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ROMANTISMOROMANTISMO
SÉC. XIX –SÉC. XIX – “Liberdade conduzindo o povo” -“Liberdade conduzindo o povo” - DelacroixDelacroix
ROMANTISMO - ORIGENSROMANTISMO - ORIGENS
 ASCENSÃO DA BURGUESIA:ASCENSÃO DA BURGUESIA:
 MERCANTILISMO (Séculos XVI e XVII);MERCANTILISMO (Séculos XVI e XVII);
 REVOLUÇÃO INGLESA (1688);REVOLUÇÃO INGLESA (1688);
 INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1776);INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1776);
 REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)
ROMANTISMO = NOVOS VALORESROMANTISMO = NOVOS VALORES
 Novo sentido de vida:Novo sentido de vida:
 Livre iniciativa + competição eLivre iniciativa + competição e
individualismo;individualismo;
 Apogeu do Liberalismo burguês;Apogeu do Liberalismo burguês;
 Extinção dos privilégios seculares daExtinção dos privilégios seculares da
nobreza;nobreza;
 ““Fim das barreiras” rígidas entre as classesFim das barreiras” rígidas entre as classes
sociais.sociais.
Efeito favorável da vitória burguesa paraEfeito favorável da vitória burguesa para
a Literaturaa Literatura
 Art. 11 da Declaração de Direitos do Homem eArt. 11 da Declaração de Direitos do Homem e
do Cidadão:do Cidadão: A livre comunicação dosA livre comunicação dos
pensamentos e opiniões é um dos direitos maispensamentos e opiniões é um dos direitos mais
preciosos do homem; todo o cidadão pode,preciosos do homem; todo o cidadão pode,
portanto, falar, escrever, imprimir livremente.portanto, falar, escrever, imprimir livremente.
 Começava a “aventura da palavra escrita” =Começava a “aventura da palavra escrita” =
surgiam escritores + obras + público leitor +surgiam escritores + obras + público leitor +
veículo divulgador das obras (imprensa).veículo divulgador das obras (imprensa).
O novo público leitorO novo público leitor
 Outros efeitos:Outros efeitos:
 Esforço de alfabetização popular empreendidoEsforço de alfabetização popular empreendido
pelos “revolucionários”;pelos “revolucionários”;
 Todo o cidadão passou a ter acesso (direito) àTodo o cidadão passou a ter acesso (direito) à
leitura, até pela necessidade de conhecer asleitura, até pela necessidade de conhecer as
proclamações do novo regime;proclamações do novo regime;
 Surgimento de um novo público leitor = maisSurgimento de um novo público leitor = mais
numeroso e diversificado (consumidor).numeroso e diversificado (consumidor).
 Escritores livres do regime de mecenato = obraEscritores livres do regime de mecenato = obra
= mercadoria de ampla aceitação.= mercadoria de ampla aceitação.
Romantismo = ContradiçãoRomantismo = Contradição
 O Romantismo coincidiu com aO Romantismo coincidiu com a
democratização da arte, gerada sobretudo pelademocratização da arte, gerada sobretudo pela
Revolução Francesa, tornando-se a expressãoRevolução Francesa, tornando-se a expressão
artística da jovem sociedade burguesa.artística da jovem sociedade burguesa.
 Entretanto, o movimento manteve uma relaçãoEntretanto, o movimento manteve uma relação
contraditória com a nova realidade. Filho dacontraditória com a nova realidade. Filho da
burguesia, mostrou-se ambíguo diante dela,burguesia, mostrou-se ambíguo diante dela,
ora a exaltando, ora protestando contra seusora a exaltando, ora protestando contra seus
mecanismos.mecanismos.
Romantismo = SurgimentoRomantismo = Surgimento
 Mito doMito do bom selvagembom selvagem de Rousseau;de Rousseau;
 MovimentoMovimento Sturm und DrangSturm und Drang (Tempestade e(Tempestade e
Ímpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando oÍmpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando o
folclórico, o nacional e o popular em oposiçãofolclórico, o nacional e o popular em oposição
ao universalismo clássico.ao universalismo clássico.
 Os cantos deOs cantos de OssianOssian = culto à Idade Média.= culto à Idade Média.
 Publicação (1774) do romance (em formaPublicação (1774) do romance (em forma
epistolar = cartas)epistolar = cartas) Os sofrimentos do jovemOs sofrimentos do jovem
WertherWerther , de Goethe = exacerbação da, de Goethe = exacerbação da
imaginação e transbordamento das paixões.imaginação e transbordamento das paixões.
ROMANTISMOROMANTISMO
CARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICAS
Liberdade de criação:
o escritor romântico recusa os
padrões da arte clássica que
sempre esteve sujeita a regras,
padrões e modelos, usa o verso
livre, mistura os gêneros literários
e obedece aos estímulos de sua
interioridade.
• Individualismo
e subjetivismo: o artista
romântico trata dos assuntos de
uma forma pessoal, de acordo
com o modo como vê e sente o
mundo; dizemos que sua arte é
subjetiva porque expressa uma
visão particular da realidade. A
ideologia burguesa centrou-se nas
liberdades do homem e nas
infinitas possibilidades de auto-
realização do indivíduo.
Sentimentalismo: a relação
entre o artista romântico e o
mundo é sempre mediada pela
emoção. Qualquer que seja o
tema abordado - amoroso,
político, social -, o tratamento
literário revela grande
envolvimento emocional do
artista. Assim, os sentimentos
tornam-se mais importantes do
que a racionalidade e são,
conseqüentemente, a medida da
interioridade de cada pessoa,
medida de todas as coisas.
Idealização: a extrema
valorização da subjetividade leva
muitas vezes à deformação. O
escritor romântico, motivado pela
fantasia e pela imaginação, tende
a idealizar vários temas,
acentuando algumas de suas
características.
•Assim, a pátria é sempre
perfeita; a mulher é vista como
virgem delicada, frágil e
submissa, uma espécie de anjo
inatingível; o índio (no Brasil) é
tratado como herói nacional,
cheio de virtudes e habilidades.
Para compor essa idealização, a
linguagem é marcada por
descrições minuciosas, com uso
constante de adjetivos,
comparações e ampla
metaforização.
Fusão do grotesco e do
sublime:o conceito grego de
belo, que perdurou tantos anos na
arte de orientação clássica, é
abandonado pelos românticos,
que defendem a união do
grotesco (o feio) e do sublime (o
bonito). Assim, apesar de sua
tendência idealizante, o
Romantismo procura captar o
homem em sua plenitude,
enfocando também o lado feio e
obscuro de cada ser humano.
O culto à natureza:o
código preferido pelo autor
romântico não é o cultural mas o
natural. Ele se sente fascinado
pela poderosa força da natureza:
é atraído pelas altas montanhas,
pelas florestas impenetráveis,
pelos mares imensos, pela
placidez dos lagos, pelo murmúrio
dos riachos, pelo canto dos
pássaros.
•A natureza assume, diante do
torturado espírito romântico, o
papel de confidente para as
horas melancólicas, a mãe que
protege o filho dos desconcertos
do universo e a amante
desencadeadora de inspirações.
O resultado dessa comunhão é
humanização ou divinização da
natureza, que, através de seus
fenômenos, indica estados de
espírito e sentimentos: o rugir do
mar pode corresponder à
angústia de uma alma solitária, a
chuva à tristeza, e assim por
diante.
• Imaginação e fantasia:
o mundo romântico transcende o
real e se abre para o mistério, o
sobrenatural. Fechados em si
mesmos, perdidos numa realidade
incômoda e brutal para a
sensibilidade, os românticos se
entregam ao princípio da fantasia.
•Devaneiam, criam universos
imaginários, exóticos, onde
encontram a “luz” e a “alegria”
que a sociedade burguesa não
lhes oferece. Desligados, muitas
vezes, dos níveis concretos da
vida social, elaboram obras onde
predomina um idealismo
alienante.
Valorização
do passado:a inadequação
do “eu” interior com a realidade
circunstante leva o homem
romântico a sentir nostalgias de
algo distante no tempo e no
espaço. A fuga no tempo remete
(na Europa) à Idade Média, época
de paixões violentas e
espontâneas, berço das
nacionalidades européias.
