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ROMANTISMO
 Você se considera uma pessoa
romântica? A palavra romântico é
frequentemente associada a um
conjunto de comportamentos e
valores, como dar ou receber flores,
gostar de ler ou escrever poemas e
histórias de amor, emocionar-se
facilmente, ser gentil e delicado com
a pessoa amada.
 Esse tipo de romantismo é diferente
do Romantismo na arte. Esse
também está relacionado aos
sentimentos, mas foi muito mais do
que isso. Foi um amplo movimento
que surgiu no século XIX e
representou artisticamente os
anseios da burguesia que acabara
de chegar ao poder na França.
ROMANTISMO: A arte da burguesia
Vivemos numa sociedade pós-moderna. Vemos e
sentimos o mundo de acordo com as transformações
ocorridas no século XX. No século XIX ainda não havia
computador, avião, automóvel, televisão nem as redes
sociais. As notícias eram levadas a cavalo, e o mundo
mudava lentamente. Contudo, o homem atual guarda
semelhanças com o homem romântico do século XIX:
ambos sonham com ideais de igualdade e justiça social;
ambos apresentam traços individualistas ou narcisistas.
Muito da cultura romântica do século XIX está
presente nas músicas, nas novelas, nos comportamentos
sociais. Isso se deve ao Romantismo ter sido a expressão
artística da Idade Contemporânea, que ainda perdura,
introduzida pela Revolução Francesa (1789) e pela
ascensão da burguesia ao poder.
UMA REVLUÇÃO NA ARTE
O Arcadismo foi uma arte revolucionária, do ponto
de vista ideológico, pois expressava os interesses da
burguesia. Quanto ao aspecto estético, o Arcadismo
limitou-se a eliminar os exageros do Barroco e imitar o
Classicismo do século XVI. Coube ao Romantismo romper
com os modelos vigentes e criar uma linguagem nova, com
padrões simples de vida da classe média e da burguesia
que acabara de chegar ao poder na Europa.
Assim, a arte romântica põe fim a tradição clássica
de três séculos e inicia uma nova etapa na literatura,
voltada para os assuntos de seu tempo: efervescência
social e política, luta e revolução e ao cotidiano do homem
burguês, através de uma linguagem mais direta e mais
simples.
Se o artista árcade centrava sua arte na razão, o
romântico a centra no coração. Por isso, a fantasia, o
sentimentalismo, a impulsividade e o exotismo românticos
não têm limites, negando a herança clássica. A arte
romântica é mais espiritualista, contrária ao cientificismo e
ao materialismo iluminista.
A arte clássica apreciava a clareza e a razão – arte
“diurna”. O Romantismo, aprecia o mistério, a solidão, o
escuro, o conflito, a morte – arte “noturna”.
O ENCONTRO DA VIDA E DA ARTE
Para os artistas clássicos, a arte devia sempre imitar os
modelos greco-latinos. Mas para os românticos, a arte não deve ser
imitação, e sim a expressão da emoção, da intuição, da inspiração e da
espontaneidade vivida pelo artista no ato de criação. Crendo nisso, os
artistas românticos se atiravam em busca de aventuras e fortes
emoções, para colher experiências criadoras, chegando a se
envolverem com o alcoolismo e drogas ou com o sentimento de
pessimismo quase suicida. Outros participavam de lutas sociais,
colocando-se como líderes da humanidade.
O antigo conceito grego de belo na arte é abandonado pelos
românticos, que defendem a união do grotesco e do sublime, do feio e
do bonito, assim como são as coisas na vida real.
A mudança mais importante imposta a arte pelo Romantismo
foi uma maior proximidade entre vida e obra, e entre obra e realidade
circundante.
O primeiro romântico a levantar a teoria de uma arte que
fundisse o grotesco e o sublime foi Victor Hugo (O Corcunda de Notre-
Dame).
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM
ROMÂNTICA
SUBJETIVISMO – os assuntos são tratados de forma pessoal (uso da 1ª pessoa). A
realidade é retratada de forma subjetiva, idealizada, como o artista gostaria que fosse, e não como
verdadeiramente é.
IDEALIZAÇÃO – a fantasia e a imaginação levam o artista romântica a idealizar vários
temas, retratando-os não como são, mas como deveriam ser, segundo sua ótica pessoal. Assim a
pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem delicada, frágil, submissa e inatingível; o
amor é espiritualizado e inalcançável; o índio é tratado como herói nacional, cheio de boas virtudes.
Essa idealização é marcada por minuciosas descrições e constantes comparações e metáforas.
Observe , nos versos que seguem, a idealização da mulher:
Ó minha amante, minha doce virgem,
Eu não te profanei, e dormes pura:
No sono do mistério, qual na vida,
Podes sonhar apenas na ventura.
(Álvares de Azevedo)
SENTIMENTALISMO – diante de um tema amoroso, político, social ou indianista, o
tratamento literário revela o envolvimento emocional do artista com o assunto. A saudade, a tristeza
e a desilusão são sentimentos constantes nos textos românticos. Perceba o sentimentalismo com
que Casimiro de Abreu trata de seu exílio:
Meu Deus! Eu chorei tanto no exílio!
Tanta dor me cortou a voz sentida,
Que agora neste gozo de proscrito
Chora minh’alma e me sucumbe a vida!
EGOCENTRISMO – a arte romântica é voltada para o próprio eu, revelando uma atitude
narcisista. Estes versos de Álvares de Azevedo ilustram essa atitude:
Era uma noite – eu dormia
E nos meus sonhos revia
As ilusões que sonhei!
MEDIEVALISMO - o romântico demonstra interesse pelas origens de seu país, de seu povo e de
sua língua. Na Europa há a busca do mundo medieval e de seus valores; no Brasil, o índio é nosso
passado medieval vivo. Veja como Alexandre Herculano narra a invasão árabe na península Ibérica, no
século VIII:
“Por onde quer que os muçulmanos tinham atravessado ficavam assentados o silêncio do sepulcro
e a assolação do aniquilamento. Tárique era o anjo exterminador mandado por Deus às Espanhas, e sua
espada o raio despedido do céu para fulminar o império dos godos”.
