O documento discute o movimento da ética empresarial, suas delimitações e como legitimou a figura do "gerente moral". A ética empresarial surgiu para responder às demandas por maior responsabilidade das empresas, mas acabou se diluindo em diversos temas. A crença é que gerentes com consciência moral exerceriam seu poder de forma autônoma e elevariam os padrões éticos dos negócios.

1. A ética empresarial em movimento:
as (de)limitações do campo
Fabio Bittencourt Meira
Escola de Administração - UFRGS
2010

2. • Panorama do movimento da ética empresarial
• Enfoque na produção teórica
• Método genealógico
▫ Fala oficial x realidade
• Ensaio teórico, revisão bibliográfica
• Escândalos midiáticos
• Delimitações do campo

3. Os ícones do antiético
• Enron: falência em 2001
• Executivos acusados de fraude
• Conflito entre valores e cultura
organizacional não era evidente
• Bernard L. Madoff – 2008
• Filantropo, boa reputação
• Fraude de 50 bilhões – esquema de pirâmide

4. A ‘ética’da ética empresarial
• A ética seria costume e caráter
• Ética e sociedade como indissociáveis
• Sociologia funcionalita:
▫ Sociedade: sistema moral
▫ Dimensão ética associada às normas vigentes
• Ajuste às normas sociais – problema ético

5. Ética empresarial: uma ética
aplicada à empresa
• Ética funcionalista
• Construção de baixo pra cima
• Paradigma funcionalista: fazer aderir à ética um
sentido de bom funcionamento do sistema
• Mais ênfase no lado empresarial da ética

6. Tese legitimadora I: ignorância e
insensibilidade moral nos negócios
• O que é ética empresarial?
▫ ‘regras morais, normas,
códigos, princípios que
governem o comportamento
dos indivíduos’(LEWIS, 1985)
• Consolidação do campo de
estudos da ética empresarial
– anos 1980 – Richard
deGeorge
• Ética empresarial como
resposta às demandas em
torno dos negócios
• Reconstrução da capacidade
moral, desativada pelo hábito
do lucro
• Fatores contingenciais que
produzem insensibilidade
moral
• ‘Mito dos negócios amorais’
• ‘(...)se de fato os negócios
fossem vistos como amorais
(...) não haveria surpresa
quando se agisse
imoralmente’ (DEGEORGE,
1982)

7. Tese legitimadora II: ignorância e
insensibilidade permanentes
• Responsabilidades éticas das empresas mais
importantes no novo milênio
• Deslocamento da preocupação moral para a
empresa
• A amoralidade permanece
▫ Os gestores “não tem consciência ou sensibilidade
ética, eles são eticamente ignorantes” (CARROLL,
2000)

8. Incursão histórica
• A ética empresarial surgiu por
que houve demanda por
cursos
• Caráter multidisciplinar, não
interdisciplinar
• Anos 1980: mais de 500
cursos, muitas publicações
• Os livros trazem situações de
‘tomada de decisão ética’
• Aporte acadêmico e
empresarial
• Abordagens teórica e
pragmática
• Dispersão de temas
• Indefinição do campo de
estudos
• Espírito utilitário da inclusão
da ética no debate das
atividades administrativas
• Aspecto instrumental da ética
empresarial

9. As (de)limitações do campo de
estudos: sucesso e fracasso
• Limitação teórica – pelo processo de aplicação da ética
às práticas empresariais
• Quatro ameaças o caráter crítico da disciplina
(DEGEORGE, 1991):
▫ Demanda por cursos provoca uma diluição da qualidade
▫ Despertar da consciência popular tanto quanto das
empresas
▫ Perigo da ética empresarial ser cooptada pelas corporações
▫ Substituição da ética crítica pela ética descritiva

10. A invenção do ‘gerente moral’
• “homem corporativo que transcende o
paradigma puramente econômico e legal da
empresa, demonstra-se sensível às
expectativas da sociedade”(CARROLL, 1987)

11. O gerencial moral
BITTENCOURT (2010), baseado em CARROLL (1987)
Capacidades operativas Descrição
Imaginação moral Percebe as questões éticas das decisões
de negócios
Aptidão de identificação e orientação
moral
Habilidade de ver questões morais
como passível de manejo
Avaliação moral Capacidade de julgar
Tolerância à ambiguidade A clareza vem do hábito
Habilidade de integrar competências
gerenciais e morais
Questões morais não estão isoladas das
decisões gerenciais
Sentido de obrigação moral Valores morais estão entrelaçados ao
sistema gerencial

12. Considerações finais
• Crença da ética empresarial: autonomia do gerente
• A moralidade é garantia do bom uso da autonomia
gerencial
• Ética como legitimização do poder
• Gerentes com consciência moral exerceriam de forma
autônoma suas funções, elevando o patamar moral dos
negócios e diminuindo a insatisfação social diante das
práticas (BITTENCOURT, 2010)