•A fuga no espaço leva-o à
procura de paisagens agrestes,
de lugares selvagens, de povos
ainda não conspurcados pela
civilização. No plano individual, a
valorização do passado se dá
através do reconhecimento da
infância, como representante de
um mundo ingênuo, puro, um
“paraíso perdido”, uma época de
ouro na qual as criaturas eram
felizes. Nega-se, portanto, o
presente hostil e causador de
sofrimentos.
Religiosidade:mais comum
entre os primeiros românticos, a
tendência espiritualizante do
Romantismo, embasada no
cristianismo, significa uma nítida
reação ao racionalismo e ao
materialismo do século anterior. A
vida espiritual é enfocada como
ponto de apoio ou válvula de
escape diante das frustrações do
mundo real.
Mal-do-século:o “mal-do-
século” origina-se basicamente de
dois fatores. Um deles é a idéia
aceita pelos românticos de que o
espírito humano busca sempre a
perfeição, a totalidade, o absoluto,
o infinito. Ora, sendo humanos,
somos incapazes de atingir esse
estado. A constatação dessa
impossibilidade gera a angústia
responsável pelo mal-do-século.
Outro fator é o desajuste do
indivíduo na sociedade burguesa
que se mostrava muito prática e
objetiva para o gosto dos
românticos. Ansiando por uma
plenitude espiritual, social e
material impossível, o romântico
sente-se desajustado, enxergando
a si próprio e aos seus
contemporâneos como seres
fragmentados, reduzidos a
simples “peças” da engrenagem
social.
•. É uma tradução aproximada do
termo spleen, que surgiu na
Inglaterra e esteve muito em
moda na Europa desse período.
Esta expressão designa a
sensação de insatisfação,
angústia, melancolia e até uma
obsessiva atração pela morte,
que passa a ser encarada como
solução definitiva para os males
da existência.
Byronismo: essa atitude,
relacionada ao poeta inglês Lord
Byron, foi amplamente cultivada
entre os românticos brasileiros da
segunda geração, isto é, entre os
anos 50 e 60 do século XIX. Traduz-
se num estilo de vida que inclui a
boêmia, voltada para o vício, para os
prazeres da bebida, do fumo e do
sexo, e numa forma particular de ver
o mundo, caracterizada pelo
egocentrismo, narcisismo,
pessimismo, angústia e, por vezes,
pelo satanismo.
Condoreirismo:trata-se de
uma corrente de poesia político-
social que ganhou repercussão entre
os poetas da terceira e última
geração romântica no Brasil (anos 70
do século XIX). Influenciados pelo
escritor francês Victor Hugo, os
poetas condoreiros defendiam a
justiça social e a liberdade. Na
Europa, tornaram-se defensores da
classe operária, denunciando a
exploração a que estava submetida;
no Brasil, lutaram pelo fim da
escravidão e pela República.
ROMANTISMO NO BRASILROMANTISMO NO BRASIL
CONTEXTO HISTÓRICO:
CHEGADA DA FAMÍLIA REAL
ABERTURA DOS PORTOS
FUNDAÇÃO DO BANCO DO
BRASIL
PRIMEIRA BIBLIOTECA
FUNDAÇÃO DE FACULDADES
IMPRENSA RÉGIA
MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
INDEPENDÊNCIA
D. PEDRO I
ROMANTISMO NO BRASILROMANTISMO NO BRASIL
 LITERATURA COMO MISSÃO:LITERATURA COMO MISSÃO:
 Compromisso com a pátria (NacionalismoCompromisso com a pátria (Nacionalismo
Ufanista);Ufanista);
 Contribuição para a grandeza da nação;Contribuição para a grandeza da nação;
 Retrato de sua bela paisagem física eRetrato de sua bela paisagem física e
humana;humana;
 Revelar todo o Brasil, de forma positiva,Revelar todo o Brasil, de forma positiva,
criando uma literatura autônoma quecriando uma literatura autônoma que
expressasse a alma da jovem nação.expressasse a alma da jovem nação.
A adoção do RomantismoA adoção do Romantismo
A natureza tropical e o índioA natureza tropical e o índio
Adaptação aos postulados europeusAdaptação aos postulados europeus
 Valores românticos europeus & adequaçãoValores românticos europeus & adequação
às aspirações ideológicas dos escritoresàs aspirações ideológicas dos escritores
brasileiros;brasileiros;
 Oposição a dominação cultural (artística)Oposição a dominação cultural (artística)
portuguesa;portuguesa;
 Exotismo = natureza exuberante e original;Exotismo = natureza exuberante e original;
 Princípios artísticos atualizados com o quePrincípios artísticos atualizados com o que
de mais moderno havia na Europade mais moderno havia na Europa
Nacionalismo românticoNacionalismo romântico
 Valores formais procedentes do universoValores formais procedentes do universo
europeu X Temática nacional (a cor local):europeu X Temática nacional (a cor local):
 INDIANISMO;INDIANISMO;
 SERTANISMO (OU REGIONALISMO);SERTANISMO (OU REGIONALISMO);
 CULTO À NATUREZA;CULTO À NATUREZA;
 NACIONALISMO UFANISTA;NACIONALISMO UFANISTA;
 BUSCA DE UMA LINGUAGEM LITERÁRIABUSCA DE UMA LINGUAGEM LITERÁRIA
BRASILEIRA.BRASILEIRA.
INDIANISMOINDIANISMO
 NoNo bom selvagembom selvagem francês sedimentou-se ofrancês sedimentou-se o
modelo de um herói que deveria se tornar omodelo de um herói que deveria se tornar o
passado e a tradição de um paíspassado e a tradição de um país
desprovido de sagas exemplares (Idadedesprovido de sagas exemplares (Idade
Média). O nativo – ignorada toda a suaMédia). O nativo – ignorada toda a sua
cultura – converteu-se no herói exemplar,cultura – converteu-se no herói exemplar,
feito à imagem e semelhança de umfeito à imagem e semelhança de um
cavaleiro medieval.Assumiu-se a imagemcavaleiro medieval.Assumiu-se a imagem
exótica que as metrópoles européias tinhamexótica que as metrópoles européias tinham
dos trópicos, adaptando-a à visão ufanista.dos trópicos, adaptando-a à visão ufanista.
INDIANISMOINDIANISMO
 Acima de tudo, o índio representava, na suaAcima de tudo, o índio representava, na sua
condição de primitivo habitante, o própriocondição de primitivo habitante, o próprio
símbolo da nacionalidade. Além disso, asímbolo da nacionalidade. Além disso, a
imagem positiva (idealizada) do indígenaimagem positiva (idealizada) do indígena
permitia às elites orgulhar-se de umapermitia às elites orgulhar-se de uma
ascendência nobre que as ajudava naascendência nobre que as ajudava na
legitimação de seu próprio poder.legitimação de seu próprio poder.
O Regionalismo (ou Sertanismo)O Regionalismo (ou Sertanismo)
 O Regionalismo: resultado da “consciênciaO Regionalismo: resultado da “consciência
eufórica de um país novo”, procurou afirmareufórica de um país novo”, procurou afirmar
as particularidades e a identidade dasas particularidades e a identidade das
regiões, na ânsia de “tornar literário” todo oregiões, na ânsia de “tornar literário” todo o
Brasil. Entretanto, permanece na superfícieBrasil. Entretanto, permanece na superfície
como uma moldura, já que a intrigacomo uma moldura, já que a intriga
romanesca é urbana (folhetim). Além disso,romanesca é urbana (folhetim). Além disso,
os autores usavam uma linguagem citadinaos autores usavam uma linguagem citadina
e culta.e culta.