INDIANISMO – o índio, contrapondo-se ao português colonizador e à sua cultura, representa o
elemento nativo. Ao mesmo tempo encarna o ideal do “bom selvagem”, de Rousseau, influenciador do
romantismo brasileiro. Gonçalves Dias e José de Alencar foram os principais representantes. Observe como
Alencar descreve o índio Peri, herói de O Guarani:
“Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por
uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e
esbelto como um junco selvagem”.
RELIGIOSIDADE – a tendência espiritualizante do Romantismo cristão, significa reação ao
racionalismo materialista do século anterior. A vida espiritual é enfocada como válvula de escape diante das
frustrações do mundo real. Os temas da vida clerical e do celibato são abordados pelo Romantismo, que
procura refletir sobre até que ponto as leis da igreja podem se contrapor às leis do coração. Veja o
comentário de Alexandre Herculano, em sua obra Eurico, o presbítero:
“Eu, por minha parte, fraco argumentador, só tenho pensado no celibato à luz do sentimento e sob
a influência da impressão singular que desde verdes anos fez em mim a ideia da irremediável solidão
da alma a que a igreja condenou os seus ministros, espécie de amputação espiritual [...]”
BYRONISMO – relacionada ao poeta inglês Lord Byron, foi amplamente cultivada pelos poetas
românticos brasileiros da segunda geração. Traduz-se num estilo de vida e numa forma particular de ver o
mundo: um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do
sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e por vezes satânica.
Observe estes versos de Álvares de Azevedo:
Oh! Não maldigam o mancebo exausto
Que do vício embalou, a rir, os sonhos,
Que lhe manchou as profundas tranças
Nos travesseiros da mulher sem brio!
CONDOREIRISMO – corrente de político-social, que ganhou repercussão entre os poetas da
terceira geração romântica no Brasil. Influenciados por Victor Hugo, os poetas condoreiros defendem a
justiça social e a liberdade. Na Europa, defendem a classe operária; no Brasil, luta-se pelo fim da
escravidão e pela república. Castro Alves, seu principal representante, define nestes versos a missão do
poeta:
Oh! Bendito o que semeia
Livros... Livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’ alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM
ROMÂNTICA
QUANTO À FORMA QUANTO AO CONTEÚDO
* Vocabulário e sintaxe mais simples;
* Gosto por métricas populares;
* Irregularidade estrófica;
* Maior liberdade formal;
* Descrições minuciosas, com emprego
constante de comparações e metáforas, com a
intenção de dar vazão à fantasia, à
imaginação e à idealização.
* Subjetivismo
* Egocentrismo
* Sentimentalismo
* Saudosismo
* Nacionalismo
* Idealização da mulher e do amor
* Medievalismo
* Indianismo
* Religiosidade
* Byronismo
* Condoreirismo
O ROMANTISMO EM PORTUGUAL
Como na Europa, em Portugal o Romantismo surge após a Revolução de 1820, que levou os
liberais ao poder. Participaram dessa revolução magistrados, militares, professores, que influenciados pelos
ideais da Revolução Francesa, defendiam a reforma das instituições, a criação de uma Constituição, a
liberdade de comércio e a participação política do cidadão. Tentavam modernizar Portugal. A revolução
liberal, no entanto provoca o exílio político de intelectuais e artistas, que ao entrarem em contato com o
Romantismo inglês e francês, encontram as bases para a criação de obras inovadoras. A obra Camões, de
Almeida Garrett, publicada em Paris, em 1825, é considerada o marco inicial do Romantismo português.
Outro escritor importante foi Alexandre Herculano, principal representante do romance histórico em
Portugal.
O Romantismo português contou com muitos poetas, dramaturgos e prosadores, tradicionalmente
organizado em duas gerações:
- Primeira geração romântica – caracterizada pela implantação do Romantismo no país, pela
presença de influências classicizantes ainda não superadas, pelo nacionalismo e pelas preocupações
históricas e políticas. Outras atitudes, como subjetivismo, medievalismo, idealização da mulher, do amor, da
natureza, se fazem presentes, não sendo específicas dessa geração. Almeida Garrett, Alexandre Herculano
e Antônio Feliciano de Castilho são seu principais representantes.
- Segunda geração romântica – é a maturidade do movimento romântico. Alguns autores
apresentam traços do “mal-do-século”, ou seja de uma tendência marcada pelo pessimismo, pelo
negativismo existencial, pelo mórbido e pelo sentimentalismo excessivo. É o caso do poeta Soares de
Passos e de algumas obras de Camilo Castelo Branco. Contudo, o próprio Camilo, assim como Júlio Dinis e
o poeta João de Deus, já revelam traços que apontam a superação do Romantismo e a transição para o
Realismo e o Naturalismo, movimentos da segunda metade do século XIX.
ALMEIDA GARRETT: o compromisso com a
nacionalidade
Almeida Garrett (1799 – 1854), participou ativamente da Revolução de 1820. Exilou-se na França , na
Inglaterra e depois na Alemanha – países em que o Romantismo de desenvolvia, adquirindo a influência necessária
para se lançar na nova estética. Contudo, as obras de Garrett ainda apresentam traços da tradição clássica, como
formalismo, vocabulário culto, racionalismo, contenção das emoções. Sua obra Camões (1825) , é marcada por
essas influências. A inovação fica por conta da abordagem do tema – a vida de Camões, suas aventuras e
sofrimento – do que da linguagem.
Garrett ocupou cargos públicos com o compromisso de reconstruir o teatro português, empenhou-se em
criar obras que resgatassem a nacionalidade do povo português. A obra Romanceiro é uma reunião de poemas
narrativos, recolhidos de vários pontos do país, dedicados a retratar o Portugal contemporâneo ou o Portugal
histórico, bem ao gosto do nacionalismo romântico.
