O documento descreve a evolução histórica da ciência e do método científico, desde a ciência grega até a contemporânea. A ciência grega buscava compreender a natureza através da filosofia e do método racional. A ciência moderna introduziu o empirismo, experimentação e indução. A ciência contemporânea questiona a noção de um único método científico, enfatizando a falibilidade dos resultados.
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
Ciência, métodos e paradigmas
1. Fundamentos de Metodologia CientíficaFundamentos de Metodologia Científica
Ciência e Método: uma visão histórica
2. Köche, José Carlos
Possui graduação em Licenciatura em Filosofia pela
Universidade de Caxias do Sul (1969);
Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidad de
Salamanca (2001);
Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em
Epistemologia.
3. Ciência e Método: uma visão histórica
De acordo com Jaspers (1975, p.15-16, apud Köche, 1997, p. 41), houve
dois momentos inesquecíveis da presença marcante da ciência
1919
Grupo de cientistas conseguiu testar as
consequências da teoria de Einstein.
O espaço não é reto, mas encurvado em
direção à concentração de massa
existente.
1945
Bombardeamentos de Hiroshima e
Nagasaki no final da Segunda Guerra
Mundial.
O homem pode estabelecer um
controle prático sobre a natureza
e sobre o próprio homem.
5. Ciência: Controle prático da natureza e domínio
sobre os homens
Conhecer as coisas, os fatos, os acontecimentos e fenômenos para
prever o rumo dos acontecimentos que rodeiam o homem e controlá-
los;
“Quem tem conhecimento tem poder, a força e a riqueza, e o domínio
sobre a natureza e sobre os outros homens”.
6. Ciência: Busca do saber
“A causa principal que leva o homem a produzir ciência é a tentativa de
elaborar respostas e soluções às suas dúvidas e problemas e que o levem
à compreensão de si e do mundo em que vive.”
“O motivo básico que conduz a humanidade à investigação científica está em
sua curiosidade intelectual, na necessidade de compreender o mundo em
que se insere e na de se compreender a si mesma. Tão grande é essa
necessidade que, onde não há ciência, o homem cria mitos.”
7. Ciência e Método: Suas Concepções
Períodos Históricos:
Ciência Grega – século VIII a.C. até o final do século XVI;
Ciência Moderna – século XVII até o início do século XX;
Ciência Contemporânea – até os dias de hoje.
9. Ciência Grega
Visão Grega Características Problema abordado Procedimento
Pré-socráticos:
Pitágoras, Heráclito,
Parmênides
• Gradual ruptura epistemológica com a
mitologia.
• Substituir a concepção de mundo caótico pela
ideia de cosmos.
• O universo era ordem, era cosmos.
O que são, de que são
feitas, como são feitas e de
onde vem as coisas que
são percebidas?
• O que pode ser percebido
pelos sentidos.
• Teorias racionais.
• Esclarecimento da possível
ordem.
Abordagem
Platônica
• O verdadeiro mundo platônico é o das ideias,
que contém os modelos e as essências de
como as aparências devem se estruturar.
• Platão destrói o valor da experiência empírica e
valoriza a intuição racional.
Os sentidos mostram
apenas como as coisas
são, mas não o que elas
são.
• Método científico racional.
• Intuição dos princípios
universais, análise e
síntese.
Aristóteles
• Ciência é produto de uma elaboração do
entendimento em íntima colaboração com a
experiência sensível.
• Metafísica.
O que é? Por que é?
• Método indutivo e da
abstração
• Discurso qualitativo
Filosofia da natureza, que tinha como preocupação a busca do saber, a
compreensão da natureza das coisas e do homem.
10. Ciência Grega: Visão de Universo
Modelo cosmológico de Aristóteles aliado às concepções da astronomia de Ptolomeu.
O universo como “.. geocêntrico, finito, de forma esférica, limitado às estrelas visíveis e fechado,
com princípios organizadores próprios, tal qual um organismo vivo, dotado de inteligência
própria”.
Cabe à filosofia e a ciência buscar a ordem que governa o cosmos, apreendê-la e demonstrá-la.