A POESIA ROMÂNTICAA POESIA ROMÂNTICA
A DIVISÃO EM GERAÇÕESA DIVISÃO EM GERAÇÕES
1ªGeração = Nacionalista
Autores:
Gonçalves de Magalhães
e Gonçalves Dias
Modelos poéticos:
Chateaubriand e Lamartine
TEMAS:
 O Índio
 A saudade da pátria
 A natureza
 A religiosidade
O amor impossível
2ª GERAÇÃO =
INDIVIDUALISTA
OU SUBJETIVISTA
Autores: Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu,
Fagundes Varela,
Junqueira Freire
Modelos poéticos:
Byron e Mussett
TEMAS:
A dúvida
O tédio
A orgia
A morte
A infância
O medo do amor
O sofrimento
O satanismo
3ª GERAÇÃO =
LIBERAL, SOCIAL
OU CONDOREIRA
Autores: Castro Alves
Modelos poéticos: Victor Hugo
TEMAS:
Defesa de causas humanitárias
Denúncia da escravidão
Amor erótico
O ROMANCE ROMÂNTICOO ROMANCE ROMÂNTICO
ORIGENSORIGENS
O romance e a burguesiaO romance e a burguesia
 O romance, por relatar acontecimentos daO romance, por relatar acontecimentos da
vida comum e cotidiana, e por dar vazão aovida comum e cotidiana, e por dar vazão ao
gosto burguês pela fantasia e pelagosto burguês pela fantasia e pela
aventura, veio a ser o mais legítimo veículoaventura, veio a ser o mais legítimo veículo
de expressão artística dessa classe.de expressão artística dessa classe.
 O romance narra o presente, as coisasO romance narra o presente, as coisas
banais da vida e do mundo, numabanais da vida e do mundo, numa
linguagem simples e direta.linguagem simples e direta.
O romance e o folhetimO romance e o folhetim
 Tanto na Europa quanto no Brasil, oTanto na Europa quanto no Brasil, o
romance surgiu sob a forma deromance surgiu sob a forma de
folhetim, publicação diária, em jornais,folhetim, publicação diária, em jornais,
de capítulos de determinada obrade capítulos de determinada obra
literária. Assim, ao mesmo tempo queliterária. Assim, ao mesmo tempo que
ampliava o público leitor de jornais, oampliava o público leitor de jornais, o
folhetim ampliava o público defolhetim ampliava o público de
literatura.literatura.
O romance e o folhetimO romance e o folhetim
 Inicialmente, os folhetins publicados noInicialmente, os folhetins publicados no
Brasil eram traduções de obrasBrasil eram traduções de obras
estrangeiras de autores como Victor Hugo,estrangeiras de autores como Victor Hugo,
Alexandre Dumas, Walter Scott e outros.Alexandre Dumas, Walter Scott e outros.
 O sucesso do folhetim europeu em jornaisO sucesso do folhetim europeu em jornais
brasileiros possibilitou o surgimento debrasileiros possibilitou o surgimento de
vulgares adaptações. Até que, em 1844, saivulgares adaptações. Até que, em 1844, sai
à luz o romanceà luz o romance A MoreninhaA Moreninha, de Joaquim, de Joaquim
Manuel de Macedo.Manuel de Macedo.
Ideologia dos folhetinsIdeologia dos folhetins
 Ao escrever um folhetim, o artista submetia-Ao escrever um folhetim, o artista submetia-
se às exigências do público e dos diretoresse às exigências do público e dos diretores
de jornais. Além disso, os folhetins nãode jornais. Além disso, os folhetins não
podiam criticar os valores da época,podiam criticar os valores da época,
reivindicar o verdadeiro humanismo, poisreivindicar o verdadeiro humanismo, pois
obrigatoriamente tinham que se sujeitar aosobrigatoriamente tinham que se sujeitar aos
valores ideológicos do público, constituindo-valores ideológicos do público, constituindo-
se assim numa arte de evasão e alienaçãose assim numa arte de evasão e alienação
da realidade.da realidade.
Estrutura do folhetimEstrutura do folhetim
 1º HARMONIA1º HARMONIA = Felicidade = Ordenação= Felicidade = Ordenação
social burguesasocial burguesa
 2º DESARMONIA2º DESARMONIA = Conflito = Desordem == Conflito = Desordem =
Crise da sociedade burguesaCrise da sociedade burguesa
 3º HARMONIA FINAL3º HARMONIA FINAL = Estabelecimento da= Estabelecimento da
felicidade definitiva da sociedade burguesa,felicidade definitiva da sociedade burguesa,
com o triunfo de seus valorescom o triunfo de seus valores
Características da prosaCaracterísticas da prosa
românticaromântica
 Flash-back narrativo:Flash-back narrativo: volta no tempo paravolta no tempo para
explicar, por meio do passado, certasexplicar, por meio do passado, certas
atitudes das personagens no presente.atitudes das personagens no presente.
 O amor como redenção:O amor como redenção: oposição entre osoposição entre os
valores da sociedade e o desejo devalores da sociedade e o desejo de
realização amorosa dos amantes = o amorrealização amorosa dos amantes = o amor
é visto como único meio de o herói ou oé visto como único meio de o herói ou o
vilão romântico se redimirem e sevilão romântico se redimirem e se
“purificarem” = solução: em muitas casos: a“purificarem” = solução: em muitas casos: a
morte.morte.
Características da prosaCaracterísticas da prosa
românticaromântica
 Idealização do herói:Idealização do herói: ser dotado de honra,ser dotado de honra,
de idealismos e coragem = põe a própriade idealismos e coragem = põe a própria
vida em risco para atender aos apelos dovida em risco para atender aos apelos do
coração ou da justiça = em algumas obrascoração ou da justiça = em algumas obras
assume as feições de “cavaleiro medieval”.assume as feições de “cavaleiro medieval”.
 Idealização da mulher:Idealização da mulher: são desprovidas desão desprovidas de
opinião própria, são frágeis, dominadasopinião própria, são frágeis, dominadas
pela emoção, obedientes às determinaçõespela emoção, obedientes às determinações
dos pais e educadas para o casamento.dos pais e educadas para o casamento.
O ROMANCE ROMÂNTICOO ROMANCE ROMÂNTICO
AUTORES & OBRASAUTORES & OBRAS
O Romance RomânticoO Romance Romântico
 Joaquim Manuel de MacedoJoaquim Manuel de Macedo [1820 - 1882][1820 - 1882]
 Principal romance:Principal romance: A Moreninha [1844]A Moreninha [1844]
 Relato sentimental da ligação entre doisRelato sentimental da ligação entre dois
jovens, presos a uma promessa infantil:jovens, presos a uma promessa infantil:
Carolina e Augusto.Carolina e Augusto.
 Importância da obra: desperta no público oImportância da obra: desperta no público o
gosto pelo romance ambientado no Brasil.gosto pelo romance ambientado no Brasil.
José de Alencar [1829 - 1877]José de Alencar [1829 - 1877]
 Importância de sua obra:Importância de sua obra: na concretizaçãona concretização
de investidas pela liberação e autonomia dade investidas pela liberação e autonomia da
literatura brasileira, abre caminho para queliteratura brasileira, abre caminho para que
outros autores possam expressar melhor aoutros autores possam expressar melhor a
nossa realidade.nossa realidade.
 Projeto nacionalista:Projeto nacionalista: revelar o Brasil emrevelar o Brasil em
termos geográficos e históricos e a tentativatermos geográficos e históricos e a tentativa
de criar uma língua brasileira.de criar uma língua brasileira.
José de AlencarJosé de Alencar
 Romances urbanos:Romances urbanos: retratam a sociedaderetratam a sociedade
carioca da época, principalmente suas camadascarioca da época, principalmente suas camadas
mais abastadas. Compreendem desde textosmais abastadas. Compreendem desde textos
estereotipadamente românticos, como a mesmaestereotipadamente românticos, como a mesma
velha história do casal cujo amor só se realizavelha história do casal cujo amor só se realiza
após superados certos obstáculos, até indícios deapós superados certos obstáculos, até indícios de
investigação psicológica por meio de dramasinvestigação psicológica por meio de dramas
morais causados pelo conflito entre asmorais causados pelo conflito entre as
convenções sociais e a sentimentalidadeconvenções sociais e a sentimentalidade
individual. Estão nesse grupo:individual. Estão nesse grupo: “Senhora” -“Senhora” -
“Lucíola” - “A pata da gazela” - “A viuvinha”, entre“Lucíola” - “A pata da gazela” - “A viuvinha”, entre
outros.outros.
José de AlencarJosé de Alencar
 Romances regionalistas:Romances regionalistas: buscam construirbuscam construir
um painel de diversas regiões do Brasil: aum painel de diversas regiões do Brasil: a
ação se desenvolve no pampa sulinoação se desenvolve no pampa sulino (“O(“O
gaúcho”),gaúcho”), no interior do Rio de Janeirono interior do Rio de Janeiro (“O(“O
tronco do Ipê),tronco do Ipê), no de São Paulono de São Paulo (“Til”)(“Til”) ou noou no
sertão cearensesertão cearense (“O sertanejo”).(“O sertanejo”). O autor vêO autor vê
as regiões “de fora”. Não está interessadoas regiões “de fora”. Não está interessado
em revelar o essencial de um mundoem revelar o essencial de um mundo
diferenciado do litoral.diferenciado do litoral.