Apenas no final da carreira, o poeta atinge a maturidade romântica no gênero lírico. Depois de dois
casamentos, Garrett vive uma nova e intensa paixão, retoma a poesia lírica, criando suas melhores obras: Flores
sem fruto (1845) e Folhas caídas (1853). Nelas, Garrett apresenta uma poesia confessional, marcada por
sentimentos românticos: desejo, remorso, sensualismo, sofrimento, saudade. A linguagem é simples, os versos
melodiosos, os sentimentos mais espontâneos. Observe a exaltação dos sentimentos no fragmento do poema
“Este inferno de amar” e a musicalidade do poema “Barca Bela”:
Este inferno de amar Barca Bela
Este inferno de amar – como eu amo? Pescador da barca bela
Quem mo pôs aqui n’alma... Quem foi? Onde vais pescar com ela,
Esta chama que alenta e consome, Que é tão bela
Que é a vida – e que a vida destrói – Oh pescador?
Como é que se veio a atear, Não vês que a última estrela,
Quando – ai, quando se há-de ela apagar? No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador! (Almeida Garrett)
Na prosa, Garrett escreveu as novelas Arco de Santana (1845) e Viagens na
minha terra (1846). A primeira histórica e a segunda contemporânea. A obra Viagens
na minha terra concilia o relato de viagens com inúmeros comentários e reflexões sobre
diferentes temas, traçando um rico retrato da vida social portuguesa na época do
miguelismo e também inserindo uma história de amor entre Joaninha, a menina dos
rouxinóis e seu primo Carlos. A obra é inovadora porque consegue conciliar relatos de
viagens, reflexões político-filosóficas, efabulações sentimentais e digressões de toda
ordem.
Ao teatro, Garrett dedicou vária peças: Catão (1822), Mérope (1841), Um auto de
Gil Vicente (1842) e a obra considerada a obra-prima do teatro português, Frei Luís de
Sousa (1844).
O drama inspira-se no episódio verídico vivido no fim do século XVI pela viúva
Madalena de Vilhena e por D. Manuel de Sousa Coutinho (Frei Luís de Sousa). Como
D. Madalena tivera o marido D. João de Portugal, desaparecido em batalha, na África,
casa-se com D. Manuel e juntos têm uma filha. D. Maria. Tempos depois, surge um
romeiro vindo de Jerusalém, dizendo ter uma mensagem de D. João, que se encontrava
prisioneiro. Diane da notícia, o casal entra em desespero, em virtude do adultério em
que viviam. Como saída, ambos encerram-se num convento, e a filha morre
subitamente.
O ROMANTISMO NO BRASIL
O início do Romantismo brasileiro deu-se em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica
Suspiros poéticos e saudades, considerado o primeiro livro romântico brasileiro. No mesmo ano, lança,
juntamente com Araújo Porto-Alegre, Torres Homem e Pereira da Silva, a Niterói – Revista Brasiliense,
onde as novas ideias românticas são divulgadas.
A vinda da família real para o Brasil em 1808, a abertura dos portos, a criação de bibliotecas e de
escolas superiores, a permissão para o funcionamento de tipografias e as sucessivas levas de imigrantes,
contribuíram para a formação de um público leitor que procurava na literatura a representação dos seus
próprios dramas.
No Brasil o Romantismo revestiu-se de características próprias, representando um estilo de vida
cultural do País, sendo o escritor um porta-voz da sensibilidade popular e dos anseios políticos e sociais da
coletividade, constituindo, assim, um elemento decisivo na evolução da literatura e da própria cultura
nacionais.
A poesia romântica divide-se em três gerações:
 a) A GERAÇÃO NACIONALISTA apresenta como características o nacionalismo, aversão à influência
portuguesa, religiosidade, misticismo e o indianismo. Os principais temas abordados foram o índio, a
saudade e o amor impossível. Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias foram os principais
representantes.
 b) SEGUNDA GERAÇÃO ULTRA-ROMÂNTICA apresenta como características o individualismo, o
pessimismo, o escapismo, o mal-do-século, a morbidez, o noturnismo. Temas abordados: a dúvida, o tédio,
a orgia, a infância, o medo de amar, o sofrimento e a morte. Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro
de Abreu e Fagundes Varela foram os principais autores.
 c) TERCEIRA GERAÇÃO SOCIAL, LIBERAL OU CONDOREIRA, apresenta o aprofundamento do espírito
nacionalista, do liberalismo, da poesia social e política como características principais. Temas: a escravidão,
a república, o amor erótico. Castro Aves foi seu principal representante.
O INDIANISMO
No Brasil, o recuo no tempo leva o escritor romântico a eleger o índio como herói nacional. Mas o
índio presente em nossa literatura romântica é idealizado, distante da realidade e próximo dos heróis que
povoam as novelas e romances da época. Seu comportamento reflete os modelos da civilização branca –
nobre, valoroso, fiel e cavalheiro, destacando suas qualidades guerreiras, sua força e valentia. Filho das
florestas, a figura do índio surge como símbolo do nacionalismo romântico. Veja como Gonçalves Dias
descreve o índio no fragmento do poema O canto do guerreiro :
Valente na guerra Quem golpes daria
Quem há, como eu sou? Fatais, como eu dou?
Quem vibra o tacape - Guerreiros, ouvi-me;
Com mais valentia? - Quem há, como eu sou?
GONÇALVES DIAS nasceu em Caxias (Maranhão), em 1823, e morreu num naufrágio, em 1864.
com ele começa a poesia romântica, influenciando fortemente os poetas da segunda e terceira geração do
Romantismo. Deixou as seguintes obras: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos (1848), Sextilhas de
frei Antão (1848), Últimos cantos (1851), Os Timbiras (incompleto – 1857), Cantos (1857). Gonçalves Dias
foi capaz de dar uma dimensão realmente poética ao tema do índio. Exaltou o sentimento de honra e a
valentia do índio em “I-Juca Pirama”, cantou seu sentimento amoroso em “Leito de folhas verdes” e
escreveu poesias expressivas sobre a destruição provocada pelo colonizador em o “Canto do Piaga”.
