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Balanço Crítico sobre o Estado da ArteBalanço Crítico sobre o Estado da Arte
dos Estudos Organizacionais.dos Estudos Organizacionais.
Domingos Antônio Girolett – 2000
Domingos Antônio GirolettDomingos Antônio Girolett
• Graduado e Licenciado em Filosofia e Estudos.
• Mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas
Gerais (1974).
• Doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ
(1987).
• Pós doutorado em Relações Internacionais pela The London School
of Economics and Politcal Scienice. (1993-1995 ).
Atualmente, é professor titular do MPA/ Fundação Pedro Leopoldo. Pesquisador do Núcleo de
Estudos em Ciência, Tecnologia e Inovação Grupo de Pesquisa Interdisciplinar - FAPEMIG . Tem
experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Recursos Humanos,
atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão Empresarial, Competitividade,
Responsabilidade Social, Cultura Organizacional e Educação
Balanço crítico dos artigos sobre o estado da arte dos estudos
organizacionais feitos no Brasil.
Diagnóstico:
Os estudos organizacionais ainda não seOs estudos organizacionais ainda não se
consolidaram no país.consolidaram no país.
• Verdade???
• Qual a qualidade dos nossos artigos sobre o assunto?
• Quais os principais problemas de ordem teórica e metodológica??
Objetivo
1º Trabalho 2º Trabalho 3º Trabalho
1990 - Machado
142 artigos publicados entre
1985 e 1989 (RAP, RAE, RAUSP);
Conclusões:
a)“Qualidade duvidosa”;
b)Atraso de nossa produção
acadêmica
c)Pequeno aumento no número
de publicações, sem incremento
na qualidade.
1994 – Bertero
184 artigos publicados pela
RAE/FGV entre 1961 a 1993;
Conclusões:
a) Continuamos repetidores e
divulgadores de ideias;
b) Produção pouco original;
c) Pouca aplicabilidade prática
1993 – Handbook
9 artigos escritos por brasileiros.
(3 fazem uma avaliação mais
aprofundada sobre a nossa
produção acadêmica)
Conclusões:
a)“pouco original, mimética,
periférica, de baixa significância
fora do Brasil e de qualidade
duvidosa” (Clegg, 1999).
b)Cresceu bastante, mas
continuava “periférica e sem
originalidade” (Wood Jr)
Como explicar o descompasso entre a qualidade e a quantidade do
conhecimento produzido sobre estudos organizacionais e a modernização
verificada na economia e no Estado?
Ou o menor progresso nos estudos organizacionais comparado com aquele
verificado nas demais áreas do conhecimento?
Administração foi alvo das mesmas iniciativas que explicam o crescimento verificado
nas demais Ciências Humanas nos últimos trinta anos:
Criação dos cursos de Mestrado e Doutorado no país;
Programa significativo de qualificação de docentes e pesquisadores no Brasil e no exterior;
Contratação de professores em dedicação exclusiva pelas universidades públicas: bolsas
para mestrado e doutorado;
Disponibilidade variável de recursos para a pesquisa desenvolvida nas instituições públicas
e privadas;
Crescimento do mercado de trabalho no campo acadêmico, na esfera pública e nas
empresas.
Presume-se que todos estes fatores são estímulos adicionais a impulsionar o
desenvolvimento dos estudos organizacionais no Brasil.
Exame crítico dos trabalhos sobre o estado da arte dos estudos organizacionais:
Pontos positivos:
 Diversidade temática dos trabalhos analisados.
Pela ordem decrescente de importância, os temas tratados são: gestão/administração e
planejamento; mudança e inovação nas organizações; estrutura organizacional; poder e
conflito; processo decisório; cultura organizacional; burocracia e tecnocracia; desempenho
organizacional; centralização e descentralização; clima e desenvolvimento organizacional;
e, ambiente e relações interorganizacionais (Machado, 1990:24).
Pluralidade de abordagens e de enfoques teóricos e metodológicos
Atualidade da produção brasileira (comparada com a estrangeira) sobre estudos
organizacionais, registrados pelas várias resenhas
Crítica
Não há uma avaliação adequada sobre a importância da Pós-graduação
em Administração no Brasil, do papel desempenhado pela ANPAD e do
crescimento do campo editorial dos livros e das revistas especializadas
para estimular a produção acadêmica brasileira sobre estudos
organizacionais;
Problemas teóricos e metodológicos nos dois primeiros balanços que
acentuam a sua suposta falta de qualidade;
Os autores do primeiro e do segundo diagnóstico sobre os estudos
organizacionais, não distinguem quantos e quais artigos dos analisados
referem-se às instituições públicas e quantos e quais se referem às
privadas
Críticas
Falta de referência aos estudos organizacionais feitos no Brasil antes de
1960 no artigo do Bertero e antes de 1984 na pesquisa do Machado.