José de AlencarJosé de Alencar
 Romances regionalistas:Romances regionalistas:
 Integra as regiões ao corpo de uma naçãoIntegra as regiões ao corpo de uma nação
centralizada, sob o comando das elitescentralizada, sob o comando das elites
imperiais.imperiais.
 Resultado:Resultado: literatura mítica, celebratória dosliteratura mítica, celebratória dos
encantos regionais, porém insuficiente paraencantos regionais, porém insuficiente para
descrever as peculiaridades e o atraso dasdescrever as peculiaridades e o atraso das
províncias periféricas do país.províncias periféricas do país.
José de AlencarJosé de Alencar
 Romances históricos e indianistas:Romances históricos e indianistas:
 Procuram reconstruir episódios históricosProcuram reconstruir episódios históricos
ou ambientar fatos fictícios em épocasou ambientar fatos fictícios em épocas
passadas, em busca de uma interpretaçãopassadas, em busca de uma interpretação
das origens da nossa nacionalidade.das origens da nossa nacionalidade.
 Objetivo:Objetivo: representar poeticamente, isto é,representar poeticamente, isto é,
miticamente, as nossas origens e a nossamiticamente, as nossas origens e a nossa
formação como povo.formação como povo.
José de AlencarJosé de Alencar
 Romances históricos e indianistas:Romances históricos e indianistas:
 Resultado:Resultado: “triunfo da imaginação e da“triunfo da imaginação e da
fantasia” - desejo ideológico de mostrar umfantasia” - desejo ideológico de mostrar um
Brasil glorioso, positivo, com problemas queBrasil glorioso, positivo, com problemas que
nunca ultrapassam a dimensão pessoal dosnunca ultrapassam a dimensão pessoal dos
personagens.personagens.
SERTANISTAS
ROMÂNTICOS
O regionalismo de Alencar
abriu uma rica veia para o
surgimento de escritores menores,
todos eles sertanistas, ou seja,
preocupados em revelar o Brasil
não-litorâneo, não-europeu, o
Brasil rural.
O ponto de partida dessa
literatura geralmente é o
ufanismo, e neste sentido as
manifestações sertanistas
dificilmente adquirem maior
autenticidade poética ou
documental.
Há uma intenção realista,
inclusive, mas é um realismo que
se detém em exterioridades:
descrições da natureza, um que
outro acento lingüístico particular
da região, os costumes.
Todavia esta busca de realismo é
prejudicada na construção dos
personagens, que obedecem aos
esquemas românticos do folhetim.
BERNARDO GUIMARÃES
(1825-1884)
•Principais obras: “O seminarista” -
“O garimpeiro” - “A escrava Isaura”
•Características da obra: inserida no
regionalismo romântico iniciado por
Alencar - Estrutura de folhetim -
Valorização do passado - Utilização
de uma linguagem oral - Tentativa
abolicionista (A escrava Isaura).
VISCONDE DE TAUNAY
(1843 - 1899)
•Principais obras: “Inocência” - “A
retirada de Laguna”
Características da obra: precisão de
detalhes e da paisagem sertaneja -
Estrutura romântica e acessórios
realistas - Equilíbrio entre ficção e
realidade, valores românticos e
valores da realidade bruta do sertão,
linguagem culta e linguagem
regional.
FRANKLIN TÁVORA
(1842-1888)
•Principais obras: “O Cabeleira” -
“O matuto” - “Lourenço”
Características da obra:
valorização do regional - Projeto
de uma “literatura do Norte” -
Oscilação entre romantismo e
realismo - Análise do cangaço:
oscilação entre a análise objetiva
e o recurso idealizante [“O
Cabeleira”].
O TEATRO ROMÂNTICOO TEATRO ROMÂNTICO
MARTINS PENAMARTINS PENA
MARTINS PENA (1815-1848)
MARTINS PENA foi o
criador da comédia brasileira no
teatro. Seus textos são
comédias de costumes, ou seja,
dedicam-se ao retrato
caricatural e humorístico dos
hábitos sociais.
O autor inicialmente optou por
apresentar a vida na roça como
fonte de riso, mas acabou por
se concentrar na sociedade
carioca da época, em que
funcionários públicos,
comerciantes, militares,
especuladores, contrabandistas
debatiam-se atrás de lucro e
ostentação.
Seus diálogos são vivíssimos,
explorando equívocos e
trocadilhos, além de
constituírem um registro farto
do português coloquial da
época.
Em algumas de suas comédias,
Martins Pena chega a uma crítica
social mais contundente, tocando
em questões como o contrabando
de escravos e a corrupção
administrativa e judiciária do país.
[Painel dos tipos humanos do Rio
de Janeiro do século XIX - análise
cômica dos costumes rurais e
urbanos - linguagem coloquial]
O ROMANCE DEO ROMANCE DE
COSTUMESCOSTUMES
UM CASO À PARTEUM CASO À PARTE
ROMANCE DE COSTUMES
MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA
(1831-1861)
•Único romance: “Memórias de
um sargento de milícias”
NARRATIVA DE COSTUMES: os
hábitos, a moda, o folclore, a
religiosidade das classes
populares do século XIX -
desmascaramento moral da
sociedade.
O verdadeiro romance de
costumes do Romantismo
brasileiro, pois abandona a
visão da burguesia para retratar
o povo em toda a sua
simplicidade.
O romance é o documento
de uma época, descrita com
malícia, humor e sátira: o
período de D. João VI no Brasil.
Personagens caricaturizados
Acontecimentos que
desmentem as aparências das
pessoas - situações cômicas -
ausência de tragédia humana.
PREDOMÍNIO DO
HUMOR SOBRE O
DRAMÁTICO
ROMANCE PICARESCO
Romance picaresco: [Origem:
século XVI na Espanha] Centra-
se nas aventuras de um pobre
que via com desencanto e
malícia, isto é, de baixo, as
mazelas de uma sociedade em
decadência.
Mundo em que a brutalidade e a
astúcia traziam as máscaras da
coragem e da honra. O pobre no
seu afã de sobreviver,
transforma-se em pícaro,
servindo ora a um ora a outro
senhor e provando com o sal da
necessidade a comida do
poderoso.
•Ao pícaro é dado espiar
o avesso das
instituições e dos
homens: o seu aparente
cinismo não é mais que
defesa entre vilões
encasacados.
DESTRUIÇÃO DO ROMANTISMO
Obra que fere a
“sensibilidade romântica” na
figura de seu herói. Comparado
aos modelos românticos,
Leonardinho é um anti-herói,
um herói picaresco, aquele que
está à margem da sociedade,
que a vê sob outro ângulo, de
baixo para cima. Isso se
percebe a partir das origens de
Leonardinho: “filho de uma
pisadela e de um beliscão”.
Aspecto revolucionário da
narrativa: a construção do
personagem central. Leonardo
é uma espécie de marginal,
vadio e meio estúpido. Isto
subverte o sistema literário do
folhetim, que exige heróis
excepcionais, e subverte os
próprios valores da sociedade.
A vida de Leonardo se dá na
dimensão da malandragem,
como diz o crítico Antônio
Candido: “quando Leonardo
esgota todas as possibilidades
de aventuras picarescas, só lhe
resta o casamento e o emprego
de soldado.”
No Romantismo, o
casamento é o começo da
felicidade; em “Memórias de um
sargento de milícias” é o fim de
tudo.
COSTUMES MORAIS
ORDEM = MAJOR VIDIGAL
DESORDEM = LEONARDO
O relato constrói o
antagonismo entre ambos até
as últimas páginas. Até que o
Major aceita dar um posto para
o malandro Leonardo, dentro
das milícias, em troca dos
favores amorosos de Maria
Regalada; e o marginal passa a
sargento.
Assim, NÃO há diferença entre
ORDEM e DESORDEM -
MORALIDADE E AMORALIDADE
, pois é muito fácil passar de
um lado a outro. TRATA-SE DE
UM DESMASCARAMENTO QUE
O AUTOR DE “Memórias de um
sargento de milícias” FAZ DA
SOCIEDADE BRASILEIRA.