Como poeta lírico-amoroso, cantou os tema consagrados pelo Romantismo – amor, saudade, tristeza,
melancolia, sem exageros de sentimentalismo. Nessa temática destaca-se os poemas: “Se se morre de
amor” , “Ainda uma vez – adeus!” e “Seus olhos”.
Além desses temas expressou o sentimento da solidão e do exílio – Canção do exílio, e compôs
belas poesias impregnadas de religiosidade sobre a majestade da natureza – O Mar, A Noite, A Tarde.
O ULTRA-ROMANTISMO
A expressão plena dos sentimentos pessoais e das paixões atingiu sue apogeu com os poetas da
segunda geração romântica nas décadas de 1840 e 1850.
Influenciados por Byron e Musset, desenvolveram o ultra-romantismo – mal-do-século – cuja poesia
é extremamente egocêntrica e sentimental, expressando um pessimismo doentio, uma descrença
generalizada, um tédio pela vida, uma obsessão pela morte, que impregna tudo de tristeza e desilusão.
Escrita por jovens, mortos em plena juventude, a poesia é quase sempre superficial e artificial, servindo
como desabafo das próprias tristezas e frustrações, procurando emocionar o leitor. Merecem destaque os
poetas Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rabelo e Casimiro de Abreu, que foi um dos mais
populares do Romantismo, autor de Primaveras, onde cantou as saudades da terra natal, da infância e da
família, além das desilusões e emoções do amor adolescente.
ÁLVARES DE AZEVEDO – Manuel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu em 1834, em São Paulo,
faleceu no Rio de Janeiro em 1852. Suas publicações são todas póstumas. A obra mais importante é a Lira
dos vinte anos . Escreveu ainda: Poema do frade, Conde Lopo, Noite na Taverna (contos) e Macário (obra
dramática).
Maior representante da poesia ultra-romântica e um dos poetas mais lidos, Álvares de Azevedo
expressa, em seus poemas uma concepção de amor que ora idealiza a mulher, identificando-a com um
anjo, ora a representa envolvida por grande erotismo e sensualidade; porém é sempre inacessível, distante
do poeta. O sentimento de morte e o tema da evasão (fuga da realidade para um mundo de sonhos e
fantasia), são constantes e expressam um tom triste e amargurado. Veja como Álvares de Azevedo expõe a
visão trágica da vida, o pessimismo, o tédio e a obsessão pela morte:
(...)
Sem que última esperança me conforte,
Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!
A PROSA ROMÂNTICA
O surgimento das cidades, o desenvolvimento da imprensa, a criação das escolas
superiores, a fundação de bibliotecas e o estabelecimento da corte imperial no Rio de Janeiro, fez
surgir um público leitor, formado basicamente por mulheres da classe rica, cujo ócio permitia a
leitura de romances e folhetins. Este público buscava na leitura distração, torcia por suas
personagens, sofria pelas heroínas mas, tão logo chegava ao final, esquecia a obra e esperava a
próxima. O público de hoje substituiu os romances pelas telenovelas, mas continua buscando
apena distração, torcendo e chorando por seus heróis e galãs.
TENDÊNCIAS DO ROMANCE
ROMANCE URBANO – a variedade dos tipos humanos, os problemas sociais e morais
decorrentes do desenvolvimento das cidades, tudo serviu de fonte para os romancistas, dentre os
quais se destacaram: José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Antônio de Almeida.
ROMANCE SERTANEJO – a atração pelo pitoresco e o desejo de explorar o interior do
Brasil fez os romancistas se interessarem pelos temas ligados à vida e os hábitos da população
que vivia longe dos centros urbanos. Nessa linha, destacam-se: José de Alencar, Visconde Taunay e
Bernardo Guimarães com a Escrava Isaura e O Seminarista.
ROMANCE HISTÓRICO – foi o meio, pelo qual, os romancistas procuravam reinterpretar,
pelo prisma nacionalista, os fatos e personagens de nossa história, numa revalorização idealizada
de nosso passado. Os autores mais importantes são: José de Alencar, Bernardo Guimarães e
Franklin Távora com O Matuto e Lourenço.
ROMANCE INDIANISTA – ainda na perspectiva da valorização de nossas origens, surge o
romance indianista, que encontrou sua melhor realização nas obras de José de Alencar. Idealizando
a figura do índio, exaltou-lhe o caráter nobre e a valentia, fazendo dele um dos elementos de
formação da nacionalidade brasileira.
O ROMANCE DE JOSÉ DE ALENCAR
José Martiniano de Alencar nasceu no Ceará em 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877.
começou sua carreira literária em 1856, quando criticou o poema A Confederação dos Tamoios, de
Gonçalves de Magalhães. Deixou uma grande obra de ficção, além de teatro e crítica.
Composta de temática social ou urbana e mantendo uma posição crítica, ele denuncia o
materialismo, a hipocrisia e a corrupção da sociedade, por meio de enredos compostos de intrigas
complicadas, com vários imprevistos, deixando o leitor em suspense até o final. Através dessas obras,
Alencar fez o estudo da característica feminina, dos quais se destacam as figuras de Aurélia, Lúcia, Diva e
outras. Os romances escritos nessa linha são: Cinco Minutos (1856), A Viuvinha (1860), Lucíola (1862),
Diva (1864), A Pata da Gazela (1870), Sonhos D’ouro (1872), Senhora (1875), Encarnação (1893).
Abordando a temática regionalista, José de Alencar descreveu os hábitos e costumes em quadros
de exaltação da vida campestre narrando as belezas naturais do Brasil. Obras: O Gaúcho (1870), O Tronco
do Ipê (1871), Til (1872), O Sertanejo (1875).
A temática indianista é outra característica do romance de Alencar, na qual se percebe o gosto pelo
exótico, com descrição da vida dos índios, de seus hábitos sociais, religiosos e familiares. O selvagem é
valorizado pela bondade, pureza, nobreza de caráter e valentia, em oposição ao homem branco, quase
sempre corrompido pela civilização.
