com função
informativa, como parte de sua tarefa de estudo. Esquemas, resumos, história em
quadrinhos podem ser gêneros utilizados para sistematização dos conteúdos aprendidos,
dependendo do conteúdo desenvolvido e do objetivo que se quer atingir com a
atividade. No ensino de Ciências, dá-se o mesmo: o professor e os alunos lidarão com
diferentes temas, tais como o conhecimento do universo, dos planetas; a vida na Terra; o
ar, o solo; a água; o corpo humano, etc., relacionando a esses temas os aspectos ligados
à ecologia, à saúde e higiene, etc. Para o desenvolvimento desses temas, o professor
pode lançar mão, dentre várias possibilidades, de diferentes estratégias, tais como:
assistir a filmes (quando se trata de conhecer o universo e os planetas, por exemplo);
fazer buscas em enciclopédias ilustradas, em sites especializados da Internet, fazer
visitas de estudo a instituições sociais (para coletar e selecionar informações acerca dos
temas abordados); construir modelos representativos da realidade (como o terrário, o
vulcão, por exemplo); construir instrumentos comprobatórios de fenômenos naturais
(como o cata-vento, a biruta); e realizar experiências científicas para comprovação de
fatos científicos. Nesses momentos, quando acontece o estudo desses temas, por meio
dessas estratégias, o professor tem oportunidade de trabalhar com a leitura e a escrita de
diferentes textos, não apenas como ferramentas de estudo do conteúdo, funcionando
como leitura e produção “em situação”, ou seja, no contexto da aprendizagem de
determinado conteúdo, mas também como um gênero textual que precisa ser
apropriado, ele próprio, como um objeto de estudo por parte do aluno, a fim de que ele
seja apreendido em sua forma de organizar-se linguisticamente em função de
determinado objetivo de interação com certo leitor. Assim, no que diz respeito à
produção textual, para a realização de uma visita de estudo a uma instituição social (um
museu, uma biblioteca pública, uma instituição responsável pelo tratamento de água e
esgoto da cidade, um escritor da cidade ou região, médicos, enfim, especialistas de
qualquer área de conhecimento) para o desenvolvimento de certa atividade da área de
História, Geografia, Ciências poderá ser necessário escrever cartas de solicitação,
realizar entrevista com alguma pessoa e, então, uma carta precisará ser redigida e um
roteiro de entrevista precisará ser trabalhado por professor e alunos; no caso da
entrevista, após sua realização, os dados produzidos são discutidos e, posteriormente,
sistematizados sob a forma de resumos, painéis, livretos de informação (para
2. incorporação dessas produções à biblioteca particular do aluno, ou à biblioteca da
própria sala de aula), relatórios, etc.; para a sistematização de conteúdos recém-
aprendidos em outros tipos de atividade, além dessas produções já citadas, outras
poderão ser realizadas, como, relatos históricos, cartazes (para divulgação de eventos e
campanhas), folhetos (para serem distribuídos na comunidade), histórias em quadrinhos,
obra teatral (para encenação aos colegas da escola), artigos de notícias para o jornal
escolar (ou, eventualmente, jornal de circulação local), monografias (para reunir
informações acerca de um assunto que foram coletadas em diferentes fontes), cuidando
sempre de combinar com o coletivo da sala formas de veiculação das produções entre os
próprios alunos da sala, da escola e para os membros da comunidade.
2- Quando um gênero textual está sendo estudado pela primeira vez pelo aluno
(poderia ser o caso do relato de experiência científica, por exemplo), o professor, antes
da primeira escrita individual, oferece um texto de referência para ser lido, entendido
em seu conteúdo e compreendido, também, do ponto de vista de sua organização textual
global (modo como está estruturado). Na sequência, o aluno faz sua primeira escrita do
texto em estudo, organizando-o com base nas características observadas no texto de
referência. Uma primeira revisão (que pode ser feita coletivamente, ou em pares) faz a
conferência da organização global do texto (confrontando com o texto de referência) e
conduz o aluno a fazer as alterações necessárias quanto a esse aspecto. Em seguida, o
texto de referência é retomado para ser analisado em suas características linguísticas que
organizam o texto do gênero que está sendo estudado (uso de tempos verbais, pessoas
verbais, advérbios, conectores temporais e lógicos, palavras em contexto, pronomes,
etc.). Tendo sido feita essa análise, o aluno retoma seu texto e vai avaliar se ele está
escrito conforme os requisitos apontados como necessários para esse gênero de texto
que ele escreve (isso pode ser feito aos pares ou individualmente). Na sequência, faz as
alterações cabíveis em seu texto. O professor acompanha esse trabalho, auxiliando os
alunos a realizarem as mudanças necessárias na produção escrita. Depois dessa fase, o
professor lê todas as produções para verificar se ainda há casos em que há necessidade
de fazer atendimento individualizado. Finalmente, é feita a correção ortográfica, e o
texto é finalizado e veiculado conforme o que ficou combinado no início da produção.
3- Os diferentes gêneros textuais podem, como afirmamos acima, ser aprendidos
pelos alunos em momentos de estudo dos diferentes conteúdos curriculares,
configurando um trabalho que considera a inter-relação entre as diferentes áreas do
conhecimento.