No “desmascaramento
moral” reside a essência do
REALISMO de Manuel Antônio
de Almeida. Um realismo que
tem seus limites: o
desmascaramento não ocorre
através de análises
psicológicas, à maneira de
Machado de Assis, e sim
através do humor rápido,
impreciso, sem refinamento
(anedótico).
•Precursor do Realismo:
objetividade e descrença nos
valores sociais.
•Pontos de contato com o
Romantismo: o estilo frouxo, a
linguagem por vezes descuidada
e o final feliz do romance:
Leonardo se regenera, enquadra-
se nas milícias e casa-se com a
viúva Luisinha.

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Romantismo geral

  • 1. ROMANTISMOROMANTISMO SÉC. XIX –SÉC. XIX – “Liberdade conduzindo o povo” -“Liberdade conduzindo o povo” - DelacroixDelacroix
  • 2. ROMANTISMO - ORIGENSROMANTISMO - ORIGENS  ASCENSÃO DA BURGUESIA:ASCENSÃO DA BURGUESIA:  MERCANTILISMO (Séculos XVI e XVII);MERCANTILISMO (Séculos XVI e XVII);  REVOLUÇÃO INGLESA (1688);REVOLUÇÃO INGLESA (1688);  INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1776);INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1776);  REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)
  • 3. ROMANTISMO = NOVOS VALORESROMANTISMO = NOVOS VALORES  Novo sentido de vida:Novo sentido de vida:  Livre iniciativa + competição eLivre iniciativa + competição e individualismo;individualismo;  Apogeu do Liberalismo burguês;Apogeu do Liberalismo burguês;  Extinção dos privilégios seculares daExtinção dos privilégios seculares da nobreza;nobreza;  ““Fim das barreiras” rígidas entre as classesFim das barreiras” rígidas entre as classes sociais.sociais.
  • 4. Efeito favorável da vitória burguesa paraEfeito favorável da vitória burguesa para a Literaturaa Literatura  Art. 11 da Declaração de Direitos do Homem eArt. 11 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão:do Cidadão: A livre comunicação dosA livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos maispensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidadão pode,preciosos do homem; todo o cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente.portanto, falar, escrever, imprimir livremente.  Começava a “aventura da palavra escrita” =Começava a “aventura da palavra escrita” = surgiam escritores + obras + público leitor +surgiam escritores + obras + público leitor + veículo divulgador das obras (imprensa).veículo divulgador das obras (imprensa).
  • 5. O novo público leitorO novo público leitor  Outros efeitos:Outros efeitos:  Esforço de alfabetização popular empreendidoEsforço de alfabetização popular empreendido pelos “revolucionários”;pelos “revolucionários”;  Todo o cidadão passou a ter acesso (direito) àTodo o cidadão passou a ter acesso (direito) à leitura, até pela necessidade de conhecer asleitura, até pela necessidade de conhecer as proclamações do novo regime;proclamações do novo regime;  Surgimento de um novo público leitor = maisSurgimento de um novo público leitor = mais numeroso e diversificado (consumidor).numeroso e diversificado (consumidor).  Escritores livres do regime de mecenato = obraEscritores livres do regime de mecenato = obra = mercadoria de ampla aceitação.= mercadoria de ampla aceitação.
  • 6. Romantismo = ContradiçãoRomantismo = Contradição  O Romantismo coincidiu com aO Romantismo coincidiu com a democratização da arte, gerada sobretudo pelademocratização da arte, gerada sobretudo pela Revolução Francesa, tornando-se a expressãoRevolução Francesa, tornando-se a expressão artística da jovem sociedade burguesa.artística da jovem sociedade burguesa.  Entretanto, o movimento manteve uma relaçãoEntretanto, o movimento manteve uma relação contraditória com a nova realidade. Filho dacontraditória com a nova realidade. Filho da burguesia, mostrou-se ambíguo diante dela,burguesia, mostrou-se ambíguo diante dela, ora a exaltando, ora protestando contra seusora a exaltando, ora protestando contra seus mecanismos.mecanismos.
  • 7. Romantismo = SurgimentoRomantismo = Surgimento  Mito doMito do bom selvagembom selvagem de Rousseau;de Rousseau;  MovimentoMovimento Sturm und DrangSturm und Drang (Tempestade e(Tempestade e Ímpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando oÍmpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando o folclórico, o nacional e o popular em oposiçãofolclórico, o nacional e o popular em oposição ao universalismo clássico.ao universalismo clássico.  Os cantos deOs cantos de OssianOssian = culto à Idade Média.= culto à Idade Média.  Publicação (1774) do romance (em formaPublicação (1774) do romance (em forma epistolar = cartas)epistolar = cartas) Os sofrimentos do jovemOs sofrimentos do jovem WertherWerther , de Goethe = exacerbação da, de Goethe = exacerbação da imaginação e transbordamento das paixões.imaginação e transbordamento das paixões.
  • 9. Liberdade de criação: o escritor romântico recusa os padrões da arte clássica que sempre esteve sujeita a regras, padrões e modelos, usa o verso livre, mistura os gêneros literários e obedece aos estímulos de sua interioridade.
  • 10. • Individualismo e subjetivismo: o artista romântico trata dos assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o modo como vê e sente o mundo; dizemos que sua arte é subjetiva porque expressa uma visão particular da realidade. A ideologia burguesa centrou-se nas liberdades do homem e nas infinitas possibilidades de auto- realização do indivíduo.
  • 11. Sentimentalismo: a relação entre o artista romântico e o mundo é sempre mediada pela emoção. Qualquer que seja o tema abordado - amoroso, político, social -, o tratamento literário revela grande envolvimento emocional do artista. Assim, os sentimentos tornam-se mais importantes do que a racionalidade e são, conseqüentemente, a medida da interioridade de cada pessoa, medida de todas as coisas.
  • 12. Idealização: a extrema valorização da subjetividade leva muitas vezes à deformação. O escritor romântico, motivado pela fantasia e pela imaginação, tende a idealizar vários temas, acentuando algumas de suas características.
  • 13. •Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem delicada, frágil e submissa, uma espécie de anjo inatingível; o índio (no Brasil) é tratado como herói nacional, cheio de virtudes e habilidades. Para compor essa idealização, a linguagem é marcada por descrições minuciosas, com uso constante de adjetivos, comparações e ampla metaforização.
  • 14. Fusão do grotesco e do sublime:o conceito grego de belo, que perdurou tantos anos na arte de orientação clássica, é abandonado pelos românticos, que defendem a união do grotesco (o feio) e do sublime (o bonito). Assim, apesar de sua tendência idealizante, o Romantismo procura captar o homem em sua plenitude, enfocando também o lado feio e obscuro de cada ser humano.
  • 15. O culto à natureza:o código preferido pelo autor romântico não é o cultural mas o natural. Ele se sente fascinado pela poderosa força da natureza: é atraído pelas altas montanhas, pelas florestas impenetráveis, pelos mares imensos, pela placidez dos lagos, pelo murmúrio dos riachos, pelo canto dos pássaros.
  • 16. •A natureza assume, diante do torturado espírito romântico, o papel de confidente para as horas melancólicas, a mãe que protege o filho dos desconcertos do universo e a amante desencadeadora de inspirações. O resultado dessa comunhão é humanização ou divinização da natureza, que, através de seus fenômenos, indica estados de espírito e sentimentos: o rugir do mar pode corresponder à angústia de uma alma solitária, a chuva à tristeza, e assim por diante.
  • 17. • Imaginação e fantasia: o mundo romântico transcende o real e se abre para o mistério, o sobrenatural. Fechados em si mesmos, perdidos numa realidade incômoda e brutal para a sensibilidade, os românticos se entregam ao princípio da fantasia.
  • 18. •Devaneiam, criam universos imaginários, exóticos, onde encontram a “luz” e a “alegria” que a sociedade burguesa não lhes oferece. Desligados, muitas vezes, dos níveis concretos da vida social, elaboram obras onde predomina um idealismo alienante.