José de Alencar escreveu duas lendas indígenas: Iracema (1865), sobre a origem do povo
cearense, e Ubirajara (1874) , lenda tupi, além de O Guarani (1857); publicado inicialmente em folhetins,
deu projeção e fama ao autor. Nesse último, apesar dos elementos históricos da colonização portuguesa,
predomina a figura do heróico selvagem Peri, cuja união com Cecília simboliza a integração das raças.

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  • 1. ROMANTISMO  Você se considera uma pessoa romântica? A palavra romântico é frequentemente associada a um conjunto de comportamentos e valores, como dar ou receber flores, gostar de ler ou escrever poemas e histórias de amor, emocionar-se facilmente, ser gentil e delicado com a pessoa amada.  Esse tipo de romantismo é diferente do Romantismo na arte. Esse também está relacionado aos sentimentos, mas foi muito mais do que isso. Foi um amplo movimento que surgiu no século XIX e representou artisticamente os anseios da burguesia que acabara de chegar ao poder na França.
  • 2. ROMANTISMO: A arte da burguesia Vivemos numa sociedade pós-moderna. Vemos e sentimos o mundo de acordo com as transformações ocorridas no século XX. No século XIX ainda não havia computador, avião, automóvel, televisão nem as redes sociais. As notícias eram levadas a cavalo, e o mundo mudava lentamente. Contudo, o homem atual guarda semelhanças com o homem romântico do século XIX: ambos sonham com ideais de igualdade e justiça social; ambos apresentam traços individualistas ou narcisistas. Muito da cultura romântica do século XIX está presente nas músicas, nas novelas, nos comportamentos sociais. Isso se deve ao Romantismo ter sido a expressão artística da Idade Contemporânea, que ainda perdura, introduzida pela Revolução Francesa (1789) e pela ascensão da burguesia ao poder.
  • 3. UMA REVLUÇÃO NA ARTE O Arcadismo foi uma arte revolucionária, do ponto de vista ideológico, pois expressava os interesses da burguesia. Quanto ao aspecto estético, o Arcadismo limitou-se a eliminar os exageros do Barroco e imitar o Classicismo do século XVI. Coube ao Romantismo romper com os modelos vigentes e criar uma linguagem nova, com padrões simples de vida da classe média e da burguesia que acabara de chegar ao poder na Europa. Assim, a arte romântica põe fim a tradição clássica de três séculos e inicia uma nova etapa na literatura, voltada para os assuntos de seu tempo: efervescência social e política, luta e revolução e ao cotidiano do homem burguês, através de uma linguagem mais direta e mais simples. Se o artista árcade centrava sua arte na razão, o romântico a centra no coração. Por isso, a fantasia, o sentimentalismo, a impulsividade e o exotismo românticos não têm limites, negando a herança clássica. A arte romântica é mais espiritualista, contrária ao cientificismo e ao materialismo iluminista. A arte clássica apreciava a clareza e a razão – arte “diurna”. O Romantismo, aprecia o mistério, a solidão, o escuro, o conflito, a morte – arte “noturna”.
  • 4. O ENCONTRO DA VIDA E DA ARTE Para os artistas clássicos, a arte devia sempre imitar os modelos greco-latinos. Mas para os românticos, a arte não deve ser imitação, e sim a expressão da emoção, da intuição, da inspiração e da espontaneidade vivida pelo artista no ato de criação. Crendo nisso, os artistas românticos se atiravam em busca de aventuras e fortes emoções, para colher experiências criadoras, chegando a se envolverem com o alcoolismo e drogas ou com o sentimento de pessimismo quase suicida. Outros participavam de lutas sociais, colocando-se como líderes da humanidade. O antigo conceito grego de belo na arte é abandonado pelos românticos, que defendem a união do grotesco e do sublime, do feio e do bonito, assim como são as coisas na vida real. A mudança mais importante imposta a arte pelo Romantismo foi uma maior proximidade entre vida e obra, e entre obra e realidade circundante. O primeiro romântico a levantar a teoria de uma arte que fundisse o grotesco e o sublime foi Victor Hugo (O Corcunda de Notre- Dame).
  • 5. CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM ROMÂNTICA SUBJETIVISMO – os assuntos são tratados de forma pessoal (uso da 1ª pessoa). A realidade é retratada de forma subjetiva, idealizada, como o artista gostaria que fosse, e não como verdadeiramente é. IDEALIZAÇÃO – a fantasia e a imaginação levam o artista romântica a idealizar vários temas, retratando-os não como são, mas como deveriam ser, segundo sua ótica pessoal. Assim a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem delicada, frágil, submissa e inatingível; o amor é espiritualizado e inalcançável; o índio é tratado como herói nacional, cheio de boas virtudes. Essa idealização é marcada por minuciosas descrições e constantes comparações e metáforas. Observe , nos versos que seguem, a idealização da mulher: Ó minha amante, minha doce virgem, Eu não te profanei, e dormes pura: No sono do mistério, qual na vida, Podes sonhar apenas na ventura. (Álvares de Azevedo) SENTIMENTALISMO – diante de um tema amoroso, político, social ou indianista, o tratamento literário revela o envolvimento emocional do artista com o assunto. A saudade, a tristeza e a desilusão são sentimentos constantes nos textos românticos. Perceba o sentimentalismo com que Casimiro de Abreu trata de seu exílio: Meu Deus! Eu chorei tanto no exílio! Tanta dor me cortou a voz sentida, Que agora neste gozo de proscrito Chora minh’alma e me sucumbe a vida! EGOCENTRISMO – a arte romântica é voltada para o próprio eu, revelando uma atitude narcisista. Estes versos de Álvares de Azevedo ilustram essa atitude: Era uma noite – eu dormia E nos meus sonhos revia As ilusões que sonhei!