“A ciência grega era uma ciência do discurso, em que não havia o tratamento do problema que
desencadeia a investigação, e sim a demonstração da verdade racional no plano sintático”.
12. Bacon: indução e empirismo
Os preconceitos religiosos, filosóficos,
ou decorrentes das crenças culturais
distorcem a verdadeira visão do
mundo. (BACON, 1979, apud KÖCHE,
2000, p. 49)
Leviandade dos observadores ao
se deixarem levar pelas
impressões dos sentidos,
utilizando a indução por
enumeração
13. Método Científico
Para Bacon, o método científico deveria seguir os seguintes passos:
a. Experimentação: experimentos sobre o problema investigado, para observar e registrar
metódica e sistematicamente todas as informações.
b. Formulação de hipóteses.
c. Repetição da experimentação por outros cientistas ou em outros lugares.
d. Repetição do experimento para a testagem das hipóteses.
e. Formulação das generalizações e leis.
14. Galileu: o experimento e a revolução científica
Galileu consegue dar o salto do qualitativo para o quantitativo;
A certeza da validação da explicação só poderia ser fornecida pelas provas construídas e
elaboradas de forma matemática com as evidências quantitativas dos fatos produzidas
pela experimentação;
Galileu foi o responsável pela revolução científica moderna ao introduzir a matemática e a
geometria como linguagem da ciência e o teste quantitativo-experimental das suposições
teóricas;
Nova ruptura epistemológica: do caminho do fazer científico - método quantitativo-
experimental - desvinculado do caminho do fazer filosófico - empírico, especulativo-
racional.
15. Newton: o método indutivo e o positivismo
Afirma não aceitar nenhuma hipótese física que não possa ser extraída da
experiência pela indução;
Suas leis e teorias eram tiradas dos fatos, sem especulação hipotética;
Método Ideal: Experimental – submeter à prova, uma a uma, as hipóteses
científicas.
16. Método Científico Indutivo-Confirmável
(influência do empirismo baconiano e da indução confirmabilista newtoniana)
Observação dos elementos que compõem o fenômeno.
Análise da relação quantitativa existente entre os elementos que compõem o
fenômeno.
Indução de hipóteses quantitativas.
Teste experimental das hipóteses para a verificação confrmabilista.
Generalização dos resultados em lei.
Figura 4 – Método científico indutivo-confirmável de Köche (1997 p.70)
Observação dos elementos que compõem o fenômeno.
Análise da relação quantitativa existente entre os elementos que compõem o
fenômeno.
Indução de hipóteses quantitativas.
Teste experimental das hipóteses para a verificação confrmabilista.
Generalização dos resultados em lei.
Observação dos elementos que compõem o fenômeno.
Análise da relação quantitativa existente entre os elementos que compõem o
fenômeno.
Indução de hipóteses quantitativas.
Teste experimental das hipóteses para a verificação confirmabilista.
18. Visão contemporânea de ciência e método
Pierre Duhem inicia a ruptura com o dogmatismo e a certeza da ciência.
“Os critérios utilizados no fazer científico, enquanto método, para Duhem, devem ser
entendidos, como condicionados historicamente. São convenções articuladas no
contexto histórico-cultural. E como tal, permitem a renovação e progresso das teorias,
revelando o caráter dinâmico da ciência e a historicidade dos princípios epistemológicos
do fazer científico.”
Com Einstein, Bohr, Heisenberg e outros, quebrou-se o mito da objetividade pura, isenta
de influências das ideias pessoais dos pesquisadores.
O progresso científico deixa de ser cumulativo para ser revolucionário.
19. Crítica do contexto de descoberta do método indutivo-
confirmável
Não se pode observar todos os fatos, fenômenos ou coisas.
O que deveria ser observado? Sob que critérios classificá-las? De onde
proviriam esses critérios?
“A observação poderá servir para ajudar a esclarecer, delimitar e definir o
problema ou o fator analisado, bem como estimular o intelecto na projeção de
explicações. A solução do problema, porém, ou a explicação do fato, depende
das conjeturas inventadas pelo pesquisador à luz do conhecimento disponível.