  • 19. Valorização do passado:a inadequação do “eu” interior com a realidade circunstante leva o homem romântico a sentir nostalgias de algo distante no tempo e no espaço. A fuga no tempo remete (na Europa) à Idade Média, época de paixões violentas e espontâneas, berço das nacionalidades européias.
  • 20. •A fuga no espaço leva-o à procura de paisagens agrestes, de lugares selvagens, de povos ainda não conspurcados pela civilização. No plano individual, a valorização do passado se dá através do reconhecimento da infância, como representante de um mundo ingênuo, puro, um “paraíso perdido”, uma época de ouro na qual as criaturas eram felizes. Nega-se, portanto, o presente hostil e causador de sofrimentos.
  • 21. Religiosidade:mais comum entre os primeiros românticos, a tendência espiritualizante do Romantismo, embasada no cristianismo, significa uma nítida reação ao racionalismo e ao materialismo do século anterior. A vida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real.
  • 22. Mal-do-século:o “mal-do- século” origina-se basicamente de dois fatores. Um deles é a idéia aceita pelos românticos de que o espírito humano busca sempre a perfeição, a totalidade, o absoluto, o infinito. Ora, sendo humanos, somos incapazes de atingir esse estado. A constatação dessa impossibilidade gera a angústia responsável pelo mal-do-século.
  • 23. Outro fator é o desajuste do indivíduo na sociedade burguesa que se mostrava muito prática e objetiva para o gosto dos românticos. Ansiando por uma plenitude espiritual, social e material impossível, o romântico sente-se desajustado, enxergando a si próprio e aos seus contemporâneos como seres fragmentados, reduzidos a simples “peças” da engrenagem social.
  • 24. •. É uma tradução aproximada do termo spleen, que surgiu na Inglaterra e esteve muito em moda na Europa desse período. Esta expressão designa a sensação de insatisfação, angústia, melancolia e até uma obsessiva atração pela morte, que passa a ser encarada como solução definitiva para os males da existência.
  • 25. Byronismo: essa atitude, relacionada ao poeta inglês Lord Byron, foi amplamente cultivada entre os românticos brasileiros da segunda geração, isto é, entre os anos 50 e 60 do século XIX. Traduz- se num estilo de vida que inclui a boêmia, voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo, e numa forma particular de ver o mundo, caracterizada pelo egocentrismo, narcisismo, pessimismo, angústia e, por vezes, pelo satanismo.
  • 26. Condoreirismo:trata-se de uma corrente de poesia político- social que ganhou repercussão entre os poetas da terceira e última geração romântica no Brasil (anos 70 do século XIX). Influenciados pelo escritor francês Victor Hugo, os poetas condoreiros defendiam a justiça social e a liberdade. Na Europa, tornaram-se defensores da classe operária, denunciando a exploração a que estava submetida; no Brasil, lutaram pelo fim da escravidão e pela República.
  • 28. CONTEXTO HISTÓRICO: CHEGADA DA FAMÍLIA REAL ABERTURA DOS PORTOS FUNDAÇÃO DO BANCO DO BRASIL PRIMEIRA BIBLIOTECA FUNDAÇÃO DE FACULDADES IMPRENSA RÉGIA MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA INDEPENDÊNCIA D. PEDRO I
  • 29. ROMANTISMO NO BRASILROMANTISMO NO BRASIL  LITERATURA COMO MISSÃO:LITERATURA COMO MISSÃO:  Compromisso com a pátria (NacionalismoCompromisso com a pátria (Nacionalismo Ufanista);Ufanista);  Contribuição para a grandeza da nação;Contribuição para a grandeza da nação;  Retrato de sua bela paisagem física eRetrato de sua bela paisagem física e humana;humana;  Revelar todo o Brasil, de forma positiva,Revelar todo o Brasil, de forma positiva, criando uma literatura autônoma quecriando uma literatura autônoma que expressasse a alma da jovem nação.expressasse a alma da jovem nação.
  • 30. A adoção do RomantismoA adoção do Romantismo A natureza tropical e o índioA natureza tropical e o índio
  • 31. Adaptação aos postulados europeusAdaptação aos postulados europeus  Valores românticos europeus & adequaçãoValores românticos europeus & adequação às aspirações ideológicas dos escritoresàs aspirações ideológicas dos escritores brasileiros;brasileiros;  Oposição a dominação cultural (artística)Oposição a dominação cultural (artística) portuguesa;portuguesa;  Exotismo = natureza exuberante e original;Exotismo = natureza exuberante e original;  Princípios artísticos atualizados com o quePrincípios artísticos atualizados com o que de mais moderno havia na Europade mais moderno havia na Europa
  • 32. Nacionalismo românticoNacionalismo romântico  Valores formais procedentes do universoValores formais procedentes do universo europeu X Temática nacional (a cor local):europeu X Temática nacional (a cor local):  INDIANISMO;INDIANISMO;  SERTANISMO (OU REGIONALISMO);SERTANISMO (OU REGIONALISMO);  CULTO À NATUREZA;CULTO À NATUREZA;  NACIONALISMO UFANISTA;NACIONALISMO UFANISTA;  BUSCA DE UMA LINGUAGEM LITERÁRIABUSCA DE UMA LINGUAGEM LITERÁRIA BRASILEIRA.BRASILEIRA.
  • 33. INDIANISMOINDIANISMO  NoNo bom selvagembom selvagem francês sedimentou-se ofrancês sedimentou-se o modelo de um herói que deveria se tornar omodelo de um herói que deveria se tornar o passado e a tradição de um paíspassado e a tradição de um país desprovido de sagas exemplares (Idadedesprovido de sagas exemplares (Idade Média). O nativo – ignorada toda a suaMédia). O nativo – ignorada toda a sua cultura – converteu-se no herói exemplar,cultura – converteu-se no herói exemplar, feito à imagem e semelhança de umfeito à imagem e semelhança de um cavaleiro medieval.Assumiu-se a imagemcavaleiro medieval.Assumiu-se a imagem exótica que as metrópoles européias tinhamexótica que as metrópoles européias tinham dos trópicos, adaptando-a à visão ufanista.dos trópicos, adaptando-a à visão ufanista.
  • 34. INDIANISMOINDIANISMO  Acima de tudo, o índio representava, na suaAcima de tudo, o índio representava, na sua condição de primitivo habitante, o própriocondição de primitivo habitante, o próprio símbolo da nacionalidade. Além disso, asímbolo da nacionalidade. Além disso, a imagem positiva (idealizada) do indígenaimagem positiva (idealizada) do indígena permitia às elites orgulhar-se de umapermitia às elites orgulhar-se de uma ascendência nobre que as ajudava naascendência nobre que as ajudava na legitimação de seu próprio poder.legitimação de seu próprio poder.
  • 35. O Regionalismo (ou Sertanismo)O Regionalismo (ou Sertanismo)  O Regionalismo: resultado da “consciênciaO Regionalismo: resultado da “consciência eufórica de um país novo”, procurou afirmareufórica de um país novo”, procurou afirmar as particularidades e a identidade dasas particularidades e a identidade das regiões, na ânsia de “tornar literário” todo oregiões, na ânsia de “tornar literário” todo o Brasil. Entretanto, permanece na superfícieBrasil. Entretanto, permanece na superfície como uma moldura, já que a intrigacomo uma moldura, já que a intriga romanesca é urbana (folhetim). Além disso,romanesca é urbana (folhetim). Além disso, os autores usavam uma linguagem citadinaos autores usavam uma linguagem citadina e culta.e culta.
  • 36. A POESIA ROMÂNTICAA POESIA ROMÂNTICA A DIVISÃO EM GERAÇÕESA DIVISÃO EM GERAÇÕES
  • 37. 1ªGeração = Nacionalista Autores: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias Modelos poéticos: Chateaubriand e Lamartine TEMAS:  O Índio  A saudade da pátria  A natureza  A religiosidade O amor impossível
  • 38. 2ª GERAÇÃO = INDIVIDUALISTA OU SUBJETIVISTA Autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire Modelos poéticos: Byron e Mussett
  • 39. TEMAS: A dúvida O tédio A orgia A morte A infância O medo do amor O sofrimento O satanismo
  • 40. 3ª GERAÇÃO = LIBERAL, SOCIAL OU CONDOREIRA Autores: Castro Alves Modelos poéticos: Victor Hugo TEMAS: Defesa de causas humanitárias Denúncia da escravidão Amor erótico
  • 41. O ROMANCE ROMÂNTICOO ROMANCE ROMÂNTICO ORIGENSORIGENS
  • 42. O romance e a burguesiaO romance e a burguesia  O romance, por relatar acontecimentos daO romance, por relatar acontecimentos da vida comum e cotidiana, e por dar vazão aovida comum e cotidiana, e por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e pelagosto burguês pela fantasia e pela aventura, veio a ser o mais legítimo veículoaventura, veio a ser o mais legítimo veículo de expressão artística dessa classe.de expressão artística dessa classe.  O romance narra o presente, as coisasO romance narra o presente, as coisas banais da vida e do mundo, numabanais da vida e do mundo, numa linguagem simples e direta.linguagem simples e direta.