Além de não ter cara nem identidade, os estudos organizacionais feitos
no Brasil não tem antecedentes. Não tem passado.
1º Trabalho - Machado
A opção exclusiva pela metodologia quantitativa não foi a mais
adequada;
O leitor não fica sabendo quais são os 142 artigos em questão,
seus título e temas e quem são os seus autores;
- Não há como repetir o “experimento” ou submeter os seus resultados aos princípios de
verificação, mensuração e avaloratividade;
- Impossibilidade de comparação entre os achados de um balanço com os do outro;
- Não se pode afirmar quanto à representatividade dos autores;
Exclusão das teses de mestrado e doutorado produzidas no país.
2º Trabalho - Bertero
Não é explicado o motivo porque foi adota determinada
periodização e não outra;
Não foi publicada a relação dos 184 trabalhos com os seus
respectivos autores e títulos.
- A produção sobre estudos organizacionais continuava sem cara e sem identidade.
- Impossibilidade de repetição do experimento, nem os resultados poderão ser
verificados,mensurados, comparados.
- Nem se poderá afirmar que haja ausências de trabalhos e de autores importantes entre
os artigos examinados.
A opção exclusiva pela metodologia quantitativa não foi a mais
adequada;
3º Trabalho - Handbook
O objetivo declarado de se repetir no Brasil um levantamento do estado da arte dos
nossos estudos organizacionais não foi realizado;
Nem os propósitos de quebrar o viés anglofônico e de se discutir
aprofundadamente a nossa realidade (Clegg, 1999:22), a edição brasileira do
Handbook conseguiu fazer;
Os artigos produzidos pelos brasileiros nem sequer foram formalmente integrados à
produção inglesa;
Na “Introdução...” de 30 páginas, o espaço reservado à contribuição dos textos
brasileiros não chegou a meia e as referências sobre eles são as mais genéricas e
evasivas possíveis;
Não há sequer a inclusão dos autores brasileiros e de seus trabalhos nas
referências bibliográficas
• Não haverá superação possível na história deste ramo do
conhecimento se não se conhecer o que foi feito, o que está
sendo feito e o que precisará ser feito para consolidá-lo.
• Na realização desta tarefa, os estudos realizados servem de
referência
• Importância da ANPAD na organização e na realização desta
tarefa.
• Não falta à área massa crítica nem disposição suficiente para que
este salto de qualidade realmente aconteça.
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Balanço crítico sobre os estudos organizacionais no Brasil

  • 1. Balanço Crítico sobre o Estado da ArteBalanço Crítico sobre o Estado da Arte dos Estudos Organizacionais.dos Estudos Organizacionais. Domingos Antônio Girolett – 2000
  • 2. Domingos Antônio GirolettDomingos Antônio Girolett • Graduado e Licenciado em Filosofia e Estudos. • Mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974). • Doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ (1987). • Pós doutorado em Relações Internacionais pela The London School of Economics and Politcal Scienice. (1993-1995 ). Atualmente, é professor titular do MPA/ Fundação Pedro Leopoldo. Pesquisador do Núcleo de Estudos em Ciência, Tecnologia e Inovação Grupo de Pesquisa Interdisciplinar - FAPEMIG . Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Recursos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão Empresarial, Competitividade, Responsabilidade Social, Cultura Organizacional e Educação
  • 3. Balanço crítico dos artigos sobre o estado da arte dos estudos organizacionais feitos no Brasil. Diagnóstico: Os estudos organizacionais ainda não seOs estudos organizacionais ainda não se consolidaram no país.consolidaram no país. • Verdade??? • Qual a qualidade dos nossos artigos sobre o assunto? • Quais os principais problemas de ordem teórica e metodológica?? Objetivo
  • 4. 1º Trabalho 2º Trabalho 3º Trabalho 1990 - Machado 142 artigos publicados entre 1985 e 1989 (RAP, RAE, RAUSP); Conclusões: a)“Qualidade duvidosa”; b)Atraso de nossa produção acadêmica c)Pequeno aumento no número de publicações, sem incremento na qualidade. 1994 – Bertero 184 artigos publicados pela RAE/FGV entre 1961 a 1993; Conclusões: a) Continuamos repetidores e divulgadores de ideias; b) Produção pouco original; c) Pouca aplicabilidade prática 1993 – Handbook 9 artigos escritos por brasileiros. (3 fazem uma avaliação mais aprofundada sobre a nossa produção acadêmica) Conclusões: a)“pouco original, mimética, periférica, de baixa significância fora do Brasil e de qualidade duvidosa” (Clegg, 1999). b)Cresceu bastante, mas continuava “periférica e sem originalidade” (Wood Jr)
  • 5. Como explicar o descompasso entre a qualidade e a quantidade do conhecimento produzido sobre estudos organizacionais e a modernização verificada na economia e no Estado? Ou o menor progresso nos estudos organizacionais comparado com aquele verificado nas demais áreas do conhecimento?