  • 6. MEDIEVALISMO - o romântico demonstra interesse pelas origens de seu país, de seu povo e de sua língua. Na Europa há a busca do mundo medieval e de seus valores; no Brasil, o índio é nosso passado medieval vivo. Veja como Alexandre Herculano narra a invasão árabe na península Ibérica, no século VIII: “Por onde quer que os muçulmanos tinham atravessado ficavam assentados o silêncio do sepulcro e a assolação do aniquilamento. Tárique era o anjo exterminador mandado por Deus às Espanhas, e sua espada o raio despedido do céu para fulminar o império dos godos”. INDIANISMO – o índio, contrapondo-se ao português colonizador e à sua cultura, representa o elemento nativo. Ao mesmo tempo encarna o ideal do “bom selvagem”, de Rousseau, influenciador do romantismo brasileiro. Gonçalves Dias e José de Alencar foram os principais representantes. Observe como Alencar descreve o índio Peri, herói de O Guarani: “Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem”. RELIGIOSIDADE – a tendência espiritualizante do Romantismo cristão, significa reação ao racionalismo materialista do século anterior. A vida espiritual é enfocada como válvula de escape diante das frustrações do mundo real. Os temas da vida clerical e do celibato são abordados pelo Romantismo, que procura refletir sobre até que ponto as leis da igreja podem se contrapor às leis do coração. Veja o comentário de Alexandre Herculano, em sua obra Eurico, o presbítero: “Eu, por minha parte, fraco argumentador, só tenho pensado no celibato à luz do sentimento e sob a influência da impressão singular que desde verdes anos fez em mim a ideia da irremediável solidão da alma a que a igreja condenou os seus ministros, espécie de amputação espiritual [...]”
  • 7. BYRONISMO – relacionada ao poeta inglês Lord Byron, foi amplamente cultivada pelos poetas românticos brasileiros da segunda geração. Traduz-se num estilo de vida e numa forma particular de ver o mundo: um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e por vezes satânica. Observe estes versos de Álvares de Azevedo: Oh! Não maldigam o mancebo exausto Que do vício embalou, a rir, os sonhos, Que lhe manchou as profundas tranças Nos travesseiros da mulher sem brio! CONDOREIRISMO – corrente de político-social, que ganhou repercussão entre os poetas da terceira geração romântica no Brasil. Influenciados por Victor Hugo, os poetas condoreiros defendem a justiça social e a liberdade. Na Europa, defendem a classe operária; no Brasil, luta-se pelo fim da escravidão e pela república. Castro Alves, seu principal representante, define nestes versos a missão do poeta: Oh! Bendito o que semeia Livros... Livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n’ alma É germe – que faz a palma, É chuva – que faz o mar.
  • 8. SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM ROMÂNTICA QUANTO À FORMA QUANTO AO CONTEÚDO * Vocabulário e sintaxe mais simples; * Gosto por métricas populares; * Irregularidade estrófica; * Maior liberdade formal; * Descrições minuciosas, com emprego constante de comparações e metáforas, com a intenção de dar vazão à fantasia, à imaginação e à idealização. * Subjetivismo * Egocentrismo * Sentimentalismo * Saudosismo * Nacionalismo * Idealização da mulher e do amor * Medievalismo * Indianismo * Religiosidade * Byronismo * Condoreirismo
  • 9. O ROMANTISMO EM PORTUGUAL Como na Europa, em Portugal o Romantismo surge após a Revolução de 1820, que levou os liberais ao poder. Participaram dessa revolução magistrados, militares, professores, que influenciados pelos ideais da Revolução Francesa, defendiam a reforma das instituições, a criação de uma Constituição, a liberdade de comércio e a participação política do cidadão. Tentavam modernizar Portugal. A revolução liberal, no entanto provoca o exílio político de intelectuais e artistas, que ao entrarem em contato com o Romantismo inglês e francês, encontram as bases para a criação de obras inovadoras. A obra Camões, de Almeida Garrett, publicada em Paris, em 1825, é considerada o marco inicial do Romantismo português. Outro escritor importante foi Alexandre Herculano, principal representante do romance histórico em Portugal. O Romantismo português contou com muitos poetas, dramaturgos e prosadores, tradicionalmente organizado em duas gerações: - Primeira geração romântica – caracterizada pela implantação do Romantismo no país, pela presença de influências classicizantes ainda não superadas, pelo nacionalismo e pelas preocupações históricas e políticas. Outras atitudes, como subjetivismo, medievalismo, idealização da mulher, do amor, da natureza, se fazem presentes, não sendo específicas dessa geração. Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho são seu principais representantes. - Segunda geração romântica – é a maturidade do movimento romântico. Alguns autores apresentam traços do “mal-do-século”, ou seja de uma tendência marcada pelo pessimismo, pelo negativismo existencial, pelo mórbido e pelo sentimentalismo excessivo. É o caso do poeta Soares de Passos e de algumas obras de Camilo Castelo Branco. Contudo, o próprio Camilo, assim como Júlio Dinis e o poeta João de Deus, já revelam traços que apontam a superação do Romantismo e a transição para o Realismo e o Naturalismo, movimentos da segunda metade do século XIX.