  • 43. O romance e o folhetimO romance e o folhetim  Tanto na Europa quanto no Brasil, oTanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma deromance surgiu sob a forma de folhetim, publicação diária, em jornais,folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obrade capítulos de determinada obra literária. Assim, ao mesmo tempo queliterária. Assim, ao mesmo tempo que ampliava o público leitor de jornais, oampliava o público leitor de jornais, o folhetim ampliava o público defolhetim ampliava o público de literatura.literatura.
  • 44. O romance e o folhetimO romance e o folhetim  Inicialmente, os folhetins publicados noInicialmente, os folhetins publicados no Brasil eram traduções de obrasBrasil eram traduções de obras estrangeiras de autores como Victor Hugo,estrangeiras de autores como Victor Hugo, Alexandre Dumas, Walter Scott e outros.Alexandre Dumas, Walter Scott e outros.  O sucesso do folhetim europeu em jornaisO sucesso do folhetim europeu em jornais brasileiros possibilitou o surgimento debrasileiros possibilitou o surgimento de vulgares adaptações. Até que, em 1844, saivulgares adaptações. Até que, em 1844, sai à luz o romanceà luz o romance A MoreninhaA Moreninha, de Joaquim, de Joaquim Manuel de Macedo.Manuel de Macedo.
  • 45. Ideologia dos folhetinsIdeologia dos folhetins  Ao escrever um folhetim, o artista submetia-Ao escrever um folhetim, o artista submetia- se às exigências do público e dos diretoresse às exigências do público e dos diretores de jornais. Além disso, os folhetins nãode jornais. Além disso, os folhetins não podiam criticar os valores da época,podiam criticar os valores da época, reivindicar o verdadeiro humanismo, poisreivindicar o verdadeiro humanismo, pois obrigatoriamente tinham que se sujeitar aosobrigatoriamente tinham que se sujeitar aos valores ideológicos do público, constituindo-valores ideológicos do público, constituindo- se assim numa arte de evasão e alienaçãose assim numa arte de evasão e alienação da realidade.da realidade.
  • 46. Estrutura do folhetimEstrutura do folhetim  1º HARMONIA1º HARMONIA = Felicidade = Ordenação= Felicidade = Ordenação social burguesasocial burguesa  2º DESARMONIA2º DESARMONIA = Conflito = Desordem == Conflito = Desordem = Crise da sociedade burguesaCrise da sociedade burguesa  3º HARMONIA FINAL3º HARMONIA FINAL = Estabelecimento da= Estabelecimento da felicidade definitiva da sociedade burguesa,felicidade definitiva da sociedade burguesa, com o triunfo de seus valorescom o triunfo de seus valores
  • 47. Características da prosaCaracterísticas da prosa românticaromântica  Flash-back narrativo:Flash-back narrativo: volta no tempo paravolta no tempo para explicar, por meio do passado, certasexplicar, por meio do passado, certas atitudes das personagens no presente.atitudes das personagens no presente.  O amor como redenção:O amor como redenção: oposição entre osoposição entre os valores da sociedade e o desejo devalores da sociedade e o desejo de realização amorosa dos amantes = o amorrealização amorosa dos amantes = o amor é visto como único meio de o herói ou oé visto como único meio de o herói ou o vilão romântico se redimirem e sevilão romântico se redimirem e se “purificarem” = solução: em muitas casos: a“purificarem” = solução: em muitas casos: a morte.morte.
  • 48. Características da prosaCaracterísticas da prosa românticaromântica  Idealização do herói:Idealização do herói: ser dotado de honra,ser dotado de honra, de idealismos e coragem = põe a própriade idealismos e coragem = põe a própria vida em risco para atender aos apelos dovida em risco para atender aos apelos do coração ou da justiça = em algumas obrascoração ou da justiça = em algumas obras assume as feições de “cavaleiro medieval”.assume as feições de “cavaleiro medieval”.  Idealização da mulher:Idealização da mulher: são desprovidas desão desprovidas de opinião própria, são frágeis, dominadasopinião própria, são frágeis, dominadas pela emoção, obedientes às determinaçõespela emoção, obedientes às determinações dos pais e educadas para o casamento.dos pais e educadas para o casamento.
  • 49. O ROMANCE ROMÂNTICOO ROMANCE ROMÂNTICO AUTORES & OBRASAUTORES & OBRAS
  • 50. O Romance RomânticoO Romance Romântico  Joaquim Manuel de MacedoJoaquim Manuel de Macedo [1820 - 1882][1820 - 1882]  Principal romance:Principal romance: A Moreninha [1844]A Moreninha [1844]  Relato sentimental da ligação entre doisRelato sentimental da ligação entre dois jovens, presos a uma promessa infantil:jovens, presos a uma promessa infantil: Carolina e Augusto.Carolina e Augusto.  Importância da obra: desperta no público oImportância da obra: desperta no público o gosto pelo romance ambientado no Brasil.gosto pelo romance ambientado no Brasil.
  • 51. José de Alencar [1829 - 1877]José de Alencar [1829 - 1877]  Importância de sua obra:Importância de sua obra: na concretizaçãona concretização de investidas pela liberação e autonomia dade investidas pela liberação e autonomia da literatura brasileira, abre caminho para queliteratura brasileira, abre caminho para que outros autores possam expressar melhor aoutros autores possam expressar melhor a nossa realidade.nossa realidade.  Projeto nacionalista:Projeto nacionalista: revelar o Brasil emrevelar o Brasil em termos geográficos e históricos e a tentativatermos geográficos e históricos e a tentativa de criar uma língua brasileira.de criar uma língua brasileira.
  • 52. José de AlencarJosé de Alencar  Romances urbanos:Romances urbanos: retratam a sociedaderetratam a sociedade carioca da época, principalmente suas camadascarioca da época, principalmente suas camadas mais abastadas. Compreendem desde textosmais abastadas. Compreendem desde textos estereotipadamente românticos, como a mesmaestereotipadamente românticos, como a mesma velha história do casal cujo amor só se realizavelha história do casal cujo amor só se realiza após superados certos obstáculos, até indícios deapós superados certos obstáculos, até indícios de investigação psicológica por meio de dramasinvestigação psicológica por meio de dramas morais causados pelo conflito entre asmorais causados pelo conflito entre as convenções sociais e a sentimentalidadeconvenções sociais e a sentimentalidade individual. Estão nesse grupo:individual. Estão nesse grupo: “Senhora” -“Senhora” - “Lucíola” - “A pata da gazela” - “A viuvinha”, entre“Lucíola” - “A pata da gazela” - “A viuvinha”, entre outros.outros.
  • 53. José de AlencarJosé de Alencar  Romances regionalistas:Romances regionalistas: buscam construirbuscam construir um painel de diversas regiões do Brasil: aum painel de diversas regiões do Brasil: a ação se desenvolve no pampa sulinoação se desenvolve no pampa sulino (“O(“O gaúcho”),gaúcho”), no interior do Rio de Janeirono interior do Rio de Janeiro (“O(“O tronco do Ipê),tronco do Ipê), no de São Paulono de São Paulo (“Til”)(“Til”) ou noou no sertão cearensesertão cearense (“O sertanejo”).(“O sertanejo”). O autor vêO autor vê as regiões “de fora”. Não está interessadoas regiões “de fora”. Não está interessado em revelar o essencial de um mundoem revelar o essencial de um mundo diferenciado do litoral.diferenciado do litoral.