  • 6. Administração foi alvo das mesmas iniciativas que explicam o crescimento verificado nas demais Ciências Humanas nos últimos trinta anos: Criação dos cursos de Mestrado e Doutorado no país; Programa significativo de qualificação de docentes e pesquisadores no Brasil e no exterior; Contratação de professores em dedicação exclusiva pelas universidades públicas: bolsas para mestrado e doutorado; Disponibilidade variável de recursos para a pesquisa desenvolvida nas instituições públicas e privadas; Crescimento do mercado de trabalho no campo acadêmico, na esfera pública e nas empresas. Presume-se que todos estes fatores são estímulos adicionais a impulsionar o desenvolvimento dos estudos organizacionais no Brasil.
  • 7. Exame crítico dos trabalhos sobre o estado da arte dos estudos organizacionais: Pontos positivos:  Diversidade temática dos trabalhos analisados. Pela ordem decrescente de importância, os temas tratados são: gestão/administração e planejamento; mudança e inovação nas organizações; estrutura organizacional; poder e conflito; processo decisório; cultura organizacional; burocracia e tecnocracia; desempenho organizacional; centralização e descentralização; clima e desenvolvimento organizacional; e, ambiente e relações interorganizacionais (Machado, 1990:24). Pluralidade de abordagens e de enfoques teóricos e metodológicos Atualidade da produção brasileira (comparada com a estrangeira) sobre estudos organizacionais, registrados pelas várias resenhas
  • 8. Crítica Não há uma avaliação adequada sobre a importância da Pós-graduação em Administração no Brasil, do papel desempenhado pela ANPAD e do crescimento do campo editorial dos livros e das revistas especializadas para estimular a produção acadêmica brasileira sobre estudos organizacionais; Problemas teóricos e metodológicos nos dois primeiros balanços que acentuam a sua suposta falta de qualidade; Os autores do primeiro e do segundo diagnóstico sobre os estudos organizacionais, não distinguem quantos e quais artigos dos analisados referem-se às instituições públicas e quantos e quais se referem às privadas
  • 9. Críticas Falta de referência aos estudos organizacionais feitos no Brasil antes de 1960 no artigo do Bertero e antes de 1984 na pesquisa do Machado. Além de não ter cara nem identidade, os estudos organizacionais feitos no Brasil não tem antecedentes. Não tem passado.
  • 10. 1º Trabalho - Machado A opção exclusiva pela metodologia quantitativa não foi a mais adequada; O leitor não fica sabendo quais são os 142 artigos em questão, seus título e temas e quem são os seus autores; - Não há como repetir o “experimento” ou submeter os seus resultados aos princípios de verificação, mensuração e avaloratividade; - Impossibilidade de comparação entre os achados de um balanço com os do outro; - Não se pode afirmar quanto à representatividade dos autores; Exclusão das teses de mestrado e doutorado produzidas no país.
  • 11. 2º Trabalho - Bertero Não é explicado o motivo porque foi adota determinada periodização e não outra; Não foi publicada a relação dos 184 trabalhos com os seus respectivos autores e títulos. - A produção sobre estudos organizacionais continuava sem cara e sem identidade. - Impossibilidade de repetição do experimento, nem os resultados poderão ser verificados,mensurados, comparados. - Nem se poderá afirmar que haja ausências de trabalhos e de autores importantes entre os artigos examinados. A opção exclusiva pela metodologia quantitativa não foi a mais adequada;
  • 12. 3º Trabalho - Handbook O objetivo declarado de se repetir no Brasil um levantamento do estado da arte dos nossos estudos organizacionais não foi realizado; Nem os propósitos de quebrar o viés anglofônico e de se discutir aprofundadamente a nossa realidade (Clegg, 1999:22), a edição brasileira do Handbook conseguiu fazer; Os artigos produzidos pelos brasileiros nem sequer foram formalmente integrados à produção inglesa; Na “Introdução...” de 30 páginas, o espaço reservado à contribuição dos textos brasileiros não chegou a meia e as referências sobre eles são as mais genéricas e evasivas possíveis; Não há sequer a inclusão dos autores brasileiros e de seus trabalhos nas referências bibliográficas
  • 13. • Não haverá superação possível na história deste ramo do conhecimento se não se conhecer o que foi feito, o que está sendo feito e o que precisará ser feito para consolidá-lo. • Na realização desta tarefa, os estudos realizados servem de referência • Importância da ANPAD na organização e na realização desta tarefa. • Não falta à área massa crítica nem disposição suficiente para que este salto de qualidade realmente aconteça. Considerações