  • 10. ALMEIDA GARRETT: o compromisso com a nacionalidade Almeida Garrett (1799 – 1854), participou ativamente da Revolução de 1820. Exilou-se na França , na Inglaterra e depois na Alemanha – países em que o Romantismo de desenvolvia, adquirindo a influência necessária para se lançar na nova estética. Contudo, as obras de Garrett ainda apresentam traços da tradição clássica, como formalismo, vocabulário culto, racionalismo, contenção das emoções. Sua obra Camões (1825) , é marcada por essas influências. A inovação fica por conta da abordagem do tema – a vida de Camões, suas aventuras e sofrimento – do que da linguagem. Garrett ocupou cargos públicos com o compromisso de reconstruir o teatro português, empenhou-se em criar obras que resgatassem a nacionalidade do povo português. A obra Romanceiro é uma reunião de poemas narrativos, recolhidos de vários pontos do país, dedicados a retratar o Portugal contemporâneo ou o Portugal histórico, bem ao gosto do nacionalismo romântico. Apenas no final da carreira, o poeta atinge a maturidade romântica no gênero lírico. Depois de dois casamentos, Garrett vive uma nova e intensa paixão, retoma a poesia lírica, criando suas melhores obras: Flores sem fruto (1845) e Folhas caídas (1853). Nelas, Garrett apresenta uma poesia confessional, marcada por sentimentos românticos: desejo, remorso, sensualismo, sofrimento, saudade. A linguagem é simples, os versos melodiosos, os sentimentos mais espontâneos. Observe a exaltação dos sentimentos no fragmento do poema “Este inferno de amar” e a musicalidade do poema “Barca Bela”: Este inferno de amar Barca Bela Este inferno de amar – como eu amo? Pescador da barca bela Quem mo pôs aqui n’alma... Quem foi? Onde vais pescar com ela, Esta chama que alenta e consome, Que é tão bela Que é a vida – e que a vida destrói – Oh pescador? Como é que se veio a atear, Não vês que a última estrela, Quando – ai, quando se há-de ela apagar? No céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador! Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, Oh pescador! (Almeida Garrett)
  • 11. Na prosa, Garrett escreveu as novelas Arco de Santana (1845) e Viagens na minha terra (1846). A primeira histórica e a segunda contemporânea. A obra Viagens na minha terra concilia o relato de viagens com inúmeros comentários e reflexões sobre diferentes temas, traçando um rico retrato da vida social portuguesa na época do miguelismo e também inserindo uma história de amor entre Joaninha, a menina dos rouxinóis e seu primo Carlos. A obra é inovadora porque consegue conciliar relatos de viagens, reflexões político-filosóficas, efabulações sentimentais e digressões de toda ordem. Ao teatro, Garrett dedicou vária peças: Catão (1822), Mérope (1841), Um auto de Gil Vicente (1842) e a obra considerada a obra-prima do teatro português, Frei Luís de Sousa (1844). O drama inspira-se no episódio verídico vivido no fim do século XVI pela viúva Madalena de Vilhena e por D. Manuel de Sousa Coutinho (Frei Luís de Sousa). Como D. Madalena tivera o marido D. João de Portugal, desaparecido em batalha, na África, casa-se com D. Manuel e juntos têm uma filha. D. Maria. Tempos depois, surge um romeiro vindo de Jerusalém, dizendo ter uma mensagem de D. João, que se encontrava prisioneiro. Diane da notícia, o casal entra em desespero, em virtude do adultério em que viviam. Como saída, ambos encerram-se num convento, e a filha morre subitamente.
  • 12. O ROMANTISMO NO BRASIL O início do Romantismo brasileiro deu-se em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica Suspiros poéticos e saudades, considerado o primeiro livro romântico brasileiro. No mesmo ano, lança, juntamente com Araújo Porto-Alegre, Torres Homem e Pereira da Silva, a Niterói – Revista Brasiliense, onde as novas ideias românticas são divulgadas. A vinda da família real para o Brasil em 1808, a abertura dos portos, a criação de bibliotecas e de escolas superiores, a permissão para o funcionamento de tipografias e as sucessivas levas de imigrantes, contribuíram para a formação de um público leitor que procurava na literatura a representação dos seus próprios dramas. No Brasil o Romantismo revestiu-se de características próprias, representando um estilo de vida cultural do País, sendo o escritor um porta-voz da sensibilidade popular e dos anseios políticos e sociais da coletividade, constituindo, assim, um elemento decisivo na evolução da literatura e da própria cultura nacionais. A poesia romântica divide-se em três gerações:  a) A GERAÇÃO NACIONALISTA apresenta como características o nacionalismo, aversão à influência portuguesa, religiosidade, misticismo e o indianismo. Os principais temas abordados foram o índio, a saudade e o amor impossível. Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias foram os principais representantes.  b) SEGUNDA GERAÇÃO ULTRA-ROMÂNTICA apresenta como características o individualismo, o pessimismo, o escapismo, o mal-do-século, a morbidez, o noturnismo. Temas abordados: a dúvida, o tédio, a orgia, a infância, o medo de amar, o sofrimento e a morte. Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela foram os principais autores.  c) TERCEIRA GERAÇÃO SOCIAL, LIBERAL OU CONDOREIRA, apresenta o aprofundamento do espírito nacionalista, do liberalismo, da poesia social e política como características principais. Temas: a escravidão, a república, o amor erótico. Castro Aves foi seu principal representante.
  • 13. O INDIANISMO No Brasil, o recuo no tempo leva o escritor romântico a eleger o índio como herói nacional. Mas o índio presente em nossa literatura romântica é idealizado, distante da realidade e próximo dos heróis que povoam as novelas e romances da época. Seu comportamento reflete os modelos da civilização branca – nobre, valoroso, fiel e cavalheiro, destacando suas qualidades guerreiras, sua força e valentia. Filho das florestas, a figura do índio surge como símbolo do nacionalismo romântico. Veja como Gonçalves Dias descreve o índio no fragmento do poema O canto do guerreiro : Valente na guerra Quem golpes daria Quem há, como eu sou? Fatais, como eu dou? Quem vibra o tacape - Guerreiros, ouvi-me; Com mais valentia? - Quem há, como eu sou? GONÇALVES DIAS nasceu em Caxias (Maranhão), em 1823, e morreu num naufrágio, em 1864. com ele começa a poesia romântica, influenciando fortemente os poetas da segunda e terceira geração do Romantismo. Deixou as seguintes obras: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos (1848), Sextilhas de frei Antão (1848), Últimos cantos (1851), Os Timbiras (incompleto – 1857), Cantos (1857). Gonçalves Dias foi capaz de dar uma dimensão realmente poética ao tema do índio. Exaltou o sentimento de honra e a valentia do índio em “I-Juca Pirama”, cantou seu sentimento amoroso em “Leito de folhas verdes” e escreveu poesias expressivas sobre a destruição provocada pelo colonizador em o “Canto do Piaga”. Como poeta lírico-amoroso, cantou os tema consagrados pelo Romantismo – amor, saudade, tristeza, melancolia, sem exageros de sentimentalismo. Nessa temática destaca-se os poemas: “Se se morre de amor” , “Ainda uma vez – adeus!” e “Seus olhos”. Além desses temas expressou o sentimento da solidão e do exílio – Canção do exílio, e compôs belas poesias impregnadas de religiosidade sobre a majestade da natureza – O Mar, A Noite, A Tarde.