Jamais porém da observação ou classificação desprovidas de hipóteses.”
20. A ciência contemporânea: o questionamento da
possibilidade de um método.
Popper (1975, p. 135, apud Köche, 2000, p. 69) “... afirma que não existe método
científico.”
“Não existe um modelo com normas prontas, definitivas, pelo simples fato de que
a investigação deve orientar-se de acordo com as características do problema a
ser investigado, das hipóteses formuladas, das condições conjunturais e da
habilidade crítica e capacidade criativa do investigador.”
Deve-se compreender o método científico como a descrição e a discussão de
quais critérios básicos são utilizados no processo de investigação científica.
21. MÉTODO CIENTÍFICO
HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Conhecimento prévio observação Fatos, fenômenos, ...
(referencial teórico) (percepção significativa)
Imaginação
criativa
+
PROBLEMA
(dúvidas)
HIPÓTESES
CONTEXTO
DE
DESCOBERTA
Testagem das hipóteses
(Observação descritiva ou experimentação)
Intersubjetividade e falseabilidade
CONTEXTO
DE
JUSTIFICAÇÃOInterpretação e avaliação da testagem das hipóteses
Não rejeição das
Hipóteses
(corroboração)
Rejeição das
hipóteses
Nova teoria
Novo problema
Fonte: Köche (1997, p.70)
22. Ciência e não-ciência: como demarcar
Popper (1975, p.305, apud Köche, 2000, p. 77) afirma que “a ciência não é um
sistema de enunciados certos ou bem estabelecidos, (...) ela jamais pode
proclamar haver atingido a verdade ou um substituto da verdade, como a
probabilidade”.
“... A concepção de ciência na atualidade é a de ser uma investigação constante,
em contínua construção, tanto das suas teorias quanto dos seus processos de
investigação. A ciência não é um sistema de enunciados certos ou verdadeiros.”
“A ciência, em sua compreensão atual, deixa de lado a pretensão de taxar seus
resultados de verdadeiros, mas, conscientes de sua falibilidade, busca saber
sempre mais.”
23. Referências
KÖCHE, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e
prática da pesquisa. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
Notas do Editor
Ciência contemporânea??
Newton
O investigador propõe soluções ou explicações para o problema, sob a forma de hipóteses e somente depois planeja e executa observações ou testes experimentais, para confrontar as hipóteses com os dados da realidade.
Critérios básicos que são utilizados no processo da investigação científica.
O homem usa as teorias produzidas pela ciência para compreender, explicar, descrever os fatos existentes e mesmo prever os futuros. Há, contudo, fatos que essas teorias não conseguem explicar. Nesses casos, levantam-se perguntas dúvidas, que estão sem resposta no quadro do conhecimento disponível. OU então, questiona-se a confiabilidade daquelas teorias enquanto explicações válidas para determinados casos, percebendo nelas inconsistências ou lacunas que devem ser corrigidas ou eliminadas.
A imaginação criativa estabelece novas relações causais entre os diferentes fenômenos, percebendo novos problemas e novas soluções.
Nunca se deve dizer que uma hipótese foi aceita, mas ela não foi rejeitada, ela passa a proporcionar uma aceitação temporária válida.O valor da teoria está em sua corroboração, no fato de ela não ter sido rejeitada ainda.
Nunca se deve dizer que uma hipótese foi aceita, mas ela não foi rejeitada, ela passa a proporcionar uma aceitação temporária válida.O valor da teoria está em sua corroboração, no fato de ela não ter sido rejeitada ainda. A partir do momento em que a hipótese é rejeitada, a teoria não tem mais valor.
Nunca se deve dizer que uma hipótese foi aceita, mas ela não foi rejeitada, ela passa a proporcionar uma aceitação temporária válida.O valor da teoria está em sua corroboração, no fato de ela não ter sido rejeitada ainda. A partir do momento em que a hipótese é rejeitada, a teoria não tem mais valor.