3. Teoria da Recepção é a teoria que analisa o fato artístico ou
cultural dando enfoque a análise do seu receptor, o efeito produzido
nesses leitores, a investigação que muda o foco.
A Estética da Recepção surgiu a partir das considerações teóricas
em aula inaugural com a palestra de nome: “O que é e com que fim
se estuda a história da literatura?”, realizadas por Hans Robert
Jauss (1921 – 1997) em 1967, na Universidade de Constança
4. Formulada por Jauss, no final da
década de 60, a teoria retoma a
problemática da história da literatura.
O autor faz uma crítica à maneira pela
qual a teoria literária vem abordando a
história da literatura, considerando os
métodos de ensino tradicionais e
propondo reflexões acerca dos
mesmos.
O tema passou a fazer parte dos
campos de estudos literários a partir
das primeiras décadas do século XX.
5. Hans Robert Jauss nasceu na Alemanha, membro de uma
tradicional família de professores, inicia seus estudos (1948) em
filosofia do romance, filosofia, história e história e cultura
germânicas. Juntamente com seu colega Wolfgang Iser, Jauss é um
dos maiores expoentes da estética da recepção, que fundamenta
suas bases na própria crítica literária alemã.
Tinha como objetivo uma "verdadeira" história da literatura que
conjugasse tanto a historicidade das obras quanto as suas
qualidades estéticas, sem deixar que uma sobrepujasse a outra.
Formulando assim um novo leitor, ausente na literariedade do
formalismo e marxisismo, que o transformava assim como o autor
em alguém que pertencia a determinada classe social.
6. As considerações apresentadas na palestra, citadas por Jauss,
dizem respeito de que a história da literatura, ao seguir um
cânone ou descrever a vida e obras de alguns autores em
sequência cronológica, não contempla a estética das obras, com
o argumento que elas não serão interpretadas da mesma forma
posteriormente.
Jauss, concebe a relação entre leitor e literatura baseando-se no
caráter estético e histórico da mesma. O valor estético, para o
autor, pode ser comprovado por meio da comparação com outras
leituras; o valor histórico, através da compreensão da recepção
de uma obra a partir de sua publicação, assim como, pela
recepção do público ao longo do tempo.
7. Jauss formulou 7 teses para fundamentar a recepção. Sendo as quatro
primeiras com características de premissa e as três últimas apontando
para a ação.
A primeira, sobre a historicidade da literatura, a qual diz respeito à relação
entre leitor-obra.
A segunda relaciona o saber prévio do leitor - experiências - com a obra.
A terceira é de que a obra pode satisfazer as expectativas ou não do leitor,
provocando estranhamento nele, fazendo com que perceba outras opções
de percepção da realidade; a quarta examina as relações atuais do texto
com a época de sua publicação, averiguando qual era o horizonte de
expectativas do leitor de então e a quais necessidades desse público a
obra atendeu.
8. As três últimas teses apresentam uma metodologia, por meio da
qual, Jauss prevê o estudo da obra literária; qual sejam, os
aspectos diacrônico, sincrônico e relacionados.
O aspecto diacrônico diz respeito à recepção da obra literária ao
longo do tempo, e deve ser analisado, não apenas no momento da
leitura, mas no diálogo com as leituras anteriores.
A partir do aspecto sincrônico, a história da literatura procura um
ponto de articulação entre as obras produzidas na mesma época e
que provocaram rupturas e novos rumos na literatura.
A relação entre literatura e vida pressupõe uma função social para
a criação literária, pois, devido ao seu caráter emancipador, abre
novos caminhos para o leitor no âmbito da experiência estética.
9. Percebemos que as ideias de Jauss, por meio da Estética da Recepção,
contribuíram para a reformulação de questões literárias de caráter estético e
historiográfico, assim atribuindo ao leitor a tarefa de estabelecer os
parâmetros de recepção de cada época. A Estética da Recepção de algum
modo revitalizou os fundamentos da teoria literária ao fazer emergir a figura
do leitor como elemento participativo, o que muitos conservadores não davam
a devida importância para esse elemento participativo que é o leitor.