  • 14. O ULTRA-ROMANTISMO A expressão plena dos sentimentos pessoais e das paixões atingiu sue apogeu com os poetas da segunda geração romântica nas décadas de 1840 e 1850. Influenciados por Byron e Musset, desenvolveram o ultra-romantismo – mal-do-século – cuja poesia é extremamente egocêntrica e sentimental, expressando um pessimismo doentio, uma descrença generalizada, um tédio pela vida, uma obsessão pela morte, que impregna tudo de tristeza e desilusão. Escrita por jovens, mortos em plena juventude, a poesia é quase sempre superficial e artificial, servindo como desabafo das próprias tristezas e frustrações, procurando emocionar o leitor. Merecem destaque os poetas Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Laurindo Rabelo e Casimiro de Abreu, que foi um dos mais populares do Romantismo, autor de Primaveras, onde cantou as saudades da terra natal, da infância e da família, além das desilusões e emoções do amor adolescente. ÁLVARES DE AZEVEDO – Manuel Antônio Álvares de Azevedo, nasceu em 1834, em São Paulo, faleceu no Rio de Janeiro em 1852. Suas publicações são todas póstumas. A obra mais importante é a Lira dos vinte anos . Escreveu ainda: Poema do frade, Conde Lopo, Noite na Taverna (contos) e Macário (obra dramática). Maior representante da poesia ultra-romântica e um dos poetas mais lidos, Álvares de Azevedo expressa, em seus poemas uma concepção de amor que ora idealiza a mulher, identificando-a com um anjo, ora a representa envolvida por grande erotismo e sensualidade; porém é sempre inacessível, distante do poeta. O sentimento de morte e o tema da evasão (fuga da realidade para um mundo de sonhos e fantasia), são constantes e expressam um tom triste e amargurado. Veja como Álvares de Azevedo expõe a visão trágica da vida, o pessimismo, o tédio e a obsessão pela morte: (...) Sem que última esperança me conforte, Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora Morte no coração, nos olhos morte!
  • 15. A PROSA ROMÂNTICA O surgimento das cidades, o desenvolvimento da imprensa, a criação das escolas superiores, a fundação de bibliotecas e o estabelecimento da corte imperial no Rio de Janeiro, fez surgir um público leitor, formado basicamente por mulheres da classe rica, cujo ócio permitia a leitura de romances e folhetins. Este público buscava na leitura distração, torcia por suas personagens, sofria pelas heroínas mas, tão logo chegava ao final, esquecia a obra e esperava a próxima. O público de hoje substituiu os romances pelas telenovelas, mas continua buscando apena distração, torcendo e chorando por seus heróis e galãs. TENDÊNCIAS DO ROMANCE ROMANCE URBANO – a variedade dos tipos humanos, os problemas sociais e morais decorrentes do desenvolvimento das cidades, tudo serviu de fonte para os romancistas, dentre os quais se destacaram: José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Antônio de Almeida. ROMANCE SERTANEJO – a atração pelo pitoresco e o desejo de explorar o interior do Brasil fez os romancistas se interessarem pelos temas ligados à vida e os hábitos da população que vivia longe dos centros urbanos. Nessa linha, destacam-se: José de Alencar, Visconde Taunay e Bernardo Guimarães com a Escrava Isaura e O Seminarista. ROMANCE HISTÓRICO – foi o meio, pelo qual, os romancistas procuravam reinterpretar, pelo prisma nacionalista, os fatos e personagens de nossa história, numa revalorização idealizada de nosso passado. Os autores mais importantes são: José de Alencar, Bernardo Guimarães e Franklin Távora com O Matuto e Lourenço. ROMANCE INDIANISTA – ainda na perspectiva da valorização de nossas origens, surge o romance indianista, que encontrou sua melhor realização nas obras de José de Alencar. Idealizando a figura do índio, exaltou-lhe o caráter nobre e a valentia, fazendo dele um dos elementos de formação da nacionalidade brasileira.
  • 16. O ROMANCE DE JOSÉ DE ALENCAR José Martiniano de Alencar nasceu no Ceará em 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877. começou sua carreira literária em 1856, quando criticou o poema A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães. Deixou uma grande obra de ficção, além de teatro e crítica. Composta de temática social ou urbana e mantendo uma posição crítica, ele denuncia o materialismo, a hipocrisia e a corrupção da sociedade, por meio de enredos compostos de intrigas complicadas, com vários imprevistos, deixando o leitor em suspense até o final. Através dessas obras, Alencar fez o estudo da característica feminina, dos quais se destacam as figuras de Aurélia, Lúcia, Diva e outras. Os romances escritos nessa linha são: Cinco Minutos (1856), A Viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A Pata da Gazela (1870), Sonhos D’ouro (1872), Senhora (1875), Encarnação (1893). Abordando a temática regionalista, José de Alencar descreveu os hábitos e costumes em quadros de exaltação da vida campestre narrando as belezas naturais do Brasil. Obras: O Gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871), Til (1872), O Sertanejo (1875). A temática indianista é outra característica do romance de Alencar, na qual se percebe o gosto pelo exótico, com descrição da vida dos índios, de seus hábitos sociais, religiosos e familiares. O selvagem é valorizado pela bondade, pureza, nobreza de caráter e valentia, em oposição ao homem branco, quase sempre corrompido pela civilização. José de Alencar escreveu duas lendas indígenas: Iracema (1865), sobre a origem do povo cearense, e Ubirajara (1874) , lenda tupi, além de O Guarani (1857); publicado inicialmente em folhetins, deu projeção e fama ao autor. Nesse último, apesar dos elementos históricos da colonização portuguesa, predomina a figura do heróico selvagem Peri, cuja união com Cecília simboliza a integração das raças.