  • 54. José de AlencarJosé de Alencar  Romances regionalistas:Romances regionalistas:  Integra as regiões ao corpo de uma naçãoIntegra as regiões ao corpo de uma nação centralizada, sob o comando das elitescentralizada, sob o comando das elites imperiais.imperiais.  Resultado:Resultado: literatura mítica, celebratória dosliteratura mítica, celebratória dos encantos regionais, porém insuficiente paraencantos regionais, porém insuficiente para descrever as peculiaridades e o atraso dasdescrever as peculiaridades e o atraso das províncias periféricas do país.províncias periféricas do país.
  • 55. José de AlencarJosé de Alencar  Romances históricos e indianistas:Romances históricos e indianistas:  Procuram reconstruir episódios históricosProcuram reconstruir episódios históricos ou ambientar fatos fictícios em épocasou ambientar fatos fictícios em épocas passadas, em busca de uma interpretaçãopassadas, em busca de uma interpretação das origens da nossa nacionalidade.das origens da nossa nacionalidade.  Objetivo:Objetivo: representar poeticamente, isto é,representar poeticamente, isto é, miticamente, as nossas origens e a nossamiticamente, as nossas origens e a nossa formação como povo.formação como povo.
  • 56. José de AlencarJosé de Alencar  Romances históricos e indianistas:Romances históricos e indianistas:  Resultado:Resultado: “triunfo da imaginação e da“triunfo da imaginação e da fantasia” - desejo ideológico de mostrar umfantasia” - desejo ideológico de mostrar um Brasil glorioso, positivo, com problemas queBrasil glorioso, positivo, com problemas que nunca ultrapassam a dimensão pessoal dosnunca ultrapassam a dimensão pessoal dos personagens.personagens.
  • 57. SERTANISTAS ROMÂNTICOS O regionalismo de Alencar abriu uma rica veia para o surgimento de escritores menores, todos eles sertanistas, ou seja, preocupados em revelar o Brasil não-litorâneo, não-europeu, o Brasil rural.
  • 58. O ponto de partida dessa literatura geralmente é o ufanismo, e neste sentido as manifestações sertanistas dificilmente adquirem maior autenticidade poética ou documental.
  • 59. Há uma intenção realista, inclusive, mas é um realismo que se detém em exterioridades: descrições da natureza, um que outro acento lingüístico particular da região, os costumes.
  • 60. Todavia esta busca de realismo é prejudicada na construção dos personagens, que obedecem aos esquemas românticos do folhetim.
  • 61. BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884) •Principais obras: “O seminarista” - “O garimpeiro” - “A escrava Isaura” •Características da obra: inserida no regionalismo romântico iniciado por Alencar - Estrutura de folhetim - Valorização do passado - Utilização de uma linguagem oral - Tentativa abolicionista (A escrava Isaura).
  • 62. VISCONDE DE TAUNAY (1843 - 1899) •Principais obras: “Inocência” - “A retirada de Laguna” Características da obra: precisão de detalhes e da paisagem sertaneja - Estrutura romântica e acessórios realistas - Equilíbrio entre ficção e realidade, valores românticos e valores da realidade bruta do sertão, linguagem culta e linguagem regional.
  • 63. FRANKLIN TÁVORA (1842-1888) •Principais obras: “O Cabeleira” - “O matuto” - “Lourenço” Características da obra: valorização do regional - Projeto de uma “literatura do Norte” - Oscilação entre romantismo e realismo - Análise do cangaço: oscilação entre a análise objetiva e o recurso idealizante [“O Cabeleira”].
  • 64. O TEATRO ROMÂNTICOO TEATRO ROMÂNTICO MARTINS PENAMARTINS PENA
  • 65. MARTINS PENA (1815-1848) MARTINS PENA foi o criador da comédia brasileira no teatro. Seus textos são comédias de costumes, ou seja, dedicam-se ao retrato caricatural e humorístico dos hábitos sociais.
  • 66. O autor inicialmente optou por apresentar a vida na roça como fonte de riso, mas acabou por se concentrar na sociedade carioca da época, em que funcionários públicos, comerciantes, militares, especuladores, contrabandistas debatiam-se atrás de lucro e ostentação.
  • 67. Seus diálogos são vivíssimos, explorando equívocos e trocadilhos, além de constituírem um registro farto do português coloquial da época.
  • 68. Em algumas de suas comédias, Martins Pena chega a uma crítica social mais contundente, tocando em questões como o contrabando de escravos e a corrupção administrativa e judiciária do país. [Painel dos tipos humanos do Rio de Janeiro do século XIX - análise cômica dos costumes rurais e urbanos - linguagem coloquial]
  • 69. O ROMANCE DEO ROMANCE DE COSTUMESCOSTUMES UM CASO À PARTEUM CASO À PARTE
  • 70. ROMANCE DE COSTUMES MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA (1831-1861) •Único romance: “Memórias de um sargento de milícias” NARRATIVA DE COSTUMES: os hábitos, a moda, o folclore, a religiosidade das classes populares do século XIX - desmascaramento moral da sociedade.
  • 71. O verdadeiro romance de costumes do Romantismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia para retratar o povo em toda a sua simplicidade.
  • 72. O romance é o documento de uma época, descrita com malícia, humor e sátira: o período de D. João VI no Brasil.
  • 73. Personagens caricaturizados Acontecimentos que desmentem as aparências das pessoas - situações cômicas - ausência de tragédia humana.
  • 74. PREDOMÍNIO DO HUMOR SOBRE O DRAMÁTICO ROMANCE PICARESCO
  • 75. Romance picaresco: [Origem: século XVI na Espanha] Centra- se nas aventuras de um pobre que via com desencanto e malícia, isto é, de baixo, as mazelas de uma sociedade em decadência.
  • 76. Mundo em que a brutalidade e a astúcia traziam as máscaras da coragem e da honra. O pobre no seu afã de sobreviver, transforma-se em pícaro, servindo ora a um ora a outro senhor e provando com o sal da necessidade a comida do poderoso.
  • 77. •Ao pícaro é dado espiar o avesso das instituições e dos homens: o seu aparente cinismo não é mais que defesa entre vilões encasacados.
  • 78. DESTRUIÇÃO DO ROMANTISMO Obra que fere a “sensibilidade romântica” na figura de seu herói. Comparado aos modelos românticos, Leonardinho é um anti-herói, um herói picaresco, aquele que está à margem da sociedade, que a vê sob outro ângulo, de baixo para cima. Isso se percebe a partir das origens de Leonardinho: “filho de uma pisadela e de um beliscão”.
  • 79. Aspecto revolucionário da narrativa: a construção do personagem central. Leonardo é uma espécie de marginal, vadio e meio estúpido. Isto subverte o sistema literário do folhetim, que exige heróis excepcionais, e subverte os próprios valores da sociedade.
  • 80. A vida de Leonardo se dá na dimensão da malandragem, como diz o crítico Antônio Candido: “quando Leonardo esgota todas as possibilidades de aventuras picarescas, só lhe resta o casamento e o emprego de soldado.”
  • 81. No Romantismo, o casamento é o começo da felicidade; em “Memórias de um sargento de milícias” é o fim de tudo.
  • 82. COSTUMES MORAIS ORDEM = MAJOR VIDIGAL DESORDEM = LEONARDO
  • 83. O relato constrói o antagonismo entre ambos até as últimas páginas. Até que o Major aceita dar um posto para o malandro Leonardo, dentro das milícias, em troca dos favores amorosos de Maria Regalada; e o marginal passa a sargento.
  • 84. Assim, NÃO há diferença entre ORDEM e DESORDEM - MORALIDADE E AMORALIDADE , pois é muito fácil passar de um lado a outro. TRATA-SE DE UM DESMASCARAMENTO QUE O AUTOR DE “Memórias de um sargento de milícias” FAZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA.
  • 85. No “desmascaramento moral” reside a essência do REALISMO de Manuel Antônio de Almeida. Um realismo que tem seus limites: o desmascaramento não ocorre através de análises psicológicas, à maneira de Machado de Assis, e sim através do humor rápido, impreciso, sem refinamento (anedótico).
  • 86. •Precursor do Realismo: objetividade e descrença nos valores sociais. •Pontos de contato com o Romantismo: o estilo frouxo, a linguagem por vezes descuidada e o final feliz do romance: Leonardo se regenera, enquadra- se nas milícias e casa-se com a viúva Luisinha.